QUAL O PAPEL DA ESCOLA E DA FAMÍLIA EM RELAÇÃO AO ALUNO?
Claudiomiro dos Santos Pereira
Helena da Silva Maciel
Ilma Lima Souza Barros
Sandra Daros Ferreira
Ticiane de Paula Ferreira
RESUMO
O presente artigo fala sobre a relação entre a escola e a família no desenvolvimento da criança enquanto educando. Refletindo sobre a relação família-escola percebeu-se que atualmente a escola não pode viver sem a família e a família não pode viver sem a escola, pois são interdependentes para alcançar seu maior objetivo. Objetivo este que é fazer com que o educando/filho aprenda para ter um futuro melhor e assim construir uma sociedade mais justa e digna para se viver. A metodologia pela qual escolhemos trabalhar tratou-se de uma pesquisa qualitativa descritiva, puramente bibliográfica, com pesquisas em livros, sites e bibliotecas, portanto não deve permanecer em hipóteses, pois, a problemática quando foi escolhida necessitava passar por uma verificação do contexto sócio histórico em que se encontrava inserida. Os vínculos afetivos faziam parte da aprendizagem. O contexto escolar que consistia em ambiente físico e social devia estar preparado para transformar a criança em um membro inserido e produtivo na sociedade e cabia à família participar ativamente na vida dos filhos motivando-os, estabelecendo uma boa qualidade nessa relação.
Palavras chaves: Escola, família e educação.
SUMMARY
This article discusses the relationship between school and family in the child's development while educating. Reflecting on the family-school relationship it has been realized that today the school can not live without the family and the family can not live without school because they are interdependent to reach their highest goal. This objective is to make the learner / child learn to have a better future and thus to build a society more just and dignified to live. The methodology by which I chose to work was a descriptive qualitative research, purely bibliographical, with researches in books, websites and libraries, so it should not remain in hypotheses, because the problematic when it was chosen needed to undergo a verification of the socio-historical context in which it was inserted. Emotional bonds were part of learning. The school context that consisted of physical and social environment should be prepared to transform the child into an inserted and productive member in society and it was up to the family to participate actively in the children's lives motivating them, establishing a good quality in this relationship.
Key words: School, family and education.
1. INTRODUÇÃO
Assimilemos à função da escola, essencialmente voltada à família, em relação ao aluno, criando uma pesquisa puramente bibliográfica.
No passado, a família era a união de pessoas aparentadas que viviam em geral na mesma casa, particularmente o pai, a mãe e os filhos. Porém com o decorrer dos módulos oferecidos pode-se perceber que atualmente, em muitas casas e em muitos lares, em família já não é mais assim. Diante da complexidade do nosso dia-a-dia, percebeu-se que novas configurações familiares estão surgindo fazendo parte da nossa realidade e que devem ser vistas, observadas e consideradas por nós profissionais, para que possamos dar andamento aos nossos atendimentos, considerando sempre o todo.
Refletindo sobre a relação família-escola percebeu-se que atualmente a escola não pode viver sem a família e a família não pode viver sem a escola, pois são interdependentes para alcançar seu maior objetivo. Objetivo este que é fazer com que o educando/filho aprenda para ter um futuro melhor e assim construir uma sociedade mais justa e digna para se viver. Conforme o artigo 53 do estatuto da criança e do adolescente (1990), a criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento da sua pessoa.
De forma que esse estudo buscou entender as ações cabíveis ao orientador educacional e focaram-se os métodos utilizados para a efetivação da aproximação entre família e escola.
Cada vez mais cedo os pais necessitam deixar seus filhos em creches e escolas, eles tiveram a obrigação de passar a responsabilidade que até então lhes cabia para os educadores. Crescendo aceleradamente a sociedade em que vivem, os pais precisavam trabalhar para dar o sustento dos filhos enquanto menores de idade, pois nosso País não permite o trabalho antes dos dezesseis anos de, fazendo com que o tempo que lhes restava para dedicar à família não fosse suficiente.
Sendo de extrema importância a participação dos pais na vida escolar de seus filhos, preparando-os emocionalmente para um futuro próximo e cheio de obstáculos, não deixando essa função para a escola que é a de educar e formar cidadãos conscientes de seus deveres e obrigações.
