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A INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL NO ENSINO REGULAR

Cristiane Aparecida Cioni
Elizandra Muller
Cristina Ferreira da Cunha
Lídia Tinelli de Faria

RESUMO:
Este artigo traz uma reflexão sobre a inclusão do aluno com deficiência intelectual no ensino regular e sua necessidade educacional especial que é uma realidade. A inclusão desse aluno é de suma importância, pois, tem um papel relevante no que se trata de seu futuro, seja dentro ou fora da escola. Desta forma torna-se um desafio a inclusão, pois, todos tem o direito ao acesso e permanência na escola pública e de qualidade, levando em conta que a escola e os profissionais não estão preparados para receber e trabalhar com esses alunos, necessitando assim, toda uma mudança na organização do trabalho pedagógico da escola. Apesar da inclusão de crianças e jovens com algum tipo de deficiência nas escolas regulares ter aumentado nos últimos anos, são grandes os desafios de preparar professores para mantê-las na sala de aula com os demais colegas. Com a inclusão o sistema educacional convencional está obrigando as escolas a adaptarem seus conceitos pedagógicos para então receber crianças que ainda estão excluídas. O artigo foi desenvolvido com várias pesquisas bibliográficas fundamentadas nas concepções teóricas e práticas de autores da área educacional enfocando a inclusão como uma atitude pedagógica onde o objetivo é trazer o conhecimento através do vivenciar, explorando diversos materiais e a interação entre sujeitos. A inclusão traz o discernimento sobre introduzir o aluno a realidade escolar, com proximidades através das práticas pedagógicas com a intenção de tornar-se base para o processo de construção da criança inserida na escola.

Palavras-chaves: Inclusão. Educação. Escola. Deficiência. Prática.

INTRODUÇÃO
O artigo tem a intenção de contribuir para novas aprendizagens, para que nos preparemos melhor para a atuação em sala de aula, que exige cada dia mais, podendo trazer novas discussões sobre a inclusão e seu contexto histórico. A compreensão da inclusão depende de uma docência que oportunizem uma vivência em atitudes e valores que vão se ampliando através dos processos educativos que possam garantir uma vida independente.
Em relação ao aluno com deficiência intelectual acredita-se que quando inserido na escola regular, venha a construir o seu desenvolvimento no dia a dia, caminhando assim para o sucesso. Mas para que isso aconteça é necessário que o professor esteja preparado para lidar com diversas situações podendo se basear no aluno e nos conhecimentos metodológicos que o auxiliarão para construir um espaço com postura e que garanta a qualidade.
A inclusão no ensino regular pode contribuir para uma aprendizagem significativa tanto para o professor, quanto para o aluno que está inserido. Portanto é necessário que a inclusão tenha funções objetivas e educativas considerando que interação entre sujeitos que começa na escola através de práticas pedagógicas que introduzam o aluno a realidade escolar. Nesse caso entra a proximidade através das práticas pedagógicas, onde acontece o desenvolvimento psicomotor, intelectual e social com a intenção de fazer parte do processo de construção do conhecimento da criança.
A lei garante a inclusão do aluno com deficiência intelectual no ensino regular, nessa hora entra o professor com a perspectiva de desempenhar um papel socioeducativo que preparem o aluno para a cidadania, cuidando de sua formação mental, individual e grupal, desenvolvendo continuamente valores, por meio da aprendizagem.
O aluno especial deve aprender a lidar com suas dificuldades podendo assim, avançar e favorecer a aprendizagem significativa aprendendo a ter noção do que é certo ou errado, sobre o que fez e o porquê fez. Através disso o professor poderá observar o que está dando certo em sua didática, podendo mudar caso não venha a ter bons resultados.
A intenção do tema; A inclusão do aluno com deficiência intelectual no ensino regular é resgatar a necessidade de refletir sobre a escola atual com liberdade, respeitando o ser como único e buscando novos conceitos que ajudem os docentes na superação em sala de aula.
O artigo incluirá um breve histórico da inclusão no Brasil falando dos principais acontecimentos que serviram para que o hoje a educação inclusiva fosse vista de outra forma. Será discutido sobre o como aconteceu a inclusão do aluno com deficiência intelectual no ensino regular e as formas que foram utilizadas para adaptação do mesmo. Ver as tentativas que tratam do assunto relativo à deficiência, sendo que o intuito principal é de encorajar a inclusão sem práticas discriminatórias respeitando a diversidade mantendo a ação pedagógica.

