INCLUSÃO ESCOLAR DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E OS DESAFIOS ENCONTRADOS PELOS DOCENTES
Elizabete Teixeira da Silva Alves Reis
Lohana Lara Luz Fernandes
Tatiane Siqueira Barrozo Cozer
RESUMO
A Inclusão de alunos que apresentam necessidades educacionais especiais vêm mobilizando a sociedade e toda comunidade escolar frente a este novo modelo de escola, onde todos os alunos devem estar incluídos nas salas de aulas do ensino regular. Esse movimento faz com que a escola reflita sobre princípios desse novo paradigma, que vai desde a convivência com esses alunos em um mesmo espaço até uma mudança na organização de todo o trabalho pedagógico da escola. O presente trabalho teve como objetivo evidenciar a importância da inclusão escolar do aluno com Deficiência Intelectual e também demonstrar os desafios encontrados pelos docentes. Concluímos que, o aluno com deficiência intelectual apresenta diversas dificuldades de aprendizagem, e para que ocorra seu desenvolvimento é necessário que haja atividades adaptadas de acordo com a dificuldade de cada um, fazendo assim necessário a formação inicial e continuada dos professores, bem como o apoio de toda a comunidade escolar, familiar e social.
Palavras-chave: Inclusão Escolar. Deficiência Intelectual. Desafios dos docentes.
SUMMARY
The inclusion of students with special educational needs has been mobilizing society and the whole school community in front of this new model of school, where all students must be included in the regular classrooms. This movement makes the school reflect on the principles of this new paradigm, which goes from the coexistence with these students in the same space until a change in the organization of all the pedagogical work of the school. The present work had as objective to highlight the importance of the school inclusion of the student with Intellectual Disability and also to demonstrate the challenges encountered by the teachers. We conclude that the student with intellectual disability presents several learning difficulties, and for their development to take place, there must be adapted activities according to the difficulty of each one, thus necessitating the initial and continued formation of the teachers, as well as the support of the entire school, family and social community.
Keywords: School Inclusion. Intellectual Disability. Challenges of teachers.
Introdução
A deficiência intelectual, de todas as deficiências, é a mais frequente e a mais grave de todos, por afetar o indivíduo no que ele tem mais precioso: a sua inteligência. Pensando nisso, essa pesquisa foi realizada com o intuito de demonstrar a importância da inclusão escolar do aluno com Deficiência Intelectual e também demonstrar os desafios encontrados pelos docentes.
A educação inclusiva tem trazido à tona várias discussões no âmbito dos contextos educacionais, sendo uma área que deve estar sempre em busca de novos caminhos e possibilidades para garantir a melhor qualidade de vida de sua clientela. As pessoas inseridas na chamada classe dos deficientes firmam critérios únicos e acabam por se tornarem catalogados a trabalhos e ações especificas as suas necessidades deixando de lado as suas reais transformações nas práticas sociais (RODRIGUES, 2003).
A inclusão escolar de alunos com deficiências precisa evidenciar as especificidades existentes em cada educando, e que devem ser sempre consideradas, porém é preciso alertar para o dever da realização de políticas públicas e seguimentos que preservem e interfiram nas diversas áreas que constitui o desenvolvimento humano (MANTOAN, 2003).
Para falar de inclusão escolar é preciso buscar o sentido que se está atribuindo à educação, além de atualizar nossas gerações e resignar o processo de criação de todo o individuo, entendendo a sua dificuldade e a grandiosidade que envolve esta questão. A inclusão depende da transição de valores da sociedade que precisa estar apta a presenciar um novo paradigma, um novo olhar as dificuldades das pessoas como um todo; essas mudanças não podem vir conceituadas como se fossem uma lista de recomendações ou uma bula de remédios, mas precisa sim haver uma observação mais aprofundada dos educadores, gestão escolar, pais, alunos e comunidade, afinal não é uma questão tão simples assim, devemos sempre levar em conta as diferenças de cada ser em si.
Jamais ocorrerá a inclusão se a sociedade se sentir no direito de eleger quais as deficiências que poderão ser incluídas, existe a necessidade das pessoas falarem por si mesmo, pois somente cada um sabe realmente daquilo de que necessita suas expectativas e dificuldades, porém não basta ouvi-los, é necessário preconizar e expandir influências que venham converter as maneiras de pensar na própria inclusão.
Para alcançar os objetivos propostos, utilizou-se de pesquisa bibliográfica, apresentando um resumo de literatura e conceitos existentes sobre o tema.