Pôde-se pensar em um método para orientar ambas as partes, tanto escola quanto família, lhes proporcionando assim formas que resolvessem pacificamente os problemas e situações ocorridos no cotidiano escolar e familiar, ajudando de maneira íntegra a aprendizagem e o afeto da família.
Uma infinidade de pesquisas, teses e artigos são encontradas no sentido de retomar essa discussão, mostrando o quão positiva é a interação família/escola para o desenvolvimento escolar das crianças. Observa-se, porém, que muito foi escrito sobre essa problemática e, no entanto, ainda não existe muita clareza a respeito do problema devido a sua complexidade.
Não se pretendeu aqui, esgotar o assunto, mas apontar mais alguns aspectos que parecem ser relevantes para o enfrentamento das dificuldades encontradas no processo de relacionamento entre família/escola. Estas Instituições, assim como toda Instituição, têm passado por profundas transformações ao longo da história. Mudanças sociais, culturais, políticas e econômicas ocorridas em função da globalização acabam por interferir na estrutura dinâmica escolar, de forma que a família, em vista das circunstâncias vem transferindo para a escola a tarefa de educar que deveria ser sua.
Sabe-se que são muitos os problemas nesse campo da educação e talvez fosse à principal justificativa da escolha do tema, a carência, à distância, a falta de diálogo, a dedicação mútua, o interesse pelo outro, entre tantas outras coisas.
No interior de nossa própria cultura sem sair de nossa própria cidade nem de nosso próprio bairro, um belo dia observamos nosso ambiente e nos damos conta de que tudo mudou, tanto que mal somos capazes de saber como as coisas funcionam. Sentimo-nos então desorientados, tão desorientados como se tivéssemos viajado para uma sociedade estranha e distante, mas sem esperança de voltar e recuperar aquele ambiente conhecido no qual sabíamos nos arranjar sem problemas. (Esteve, 2004, p 24).
Dessa forma, percebeu-se que todas as mudanças ocorridas na família ao longo da história, em função de diversos fatores, entre eles a emancipação feminina, fizeram com que os papéis da escola fossem ampliados para dar conta das novas demandas da família e da sociedade. Ao negar esse fato ignora-se a realidade, pois as mudanças na família além de afetar a sociedade como um todo, e também a educação dos filhos, reflete indiscutivelmente sobre as atividades desenvolvidas na escola.
É por esta razão que o presente trabalho teve por finalidade apresentar uma metodologia de pesquisa e intervenção voltada para o fortalecimento dos laços de aproximação entre escola e família, criando uma atmosfera para o fortalecimento do desenvolvimento e a aprendizagem das crianças nesses dois ambientes sociais e educacionais. Pois como diz Piaget:
Uma ligação estreita e continuada entre os professores e os pais leva, pois muita coisa mais que a uma informação mútua, este intercâmbio acaba resultando em ajuda recíproca e, frequentemente, em aperfeiçoamento real dos métodos. Ao aproximar a escola da vida ou das preocupações profissionais dos pais, e ao proporcionar, reciprocamente, aos pais um interesse pelas coisas da escola, chega-se a uma divisão de responsabilidade [...] (Piaget, 2007, p 50).
Sendo assim, o processo de mediação para um relacionamento significativo, entre família e escola, deve ter como ponto de partida a própria escola, visto que os pais pouco ou quase nada sabem sobre características de desenvolvimento cognitivo, afetivo, moral e social, tampouco sabem como se dá a aprendizagem, por isso a dificuldade em participar da vida escolar dos filhos. Para os pais, os professores são os especialistas em educação, devendo estes auxiliá-los, quando não assumir a educação dos seus filhos. De acordo com os pais é para isso que mandam seus filhos para a escola.
Portanto, o papel que a escola possui na construção dessa parceria é fundamental, devendo considerar a necessidade da família, levando-as a vivenciar situações que lhes possibilitem se sentirem participantes ativos nessa parceria e não apenas meros expectadores. Vale ainda ressaltar que escola e família precisam se unir e juntas procurar atender o que é FAMÍLIA, o que é ESCOLA, como eram vistas anteriormente essas instituições e como é hoje, e ainda procurar, juntas, entender o que é desenvolvimento humano e aprendizagem, como a criança aprende etc., pois como diz ARROYO (2000):
Observei o quão importante se tornou a escola no âmbito familiar, crianças cada vez mais cedo sendo levadas à escola. Deixando dessa maneira, que os pais saíssem de casa, despreocupados para trabalhar, pois sabiam que a escola é a segunda casa deles.