ASPECTOS HISTÓRICOS DA INCLUSÃO NO BRASIL
Na idade primitiva os seres humanos já se deparavam com crianças especiais, porém, por falta de conhecimento acreditavam que essa deficiência era um tipo de espirito do demônio que possuía o corpo. Essas crianças geralmente não conseguiam realizar atividades que normalmente fazemos, por isso muitas vezes eram isoladas, abandonadas pelas próprias famílias, ou simplesmente “eliminadas.” Era algo cruel, as pessoas não se importavam se esse “Ser humano” poderia viver de maneira diferente, se preocupavam apenas em ver os defeitos, imperfeições, pois ao ver social uma criança com deficiência não era dita “normal”, portanto era alvo de rejeição.

[...] um conselho de anciãos examinava o nascimento de uma criança e suas características físicas e se não possuísse qualidades requeridas para chegar a ser um grande guerreiro, o bebê era jogado de uma grande montanha para ser eliminado. Medidas semelhantes ocorriam em outras sociedades em que os pais podiam decidir abandonar seus filhos às feras por considerá-las com alguma formação inadequada. (GARCIA e BEATON, 2004, p18).

A postura social naquela época também considerava os deficientes como pessoas doentes, portanto sacrificavam ou os deixavam em alojamentos (manicômios), bem afastados da cidade. O mais triste de tudo é que a família concordava, era normal, pois fazia parte do cumprimento da crença, no final os pais ainda acreditavam que os filhos tinham nascido para serem mártires. Assim a sociedade acabava com toda a possibilidade de uma pessoa com deficiência se desenvolver.
Quando a deficiência não aparecia logo nos primeiro dia de vidas, os pais ficavam atentos observando se encontravam alguma anomalia. Caso isso acontecesse à criança era rapidamente excluída do meio social sem direito algum, ou era sacrificada.
Os primeiros estudos sobre deficiência surgiram no século XVI, por pesquisadores acompanhados de alguns familiares que possuíam alguém com anomalias. Queriam a todo custo descobrir algum jeito de ajudar as famílias, ou algum método que evitasse o descaso dos deficientes que eram excluídos da família, escola e sociedade. Lutaram sem cessar para descobrir uma maneira onde aliviasse as dificuldades, e assim, através de muito estudo descobriram que era possível desenvolver habilidades em crianças e adultos especiais.
As pessoas com deficiências tiveram vários desafios e conquistas, mas as mudanças vieram muito tempo depois, quando os considerados “diferentes”, começaram a possuir capacidades abrindo o direito a vida e ao convívio em sociedade. Nessa trajetória, houve grandes avanços históricos como Pedro de Leon que deu aulas a surdos e os ensinou a falar e assim, derrubou a teoria Aristotélica que defendiam que surdos não pudessem falar nem estudar. Também teve Valentin Haay que fundou uma escola voltada para cegos, onde ensinava por meio do tato com letras de madeira.
Algum tempo depois Luís Braille criou um alfabeto especial para deficientes visuais que recebeu seu nome e é utilizado até hoje. Comenius, um pensador que por sua vez ao ver o sofrimento das crianças de sua época criou uma escola onde ensinava de tudo e a todos, incluindo deficientes mentais, Jean-Jacques Rousseau, pregava o respeito e o desenvolvimento físico da criança, Johann Heinrich Pestalozzi defendia a afetividade na educação sem exclusão, Friedrich Froebel criou o jardim da infância onde incluía a todos, Maria Montessori uma psiquiatra que se dedicou a educação de crianças com retardos mentais. Além de vários outros pesquisadores que acreditaram na possibilidade do avanço das capacidades dos deficientes em geral, o que serviu de base para a criação das diretrizes e leis que hoje regem nosso estatuto.

