FACULDADE INTERNACIONAL DE CURITIBA – FACINTER
FRANCIÉLE APARECIDA FURLAN DE ANDRADE
RU 415460
SEXUALIDADE INFANTIL: UM DESPERTAR SEM PRECONCEITOS ATRAVÉS DAS TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA.
SORRISO
2012
FACULDADE INTERNACIONAL DE CURITIBA – FACINTER
FRANCIÉLE APARECIDA FURLAN DE ANDRADE
RU 415460
SEXUALIDADE INFANTIL: UM DESPERTAR SEM PRECONCEITOS ATRAVÉS DAS TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Curitiba, como requisito parcial para obtenção do Título de Pedagogo.
SORRISO
2012
Dedico esse Trabalho de Conclusão de Curso a meu filho Pedro Rafael, para que eu como mãe saiba educá-lo para um despertar sem preconceitos.
Agradeço primeiramente a Deus, por não desistir de mim. Depois agradeço toda minha família pela atenção e colaboração em todas as vezes que precisei. Em especial agradeço meus pais e meu marido por acreditarem em mim me incentivando a sempre seguir em frente.
RESUMO
Durante o período em que cursei pedagogia, muito ouvi falar da criança e seu desenvolvimento, porém ainda existiam dúvidas sobre alguns assuntos, um deles a sexualidade infantil e como cada fase da criança se apresenta, por que existem situações nas quais nós adultos nos sentimos tão constrangidos e para as crianças é natural. Por esse e muitos outros motivos, optei em escrever sobre esse tema, com o objetivo de esclarecer pais e professores sobre como lidar com essas crianças e suas descobertas de uma maneira que não haja constrangimentos nem para os pais, professores e principalmente para as crianças, para que não se tornem adultos retraídos, com um bloqueio futuro. O trabalho foi elaborado através de muita pesquisa, leitura das obras de Freud, um dos maiores escritores sobre o assunto, e principalmente muita observação em crianças com idade entre 02 e 05 anos, tudo para que os objetivos gerais fossem alcançados. É válido afirmar que o objetivo maior, o de esclarecer duvidas e adquirir conhecimentos para uma vida profissional com bagagem, foi alcançado.
SEXUALIDADE/ CRIANÇA/ PRECONCEITO.
ABSTRACT
During the period that attended pedagogy much heard about child and your development, but there are still doubts about some issues. One of them is infantile sexuality and how each stage of the child presents, because exist situations in which we adults feel really constrained and for children is natural, because this and many other reasons why I chose write about this topic with order to clarify parents and teachers about how deal with these children and their discoveries in a way that there is no embarrassment or for parents, teacher and principally for children, to not to become retracted adults, with lock in future. The job was elaborated with much research and reading the looks of Freud, one of the bigger authors. About this topic, and principally much observation in children behind 02 and 05 years old, everything to the objective will be achieved. It’s valid to say that the bigger objective, answer questions and get know ledge for the professional life with luggage was achieved
Sexuality/ Children/ Prejudgments
SÚMARIO
INTRODUÇÃO...........................................................................................................07
SEXUALIDADE INFANTIL: UM DESPERTAR SEM PRECONCEITOS ATRAVÉS DAS TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA........................................09
METODOLOGIA........................................................................................................16
CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................17
REFERÊNCIAS..........................................................................................................20
INTRODUÇÃO
No decorrer do curso de Pedagogia muitas vezes questionei-me sobre qual seria o tema escolhido para o meu TCC, queria que ao escolher, optasse por algo que realmente chamasse minha atenção, que ao pesquisar sobre o tema, isso me proporcionasse grande aprendizagem. Foi então que me deparei com o tema escolhido, a sexualidade infantil.
Durante dois anos tive a oportunidade de trabalhar em um CEMEIS do município, onde pude ter um contato direto com alunos, professores, pais, e direção, e esse contato me fez refletir sobre algumas situações pelas quais muitas vezes passamos e por muitas vezes também ficamos sem saber como deveríamos realmente agir. Algumas situações aonde pais vinham nos questionar, pedindo orientação sobre como agir quando seu filho tão pequeno e inocente tinha alguma atitude estranha relacionada à sexualidade e isso os deixavam constrangidos e sem ação.
