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A influência da música na alteração do estado de ânimo de idosas praticantes de hidroginástica

Ana Flávia Cruvinel Mano
Berollene Cristhinne Vieira Gomes
Cleandra Ines Pasquali
Fabiane Bays da Rocha
Poliana Machado Balke

RESUMO

A presente pesquisa é de característica descritiva e de natureza qualitativa. O estudo teve como objetivo verificar se a utilização da música nas aulas de hidroginástica provoca alterações no estado de ânimo dos praticantes, na qual foram comparados os resultados obtidos nos questionários de estado de ânimo, de antes e após a aula de hidroginástica com a utilização de música e os resultados obtidos nos questionários de estado de ânimo, de antes e depois da aula de hidroginástica sem a utilização de música. Para um maior entendimento sobre o tema tivemos como referência os estudos de Weineck (2003), Guedes e Guedes (1995), Bonachela (2004), Samulski (2002), Oliveira (2002), Mori e Deutsch (2005), Pinto (2006), Miranda (2009), dentre outros. A amostra da pesquisa foi composta por 12 indivíduos do sexo feminino com idade acima de 45 anos, participantes do Projeto Vida Saudável, da cidade de Gurupi – TO. Para o levantamento dos dados foi utilizado a Lista de Estado de Ânimo Reduzida e Ilustrada (LEA-RI) no início e no final de cada aula e a análise dos dados foi através de análise descritiva. As diferenças dos resultados de ambas as aulas foram significantes a partir da análise descritiva. Dessa forma, concluímos nessa investigação, que a música influenciou na alteração do estado de ânimo desse grupo de sujeitos pesquisado.

Palavras Chave: Hidroginástica, Estado de ânimo, Música.

 

1 INTRODUÇÃO


A prática da hidroginástica oferece ao indivíduo diversos benefícios na busca de uma vida saudável como melhoria da capacidade aeróbica, do condicionamento físico, ajuda na aquisição de força e na tonificação da musculatura, além da participação coletiva no que diz respeito à socialização entre os colegas. Além disso, por tratar-se de exercícios físicos no meio aquático, proporciona a sensação de bem-estar e relaxamento. Esta atividade, considerada desestressante, contribui para um melhor desempenho cardiorrespiratório e menor impacto nas articulações quando comparado com exercícios fora da água favorecendo, assim, a redução de riscos de lesões musculares.
Outra questão que norteia a seguinte pesquisa é a variável música. A música é para o ser humano uma forma de expressar emoções, sentimentos e espiritualidade e possui a capacidade de provocar vibrações corporais. Dessa forma, ao se deixar levar pelas vibrações musicais, o indivíduo encontra sensações extraordinárias como a leveza, a autoestima além da liberação da timidez e frustrações, condições estas que podem, portanto, alterar o estado de ânimo das pessoas (DOUGLAS, 2008).
Segundo Mori (2005) em pesquisa realizada com e sem a utilização da música em aulas de Ginástica Rítmica comprova que houveram alterações no estado de ânimo das praticantes. Levando em conta esse referencial, buscou-se compreender se há ou não alterações no estado de ânimo em praticantes de hidroginástica com e sem a utilização da música.
Deste modo, o objetivo dessa pesquisa foi verificar se a utilização da música nas aulas de hidroginástica provoca alterações no estado de ânimo dos praticantes. Além dessa questão principal, buscamos comparar os resultados obtidos nos questionários de estado de ânimo de antes e depois da aula de hidroginástica com a utilização de música e comparar os resultados obtidos nos questionários de estado de ânimo de antes e depois da aula de hidroginástica sem a utilização de música.
A hidroginástica, assim como a maioria das atividades físicas, alia a prática a algum acompanhamento musical. Esse acompanhamento tornou-se muito frequente tanto de forma individual com o uso de fone de ouvido quanto em grupos com a utilização de música ambiente, deixando evidente que a presença da música na prática de atividades físicas pode contribuir para estimular os praticantes em suas atividades corporais.
Ao buscarmos uma definição sobre música percebemos que não existe um conceito único do que venha a ser música, a sua relatividade abrange infinitas concepções e abordagens, tanto no seu contexto histórico e cultural com as transformações que ela vem sofrendo, as diversas manifestações musicais e o impacto que ela provoca na sociedade, quanto no entendimento técnico, os diversos ritmos musicais, os meios para a produção musical, dentre outros.
Outra questão presente neste estudo é o que seria estado de ânimo e a presença deste na prática de exercícios físicos. Uma pessoa ao estar alegre ou triste, sentindo-se leve ou pesada, agitada ou nervosa apresenta estados em que ela pode se encontrar relacionados aos aspectos da sua saúde mental denominado estado de ânimo.
Pesquisas realizadas por Oliveira (2002) comprovaram que determinados estilos musicais, como New Age e Sucessos, ouvidos durante a prática da caminhada na esteira rolante e também durante a prática da atividade física em um ciclo ergômetro, alteraram positivamente o estado de ânimo das praticantes, porém outro estilo musical, o Rock Heavy Metal, alterou negativamente o estado de ânimo. A pesquisa concluiu também que caminhar e pedalar sem a utilização da música não alterou positivamente o estado de ânimo dos praticantes.
Portanto, para a realização desse estudo buscamos compreender o sentindo da música nas aulas de hidroginástica, qual o benefício que ela pode trazer para a prática de exercícios físicos dentro da água e se o acompanhamento musical leva as praticantes a se sentirem em um melhor estado de ânimo. A partir dessas considerações esse estudo abre caminhos para novas pesquisas seja com outro grupo de sujeitos ou com outra atividade física, além de ser um referencial para professores de Educação Física que utilizam a música em suas aulas.
Contudo para entendermos melhor o assunto abordado buscamos por estudos que discutem a Atividade física e saúde juntamente com a Hidroginástica para adultos. Por aliarmos a música e a influência desta no estado de ânimo recorremos aos autores que trabalham a psicologia do esporte juntamente com o estado de ânimo para assim compreendermos a questão da música nas práticas corporais e alteração do estado de ânimo.
Dessa forma realizamos uma pesquisa descritiva, de levantamento e de natureza qualitativa que a partir de um questionário fechado coletamos os dados de um grupo de 12 sujeitos em uma aula de hidroginástica com música e outra sem música e para a análise dos dados utilizamos a análise estatística.