A partir do final dos anos 1960, e de modo mais destacado nos anos 1970, as reformas educacionais alcançaram a área de educação especial sob a égide dos discursos da normalização e da integração. A educação especial constou como área prioritária nos planos setoriais de educação, após a Emenda constitucional de 1978 e a Lei nº. 5692/71, de reforma do 1º e 2º graus, e foi contemplada com a edição de normas e planos políticos de âmbito nacional: as definições do Conselho Federal de Educação sobre a educação escolar dos excepcionais, as resoluções dos Conselhos Estaduais de Educação sobre diretrizes de educação especial, a criação dos setores de educação especial nos sistemas de ensino, a criação das carreiras especializadas em educação especial na educação escolar (os professores dos excepcionais) e também no campo de reabilitação (a constituição das equipes de reabilitação/ educação especial). (FERREIRA, 2006, p. 87)

Como aconteceu a inclusão do aluno com deficiência intelectual no ensino regular

Em 1968 a UNESCO, montou um projeto onde havia um grupo com especialistas que se dedicaram ao atendimento aos portadores de deficiências, assim foi criada a Educação Especial. Nessa mesma época também começou a ser usada em vários Países “a filosofia da inclusão”, o que desencadeou iniciativas para um novo paradigma educacional, que repensou na pessoa com deficiência integrando-a a normalização sem exclusão. Assim, em 1986, Madeleine Will, propôs que a Educação regular também se responsabilizasse pela Educação especial, numa forma de parceria.

Os objetivos da educação especial destinada às crianças com deficiências mentais, sensoriais, motoras ou afetivas são muito similares aos da educação geral, quer dizer: possibilitar ao máximo o desenvolvimento individual das aptidões intelectuais, escolares e sociais. (UNESCO, 1968, p.12).

Foi a partir de 1990 que começaram as discussões para uma mudança no atendimento escolar, então se criou a “inclusão escolar”, o que na época deu muita polêmica. Muitas escolas não queriam atender crianças com deficiência intelectual, pois não garantiam condições, então essas crianças passaram a ser atendidas sem inclusão. Assim a criança era integrada na escola, mas não incluída, pois, incluir implica em dar condições para que tal objetivo aconteça.
Quando o conceito de inclusão surgiu, estabeleceu-se o direito à educação para todos e não só para aqueles que apresentavam necessidades educacionais especiais, isto está reforçado num documento chamado Declaração de Salamanca que foi constituído em 1994, inspirado em documentos internacionais que já existiam em outros Países que se preocupavam com o direito a educação especial. Esse documento fez com que os deficientes fossem tratados com igualdade perante o direto a educação.

As escolas devem acolher todas as crianças, independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras. Devem acolher crianças com deficiência ou crianças bem dotadas; crianças que vivem nas ruas e que trabalha; crianças de populações distantes ou nômades; crianças de minorias linguísticas, étnicas ou culturais e crianças de outros grupos ou zonas desfavorecidas ou marginalizadas. (UNESCO, (Salamanca), 1994, pag.03).

O processo de inclusão não é uma tarefa fácil, porém a Declaração de Salamanca mostra e defende a ideia de que todos os alunos devem aprender juntos, independentemente de suas dificuldades, enquanto a escola regular defende que não pode satisfazer todas as dificuldades dos alunos, e evidência que crianças deficientes devem frequentar escolas especiais. Portanto para que a educação regular aconteça de forma adequada é necessária aplicação de investimentos para que as escolas tenham qualidade no atendimento a todas essas crianças independentemente de suas diferenças ou dificuldades.
As pessoas com deficiência intelectual passaram a ser vista como um ser que poderia ser educado apenas no século XIX, graças ao médico Jean Itard, considerado o primeiro teórico da educação especial. Em 1774-1838 ele fez vários estudos na teoria empirista do conhecimento que estudava a noção da condição do deficiente mental. Começou então a lançar manuais sobre retardo mental.
A deficiência intelectual é uma limitação que afeta gravemente a capacidade de resolver problemas do cotidiano, com comportamento adaptativo prejudicado, havendo assim desenvolvimento lento e prejudicando o processo escolar ou o ajustamento social e ocupacional. Tudo isso pode ser gerado por limitações de ordem neurológica e intelectual do próprio indivíduo, que exige atendimento especial para sua construção na condição de aprendiz. Porém sabemos que há variações de um caso para o outro e não é possível colocar todas as deficiências intelectuais no mesmo grupo. Talvez esse seja o principal obstáculo para a inclusão educacional plena, “Cada caso é um caso”.
As limitações do deficiente intelectual podem ser provocadas por fatores genéticos, distúrbios na gestação, problemas no parto ou na vida após o nascimento, são alterações cromossômicas e gênicas, desordens do desenvolvimento embrionário ou outros distúrbios estruturais e funcionais que reduzem a capacidade do cérebro. A deficiência intelectual pode ainda ser conhecida por outros nomes tais como: Síndrome do X-Frágil, síndrome de Prader-Willi, Síndrome de Angelman, Síndrome Williams, entre outras dependendo do País em que se vive.
A escola é muito importante quando se trata da educação, pois a ela cabe dispor de recursos para que o aluno se desenvolva possibilitando o caminhar sem limites. A adequação curricular pode ser uma alternativa para obter avanços que tanto queremos perante a deficiência intelectual, mesmo que não é possível negar a dificuldade que pode ser encontrada no cotidiano das escolas.
A inclusão da pessoa com deficiência na escola é sem dúvidas um grande desafio, pois, necessita do apoio em geral como: pais, alunos, e todos envolvidos no contexto do aluno. Porém a presença desses estudantes em sala de aula nos dias de hoje já mostra avanços na inclusão no ensino regular, mostrando que a prática social faz a diferença para um desenvolvimento de forma natural.