Por esse e por muitos outros motivos, percebi a necessidade de pesquisar um pouco sobre a sexualidade infantil, sobre as fases das crianças, o que realmente acontece em cada fase do desenvolvimento delas, por que ocorrem certas situações que parecem tão naturais para elas e aos nossos olhos, olhos de adultos parecem tão constrangedoras. Isso tudo para que depois de formada como pedagoga, e ao assumir uma sala de aula, eu possa ter discernimento para lidar com pais e alunos, sem constrangê-los, sem que haja uma repressão, em uma eventual circunstância que possa vir acontecer.
Para que esse trabalho acontecesse, foi necessária muita pesquisa, leitura, reflexões, também coleta de dados e muita observação em sala de aula e no dia-a-dia familiar. No decorrer desse TCC, pode-se observar as fases pelas quais cada criança passa, desde seu nascimento até a fase adulta. Algumas situações do cotidiano onde certamente muitos de nós já nos deparamos e possivelmente nos envergonhamos simplesmente por não entender do que se tratava, por achar que a criança estava sendo mal educada, ou até mesmo pervertida, onde na verdade essa criança estava apenas imitando uma atitude que viu na televisão e resolveu reproduzir para que as pessoas presentes olhassem para ela, apenas para chamar a atenção, e interagir com os adultos. Ou então quando nos deparamos com algumas perguntas que as crianças fazem, e nós adultos recalcados não sabemos responder com naturalidade e acabamos constrangendo e fazendo com que essa criança também se torne um futuro adulto problemático, reprimido e cheio de preconceitos.
SEXUALIDADE INFANTIL: UM DESPERTAR SEM PRECONCEITOS ATRAVÉS DAS TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA
Ao desenvolver esse TCC refletimos como pais e educadores podem lidar com a sexualidade infantil, sem que isso se torne um problema e venha prejudicar o desenvolvimento futuro dessa criança.
Durante muito tempo pouco se falou sobre a sexualidade infantil, pois falar da sexualidade de adultos já era um tabu, imagine falar de uma criança. Mas surgiram estudiosos, e esse assunto hoje já vem sendo levado mais a sério, apesar de ainda ser pouco difundido.
Porém para se falar de sexualidade é preciso entender que sexualidade não tem necessariamente a ver com sexo, sensualidade e vulgaridade. É preciso compreender que no universo infantil, muitas, ou a maioria das atitudes que envolvem algum tipo de sensualidade, se trata de algo involuntário, uma espécie de reprise de alguma cena em que a criança presenciou, seja na televisão ou não. Um exemplo bem simples é o de uma criança querer beijar outra criança na boca, possivelmente ela viu os pais se beijando, e acha que pode fazer igual. Ou então onde uma criança está dançando funk, imitando a moça da televisão, para a criança é apenas um meio de fazer os adultos que a rodeiam voltarem à atenção a ela, a criança não tem a menor idéia de que a dança inocente que ela está fazendo, trás uma carga enorme de sensualidade e erotismo. A malícia está nos olhos do adulto, é ele que vê a pornografia, a criança não. Assim como a regra que a sociedade impôs, de que meninas devem usar rosa e brincar de boneca e os meninos devem usar azul e brincar com carrinho.
A criança imita os comportamentos de adultos significantes de seu meio. Ela recebe reforços positivos quando imita ou manifesta comportamentos adequados ao sexo, e não recebe aprovação, ou às vezes é punida por comportamentos inadequados. Por exemplo, a menina que empurra um carrinho de boneca, imitando a mãe ou outros modelos femininos que empurram carrinhos de bebê, geralmente recebe aprovação sob formas de atenção, olhares carinhosos, comentários como “Que gracinha!”, etc., mas se o menino faz o mesmo, é rapidamente desencorajado: “Homem não faz isso!”, “Vai jogar futebol!” e assim por diante. (BIAGGIO 2000, p.285)
Mas para que os preconceitos sejam quebrados, é necessário conhecer um pouco mais as teorias do desenvolvimento da criança e as fases pelas quais essa criança passa até chegar a ser um adulto. Sendo assim não poderíamos deixar de citar Freud, famoso psiquiatra vienense. Ele acreditava que a não-satisfação das necessidades seja em qualquer fase, acabava gerando um conflito emocional na criança quando essa chegava à fase adulta. Freud desenvolveu teorias que esclarecem aos leigos, cada fase da criança. Por exemplo, o porquê da satisfação do bebê ao ser amamentado, por que tudo que ele pega é direcionado até a boca, por que algumas crianças acabam ingerindo as fezes, por que a menina tem ciúmes do pai quando ele está ao lado da mãe, e assim por diante.
