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O BULLYING NO AMBIENTE ESCOLAR


Ivonete Bertele1
Souza Versano Josmari Ouchi
Meire Tereza Bertele Nascimento
Rosimeire Borges


RESUMO


Este Artigo teve como objeto de pesquisa o bulying no ambiente escolar. No Brasil, o bullying escolar é um fenômeno social recentemente estudado que afeta todos os níveis de ensino. A escola vivencia o problema de várias formas, envolvendo alunos, professores e funcionários. Por este motivo que inicialmente procurou-se abordar as noções gerais do Bullying escolar bem como contextualizar esse fenômeno social. As classificações das vitimas: vítimas típicas, vítimas agressoras e vítimas provocadoras. A palavra bullying embora esteja mais comumente ligada à escola, assombra outros ambientes, embora neste trabalho detivesse apenas no bullying escolar. Para elaboração deste trabalho utilizou-se a pesquisa bibliográfica como metodologia, com o objetivo de esclarecer a importância da família e como suas atitudes são observadas pelos filhos. É importante salientar que as condutas maldosas prejudicam o outro, e que a família e a escola em conjunto, devem traçar um paralelo de responsabilidades, entendendo que o bullying deixa marcas por toda a vida e que é fundamental a unidade da família, comunidade e escola.

Palavras-chave: Bullying.Ambiente escolar.


