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RELAÇÕES ÉTNICOS RACIAIS NO CONTEXTO ESCOLAR: A VISÃO DOCENTE

Elidiane Dias
Cleonice Perotoni
Elizabeth Dias
Lorrana Cristina Castro Oliveira
Catia dos Santos Belezi

 

RESUMO:

Esta pesquisa tem como objetivo verificar a percepção dos professores em relação ao preconceito racial e o racimos no interior da escola, bem como compreender se a temática vem sendo discutida no espaço escolar. Sabemos que a Lei 10.639/2003 e Diretriz Curricular para as Relações Raciais é obrigatório no currículo escolar, e, o ensino da história e cultura Afro-brasileira deve ser trabalho em todas as disciplinas. A formação docente, necessita dessa reflexão nesta questão da relação étnico raciais, sendo um problema a ser resolvida dessa desigualdade relacionada a identidade negra, pois, eles sofrem com os rótulos de inferioridade, gerando a desigualdade racial entre negros e não negros. Nota-se que muitos professores tem a possibilidade de desenvolver um trabalho de valorização da cultura afro, contudo, sentem sem motivação devido a não formação a respeito do assunto. A metodologia utilizada, pautou-se em revisão bibliográficas e entrevistadas semi estruturadas. Os sujeitos da pesquisa foram duas professoras que atuam .no ensino fundamental.. na Escola Estadual Rui Barbosa. Com esse artigo, pretendeu-se sensibilizar os professores a respeita da mudança em sua prática no que diz respeito as relações a Étnico Raciais. Constatou que as professoras sabe da Lei 10.639/03, mas não compreende muito do que ela se trata. Segundo as entrevistadas, elas trabalham a temática porque é obrigatório no currículo escolar, mas não se envolvem intensamente em se aprofundar,em conhecer,em se sensibilizar em querer fazer a diferença. Não tendo conhecimento sobre como lidar com as Relações Étnico Raciais na sala de aula.
Palavras-chave: Relações Étnicos Raciais. Espaço Escolar. Formação Docente

1 INTRODUÇÃO

Como a lei, 10,639/03 estabeleceu a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro- Brasileira nas escolas públicas e privadas do Brasil, representou um passo importante para reeducação das relações raciais. Assim, pretende-se analisar a visão dos professores a respeito das Relações Raciais no ambiente escolar, tendo em vista sensibiliza-los sobre práticas não racista na escola.
Sabemos do desafio que a educação enfrenta para ter igualdade entre negros e não negros. Contudo, é preciso tais discussão para evitar assim, o silenciamento de docentes e discentes nesse espaço. Assim esse trabalho é composto pela introdução, o negro no Brasil e alguns apontamentos, Relações Raciais e a Lei 10.639-03, Relações Étnicos Raciais no espaço escolar e a formação docente, a visão dos professores e as relações étnico raciais no contexto escolar, a escola pesquisada, considerações Finais e referências.