2 REFERENCIAL TEÓRICO


2.1 ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE


Weineck (2003, p. 22) define o termo atividade física como “a forma básica do movimentar-se”. No dia-a-dia estamos a nos movimentar desde o momento em que acordamos no ato de levantarmos, ao escovar os dentes fazendo movimentos com a mão e braço, ao pegar um objeto no chão executando assim o agachamento, ao empurrar ou puxar algum móvel pesado fazendo esforço muscular para que isso aconteça. Da mesma forma, serviços domésticos como lavar roupas, varrer casa ou retirar poeira dos móveis, são considerados atividades físicas, não esquecendo que entre uma tarefa e outra temos que caminhar, ou seja, estamos diariamente ligados à atividade física.
Movimentar-se livremente sem a necessidade de sistematizar o movimento para que não venha a ser um exercício físico, são as atividades físicas que executamos e que passam despercebidas em nossa vida pessoal, profissional e social (GUEDES e GUEDES, 1995). Citamos como exemplo o cotidiano de um trabalhador braçal, um pedreiro. Ao perguntar se ele possui tempo livre para a prática de atividade física, dependendo do seu conhecimento sobre a mesma, ele poderá responder que não, sem mesmo saber que em um só dia ele está praticando inúmeras atividades físicas, por exemplo, na sua vida pessoal ao se higienizar ou lavar o seu meio de transporte, na vida profissional ao pegar e carregar manualmente tijolos e sacos de cimentos, ou subir e descer dos compartimentos da construção, e na vida social ao sair com os amigos para uma festa e dançar com as garotas. Ou seja, essa pessoa está praticando atividades físicas desde as de baixa intensidade quanto as de alta intensidade, durante um dia normal de sua vida (TAYLOR citado por GUEDES e GUEDES, 1995).
Sabemos que a prática de atividade física está diretamente relacionada à saúde. O termo saúde pode ser definido em diversos aspectos, não somente como a ausência de doenças, mas também na promoção da condição física, psicológica e social. Podemos então, usufruir da saúde pelos pontos positivos como: aproveitar nossas capacidades físicas para a prática de atividade física no ato de caminhar, correr, saltar, levantar, deitar, arremessar, além das capacidades mentais que contribuem na correria do dia-a-dia, e também no ponto negativo, quando se refere ao sedentarismo, ou seja, a falta da prática de atividade física.
A questão colocada acima se confirma na fala de Piranga (2002, p. 51):
Saúde se identifica como uma multiplicidade de aspectos do comportamento humano voltados a um estado de completo bem-estar físico, mental e social. Pode-se também, definir saúde como uma condição humana com dimensões física, social e psicológica, cada uma caracterizada por pólos positivo e negativo. A saúde positiva estaria associada com a capacidade de apreciar a vida e de resistir aos desafios do cotidiano, enquanto a saúde negativa estaria associada com a morbidade e, no extremo, com a mortalidade.


Visando evitar a saúde negativa colocada pelo autor acima percebemos que a valorização da prática da atividade física está cada dia mais vista na sociedade, pois as pessoas estão se preocupando mais com seu estado de saúde, no bem-estar e na qualidade de vida em si. Tal condição é vista diariamente na mídia que mostra maneiras fáceis e práticas do ato de movimentar-se, divulgando assim que o fato de sair do sedentarismo leva o indivíduo à promoção da saúde.
Outra preocupação relacionada ao ato de praticar determinadas atividades ou exercícios como a corrida, ciclismo, step entre outros, é a consequência que poderá haver futuramente com o excesso ou mesmo o equívoco na execução da atividade. Desta forma, médicos ou fisioterapeutas recomendam frequentemente às pessoas que possuam problemas nas articulações como artrite, artrose, tendinite ou desgaste, que procurem atividades no meio aquático como a hidroginástica, pois a mesma minimiza o impacto da articulação durante a execução do exercício, de modo que ajuda o indivíduo na promoção da saúde sem sentir tanto desconforto com a prática da atividade física (PINTO, 2006).