INTRODUÇÃO


O ato cruel, comumente chamado de bullying tem sido objeto de estudo de vários profissionais, como professores, psicólogos, e por trazer conseqüências irreparáveis, merece ser analisado.
Infelizmente, sua importância ainda não tomou as proporções devidas, já que, esse mal ainda é considerado por muitas instituições de ensino, como uma inocente “brincadeira da idade”, entretanto, essa prática, não é uma brincadeira, e sim, uma violência que a cada ano vem se disseminando, e que é capaz de promover terríveis danos psicológicos em suas vítimas.
O bullying é uma palavra derivada do verbo inglês bully, termo utilizado para designar pessoa cruel, intimidadora, e agressiva.
Seu significado está ligado com a vontade de intimidar alguém. Ofender, zoar, sacanear, humilhar, discriminar, excluir, perseguir, bater, chutar, empurrar, e quebrar pertences são comportamentos típicos dessa conduta.
O presente TCC pretende enfrentar o fenômeno Bullying, mais precisamente sob o enfoque do dano causado ao indivíduo.
Para tanto, acorre a abordagem interdisciplinar, notadamente fazendo o uso de conceitos da psicologia, pedagogia, porém, não sendo perdidas de vista as disciplinas ligadas sobre as noções gerais do bullying, trazendo a idéia de alguns autores sobre o tema. Abordou-se sobre as diversas classificações de bullying, sabendo que esta prática não está só adstrita ao âmbito escolar.
Portanto enfocou-se somente no bullying escolar, onde se apresentou as características dos protagonistas desse fenômeno, ou seja, as vítimas, os agressores (bullies), bem como seus espectadores.
Analisou-se a responsabilidade da instituição pública e da privada, do aluno capaz e do incapaz, da responsabilização dos pais diante dos atos de seus filhos, bem como dos professores quando causadores desse dano.
Não obstante o bullying escolar está em evidencia na mídia, em conformidade com as pesquisa realizadas, a maioria das escolas ainda não adotou medidas imprescindíveis a fim de evitar e punir esta pratica. Verificou-se que não só a escola, mais os pais ou pessoas que está ligada direta ou indiretamente com vitimas de bullying ou com os próprios (bullies) não sabem lidar com a situação.
Cada aluno envolvido com essa prática acaba com o tempo demonstrando um pouco mais de sua personalidade, e por isso observações no comportamento dos estudantes é de suma importância para a repressão e principalmente para a prevenção do bullying escolar, é dever de a escola propiciar aos alunos, um ambiente saudável, longe de qualquer agressão e discriminação. Por outro lado, a omissão acontece quando o agressor produz atos de ignorar a vítima, atitude comumente chamada de “dar um gelo”, ou seja, ele isola a vítima.
Dessa sorte essa omissão se praticada por um número considerado de alunos colegas de sala de aula, pode produzir um efeito devastador na auto-estima da vítima, já que, constantemente se depara com situações onde a interação dentro da classe é necessária, como por exemplo, na elaboração de uma atividade em grupo.
Por seu turno, a omissão advém principalmente das instituições de ensino, pois o bullying escolar, como o próprio nome diz ocorre dentro dessas escolas, na sala de aula, nos corredores, as vistas dos professores e demais colaboradores da escola.
Cumpre ressaltar que nenhuma escola pode ignorar tal ocorrência, cabendo a ela prevenir e punir atitudes como o bullying, tentando proteger tanto a vítima como ajudando o agressor.
A instituição de ensino, assim, deve exercer constantemente vigilância sobre seus alunos, principalmente quando esses, ainda se tratam de crianças e adolescentes.
A palavra bullying, é de origem inglesa e está ligada a expressão: valentão. Refere-se a uma prática maldosa, reiterada e direcionada a um indivíduo com a intenção de humilhá-lo.
Nesse sentido, a pedagoga Cleo Fante, explica que o bullying é o desejo consciente e deliberado de maltratar uma ou outra pessoa e colocá-la sob tensão. Caracterizando-se pela intencionalidade e continuidade de ações agressivas contra a mesma vítima, sem motivos evidentes.
Ana Beatriz Barbosa Silva, médica com pós-graduação em psiquiatria pela UFRJ, evidencia que o bullying é um conjunto de atitudes de violência física e/ou psicológica, de caráter intencional e repetitivo, praticado por um bully (agressor) contra uma ou mais vítimas que se encontram impossibilitadas de se defender.
A partir desses conceitos constatou-se que o bullying é capaz de provocar conseqüências irreparáveis à integridade física e moral das vítimas, principalmente nas crianças e adolescentes, que são alvos em potencial por ainda não estarem maduras o suficiente a ponto de possuírem mecanismos psicológicos de defesa fortes o suficiente.
Segundo Cleo Fante, esse fenômeno é tão antigo, quanto a própria escola, porém, seus estudos iniciaram-se apenas na década de 1970 com o professor Dan Olweus, na universidade de Bergen-Noruega.
No Brasil, as pesquisas sobre o tema iniciam-se em 1997, pela professora Marta Canfield e seus colaboradores em quatro escolas de ensino público, em Santa Maria/RS, e em 2000/2001 as dos professores Israel Figueira e Carlos Neto em duas escolas municipais do Rio de janeiro.
Também no ano de 2000, foi realizada pela Associação Brasileira Multiprofissionais de Proteção a Infância e Adolescência (ABRAPIA, 2003) uma pesquisa em 11 escolas do município do Rio de Janeiro, contando com a participação de 5875 alunos de 5ª a 8ª séries. Os resultados mostraram que 40,5% desses alunos admitiram estar envolvidos em bullying. Ainda no ano de 2000, a já citada autora e grande pesquisadora do bullying no Brasil, Cleo Fante, inicia suas pesquisas, sendo seu primeiro estudo a cidade de Barretos/SP, onde entrevistou 430 alunos também de 5º a 8º série e 1º e 2º ano do ensino médio, e concluiu que 81% dos entrevistados se envolveram em algum tipo de conduta violenta naquele ano.
Essa autora incansavelmente continua com suas pesquisas sobre o tema em outras cidades do Brasil, e chegou à conclusão que o bullying acontece em todas as escolas brasileiras, embora, muitas delas neguem essa conclusão.
E no ano de 2010, um estudo conduzido pela ONG Plan, num levantamento com estudantes no ensino fundamental em escolas públicas e privadas, constatou que 10% dos entrevistados declaram ter sido alvo de bullying no ano de 2009, 17% já foram perseguidos pelos colegas na internet, 20% presenciam atos de violência com frequência, 28% dizem que sofreram “maus tratos” na escola, e a pior constatação nessa pesquisa é que 58% das escolas não acionam os pais das vítimas nem dos agressores, e que 80% não punem os autores de bullying. (SEGALLA, Nº16 p 33.)