Deve-se relacionar o carinho a disciplina, o amor a maturidade, a atenção a bagunça. Essas são sugestões que estão em destaque na sociedade em que se vive, pois através delas os professores e orientadores gritam por algum tipo de ajuda e são poucos e muitas vezes esquecidos pelas instituições responsáveis, mesmo tendo o acompanhamento devido na escola, e o papel dos pais em casa?
Portanto, pode-se observar que a família, especialmente a mãe e o educador tinham funções e importâncias diferentes para a criança, que em nenhum momento o educador possa servir de substituição à mãe.
Invertendo um pouco as funções, tendo uma vida satisfatória, como conseguir relacionar-se nas escolas que tem profissionais agressivos e despreparados, sendo isso muito comum nos dias atuais, professores estressados, com um currículo extenso necessitando de acompanhamento psicológico para lidar com essas situações, daí aparece uma situação-problema com relação à indisciplina, eles acabavam se esquecendo de usar o bom censo.
Precisa-se urgentemente analisar os métodos utilizados, pois a vida acadêmica também necessita da preparação para a futura professora que me tornarei. A escolha desse tema foi de fundamental importância, pois sou muito preocupada com a relação que deverei ter para com os meus futuros educados, estando ciente de que a jornada será árdua e ao mesmo tempo gratificante, pois educar é uma dose de adrenalina diária.
Os procedimentos metodológicos necessários à realização da pesquisa proposta partiram da abordagem qualitativa, permitindo descrever, analisar, objetivando compreender efetivamente a relação escola-família. A opção pela abordagem qualitativa referiu-se a facilidade que ela apresentou na descrição do conhecimento a ser produzido na área educacional.
Através do auxílio de fontes bibliográficas que tratam da temática foi possível efetivar a construção do conhecimento proposto para a investigação, gerando conhecimentos científicos significativos, que serão de suma importância dentro da sala de aula.
2. DESENVOLVIMENTO
2.1 A PARCERIA FAMÍLIA E ESCOLA NA FORMAÇAO DO SUJEITO
O interesse por estudos sobre família-escola-aluno era relativamente recente, Aranha (2006) afirmava que os historiadores começaram a pesquisar sobre o assunto a partir do século XIX, mas se restringindo às famílias mais ricas, devido ao acesso à cultura escrita, pois deixavam muitos documentos, como arquivos notariais, diários e cartas.
As crianças eram misturadas aos adultos quando já não tinham mais a atenção constante da mãe ou até mesmo da ama, vestiam-se como todos os outros, não havia um traje especial. “Isso não significava que as crianças não fossem amadas ou atendidas nas suas necessidades, mas elas não viviam a parte do mundo adulto, por estarem integradas a ele desde cedo”. (Aranha, 2006, p. 98).
Quando se fala em família, nos referíamos à família nuclear conjugal composta por pai, mãe e filhos, mas nem sempre foi assim. Na idade média já existiam o modelo de famílias extensas e outros modelos que variavam de acordo com o tipo de atividade, posição social e ate mesmo localização geográfica.
Atualmente a família nuclear conjugal encontra-se num processo de transformação.
As crianças nem sempre ocuparam o lugar que ocupam hoje e nem sempre receberam cuidados que merecem. Os casamentos nem sempre foram por amor, pois nem sempre as pessoas tinham o direito de escolher seus parceiros e as casas nem sempre foi o reduto privado de um núcleo familiar (Szymansky, 2009, p. 21).
Pais e mães assumiam posições cada vez mais competitivas no mercado de trabalho. Então, enquanto que, antigamente as funções exercidas dentro da família eram bem definidas, hoje pai e mãe, além de assumirem diferentes papéis, conforme as circunstâncias saem todos os dias para suas atividades profissionais. Assim observou-se que, em muitos casos, crianças e adolescentes acabavam ficando aos cuidados de parentes, estranhos ou chamadas babás eletrônicas, como a TV e a Internet, e viam seus pais somente à noite. Isabel Parolin afirma que:
A grande arte da família é manter-se família, seja ela composta por pai, mãe e filhos; por mãe e filhos; por padrasto, mãe e filhos; por avó, mãe e filhos ou outras composições. É continuar promovendo desenvolvimento, a mudança e permanecer sendo família (Parolin, 2007, p. 38).
