A MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Tânia Silva de Almeida¹
RESUMO
O presente trabalho faz uma reflexão acerca das contribuições da música na educação infantil. Com o objetivo de investigar a importância da música no desenvolvimento e na aprendizagem da criança. Mostra que a música é uma linguagem importante na construção de conhecimento e favorece o desenvolvimento de diversos aspectos como cognitivo, motor, afetivo e social. A pesquisa realizada é de cunho bibliográfico qualitativo e adotou-se a metodologia descritiva exploratória. Inicialmente foram investigadas as finalidades e a importância da Música na Educação Infantil, buscando saber as suas contribuições através do levantamento da história da música e sua influência na educação da criança procurando compreender a educação infantil em seu contexto histórico e como é conceituada a música. As escolas precisam reconhecer a música e sua importância como fator de desenvolvimento da criança. Dentre esses fatores destaca-se que a música funciona como facilitador do processo aprendizagem, colaborando com uma boa saúde mental, física e social, também desenvolve processos sociais de comunicação, de expressão e de construção do conhecimento, explorando a criatividade, o raciocínio, proporcionando a autonomia, além de melhorar a conduta e a autoestima, permitindo que a criança extravase angústia e paixões, tristezas e alegrias, passividade e agressividade. Foi possível analisar que a música funciona como um instrumento facilitador da aprendizagem e que é preciso que todos percebam a necessidade de se desenvolver um trabalho contínuo em sala de aula.
Palavras-chave: Música. Crianças. Educação Infantil. Desenvolvimento Infantil.
1. INTRODUÇÃO
Essa pesquisa tem o intuito de ampliar a discussão sobre a importância da música no que tange ao desenvolvimento e na aprendizagem da criança na educação infantil. A música é a linguagem que ultrapassa os limites da palavra, é a expressão de sentimentos e emoções. Faz parte da vida da criança desde o seu nascimento, vindo das canções de ninar, cantigas de roda, rádio, discos, fitas. Antes mesmos de ler e escrever a criança aprende a cantar.
Em geral, mais do que o adulto a criança gosta de cantar, porque a música representa uma fonte importante de estímulos, equilíbrio, felicidade e autoestima para o indivíduo através de seu poder criador, torna-se um poderoso recurso educativo a ser usada na educação infantil. Ela desenvolve o raciocínio, a criatividade e outros dons, portanto deve-se aproveitar esta tão rica atividade educacional.
No contexto escolar a música tem a finalidade de ampliar e facilitar a aprendizagem do educando, pois ensina o indivíduo a se desinibir, ouvir, escutar, melhorar o vocabulário, o desenvolvimento da fala, o autocontrole, orientação espacial e temporal, antes e depois, posição, direção, lateralidade, formas geométricas, coordenação motora, gestos, expressão facial e corporal, a percepção de silêncio, auditivas e visuais de maneira ativa e refletida. Além de ser um instrumento facilitador do processo ensino-aprendizagem.
A presente pesquisa tem como tema a música na educação infantil. E nesse sentido emerge a seguinte questão de pesquisa: qual a importância da música no desenvolvimento e na aprendizagem na educação infantil?
A escolha do objetivo desse trabalho foi devido à necessidade de entender a importância que a música desempenha no meio educacional, especialmente com as crianças na educação infantil na qual ela está presente de maneira muito constante. Por esse motivo, buscou-se investigar alguns itens, como: conhecer a história da música; mostrar como a música pode contribuir com a aprendizagem, favorecendo o desenvolvimento cognitivo/linguístico, psicomotor e sócio afetivo da criança; verificar de que maneira a música favorece o desenvolvimento do potencial criativo e da sensibilidade da criança, bem como o estímulo à sua concentração e autodisciplina e analisar as contribuições que o ensino de música pode proporcionar no desenvolvimento das crianças na educação infantil.
A pesquisa é um processo de aprendizagem indispensável ao acadêmico que deseja estar preparado para enfrentar os desafios de uma carreira, e está no ato dela e da sua execução a oportunidade de assimilar a teoria e a prática, aprender as peculiaridades e os “macetes” da profissão e conhecer a realidade do dia-a-dia profissional.