Com base nas pesquisas, acima elencadas, podemos afirmar claramente, que a prática do bullying, não é algo novo, inerente a sociedade atual, no entanto, tem tomado maiores proporções nesses últimos anos, e essa afirmação é constatável diante dos noticiários que divulgam diariamente casos e mais casos de bullying.
Ademais, constatou-se, que as vítimas geralmente são crianças e adolescentes que se diferenciam das demais por ser tímida, por fugir do padrão do restante da turma, seja pela aparência física, pelo desempenho na escola etc.
E que os agressores, conhecidos como bullies, na maioria das vezes, fazem parte de uma família desestruturada onde a violência é encarada naturalmente e representa posição de poder.
Constantemente em nossos jornais e revistas esse tema tem sido destaque, isso porque, o bullying tornou-se algo rotineiro nas escolas, onde crianças e adolescentes de maneira escancarada estão cada vez mais se agredindo verbal e fisicamente, sem se preocupar com nenhum tipo de punição, isso porque, infelizmente muitas escolas ainda não tomam medidas necessárias para sanar o problema.
Toda essa repercussão, no entanto, tem ajudado para que cada vez mais as pessoas tenham conhecimento do assunto e de alguma forma tentem prevenir esse problema, capaz de deixar sequelas na vida adulta.
Como já salientado, mas necessário reafirmar, bullying escolar é:
Um conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas que ocorrem sem motivação evidente, adotado por um ou mais alunos contra outro(s), causando dor, angustia e sofrimento. Insultos, intimidações, apelidos cruéis, gozações que magoam profundamente, acusações injustas, atuações de grupos que hostilizam, ridicularizam e infernizam a vida de outros alunos levando-os a exclusão, além de danos físicos, morais e materiais, são algumas das manifestações do comportamento bullying. (FANTE, p 28.)

Essas manifestações agressivas ocorrem de maneira repetitiva, onde com certeza além do agressor e da vítima, existem testemunhas desse dano, que muitas vezes se omitem por medo de se tornarem a próxima vítima.
Recentemente, na data de 07 de abril de 2011, os brasileiros tiveram uma notícia estarrecedora, um jovem de 23 anos, chamado Wellington Menezes de Oliveira, por volta das 8h30m da manhã, entrou na Escola Tasso da Silveira onde estudava localizada no bairro Realengo, na cidade de Rio de Janeiro e começou a disparar contra os alunos presentes, matando 12 adolescentes com idade entre 12 e 14 anos, e em seguida se suicidando.
Em investigações policiais, descobriu-se que ele não tinha amigos e fora alvo de humilhações da classe. Sendo que aos 10 anos, foi lançado a uma lixeira pelos colegas. Um dos ex colegas de Wellington fez o seguinte comentário a revista Veja: “a gente o xingava de tudo, zoava até cansar”.
A polícia também descobriu um vídeo feito por Wellington onde ele afirmava que iria assassinar para expiar as humilhações que sofrera no colégio.
Não obstante o comentário acima se destaca que nos casos trágicos como o acima citado, os agressores geralmente já possuíam algum tipo de distúrbio psicológico, como por exemplo, a esquizofrenia, todavia, ao ser vítima de bullying, esse transtorno potencializou e levou o indivíduo a tomar atitudes violentas.
Os protagonistas envolvidos no fenômeno bullyng são: as vítimas, os agressores e os espectadores.
Os pesquisadores Fante e Pedra em seus estudos puderam traçar o perfil dos alunos que são na maioria das vezes vítimas de bullying, quais sejam, alunos com diferenças raciais, religiosas, opções sexuais, problemas no desenvolvimento, sotaque diferenciado, corpo fora do padrão estabelecido pela mídia, maneira de se vestir, dentre outros motivos.
Além do mais, o modelo capitalista que impera em nossa sociedade, cria dentro das crianças e adolescentes, uma fascinação pelo possuir, sendo o “ter” mais valorizado que o “ser”.
O simples fato de algum aluno não ter condições de se vestir, de maneira “adequada” para os agressores já é sinal de zombaria e desprezo.Salienta ainda, que o bullying não ocorre só entre alunos, mas também entre alunos e professores. Não têm sido raros os casos de alunos que colocam apelidos desrespeitosos em professores, e tentam de alguma forma tumultuar a aula com a finalidade de desestabilizar a conduta do professor.
Segundo o Jornal Folha de São Paulo, na data de 19 de setembro de 2008, três alunos de 12 a 15 anos, na cidade de Campinas/SP, colocaram cola de secagem rápida na cadeira de uma professora que sofreu queimaduras de primeiro grau nas pernas, após a cola ter corroído sua roupa e absorvido pela sua pele.
Outro caso é delineado no livro de Ana Beatriz, a seguir transcrito:
Fernando, um jovem de classe média, cursava o segundo ano do ensino médio e era um dos meninos mais populares do colégio. Perfil “gostosão-sarado”, cercado por garotas e por seus “discípulos”, não se furtava em fazer arruaças, zombarias e desafiar colegas e professores. Pouco dedicado aos estudos, suas notas sempre foram medíocres, e ele passava de ano com aqueles empurrõezinhos peculiares das “colas” e proteção de alguns profissionais da instituição. Quando ficou em recuperação em história, não obteve sucesso em suas negociações com o professor. Fernando não titubeou: passou a difamá-lo como pedófilo, declarando que ele assediava as crianças na escola. A notícia logo se espalhou pelos corredores, e circulava nas mensagens de celulares, na internet, pelo ti-ti-ti dos seus adeptos. Para que não houvesse “máculas” na reputação da escola nem problema com os pais de Fernando, a direção optou por demitir o professor. A vítima então reuniu todas as provas possíveis (testemunhas, documentos da internet, boletins de ocorrência) procurou a ajuda de um profissional da área jurídica e, hoje esta prestes a reaver não somente seus status de professor exemplar, mas principalmente sua dignidade aviltada. (SILVA p 170.)