2.1.1 Hidroginástica para Adultos


A Hidroginástica trata-se de ginástica na água, ou seja, é a prática de exercícios físicos no meio aquático. Desde as primeiras civilizações os povos construíam e utilizavam grandes tanques de água com finalidade de propiciar o lazer, de modo recreativo e curativo, assim a água era vista não só como forma de ajudar na qualidade de vida, mas também como um agente terapêutico. Bonachela (2004, p. 17) descreve que “[...] banhos públicos começaram a surgir em Roma nos fins da República no século II a.C. E durante o império disseminaram-se de tal forma, que no século IV havia mais de mil casas de banho”. Tal afirmação comprova que, desde os primeiros povos a utilização da água para fins recreativos e para a promoção da qualidade de vida proporcionava benefícios para a manutenção da saúde e, consequentemente, para a socialização.
Deste modo, a combinação saudável da água com exercício físico sempre alcançou resultados positivos, pois pessoas que não se adaptam numa sala de ginástica, musculação ou qualquer outro tipo de exercício, ficam mais a vontade quando estão dentro da piscina. Assim praticando hidroginástica, por tratar-se de uma atividade agradável e que traz inúmeros benefícios aos praticantes, há a melhoria da qualidade de vida (BONACHELA, 2004).
Os benefícios da prática de exercícios físicos dentro da água levam os praticantes ao interesse de estarem sempre buscando centros de atividades físicas como academias, centros esportivos e clubes, locais estes que possuam ambientes aquáticos para a prática de atividades dentro d’água.
Por outro lado, há praticantes de hidroginástica que procuram essa prática pensando no bem-estar mental e na socialização, pois, na maioria das vezes, aquele momento é o único capaz de proporcionar uma interação com os colegas, trocas de ideias, conversas sobre diferentes assuntos de seu cotidiano. Além disso, está sujeito a mudanças significativas nos estados de ânimos, como no caso de encontrarem-se tristes ou alegres, sentirem-se leves ou pesados, animados ou desanimados para a prática dessa atividade.
A hidroginástica por sua vez abrange um enorme leque de benefícios aos seus praticantes que buscam uma melhor qualidade de vida, encontrando melhorias nos aspectos fisiológicos, psicológicos e sociais quando se refere a perca de peso, autoestima, socialização, na interação com os demais praticantes, dentre outros (BONACHELA, 2004).
Figueiredo (1999, p. 40) reforça a ideia sobre os aspectos fisiológicos da hidroginástica, ao dizer que “[...] os exercícios de hidroginástica favorecem a colocação dos músculos nos devidos limites e elimina a flacidez provocada pelas perdas calóricas que os regimes ou dietas, deixam por sequelas no corpo humano”. Tal condição é exemplificada quando observamos que, para que o indivíduo possa andar dentro da água, ele deverá impor uma determinada força para ganhar da resistência que a água por si só faz, e para sair do lugar com mais precisão é necessária a ajuda das mãos executando um empuxe ou atribuindo bastante força nas pernas para assim adquirir o deslocamento, ou seja, um simples movimento, mas que dentro da água exige mais dos grupos musculares tanto dos membros superiores quanto dos membros inferiores pelo fato de atribuir força para vencer a resistência da água, algo que não aconteceria caso o movimento fosse executado fora da água.
Dentre tantas propriedades que a hidroginástica proporciona, assim como uma maior amplitude de movimentos realizados dentro d’água, Rocha (2001, p. 11-12) cita algumas vantagens importantes nesta prática e também das vantagens da água no corpo:


Aquece simultaneamente as diversas articulações e músculos durante os exercícios, o que auxilia o tratamento de problemas articulares; [...] Facilita no aumento gradativo da amplitude articular; Fortalece as musculaturas articulares sem riscos [...]; Trabalha o músculo através do exercício e massageia todo o corpo; Diminui os problemas de hipertensão e hipotensão. Vantagens da água no corpo, como: “Relaxa; [...]; Refresca; Envolve e massageia o corpo uniformemente; É saudável para qualquer idade; Não possui contraindicações; [...]; Alivia a dor e reduz os espasmos musculares; É recreativa.


Assim, esse autor esclarece que exercícios físicos no ambiente aquático, quando praticado corretamente, podem levar aos praticantes inúmeros benefícios e proveitos, pois é uma atividade física que não limita a idade e que abrange um número significativo de patologias que melhoram com a prática da hidroginástica, além da socialização que há no grupo de participantes.


2.2 PSICOLOGIA DO ESPORTE


No final do século XIX iniciavam-se estudos e pesquisas relacionadas com a psicologia e o esporte, que é a questão da psicofisiologia desportiva, na qual abrange também a atividade física em geral (SAMULSKI, 2002). Segundo o Samulski (2002), esta área é carente de estudiosos e possui um número pouco significante de profissionais especializados na Psicologia do Esporte, justificando assim o insuficiente conhecimento na área em relação à falta de estudos e o pouco interesse dos profissionais da área desportiva em possuir, explorar e basear estudos relacionados com essa temática.
Porém, a importância da Psicologia do Esporte é válida, pois sabemos que um atleta ou um praticante de atividade física não é constituído apenas de corpo e não somente o corpo é utilizado para tais práticas, mas também de mente, no ato de pensar no exercício, de motivar-se para a prática e é claro, de emoções que sentem antes, durante e após a prática de exercícios.
Deste modo, a psicologia nas práticas esportivas é de fato indispensável, pois com ela saberemos diagnosticar, conhecer e aprender a lidar com determinados comportamentos de alunos e de atletas. Nitsch citado por Samulski (2002, p. 3) ressalta que:


[...] a Psicologia do Esporte analisa as bases e efeitos psíquicos das ações esportivas, considerando por um lado a análise de processos psíquicos básicos (cognição, motivação, emoção) e, por outro lado, a realização de tarefas práticas do diagnóstico e da intervenção.


Com isso, se faz necessário o Psicólogo do esporte compreender e ajudar crianças, atletas jovens, atletas de elite, atletas portadores de necessidades especiais (físicas e mentais), pessoas idosas ou pessoas que apenas praticam atividades físicas e esportivas durante o seu tempo livre, com o intuito de desenvolver um bom desempenho, adquirir uma satisfação pessoal e um bom desenvolvimento da personalidade por meio da participação (SAMULSKI, 2002).
Samulski (2002) ressalta a relação entre o “Exercício, saúde e bem-estar psicológico”. Na qual é destacado que o exercício físico é o aspecto instrumental para a promoção de saúde e qualidade de vida, de modo que possa colaborar significativamente para o bem-estar psicológico. O mesmo afirma que, “assim como o aspecto físico, o bem-estar psicológico pode variar de acordo com o tipo de exercício realizado, e com os fatores envolvidos na prática, como o ambiente, os instrutores e a própria pessoa” (SAMULSKI, 2002, p. 303). Ou seja, os fatores como o tipo de exercício, o ambiente em que ele é praticado, assim como os profissionais que estão instruindo as atividades, pode influenciar no bem-estar psicológico, ou ainda na intensidade do mesmo.
O benefício psicológico que a atividade física proporciona ao indivíduo é de modo duvidoso a alguns estudiosos da área, porém, Samulski (2002, p. 311) cita os seguintes benefícios: “Redução do estado atual de ansiedade; Redução do nível de depressão moderada; Redução da instabilidade emocional e da ansiedade; Redução de vários sintomas de estresse; e Produção de efeitos emocionais positivos”.