O acadêmico começa a assimilar tudo aquilo que tem aprendido e até mesmo o que ainda vai aprender na teoria, na medida em que tem contato com as tarefas que a pesquisa lhe proporciona. Sabemos que o aprendizado é muito mais eficaz quando é adquirido por meio da experiência.
A pesquisa realizada é de cunho bibliográfico e qualitativo, e adotou-se a metodologia descritivo-exploratória. Inicialmente foram investigadas as finalidades e a importância da música na Educação Infantil, buscando saber as suas contribuições.
Logo alguns autores que possuem teorias sobre a música foram investigados e citados no trabalho buscando explicitar a importância da música, propondo a utilização dos mesmos para uma prática pedagógica mais eficaz e significativa.
Para uma melhor compreensão sobre o trabalho, é importante salientar que ele está dividido em capítulo e subcapítulos que discutem a importância da música na educação infantil. Faz-se um breve percurso pela história da música, além de também tratar da infância e do desenvolvimento infantil.
Por fim, são apresentadas as considerações finais, de modo a verificar se as hipóteses levantadas puderam ser confirmadas, bem como fazendo as devidas colocações referentes ao tema abordado.
A MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
2.1 BREVE HISTÓRICOS DA MÚSICA NA HUMANIDADE
A música é a linguagem que ultrapassa os limites da palavra, é a expressão de sentimentos e emoções, é uma linguagem universal, tendo participado da história da humanidade desde as primeiras civilizações. Os sons produzem uma sensação física nos seres humanos. Escutar, é ser capaz de ir além de o simples ouvir, é perceber e compreender sua estrutura, sua forma, seu sentido, é captar os sentidos dos sons, é prestar atenção e estar interessado naquilo que está ouvindo.
A música faz parte da vida de qualquer um, de qualquer lugar da terra e de qualquer tempo, segundo Nogueira (2004) em seu texto A música e o desenvolvimento da criança, diz que: “as canções estão presentes na vida de todos, em todas as épocas e em todas as culturas, pois é uma língua universal que supera as barreiras do tempo e do espaço”.
Através da história, a música representa uma forma de expressão bela e criativa. E desde a vida uterina até ao longo de toda sua existência, a importância da música se desvela no cotidiano dos seres humanos. E dependendo de cada lugar e da sua cultura, a música tem conceitos diferentes ao redor do mundo.
A música tem o poder de criar laços, ela é a manifestação sonora das emoções, e é também uma arte de combinar sons para formar uma melodia.
Snyders (1997, p. 120 – 121) afirma que:
A música desperta, em primeiro lugar, um desejo de evasão, porque a felicidade que ela me proporciona é uma espécie de sonho, eu não a possuo, embora gostasse muito de alcança-la imediatamente. Quando, porém, escuto atentamente, compreendo que a música transforma este sonho em esperança.
Ao longo da história, a música vem desempenhando um importante papel no desenvolvimento do ser humano, seja no aspecto religioso, seja no moral e no social, contribuindo para a aquisição de hábitos e valores indispensáveis aos exercícios de cidadania.
A paixão dos gregos pela música fez com que, desde os primórdios da civilização, ela se tornasse para eles uma arte, uma maneira de pensar e de ser, pois a palavra música vem do grego moiseké, que quer dizer “arte das musas”. As musas eram seres celestiais ou divindades que inspiravam as artes e as ciências juntamente com a poesia e a dança, e tinham o Orfeu, filho de Apolo, como seu deus. Na mitologia grega Orfeu foi o deus da música, marca fundamental da cultura da antiguidade ocidental, e sua origem não é clara. Como nas demais civilizações antigas, os gregos atribuíam aos deuses sua música, definida como uma criação e expressão integral do espirito, um meio de alcançar a perfeição.
O estudo da história da música pode-se fragmentar em períodos específicos, entretanto, não é tão simples assim. De um período para o outro, a passagem é lenta e gradual. É difícil de especificar o que é música e qual a sua origem, pois os conceitos e as ideias não são unanimes. O que já nos mostra o caráter sócio histórico do conteúdo de música.