Por outro lado, muitos alunos também são vitimas de seus professores, a propósito segue notícia desse tipo de bullying em nosso Estado:
A secretaria da educação de Mato Grosso instaurou um processo administrativo na data de 16 de março de 2011, com a finalidade de apurar a prática de bullying por parte de um professor chamado Wilhians Carlino da Costa, profissional da Escola Estadual Maria Eduarda Soldera, do Distrito de Aparecida Bela, em São José dos Quatro Marcos, cidade que fica a 315 km de Cuiabá/MT.
De acordo com a portaria publicada em Diário Oficial, o professor teria, em tese, alterado fotos de alunos deixando as imagens com aspecto grotesco e, até mesmo insinuativo e enviado essas fotos por mensagens de celular. Ele teria, ainda, mantido comportamento impróprio frente aos alunos, utilizando brincadeiras inadequadas para o ambiente escolar, com apelidos difamatórios. (GAZETA, 2011.)

É inadmissível essa atitude oriunda de um profissional que deveria ser exemplo de conduta para seus alunos.
Sobre o tema Ana Beatriz comenta:
Todo professor deve proceder de forma que seu comportamento sirva de exemplo para seus alunos. No entanto, por vezes, a escola se depara com circunstâncias em que o professor se destitui de suas obrigações e acaba criando situações que podem ameaçar constranger ou colocar em risco a integridade física e/ou psicológica de um estudante. Nesses casos, cabe a direção apurar os fatos e, se for confirmada a responsabilidade do profissional, deve aplicar-lhe as penas previstas no regimento da instituição. Se necessário, o caso deverá ser encaminhado a instâncias superiores. (SILVA, p 169.)

Quanto à classificação, as vítimas podem ser: vítimas típicas, vítimas agressoras e vítimas provocadoras.
Ana Beatriz Barbosa Silva conceitua esses três tipos de vítimas. Segundo a autora, as vítimas típicas são:
As vítimas típicas são alunos que apresentam pouca habilidade de socialização. Em geral são tímidas ou reservadas, e não conseguem reagir aos comportamentos provocadores e agressivos dirigidos contra elas.
Normalmente são mais frágeis fisicamente ou apresentam alguma “marca” que a destaca da maioria dos alunos: são gordinhas ou magras demais, altas ou baixas demais, usam óculos; são “Caxias”, deficientes físicos; apresentam sardas ou manchas na pele, orelhas ou nariz um pouco mais destacados, usam roupas fora da moda; são de raça, credo, condição socioeconômica ou orientação sexual diferentes. (SILVA, p 38.)