 


2.2.1 Estados de ânimo


Em grande parte dos estudos realizados com a temática estado de ânimo é afirmado que não existe um conceito definido para este constructo. Isso não significa que não existe conceitos pré estabelecidos, o que parece acontecer é que não há consenso entre os pesquisadores das mais diversas áreas.
Para Nakamura (2007, p. 17) “[...] as palavras emoção, estado de ânimo, estado subjetivo e sentimentos são utilizados como sinônimos, porém cada um tem sua definição e uma função no nosso organismo”. Segundo Deutsch citado por Nakamura (2007) alguns estudiosos da área possuem algumas definições mais claras e concretas sobre o estado de ânimo, enquanto outros pesquisadores ficam mais na subjetividade do assunto.
Nesse sentido, Duarte (2007) descreve que o estado emocional é considerado “indefinido”, em que muitas vezes não é agente causal, mas está ligado diretamente ao agente, é dependente do ponto de vista científico e do ponto de vista prático. Ao discutir estado de ânimo, o autor utiliza-se das ideias de Shuare (1990) na qual relaciona o estado de ânimo com humor, afirmando que:


O humor é um [...] estado emocional geral e por tempo indeterminado, o que influencia os processos cognitivos e de comportamento com o meio ambiente e a si próprio, é variável e experiências de diferentes denominações coexistir, conotação e intensidade. Relaciona-se principalmente para a posição subjetiva do indivíduo com relação às experiências da atividade vital do organismo, suas relações com o ambiente e satisfazer as suas necessidades e aspirações.


Oliveira (2002, p. 11) em seu estudo afirma que “os estados de ânimo são pouco específicos e superficiais”, principalmente quando comparados com as emoções, por exemplo, uma pessoa ao estar alegre pode de imediato ficar triste por algum fator que leve a esta mudança, como ao receber uma notícia inesperada, alguma decepção no meio em que vive, ou ao contrário, pelo simples fato de estar triste e ver algo que possa alegrá-la momentaneamente, de maneira em que o estado de alegria possa passar, e o indivíduo retornará a ficar triste. Reforçando esta ideia, a autora afirma também que “os estados de ânimo são tipicamente estados afetivos menos intensos”.

Como o estado de ânimo possui outro sinônimo como, emoções, Nakamura (2007) relata que as emoções podem apresentar reações como orgânica, intrínseco ao organismo do indivíduo e psíquica, relacionada às emoções mentais do indivíduo, e que o ser humano possui a capacidade individual de senti-las, pois somente a pessoa pode afirmar que está amando, que está feliz, que se sente envergonhada, que está entristecida ou com medo de algo.
Nesse sentido e complementando o que foi dito, Nakamura (2007, p. 18) afirma que “[...] uma emoção é também o conteúdo mais objetivo da mente, porque a sensação física que experimentamos quando estamos apaixonados, envergonhados, assustados ou felizes é geralmente mais real para nós do que aquilo que observamos no mundo exterior”.

2.3 MÚSICA NAS PRÁTICAS CORPORAIS E ALTERAÇÃO DO ESTADO DE ÂNIMO


A música possui o poder de mexer com as emoções e sentimentos das pessoas, além de influenciar no estado de ânimo do indivíduo, fazendo com ele se sinta alegre, triste, com medo, inútil, mais suave ou mais pesado, dentre outros estados na qual possa encontrar-se. (NAKAMURA, 2007).
As emoções ou sentimentos como o amor, o ódio, o carinho, o remorso, a culpa, a alegria, a tristeza, dentre outros, podem ser sentidos ao ver uma pessoa ou algo e recordar de determinados acontecimentos, ao ouvir uma música que lembre algum momento da vida, ao assistir uma novela ou programa que mexa com os sentimentos, ou seja, as emoções podem ser provocadas, enquanto o estado de ânimo é mais prolongado. Leão e Silva (2004, p. 236) reforçam a ideia ao dizer que “[...] a música abrange as seguintes dimensões humanas: a biológica, a mental, a emocional e a espiritual. Entretanto, muitos dos caminhos pelos quais isso ocorre ainda nos são um tanto quanto desconhecidos”.
Para Mori e Deutsch (2005), os estados de ânimo são respostas afetuosas que se deparam na forma mais suave, ou seja, os estados de ânimos durante a prática da atividade física encontram-se menos relevantes quando comparado com as emoções.
Garrido citado por Mori (2005, p. 161), reforça ao dizer que:

 

[...] os estados de ânimo têm uma duração prolongada, mais lenta, e se produz de forma gradual e menos diferenciada que a emoção. Eles podem derivar de eventos medianamente agradáveis ou desagradáveis e produzir na pessoa um estado generalizado de sentimento positivo ou negativo.


A música está presente no dia-a-dia das pessoas em diversos espaços sociais em que elas vivem. No trabalho ou como forma de trabalho, nos momentos de lazer como a ida em espetáculos musicais, shows, em confraternizações de empresas, em festas pessoais ou somente como forma de distração ao estar em casa. Assim sendo, a presença da música na prática de atividades físicas não poderia ser diferente, pois ela está presente na dança, em aulas de ginástica aeróbica como o Jump e Step, em jogos coletivos como o basquete de rua, em esportes individuais como o skate, em diversos meios e de diferentes formas, ou seja, a música pode atuar na vida dos amantes de exercícios físicos.
O acompanhamento musical nas aulas de hidroginástica por sua vez, tornou-se indispensável por ser um meio que os praticantes encontram para se ausentarem das dores e também das sensações desagradáveis produzidas durante essa prática, levando também uma melhor motivação tanto aos praticantes quanto ao professor ao ministrar suas aulas (MIRANDA, 2009).
Deste modo, os estudos relacionados com a influência da música sobre os estados de ânimo dentro das mais variadas práticas corporais são diversos, comprovando que a música ajuda positivamente em alguns aspectos tais como: na motivação, na redução de ansiedade, num melhor estado de ânimo, numa melhor execução de movimentos, dentre outros.
Pesquisas realizadas por Oliveira (2002) comprovaram que determinados estilos musicais, como New Age e Sucessos, ouvidos durante a prática caminhada na esteira rolante e também durante a prática da atividade física em um ciclo ergômetro, alteraram positivamente o estado de ânimo das praticantes, porém outro estilo musical, o Rock Heavy Metal, alterou negativamente o estado de ânimo. A pesquisa concluiu também que caminhar e pedalar sem a utilização da música não alterou positivamente o estado de ânimo dos praticantes.
Já na pesquisa realizada por Mori e Deutsch (2005), comprovou que a música interferiu nos estados de ânimo de praticantes de Ginástica Rítmica, na qual a música influenciou positivamente na motivação, proporcionando coragem, alegria e vontade de exercitarem-se, enquanto na falta da música as ginastas sentiram um certo peso, cansaço e sensação de inutilidade na prática da atividade.

