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CONSTRUINDO NOVOS CAMINHOS PARA O ATENDIMENTO AS NECESSIDADES ESPECIAIS DE ALUNOS PORTADORES DE DEFICIÊNCIA

Fabrícia Becker Vendruscolo
Sandra de Assis Dutra Dias
Artigo apresentado ao IMP

RESUMO
O objetivo deste estudo foi pesquisar a importância da educação especial para a formação e desenvolvimento de crianças portadoras de deficiência física e mental nas escolas de ensino regular, pois o simples fato de se referir a pessoas com deficiência e seu direito a educação, faz com que surja de imediato, a noção de que é uma diferenciação mais que válida, necessária, de tão acostumados que todos estão a identificar tais pessoas como titulares de um ensino especial. Mas prossigo com um grande desafio, que coloca em xeque o costume de associar as pessoas com deficiência a um ensino diferente e apartado, porque as soluções que podem surgir disso, além de garantir às pessoas com deficiência o seu direito á igualdade, talvez sejam uma contribuição para a melhoria da qualidade do ensino em geral.
Palavras-chave: educação especial, deficiência e diferenciação.
ABSTRACT
The purpose of this study was to investigate the importance of special education for the training and development of children with physical and mental disabilities in regular schools, since simply referring to people with disabilities and their right to education, causes the notion that it is a differentiation more than valid, necessary, so accustomed that all are identifying those people as holders of special education. But I have a great challenge, which calls into question the practice of associating people with disabilities with a different and separate teaching, because the solutions that can arise from this, besides guaranteeing the disabled the right to equality, may be a contribution to improving the quality of teaching in general.
Key words: special education, disability and differentiation.

1. INTRODUÇÃO

Muito embora o preconceito e a falta de conhecimento das leis ainda impeçam o acesso à escola de crianças com necessidades educacionais especiais as pesquisas demonstram avanços visíveis no número de matrículas relativas a essa área segundo o conceito estabelecido pela organização das nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura (Unesco), todos os alunos com problemas de aprendizagem devem representar para os mestres desenvolverem estratégias e novos caminhos para o ensino. Em vez de serem enfatizadas as suas dificuldades, inclusive as de adaptação ao meio escolar, merecem serem observadas e avaliadas suas capacidades, para que sejam estabelecidos os melhores meios no sentido de desenvolvê-las a aprendizagem é realizada com sucesso se a capacidade de assimilação, reorganização e acomodação, estiverem íntegras, assim vão se dando as aquisições ao longo do tempo. Estes processos acontecem para que o indivíduo esteja sempre adquirindo novas informações, assim quando se depara com um dado novo, para a internalização do mesmo a criança deve reorganizar as aquisições já adquiridas, para acomodar os novos conhecimentos sendo por este processo que a linguagem e a cognição se desenvolvem.
“As limitações e o preconceito da criança com deficiência tendem a tornar-se uma barreira a seu aprendizado”.
“De que forma a comunidade escolar e os docentes podem interagir para sanar essas dificuldades encontradas nas salas de aula com a inclusão de crianças com algum tipo de deficiência?”.
O presente trabalho de pesquisa provém da necessidade de rever os conceitos de nós como professores em relação à educação inclusiva de alunos portadores de deficiência física e mental construindo novos caminhos que sejam condizentes com os nossos desejos a anseios, e traz os seguintes objetivos:
• Investir os novos caminhos o propor desafios para o desenvolvimento e a aprendizagem dos alunos portadores de deficiência física e mental na sala de aula do ensino regular;
• Verificar a participação efetiva de alunos portadores de deficiência física nas atividades escolares;
• Avaliar a aprendizagem cooperativa e participativa de alunos portadores de deficiência na sala de aula regular, conforme sua especificidade;
• Identificar as necessidades específicas do aluno com deficiência, tornando cuidado para não rotulá-los;
• Estudar as alternativas e criatividades para que o aluno portador de necessidades especiais realize o que deseja e precisa para o seu desenvolvimento e aprendizado;
• Verificar se existe a participação e apoio à aprendizagem de alunos portadores de deficiência nas escolas de ensino regular;
• Refletir sobre como as limitações, o preconceito, as expectativas e as práticas docentes condicionam o comportamento e a aprendizagem de alunos portadores de necessidades educacionais especiais como à deficiência física e mental;
Optei por esse tema devido ao grande empenho que tenho na área da educação especial e por defender com muita garra a educação inclusiva nas escolas comuns; são de suma importância para a formação de futuros professores como nós, pois para atuar na educação especial, o professor deve ter como base da sua formação, inicial e continuada, conhecimentos gerais para o exercício da docência e conhecimentos específicos da área. Pois as limitações do indivíduo com deficiência ainda tendem a tornar-se uma barreira a seu aprendizado devido à falta de formação dos professores que atuam no ensino regular para atender a esses alunos em sua sala de aula e, no entanto deixam-nos em um canto da sala sem terem nada para fazer e acabam perdendo o interesse pela escola.
É importante salientar que a presença de uma deficiência não implica necessariamente em incapacidade. Por exemplo, uma criança com dificuldade física ou mental pode ler e escrever só depende da habilidade e paciência do professor para trabalhar a leitura e escrita com essas crianças. Por outro lado qualquer pessoa pode, em algum momento, ser incapaz de realizar uma atividade devido a fatores ambientais, culturais ou socioeconômicos.
A revisão conceitual que vem sendo feita em direção à educação inclusiva se situa em dois níveis: por um lado, na dimensão individual, em que conceitos fixados no deficit da criança com necessidades especiais são alterados, e, por outro, a ruptura com um sistema segredador, do escolar ao das instituições sociais como um todo. Esta resignação demanda um referencial teórico suficientemente coeso e apropriado, o que encontramos nas colaborações conceituais do psicólogo russo Lev S. Vygotski (1896 – 1934), o qual explanamos e trazemos para o recorte de analise do projeto de inclusão escolar.
O presente trabalho de pesquisa também busca apresentar e discutir o uso de diferentes materiais e acesso, disponibilizados para a construção da autonomia, aprendizagem, desenvolvimento e inclusão social de alunos com necessidades educacionais e especiais, analisando e descrevendo principalmente recursos simples, acessíveis e de baixo custo, porém de alta funcionalidade.
Conforme foram ocorrendo várias mudanças nas formas organizacionais da vida escolar a atenção às crianças com deficiência passou a ser uma preocupação da sociedade, tanto pela força de trabalho que representava, quanto pelos preconceitos morais e religiosos dos grupos sociais.

