LÚDICO
Eliane da Silva Banci Bassiquete
Dalila Ceriaco Fernandes
Vanessa Cristina Saran de Souza
RESUMO:
Este artigo teve como objetivo analisar a questão do lúdico no ponto de vista do educador, no processo de ensino-aprendizagem, principalmente na educação infantil nas escolas públicas. As palavras crianças, brincadeiras e jogos ficam espontaneamente ligadas umas às outras, esta importante atividade da infância é considerado em várias conceitos teóricos de autores como Piaget, Vygotsky e muitos outros, aonde cada um mostra a importância da brincadeira e dos jogos para o desenvolvimento infantil e na obtenção de conhecimentos, a partir das teorias que põem a curiosidade da criança como algo que pode se despertar através das brincadeiras e dos jogos expandindo de tal modo seus conhecimentos e ampliando suas habilidades motoras, cognitivas e linguísticas. Ocorreu a necessidade de conhecer e compreender como os professores trabalham com o lúdico dentro da sala de aula. A teoria era de que o professor empregava em sala de aula, atividades lúdicas conforme o seu ponto de vista sem um fundamento teórico sobre o conteúdo. Pesquisei, observei e conversei com professores de duas escola da cidade de colider MT. O resultado desta pesquisa explanou uma realidade diferente pois a maioria dos professores trabalham com o lúdico de forma consciente e embasada em teorias. Esses profissionais acreditam que a escola deva considerar o lúdico como um aliado no ensino-aprendizagem. Assim sendo, se concluiu que as brincadeiras e os jogos não precisam ocupar momentos na vida dos educandos, mas estar constantemente presentes no dia a dia escolar. Este artigo teve como objetivo analisar a questão do lúdico no ponto de vista do educador, no processo do ensino-aprendizagem. Sabemos que é muito difícil determinar uma argumentação eficiente sem o embasamento de teorias especializadas, este artigo esta alicerçado por autores que nos amparam a entender o lúdico na educação infantil, como Piaget, Vygotsky e outros.
PALAVRAS-CHAVE: Educação. Jogos. Crianças.
ABSTRACT:
This article aimed to analyze the issue of playfulness in the educator's point of view, in the teaching-learning process, especially in early childhood education in the public schools. The words kids, jokes and games are spontaneously linked to each other, this important childhood activity is considered in several theoretical concepts of authors such as Piaget, Vygotsky and many others, where each one shows the importance of game and game to child development and to obtain knowledge from the theories that put the curiosity of the child as something that can awaken through games and expanding games so their knowledge and broadening their linguistic, cognitive and motor skills. There was a need to know and understand how teachers work with the playful inside the classroom. The theory was the teacher employed in classroom activities as your point of view without UM theoretical basis on the content. Googled, noticed and talked to two school teachers from the city of Brampton MT. The result of this research explained a different reality because most teachers work with the playful consciously and based on theories. These professionals believe that the school should consider the playful as an ally in the teaching-learning process. Therefore, it was concluded that the games and the games don't need to occupy moments in the lives of learners, but being constantly present in everyday life. This article aimed to analyze the issue of playfulness in the educator's point of view, in the process...
KEYWORDS: Education. Games. Kids.
INTRODUÇÃO
A educação Infantil é um período extremamente fértil em relação à construção de novos conhecimentos, sejam eles sociais afetivos ou cognitivos, sendo que a criança dessa faixa etária é capaz de estabelecer relações complexas entre os elementos da realidade. As crianças, desde o nascimento, estão imersas em um universo do qual os conhecimentos lúdicos são partes integrante. O ensino-aprendizagem vem sofrendo mudanças no decorrer dos anos na metodologia de ensino buscando formas que facilitem o trabalho do professor no processo de aprendizagem. As mudanças referentes aos recursos didáticos, principalmente os pedagógicos, incluem os jogos, brincadeiras e brinquedos que quando usados adequadamente tornam a aprendizagem menos mecânica e mais significativa e prazerosa para a criança.
O jogo possui uma característica integradora, pois à medida que a criança joga ela vai se conhecendo melhor, e ao mesmo tempo, interage com outras crianças e com os adultos. É na brincadeira que as crianças aprendem como os outros pensam e agem, descobrindo assim uma forma mais rápida para a troca de ideias e o respeito pelo outro. Enquanto aprendem brincando também ensinam algo de sua vivência, resultando na interação do aprender e ensinar.