3 METODOLOGIA


3.1 TIPO DE PESQUISA


A presente pesquisa de campo e levantamento, de acordo com o objetivo proposto, possuiu a caraterística de ser uma pesquisa descritiva.
Com este estudo fomos a campo para conhecer a realidade dos sujeitos a partir de uma interrogação direta com os voluntários para levantarmos os dados necessários para a conclusão deste estudo.
De acordo com Andrade (2005, p. 124), na pesquisa descritiva “os fatos são observados, registrados, analisados, classificados e interpretados, sem que o pesquisador interfira neles. Isto significa que os fenômenos do mundo físico e humano são estudados, mas não manipulados pelo pesquisador”. Portanto, de acordo com a fala do autor, o presente estudo se caracterizou como descritivo a medida que utilizamos um questionário para verificar a mudança ou não no estado de ânimo dos sujeitos da pesquisa a partir do fenômeno música, para que posteriormente fosse analisado e interpretado.


3.2 NATUREZA DA PESQUISA


Ao abordarmos a questão de sentimentos, adjetivos ao nosso estudo, este se caracterizou com a natureza qualitativa, a qual “[...] é obtida através do contato direto do pesquisador com o fenômeno observado e procura compreender o sentido que os atores atribuem aos fatos” (DANTON, 2002, p. 16).
Considerando a afirmação acima, o pesquisador possuiu contado direto com a variável estado de ânimo, onde se utilizou ou não a presença da música nas aulas, de modo que ficou evidente e flexível de ser observada a influência da música sobre o ritmo e intensidade da aula, além dos sentimentos e emoções dos participantes coletados antes e após os exercícios.

 

3.3 UNIVERSO DA PESQUISA


3.3.1 Local e Contexto


A presente pesquisa de campo foi desenvolvida no projeto de extensão VIDA SAUDÁVEL, o qual é financiado pelo ministério do esporte e possui parceria com o curso de Educação Física do Centro Universitário UnirG de Gurupi - TO. O Núcleo principal do projeto Vida Saudável está localizado ao lado do Centro Administrativo do C.U. UnirG, entre a Avenida Pará e a Rua M na cidade de Gurupi –TO.
O projeto VIDA SAUDÁVEL oferece práticas corporais e atividades físicas para a população adulta de Gurupi. Por ser um projeto do Ministério dos Esportes, encontramos projetos semelhantes, com o mesmo objetivo, em outros estados brasileiros. Tanto o projeto “Vida Saudável” quanto os demais projetos fazem parte do PELC – Programa de Esporte e Lazer da Cidade – de responsabilidade do governo federal.
O objetivo do projeto de Gurupi é oferecer atividades físicas a adultos e idosos com idade a partir de 45 anos, oferecendo aulas nas oficinas de hidroginástica, natação, treinamento funcional, badminton, movimentos básicos de yoga, alongamento, expressão corporal, pintura e caminhada orientada. A finalidade principal é a melhor qualidade de vida dos beneficiados da cidade, de modo a enfatizar o tempo livre para o lazer, para a socialização e oportunizar as práticas corporais diversificadas.


3.3.2 Critérios de Inclusão e Exclusão


A pesquisa foi realizada com mulheres com idade acima de 45 anos, que são participantes do projeto “Vida Saudável”. Para que pudéssemos evitar uma possível interferência de ex-alunas de hidroginástica, já acostumadas com aulas utilizando-se da música, optamos por incluir nesse estudo, somente sujeitos que não realizam aulas de hidroginástica, ou seja, são praticantes de outras atividades propostas pelo projeto.
Como critério de exclusão deste estudo, optamos por pessoas que apresentem quadros depressivos diagnosticados ou que estejam tomando medicamento controlado, pois, de acordo com o nosso objetivo em analisar o estado de ânimo, tal condição poderia interferir no estado de ânimo do sujeito e, consequentemente, em nossa análise de dados.
A pesquisa foi realizada no tempo disponível dos praticantes, aos quais foi solicitado que assinassem um termo de responsabilidade e compromisso, afirmando que participaram contribuindo voluntariamente desta pesquisa. Logo após a confirmação, o voluntário assinou o termo de consentimento livre e esclarecido, que segue em APÊNDICE A e APÊNDICE B.


3.3.3 Sujeitos da pesquisa


Para a realização desta pesquisa participaram 12 pessoas do sexo feminino, com idade acima de 45 anos, na qual seis voluntárias participaram da aula de hidroginástica com música e seis voluntárias participaram da aula sem música.


3.3.4 Riscos e Desconfortos


Esta pesquisa foi realizada de acordo com a resolução do Conselho Nacional de Saúde 196/96 que rege as pesquisas com seres humanos. Ciente que este tipo de pesquisa poderia oferecer risco de constrangimento, como o de responder o questionário na presença dos colegas participantes ou do professor, foram tomados todos os cuidados para amenizar ou excluir esses riscos, preocupando-se com o ambiente em que responderam o questionário.
Outro ponto observado em relação ao possível desconforto foi a questão dos praticantes serem iniciantes na prática da hidroginástica, ou seja, não possuíam o hábito de praticar exercícios físicos dentro da água. Assim foi realizado atividades no meio líquido, para que houvesse essa adaptação necessária antes da aula propriamente dita.