Desenvolvimento
O Ministério da Educação junto a Secretaria de Educação Especial apresenta uma Política Nacional para Educação Especial na representação da Educação Inclusiva, acompanha as pesquisas e avanços do conhecimento e das lutas sociais, contribuindo com as políticas públicas a fim de promover uma educação de qualidade para todos os alunos.
As dificuldades enfrentadas nos sistemas de ensino mostram a necessidade de limitar as práticas de tratamento desigual e criar possibilidades de mudanças na educação inclusiva, assumindo controle central em debate para que a escola assuma o papel na reformulação com lógica sobre a exclusão.
Com embasamento nos referenciais curriculares da educação, construindo um sistema educacional inclusivo, sendo competência das escolas cuidarem da organização curricular com mudanças culturais e estruturais a ser desenvolvido dentro da escola e nas salas de aula, atendendo assim todas as necessidades dos alunos. (UNESCO, 1948).
A Lei de Diretrizes e Bases (LDB 9394/96) relata sobre o movimento mundial pela educação inclusiva é uma ação política, cultural, social e pedagógica, desencadeada em defesa do direito de todos os alunos de estarem juntos, aprendendo e participando, sem nenhum tipo de discriminação. A educação inclusiva constitui um paradigma educacional fundamentado na concepção de direitos humanos, que conjuga igualdade e diferença como valores indissociáveis, e que avança em relação à ideia de equidade formal ao contextualizar as circunstâncias históricas da produção da exclusão dentro e fora da escola.
Na concepção de Lacerda (p.167, 2006) a inclusão escolar é vista como um processo dinâmico e gradual, que pode tomar formas diversas e depender das necessidades dos alunos, já que se pressupõe que essa integração/inclusão possibilite, por exemplo, a construção de processos linguísticos adequados, de aprendizado de conteúdos e de uso social da leitura e escrita, sendo o professor responsável por mediar e incentivar a construção do conhecimento por meio da interação com ele e com os colegas.
A educação inclusiva é um exercício educacional humanístico, democrático, amoroso, porém não caridoso, perceber o sujeito em suas especificidades e ter como intuito o crescimento, a satisfação pessoal e a inserção social de todos. A concepção da inclusão manifestou-se em 1994, com a Declaração de Salamanca, com o propósito de que as crianças com necessidades educacionais especiais sejam incluídas em escola de ensino regular, a finalidade certifica um avanço da cultura ocidental, resguardando que nenhuma criança possa ser isolada das outras por ter algum tipo de deficiência. (RODRIGUES, 2003).
Foi por meio da Declaração de Salamanca que surgiu o termo necessidades educativas especiais que veio permutar o termo “criança especial”, termo anteriormente usado para nomear uma criança com deficiência. Todavia este termo não se relaciona apenas as pessoas com deficiência, abrangendo também todas e quaisquer necessidades consideradas desconformes e que precisam de interpelação característica por parte das instituições; em um mundo cheio de inseguranças o ser humano busca a sua conformidade e, por vezes, chega mesmo a sondar incorporar-se na sociedade que esta a sua volta, ficando por vezes perdido em um mundo que não lhe pertence.
A Lei de Diretrizes e Bases (LDB 9394/96) em seu Capitulo V, artigo 58, vem intensificar a Declaração de Salamanca, em atenção à modalidade da educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para os alunos portadores de necessidades especiais. Após cinco anos, em 1999, foram os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) que fizeram adaptações no currículo regulamentando o ensino para portadores de necessidades especiais. Em 2001 surgiram as Diretrizes Nacionais da Educação Especial e em 2002 na Declaração de Madri ficou instituído que a deficiência é uma questão de direitos humanos. As pessoas com deficiência têm os mesmos direitos humanos que os demais cidadãos, e tem o direito de buscar por oportunidades iguais e serem valorizados por suas qualidades e especificidades. Segundo Glat e Nogueira (2002, p.26):
Vale sempre enfatizar que a inclusão de indivíduos com necessidades educacionais especiais na rede regular de ensino não consiste apenas na sua permanência junto aos demais alunos, nem na negação dos serviços especializados àqueles que deles necessitem. Ao contrario implica uma organização do sistema educacional, o que acarreta a revisão de antigas concepções e paradigmas educacionais na busca de se possibilitar o desenvolvimento cognitivo, cultural e social desses alunos, respeitando suas diferenças e atendendo suas necessidades.