Para Pitágoras (apud, JEANDOT, 1997, P. 13),
A música surgiu de uma ideia dos antigos egípcios, que desenvolveram uma teoria para cada planeta que se moviam no espaço e emitiam determinados sons, cada um desses correspondiam a uma nota que no conjunto constituíam a música das esferas. Outra definição do surgimento da música está vinculada ao homem primitivo, uma vez que eles produziam suas músicas com os movimentos e gestos gerados pela natureza e por eles mesmos.
O homem foi utilizando o que ele tinha por perto e o que tinha em mãos para usar no dia-a-dia de acordo com suas necessidades. Utilizavam peles de animais e ossos para confecção de instrumentos usados muitas vezes em momentos de lazer, danças e rituais para ter boas caçadas e para aumento da colheita.
De acordo com Jeandot (1997, p. 14-15):
O homem aprendeu a selecionar aos poucos entre a matéria, o que produzia sons agradáveis: a ressonância da madeira preparada, da pele esticada, da corda vibrando o encantou. Ele destaca e produz os primeiros timbres. O som melódico aparece, fascinando-o. É o despertar de sua consciência estética.
Desde a infância, a música faz parte da vida das crianças, com diferentes expressões, vindo das cantigas de ninar, cantigas de rodas, rádios, TVs, discos, fitas, dependendo muito do meio em que vivem e sua cultura. Ao contrário de antigamente, a música hoje possui sons modernos com uma gama de instrumentos musicais possibilitando para os pequenos o acesso e as possibilidades de se interessarem por qualquer um desses instrumentos.
O desenvolvimento musical no Brasil se formou basicamente com os elementos trazidos pelos africanos e europeus, mais precisamente pelos escravos e portugueses. A parte instrumental e o sistema harmônico foram influenciados por Portugal e os africanos trouxeram a diversidade rítmica e algumas danças e instrumentos que ajudou a desenvolver a música folclórica e popular. Elementos de outros países com o tempo, também foram importantes para o desenvolvimento da música no Brasil como o caso voga operístico italiano e francês, das danças como a zarzuela, o bolero e habanera de origem espanhola, as valsas e polcas germânicas muito populares entre os séculos XVIII E XIX, e o jazz norte americano no século XX, onde todos encontraram um fértil terreno no Brasil para enraizamento e transformação. A música brasileira começou a moldar suas características próprias nos fins do século XVIII, com participação dos negros, porém a música clássica se atrasou em relação a popular e sua característica brasileira na produção nacional só foi notada depois da grande síntese realizada por Villa Lobos, por volta do século XX.
Seu desenvolvimento no Brasil, no que se refere ao ensino da música, foi verificado que José de Anchieta utilizava a música como veículo de educação geral e que sempre houve um divórcio entre educação e música. O estudo da arte musical, quando muito, era profissional, informativo, com finalidade em si própria. Evidenciou-se o grande papel que as artes desempenham na formação da personalidade dos indivíduos e em seu amadurecimento emocional com o progresso da ciência psicológica e dos novos conceitos sobre educação. Hoje, as escolas infantis são apoiadas pelas atividades musicais e demais artes unidas ao jogo recreativo onde se formam o alicerce. A prática e a utilização da música são oportuníssimas na passagem de um estágio para o outro do desenvolvimento do ser humano desde seu nascimento.
2.2 A MÚSICA E A CRIANÇA NO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO/ LINGUISTICO E SOCIAL.
O envolvimento das crianças com o universo sonoro começa antes do nascimento, pois na fase intrauterina o bebê já convive com alguns sons provocados pelo corpo da mãe, como o sangue fluindo nas veias, a respiração e o coração batendo. Após o nascimento, o bebê faz interações com diversos sons do cotidiano, como as antigas de ninar que as mães cantam para seus filhos, a TV, vozes de pessoas, automóveis, músicas, sons de animais, e assim ela desenvolve seu repertório de comunicação.
No sistema educativo das crianças, a música é uma parte fundamental, porque a criança começa a se expressar evoluindo cada dia sua forma de interação com a sociedade e ajuda a ganhar independência nas suas atividades e a ampliar seu mundo de relações. Entre aproximar as crianças, criar amizades e sentimentos, a música pode ser um elo. A criança que vive em contato com a música aprende a conviver melhor com outras crianças, estabelecendo uma comunicação mais harmoniosa. (BRITO, 2003).