2 O NEGRO NO BRASIL: ALGUNS APONTAMENTOS
A colonização do Brasil deu se por meio da violência contra os negros. Mesmo depois da escravidão eles ainda são discriminados, excluídos, marginalizados em todos os lugares sociais. A importância do negro na formação da sociedade é fundamental, temos uma grande parte da população parda e negra, onde o negro está em grandes destaques em várias partes importante das sociedade. Mesmo com tantos talentos que eles têm na sociedade, ainda sofrem com racismo, preconceitos e discriminação que estão tatuados nas cabeças das pessoas. A sua presença na sociedade e a sua luta pelos direitos que também é um ser humano, foram de grandes dificuldades desde a sua formação na nação brasileira.
Como sabemos os negros africanos foram capturados pelos europeus que pretendiam colonizar terras distantes, os negros trazidos pra cá vieram pra realizar o trabalho escravos e aqui eram tratados como coisas sem direto nenhum. Desde escravidão os negros já faziam suas lutas de resistências em formas de greves, fugas etc, Depois da Abolição, lutaram por melhores condições de vida. Como diz Mattos (2013):
[...] os africanos e seus descendentes, escravos e libertos, apesar dos obstáculos enfrentados no interior de uma sociedade marcada pela escravidão, na qual os indivíduos eram distinguidos pela cor da pele, condição social e origem étnica, conseguiram sobreviver e, sobretudo, lutaram por melhores condições de vida e pela sua liberdade, construíram espaço para afirmação de solidariedade e para a manifestação de sua cultura e visões do mundo. (Mattos, 2013, p. 215).
Mesmo com a liberdade eles não se sentiam incluídos na sociedade, além de serem marcados pela escravidão, tinham a questão da cor da pele que o deixavam inferior em relação ao branco, então vinha mais essa luta pra conquistar, que era de ser incluído, de ter condições iguais, lutava pela discriminação, criaram vários grupos culturais e teatrais e movimentos negros.
Outro ponto importante foi a Frente Negra Brasileira com o objetivo de fazer parte da sociedade com os mesmos padrões e comportamentos que a sociedade tinha que não tivesse desigualdades sociais,era também uma maneira de fazer frente a possíveis projetos de afastamento de muitos brancos que desejavam o afastamento do negro do resto da população. A maior novidade da FNB foi propor que participar como negros da vida política do país seria o caminho mais eficaz para superar as desigualdades raciais. Como diz Domingos (2007):

Com a instauração da ditadura do “Estado Novo”, em 1937, a Frente Negra Brasileira, assim como todas as demais organizações políticas, foi extinta. O movimento negro, no bojo dos demais movimentos sociais, foi então esvaziado. Nessa fase, a luta pela afirmação racial passava pelo culto à Mãe-Preta e uma das principais palavras de ordem era a defesa da Segunda Abolição. (DOMINGUES, 2007, p. 107).
Foram fechadas as portas tanto para frente negra como para os demais partidos, mas logo depois surge então o movimento negro organizado, e entre outras associações negras fundadas no Brasil, surge o (TEN) o Teatro Experimental do Negro ele surgiu para contestar a discriminação do negro a falta de artista negra nos palcos brasileiro,além de promover as tradições culturais negras, quase sempre recusadas ao pouco valor da sociedade brasileira. Como ressalta Domingues:
(...) era formar um grupo teatral constituído apenas por atores negros, mas o TEN adquiriu um caráter mais amplo: publicou o jornal Quilombo, passou a oferecer curso de alfabetização, de corte e costura; fundou o Instituto Nacional do Negro. O Museu do Negro; organizou o primeiro congresso do Negro Brasileiro: promoveu a aproximação da Rainha da Mulata e da Boneca de Pixe: tempo depois, realizou o concurso de artes plásticas que teve como tema Cristo Negro, com repercussão na opinião pública. Defendendo os direitos civis dos negros na qualidade de direitos humanos, o TEN propugnava a criação de uma legislação antidiscriminatória para o país, (DOMINGUES,2007, p.109).
Todos os movimentos criados foram de muita importância, tiveram muitas conquistas, mas o surgimento do Movimento Negro Unificado (MNU) foi um marco fundamental na transformação do movimento negro. Sendo um movimento popular e democrático em comparações com as anteriores (FNB) e a (TEN), acrescenta Sergio Costa:
Além de caráter popular, ausente no projeto do Teatro Experimental do Negro, o MNU se distingue do TEN por sua crítica ao discurso nacional hegemônico. Isto é, enquanto o TEN defendia a plena integração simbólica dos negros, na identidade nacional “hibrida” MNU condena qualquer tipo de assimilação, fazendo do combate à ideologia da democracia racial uma das suas principais bandeiras de luta, visto que aos olhos do movimento a igualdade formal assegurada pela lei entre negros e brancos e a difusão do mito de que a sociedade brasileira não é racista teria servido para sustentar, ideologicamente, a opressão racial. Assim, os conceitos, “consciência” e “conscientização” passam a ocupar desde a fundação do MNU, lugar decisivo na formulação das estratégias do movimento. (COSTA, 2006:144).
Segundo o autor, tiveram muitos movimentos na época, mas as que se destacaram foram a FNB e a TEN esses foram movimentos de postura mais agressivos e enfrentaram sérios problemas de organização, que influenciou na formação do Movimento Negro Unificado que teve uma grande participação no processo de luta pela redemocratização do pais, tendo várias conquistas em relação ao direito do negro. Como afirma Nascimento (2006):
Um dos resultados positivos dessa luta histórica é que, hoje, mesmo com resistências de alguns setores da sociedade, não é mais possível negar que o racismo é uma questão presente na realidade concreta e que são necessárias políticas públicas chamadas de ação afirmativa – políticas específicas de promoção de igualdade de oportunidades e de condições concretas de participação na sociedade – para a superação do racismo, da discriminação e das desigualdades raciais (NASCIMENTO, 2006, p.28).
Segundo autor mesmo com tantas lutas que já tiveram desde o começo,ainda existe na sociedade o racismo e que tem que acontecer e ser necessárias essas medidas determinadas pelo o estado de combater, eliminar essas desigualdades,garantindo o tratamento iguais para todos. Conforme Silva (2005),
Deduz-se que a população negra teve presença sistematicamente negada na escola: a
Universalização ao acesso e a gratuidade escolar legitimaram uma “aparente” democratização; Porém, na realidade, negaram as condições objetivas e materiais que facilitassem aos negros. Recém-egressos do cativeiro e seus descendentes um projeto educacional, seja este universal. (SILVA, 2005: p. 71).