 

 

3.3.5 Coleta dos Dados


Para a coleta dos dados utilizamos um questionário de perguntas fechadas (ANEXO A) aplicado no local da prática da hidroginástica, antes e após a aula ministrada e com uma orientada pela autora da pesquisa a fim de minimizar qualquer dúvida a respeito da forma de preenchimento. As voluntárias desse estudo tiveram a total liberdade para responder as questões disponíveis no referido questionário.


3.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS


3.4.1 Descrição dos Procedimentos Metodológicos


Os dados para este estudo foram coletados no mês de setembro de 2011 em duas aulas de hidroginástica ministrada pela própria autora desta pesquisa. Antes do início da aula foi solicitado aos sujeitos da pesquisa que respondessem o questionário proposto, contendo diversos adjetivos com determinadas intensidades, com a maior veracidade possível para que pudéssemos avaliar o estado de ânimo. Logo após o término da aula, os mesmos sujeitos responderam um novo questionário, contendo as mesmas questões, sem ter acesso àquele que foi preenchido no início da aula. Os dois grupos foram submetidos a essa mesma sequência para a coleta dos dados, no entanto as aulas foram ministradas em dias diferentes.
De acordo com a proposta desse estudo, foram aplicadas duas aulas de hidroginástica, sendo uma com a utilização de músicas e a outra sem a utilização de músicas. Ressaltamos que os participantes tiveram que passar pela ducha antes de entrarem na piscina e após o término da aula.
Deste modo, foi realizada uma análise comparativa dos dados de ambos os questionários para chegarmos ao resultado final a partir de uma média dos grupos.
3.4.2 Instrumento de coleta das informações


Os dados foram coletados por meio da utilização do questionário LEA-RI: Lista de Estado de Ânimo Reduzida e Ilustrada, este instrumento tem como objetivo avaliar o estado de ânimo dos sujeitos, o qual foi utilizado em alguns estudos com a mesma proposta da pesquisa aqui realizada.
Na LEA-RI consta caricaturas respectivas a 14 adjetivos, sendo que na frente de cada uma há as opções de respostas para que os participantes escolhesse de acordo com o seu ânimo: Muito forte, Forte, Pouco e Muito Pouco. Sobre o instrumento, de acordo com Oliveira (2002) a LEA-RI é fruto de um material construído por Deutsch, Godelli e Volp, que é a LEA: lista de estados de ânimo, a qual foi baseada na lista de estado de ânimo de Hevner e Engelmann. Segundo a autora, a LEA-RI é a redução destas listas citadas:


Ainda não satisfeita com a utilização da LEA, Volp (2000) elaborou um instrumento com um número reduzido de locuções que pudesse caracterizar as principais dimensões, associando estas locuções a desenhos de faces facilitando a aplicação do
mesmo em qualquer faixa etária - crianças, jovens, adultos e idosos, e para níveis diferenciados de instrução - não alfabetizados e alfabetizados. (OLIVEIRA, 2002, p. 36)


Segundo Deutsch (2005) a LEA-RI foi validada por meio de um Relatório Trienal apresentado ao Centro de Psicologia Aplicada (CPA) da Universidade Estadual de São Paulo – Unesp, localizado em Rio Claro – SP.
A flexibilidade da utilização desta lista em relação aos públicos que podem respondê-la, para promover a coleta dos dados dessa pesquisa, facilitou ao respondente a interpretação do conteúdo do instrumento, pois o público alvo escolhido era desconhecido em relação aos seus conhecimentos ortográficos, textuais ou de interpretação de leituras, por serem de um projeto aberto para qualquer classe social possuindo ou não a alfabetização. Deste modo, tais características contribuíram significativamente para a escolha da utilização da LEA-RI nesta presente pesquisa.


3.4.3 Estrutura da aula e Músicas utilizadas
Ao planejarmos as aulas de hidroginástica buscamos manter a mesma estrutura e sequência dos exercícios, sendo a única diferenciação a utilização da música em uma das aulas.
Seguem abaixo os quadros respectivos às aulas que foram ministradas para a realização da coleta dos dados.
O Quadro 1 (APÊNDICE C) descreve o procedimento metodológico que foi realizado durante a aplicação da aula com a utilização de músicas:
• 1º momento - 5 minutos de aquecimento;
• 2º momento - 15 minutos de exercícios aeróbios e 15 minutos de exercícios localizados;
• 3º momento - 5 minutos de relaxamento e 5 minutos de alongamento.
Totalizando 45 minutos de aula.
O Quadro 2 (APÊNDICE D) é respectivo a trilha sonora que foi utilizada durante cada momento da aula com música, seguido pelo tempo e os BPM (Batimentos Por Minuto) de cada música.
O Quadro 3 (APÊNDICE E) é referente a aula sem a utilização de músicas:
• 1º momento - 5 minutos de aquecimento;
• 2º momento - 15 minutos de exercícios aeróbios e 15 minutos de exercícios localizados;
• 3º momento - 5 minutos de relaxamento e 5 minutos de alongamento. Totalizando 45 minutos de aula.
Em ambas as aulas foram utilizados o mesmo procedimento metodológico, a única alteração foi a não utilização da música na segunda aula.


