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IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Elivaine Oliveira Guimarães Silva ¹
Viviane Lamonica Borges da Silva²

RESUMO
O lúdico na aprendizagem é de fundamental importância para o bom desempenho da criança, entende-se que se utilizar a metodologia lúdica, do tipo jogos, histórias, dramatização e manifestações artísticas atraia e motive a criança a participar. Esta participação espontânea faz com que a criança se torne uma pesquisadora, momento em que os professores encontram a oportunidade de colocarem ao seu alcance o objeto de ensino.

Palavras-chave: Professor. Criança. Ludicidade.

INTRODUÇÃO
A ludicidade é uma das atividades mais significativa da infância, ela permite a diversão, a aprendizagem e o desenvolvimento de capacidades. A atividade lúdica permite a exploração livre do mundo físico e social que rodeia a vida cotidiana dos pequenos e aos poucos eles vão construindo os seus conhecimentos sobre diferentes parcelas da realidade.
É no brincar que as crianças aprendem melhor, a se socializarem com mais facilidade, o espírito de grupo, a tomar decisões, a se divertirem, a desenvolverem suas capacidades, percebem melhor o mundo dos adultos e aos poucos vão construindo sua identidade e sua autonomia, e o brinquedo sendo um suporte do jogo vai auxiliar em despertar a curiosidade, exercitar a inteligência, permitir a invenção, a imaginação e a descoberta da criança.
SOBRE SER PROFESSOR

Ser professor é dar oportunidade para que a criança demonstre seus sentimentos através das atividades lúdicas, cabendo neste momento uma maior atenção para perceber como a criança esta agindo. Sabemos que é através dessas atividades que as crianças vão desenvolver sua criatividade, raciocinar, descobrir novas formas de brincar, persistir e aprender a ganhar e perder. É esta prática pedagógica que permite ao professor avaliar os outros saberes, filtrando e incorporando-os à sua prática, ajudando a estabelecer um plano para que consiga alcançar os objetivos principais que são o desenvolvimento e a aprendizagem. De acordo com Lorensini, Moreira & Souza (2013, p. 06) o trabalho pedagógico envolve:

Pensar, organizar e planejar o trabalho didático se constitui em uma atividade complexa pelo fato de ter vários aspectos que precisam ser considerados no momento de definir o plano de trabalho pode destacar entre esses aspectos, a necessidade de pensar que o planejamento e o plano se constituem em momentos de decisões. Decisões estas que devem ser revistas, rediscutidas, reelaboradas ao longo de todo o período em que o trabalho pedagógico se efetiva.