O interesse em abordar o tema surgiu ao perceber que o contato das crianças com jogos, brinquedos e brincadeiras tradicionais vem perdendo espaço, sendo trocados pela tecnologia como, jogos eletrônicos, videogames, televisão, que se não for para educar, ensinar algo, não terá função alguma. Não é preconceito pela tecnologia, sabe-se que se precisa dela no mundo de hoje, mais que seja aplicada para um desenvolvimento cognitivo e transformador na vida das crianças. Às vezes as modernidades atrapalham o desenvolvimento escolar, pois a criança se preocupa com o jogo que irá jogar depois da aula com o colega, só que no videogame, com o desenho ou filme que irá assistir mais tarde, que na maioria das vezes é impróprio para a criança ou para a idade.
Os jogos em épocas passadas eram utilizados nas escolas apenas como recreação e fora dela como lazer. Sabe-se, porém que, os jogos além de proporcionar prazer e alegria exercem também papel importante no desenvolvimento intelectual do aluno quando aplicado adequadamente, à medida que a escola dá oportunidade à criança de experimentar o concreto utilizando os jogos, brinquedos e brincadeiras de maneira pedagógica, faz com que as experiências acumuladas lhe proporcionem a formação de conceitos como, semelhanças e diferenças, classificação, seriação e a partir desses conceitos tem condições de descrever, comparar e representar graficamente.
Nos tempos atuais ainda existem muitas escolas que funcionam no sistema tradicional de ensino, limitando a ação educativa do educando, deixando de incluir no planejamento educacional, atividades que priorizem os movimentos livres e espontâneos do educando. Outras, embora usando métodos tecnológicos modernos, também inibem o lado criativo do educando, causando muitas vezes prejuízo na aprendizagem.
A infância é a idade da brincadeira, pois é por meio delas que a criança satisfaz em grande parte seus interesses, necessidades e desejos, pois expressa a maneira como a criança organiza, desconstroem e constroem seu mundo.
O brincar faz parte do mundo da criança, e através de jogos e brincadeiras eles aprendem melhor, se socializam com facilidade, aprendem a trabalhar em grupo, tomar decisões e percebem melhor o mundo dos adultos. Sabe-se que a criança possui necessidades e características peculiares e a escola desempenha um importante papel neste aspecto que é oferecer um espaço favorável às brincadeiras associada a situações de aprendizagem que sejam significativas, contribuindo para o desenvolvimento de forma agradável e saudável.
Brincar significa uma reorganização da pratica pedagógica que o professor procura desempenhar, e é o instrumento principal para o desenvolvimento da criança, e através do jogo e a maneira que o professor dirige as brincadeiras desenvolveram o intelectual, emocional, psicológico, a coordenação motora e o social das crianças.
Hoje as brincadeiras e os jogos são imprescindíveis na educação infantil. Através dos jogos e brincadeiras as crianças desenvolvem a criatividade, a capacidade de tomar decisões e ajuda no desenvolvimento motor além de tornar as aulas mais atraentes, são através de situações de descontrações que o professor desenvolvera diversos conteúdos, gerando uma integração entre as matérias curriculares.
O brincar torna-se um assunto primordial para a educação infantil, os jogos e brincadeira como proposta pedagógica, e a importância da brinquedoteca no ambiente escolar como instrumento mediador de aprendizagem. É através dos jogos e brincadeiras que as crianças têm a oportunidade de desenvolver um canal de comunicação, uma abertura para o diálogo com o mundo das crianças e dos adultos, onde ela estabelece seu controle interior, sua alta estima e desenvolve relações de confiança consigo mesma e com os outros.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Atualmente em nossa sociedade capitalista onde o poder da comunicação influencia a todos inclusive as crianças, principalmente a televisão e o computador, uma das alternativas para mudar essa influência está no lúdico, onde de uma forma geral as crianças trabalham o corpo e a interação com o outro, entrando no mundo dos sonhos das fábulas que é uma ponte entre as brincadeiras. Quando as crianças brincam se expressam mostrando seu íntimo, seus sentimentos e sua efetividade. Neste artigo podemos observar a real importância que deve ser dado ao lúdico no ensino- aprendizagem na educação infantil. Por isso a necessidade do professor estar em constante buscar do saber e da pratica do ensino aprendizagem.
Educar é acima de tudo a inter-relação entre os sentimentos, os afetos e a construção do conhecimento. Segundo este processo educativo, a afetividade ganha destaque, pois acreditamos que a interação afetiva ajuda mais a compreender e modificar o raciocínio do aluno, muitos educadores têm a concepção que se aprende através da repetição, não tendo criatividade e nem vontade de tornar a aula mais alegre e interessante, fazendo com que os alunos mantenham distantes, perdendo com isso a afetividade e o carinho que são necessários para a educação.