Dentro da psicanálise é possível verificar que essas fases são identificadas e classificadas. Segundo Freud (1976), o individuo encontra prazer no próprio corpo, isso fez com que Freud chegasse a algumas teorias sobre o desenvolvimento sexual da criança. Ele diz que são cinco as fases de desenvolvimento sexual que a criança passa até chegar à fase adulta, a fase oral, fase anal, fase fálica, latência, e fase genital. Cada uma dessas fases tem características bem marcantes.
A fase oral que se caracteriza por ocorrer entre o momento do parto até mais ou menos um ano de vida, e ter a boca como fonte de prazer, tudo que a criança pega ou vê ela quer e leva à boca. O bebê se satisfaz ao ser amamentado, portanto, o prazer está em saciar a fome e manter-se alimentado. Depois vem a fase anal, que acontece entre dois e quatro anos, onde o ânus é a fonte de prazer. A satisfação está em pôr para fora aquilo que foi ingerido e já o alimentou, ou seja, as fezes. Nessa fase algumas crianças se retraem, e outras não, algumas por sentirem tanta satisfação não querem se separar de suas fezes outras pelo mesmo motivo acabam provando delas.
Isso tudo pode nos parecer estranho, mas todos nós já passamos por isso e nossos filhos, netos, bisnetos, todos passarão um dia. Já na fase fálica, os órgãos sexuais são os objetos de prazer, é onde o menino descobre o pênis e tem orgulho dele, tanto é que acaba mostrando ele de vez em quando, já a menina descobre que não tem e culpa a mãe por ter nascido sem, essa “revolta” é bem passageira, pois é compensada pelo desejo de ser mãe, é onde a menina brinca de mamãe e filhinho.
Ao mesmo tempo também acontece o complexo de Édipo, que ocorre por volta dos três anos, é nesse momento que se forma a personalidade dessa criança, o objeto de desejo da criança torna-se a mãe, o menino tem o pai como um rival que atrapalha o acesso a esse objeto, mas por medo do pai, ele desiste, e começa ver as semelhanças e principia a identificação com ele. No caso das meninas os personagens se invertem, ela vê a mãe como a rival. Após essa fase a criança passa por um intervalo das atividades, uma espécie de mudança de foco. Esse intervalo recebe o nome de latência, uma espécie de transição e diminuição das atividades sexuais que dura até a puberdade.
O período de latência caracteriza-se pela canalização das energias sexuais para o desenvolvimento social, através das sublimações. O período de latência não é, portanto uma fase: não há nova organização de zona erógena, não há nova organização de fantasias básicas nem novas modalidades de relações objetais. É um período intermediário entre a genitalidade infantil (fase fálica) e a adulta (fase genital). (RAPPAPORT 1981, p.45)
E por último vem à fase genital, que chega com a adolescência, nesse momento meninos e meninas começam a se descobrir, e perceber que o prazer agora está no outro, é onde garotos e garotas começam a sentir prazer através de contatos com outros indivíduos, as meninas começam a achar os meninos bonitos, e vice-versa. Através dessa teoria podemos entender e possivelmente não acharmos constrangedoras algumas situações que podem vir a acontecer.
Estabelecer filiações significativas com profissões, partidos políticos, ideologias religiosas, correntes estéticas, são sublimações da sua capacidade de amar, de estabelecer um vínculo maduro nas relações naturais homem-mulher.( RAPPAPORT 1981, p.45)
No momento em que a criança passa por determinadas fases, é que surgem as situações que deixam pais e professores sem saber como agir. Por exemplo, quando uma criança baixa as calças na frente de pessoas estranhas e fica com a mão na sua genital, ou então, quando um coleguinha beija outro coleguinha na boca, ou ainda quando querem ver se o amiguinho tem “pipi” como ele.
São varias as situações que para os adultos gera um constrangimento enorme, mas que para a criança não passa de curiosidade, a malícia, ou a vergonha está na visão do adulto que por não saber como agir em determinados momentos acaba constrangendo a criança, fazendo com que ela se feche, correndo o risco de fazer algumas descobertas escondido e causando nela um trauma, que poderá se arrastar por toda a vida, e tornando-se um adulto retraído, mal resolvido sexualmente, e na maioria das vezes, com vergonha do próprio corpo.