É função do professor, contribuir para que a criança possa ser mais criativa, reflexiva, lançando desafios para que elas demonstrem suas capacidades ser estimulada com alegria e prazer a explorar todos os espaços de forma lúdica, pois isso desenvolverá na criança sua criatividade para o mundo da fantasia e da aventura. Como diz Andrade (2011, p.69) a criança precisa usufruir gradativamente de uma independência do agir, experimentar situações de escolhas e tomadas de decisões e participar, segundo suas possibilidades do estabelecimento de regras e sanções. Isso fará com que a criança aprenda a trabalhar com as perdas e ganhos. Mas para tanto a prática pedagógica do docente deve estar voltada para o desenvolvimento e a aprendizagem do aluno, sendo que estes vão se constituído e construindo no decorrer do processo de cognição do indivíduo.
O professor precisa brincar com as ideias e recriar mundos para ajudar na construção do conhecimento das crianças, pois ela precisa ser o autor de sua historia, estar inserido no contexto, interagindo de maneira eficaz buscando inovações. Para que isso aconteça como diz Andrade (2011, p.71) o que se deseja é desmontar a lógica binária, desconstruir a lógica dos sistemas tradicionais da Educação Infantil. Com isso faremos com que as crianças superem o medo dos adultos.
Portanto, o trabalho do professor no contexto escolar consiste em sistematizar as ações didático-pedagógicas, as metodologias, a dinamização do tempo e do espaço, o conhecimento e a avaliação. Cabe ao mesmo propiciar situações desafiadoras para que seus alunos tenham possibilidade de desenvolver suas capacidades e tenham a oportunidade de aprender de forma mais efetiva e marcante para toda sua vida. Para isso é importante que o educador esteja sempre atualizando sua proposta curricular para atender os interesses e necessidades dos alunos e de toda a comunidade escolar, compreendendo a realidade histórico-social.
A sala de aula deve ser um espaço que estimule a curiosidade e a imaginação da criança, mas, também um lugar onde a criança tenha possibilidade de apropriar-se dele e o transformar com suas ações, porque ele apresenta-se um espaço livre onde as crianças junto com o professor podem estar desenvolvendo atividades diversas, como: Brincadeiras, teatros, histórias e outros. Conforme Moreira &Andrade (2010) o ambiente ideal deve oferecer estímulos à curiosidade e a imaginação da criança, onde ela possa imprimir sua marca. Este ambiente deve possibilitar que as crianças, junto com o professor possam transformá-lo de forma espontânea para construir seus significados e do mundo. Quanto mais as crianças tiverem possibilidade de transformar o ambiente, maior será seu desenvolvimento.
Sabemos que as crianças precisam ser estimuladas para despertar sua aprendizagem, então cabe ao professor da infância fazer uma auto-reflexão sobre como esta trabalhando a ludicidade em seu ambiente escolar. Este ambiente da educação infantil deve ser um lugar onde o lúdico precisa estar presente em todos os momentos. Como diz Andrade (2009, p.15) podemos pensar que o lúdico sobrevive no adulto enquanto ele brinca com as palavras e com a reinvenção de novos sentidos da realidade.
Portanto cabe a nos professores da infância reencantar as vidas para que o lúdico esteja sempre presente, por isso precisamos trilhar num caminho inovador dos nossos pensares e fazeres, pois, acredita-se que assim se contribuirá para que as crianças desenvolvam com mais intensidade a ludicidade em suas vidas. Ficam eminentes os desafios, tanto no que diz respeito à formação do professor, ao seu aperfeiçoamento, a transformação e adequação das práticas pedagógicas. O saber docente de acordo com Tardif (2002, p. 36) é:
Entretanto a relação dos docentes com os saberes não se reduz a uma função de transmissão dos conhecimentos constituídos. Sua prática integra diferentes saberes, com os quais o corpo docente mantem diferentes relações. Pode-se definir o saber docente como um saber plural, formando pelo amálgama, mais ou menos coerente de saberes oriundos da formação profissional e de saberes disciplinares, curriculares e experienciais.

O saber docente é, por conseguinte, um processo de construção do sujeito historicamente situado, implicando escolhas de valores e compromissos éticos, analisando e compreendendo os contextos sociais, culturais, históricos e organizacionais. Para isso o docente deve estar em constante reflexão sobre sua prática, podendo redimensioná-la, (res) significá-la, uma vez que seu trabalho envolve a utilização de técnicas, métodos e estratégias que contribuem para o aluno construir seu conhecimento.
Afinal ser professor é organizar suas ações a partir da articulação ação-reflexão-ação. Mas para que isso ocorra o professor precisa compreender que é necessário estar sempre analisando e refletindo sobre a teoria e sua prática, para que as dificuldades encontradas no dia a dia sejam subsidiadas pela teoria ajudando a formular alternativas viáveis a transformação. No entanto, a tarefa do pedagogo requer dele a habilidade de planejar, desenvolver, executar e avaliar, tendo sempre como prática a reflexão crítica da realidade vivenciada, tudo isso leva a uma prática transformadora, onde o pedagogo deixa de ser o objeto de transformação passando a ser o sujeito na transformação social por meio de sua prática educativa.
A verdadeira formação só se efetiva quando o professor se organiza e se compromete com os objetivos educacionais, pois professor é agente de transformação social, sendo sujeito crítico e ativo na sociedade, por isso a importância do processo formativo relacionar a teoria e a prática.