Sabemos que os negros não chegaram aqui por livre e espontânea vontade, vieram forjados e maltratados pelos europeus, sendo tratados como sem cultura, como animais, arrastados de seus locais de origem, para serem usados aqui como mão de obra escrava, muitos não conseguiram chegar ao Brasil vivos com todas as condições desagradantes, com fome, sede e doenças que passavam na viagem. Assim, este trabalho pretende-se verificar a percepção dos professores sobre o trabalho com as Relações Étnico Raciais no Espaço escolar.
A luta dos negros pelos seus direitos e inclusão não parou, pois o racismo ainda não acabou. Lutam através de grupos, fundações, iniões, entidades e tantas outras associações que existem em todo o Brasil.
3 RELAÇÕES RACIAIS E A LEI 10.639/03
A população negra conseguiu diversas conquistas, sendo uma delas a Lei 10.639/03, que altera a Lei nº 9394/96 que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, tornando obrigatório o ensino de História e Cultura Africana e Afro Brasileira na educação básica em todas as escolas, públicas e particulares do ensino Fundamental e Médio de todo o país. A Lei 10.639/2003 alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9394/1996), nos seguintes artigos:

Art. 26 – A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira.
§ 1ª – O Conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinente à História do Brasil.
§ 2ª – Os Conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileira.
Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de novembro como “Dia Nacional da Consciência Negra”. (BRASIL. Lei 10639/2003.)

Essa lei veio para orientar e fazer com que o aprendizado em educação de relações étnico raciais seja de visão de reconhecimento, valorização, respeito à história desse povo que está em maior parte da nossa sociedade, para que todos combatam o racismo discriminação no espaço escolar. Para Gomes (2001),
No Brasil, ser negro é tornar-se negro. O conhecimento dessas questões pode nos ajudar a superar o medo e/ou desprezo das diferenças raciais ainda presente na escola e na sociedade. Entender essa complexidade é uma tarefa dos/as profissionais da educação. É tarefa de uma escola que se quer cidadã e, por isso mesmo, não pode deixar de incluir a questão racial no seu currículo e na sua prática (GOMES, 2001:89).

A escola como uma instituição social, é responsável pelo processo de socialização das pessoas que nela vão se inserir, aonde vão se estabelecer relações com diferentes pessoas, culturas, modos de viver, de se relacionar, de falar, onde vai ocorrer esse contato, essas vivencias que pode gerar tensões raciais, preconceituosos, e o professor é uma grande peça importante nessa mudança, fazendo da sua formação um trabalho com livros didáticos que conta toda a história da África a sua relação com o Brasil, o quanto esse povo influenciaram na construção de suas qualidades e características aqui para os brasileiros.