Nesse momento os mecanismos de defesa são processos realizados pelo ego e são inconscientes, ocorrem independentemente da vontade do indivíduo para evitar o desprazer e a pessoa suprime a realidade. Existe vários tipo de mecanismos de defesa como o recalque, a formação reativa, a regressão, a projeção, a racionalização. Todos nós utilizamos em nossa vida cotidiana de mecanismos de defesa para nos defender de perigos internos ou externos, reais ou imaginários. O uso desses mecanismos não é patológico, mas distorce a realidade.
Freud em 1920 e 1923 remodela a teoria do aparelho psíquico, introduzindo os conceitos de id, ego e superego, os três sistemas da personalidade.
O id é o reservatório da energia psíquica é onde se localizam as pulsões de vida e de morte e é regido pelo principio do prazer.
O ego estabelece o equilíbrio entre as exigências do id e as exigências da realidade e as ordens do superego, são regidas pelo principio da realidade, é um regulador que leva em conta as condições objetivas da realidade. As funções básicas do ego são: percepção, memória, sentimentos, pensamento.
O superego tem origem no complexo de Édipo, a partir da internalização das proibições, dos limites e da autoridade o conteúdo do superego refere-se a exigências sociais e culturais. A função de autoridade sobre o individuo será realizada permanentemente pelo superego. É importante dizer que para a psicanálise os sentimentos de culpa originam-se na passagem pelo complexo de Édipo.
Com o estabelecimento do triangulo edípico, o pai, maior, mais forte e dono da mãe, é sentido pelo filho como um adversário contra o qual não poderá lutar. Se o elemento mais valorizado pela criança é o pênis, se o ponto de competição com o pai é sua erotização, parece decorrência lógica que, na fantasia infantil, o pai o puna, atacando-o no ponto fundamental do conflito, ou seja, o pai o castrará. Configura-se então, na relação com o pai, o temor de castração, que o obrigará a reprimir a atração sentida pela mãe. Com esta repressão fica encerrada a etapa fálica infantil. Mas o modelo de busca de um amor heterossexual foi estabelecido e será posteriormente retomado com a adolescência. (RAPPAPORT 1981, p.44)
Para compreender alguém é preciso resgatar sua história pessoal que está ligada à história de seus grupos e da sociedade em que está inserida. Como corrigir uma criança que convive em meio a danças com atitudes eróticas, se para ela isso é natural e faz parte de seu cotidiano? Como explicar para uma criança que dorme no mesmo quarto que os pais, e eventualmente percebe que os pais namoram durante a noite, que aquela atitude dos pais ela não pode imitar? O que responder a uma criança quando ela pede se pode te dar um beijo na boca? São essas e muitas outras perguntas que pais fazem a professores e professores fazem entre si.
São situações como essas que nos fazem pensar e perceber o quanto a criança é inocente, e ao mesmo tempo o quanto é inteligente e observadora suficiente para percebe o mundo a sua volta e tudo o que nele acontece. É preciso tomar muito cuidado no momento em que pais ou professores se encontrarem em situações como essas. Qualquer atitude brusca, de reprovação ou mal interpretada, pode gerar nessa criança um trauma que perpetuara pelo resto de sua vida, tornando-se um adulto retraído, cheio de preconceitos.
É preciso muita calma, delicadeza e principalmente naturalidade para explicar para uma criança que perguntou se ela pode beijar outro coleguinha na boca, que, beijar na boca é uma atitude de duas pessoas que são adultas e que se amam, e que quando ela ficar adulta também vai encontrar uma pessoa de quem vai gostar e sentir vontade de beijá-la também. Pais e professores precisam de muita clareza, para que essa resposta seja o mais natural possível, e que a curiosidade dessa criança seja cessada e a vontade para que possa perguntar sempre que tiver uma dúvida, mesmo que talvez você não tenha a resposta naquele momento, procure não deixá-la sem resposta, informe-se e responda. É necessário estar aberto a perguntas mesmo constrangedoras aos ouvidos adultos, mas que para a criança toa natural.
As aplicações e contribuições sociais, principal característica do trabalho psicanalítico é o descerramento do inconsciente e a integração de seus conteúdos na consciência, tem a finalidade de possibilitar ao individuo através do seu autoconhecimento lidar com seu sofrimento. O psicanalista tem a função de ajudar desmontar as resistências inconscientes que obstaculizam a passagem dos conteúdos inconscientes para a consciência.