A música é algo muito presente na vida de todas as crianças independente de sua cultura, pois ela está presente em todos os ambientes independentemente de quais forem. Desde muito cedo, a música adquire grande importância na vida de uma criança e um dos motivos de gostarem tanto de música, é que quando ainda pequenos são ninados com cantigas pelas mães e nas escolas, elas aprendem cantigas de rodas, ouvem músicas com estilos e ritmos diferentes sendo estas para o público infantil ou adulto. Desta forma, a música entra em suas vidas de forma espontânea.
Pois Brito (2003, p.35) diz que:
A criança é um ser “brilhante” e, brincando, faz música, pois assim se relaciona com o mundo que descobre a cada dia. Fazendo música, ela, metaforicamente, “transforma-se em sons”, num permanente exercício: receptiva e curiosa, a criança pesquisa materiais sonoros, “descobre instrumentos”, inventa e imita motivos melódicos e rítmicos e ouve com prazer a música de todos os povos.
A música é um importante fator na aprendizagem. Ela representa fonte de estímulos, equilíbrio e felicidade para a criança, quando bem trabalhada, estimulada, a música provoca uma expressão corporal variada e livre, é um excelente momento para conhecer melhor o corpo e os movimentos corporais. Ela também desenvolve o raciocínio, criatividade e outros dons e aptidões, por esse motivo, deve aproveitar-se esta tão rica atividade educacional em casa e na escola. (BRITO, 2003).
E, ainda de acordo com BRITO (2003, P.53), ela aponta que:
Aceitando a proposição de que a música deve promover o ser humano acima de tudo, devemos ter claro que o trabalho nessa área deve incluir todos os alunos. Longe da concepção europeia do século passado, que selecionava os “talentos naturais” é preciso lembrar que a música é linguagem cujo conhecimento se constrói com base em vivências e reflexões orientadas. Desse modo, todos devem ter o direito de cantar, ainda que desafinado.
Seu objetivo não é ensinar a criança a cantar ou até mesmo tocar algum tipo de instrumentos, mas temos que incentivar, através da música, os momentos de prazer, pois quando a criança canta, ouve, inventa sons e ritmos ou toca algum tipo de instrumento, ela cria um círculo social e motivacional que faz com que ela melhore seu relacionamento, sua auto disciplina, e abra a mente para novos aprendizados.
“Se fosse ensinar a uma criança a beleza da música não começaria com partituras, notas e pautas. Ouviríamos juntas as melodias mais gostosas e lhe contaria sobre os instrumentos que fazem a música. Aí, encanta com a beleza da música, ela mesma me pediria que lhe ensinasse o mistério daquelas bolinhas pretas escritas sobre cinco linhas. Porque as bolinhas pretas e as cinco linhas são apenas ferramentas para a produção da beleza musical. A experiência da beleza tem de vir antes.” (Rubem Alves).
A música deve ser ensinada de forma criativa e com a participação dos alunos. Para isso, é necessário usar músicas e cantigas em que a criança saiba ou aprendam com facilidade, iniciando com pequenos refrãos, e que tenham temas que criem motivos de aprendizagem interessante para eles, respeitando assim o conhecimento natural de cada criança.
De acordo com Rosa (1990, p.23)
O trabalho com a linguagem musical deve ser interessante para a criança e para o professor, e isto só acontecerá se houver uma conscientização cada vez maior da importância de se respeitar a expressividade infantil e de se criar oportunidades para que a criatividade esteja presente no trabalho em sala de aula.
A música é uma fonte inesgotável de benefícios, e traz vantagens para o desenvolvimento cognitivo das crianças, particularmente no raciocínio lógico da memória, do espaço e do raciocínio abstrato. As metodologias de ensino têm sido alteradas constantemente em busca de melhores resultados na aprendizagem das crianças. O teórico Jean PIAGET (1975) preocupou-se em explicar como a criança adquire conhecimento e como o desenvolve pela psicologia genética, é a teoria da inteligência, do desenvolvimento cognitivo. Os pequenos adquirem conhecimento por meio de ações sobre os objetos e de experiências cognitivas concretas. Elas constroem o seu conhecimento durante as interações com o mundo. De acordo com PIAGET (1975), o desenvolvimento intelectual se efetiva por fases ou estágios:
Na primeira fase, que é a sensório-motor, de zero a dois anos, o campo da inteligência da criança aplica-se a situações e ações concretas, onde se trata do período em que há o desenvolvimento inicial das coordenações e relações de ordem entre ações, e é também o período da diferenciação entre os objetos e o próprio corpo.