4 RELAÇÕES ÉTNICOS RACIAIS NO ESPAÇO ESCOLAR E A FORMAÇÃO DOCENTE
Ainda está na mentalidade das pessoas o privilegio aos brancos, valorizando principalmente sua cultura por serem de raízes europeias, vindas de lá e permanecidas aqui e deixando de valorizar as outras culturas que temos também que são africanas indígenas e asiáticas. Uma relação étnica racial que vem sendo tensas pelo fato da pele negra, pelo cabelo, lábios grosso, toda sua fisionomia e cultura diferente.
A escola é um espaço onde se aprende se faz relações de contatos, de encontros, de conflitos é um ambiente de grandes diversidades, que tem muitos desafios nessas relações étnicos raciais diferentes. Um espaço de educação de superioridades de uns e inferioridades de outros de todos os tipos, gêneros, orientações sexuais, crenças de cada etc.
Na relações étnicos raciais no espaço escolar entra em discussão a situação do negro, de pensar no aprendizado entre brancos e negros, onde vai haver trocas de conhecimentos, acabar com as desconfianças, analisar a colocação, a relação do negro Africano na sociedade Brasileira. Para Munanga (2003):
Uma relação intrínseca entre o biológico (cor da pele, traços morfológicos) e as qualidades psicológicas, morais, intelectuais e culturais. Assim, os indivíduos da raça “branca” foram decretados coletivamente superiores aos da raça “negra” e “amarela”, em função de suas características físicas hereditárias, tais como a cor clara da pele, o formato do crânio (dolicocefalia), a forma dos lábios, do nariz, do queixo, etc., que, segundo pensavam, os tornam mais bonitos, mais inteligentes, mais honestos, mais inventivos, etc. e consequentemente mais aptos para dirigir e dominar as outras raças, principalmente a negra, mais escura de todas, e, emocionalmente, menos honesta, menos inteligente e, portanto, a mais sujeita a escravidão e a todas as formas de dominação (MUNANGA, 2003, p. 30).
Segundo o autor, para a sociedade excludente, os brancos são melhores, são mais inteligentes, bonitos por serem brancos, Já os negros menos inteligentes, feios por terem a pele negra, cabelos enrolados. Nisso, o negro é sempre visto como uma pessoa negativa, uma pessoa ruim, tendo que ser e viver na sociedade numa relação de inferioridade, onde ele deixa, abandona sua cultura sua história pra estar adotando a cultura do branco, vivendo o que os brancos querem que vivam sendo discriminados,estando sempre por baixo.
Ainda nesse caminho, Gomes (2007),
A Lei 10.639/03 e suas respectivas diretrizes curriculares nacionais podem ser consideradas como parte do projeto educativo emancipatório do Movimento Negro em prol de uma educação anti-racista e que reconheça e respeite a diversidade. Por isso, essa legislação deve ser entendida como uma medida de ação afirmativa, pois introduz em uma política de caráter universal, a LDBEN 9394/96, uma ação específica voltada para um segmento da população brasileira com um comprovado histórico de exclusão, de desigualdades de oportunidades educacionais e que luta pelo respeito à sua diferença (GOMES, 2007, p.106)