3.5 ANÁLISE DOS DADOS

Para análise dos dados recorremos às normas a serem seguidas pelo questionário utilizado – LEA-RI (Lista de estados de ânimo reduzida e ilustrada) no qual os espaços destinados ao preenchido dos sujeitos estavam relacionados à situação em que se encontrava referente a cada adjetivo (“MUITO FORTE”, “FORTE”, “POUCO”, “MUITO POUCO”) de cada situação experimental, tanto no pré-teste como no pós-teste.
Após a coleta, os dados foram tabulados conforme os valores propostos pelo questionário, sendo que cada um dos adjetivos apresentou uma escala de quatro valores como resposta com a seguinte pontuação: “MUITO FORTE” = 4; “FORTE” = 3; “POUCO” = 2; “MUITO POUCO” = 1.
Diante desses valores, os dados foram transformados em ( +1 ) quando o valor do pós-teste foi maior do que o pré-teste; ( 0 ) quando o valor do pós-teste foi igual ao valor do pré-teste e ( -1 ) quando o valor do pós-teste foi menor do que o valor do pré-teste.
Depois que foram identificados os valores que “aumentaram” (+1); que permaneceram “iguais” (0); e que “diminuíram” (-1), analisamos os resultados e a partir daí podemos chegar às discussões.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante o preenchimento do questionário foi solicitado aos sujeitos da pesquisa que marcassem a opção que melhor se adequasse ao seu estado de ânimo naquele instante. Foram oferecidas quatro opções de intensidade, sendo que cada opção tinha um valor: Muito forte = 4, Forte = 3, Pouco = 2, Muito pouco = 1.
Após a coleta dos dados recorremos à análise descritiva para podermos tabular os dados e chegarmos a uma média referente a cada adjetivo no pré e pós-teste de cada grupo (sem música e com música), somando o valor marcado por cada sujeito referente a cada adjetivo. Sendo que os valores que “diminuíram” equivale a (-1), os valores que permaneceram “iguais” equivale a (0) e os valores que “aumentaram” equivale a (+1).

 

ADJETIVOS
SEM MÚSICA

COM MÚSICA

(Positivos)
PRÉ PÓS

PRÉ PÓS

FELIZ
3,5 3,5
0
3,3 3,5
+1
AGRADÁVEL
3,6 3,6
0
2,3 2,3
0
ESPIRITUAL
3,1 3,1
0
3,0 3,1
+1
LEVE
3,0 3,0
0
3,0 3,1
+1
CHEIO DE ENERGIA
3,0 3,8
+1
3,1 3,5
+1
ATIVO
2,8 3,3
+1
2,8 3,5
+1
CALMO
3,1 3,0
-1
3,0 2,5
-1

 

 

 

 

 

SEM MÚSICA

COM MÚSICA

(Negativos)
PRÉ PÓS

PRÉ PÓS

PESADO
2,3 2,1
-1
2,0 2,0
0
TRISTE
1,8 1,8
0
1,6 1,0
-1
AGITADO
2,6 1,6
-1
1,6 1,3
-1
DESAGRADÁVEL
1,5 1,3
-1
1,8 1,6
-1
INÚTIL
2,1 1,8
-1
1,6 1,6
0
TÍMIDO
2,5 1,1
-1
1,5 1,6
+1
COM MEDO
1,6 1,1
-1
1,6 1,8
+1

 

 

 

No questionário utilizado para a coleta dos dados, encontramos 14 adjetivos. Esses foram divididos em dois grupos: estados de ânimo positivos, totalizando sete adjetivos (FELIZ, AGRADÁVEL, ESPIRITUAL, LEVE, CHEIO DE ENERGIA, ATIVO e CALMO) e estados de ânimo negativos, também totalizando sete adjetivos (PESADO, TRISTE, AGITADO, INÚTIL, TÍMIDO, COM MEDO e DESAGRADÁVEL).
Ao analisar esses valores, percebemos que houve a movimentação para mais ou para menos, ou seja, quando os adjetivos positivos movimentaram do valor um para o valor quatro, houve uma mudança positiva do estado de ânimo, e quando os adjetivos negativos movimentaram do valor quatro para o valor um também houve uma mudança positiva no estado de ânimo. Deste modo, se os valores respectivos aos adjetivos positivos movimentaram de forma inversa houve uma mudança negativa no estado de ânimo, o mesmo ocorre para o valor respectivo aos adjetivos negativos.
Deste modo, ao verificarmos os valores do grupo de adjetivos estados de ânimo positivos, notamos que na aula sem música no adjetivo FELIZ não houve movimentação ou alteração, pois o resultado do pré e do pós-teste permaneceu igual, e na aula com música houve uma pequena movimentação positiva, pois o valor do pós-teste aumentou em relação ao valor do pré-teste. No adjetivo AGRADÁVEL não houve movimentação nos valores do pré e pós-teste na aula sem música e nem na aula com música, ou seja, este adjetivo não foi alterado por nenhum fator durante as duas aulas aplicadas.
Analisando os adjetivos ESPIRITUAL e LEVE percebemos que também não ocorreu movimentação no pré e pós-teste da aula sem música, porém na aula com música, houve uma sutil movimentação positiva. Já nos adjetivos CHEIO DE ENERGIA e ATIVO ocorreu uma movimentação positiva, tanto nos valores do pré para o pós-teste da aula sem música quanto da aula com música. Entretanto no adjetivo CALMO ocorreu uma sutil movimentação negativa do pré para o pós-teste tanto da aula sem música quanto da aula com música, pois o resultado do pré-teste foi maior do que o resultado do pós-teste.
Ao observarmos os resultados do grupo de adjetivos considerado estados de ânimo negativos, notamos que no adjetivo PESADO ocorreu uma movimentação positiva do pré para o pós-teste na aula sem música, pois o valor do pós-teste diminuiu em relação ao valor do pré-teste, e na aula com música não houve movimentação, pois os valores permaneceram iguais.
No adjetivo TRISTE não houve movimentação entre o pré e pós-teste da aula sem música, mas na aula com música houve uma movimentação positiva. O mesmo ocorreu com os adjetivos AGITADO e DESAGRADÁVEL no pré para o pós-teste tanto da aula sem música quanto da aula com música.
No adjetivo INÚTIL aconteceu uma movimentação positiva do pré para o pós-teste da aula sem música, enquanto na aula com música os valores do pré para o pós-teste permaneceram iguais, não havendo movimentação.
Analisando os adjetivos INÚTIL e COM MEDO notamos que houve uma movimentação positiva, de certa forma significante, dos valores do pré para o pós-teste na aula sem música, enquanto na aula com música ocorreu uma movimentação negativa em relação aos valores do pré para o pós-teste.
Outra questão observada que vale a pena ser analisada e ressaltada é que, em toda a tabela de resultados houve uma maior movimentação positiva de valores do pré para o pós-teste tanto na aula com música quanto na aula sem música, ou seja, a maioria dos adjetivos positivos e negativos movimentaram-se positivamente em ambas as aulas de modo que, independente da música, a aula de hidroginástica em si ajudou na melhoria do estado de ânimo dos sujeitos desse estudo.
Deste modo, notamos que os valores (-1), (0) e (+1) houve uma relevância significativa, pois notamos que na aula sem música os adjetivos positivos obtiveram dois (+), ou seja, mesmo sem a presença da música as voluntárias se sentiram num melhor estado de ânimo, pois só o fato que participarem a aula elas si sentira bem. Já na aula com música, ainda os adjetivos positivos, obtiveram resultado positivo, pois a maioria dos mesmos tiveram (+1), ou seja a música influenciou positivamente nos estados de ânimo das voluntárias.
Nos adjetivos negativos o resultado foi positivo, pois a maior parte dos adjetivos na aula sem música obteve o valor (-1), fato que por ser nos adjetivos negativos torna-se positivo. E na aula com música também, porém os adjetivos, tímido e com medo, obtiveram (+1), ou seja, resultado negativo perante a análise descritiva.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do estudo apresentado e do objetivo dessa pesquisa podemos afirmar que a música influenciou na alteração dos estados de ânimo das participantes do Projeto Vida Saudável em uma aula de hidroginástica. No entanto, é de conhecimento que, para o público de idosos o simples fato de participar de atividades diferenciadas de seu cotidiano pode ser um fator que os motive e que melhore seus ânimos, pois os sujeitos desse estudo nunca tinham participado de uma aula de hidroginástica. Tal situação é apontada por autores que afirmam que dentre os benefícios da atividade física na água encontramos o relaxamento e descontração por ser uma atividade socializadora.
Entretanto é necessário afirmarmos que o grupo de voluntárias dessa pesquisa não representa a amostra dessa cidade. É um grupo específico que participa de aulas de treinamento funcional do Projeto Vida Saudável.
Estudos realizados em aulas de Ginástica rítmica com e sem a utilização de música com participantes do sexo feminino com idade entre 9 e 14 anos, resultaram na alteração dos estados de ânimo com a utilização da música de forma positiva, pois as ginastas sentiram-se menos tristes, com menos medo e se sentiram mais ativa e feliz (MORI e DEUTSCH, 2005).
Levando-se em consideração os resultados desta pesquisa e a divergência dos públicos alvos e das modalidades com a pesquisa de Mori e Deutsch (2005), a influência da música nos estados de ânimo possui maior relevância quando utilizada com crianças e adolescentes do que com um grupo de pessoas idosas. Outro fator diferenciador nesse estudo foi que o público que participou da pesquisa na modalidade Ginástica rítmica já praticava esta atividade com a utilização da música, fazendo com que se sentissem menos leve, menos inútil e mais pesada na aula sem a utilização da música.
Percebemos, com o estudo para esta pesquisa, que não há estudos com pessoas idosas relacionando a música com o estado de ânimo, tornando então esta pesquisa relevante e importante para o âmbito científico.
Portanto, a partir dessas considerações esse estudo abre caminhos para novas pesquisas, seja com outro grupo de sujeitos ou com outra atividade física, além de ser um referencial para professores de Educação Física que utilizam a música em suas aulas.