Inclusão postula uma reestruturação do sistema de ensino, com o objetivo de fazer com que a escola se torne aberta às diferenças e competente para trabalhar com todos os educandos, sem distinção de raça, classe, gênero características pessoais. (DUTRA, 2003, p.46)

A legislação obriga as escolas a aceitarem qualquer aluno no ato da matrícula, porém se esquecem de que muitas vezes a escola não está preparada para receber o aluno com uma necessidade especial, pode acontecer de não ter espaço especifico, professores adequados e outros fatores que podem vir afetar o próprio aluno. Muitas vezes os professores enfrentam a sala de aula cheia para atender às demandas específicas de quantidade de aluno por sala, e um aluno com deficiência, tendo que dividir tempo e atenção para ambos, que é algo definitivamente impossível.
Existem estudos de pesquisa que o IBGE tem feito durante os últimos anos que garantem que a falta de escolas voltadas ao público de deficiente intelectual é um descaso. Por outro lado, há quem defenda que a inclusão poderia ter um empurrão com a ação de professores, alunos e pais, todos em conjunto. Portanto, ao incluir alunos com deficiência intelectual em salas regulares, podemos encontrar barreiras, pois sabemos que é impossível um aluno especial acompanhar o ritmo de aprendizagem do resto da turma, no entanto serão necessárias adaptações a qual inclua o aluno junto ao demais. Porém devemos tomar cuidados, pois podem acontecer preconceitos em determinadas series de salas regulares.
Muitos pensadores e estudiosos em sua contextualização histórica defendiam a escola como preparação para o futuro. Como MANTOAN, (2003, p. 91), que diz “A escola prepara o futuro e, de certo que, se as crianças aprendem a valorizar e a conviver com as diferenças nas salas de aulas, serão adultos bem diferentes de nós, que temos de nos empenhar tanto para entender e viver a experiência da inclusão!”.
A inclusão nas salas de aulas regulares podem ter vantagens na formação da personalidade, potencial cognitivo e social do aluno especial. A escola tem um papel fundamental na forma como a inclusão educacional acontece de forma sólida dando referências a vida toda. Isso faz com que crianças limitadas façam amigos para toda a vida e quem fica mais próximo aprende que cada ser tem suas limitações e possibilidades de maneiras diferentes.
A presença é cada vez maior de alunos com deficiência intelectual no sistema educacional convencional e isto está obrigando as escolas a adaptarem seus conceitos pedagógicos. A exigência também aumenta em querer profissionais que olhem para os deficientes com outros olhos.
Mesmo que a inclusão de crianças e jovens com algum tipo de deficiência esteja acontecendo nas escolas regulares, ainda são grandes os desafios começando pela estrutura predial, e também a falta de profissionais com especialização na área especifica necessitada.