A lei 10,639/03 veio para fazer a diferença e já começou a modificar, é considerado um marco na luta pela superação da desigualdade racial na educação pública Brasileira uma conquista dos movimentos negros. Ela veio para tornar a escola um espaço de respeito, valorização e reconhecimento do negro, que ele possa sentir e pertencer a esse espaço escolar como sujeito tão importante quanto outro qualquer, de uma lição de vida e que devemos se orgulhar. Nesse contexto, segundo Gomes (2007),
A construção de uma educação antirracista e que respeite a diversidade, baseada na Lei 10.639/03, depara-se com alguns desafios. Dentre eles destacamos: o incremento dos intercâmbios intelectuais Brasil/África; a superação dos guetos acadêmicos que dominam o financiamento internacional dos projetos voltados para a temática racial e africana no Brasil; a superação da lógica conteudista no processo de formação de professores(as); a ausência da Lei 10.639/03 nas orientações do Programa Nacional do Livro Didático, a necessidade de maior sistematização e divulgação do pensamento negro brasileiro nos meios acadêmicos e para os profissionais da educação básica; a socialização dos saberes produzidos pela comunidade negra na formação inicial e continuada de professores(as); o diálogo com as questões trazidas pelo Movimento Negro, a articulação entre o conteúdo da lei 10.639/03 e a educação da juventude negra; a inclusão da discussão, estudo e trato ético das religiões de matriz africana na formação de professores(as) da educação básica e na prática das escolas e a implementação concreta nas escolas particulares (GOMES, 2007, p.108).

A Lei dá o direito ao reconhecimento de direitos iguais tanto social como cultural, civil, econômicos e valorização das diversidades através de mudanças de maneiras de falar, gestos posturas, modos de tratar as pessoas negras, respeitando em todos os aspectos, evitando apelidos, brincadeiras de mau gosto, piadinhas de maus tratos e desconstruir o que pensavam do negro na democracia racial na sociedade brasileira.
Não é só a Lei que vai fazer toda a mudança rápida na escola, é necessária também a vontade do professor, da comunidade, de um currículo escolar bem elaborado pra se trabalhar na escola. Todas as condições de formação dos professores para poder trabalhar em sala de aula. Nesse sentido, concordo com Lima & Trindade (2009), ao afirmarem que:
A formação continuada e as pesquisas voltadas para as africanidades e afro descendência precisam fazer de fato parte das preocupações políticas dos órgãos oficiais e da sociedade civil organizada, de modo a instituir esta temática como significativa e prioritária para a efetivação concreta de uma educação brasileira para todos. (LIMA & TRINDADE, 2009, p. 35)
Não é só a escola que tem que combater essas desigualdades que muitos tem sobre os negros e pardos, mas que todos do espaço escolar se interesse, se envolvam em se conscientizar e buscar soluções para combater essas pessoas que se considera superior aos outros, onde só sua raça presta e as outras não, tendo um pensamento e opinião crítica sem conhecer o outro direito ou nem conhecer pra julgar, sem razão de uma forma que machuca o outro, só porque a pessoa é diferente e quer exclui-la, fazendo um tratamento dessa pessoa desigual, só por ser de uma grupo diferente, acaba que prejudica no contexto escolar e na sociedade.
5 A ESCOLA PESQUISADA
A Escola “Rui Barbosa” – Ensino Fundamental e Médio, situada no município de Alta Floresta, no Bairro Cidade Alta, Estado de Mato Grosso, vinculado a Secretaria de Estado de Educação, mantida pelo Governo de Estado de Mato Grosso, foi criada pelo decreto nº 174 de 10 de julho de 1987, obteve sua autorização e começou a funcionar com 06 salas, sob a denominação de Escola Estadual de 1º Grau “Rui Barbosa”. Atualmente, atende em suas dependências 36 turmas, com um total de 1080 alunos matriculados, divididas em Ensino Fundamental regular, Ensino Fundamental EJA e Ensino Médio EJA. Atende 24 alunos com necessidades especiais em dois turnos e 17 alunos na sala de apoio pedagógico.
A nossa realidade em relação ao aluno consiste nos seguintes aspectos: a maioria vem de família desestruturada, em que os pais são separados, convivendo apenas com avós, tios, padrastos ou madrastas; grandes partes das famílias dos nossos alunos são constituídas de pessoas humildes, algumas com pouca escolaridade e dificuldade financeira; a grande maioria não tem acesso ao saber universalizado e tecnológico, convivendo com possibilidades mínimas de acesso ao conhecimento fora da escola; oriundas de diferentes estados; não tem acesso ao lazer; a grande maioria não possui acompanhamento dos pais nas tarefas escolares.
A escola tem poucos alunos negros, mais pardos e brancos, trabalha com pouca questão envolvendo as questões raciais, mas foca bem o assunto na data comemorativa da Consciência Negra, com trabalhos, apresentações, seminários envolvendo toda a escola na elaboração do tema. Sendo que está no projeto da escola o tema consciência Negro.