Na segunda fase, pré-operatório, dos dois anos aos seis ou sete anos, é a fase em que as crianças reproduzem imagens mentais, elas usam um pensamento intuitivo que se expressa numa linguagem comunicativa – mas egocêntrica -, porque o pensamento delas esta centrada nelas mesmo.
A terceira fase é a operatório concreto, que é dos seis ou sete anos até aos onze-doze anos, onde as crianças são capazes de aceitar o ponto de vista do outro, levando em conta mais de uma perspectiva, podendo representar transformações, assim como situações estáticas e têm capacidade de classificação, agrupamento, reversibilidade e conseguem realizar atividades concretas, que não exigem abstração.
E na fase das operações formais, dos onze-doze anos até a vida adulta, é a fase de transição para o modo adulto de pensar, e é durante essa fase que se forma a capacidade de raciocinar sobre hipóteses e ideias abstratas, e nesse momento a linguagem tem um papel fundamental, porque serve de suporte conceitual.
E, ainda de acordo com Piaget, o cognitivo é propiciado através de um ambiente rico em estimulação e acomodação dos exercícios das capacidades mentais das crianças. Pois quanto mais estimulado o ambiente, motivar as crianças, mais ela aprendera facilmente, desenvolvendo duas aptidões cognitivas, como falar uma nova língua por exemplo. Sendo assim, a nova língua seria a música num processo de compreensão após a imitação, como aprender a língua materna.
Trabalhar com atividades de Linguagem Musical facilita ao professor o ensinamento do conteúdo que a escola propõe no processo de alfabetização, respeitando o nível de conhecimento do desenvolvimento dos alunos adequando seu planejamento, desenvolvendo a interação das disciplinas de forma interdisciplinar ou interligada na Matemática, Português, Estudos Sociais, Educação Física, Artes e Ciências.
O professor deve ser criativo, se ele sabe trabalhar a música com as crianças, irá despertar o lado lúdico, aperfeiçoando o conhecimento, a criatividade, o raciocínio, a socialização, a alfabetização, a capacidade de expressão, a inteligência, a coordenação motora, a percepção sonora e espacial. A música e a dança atuam como um despertar de emoções, ajudando na receptividade sensorial, promove autodisciplina, tranquiliza ou desperta o aluno, exercita suas faculdades criadoras e desperta a imaginação, rítmicas e estéticas. De acordo com BRITO (2003, p.53):
O ensino aprendizagem na área de música vem recebendo influências das teorias cognitivas, em sintonia com procedimentos pedagógicos contemporâneos. Amplia se o número de pesquisas sobre o pensamento e a ação musicais que podem orientar os educadores e gerar contextos significativos de ensino aprendizagem, que respeitem o modo de perceber, sentir e pensar de bebês e crianças.
Quando as crianças cantam, elas trabalham sua concentração, memorização, coordenação motora, consciência corporal, porque, principalmente junto com o cantar ocorre com frequência o desejo ou a sugestão para mexer o corpo acompanhando o ritmo e criando novas formas de dança e expressão corporal. Oferecer a ela um leque variado de experiências musicais faz com que a criança perceba as diferenças entre estilos, letras, velocidades e ritmos, trabalhando assim a atenção e a discriminação auditiva, permitindo que façam escolhas e que sugiram repetições, o que geralmente ela faz com frequência, como forma de aprendizagem e recurso de memorização – desta forma a criança estará trabalhando a memorização auditiva.
Através da música a criança se sente motivada e descobre o significado de novas palavras que depois incorpora a seu repertório, percebemos assim, a possibilidade de estimular a criança a ampliar seu vocabulário no setor linguístico. Ouvir música não deve ser uma atividade imposta e sim realizada com prazer, pois somente assim os benefícios serão obtidos de forma natural. A música propicia a criança um aprendizado global, emotivo com o mundo, em sala de aula, poderá auxiliar de forma significativa na aprendizagem. Conforme FARIA (201, P.24) disse: “A música como sempre esteve presente na vida dos seres humanos, ela também sempre está presente na escola para dar vida ao ambiente escolar e favorecer a socialização dos alunos, além de despertar neles o senso de criação e recreação”.