Desse conceito, percebeu-se então que a vítima típica é aquela criança ou adolescente extremamente tímido, inseguro, que não consegue impor-se a vontade do grupo, sendo alvo fácil de bullying, pois, não consegue reagir à tamanha violência.
De acordo com Ana Beatriz, a vítima agressora:
É aquela que faz valer os velhos ditos populares “bateu, levou” ou “ Tudo o que vem, volta”. Ela reproduz os maus-tratos sofridos como forma de compensação, ou seja, ela procura outra vítima, ainda mais frágil e vulnerável, e comete contra esta todas as agressões sofridas. Isso aciona o efeito “cascata” ou de círculo vicioso, que transforma o bullying em um problema de difícil controle e que ganha proporções infelizes de epidemia mundial de ameaça a saúde pública. (SILVA, p 42.)

Nesse mesmo sentido Cleo Fante identifica a vítima agressora:
É aquela que reproduz os maus-tratos sofridos. A vítima agressora é aquele aluno que, tendo passado por situações de sofrimento na escola, tende a buscar indivíduos mais frágeis que ele para transformá-los em bodes expiatórios, na tentativa de transferir os maus tratos sofridos. Essa tendência tem sido evidenciada entre as vítimas, fazendo com que o bullying se transforme numa dinâmica expansiva, cujos resultados incidem no aumento do número de vítimas. (FANTE, p 72.)

Como bem descrito pelas escritoras esse tipo de vítima faz com que esse mal cresça a cada dia assustadoramente, pois, em seu interior ela guarda uma mágoa tão profunda que a faz tornar-se agressora também, criando um efeito cascata que se não posto freio por pessoas que convivem ao seu redor, acabam por surgir episódios tristes como os retro citados, onde vítimas de bullying tornaram-se autoras de crimes bárbaros contra seus pares.
A vítima provocadora geralmente é aquela criança/adolescente que vive a mil por hora, que não consegue ficar quieto, como se estivesse plugado na tomada o tempo todo e que basta se frustrar com algo que acaba soltando um palavrão ou um empurrão ali.
Mais uma vez Ana Beatriz, conceitua esse tipo de vítima:
As vítimas denominadas provocadoras são aquelas capazes de insuflar em seus colegas reações agressivas contra si mesmas. No entanto, não conseguem responder aos revides de forma satisfatórias. Elas, em geral, discutem ou brigam quando são atacadas ou insultadas. Nesse grupo geralmente encontramos as crianças ou adolescentes hiperativos e impulsivos e/ou imaturos, que criam, sem intenção explícita, um ambiente tenso na escola, sem perceberem. As vítimas provocadoras acabam “dando tiro nos próprios pés”. Chamando a atenção dos agressores genuínos. Estes por sua vez, se aproveitam dessas situações para desviarem toda a atenção para a vítima provocadora. Assim, os verdadeiros agressores continuam incógnitos em suas táticas de perseguição. (SILVA, p 40.)

De maneira sucinta, Cleo Fante também explica sobre essa vítima:
É aquela que provoca e atrai reações agressivas contra as quais não consegue lidar com eficiência. A vítima provocadora possui um “gênio ruim” tenta brigar ou responder quando é atacada ou insultada, mas geralmente de maneira ineficaz. (FANTE, p 72.)

Esse tipo de vítima no ambiente escolar acaba por chamar a atenção dos professores, que por inexperiência ou falta de atenção, atribuem a esses os motivos de violência na escola, quando na verdade os verdadeiros agressores acabam não aparecendo, ou seja, se escondem atrás dessas vítimas e ficam impunes.
O agressor é aquele que procura humilhar os mais fracos, buscando encontrar as “diferenças” em seus colegas para ridicularizá-los.
Na verdade os bullies, como são conhecidos os agressores no bullying, são pessoas problemáticas, covardes, mascarados de valentões.
A pedagoga Cleo Fante explica sobre os agressores:
Frequentemente é membro de uma família desestruturada, em que há pouco ou nenhum relacionamento afetivo. Os pais ou responsáveis exercem supervisão deficitária e oferecem comportamentos agressivos ou violentos como modelos para solucionar conflitos. (FANTE, p 73.)