A criança necessita de estabilidade emocional para se envolver com a aprendizagem, o afeto pode ser uma maneira eficaz de aproximar o sujeito e a ludicidade em parceria com professor-aluno, ajuda a enriquecer o processo de ensino-aprendizagem, e quando o educador dá ênfase às metodologias que alicerçam as atividades lúdicas, percebe-se um maior encantamento do aluno, pois se aprende brincando.
Santos (2002) refere-se ao significado da palavra ludicidade que vem do latim ludus e significa brincar. Onde neste brincar estão incluídos os jogos, brinquedos e divertimentos, tendo como função educativa do jogo o aperfeiçoamento da aprendizagem do indivíduo.
Assim, a ludicidade tem conquistado um espaço na educação infantil. O brinquedo é a essência da infância e permite um trabalho pedagógico que possibilita a produção de conhecimento da criança, ela estabelece com o brinquedo uma relação natural e consegue extravasar suas angústias, entusiasmos, suas alegrias e tristezas, suas agressividades e passividades.
Ainda Santos (2002, p. 12) relata sobre a ludicidade como sendo:
“(...) uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não pode ser vista apenas como diversão. O desenvolvimento do aspecto lúdico facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e cultural, colabora para uma boa saúde mental, prepara para um estado interior fértil, facilita os processos de socialização, comunicação, expressão e construção de conhecimento.”
Ao assumir a função lúdica e educativa, a brincadeira propicia diversão, prazer, potencializa a exploração e a construção do conhecimento. Brincar é uma experiência fundamental para qualquer idade, principalmente para as crianças da Educação Infantil.
Dessa forma, a brincadeira já não deve ser mais atividade utilizada pelo professor apenas para recrear as crianças, mas como atividade em si mesma, que faça parte do plano de aula da escola. Pois, de acordo com Vygotsky (1998) é no brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva.
Porque ela transfere para o mesmo sua imaginação e, além disso, cria seu imaginário do mundo de faz de conta. Portanto, cabe ao educador criar um ambiente que reúna os elementos de motivação para as crianças, criar atividades que proporcionam conceitos que preparam para a leitura, para os números, conceitos de lógica que envolve classificação, ordenação, dentre outros. Motivar os alunos a trabalhar em equipe na resolução de problemas, aprendendo assim expressar seus próprios pontos de vista em relação ao outro.
O processo de ensino e aprendizagem na escola deve ser construído, então, tomando como ponto de partida o nível de desenvolvimento real da criança, num dado momento e com sua relação a um determinado conteúdo a ser desenvolvido, e como ponto de chegada os objetivos estabelecidos pela escola, supostamente adequados à faixa etária e ao nível de conhecimentos e habilidades de cada grupo de crianças. O percurso a ser seguido nesse processo estará demarcado pelas possibilidades das crianças, isto é, pelo seu nível de desenvolvimento potencial.
Enfim, estar ao lado do aluno, acompanhando seu desenvolvimento, para levantar problemas que o leve a formular hipóteses, brinquedos adequados para idade, com objetivo de proporcionar o desenvolvimento infantil e a aquisição de conhecimentos em todos os aspectos.
A partir da leitura desses autores podemos verificar que a ludicidade, as brincadeiras, os brinquedos e os jogos são meios que a criança utiliza para se relacionar com o ambiente físico e social de onde vive, despertando sua curiosidade e ampliando seus conhecimentos e suas habilidades, nos aspectos físico, social, cultural, afetivo, emocional e cognitivo, e assim, temos os fundamentos teóricos para deduzirmos a importância que deve ser dada à experiência da educação infantil.
Os espaços lúdicos e as brincadeiras são ambientes férteis para a aprendizagem e o desenvolvimento da criança, pois proporcionam momentos agradáveis dando espaço a criatividade, portanto devemos buscar o bem-estar dos pequenos durante o processo de ensino e aprendizagem, resgatando assim o lúdico como instrumento de construção do saber. É importante perceber e incentivar a capacidade criadora das crianças, pois está se constitui numa das formas de relacionamento e recriação do mundo, na perspectiva da lógica infantil.
Na educação de modo geral, e principalmente na Educação Infantil o brincar é um potente veículo de aprendizagem, visto que permite, através do lúdico, vivenciar a aprendizagem como processo social, a proposta do lúdico é promover uma alfabetização significativa na prática educacional, o lúdico promove o rendimento escolar além do conhecimento, pensamento e o sentido, entretanto, compreender a relevância do brincar possibilita aos professores intervir de maneira apropriada, não interferindo e descaracterizando o prazer que o brincar proporciona.