As experiências musicais coletivas ajudam a autoestima, bem como a socialização infantil. As crianças já tem por natureza a arte de socializar-se, em casa com outros coleguinhas, nas festas de aniversários, nos parquinhos, nas escolas nos meios de comunicação de massas, e dos grupos de referências que são compostos pelas nossas bandas favoritas, atores, atletas, super-heróis, etc. É comum ver crianças que mal se conhecem brincarem e se divertirem ao som de uma canção. Pois a música é um veículo tão importante para a socialização das crianças, que através dela a criança aprende a criar laços de amizades aprendendo a conviver, a conhecer novas pessoas e novos ambientes. Nas escolas é muito usada na hora da recreação e das brincadeiras, podendo assim, tornar-se um belo instrumento de ligação com o social da criança.
As atividades musicais podem oferecer várias oportunidades para as crianças aprimorarem as suas habilidades motoras, controlarem os seus músculos e moverem-se com desenvoltura, elas aprendem a dominar melhor o seu corpo, aprimorando a coordenação motora ampla e a fina. E quanto mais a criança tem oportunidade de comparar as ações executadas e as sensações obtidas através da música, mais a sua inteligência e o seu conhecimento vai se desenvolvendo. E sempre que a coordenação motora se desenvolve, melhora a expressividade rítmica, e esse processo prepara naturalmente a criança para a leitura e a escrita que fazem parte do seu processo de escolarização. O vocabulário musical requer a pronúncia correta das letras da canção e as conversas sobre o conteúdo das cantigas de roda propiciam o desenvolvimento da linguagem oral, e a partir das experiências musicais o pensamento da criança vai se organizando, ou seja, desenvolve a criatividade, promove à autodisciplina e desperta a consciência rítmica e estética.
Os estudiosos sempre estiveram preocupados com a pesquisa sobre o comportamento da criança nos aspectos sociais, econômicos, familiar, cultural, psíquico, que se julgam ser relevante para o exercício do pedagogo na escola. Desde a antiguidade a disciplina de música também é relacionada com o desenvolvimento da criança, onde que, os conteúdos e a aprendizagem musical estão relacionados aos estudos científicos do desenvolvimento lógico, sensório, emocional, cultural e social das crianças. A música como linguagem pode expressar as ideias e os sentimentos mais intrínsecos das crianças, trabalhando o campo emocional e afetivo dos pequenos. O que se conclui é que a música contribui muito em se tratando do campo lógico, pois as porções cerebrais responsáveis pela música e pela matemática estão próximas uma da outra no setor esquerdo do cérebro. (Lexio Philes, disponível na internet).
2.3 A MÚSICA NO CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO INFANTIL
De acordo com a Lei Federal n° 11.769, de 18 de agosto de 2008 (BRASIL, 2008), tanto as escolas públicas e particulares, é obrigadas a oferecer aula de música aos seus alunos. No projeto dessa lei não é exigido à formação profissional específica dos professores, e não estipula o formato e nem o conteúdo das aulas, cabendo às escolas analisarem a melhor opção de se trabalhar com seus alunos, mediante as características, a cultura e demanda dos mesmos. Onde o professor pode fazer projetos formando coros, ensino de instrumentos, orquestras, grupos instrumentais, brincadeiras, entre outros.
A música garante a preservação das raízes culturais de um povo, de um país, ela é um excelente instrumento de trabalho para a educação, ela tem regras, disciplina, e o mais importante é que a música passou a ser obrigatória no ensino e isso pode trazer diversos benefícios para o cidadão.
O MEC descreve nos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL 1998, p.19) que:
As oportunidades de aprendizagem de arte, dentro e fora da escola, mobilizam a expressão e a comunicação pessoal e ampliam a formação do estudante como cidadão, principalmente por intensificar as relações dos indivíduos tanto com seu mundo interior como com o exterior.