2. DEFICIÊNCIA MENTAL
Segundo descreve Ferreira, na obra miniaurélio, o termo deficiência significa falta, carência ou insuficiência. Assim podemos entender por deficiência mental a insuficiência funcional das funções neurológicas.

O conceito de deficiência mental apoia-se, basicamente em três idéias que têm sido utilizadas para definir este termo. É essencial examiná-las do ponto de vista interativo. A primeira diz respeito ao binômio de desenvolvimento – a aprendizagem (...) a segunda idéia, se refere aos fatores biológicos (...) a última tem a ver com o ambiente físico e social (...). (SCHWARTZ MAN, 1999:243).

Os três conceitos que o autor se refere podem ser explicados com bases das atividades mentais. Na verdade o cérebro de uma criança recém-nascida possui capacidade de aprendizagem, no entanto, estas serão desenvolvidas através da internalização de estímulos e esta se dá através da aprendizagem e está intimamente associada aos fatores biológicos, como integridade orgânica e ainda sofre influências diretas dos fatores ambientais e sociais.
A criança portadora de deficiência mental tem idade cronológica diferente da idade funcional, desta forma, não devemos esperar uma resposta idêntica à resposta das ‘’normais’’, que não apresentam alterações de aprendizagem. Esta deficiência decorre de lesões cerebrais e desajustes funcionais do sistema nervoso.O professor especializado valoriza as reações afetivas de seus alunos e estar atento ao seu comportamento global. Para solicitar recursos mais sofisticados com a revisão médica ou psicológica. E outro fato de extrema importância na educação especial é de que o professor considere o aluno como uma pessoa inteligente, que tem vontades e afetividades e estas devem ser respeitadas, pois o aluno não é apenas um ser que aprende. Segundo Mills (apud SCHWARTZMAN, 1999:233);

“a educação da criança é atividade bastante complexa, pois exige adaptações de ordem curricular que requerem cuidadoso acompanhamento dos educadores e pais. Freqüentar a escola permite que a criança especial adquira progressividade, conhecimentos, cada vez mais complexos que serão exigidos pela sociedade e cujas bases são indispensáveis para a formação de qualquer indivíduo”.