Nas escolas, inclusivas pela força da lei, não há preparação antes, para o exercício das relações do depois. O próprio exercício das relações de ensino tem preparado as professoras para receber e acolher “alteridade deficiente”. (GÓES, LAPLANE, p.163, 2004).
Os alunos que apresentam deficiência mental sentem-se incapazes, porque muitas práticas não propiciam seu desenvolvimento cognitivo, o que faz com que eles desenvolvam baixas expectativas quanto a sua aprendizagem, além de baixa autoestima. Portanto necessitam de um planejamento pedagógico com adaptação curricular diferenciada e têm levado os educadores a pesquisar cada vez mais sobre o assunto. Propor atividades curriculares de menor complexidade, mais pragmáticas ou lúdicas, seria então, uma boa opção para trabalhar conteúdos que muitas vezes o aluno aprende de forma prazerosa.
A aplicação dos princípios da inclusão na Educação exige uma grande revisão nas práticas pedagógicas tradicionais. Há objetivos a serem cumpridos por todos os alunos e, considerando uma ampla diversidade de características e necessidades dos alunos, a escola precisa envidar um enorme esforço para rever suas velhas crenças, dogmas e práticas; precisa realizar também mudanças de diferentes ordens, para atender com competência todo o alunato com ampla variação em suas experiências pré-escolares e necessidades educacionais especiais e outras necessidades extraclasse (OMOTE, 2008, p. 24).


Através de várias reflexões vê-se, a necessidade de sempre aprimorar os conhecimentos e achar uma saída, onde a educação inclusiva seja minunciosamente englobada em conhecimentos prévios, essenciais, culturais, lúdicos, sociais e sentimentais, pois o ser humano é movido pelo sentimento. Fazendo uma releitura sobre isso, podemos dizer então, que o educador deve se basear em teorias que leve a trajetória vivenciada pelos próprios alunos, dessa forma as mudanças vão acontecendo de forma gradual, experimentando novas sensações, vivenciando seu desenvolvimento, assim começa a se construir um novo paradigma para o desenvolvimento.
De todas as experiências que surgem no caminho de quem trabalha com a inclusão, receber um aluno com deficiência intelectual parece a mais complexa. Quando nos deparamos com um aluno com deficiência intelectual a primeira coisa a fazer é ler o diagnóstico médico, pois ele é uma pista de por onde deverá começar o trabalho e quais obstáculos estão por vir. Geralmente as principais dificuldades em sala de aula são: a falta de concentração, problemas na comunicação e na interação com a turma, menor capacidade para entender conteúdos, portanto precisa de um estimulo diferenciado.

O professor, na perspectiva da educação inclusiva, não ministra um “ensino diversificado” e para alguns. Ele prepara atividades diversas para seus alunos (com ou sem deficiência mental) ao trabalhar um mesmo conteúdo curricular. Essas atividades não são graduadas para atender a níveis diferentes de compreensão e estão disponíveis na sala de aula para que os alunos as escolham livremente, de acordo com seus interesses. (BATISTA; MANTOAN, 2007, p. 17-18)