O pior sentimento que pode fazer parte ainda do agressor é ausência de culpa ou remorso pelos atos cometidos contra o seu próximo.
Os espectadores são alunos que testemunham o bullying, e que apesar de não concordarem com o ato, preferem ficar em silêncio, pois, o medo de tornarem-se futuras vítimas de chacotas os faz calar, não denunciando os fatos aos seus pais, professores ou responsáveis.
Cleo Fante os define como:
É o aluno que presencia o bullying, porém, não o sofre nem o pratica. Representa a grande maioria dos alunos que convive com o problema e adota a lei do silêncio por temer se transformar em um novo alvo pra o agressor. Mesmo não sofrendo as agressões diretamente, muitos deles podem se sentir inseguros e incomodados. (FANTE, p 73-74.)

É importante frisar, que muitos espectadores apesar de não participar ativamente da prática do bullying, manifestam-se através de risadas e comentários. Cada aluno envolvido com essa prática acaba com o tempo demonstrando um pouco mais de sua personalidade, e por isso a observação no comportamento dos estudantes é de suma importância para a repressão e principalmente para a prevenção do bullying escolar.
De acordo com o estudioso Dan Olweus para que um aluno possa ser identificado como vítima ou agressor, pais e professores devem se ativer nas seguintes situações: a vítima geralmente se isola do grupo ou procura estar perto de alguém que a possa proteger; seu comportamento durante as aulas é de maneira retraída, sentindo grande dificuldade em emitir opiniões ou perguntar algo ao professor; apresenta faltas freqüentes, pois, seu maior desejo é estar distante daqueles que tanto a machucam; quando participam de jogos ou atividades que envolvem colegas, quase sempre é deixada de lado; diariamente mostram-se comumente tristes, deprimidas e ansiosas; em casos mais dramáticos, apresentam hematomas, arranhões, cortes, ferimentos, roupas rasgadas de forma não natural; em casa, sempre reclamam de dor de cabeça, dor no estômago, perda de apetite, insônia etc.; freqüentemente apresentam-se irritadas, sonolentas e com ar de infelicidade permanente, o stress vivenciado pelas vítimas ocasiona baixa imunidade, o que acaba por debilitar o organismo, predispondo-o a várias enfermidades.
Quanto aos agressores, tanto pais como professores devem estar atentos naqueles alunos que começam com brincadeiras de mau gosto, rindo de modo hostil do colega. Gostam de colocar apelidos pejorativos, a fim de insultar, difamar e constranger a vítima frente aos outros colegas. Adoram fazer ameaças aos seus colegas, e sempre estão envolvidos em empurrões, pontapés, tapas, beliscões, puxada de cabelo ou de roupa. Em casa, costumam sempre querer desafiar seus pais ou responsáveis, não respeitando a hierarquia, como a diferença de idade ou de força física entre seus familiares.
As conseqüências que esse mal acarreta a todos os envolvidos são terríveis, principalmente as vítimas. Essas conseqüências muitas vezes ultrapassam o período escolar, perdurando na vida adulta, o que acaba por prejudicar esse indivíduo em todas as suas relações, como por exemplo, no trabalho, na constituição de uma família, na criação dos filhos, enfim no meio onde vive.
Com grande experiência nesse assunto, a já citada Dra. Ana Beatriz, informa que a prática de bullying pode trazer prejuízos irreversíveis a saúde mental das vítimas, sendo que os problemas mais comuns são os sintomas psicossomáticos, os transtornos do pânico, fobia escolar, fobia social, transtorno de ansiedade generalizada, depressão, anorexia, bulimia, transtorno obsessivo compulsivo, transtorno do estresse pós-traumático, esquizofrenia e as piores conseqüências de todas: o suicídio e o homicídio.
De acordo com Cleo Fante, a superação dos traumas causados pelo bullying, poderá ou não ocorrer, e ainda afirma:
A não superação do trauma poderá desencadear processos prejudiciais ao seu desenvolvimento psíquico, uma vez que a experiência traumatizante orientará inconscientemente o seu comportamento, mais para evitar novos traumas do que para buscar sua auto superação.
Isso afetará seu comportamento e a construção de seus pensamentos e de sua inteligência, gerando sentimentos negativos e pensamentos de vingança, baixo autoestima, dificuldade de aprendizagem, queda do rendimento escolar, podendo desenvolver transtornos mentais e psicopatologias graves, alem sintomatologia e doenças de fundo psicossomático, transformando-a em um adulto com dificuldades de relacionamento e com outros graves problemas. (FANTE, p 79.)