Portanto, o brincar utilizado como recurso pedagógico não deve ser dissociado da atividade lúdica que o compõe, sob o risco de descaracterizar-se, afinal, a vida escolar regida por normas e tempos determinados, por si só já favorece este mesmo processo, fazendo do brincar na escola um brincar diferente das outras ocasiões. A incorporação de brincadeiras, jogos e brinquedos na prática pedagógica podem desenvolver diferentes atividades que contribuem para inúmeras aprendizagens e para a ampliação da rede de significados construtivos para as crianças.
“Brincar com crianças não é perder tempo, é ganhá-lo; se é triste ver meninos sem escola, mais triste ainda é vê-los sentados enfileirados em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação do homem.” Carlos Drummond de Andrade. De acordo com o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (BRASIL, 1998, p. 27, v.01):
O principal indicador da brincadeira, entre as crianças, é o papel que assumem enquanto brincam. Ao adotar outros papéis na brincadeira, as crianças agem frente à realidade de maneira não-literal, transferindo e substituindo suas ações cotidianas pelas ações e características do papel assumido, utilizando-se de objetos substitutos.
A alfabetização seja ela matemático ou processo de letramento, possui, na atualidade, várias formas de entretenimentos lúdicos ex: jogos, brinquedos, desenhos animados, livros de histórias, jogos on-line e outros. A educação infantil, historicamente, configurou-se como o espaço natural do jogo e da brincadeira, o que favoreceu a ideia de que a aprendizagem de conteúdos se dá prioritariamente por meio dessas atividades. A participação ativa da criança e a natureza lúdica e prazerosa inerentes a diferentes tipos de jogos têm servido de argumento para fortalecer essa concepção, segundo a qual se aprende brincando.
Estudiosos contemporâneos como Piaget, Vygotsky, e muitos outros deram um destaque especial aos jogos, brincadeiras, brinquedos atribuindo como um papel decisivo na evolução dos processos de desenvolvimento humano. Para Vygotsky no brincar a criança está sempre de sua idade, nas brincadeiras as crianças manifestam certas habilidades que não seriam esperadas para sua idade, à promoção de atividades que favorece o envolvimento da criança em brincadeiras principalmente aquelas que promovem a criação de situações imaginarias tem nítida função pedagógica. Para ele imaginação em ação ou brinquedos e a primeira possibilidade de ação da criança numa esfera cognitiva que lhe permite ultrapassar a dimensão perceptiva motora do comportamento. O brinquedo concede as estruturas básicas necessárias para as mudanças das necessidades e da consciência infantil vivenciando uma experiência, no ato de brincar como se fosse bem maior do que realmente é.
É brincando também que a criança aprende a respeitar regras, a ampliar o seu relacionamento social, por meio da lúdico a criança começa a se expressar com maior facilidade, ouvir, respeitar e discordar de opiniões, compartilhando sua alegria de brincar.
A HISTÓRIA DO BRINCAR
O brincar está presente em diferentes tempos e lugares e de acordo com o contexto histórico e social que a criança está inserida, a brincadeira é recriada com seu poder de imaginação e criação, as brincadeiras de outros tempos estão presentes na vida das crianças, com diferentes formas de brincar, porque hoje, nós temos diferentes espaços geográficos e culturais.
O brincar natural na vida das crianças, é algo que faz parte do seu cotidiano e se define como espontâneo, prazeroso e sem comprometimento, as brincadeiras são universais e estão na história da humanidade ao longo dos tempos.
Dessa forma, a criança se desenvolve através das interações que estabelece com os adultos desde muito cedo. A sua experiência sócio histórica se inicia nessa interação entre ela, os adultos e o mundo criado por eles, e quando os pais estimulam seus filhos durante a brincadeira, se tornam mediadores do processo de construção do conhecimento, fazendo com que seus filhos passem de um estágio de desenvolvimento para outro.
A brincadeira é uma linguagem natural da criança e é importante que esteja presente na escola desde a educação infantil para que o aluno possa se colocar e se expressar através de atividade lúdica considerando-se como lúdicas as brincadeiras, os jogos, a música, a arte, a expressão corporal, ou seja, atividades que mantenham a espontaneidade das crianças. As brincadeiras são linguagens não verbais, nas quais a criança expressa e passa mensagens, mostrando como ela interpreta e enxerga o mundo.
"Soubéssemos nós adultos preservar o brilho e o frescor da brincadeira infantil, teríamos uma humanidade plena de amor e fraternidade. Resta-nos, então, aprender com as crianças." (Monique Deheinzelin).