A autora mostrava que independente de diferenças e mudanças que a vida possa oferecer à família, ela se fazia necessária para o desenvolvimento e formação dos indivíduos. As responsabilidades entre os membros mudavam, é onde cada um deverá mover-se e reestruturar-se, de forma que consigam passar pelos acontecimentos de maneira adequada, sofrendo com as marcas do amadurecimento e redefinir novas formas de manter a família unida.
A família deve construir num núcleo duradouro, mas que aceite mudanças; um núcleo afetivo e funcional em que cada um cuide de si e do outro, compreendendo o outro como um ser inteiro e dotado de inteligência e desejos próprios; um núcleo que promova pertencimento, mas que, ao mesmo tempo, possibilite individuação
(Parolin, 2007, p.38).
Como citava a autora cada um é capaz de construir uma ideia de família, devia-se criar um espírito de solidariedade, cooperação e ajuda mútua e ao mesmo tempo promovia a autonomia. A família devia ser vista como núcleo afetivo e funcional que promovia a formação do sujeito. O êxito do processo educacional dependia, e muito da atuação e participação da família, que devia estar atenta a todos os aspectos do desenvolvimento do educando.
O afeto desempenhava um papel essencial no funcionamento da inteligência. Sem afeto não havia interesse, nem necessidade, nem motivação, e consequentemente, perguntas ou problemas nunca seriam colocados e não havia inteligência. A afetividade é uma condição necessária na constituição da inteligência.
Essa afetividade começava na família e se estendia para outros relacionamentos. Faltava-se vinculação afetiva familiar, poderia haver também um impedimento para a construção de novos vínculos no ambiente escolar, e consequentemente, impedia a criança de se mobilizar para a aprendizagem.
A criança, quando era bem amparada pela família no sentido de educar, transmitir conhecimentos, valores, cultura e servir-lhe como exemplo, podia ser influenciada pelos seus grupos sociais. Muitas vezes era mais fácil seguir ao seu grupo de amigos do que aos pais ou à escola. Com isso, a criança podia acabar apegando-se ao que é mais fácil e atraente para seguir naquele momento, juntando-se, por exemplo, ao grupo dos mais bagunceiros da escola, dos menos interessados em atividades escolares, e que sempre estavam envolvidos com problemas de indisciplina. Como afirma Tiba:
Atualmente, o contato social é muito precoce. Ainda sem completar a educação familiar, a criança já está na escola. O ambiente social invade o familiar não só pela escola, mas também pela televisão, internet, dentre outros (2002, p.178).
A escola preenchia a brecha que a instituição familiar não consegue dar conta. Essa mudança de papel trazia consequências, também para a escola. Enquanto esta absorvia a ausência da família, deixava de lado outros compromissos como instituição formadora. Deviam assumir o compromisso de educar além de formar, desenvolvendo alguns aspectos cognitivos, afetivos, sociais e físicos.
2.2 A AFETIVIDADE NAS RELAÇÕES ESCOLARES
Morin enfatizava que a educação do futuro devia unir e não separar os conhecimentos e saberes. Dava importância ao individuo muito mais do que a racionalização. Essa é a resposta para algumas das perguntas atuais da educação. Não somente a escola, mas a sociedade como um todo, devia voltar-se para o ser humano enquanto sujeito repleto de sentimentos. Assim a humanidade estava dando um novo passo para uma nova era, segundo Morin:
O século XX foi o da aliança entre duas barbáries: a primeira vem das profundezas dos tempos e traz guerra, massacres, deportação, fanatismo. “A segunda, gélida, anônima, vem do âmago da racionalização, que só conhece o cálculo e ignora o indivíduo, seu corpo, seus sentimentos, sua alma, e que multiplica o poderio da morte, e da servidão técnico-industriais.” (Morin, 2000, p. 70).