O método psicanalítico é usado para desvendar o real, compreender o sintoma individual ou social e suas determinações é interpretativo. Em cada caminho para o acesso ao inconsciente o que vale é a historia pessoal, cada palavra, cada símbolo tem um significado particular para cada individuo, o qual só pode ser apreendido a partir de sua história, que é única e particular
A sociedade que impõe que meninos só podem brincar com carrinhos, e que só podem usar roupas na cor azul, por que quem brinca de boneca e usa rosa é menininha. A criança não tem preconceito, ela tem uma inocência linda, que não exclui, ama indiferente de raça, cor, ou religião. E o desenvolvimento sexual, faz parte do desenvolvimento natural do ser humano, o que ainda precisa, é compreender que cada etapa tem sua importância, para que esse desenvolvimento seja completo.
As crianças passam por varias etapas da transformação sexual, algumas mais intensas, outras quase imperceptíveis, mas todas elas de grande importância, que vão desde a gestação até a puberdade, onde a criança passa por uma transição, da adolescência para a fase adulta. E dentro dessas fases a criança tem atitudes que para o adulto são constrangedoras, já para a criança é natural, faz parte de seu desenvolvimento, muitas delas apenas imitam os modelos mais próximos. Muitas vezes o fato de uma criança imitar uma atitude dos pais, nada mais é do que uma forma de chamar a atenção, de dizer “pai eu estou te imitando por que você é um exemplo para mim, e eu te amo”.
Quando age da mesma maneira que um de seus progenitores, ela se julga revestida de parte do poder e da segurança que eles possuem e se sente mais digna de ser amada. Mas se os pais não se mostram afetivos e carinhosos, é provável que a criança não se sinta motivada para imitar seu comportamento porque eles não constituem modelos positivos. (MANNING p. 108)
Portanto, agem sem preconceitos, elas não tem malícia, apenas agem com naturalidade, elas amam, e por amarem se identificam, e por se identificarem imitam, e essa imitação, é totalmente desprovida de maldade, de pudor, de sujeira, é apenas uma forma de demonstrar afetividade.
Não podemos deixar de lembrar que sim, em alguns casos existem crianças que se desenvolvem precocemente portanto, existem casos onde a sexualidade da criança está sim mais aflorada, mas alguns estudos revelam que esse adiantar de fases se dá devido a estímulos, por exemplo no caso em que crianças muito novas ainda assistem filmes adultos, isso vai gerando uma curiosidade em querer imitar, mas em determinado momento isso não fica apenas no imitar, a criança começa a perceber que aqueles estímulos lhe dão prazer, uma satisfação, e é ai que mora o perigo, são nesses casos que pais não sabendo como agir, preferem fazer de conta que não estão vendo e deixando o problema se estender até a sala de aula, onde o professor percebe que a criança está tendo atitudes que não são apenas reprodução daquilo que virão, mas sim algo a mais e acabam chamando os pais para uma conversa, esses pais por sua vez, se fazem de desentendidos e acabam até se sentindo ofendidos, o que gera um constrangimento em todos e o maior prejudicado é a criança que continua sendo estimulada, pois os pais continuam fazendo de conta que não estão vendo, e a criança muitas vezes cresce com traumas, ou mal resolvida sexualmente, por não terem a orientação necessária no momento que mais precisavam.
Existem ainda casos em que a omissão dos pais é tão grande que o comportamento da criança acaba afetando outras crianças, coleguinhas, fazendo com que outras crianças também apresentem esses distúrbios. Claro que em outros casos, os pais agem bem diferente, assim que percebem alguma alteração no comportamento de seu filho, logo procuram orientação, e tudo se resolve de maneira natural, sem maiores danos. É preciso que nas escolas haja palestras educativas, onde os pais possam ver que as vezes estão deixando seus filhos verem coisas que eles ainda não estão prontos para ver, e que é simples a mudança.
Também é necessário que a escola tenha suporte para que esses pais se sintam a vontade para questionar, expor suas duvidas, seus medos e angustias, e que não se sintam constrangidos em falar do assunto, afinal os pais precisam saber para que possam educar seus filhos, é dever dos pais orientar seus filhos para uma vida adulta em sociedade, a escola não tem a obrigação de educar a criança, ela tem sim o papel de proporcionar conhecimento, mas a educação deve vir de berço. Não é um desafio fácil, mas é preciso tentar, só assim teremos adultos bem esclarecidos e crianças felizes.