ESPAÇOS PARA O LÚDICO
A fantasia do brincar caracteriza a didática a ser desenvolvido para faixa de idade da educação infantil, o que determina focar o espaço para o lúdico. Certamente, todos os professores que atuam em classes iniciais, creche, jardim de infância e mesmo as primeiras séries do ensino fundamental já terão passado pela experiência de observar os seus alunos em atitudes, no mínimo, curiosas, conversam com brinquedos e objetos fazem de terra, papel comidinha e servem para os amigos, assumem personalidades de outras pessoas, tratam de doentes como se fossem médicos, cuidam dos filhos como se fossem os pais, ensinando como se fossem professores e muitos outros exemplos vivenciados.
Brincar é um ato tão espontâneo e natural para a criança quanto comer, andar dormir ou falar. Basta observar um bebê nas diferentes fases de seu crescimento para confirmar tal fato, logo que descobre as próprias mãos, brincar com elas, a descoberta dos pés é outro brinquedo fascinante.
É brincando que a criança conhece a si e ao mundo, quando mexe com as mãos e os pés, segura a chupeta ou um brinquedo, seja levando-os à boca, sacudindo ou atirando-os longe, vai descobrindo suas próprias possibilidades e conhecendo os elementos do mundo exterior através da comparação de suas características.
A pesquisa busca categorizar o lugar do brincar na aprendizagem. Brincar é um espaço privilegiado, proporciona à criança, como sujeito, a oportunidade de viver entre o princípio do prazer e o princípio da realidade. Brincando a criança vai, lentamente, estabelecendo vínculos, brincando com os objetos externos e internos num processo de trocas intensas com a realidade e com a fantasia. (OLIVEIRA, 1998).
O jogo também é um excelente recurso para facilitar a aprendizagem. Carvalho (1992, p.14) afirma que:
(...) desde muito cedo o jogo na vida da criança é de fundamental importância, pois quando ela brinca, explora e manuseia tudo aquilo que está a sua volta, através de esforços físicos e mentais e sem se sentir coagida pelo adulto, começa a ter sentimentos de liberdade, portanto, real valor e atenção as atividades vivenciadas naquele instante.
Carvalho (1992, p.28) acrescenta:
(...) o ensino absorvido de maneira lúdica, passa a adquirir um aspecto significativo e afetivo no curso do desenvolvimento da inteligência da criança, já que ela se modifica de ato puramente transmissor a ato transformador em ludicidade, denotando-se, portanto em jogo.
Brincar é um direito de todas as crianças do mundo, garantido no Princípio VII da Declaração Universal dos Direitos da Criança da UNICEF.
A BRINCADEIRA É UMA LINGUAGEM INFANTIL.
No ato de brincar, os sinais, os gestos, os objetos e os espaços valem e significa outra coisa daquilo que aparentam ser, ao brincar as crianças recriam e repensam os acontecimentos que lhes deram origem, sabendo que estão brincando o principal indicador da brincadeira, entre as crianças, é o papel que assumem enquanto brincam.
Nas brincadeiras, as crianças transformam os conhecimentos que já possuíam anteriormente em conceitos gerais com os quais brinca. Os conhecimentos da criança provem da: imitação de alguém ou de algo conhecido, de uma experiência vivida na família ou em outros ambientes, do relato de um colega ou de um adulto, de cenas assistidas na televisão, computador, livros, etc.
A linguagem oral e gestual que oferecem vários níveis de organização a serem utilizados para brincar; os conteúdos sociais, como papéis, situações, valores e atitudes que se referem à forma como o universo social se constroem.
De acordo com Vygotsky (1987, p.35): O brincar é uma atividade humana criadora, na qual imaginação, fantasia e realidade interagem na produção de novas possibilidades de interpretação, de expressão e de ação pelas crianças, assim como de novas formas de construir relações sociais com outros sujeitos, crianças e adultos.
Em contrapartida aos discursos dos pais de que o aluno só vai aprender se deixar de lado a brincadeira, Vygotsky afirma que a brincadeira proporciona o aprendizado, Para entender o universo lúdico é fundamental compreender o que é brincar e para isso, é importante conceituar palavras como jogo, brincadeira e brinquedo, permitindo assim aos professores da educação infantil e do ensino fundamental, trabalhar melhor as atividades lúdicas.
Na educação de modo geral, e principalmente na Educação Infantil o brincar é um potente veículo de aprendizagem experiencial, visto que permite, através do lúdico, vivenciar a aprendizagem como processo social. A proposta do lúdico é promover uma alfabetização significativa na prática educacional, é incorporar o conhecimento através das características do conhecimento do mundo, o lúdico promove o rendimento escolar além do conhecimento, oralidade, pensamento e o sentido.