Vale ressaltar que o autor supracitado acredita na necessidade de ter atividades diversas em sala de aula, com níveis diferenciados, sendo umas fáceis outras mais complexas, contanto que essas atividades sejam do interesse do aluno. Ou seja, ele acredita que as atividades devem ficar ao dispor do aluno para olhar e escolher a que quer livremente. O autor acredita que o aluno quando se interessa por determinada atividade pode aprender autonomamente e acredita ainda que alunos com deficiência intelectual podem aprender da mesma forma quando há interesse partido do mesmo.
Tem algumas crianças com deficiência intelectual que reconhecem algumas letras ou até palavras e conseguem produzir algum tipo de atividade, porém outras só produzem algo acompanhada de auxiliar. Esses alunos precisam sempre de lugar organizado na sala de aula com rotinas e regras a seguir. As aulas nesses casos necessitam ser mais de forma prática, pois esse aluno necessita prestar atenção para aprender e como sabemos prender a atenção deles é difícil. Muitos educadores ainda acham que a repetição pode contribuir para a aprendizagem, porém é só perca de tempo, pois dessa forma fica mais difícil focar o raciocínio.
O ponto de partida deve ser atividades que detenham a atenção, como jogos de diversas formas, imitações de sons, atividades de montar, desenhar, pintar. Também é importante sempre adequar a atividade à idade e, principalmente, aos assuntos trabalhados em classe. Dessa forma a aprendizagem pode sim acontecer de forma significativa.
Os professores desempenham um papel importantíssimo no que diz respeito ao processo inclusivo, delineando sempre que necessário para traçar novos caminhos, novos jeitos de ensinar, novas buscas de promover uma aprendizagem eficaz para todos os alunos. Educar requer uma reavaliação frequente de nossa prática pedagógica, com novas abordagens de ensino, formando um trabalho positivo partindo do que a criança sabe, valorizando seus conhecimentos.
Para receber alunos especiais em sala de aula regular é necessário compreender as necessidades educativas que cada um tem. Para isso é necessário uma formação educativa especial com experiências para assumir a perspectiva da educação para todos ao longo de toda a vida, correndo sempre atrás de qualidade com equidade. Desta forma necessita-se unir nossas forças, discutir ideias, buscando alternativas que nos permitam a ter respostas educativas no que se diz respeita a inclusão.
A prática pedagógica entra como um intermédio do ontem com o hoje, resgatando com conteúdo, regra a interação com a diversidade ajudando assim o professor em sua prática. Essa prática traz novamente um novo olhar para a formação do educador, utilizando-se como um recurso indispensável na transposição de conteúdos para a evolução humana quando se diz respeita a interações sociais, culturais e motoras.
Ao refletir a questões da inclusão vem à necessidade de articular a teoria com a prática, buscar novas metodologias que atenda os alunos. Nesse caso, o currículo de um profissional deve ser sempre mudado conforme a precisão. Deve se ter muito cuidado para construir uma sociedade inclusiva, numa linguagem com ausência de complicação onde o aluno poderá se expressar livremente.
As metodologias educacionais hoje usadas na inclusão podem ser consideradas corretas ou incorretas, isso dependendo da função, valor e conceitos vigentes. O educador deve estar sempre atento a novidades, pois, com o decorre do tempo mudam-se os conceitos e valores e assim também surgem novas metodologias, pois a inclusão continua em caso de estudo.
As tentativas de tratar principalmente do assunto relativos à deficiência tem o intuito de encorajar a inclusão sem práticas discriminatórias, assim aprender a respeitar a diversidade mantendo a ação pedagógica na escola. Para acontecer à inclusão é necessário enfrentar desafios que o aluno especial apresentará perante o seu desenvolvimento.
No Brasil, têm ocorrido avanços perante a inclusão de alunos com deficiência intelectual, porém muitos professores da educação, ainda se sentem inseguros principalmente quando se fala em aprendizagem. Esses avanços trouxeram nos últimos anos mudanças na compreensão das práticas inclusivas, tanto política (leis), quanto na escola. Portanto conquistas não foram somente na inclusão em salas de aulas de escolas regulares, mas sim num todo.
Mesmo com tudo que vem sendo feito a inclusão de crianças e adolescentes com deficiência intelectual, continua representando um desafio até para os profissionais mais experientes na educação inclusiva.
Muitas pessoas crescem com cultura e valores morais diferenciados o que influenciam no resultado do processo histórico escolar, onde a educação começa a ser seletiva e muitos passam a ser excluídos. Os ditos “anormais” sempre sofreram rejeição devido a esses valores e continuam lutando contra a exclusão. Contudo, ainda há muito que aprender quando se fala em inclusão, mesmo que já tenhamos avançado ainda é pouco quando se trata desses estudantes em sala de aula.
Para trabalhar com deficiência intelectual exige muita paciência e calma para alcançar os objetivos, pois essas pessoas muitas vezes se comportam como se tivesse menos idade do que realmente tem, o que dificulta sua aprendizagem cognitiva. Para que haja um bom trabalho com essa especialidade é necessário que exista interação social e familiar, muito estimulo pelo adulto que está sempre perto, além de apoios educacionais que promovem o desenvolvimento intelectual, que geralmente é assegurado pela escola através do AEE (Atendimento educacional Especializado). Além de acompanhamento médico e serviço educacional regular preparado para estimulação do mesmo.
As crianças e adolescentes que tem deficiência intelectual podem e devem aprender novas competências e habilidades de preferencias algo que lhe agrade como pintar telas, artesanatos, bordar, entre muitos outros. No entanto sabemos que o seu desenvolvimento é mais lento do que uma criança com uma inteligência média, portanto será necessário para que aprenda um pouco mais de aulas e paciência para seu desenvolvimento.
A criança com deficiência intelectual deve começar cedo sua vida social, sendo levadas a parques e lugares públicos para passeio, fazer interação com outras crianças brincando. A família tem que ter uma rotina assim como a escola, pois, o deficiente intelectual se adapta com o tempo a atividades rotineiras e se dispersar com facilidade quando sai da rotina. Deve-se trabalhar a independência da criança incentivando-a vestir-se sozinha, comer.