A IMPORTANCIA DO LÚDICO
Na cultura educacional ainda existe receio, manifestação de evitação e até mesmo medo do brincar, pois o brincar seria a retomada do desejo pela liberdade e provavelmente por isso representa ameaça à ordem instituída e que pode colocar em dúvida a competência técnica de muitos professores perante seus colegas e coordenadores. Tudo isso porque somos regidos pela hegemonia do racional em detrimento do emocional.
Neste contexto podemos observar a desvalorização da brincadeira, onde para garantir a ordem ela foi transformada em brincadeira de arrumação e aí observamos um cenário de confronto entre alunos e professores, onde as atividades com brincadeira e brinquedos se tornam desprazerozas e obrigatórias. Como cita Andrade(2011, p.17):

A separação entre a brincadeira e a aprendizagem gera a concepção equivocada de que, quando a criança brinca, ela está se preparando para aprender e que este ultimo somente se dará no contexto escolar.

A aprendizagem se dá através da brincadeira e ocorre tanto no âmbito familiar, quanto no âmbito escolar. A diferença vai ocorrer dependendo de como isso é conduzido pelo adulto. Steban (1997) apud Andrade (2011 p.18-19):
Fala da necessidade de se virar o jogo ou ressignificar o trabalho educativo infantil superando o discurso da preparação para leitura e a escrita e assumindo a concepção que valoriza o processo de construção do conhecimento empreendido pelas crianças.
E para isso acontecer também aposta-se, como Andrade, que as narrativas seriam o ponto chave, pois, no contar histórias às crianças interagem, negociam significados, exploram suas habilidades, expressam seus sentimentos e também as narrativas podem auxiliá-las na construção da confiança no mundo real. Para que isso aconteça é preciso que os professores deixem de lado seu medo de inovar e que possam colocar as crianças como sujeitos de direitos ativos e não as deixarem somente como expectadores, como diz Andrade (2011, p.54):
As crenças e valores relacionados à infância presentes e vinculados à escola sejam de modo explícito, por meio da fala ou de modo naturalizado, por meio das praticas sociais e espaciais, acabam ordenando o cotidiano dos infantes, ao mesmo tempo em que se tornam matéria prima para que eles criem hipóteses acerca das normativas vinculadas à instituição.

As representações sociais circulantes nas instituições e junto aos adultos que ordenam a atividade cotidiana da criança delineiam práticas e cuidados frente à criança e determinadas ações infantis são limitadas e assim pode ser restringido o conhecimento dos mesmos. Em muitos momentos os adultos criam condições de inserção da criança na sociedade a partir de suas representações, não respeitando a capacidade de desenvolvimento de cada uma, buscando assim acriança ideal a fácil de lidar.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O professor de educação infantil precisa estar atento para a importância do brincar e do lúdico no cotidiano da criança não deve ser visto como passa tempo ou algo sem significado no contexto escolar, o lúdico deve ser incentivado e observado pelo professor como uma forma que a criança têm de expor seu modo de ser, uma forma de se divertir e também de colocar para fora seus medos e desejos, para que assim possa crescer de maneira sadía e equilibrada possuindo o controle de seus sentimentos.E para a criança expor suas ideias, ser participativa e até mesmo superar seus medos é preciso que o adulto de essa abertura proporcione a criança estímulos para que ela possa construir novos significados na sua imaginação.
O professor tem que valorizar a brincadeira, sem estipular tempo e lugar, pois é no brincar que a criança vai construindo sua identidade, mostrando sua autenticidade. Os professores devem deixar um pouco de lado os conteúdos programados e enxergar a criança como um ser completo. A instituição infantil deve ser um ambiente para crianças e adultos, onde esses possam se comunicar, interagirem e até mesmo brincarem juntos.

 

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, F.M.C. de A Questão dos ´´limites`` em escolas de contexto urbano e rural e a atuação do psicólogo. Dissertação (mestrado) – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2005.


ANDRADE, Daniela Barros da Silva Freire. Pedagogia da Infância V: Educação e Ludicidade. Cuiabá: UAB/EduFMT, 2011.


ANDRADE, Daniela Barros da Silva Freire. Pedagogia da Infância VI: Educação e Ludicidade. Cuiabá, 2011


LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e pedagogos, para que? 9. Ed. São Paulo, Cortez,2007.


LORENSINI, Sandra Regina Geiss; MOREIRA, Ana Rosa Costa Picanço & SOUZA, Cássia Fabiane dos Santos. Trabalho pedagógico, planejamento e organização do espaço educativo II. Cuiabá,UAB/EdUFMT, 2011.


TARDIF, Maurice. Saberes Docentes e formação profissional. 4. Ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2002.