A deficiência mental constitui um impasse para o ensino na escola com e para a definição do atendimento educacional especializado, pela complexidade do seu conceito e pela grande quantidade e variedade de abordagens do mesmo.
A dificuldade de diagnosticar a diagnosticar a deficiência mental tem levado a uma série de revisões do seu conceito. A medida do coeficiente de inteligência (QI), por exemplo, foi utilizada durante muitos anos como parâmetro de definição dos casos. O próprio CID 10 (Código Internacional de Doenças), desenvolvido pela organização mundial de saúde, ao especificar o Retardo Mental (F70 – 79), propõe uma definição ainda baseada no coeficiente de inteligência, classificando-o entre leve, moderado e profundo, conforme o comprometimento, também inclui vários outros sintomas de manifestações dessa deficiência, com ‘’dificuldade de aprendizado e comprometimento do comportamento’’, o que coincide com outros diagnósticos de áreas diferentes.
O diagnóstico da deficiência mental não se esclarece por supostas categorias e tipos de inteligência, teorias psicológicas desenvolvimentistas, como as de caráter sociológicas, antropológicas têm posições assumidas diante da deficiência mental, mas ainda assim não se conseguiu fechar um conceito único que dê conta dessa intricada condição.
Além de todos esses conceitos, que em muitos casos são opostos, existe a dificuldade de se estabelecer em diagnóstico diferencial entre o que seja ‘‘doença mental’’ (que engloba diagnósticos de psicose e psicose precoce) e ‘‘deficiência mental’’, principalmente no caso de crianças em idade escolar. Por todos esses motivos, faz-se necessário reunir posicionamentos de diferentes áreas do conhecimento, para conseguirmos entender mais amplamente o fenômeno mental.

2.1 A Escola e a Deficiência Mental
A deficiência mental desafia as escolas no seu objetivo de ensinar, de levar o aluno a aprender o conteúdo curricular, construindo o conhecimento. O aluno com esse tipo de deficiência tem uma maneira própria de lidar com o saber, que não corresponde ao que a escola recomenda. Na verdade, não corresponder ao esperado pela escola recomenda. Na verdade, não corresponder ao esperado pela escola pode acontecer com todo e qualquer aluno, mas os alunos com deficiência mental denunciam a impossibilidade de a escola atingir esse objetivo, de forma silenciosa. Eles não permitem que a escola dissimule essa verdade. As outras de deficiência não abalam tanto a escola regular, pois não tocam no cerne e no motivo de sua urgência de transformação: considerar a aprendizagem e a construção do conhecimento acadêmico como uma conquista individual e intransferível do aprendiz, que não cabe em padrões e modelos idealizados.
A necessidade de encontrar soluções imediatas para resolver a vemência da observância do direito de todos à educação fez com que algumas escolas procurassem saídas paliativas, envolvendo todo tipo de adaptação: de currículos, de atividades, de avaliação, de atendimento em sala de aula que destinam unicamente aos alunos com deficiência. Essas soluções continuam reforçando o caráter substitutivo da Educação Especial, especialmente quando se trata de alunos com deficiência mental. Na concepção inclusiva, a adaptação ao conteúdo escolar é realizada pelo próprio aluno e testemunha a sua emancipação intelectual.
Modificar as práticas discriminatórias nas escolas é um verdadeiro desafio, que implica em inovações na forma de o professor avaliar o aluno em seu processo de ensino e de aprendizagem.
Elas exigem a negação do caráter padronizador da aprendizagem e eliminam todas as demais características excludentes das escolas comuns que adotam propostas pedagógicas conservadoras. Para conseguir trabalhar dentro de uma proposta educacional inclusiva, o professor comum precisa contar com o respaldo de uma direção escolar e de especialistas (orientadores, supervisores educacionais e outros), que adotam um modo de gestão escolar verdadeiramente participativa e descentralizada. Muitas vezes o professor tem idéias novas para colocar em ação em sua sala de aula da turma, para que não sejam feridos os princípios da inclusão escolar.
A imprecisão do conceito de deficiência mental trouxe conseqüências para se esclarecer esse tipo de atendimento Educacional Especializado para alunos com deficiência apontou a necessidade de se distinguir o que é próprio de uma intervenção especifica para a deficiência mental, complementar à escola comum, daquela que substitutiva e meramente compensatória, visando à aquisição paralela do saber escolar.