REFERÊNCIAS


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fundamentos para su evaluación. Revista Digital - Buenos Aires - Año 12 - N° 110 – Jul. de 2007. Acesso em: Mai. 2011.

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GUEDES, Dartagnan Pinto; GUEDES, Joana Elisabete Ribeiro Pinto. Atividade Física, Aptidão Física e Saúde. Rev. Bras. Ativ. Fís. e Saúde. Vol. 1, nº.1, Londrina-PR, p.18-35, 2005.

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MATTOS, M. G.; ROSSETTO JR. A. J.; BLECHER, S. Teoria e Prática da Metodologia da Pesquisa em Educação Física. São Paulo-SP: Phorte, 2004.

MIRANDA, Maria Luiza de Jesus; SOUZA, Maria Regina de. Efeitos da Atividade Física Aeróbia com Música sobre Estados Subjetivos de Idosos. Rev. Bras. Ciênc. Esporte. Vol. 30, nº 2, Campinas-SP, p.151-167, jan. 2009.

MORI, Patrícia; DEUTSCH, Silva. Alterando Estados de Ânimo nas Aulas de Ginástica Rítmica com e sem a utilização de Música. Rev. Motriz. Vol. 11, nº3, Rio Claro-SP, p. 161-166, set./dez. 2005.

NAKAMURA, Priscila Missaki. Influência da música no estado de ânimo e no Desempenho em exercício. 2007. Tese (mestrado) - Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Rio Claro, 2007.

OLIVEIRA, Sandra Regina Garijo. Atividade física acompanhada de música. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista, Rio Claro-SP, 2002.

PINTO, Stephanie S.; ALBERTON, Cristine L., BECKER, Márcio E. et al. Respostas cardiorespiratórias em exercícios de hidroginástica executados com e sem o uso de equipamento resistivo. Rev. Port. Cien. Desp., out. 2006, vol. 6, nº 3, p.336-341. ISSN 1645-0523.

PITANGA, Francisco José Godim. Epidemiologia, Atividade Física e Saúde. Rev. Bras. Ciên. e Mov. Vol.10, nº 3, Brasília-DF, p.49-54, 2002.

ROCHA, Júlio Cezar Chaves. Hidroginástica - teoria e prática. 4ª ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2001.

SAMULSKI, Dietmar Martin. Psicologia do Esporte. 1ª ed. Barueri – SP: Manole, 2002.

WEINECK, Jürgen. Atividade Física e Esporte: Para Quê?.1ªEd. Babueri-SP : Manole, 2003.

 

 

 

 

 

 

 

 

ANEXO - LEA-RI (Lista de estado de ânimo reduzida e ilustrada).