Na sala de aula, o professor conhecia as consequências de uma sociedade no mínimo ambígua. Encontrava alunos com problemas de aprendizagem decorrentes de falhas e faltas, tanto na família quanto na escola. Eram alunos com dificuldades cognitivas que na maioria das vezes não eram decorrentes de fatores físicos, mas sim emocionais. A afetividade familiar é importante para o desenvolvimento integral da criança e muitas vezes, quem cumpria esse papel era a escola, quando esta tinha capacitação e percepção para isso. Segundo Piaget:
Os aspectos cognitivos e afetivos são inseparáveis e irredutíveis, não há ação sem motivação e não há motivação sem ação, sendo que a ação depende de estruturas cognitivas e a motivação depende de todas as ligações anteriores vinda de sentimentos positivos ou negativos. É certo dizer que as emoções fazem parte dos seres humanos, por mais "evoluída" que seja a sociedade. Todo aprendizado transita por inúmeros sentimentos, como medo, ansiedade, curiosidade, insegurança, alegria, satisfação, realização, etc. A criança necessita estar preparada para experimentar tais emoções. Pois é diante destas que apresentará resultados no seu desenvolvimento holístico.
Tratando-se de escola e analisando algumas teses relacionadas ao desenvolvimento cognitivo e a afetividade, surgiam algumas questões que põem em pauta as ações que a administração escolar devia executar para sanar ou diminuir estes problemas escolares. A gestão de uma instituição escolar devia ter como foco o educando e suas relações interpessoais e culturais.
A partir disto, acreditou-se que a gestão escolar devia criar estratégias para aproximar a família da escola, valorizando esta, como elemento principal na formação psíquica da criança. Segundo Gomide:
Cabe à instituição escolar contribuir para que a criança integre seu convívio na sociedade, de outro lado à escola deve ajudar a família a solucionar o problema de seus filhos, reintegrando a imagem que se tem deles. Algumas vezes sendo necessário encaminhamento a profissionais especializados como psicólogos ou psicopedagogos. A escola, o educador e a família devem, pois, ser testemunhas da possibilidade do conhecimento. (Gomide, Vale S. Rafaela, 2007).
A administração escolar, ao propiciar alternativas para a integração, socialização e troca de saberes com o ambiente familiar do educando, estava contribuindo para a inserção da família na escola. Quando a família participava dos acontecimentos na escola e acompanhava o dia-a-dia do educando, fornecia uma base sólida para a formação afetiva e cognitiva do educando. Este se sentia mais seguro e consciente do mundo a sua volta.
A família estava mais próxima da vida da criança, dando mais atenção e permitindo trocas de saberes, experiências, frustrações, alegrias e conquistas, enriquecia as relações familiares e permitia um desenvolvimento integral e sadio, que persistia por toda a vida. Para que os pais possam realmente conhecer seus filhos, deviam estar permanentemente em contato com a escola. A escola devia também, ter contato direto com a família dos educandos a fim de orientar, e ajudar na resolução de conflitos, desajustes relacionais, problemas de juventude, migração e dificuldades escolares. A gestão escolar, portanto, devia ter sensibilidade e percepção para estas questões subjetivas, mas de imprescindível importância para o sucesso das futuras gerações. Assim, a criança que estava bem na escola iria ainda melhorar e a que tivesse problemas, receberia ajuda tanto da escola quanto da família. Conforme Tiba:
Quando a escola, o pai e a mãe usam a mesma linguagem e têm valores semelhantes, os dois principais contextos da criança, a família e a escola, demonstram uma segurança e coerência extremamente favorável ao seu desenvolvimento. Ao mesmo tempo, a escola assume para a criança um lugar de aliada, como mais uma interessada em seu bem-estar. Quando há conflitos entre família e escola, as crianças tendem a acompanhar quem mais lhes agradar, e os adolescentes em geral tentam tirar vantagens pessoais. Assim, quando os pais não concordam com a postura da escola, é diretamente com ela que devem resolver as discordâncias. Desse modo, a criança não se apoiará nos pais para se insurgir contra a escola. (Tiba, pág.190, 2007).
Diante destes paradigmas educacionais, percebia-se que a escola tinha importante papel de mudança social. Para que isso acontecesse, a família devia estar constantemente e diretamente envolvida com a escola. Dentro deste elo e envolvimento, cada instituição tinha seus deveres, mas sempre em busca de um objetivo. A escola com uma gestão democrática e participativa e a família como parte integrante. As questões afetivas no âmbito escolar e familiar deviam ser consideradas com muito apreço, pois delas dependiam da formação intelectual, moral, social e psíquica dos alunos.