Assim, Goês (2008, p 37), afirma:
(...) a atividade lúdica, o jogo, o brinquedo, a brincadeira, precisam ser melhorado, compreendidos e encontrar maior espaço para ser entendido como educação. Na medida em que os professores compreenderem toda sua capacidade potencial de contribuir no desenvolvimento infantil, grandes mudanças irão acontecer na educação e nos sujeitos que estão inseridos nesse processo.
O QUE É BRINCAR PARA A CRIANÇA?
Os jogos da criança pequena são fundamentais para o seu desenvolvimento e para a aprendizagem, pois envolvem diversão e ao mesmo tempo uma postura de seriedade. A brincadeira é para a criança um espaço de investigação e construção de conhecimentos sobre si mesma e sobre o mundo. Brincar é uma forma de a criança exercitar sua imaginação. A imaginação é uma forma que permite às crianças relacionarem seus interesses e suas necessidades com a realidade de um mundo que pouco conhecem. A brincadeira expressa a forma como uma criança reflete, organiza, desorganiza, constrói, destrói e reconstrói o seu mundo.
Para Vygostsky, a criança realiza aquilo que gosta, mas aprende a submeter-se a regras, que fazem com que ela renuncie uma ação impulsiva. Assim, na brincadeira a criança age de maneira diferente daquilo que gostaria. Esse exercício favorece o desenvolvimento do controle emocional do respeito ao outro, da vida social (apud MOREIRA E ANDRADE, 2008, p. 69).
Vygotsky (1989, p. 53) aponta também, que toda atividade lúdica da criança possui regras. A situação imaginaria de qualquer tipo de brinquedo já contem regras que demonstra características de comportamento. Nesse sentido o lúdico é fundamental para o desenvolvimento cognitivo, pois o processo de vivenciar situações imaginarias leva a criança ao desenvolvimento do pensamento abstrato, quando novos relacionamentos são criados entre significações e interações com objetos e ações.
Quando as crianças brincam, observa-se a satisfação que elas experimentam ao participar das atividades. Sinais de alegria, risos, certos excitação são componentes desse prazer, embora a contribuição do brincar vá bem além de impulsos parciais, a criança consegue conjugar seu mundo de fantasia com a realidade, transitando, livremente, de uma situação a outra.
Segundo Piaget, os jogos coletivos de regras são paradigmáticos para a moralidade humana. E isto por três razoes pelo menos. Em primeiro, representam atividade interindividual necessariamente regulada por certas normas que, embora geralmente herdadas das gerações anteriores, podem ser modificadas pelos membros de cada grupo de jogadores, fato este que explicita a condição de legislador de cada um deles. Em segundo lugar, embora tais normas não tenham em si caráter moral, o respeito a elas devido é ele sim, moral (e envolve questões de justiça e honestidade).
Finalmente, tal respeito prove de mútuos acordos entre os jogadores, e não da mera aceitação de normas Impostas por autoridades estranhas à comunidade de jogadores. Vale dizer que, ao optar pelo estudo do jogo de regras, Piaget deixa anteceder sua interpretação contratual da moralidade humana.
A evolução da prática e da consciência da regra pode ser dividida em três etapas:
• A etapa da anomia. Crianças até cinco, seis anos de idade não seguem regras coletivas;
• A etapa da heteronomia. Nota-se, agora, um interesse em participar de atividades coletivas e regradas;
• A etapa da autonomia.
Em primeiro lugar, as crianças jogam seguindo as regras com esmero. Em segundo lugar, o respeito pelas regras é compreendido como decorrente de mútuos acordos entre os jogadores, cada um concebendo a si próprio com possível legislador, ou seja, criador de novas regras que serão submetidas à apreciação e aceitação dos outros. Deve-se acrescentar que a autonomia demonstrada na pratica da regra aparece um pouco mais cedo do que aquela revelada pela consciência da mesma.
É necessário então aproveitarmos todas as experiências que cada educando traz consigo e trabalhá-las a fim de transformar o educando em um sujeito capaz de construir e reconstruir o seu próprio conhecimento. A atividade lúdica além de ser um espaço de conhecimento sobre o mundo externo (a realidade física e social) proporciona à criança a possibilidade de experimentar as emoções com que convive em sua realidade interior.
Permitem-lhe vivenciar, em ações concretas, reais, sentimentos que de outro modo ficaram guardadas em sonhos de que muitas vezes ela não se recorda. Assim brincando, a criança desenvolve uma estrutura de organização para relações emocionais que lhe dá condições para o desenvolvimento das relações sociais. Sendo assim, a escola e principalmente, a educação infantil deveria considerar o lúdico como parceiro e utilizá-lo amplamente para atuar no desenvolvimento e na aprendizagem da criança.