Mais uma vez é preciso que o ser humano de dispa de preconceitos e perceba que a vida precisa seguir seu curso, atravessando os mais diferentes desafios.
METODOLOGIA
Como metodologia, foi adotada a pesquisa bibliográfica e, por isso, investiguei as idéias de diversos autores e pesquisadores que abordam o assunto. Nesta mesma perspectiva, realizei uma síntese de suas idéias e, além disso, acrescentei as minhas idéias, alinhavando-as e apurando-as de acordo com os objetivos propostos neste TCC desenvolvimento.
As reflexões situam-se numa perspectiva crítica, construtiva e com desenvolvimento para o bom entendimento do tema.
Além de pesquisa e a coleta de dados fiz várias observações em sala de aula desde o maternal até ao 2ª ano, nas quais os professores autorizaram a observação de aulas e também pude registrar esse trabalho através de questões e relatórios feitos durante as observações.
Na Secretaria de Educação consegui autorização para conversar com as coordenadoras pedagógicas a fim de obter informações sobre a formação dos professores que atuam com crianças na faixa etária de 3 a 7 anos e que tipo de curso de formação é oferecido aos educadores dessa área e a cada quanto tempo isso acontece e se esses cursos ocasionam a melhoria do ensino e dos alunos da rede pública. Também procurei saber como são selecionados os professores para atuar no maternal e séries iniciais e que tipo de apoio é oferecido em relação ao tema.
A sala de aula é um ambiente de diversidade, uma vez que abriga um universo heterogêneo, plural e em movimento constante, em que cada aluno é singular, com uma identidade originada de seu grupo social, estabelecida por valores, crenças, hábitos, saberes, padrões de condutas, trajetórias peculiares e possibilidades cognitivas diversas em relação à aprendizagem. (ROMANOWSKI 2007, p. 117)
Acredito ter adquirido com essas pesquisas, coleta de dados, leituras e reflexão sobre o tema deste trabalho, um conhecimento bem mais amplo sobre o assunto, principalmente no que diz respeito, onde alguns professores ainda têm pouquíssima informação sobre a sexualidade infantil e dificuldade em ajuda o indivíduo a perceber o mundo que o cerca, vencer os obstáculos e ao mesmo tempo se conhecer e agir sobre o mundo organizadamente a partir de suas necessidades.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Quando me deparei com o fato de ter que escolher um tema para o meu TCC, pensei em desistir., porém minha curiosidade foi maior que meu medo.foi nesse momento que me lembrei de uma situação pela qual passei no CEMEIS onde trabalhei, e não soube como agir, então percebi que aquele seria um ótimo tema a escolher, primeiro que é preciso buscar o conhecimento, segundo que ao conhecer o assunto, não ficaria mais sem atitude quando me deparasse novamente com algo relacionado a sexualidade infantil. Quando passei pela experiência de ser mãe, tive certeza que fui feliz ao escolher o tema, me coloquei no lugar dos pais dos meus alunos, e vivenciei tudo que passa pela cabeça deles, suas dúvidas e angustias. Sei o quanto é complicado educar e criar uma criança no mundo de hoje. Mas já estive do doutro lado e sei o que passam os professores no dia-a-dia de uma sala de aula, onde o “problema” existe, mas os pais na grande maioria leigos se sentem ofendidos quando o professor tenta conversar sobre alguma atitude de seu filho, atitude essa que muitas vezes o pai já presenciou em casa mas fez de conta que não viu, pois não sabia como agir e optou pela omissão para que o problema não ficasse maior. Muitas vezes os pais de cabeça aberta chegam com muita naturalidade até o professor e a conversa flui, com clareza, e o “problema” se resolve facilmente. Outras vezes porém, pela resistência dos pais em procurar orientação, aquilo que era um pequeno “problema” evolui para um “problemão”, e a criança passa a carregar traumas para a vida adulta.
Ao optar por esse tema, comecei a observar cada criança, suas atitudes, como interagiam entre si, e também o comportamento dos adultos que estão mais próximos, como elas agem perante as crianças que demonstram algum comportamento diferente relacionado à sexualidade infantil.