A busca por uma sociedade igualitária, por um mundo em que os homens gozem de liberdade de expressão e de crenças e possam desfrutar da condição de viverem a salvo do temor e da necessidade, por um mundo em que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os seres humanos e da igualdade de seus direitos inalienáveis é o fundamento da autonomia, da justiça e da paz mundial, originou a elaboração da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que representa um movimento internacional do qual o Brasil é signatário (FACION, 2008, p. 55).


Na escola deve ter apoios para atividades, porém nunca ninguém deve fazer a atividade para o mesmo e sim incentivar que a realize, mesmo que fique algo pela metade. As mudanças devem ser colocadas aos poucos no meio da rotina, por exemplo, mudar a criança de lugar na sala, fazer leitura ou contação de história fora da sala, assistir filme e outras. As rotinas não são imutáveis e a criança tem que aprender isso para aprender a aceitar mudanças.
A criança deve ser sempre incentivada a ampliar seus interesses, se gosta de brincar na água, incentive a aprender a nadar, por exemplo. Elogios não podem faltar, cada pequeno avanço e evitar irritar-se com pequenos retrocessos, pense que neste momento cada um fez seu papel e uma hora irá obter resultados.
Portanto é fundamental incluir o currículo de forma adequada para que a educação aconteça em sua totalidade incluindo projetos e propostas que ampliem a diversidade na educação, de forma que o desenvolvimento de alunos com deficiência intelectual aconteça de forma natural e plena.

METODOLOGIA

O procedimento feito para a realização desse trabalho foi o embasamento em métodos científicos através de pesquisa bibliográfica, através de leitura e reflexão de vários escritores, tanto a partir de materiais publicadas em livros, artigos, dissertações e teses sobre os conceitos centrais afins com o objeto de estudo: A Inclusão do aluno com deficiência intelectual no ensino regular, enfocando os pressupostos teóricos abordados pelos autores, que serviram para coleta de dados sobre o determinado assunto, permitindo assim, ao pesquisador um embase para suas observações. Desta forma discorreu-se o escrito deste artigo sobre o determinado assunto.
Para uma experiência obriga-se buscar as relações entre os fenômenos e identificação das variáveis que especificam o estímulo-resposta propostos da hipótese do trabalho. Nesse contexto fica claro que nem sempre as conexões entre os elementos do estudo “os frutos”, nem sempre são o que espera.

O pesquisador procura fazer condições de um fato a ser estudado, para observá-lo sob controle. Para tal, ele se utiliza de local apropriado, aparelhos e instrumentos de precisão, a fim de demonstrar o modo ou as causas pelas quais um fato é produzido, proporcionando, assim, o estudo de suas causas e efeitos... (SOUZA, SANTOS e DIAS, 2013, p. 68).

Dessa maneira é exequível aprimorar conhecimentos através de instrumentos necessários para pesquisa, pois, elas obtêm informações, observações, anotações e tabelas estruturadas, as quais ajudam realizar pesquisas aprimoradas. Portanto, esse artigo é produto de investigação detalhada, que busca solução para problemas enfrentados no dia a dia alicerçando-se em mecanismos científicos. Ou seja, a pesquisa é um método de alcançar ou complementar conhecimentos de forma representativa.
A construção de certas premissas se baseia em fatos verídicos que influenciam na conclusão implícitas de informações, assim fazendo adequação social que requer um esforço para ser analisar e achar solução.
A Ideia é enfatizar o conceito de incluir em contextos escolares, Observando a relação cultual na aceitação do diferente e como é construída a prática didático-pedagógica diante disso. A análise documental foi de leis como: Legislação que garante ao portador de necessidade especial a garantia de permanência em escolas publica regulares. Estatuto da criança e adolescente que também ampara a criança especial. E Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica e a Declaração de Salamanca, que ajuda a entender e como tratar a educação especial, desta forma se constituiu um grande aporte para a pesquisa, com analises e dados coletados para a produção deste artigo.
Por fim, as pesquisas e revisões sobre o assunto serviram para melhor compreensão sobre: A inclusão do aluno com deficiência intelectual no ensino regular, e os desafios que vem enfrentando desde sempre para que a criança especial seja respeitada como um todo em seu direito.