Ao adotarmos atividades lúdicas como propostas de trabalho, proporcionamos ao aluno interagir ativamente com seu ambiente e a ambiente escola de maneira que todas as suas potencialidades sejam envolvidas na construção do conhecimento.
A brincadeira de forma geral deve ser incluída em todos os currículos das Instituições que trabalham com a Educação Infantil e o professor deve ser bem preparado em sua formação para utilizar as brincadeiras com as crianças mantendo um vínculo entre aprendizado e diversão.
A partir das teorias de Piaget e Vygotsky, entendemos que é necessário refletir sobre o papel do professor ao utilizar o lúdico como recurso pedagógico que lhe possibilite o reconhecimento sobre a realidade lúdica e seus alunos, bem como sobre seus interesses e necessidades. Assim, ao utilizar o jogo como recurso pedagógico na escola, o educador deve considerar a organização do espaço físico, a escolha dos objetos e dos brinquedos e o tempo que o jogo irá ocupar em suas atividades diárias. Esses aspectos são definidos como requisitos práticos fundamentais para o trabalho com o lúdico como recurso pedagógico.1
As atividades lúdicas, como brincadeiras e jogos, são altamente importantes na vida da criança. Primeiro, por serem atividades nas quais ela está interessada naturalmente; segundo, por serem no jogo que a criança desenvolve suas percepções, sua inteligência, suas tendências á experimentação, seus instintos sociais. A criança ao jogar, não só incorpora regras socialmente estabelecidas, mas também cria possibilidades de significados e desenvolve conceitos é o que justifica a adoção do jogo como aliado importante nas práticas pedagógicas.
O jogo pode ser considerado um dos elementos fundamentais para que os processos de ensino e de aprendizagem podendo superar os conteúdos prontos, acabados e repetitivos, que tornam a educação escolar tão maçante, sem vida e sem alegria. O jogo pode ser um elemento importante pelo qual a criança aprende, sendo sujeito ativo desta aprendizagem que tem na ludicidade o prazer de aprender.
ATUAÇAO E MOTIVAÇÃO DO PROFESSOR
O brincar é considerado uma atividade social e cultural, este espaço deve ser construído para e pela criança. É importante que o brincar esteja inserido em um projeto pedagógico mais amplo da escola. Que a instituição valorize o brincar como uma maneira de ensinar e não como um “passatempo”. A escola deve disponibilizar de um espaço adequado para que as crianças possam ter autonomia no brincar, como por exemplo, estantes baixas com brinquedos coloridos, de encaixe, fantoches de pano, e livros etc. Esse ambiente precisa ter bastantes cores que estimulem o aprendizado da criança.
As instituições devem oferecer as condições necessárias para florescer o lúdico, pois o brincar é uma forma adequada e que colabora para perceber a criança e estimular o que ela precisa aprender e desenvolver. É necessário que o professor conheça as fases do desenvolvimento do aluno para verificar o que a criança já sabe e quais são as suas necessidades, a fim de sugerir atividades e elaborar perguntas no momento certo.
O que as crianças dizem e fazem podem contar muito ao professor a respeito do seu pensamento e sua inteligência, o que não fazem ou não conseguem fazer, também pode contar muito a respeito de sua capacidade. Segundo PIAGET (1994), em determinada fase da vida a criança passa por situações que muitas vezes não tem condições ainda de assimilar uma realidade por não possuir nesse momento estruturas mental plenamente desenvolvida, ela aplica os esquemas de que dispõe, reconstruindo o universo próximo, com o qual convive.
Para PIAGET (1994), os jogos tornam-se mais significativos à medida que a criança se desenvolve, pois a partir da livre manipulação de materiais variados, ela passa a reconstruir objetos, reinventar as coisas o que já exige uma adaptação, mais completa. Para Piaget essa adaptação que deve ser realizada na infância consiste em uma síntese progressiva da assimilação com a acomodação, e por isso que pela própria evolução interna os jogos das crianças se transformam pouco a pouco em construções adaptadas exigindo sempre mais do trabalho afetivo.
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Para muitas escolas e professoras ainda hoje o jogo não é reconhecido como instrumento de contribuição e enriquecimento para o desenvolvimento do aluno é usado isoladamente e desvinculado de objetivos, vários fatores interferem na não utilização dos jogos, como a falta de conhecimento dos aspectos pedagógicos, o medo que o professor tem de errar, a falta de criatividade, questões sociais, políticas que interferem diretamente na vida das pessoas. Assim, Goés (2008, p 37), afirma ainda que:
(...) a atividade lúdica, o jogo, o brinquedo, a brincadeira, precisam ser melhorado, compreendidos e encontrar maior espaço para ser entendido como educação. Na medida em que os professores compreenderem toda sua capacidade potencial de contribuir no desenvolvimento infantil, grandes mudanças irão acontecer na educação e nos sujeitos que estão inseridos nesse processo.