Estamos cientes de que o oficio da educação inclusiva nunca foi e nem tão pouco será uma tarefa fácil, um dos maiores impasses é a falta de preparação dos profissionais envolvidos e que não estão capacitados para assumir este papel. Além de educadores despreparados, as instituições de ensino não contam com uma estrutura adequada no que diz respeito ao espaço físico e didático, para receberem estes alunos.
Devemos levar em conta, que apesar dos esforços governamentais em assegurar o ingresso e a matricula a todos os alunos que apresentam condições de frequentar a escola, isto não garante a universalização do ensino fundamental; assegurar a Educação Inclusiva é esperar que sejamos capazes de colaborar para uma construção social, proporcionar a possibilidade de se procurar alternativas de conservação do aluno na escola, elevando sua autoconfiança e autonomia, eliminando em definitivo a exclusão, reconhecer que somos diferentes, e que devemos ter as mesmas oportunidades de se obter uma vida digna, possibilitando a cada individuo exercer o seu papel na sociedade, enquanto cidadãos.
Deficiência Intelectual
A Deficiência Intelectual (DI) antigamente era conhecida como retardo mental, cujo suas características se dão por limitações nas habilidades mentais, habilidades essas que estão diretamente ligadas à inteligência, como atividades que envolvem raciocínio, planejamento e resolução de problemas. Nossa inteligência é avaliada por meio de um quociente de inteligência (QI) que são resultados obtidos por testes padronizados, testes estes que em pessoas com (DI) esta abaixo do nível de referência. (PAN, 2008).
Há estudos de que crianças com deficiência intelectual em sua maioria são segregadas ou deixadas à margem da escolarização, uma vez que pais, professores e educadores trazem consigo o paradigma de que elas possuem incapacidade para aprender e, portanto não deveriam estar numa sala de ensino regular.
Os deficientes intelectuais manifestam atraso mais ou menos intenso em todas as áreas do desenvolvimento, com maior ou menor ênfase nos distúrbios mentais ou motores. Estes distúrbios estão frequentemente associados, mas não se manifestam com igual intensidade. Uma criança pode ter problemas motores importantes e deficiência intelectual menos intensa.
De acordo com Braga (2010) a deficiência intelectual é caracterizada por limitações tanto no funcionamento intelectual quanto no comportamento adaptativo, que são expressos nas habilidades conceituais, sociais e práticas.
E possuem limitações significativas em algumas áreas de habilidades, tais como:
- Habilidades ligadas à linguagem, leitura, escrita, raciocínio, conhecimento e memória;
- Controle de dinheiro, cuidados pessoais, aprendizagem e autogestão em situação da vida, e
- Habilidades sociais e interpessoais.
Pan (2008) diz que a pessoa com (DI) apresenta dificuldades de aprendizagem, de entendimento e de realização de atividades comuns na visão de outras pessoas, e uma de suas características é que ela se comporta como se tivesse menos idade do que realmente tem.
Para se considerar uma pessoa com deficiência intelectual, é necessário haver comprometimento tanto na questão cognitiva da criança/ adulto como na questão adaptativa, pois se houver incapacidades em apenas em uma das questões, não se considera como deficiente intelectual. (SASSAKI, 1999)
As maiores dificuldades que os deficientes intelectuais enfrentam estão relacionados à descoberta de novos conhecimentos, aptidões e nas resoluções de problemas. Sendo assim, cada pessoa que tem a deficiência intelectual tem suas próprias dificuldades, tendo maior ou menor autonomia em situações do dia-a-dia.
A Atuação do professor na inclusão escolar
A figura do educador é de suma importância no processo de ensino aprendizagem, pois é ele quem faz a ligação do conhecimento com o aluno, buscando na qualificação a melhor forma de lecionar aos alunos, tanto com o conhecimento das diversas matérias, quanto às práticas pedagógicas.
A inclusão escolar é vista como um processo dinâmico e gradual, que pode tomar formas diversas a depender das necessidades dos alunos, já que se pressupõe que essa integração/inclusão possibilite, por exemplo, a construção de processos linguísticos adequados, de aprendizado de conteúdos acadêmicos e de uso social da leitura e da escrita, sendo o professor responsável por mediar e incentivar a construção do conhecimento através da interação com ele e com os colegas (LACERDA, 2006, p.167).
Com a inclusão de alunos com necessidades especiais em turmas regulares, verificamos uma ligeira e evidente contextualização histórica da educação inclusiva, onde é necessário aclarar as necessidades educacionais especiais, entendendo as demandas, associando-se com as características individuais de cada educando, é preciso estar sempre atento às diferenças para que estas crianças não sejam inferiorizadas e que seus contextos históricos e culturais sejam preservados.