E ainda de acordo com os Referenciais Curriculares Nacionais para a educação infantil (BRASIL 1998. p.48, 3 v.) destacam que:
“Ouvir músicas, aprender uma canção, brincar de roda, realizar brinquedos rítmicos, jogos de mãos, etc., são atividades que despertam, estimulam e desenvolvem o gosto pela atividade musical, além de atenderem a necessidades de expressão que passam pela esfera afetiva, estética e cognitiva, Aprender a música significa integrar experiências que envolvam a vivência, a percepção e a reflexão, encaminhando-as para níveis cada vez mais elaborados”.
E, em relação às crianças de 4 a 6 anos, o RCNEI (BRASIL, 1998) diz que:
Para esta faixa etária deve-se oportunizar a exploração e identificação de elementos da música para que as crianças possam interagir com os outros e ampliar seu conhecimento do mundo e perceber e expressar sensações, sentimentos e pensamentos por meio de improvisações, composições e interpretações musicais.
Ao tocar instrumentos, faz com que as crianças inibam suas agressividades, esgotem suas energias negativas, aprendam a ouvir, a ser paciente, e se tornarem pessoas mais calmas, centradas e solidárias com os outros. Uma vez que as crianças tem a oportunidade de lidar com a música ou com instrumentos, é possível despertar nelas os elementos próprios dos seres humanos como a inteligência, a criatividade, a audição, expressão e a emotividade.
Através do órgão da audição as crianças possuem o contato com fenómenos sonoros e com o som, e quanto maior for à sensibilidade com o som, mais ela descobrirá as suas próprias qualidades, e é por isso que as crianças precisam ser sensibilizadas para o mundo dos sons desde muito pequena, pois esse treino irá desenvolver a sua memória e atenção. Portanto as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (BRASIL 2010, p.25) preveem que:
As práticas pedagógicas que compõem a proposta curricular do trabalho na Educação Infantil devem ter como eixos norteadores as interações e as brincadeiras, garantindo experiências que: favoreçam a imersão das crianças nas diferentes linguagens e o progressivo domínio por elas de vários gêneros e formas de expressão: gestual, verbal, plástica, gramática e musical.
A música tem como função atingir o ser humano em sua totalidade, mas não substitui o restante da educação que tem como meta desenvolver em cada indivíduo toda a perfeição de que é capaz. Porém, se não utilizar a música não é possível atingir esta meta, pois nenhuma outra atividade consegue levar o indivíduo a agir. Sendo que, a música atinge a motricidade e a sensorialidade por meio do ritmo e do som, e através da melodia, atinge a afetividade.
E STEFANI (1987) diz que:
A música afeta as emoções, pois as pessoas vivem mergulhadas em um oceano de sons. Em qualquer lugar e qualquer hora respira-se a música, sem se dar conta disso. A música é ouvida porque faz com que as pessoas sintam algo diferente, se ela proporciona sentimentos, pode-se dizer que tais sentimentos de alegria, melancolia, violência, sensualidade, calma e assim por diante, são experiências da vida que constituem um fator importantíssimo na formação do caráter do indivíduo.
Enfim, a música é um instrumento facilitador do processo de ensino-aprendizagem, portanto deve ser possibilitado e incentivado o seu uso em sala de aula.
3. METODOLOGIA:
A pesquisa aplicada neste projeto foi realizada através de levantamentos bibliográficos de livros que falam sobre o conceito de música na Educação Infantil e o papel do professor, em sites que falam sobre a importância da música na Educação Infantil, em artigos, em meios de informações em periódicos como revistas, boletins, jornais e numa pesquisa exploratória, pois criou uma maior familiaridade com o tema proposto em relação às informações já existentes através dos levantamentos bibliográficos. Para Gil (1999, p. 65), a pesquisa bibliográfica é:
A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituindo principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas.
Trata-se de uma pesquisa qualitativa em desenvolver a reflexão da música no desenvolvimento e na aprendizagem das crianças na Educação Infantil, discutindo as alternativas existentes e as possibilidades de incluir teoria e prática. O método de abordagem é indutivo, partindo das constatações mais particulares as leis e teorias gerais para os acontecimentos factuais. Porque, de acordo com LAKATOS e MARCONI (1991),
O método indutivo “caminha para planos mais abrangentes, indo das constatações particulares a leis e as teorias gerais, em conexão ascendente”.