A partir disto é importante que o professor saiba agir e coordenar este local, este profissional precisa estar capacitado para direcionar as atividades, deve considerar as múltiplas possibilidades educativas, isto significa que o educador tem a responsabilidade de proporcionar momentos e condições necessárias, contribuindo ao máximo para desenvolvimento da criança, ele precisa conscientizar-se que brincando as crianças recriam e estabilizam aquilo que sabem sobre as mais diversas esferas do conhecimento, em uma atividade interativa e imaginativa.
O professor necessita de um suporte teórico e, acima de tudo, acreditar que a brincadeira se constitui em ferramentas indispensáveis no processo de desenvolvimento das qualidades psíquicas, o que possibilitará a aquisição de conhecimentos de forma prazerosa e adequada ao nível de desenvolvimento dessa etapa da vida.
“A esperança de uma criança, ao caminhar para a escola é encontrar um amigo, um guia, um animador, um líder - alguém muito consciente e que se preocupe com ela e que a faça pensar, tomar consciência de si de do mundo e que seja capaz de dar - lhe as mãos para construir com ela uma nova história e uma sociedade melhor”. (ALMEIDA, 1987, p.195).
CONCLUSÃO
Através desta pesquisa entendemos que o brincar envolve inúmeros aspectos de desenvolvimento do educando, sendo ele físico, afetivo, cognitivo e social. Neste sentido é fundamental que a escola, pais e professores estejam comprometidos com a educação. O direito a educação infantil inclui não só o acesso a creches e pré-escolas, mas também o direito a uma educação de qualidade, que considere a necessidade da criança na faixa etária de 0 a 6 anos, nesta etapa a criança tem necessidade de atenção, carinho e segurança são quando começam a ter contato com o mundo que a cerca, concluímos que as crianças da educação infantil possuem vários meios para que desenvolvam seu físico e intelecto, isto é, a criança sai bem preparada para prosseguir em sua vida escolar, além de enfrentar os obstáculos que aparecem no ambiente em que está inserida.
A educação infantil tem se revelado primordial para uma aprendizagem efetiva, ela socializa, desenvolve habilidades, melhora o desempenho escolar futuro, propiciando a criança resultados superiores ao chegar ao ensino fundamental. A educação infantil é o verdadeiro alicerce da aprendizagem aquela que deixa a criança pronta para aprender. Desta forma, a educação infantil contribui sim, na formação do indivíduo, e, consequentemente, do cidadão ativo e participante da sociedade, pois transmitem valores, regras, atitudes, dentre outros que são essenciais e os quais serão lembrados e utilizados por toda a vida, proporcionando experiências e interações com o mundo social e físico de forma ajustada às sucessivas idades que abrange, seguindo princípios pedagógicos de acordo com o desenvolvimento precoce. Uma vez entendido o verdadeiro sentido dessa etapa e a importância em relação à formação do homem.
Por essa maneira leva-se a razão de refletir no contexto da formação inicial da criança, e na importância do pedagogo buscar métodos que possa ajuda-las em sua descoberta de identidade no âmbito social. O resgate lúdico deve ser visto como uma abordagem metodológica que propicia na criança o processo de construção de conhecimentos, através do que lhe é real do que ela julga melhor para si e para seu grupo. E ainda, aliado as suas experiências, torna-se sujeito ativo de sua aprendizagem experimentando o prazer de aprender com prazer.
Nesse sentido grande é o papel do professor, pois cabe instruir e valorizar o educando na interação humana, no desenvolvimento do seu raciocínio lógico. Assim a aprendizagem do seu efeito positivo se vincula ao prazer e a relação afetiva nas ações pedagógicas.
A escola enquanto instituição de formação deve ajustar sua proposta pedagógica voltada às diversas alternativas de ensinar de modo a auxiliar os alunos a desenvolverem suas capacidades e habilidades auxiliando-os na adequação às várias vivências a que são expostas em seu universo cultural, potencializando o desenvolvimento de todas as capacidades do aluno, tornando o ensino mais digno e humano.
Considerando que os desafios são muitos, mas os resultados obtidos com o esforço garantem a todos os envolvidos a sensação de um trabalho demorado, mas bem feito. Busquei abordar neste artigo o quanto o lúdico é importante na Educação Infantil, procurando impulsionar a reflexão dos professores, acreditando colaborar, de maneira positiva, com as práticas docentes, neste contexto fica a importância e a valorização do lúdico como ponto de partida básico para o desenvolvimento da criança no ensino aprendizagem.
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