2- METODOLOGIA
A metodologia pela qual optei trabalhar tratou-se de uma pesquisa qualitativa descritiva, puramente bibliográfica, com pesquisas em livros, sites e bibliotecas, portanto não deve permanecer em hipóteses, pois, a problemática quando foi escolhida necessitava passar por uma verificação do contexto sócio histórico em que se encontrava inserida, para que só a partir dessa análise se pudesse emitir valores a respeito da mesma.
Fez-se necessário também estabelecer a delimitação dessa problemática, através de observações prévias do campo de pesquisa. Pois primeiramente percebeu-se o relacionamento da criança com a família, a interação da família com a escola e de que maneira essa criança absorve os problemas de convivência familiar, e de como esses problemas interferiam no seu emocional e consequentemente em seu rendimento escolar.
Segundo Ludke e André (1986, p.17) o estudo de caso ―é sempre bem delimitado, devendo ter seus entornos claramente definidos no desenrolar. “O caso podia ser similar a outros, mas é ao mesmo tempo distinto, pois tinha um interesse próprio, singular”. E que, de acordo com Ludke e André (1986), possuíam características fundamentais, são elas: visava à descoberta, enfatizava a interpretação do contexto, buscava retratar a realidade de forma completa e profunda, usava uma variedade de fontes de informações, revelava experiência vicária e permitia generalização naturalista, procurava representar os diferentes e às vezes conflitantes pontos de vista numa situação social e utilizava uma linguagem acessível.
3- CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho realizado nesta pesquisa procurava mostrar a importância das relações vinculares na formação do sujeito, a começar pela família, que é o primeiro grupo social, o qual a criança convive. Depois este vínculo devia se estender para as relações na escola e por fim a relação família-escola na busca de um bom desempenho escolar da criança.
A decisão de colocar o filho na escola requeria muita reflexão, segurança e conscientização da família sobre as etapas em que este processo se realizava. A separação se fazia necessária, apesar de dolorosa para a mãe e para o filho. Era necessário que em seus primeiros dias escolares, a criança fosse acompanhada por uma
percebeu-se a dificuldade que a escola tinha em organizar-se e promover situações para que essa aproximação acontecesse. Foi necessário que a escola identificasse o porquê dessa dificuldade, o que podia ser feito para que esse processo fosse iniciado, desenvolvido e de forma contínua observando quais melhorias deviam ocorrer.
De fato, na vida escolar, o contato entre o educador e a família do educando era primordial, onde tal aproximação informal tinha sua importância firmada em diversas razões, como: a tranquilidade com que os pais observavam a segura permanência de seus filhos na escola; a motivação dos próprios alunos – quando percebiam que a escola e a família se interessavam por sua educação.
A relação professor-aluno acontecia a partir do momento em que o professor começava a olhar seu aluno de forma profunda, transmitia-lhe segurança e autoconfiança, estabelecia uma relação vincular sólida e não encarar esse momento como perca de tempo.
Os vínculos afetivos faziam parte da aprendizagem. O contexto escolar que consistia em ambiente físico e social devia estar preparado para transformar a criança em um membro inserido e produtivo na sociedade e cabia à família participar ativamente na vida dos filhos motivando-os, estabelecendo uma boa qualidade nessa relação.
REFERÊNCIAS
DANTAS, Heloysa. A afetividade e a construção do sujeito na psicogenética de Wallon. In: DE LA TAILLE, Piaget, Vygotsky e Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1992.
ESTEVE, José M. A terceira revolução educacional: a educação na sociedade do conhecimento. São Paulo: Editora Moderna, 2004.
GOMIDE, Rafaela Vale S. A afetividade e o processo de ensino aprendizagem.
LUDKE, Menga e ANDRE, Marli. E. D. A – Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 5ª ed. São Paulo: Cortez, 2002.
TIBA, Içami. Quem ama, educa! São Paulo: Integrare, 2007.
TIBA, Içami. Disciplina, limite na medida certa. - 1ª edição. São Paulo: Editora Gente, 1996.
VYGOTSKY, L. S.Teoria e métodos em psicologia. São Paulo: Martins Fontes