CONSIDERAÇÕES FINAIS


Com base na pesquisa que se elaborou neste artigo nos anais literários pode-se dizer que não existe método infalível, mas sim podemos ousar na adequação de cada um conforme a necessidade especial do aluno. Desse modo toda pessoa com deficiência pode ser inserida, tendo seu direito respeitado a estudar em uma escola comum.
A educação permite ao ser humano ser protagonista de sua aprendizagem possibilitando a inovação no processo de ensino e aprendizagem. Com crianças com deficiência intelectual não é diferente, apenas necessita utilizar de recursos e experiências da vida cotidiana, para a compreensão de múltiplos significados, criando novas possibilidades para entender o mundo.
O educador é o instrumento fundamental para entender a diversidade pluricultural dos alunos em seu meio, bem como sua bagagem cultural real, é ele quem deve propiciar ampla visão holística viabilizando assim realizar um trabalho que estimula e motiva a imaginação dos alunos em geral.
Estímulo correto, nos momentos certos, acompanhados de amor contribui para o desenvolvimento da criança, fazendo com que chegue à idade adulta como um ser social e independente. Mas para isso acontecer a sociedade tem que se responsabilizar pela qualidade de vida um do outro respeitando principalmente quando o outro é diferente. Essa interação pode desenvolver uma nova cultura onde todos poderão gozar dos mesmos direitos de forma igualitária.
A escola deveria levar em conta a organização pedagógica diferenciada e assim elevar as metas esperadas promovendo a construção de capacidades, exigindo conforme as condições que atendam às singularidades ligadas ao tipo de deficiência. Assim, podem-se usar recursos especiais mesmo que o aluno com deficiência esteja inserido numa escola regular.
A escola é fundamental para que uma criança com deficiência alcance o desenvolvimento cognitivo, a acolhida da criança ajuda com que ela se sinta aceita e melhore o comportamento social, levando-a a interação com os demais. É fundamental evidenciar que na escolarização de uma criança com deficiência estão envolvidos, além da própria criança, a escola e pais, como um processo cultural que envolve a sociedade, quebrando barreiras e se renovando cada dia mais.


REFERÊNCIAS

BATISTA, C. A. M.; MANTOAN, M. T. E. Atendimento Educacional Especializado em Deficiência Mental. São Paulo: MEC/SEESP, 2007, p.17-18.


DUTRA, Claudia. Inclusão que Funciona. In Nova Escola, setembro, 2003, P.46.


FACION, J. R. Inclusão escolar e suas implicações. 2. ed. Curitiba: IBPEX, 2008.


FERREIRA, Windyz B. Inclusão X Exclusão no Brasil: reflexões sobre a formação docente dez anos após Salamanca. São Paulo: Summus, 2006, p.87.


GARCIA, Maria Tereza; BEATON, Guillerme Arias. Necessidades Educativas Especiais: Desde o enfoque Histórico–cultural. São Paulo: Linear B, 2004, p.18.


GÓES, Maria Cecília Rafael; LAPLANE, Adriana Lia Friszman (orgs). Políticas e
Práticas de Educação Inclusivas. Autores Associados, Campinas, S.P., 2004, P.163.

MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Inclusão escolar: O que é? Por quê? Como fazer? São Paulo: Moderna, 2003, P.91.


OMOTE, S.; GIROTO, C. R. M. (Org.). Inclusão escolar: as contribuições da educação especial. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2008, p.24.


SOUZA, G. S. D.; SANTOS, A. R. D.; DIAS, V. B. Metodologia da pesquisa científica: a construção do conhecimento e do pensamento científico no processo de aprendizado. Porto Alegre: Animal, 2013, p.68.


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