Percebe-se que os resultados finais de minhas pesquisas foram satisfatórios, afinal durante minhas observações pude interagir com pais professores e alunos, adquirindo muito conhecimento, através das leituras de livros que falam sobre o tema, sendo possível identificar as fases das crianças durante seu desenvolvimento, fazendo analises comparativas das fases e as situações observadas, gerando boas reflexões, que podem vir a servir de orientação para pais e professores proporcionando clareza sobre o assunto de maneira simples e objetiva. Sendo assim acredito ter alcançado todos os objetivos propostos no TCC - Projeto, gerando assim bons resultados para minha formação acadêmica e no decorrer da minha vida profissional.
É preciso destacar que no decorrer dessas pesquisas, pude verificar não sempre, mas algumas vezes nosso município conta com oficinas de estudo, onde os profissionais da educação contam com bons orientadores, como psicólogos e pessoas ligadas ao conselho tutelar da cidade que trabalham com o tema sexualidade infantil, proporcionando assim um apoio, uma orientação sobre o assunto para professores e coordenadores de escolas e CEMEIS. Apesar de não haver uma seleção especifica para professores que trabalham com crianças dos CEMEIS, eles passam por formação continua, com cursos e palestras, portanto tendo suporte quando se faz necessário. O que mais me surpreendeu durante minhas observações, é saber que mesmo sendo orientados sobre esse assunto, alguns profissionais da educação ainda são resistentes em falar sobre a sexualidade infantil, sentindo-se constrangidos preferem mudar de assunto, ou dizem que não tem conhecimento suficiente para falar do assunto. Essa atitude de alguns profissionais fez com que me questionasse sobre como seria a reação desse profissional ao deparar-se com uma criança querendo mostrar seus órgão genitais para outra criança, qual seria sua reação? Será que esse profissional iria agir com naturalidade sem constranger as crianças ou provocaria nelas reações que as retraíssem gerando assim problemas futuros?
Por esse e por muitos outros motivos, acredito que ainda há muito a ser feito, muitas pesquisas, muitos estudos, para que o tema seja mais propagado, para que a atenção se volte para esse tema que apesar das evoluções ainda é bastante restrito e deixe de ser um tabu falar de algo que vai ajudar o desenvolvimento de crianças, para que essas não se tornem adultos problemáticos, e sim adultos com orientação sexual definida e bem resolvida sexualmente. Isso tudo sem contar que teremos menos situações constrangedoras envolvendo as crianças se nós adultos fossemos bem orientados quando criança. É preciso que mais materiais de informação sejam lançados no mercado e que haja mais palestras para pais nas escolas, e que esses pais e que esses pais possam estar abertos ao assunto e conscientes da importância que esse tema tem e o quanto será útil para a relação entre pais e filhos, proporcionando a esses pais compreender melhor atitudes dos filhos, auxiliando os mesmos no dia-a-dia familiar, e também proporcionando aos pais a possibilidade de se auto conhecerem e entenderem melhor suas dificuldades em falar do assunto quando isso acontecer.
Apesar de muito já ter sido feito, ainda há muito por fazer, e por esse motivo acredito que meu trabalho terá sua parcela de contribuição para essa orientação futura, promovendo de forma simples uma clareza sobre esse assunto que ainda precisa ser desenvolvido sem preconceitos.
REFERÊNCIAS
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FRANCO, Paula Ramos. Não existe brinquedo de menino ou menina. Disponível em:<http://guiadobebe.uol.com.br/bb1a2/nao_existe_brinquedo_de_menino_ou_menina.htm >. (Acesso em 15 fev. 2011)
Freud, S. (1976a). Três Ensaios sobre as teorias da sexualidade (J. Salomão, Trad.). Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas completas de Sigmund Freud (Vol. VII ). Rio de Janeiro: Imago. (Original publicado em 1905).
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ROCHE, Fernanda. Sexualidade infantil. Disponível em: < http://guiadobebe.uol.com.br/bb1a2/sexualidade_infantil.htm>. (Acesso em: 15 fev. 2011)
RODRIGUES, Bruno. Sexualidade na infância. Disponível em: < http://guiadobebe.uol.com.br/bb5a6/sexualidade_na_infancia.htm>. (Acesso em: 15 fev. 2011)
MANNING, Sidney A. O desenvolvimento da criança e do adolescente. São Paulo: Cultrix
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RAPPAPORT, Clara Regina. Psicologia do desenvolvimento volume1 Teorias do desenvolvimento Conceitos fundamentais. São Paulo: EPU, 1981.
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