6 A VISÃO DOS PROFESSORES E AS RELAÇÕES ÉTNICO RACIAIS NO CONTEXTO ESCOLAR
Esta pesquisa foi realizada com 02 professoras, que atuam na Escola Estadual Rui Barbosa, no município de Alta Floresta MT. Para a realização desta pesquisa, houve a colaboração de duas professoras que são formadas em história e trabalham na escola no momento. Conforme a tabela abaixo: Entrevistamos as colaboradoras, com duas questões: A primeira refere-se ao conhecimento da lei 10.639/03. E a segunda se trabalham as relações étnico raciais com seus alunos.
Na tabela podem ser verificadas as respostas das professoras quando perguntado sobre sua cor:
Entrevistada
Idade
Auto classificação racial
Formação
Classificação racial da pesquisadora
A Branca História Branca
PS: Classificação racial segundo IBGE (branca, preta, parda, amarela, indígena)
Como podemos ver as professoras se auto classificam como. Brancas. E a pesquisadora a classificou como branca.
Com a relação a primeira pergunta a respeito da Lei 10.639-03, notou-se que a professora Leila:
Sabemos que a Lei entrou em vigor no ano de 2003 tornando obrigatório o ensino da história e cultura africana e afro brasileira nas instituições de ensino. Básica situação do negro no Brasil ficou preocupante e gerou uma importância discussão em relação às demais, uma vez que, a herança da África está mais presente e pouco valorizada. Sendo estes os alvos mais vulneráveis de racismo, estando este presente no financeiro, familiar, profissional entre outros. Mediante esta situação essa Lei trouxe uma possibilidade de se destacar e discutir a fundo dentro das escolas a importância e influência da cultura Afro-Brasileira para a diversidade existente no Brasil, estimulando os alunos conhecerem a história num todo, não somente o período de escravidão, dando uma falsa sensação de que não deixaram um legado cultural, mas somente a força do trabalho. Apesar disso, muitas escolas ainda não aplicam essa lei como deveriam de fato, seja por despreparo de alguns professores, ou ainda falta de interesse da própria escola, voltando-se apenas para comemorações de datas como o dia da “consciência negra” não refletindo sobre o real significado destas datas, perdendo—se, assim, a oportunidade de instigar os alunos sobre o tema. (Prof.ª L)


Já professora M relata que:

A Lei 10.639/03 estabelece a obrigatoriedade do ensino da história e cultura Afro-Brasileira nas escolas públicas e privadas do ensino fundamental e médio. Vale ressaltar que essa produção de conhecimentos interferiu e ainda interfere na construção e na contextualização das escolas. Ensinar história e cultura Afro-Brasileira e Africana não é uma questão de vontade pessoal e de interesse particular. É uma questão curricular e de caráter obrigatório que envolve diferentes comunidades, sendo elas comunidades familiares e sociedade. É importante ressaltar que a Lei 10.639/03 vem fazer um resgate histórico, desse modo prevê trabalhar o conhecimento da história para as pessoas negras Afro-Brasileiras para que as mesmas conheçam um pouco mais o Brasil e sua própria história. Entretanto, os professores entram em conflito quanto a melhor maneira de trabalhar essa temática na escola. (Prof.ª M).