É notável a precariedade da formação inicial e continuada dos professores da sala comum, pois muito não tem se quer conhecimentos específicos, naufragando-se no insucesso.
Conforme Silva e Vizim (2001, p.180), relata que:
Os educadores de maneira geral, tanto os de ensino especial como os do ensino comum, veem-se como pertencentes a mundos distintos, como se a definição da clientela descaracterizasse o conceito universal do educar. Isso, sem dúvida, traz fortes consequências para a relação da educação especial como área da Educação, uma vez que o caráter de grupos excludentes dentro da Educação adquire uma tendência de marginalidade aos modos de se viver socialmente, tendência essa imposta pelas formas “normais” de vida social.
O educador é a chave de sucesso do educando em sala de aula e por isso deve estar sempre à procura de meios de conhecimento para a adaptação ao aluno e suas especificidades, reconhecendo a diferença entre as pessoas e as necessidades de atendimento as individualidades e peculiaridades de cada um. (SILVA E VIZIM, 2001).
Neste contexto, é importante destacar a relevância da sala de recurso e da professora de apoio, onde a sala de recurso proporciona alguns recursos que servem para auxiliar o educando no processo de ensino e aprendizagem, e a professora de apoio vem para somar e contribuir neste ensino, fazendo todas as adaptações de acordo com a necessidade de cada aluno.
Quando falamos em educação para todos, isso nos permite dizer que é preciso que esse direito seja cumprido em obrigação de matricular e manter este aluno na escola, essa por sua vez precisa ser um espaço de aprendizagem para todos. A escola precisa estar sempre em busca do seu aprimoramento pedagógico, dos procedimentos avaliativos institucionais e de aprendizagem de seus alunos.
Os professores precisam estar sempre em busca de capacitação para estarem aptos a analisar os domínios de conhecimento atuais dos educandos, e as diversas privações de suas técnicas de ensino, bem como, com base pelo menos em suas referências, elaborar atividades, criar ou adaptar materiais, além de prever formas de avaliação para a sua clientela, as referências instiguem o melhoramento de suas aulas e o aperfeiçoamento ao suporte escolar de qualidade. (SILVA E VIZIM, 2001).
Quando falamos na atuação do professor, esperamos que seja um exercício de união mútua, abrangendo a escola como um todo, que provera os recursos necessários, bem como o apoio de toda a comunidade escolar, familiar e social; reconhecendo o apoio necessário para administrar suas aulas com qualidade e diversidade.
Considerações Finais
Em primeiro plano, com base nos estudos realizados para elaboração deste trabalho, conclui-se que ainda existem muitas barreiras para um ensino de qualidade para os alunos com deficiência intelectual no ambiente escolar, devendo a escola estar preparada para atendê-los, oferecendo oportunidade para que a criança possa desenvolver suas habilidades, ser respeitada e ter direitos e deveres igual a todos.
Constatou-se também que a família é um instrumento muito importante na vida dessas crianças, a aceitação e a rápida procura de apoio, ajudam no desenvolvimento delas, ainda mais se for uma escola inclusiva, onde realmente ocorra a verdadeira inclusão, e não apenas a inserção. Por isso, família e escola devem andar sempre juntas, todos com os mesmos objetivos, que é aceitar, conviver com as diferenças de forma natural e, o principal, amar essas crianças.
Diante do desafio de incluir os alunos com deficiência intelectual faz-se necessário um trabalho pautado na realidade e na garantia da qualidade da oferta dos serviços educacionais. A escola, juntamente com o órgão gestor, precisa buscar alternativas capazes de atender a todos que a procuram, de acordo com suas necessidades, logo, não pode existir contradição entre o acesso à escola e o tipo de serviço por ela proporcionado.
A busca pela educação de qualidade faz parte da luta atual, e a escola deve assumir a busca do seu aprimoramento pedagógico, dos procedimentos avaliativos institucionais e de aprendizagem, para que consiga atender as necessidades de todos os alunos.
Por derradeiro conclui-se que uma escola para ser inclusiva precisa assegurar a qualidade de ensino a cada um de seus alunos, identificando e honrando a diversidade e respondendo a cada um de acordo com suas potencialidades, além de conceder a possibilidade e o desenvolvimento das competências no exercício da cidadania.
REFERÊNCIAS
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