Concluiu-se dessa forma que é indiscutível, portanto, que essa violência atinge brutalmente suas vítimas, devendo urgentemente essa prática ser combatida pelos danos tanto físicos, quanto morais a que as vítimas são submetidas.


CONSIDERAÇÕES FINAIS


A palavra de origem inglesa, bullying, que se refere a condutas maldosas que visam prejudicar outro individuo, não está adstrita ao âmbito escolar, embora, nesse trabalho de conclusão do curso procurou-se tratar especialmente sobre o bullying escolar.
Não obstante o bullying escolar estar em evidência na mídia, em conformidade com as pesquisas realizadas, a maioria das escolas ainda não adotou medidas imprescindíveis a fim de evitar e punir essa prática. Para evitar o bullying é preciso que a entidade familiar, em conjunto com as escolas valide os princípios de respeito desde cedo, dificilmente alguma pessoa consegue passar pelo bullying sem levar marcas por toda a vida, sendo que o bullying pode gerar conseqüências irreversíveis.
É oportuno consignar que estamos em um país onde a Constituição Federal assegura como garantia fundamental a proteção a intimidade a honra e a imagem das pessoas, principalmente quando se trata de crianças e adolescentes que também estão amparados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Aliado a essa garantia está o anseio da vítima em obrigar o agente causador do dano a repará-lo, e inspira-se no desejo de justiça, que está presente na natureza do homem, notadamente quando o prejuízo foi causado.
O enfoque do trabalho procurou-se esclarecer a respeito do bullying escolar, traçar um paralelo entre responsabilidade da família e dos educadores, enfim, se a sociedade ensina à criança formas não agressiva de lidar com conflitos, onde há cooperação e uma resolução efetiva de problemas, ela vai procurar transferir estas práticas para seu convívio social mais amplo. Quando, ao contrário, o ambiente em que vive ensina-lhe a resolver conflitos através da agressão e da coerção, ela aprende que o uso do poder é a melhor forma de resolver seus problemas. As práticas educativas como disciplina inconsistente, pouco envolvimento dos pais e falta de supervisão levam ao desenvolvimento da agressão.
Quando nos referimos à responsabilidade objetiva ou a responsabilidade subjetiva dos pais ou das escolas, estamos tratando de maneiras diferentes de enfocar a obrigação de reparar o dano. Assim, denomina-se subjetiva a responsabilidade que se inspira na idéia de culpa, e objetiva quando esteada na teoria do risco.
Ao finalizar este Artigo, concluiu-se que, a responsabilidade das escolas, sejam elas públicas ou particulares, remuneradas ou graciosas, devem responder por qualquer mal que possa ser infringido ao aluno durante o período em que os mesmo estejam à disposição do estabelecimento de ensino. Por fim, quando os pais encaminham seus filhos para escola, acreditam que estes estarão na extensão de sua casa, onde os professores e demais colaboradores da escola, devem cuidar desses menores com todo cuidado e diligência.


REFERÊNCIAS


BRISO. Caio Barreto. BORGES, Helena. O massacre de Realengo. Revista Veja nº 15, edição 2212. P. 83-84.

FANTE, Cleo. Fenômeno Bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. Campinas: Verus, 2005.

Professor é acusado de Bullying. Gazeta Digital. Disponível em <http://www.gazetadigital.com.br/digital.php?codigo=104618&GED=7039&GEDDATA=2011-03-16&UGID=21e3cd260086c84e47de8a5fe7927c82>. Acesso em 25 abril 2011.

ROSSATO. Luciano.;LÉPORE, Paulo Eduardo; CUNHA, Rogério Sanches. Estatuto da criança e do adolescente comentado. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010.

SEGALLA, Vinicius. Bullying, dor solidão e medo. Revista Veja: São Paulo, ano 44, nº 16, pág. 33, abr. 2011.

SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying: Mentes Perigosas nas Escolas. Rio de Janeiro: Fontanar, 2010.