Nessa questão deu entender que as duas professoras argumentam que conhece a lei, que ela trouxe a “obrigatoriedade” pra ser trabalhada a história e cultura da Africana e Afro-brasileira, mas que não é a vontade ou talvez conhecimento dos professores em trabalhar esse conteúdo, e que o pouco que ensinam a matéria é quando vem a data comemorativa da consciência negra e nisso acabam falando só do tempo da escravidão negra.
Sobre isso Munanga (2005) diz:

Cabe ao professor selecionar e retirar do projeto pedagógico em desenvolvimento na escola aqueles objetivos que digam respeito à cidadania e à democracia e permitam ao aluno um trabalho continuado contra o racismo, o preconceito e a discriminação [.]. O Brasil precisa de professores dispostos a fazer a revolução das pedagogias. Cada um de nós está convocado a entrar nesse grupo. (MUNANGA, 2005, p. 200)

Segundo o autor o professor tem que buscar dentro do projeto pedagógico ensinos que fale a respeito da cidadania, da democracia e que façam trabalhos com os alunos para eles se aprofundarem na história e cultura afro brasileira, também uma revisão dos currículos e materiais pedagógicos em todos os níveis de ensino, especificamente dos livros didáticos no que fala da constituição social, demográfica, cultural e política do povo negro, incluindo nas discussões toda comunidade escolar.
Uma vez que os professores precisam fazer a diferença, fazer a mudança no ensino sobre Racismo, preconceito e discriminação que existe no espaço escolar que todos tem que dar um pouco de si pra ajudar nesta luta de desrespeito e desigualdade.Ele precisa e necessita de uma formação profissional da educação tendo como enfoque a Lei 10.639/03 e Diretrizes Curriculares Nacionais para as Relações Étnico Raciais, que vai atrás de fazer acontecer, que seja atuada e respeitada dando segurança, firmeza, aceitações a colocação do negro em todos os espaços, e muitas outras questões, referentes à Educação das Relações étnico-raciais.
Na segunda questão foi elaborado como o professor trabalha com as relações étnicas raciais na sala de aula e qual sua visão sobre o racismo. A professora L respondeu:
As relações étnicas raciais dentro da sala de aula são trabalhadas de forma que haja sempre inclusão e despertando a curiosidade, desenvolvendo com os alunos atividades pedagógicas com os assuntos que valorizem o conhecimento da História da África, utilizando mapas, vídeos, procurando sempre envolver o aluno no lúdico embasado numa boa teoria unido a oralidade. O racismo precisa ser excluído da sociedade mediante o esclarecimento e inserção de temas referentes às culturas africanas e afro brasileiras, permitindo maior compreensão de seus modos de funcionamento, assim como as influencias que exerceram e continuam a exercer sobre nossos pais. Tornando claro ao aluno que o mesmo, é um herdeiro de uma cultura plural entendo que há grande influencia negra na realidade que se vive. (Prof. L).
Já a professora M relata que:
Primeiramente nós professores temos que conhecer a Lei 10.639/03 e o que ela nos permite. Infelizmente, temos professores totalmente despreparados quanto a algumas situações em sala de aula quanto fora dela. No âmbito escolar o racismo perpetua ainda nos dias atuais, um problema vivenciado no cotidiano de vários professores. Apesar de o racismo ser um problema visto diariamente na escola, nota-se que vários professores se posiciona de maneira pouco amigável tentando resolver esse problema de maneira preventiva e em alguns casos tomando as medidas necessárias. O conceito racial está ligado aos “conceitos” de homofobia, xenofobia, bullying entre outros. Lembrando que no Brasil o racismo é crime e está previsto na Lei n° 7.716/1989. Racismo é uma forma de não aceitar o próximo, não se colocar no lugar do outro, falta de humanismo e amor ao próximo. (Prof.ª M)
As duas professoras disseram de formas diferentes como lida com as relações étnicas raciais na sala de aula, a primeira professora procura interação entre os alunos, deixando eles se envolverem e sempre trabalhando juntos e que o racismo tem que acabar, pois estamos perdendo de conhecer esse grupo que trouxe e traz muitas coisas boas de sua vida para a sociedade brasileira. Sobre a atuação dos professores as palavras de Gonçalves e Silva:
Professores, fazemos parte de uma população culturalmente afro-brasileira, e trabalhamos com ela; portanto, apoiar e valorizar a criança negra não constitui em mero gesto de bondade, mas preocupação com a nossa própria identidade de brasileiros que têm raiz africana. Se insistirmos em desconhecê-la, se não a assumimos, nos mantemos alienados dentro de nossa própria cultura, tentando ser o que nossos antepassados poderão ter sido, mas nós já não somos. Temos que lutar contra os preconceitos que nos levam a desprezar as raízes negras e também as indígenas da cultura brasileira, pois, ao desprezar qualquer uma delas, desprezamos a nós mesmos. Triste é a situação de um povo, triste é a situação de pessoas que não admitem como são, e tentam ser, imitando o que não são. (GONÇAVES E SILVA, 1996 p.175).
Para a professora M os professores precisam conhecer a fundo a Lei 10.639/03 ver o que ela permite ou não, pois existe o despreparo de professores que não saberão lidar com essas relações étnicas raciais dentro da sala de aula, que existe o racismo, mais que os professores não se preocupam em se comprometer para prevenir e tomar decisões necessárias em relação ao racismo.
Segundo o Gonçalves e Silva (1996), os professores fazem parte dessa população afro-brasileira e que não tem que ter bondade e sim valorização e apoiar os negros com a preocupação de conhecer a identidade e cultura negra que foi transferida para os Brasileiros e que temos que lutar contra o preconceito acabar com essa situação de diferença por causa da cor, e não ignorarmos um povo que fazem parte da identidade Brasileira.
Ressalta ainda que é preciso de educadores que busque lidar com as diversidades, que tenham uma formação inicial e continuada de professores reflexivos, preparados para criticar tanto o currículo como a suas práticas, que busquem modificar o ambiente escolar para torna-lo mais democrático e não de imposição do forte (branco) sobre o fraco (preto) sem esquecer que ele mesmo educador faz parte desse processo.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pelo presente estudo por meio de artigos de vários autores da pesquisa de questionários para algumas professoras atuantes na escola, entre reflexões e depoimentos, percebe-se que a lei está ai, todo se diz conhecer, sabem que é obrigatória no ensino, no aprendizado do aluno na escola, mais ainda precisa de muito a se fazer.
As relações étnicas raciais na escola ainda estão acontecendo diariamente em todo nosso Brasil, onde o branco se considera melhor que o negro, que faz o negro querer ser branco e assim se conformar e se silenciar diante de tanto racismo, preconceito e discriminação. Percebe-se também que a Lei deu um importante passo, dando o direito ao negro em poder mostrar toda a sua história e que somos todos iguais, que as pessoas respeitem e valorizem, reconheçam sua história do seu local de origem e não de escravidão que passaram por aqui, mas desse ser humano que tem muitas qualidades, modos, jeitos de viver como qualquer outra pessoa.
Para que esse tema seja trabalhado na escola é preciso do professor para abordar esse conteúdo de uma forma ampla, que faça a mudança de pensamentos e de comportamentos que muitos têm sobre o negro, mas para isso, ele precisa conhecer a Lei 10.639/03 e incluir em seu currículo escolar e trabalhar na sala de aula. Precisa de uma formação atualizada que conheça a história africana e sua cultura, todo esse ser que tanto contribui para a sociedade brasileira.
Para que isso aconteça o professor tem que querer, primeiramente aceitando, acreditando, tendo vontade, se sensibilizar e buscar conhecer, aprender a história toda desse povo e passar para seus alunos de uma forma que tenham outra visão positiva, construtiva sobre o negro, relacionando mais esses alunos uns com os outros. Que busquem os pais desses alunos a conhecerem a história também, porque as vezes a criança já vem com esse desrespeito ao negro já de casa, que seus pais tem sobre o negro.
Acredita-se que com novos livros de história contando toda sua história e muito diálogo com todos da escola conseguiremos acabar com o racismo, preconceito e discriminação que existe no contexto escolar.

 


7 REFERÊNCIA


BRASIL. Lei 10639/2003. Altera a lei 9394/1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no curriculum da rede de ensino a obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro-brasileira. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.639.htm> Último Acesso em: 07 de Set. 2015.
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