O objetivo dessa pesquisa de estudo bibliográfico científicos fundamentou a grandes estudiosos como: Nogueira, Brito, Piaget, Jeandot, e outros, buscando fundamentar a pesquisa nos conhecimentos epistemológicos discutidos no componente curricular, educação infantil e currículo, ministrado em aulas do próprio curso o qual fazemos, e que tem por verificar a criança na fase de 4 a 6 anos na educação infantil, cujo objetivo foi analisar a importância da música no desenvolvimento e aprendizagem da criança e em que aspecto favorece as crianças na interação aluno x professor e que nessa perspectiva as crianças constroem o conhecimento a partir das interações que estabelecem com as outras pessoas e com o meio em que vivem.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa realizada demonstra a importância da música na educação infantil, como e o quanto ela contribui no desenvolvimento e na aprendizagem da criança. Através deste estudo evidenciou-se que as diversas áreas do conhecimento podem ser estimuladas com a prática da musicalização. De acordo com esta perspectiva, a música é a linguagem que ultrapassa os limites da palavra, é a expressão de sentimentos, emoções, ideias, valores culturais e facilita a comunicação do indivíduo consigo mesmo e com o meio em que vive. A música está presente na vida da criança desde o seu nascimento, vindo das canções de ninar, cantigas de roda, rádio, discos, fitas. Ela também está presente na cultura do povo, nas danças, crenças e também nas brincadeiras. A música ajuda a criança a desenvolver os movimentos, a sociabilidade, a linguagem, além de trazer calma. Portanto, os educadores precisam refletir sobre o valor do ensino da música nas escolas para auxiliar as crianças num desenvolvimento mais rápido e mais eficaz.
Conforme resultados da pesquisa, foram atingidos os objetivos propostos, visto que, na educação infantil, muitas vezes as músicas são utilizadas para criar hábitos, como a hora do lanche, lavar as mãos, fazer fila, entre outros, além de estimular a sociabilidade ela também favorece para a educação saudável da criança.
O professor pode trabalhar a música em todas as áreas da educação, ele deve associar a música com temas específicos como poesias, números, gramática, folclore, história e geografia exigindo do educador habilidade e competência para criar situações que levam os pequenos a construir os seus conhecimentos. Portanto, faz-se necessária a sensibilização dos professores para despertar a conscientização de que a música favorece o bem-estar e o crescimento das potencialidades das crianças porque ela fala diretamente ao corpo, à mente e ás emoções.
Foi investigada a importância da música no desenvolvimento e na aprendizagem da criança na Educação Infantil, conhecendo um pouco a história da música, mostrando como a música pode contribuir com a aprendizagem, favorecendo o desenvolvimento cognitivo/linguístico, psicomotor e sócio afetivo da criança; verificando de que maneira a música favorece o desenvolvimento do potencial criativo e da sensibilidade da criança, bem como o estímulo à sua concentração e autodisciplina e analisando as contribuições que o ensino de música pode proporcionar no desenvolvimento das crianças na educação infantil.
A pesquisa é um processo de aprendizagem indispensável ao acadêmico que deseja estar preparado para enfrentar os desafios de uma carreira, e está no ato dela e da sua execução a oportunidade de assimilar a teoria e a prática, aprendendo as peculiaridades e os “macetes” da profissão e conhecendo a realidade do dia-a-dia profissional.
A pesquisa realizada é de cunho bibliográfico e qualitativo, e foi adotada a metodologia descritivo-exploratória. Logo alguns autores que possuem teorias sobre a música foram investigados e citados no trabalho buscando explicitar a importância da música, propondo a utilização dos mesmos para uma prática pedagógica mais eficaz e significativa.
Para melhor compreender sobre o trabalho, ele foi dividido em capítulo e subcapítulos que discutem a importância da música na educação infantil. Fez-se um breve percurso pela história da música, além de também tratar da infância e do desenvolvimento infantil.
Foi possível analisar que a música funciona como um instrumento facilitador da aprendizagem e que é preciso que todos percebam a necessidade de se desenvolver um trabalho contínuo em sala de aula.
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