2.2 DEFICIÊNCIA FÍSICA

Na deficiência física encontramos uma diversidade de tipos e graus de comprometimento que requerem um estudo sobre as necessidades especificas de cada pessoa. Para que o educando com deficiência física possa acessar ao conhecimento escolar e interagir com o ambiente ao qual ele freqüenta, faz-se necessário criar condições, adequar à sua locomoção, comunicação, conforto e segurança. É o atendimento Educacional Especializado, ministrado preferencialmente nas escolas do ensino regular, que realiza uma seleção dos recursos e técnicas adequadas a cada tipo de comprometimento para o desempenho das atividades escolares.
Tanto os professores como diretores e coordenadores escolares estão buscando com criatividade alternativa para que os alunos realizem o que desejam e precisam também encontram estratégias para que os alunos possam fazer de outra forma. Valorizar o seu jeito de fazer e aumentar suas capacidades de ação e interação a partir de suas habilidades, também é o papel do professor criar novas alternativas para a comunicação, escrita, mobilidade, leitura, brincadeiras, artes, utilizar materiais escolares e pedagógicos, explorar e produzir temas através do computador, etc.
Muitas são as perguntas do professor no seu encontro com aluno portador de deficiência em sua sala de aula e, dia após dia vão surgindo novos desafios para esse professor.
Para o aluno com deficiência física, há uma dificuldade muito grande em realizar muita destas tarefas rotineiras na escola e por isso depende de ajuda e cuidados de outra pessoa. Não participando ativamente das atividades escolares, ele fica em desvantagem, pois não tem oportunidades de desafiar e criar como seus colegas. É muito freqüente encontrarmos alunos que assistem seus colegas e não podem ser atores do seu processo de descobertas a aquisição de conhecimento.
O decreto Nº 3.298 de 20 de dezembro de 1999, cita quais são os recursos garantidos às pessoas com deficiência e entre eles encontramos tais como: Equipamentos maquinários e utensílios de trabalho especialmente desenhados ou adaptados para ser usado por pessoas portadoras de deficiência; elementos especiais que facilitam a comunicação, a informação e a sinalização dessas pessoas, equipamentos e material pedagógico especial para a educação, capacitação e recreação das pessoas portadoras de deficiência, adaptações ambientais e outras que garantam o acesso, a melhoria funcional e a autonomia pessoal.

“Salas de recursos multi-funcionais são espaços da escola onde se realiza o Atendimento Educacional Especializado, para os alunos com necessidades educacionais especiais, por meio de desenvolvimento de estratégias de aprendizagem centrada em um novo fazer pedagógico que favoreça a construção do conhecimento pelos alunos, subsidiando-as para que desenvolvam o currículo e participem da vido escolar...”. (BRASIL, 2006:13).

Nós enquanto professores precisam conhecer o aluno, sua historia, suas necessidades e desejos, bem como identificar quais são as necessidades do contexto escolar, incluindo seu professor, seus colegas, os desafios curriculares e as tarefas exigidas no âmbito coletivo da sala de aula e as barreiras encontradas que lhe impedem o acesso aos espaços da escola ou ao conhecimento.
Com base nos princípios do Desenho Universal e da Lei N° 10.098/2000, toda escola deve promover ambientes acessíveis, eliminando as barreiras arquitetônicas e adequando os espaços que atendem à diversidade humana. Recentemente também foi promulgado o Decreto N° 5.296/2004 que “estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida e dão outras providencias’’. Esse decreto estipula um prazo de 30 meses, para que os lugares públicos organizem seus espaços de forma a torná-los acessíveis”.
A acessibilidade arquitetônica nas escolas se faz mediante uma análise das condições do ambiente, numa parceria constante entre profissionais da educação e profissionais da arquitetura e engenharia, dentro de uma perspectiva ampla de inclusão.

2.3. DESENVOLVIMENTO HUMANO NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NAS ESCOLAS COMUNS

O processo de inclusão das crianças que são identificadas com portadores de alguma necessidade especial, no contexto escolar, tem sido amplamente enfatizado nas políticas públicas voltada para a educação.
O direito das crianças com deficiência terem acesso à escola regular, foi reafirmado na Declaração de Salamanca, firmada durante a Conferencia Mundial de Educação Especial, realizada pela ONU, em 1994. N o Brasil, estes princípios foram ratificados em 1996, através da aprovação da nova lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB 9.394/96 – que define a Educação Especial como a “modalidade de educação escolar, oferecia preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidade especiais”.
Apesar de alguns professores do ensino regular afirmarem que não estão preparados pra receber alunos com deficiência mental e física em suas salas de aula, pesquisas recentes vem indicando que esses alunos vivenciam processos cognitivos semelhante aos das crianças ditas normais, no que se refere ao aprendizado da leitura e da escrita, as estratégias de ensino para esses alunos podem ser as mesmas utilizadas com os alunos ditos normais.
A educação das pessoas com necessidades educacionais especiais permite aos professores reverem a sua própria formação, os seus referenciais teórico-metodológicos, os incentivando-os, face ao enfrentamento da diversidade social e das diferenças de seus alunos, a buscar uma formação continuada e, acima de tudo, uma transformação da cultura pedagógica.
Estudos realizados na última década do século XX e início do século XXI, por diversos autores e pesquisadores oferecem contribuições à educação de alunos portadores de deficiência física e mental na escola comum, ressaltado a valorização das diferenças no convívio social e o reconhecimento do potencial de cada ser humano. Poker (2001) afirma:

“que as trocas simbólicas provocam a capacidade representativa desses alunos, favorecendo o desenvolvimento do pensamento e do conhecimento, em ambientes heterogêneos de aprendizagem”. No entanto, existem posições contrárias à inclusão de alunos com deficiência física e mental nas turmas comuns, em decorrência da compreensão das formas de reapresentação das deficiências como incapacidade ou das propostas pedagógicas desenvolvidas tradicionalmente para atendê-la que não consideram a diversidade lingüística’’.
Diante dessa situação o importante é buscar nos confrontos promovidos na relação entre as diferenças, novos caminhos para vida em coletividade, dentro e fora das escolas.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os dados obtidos em minha pesquisa me levaram a concluir que a educação especial é determinadamente no processo de estimulação inicial e que cabe ao professor de turmas especiais trabalhar com seus alunos desenvolvendo nestas capacidades de praticarem atividades diárias participar das atividades familiares, desenvolver uma atividade profissional.
A inclusão educacional pretende o que se deseja de uma escola, o favorecimento da convivência com a diversidade, a instituição do respeito e da fraternidade entre as pessoas sem excluir ninguém do ensino regular. Somente dessa forma, podem-se preparar verdadeiros cidadãos, construindo uma escola livre de preconceitos.
Nitler (2003 p. 17) acredita que o maior obstáculo para a mudança está dentro de nós mesmos, seja nas nossas atitudes, seja nos nossos medos. A nossa tendência é a de superestimar as dificuldades que podem enfrentar as pessoas com deficiência, assim como temer os desapontamentos que eles podem experimentar se “falharem”. É tempo de mudar as escolas, as atitudes, o pensamento, o ambiente como um todo. Inclusão significa transformação. Sem este redimensionamento no atual panorama escolar, pode-se falar em outra coisa, mas não de inclusão.
A escola inclusiva é benéfico para todos os alunos devido o convívio como a diferenças ser estimulado desde o inicio, desde a mais inicial das formas de convívio social. A partir do momento em que se favorece o convívio com a diversidade desde cedo, se ganha na construção da cidadania, pois o modo eficaz de combater o preconceito e na infância, impedindo que o mesmo apareça. A secretária municipal de ensino oferece cursos na área de educação especial se apenas uma vez por ano para todos os professores porem com uma carga horária muito curta para poder capacitar esses professores, enquanto que os que trabalham nas salas especiais se reúnem uma vez na semana para fazerem juntos os planejamentos e confeccionam manualmente alguns materiais para trabalhar com a educação especial, pois os que são oferecidos pela secretária são poucos e não dá para atender todas as escolas.
Muitos profissionais dessa área buscam auxilio através de cursos pela Internet de tecnologia assistiva que dá toda assistência necessária a eles.
Em uma entrevista com alguns desses professores percebi que estão nessa área por gostar daquilo que fazem e dizem encontrar ainda muitas barreiras por parte de alguns colegas das salas de aula regular que ainda insistem em não aceitar a inclusão em suas salas e acham que esses alunos deviam permanecer somente na sala especial e não apenas algumas horas por dia.
Daí então a necessidade de repensar a organização escolar em seus níveis estruturais contemplando desde a gestão no sentido mais amplo do “sistema de ensino” e da escola, até a organização da pratica educacional em sala de aula. Sendo assim ao propor a articulação entre o ensino regular e a educação especial, lança a possibilidade da escola repensar a totalidade da sua organização, historicamente sedimentado. Ou seja, a educação especial que na organização dos sistemas de ensino configurava um sistema paralelo, passa a constituir parte integrante desses sistemas. Pois um entendimento diferenciado de ensinar e aprender que precisa perpassar as organizações escolares e que modifica o entendimento de gestão até então conhecido.
Através de um trabalho de apoio pedagógico que desenvolvi voluntariamente no período de outubro a dezembro de 2008, junto aos alunos portadores de necessidades especiais, percebi que a criança portadora de deficiência física e mental em conjunto possui certa dificuldade de aprendizagem que na grande maioria dos casos são dificuldades generalizadas que afetam todas as capacidades: linguagem, autonomia, motricidade e integração social e que estas podem se manifestar em maior ou menor grau. E também a grande dificuldade de conceitos que essas deficiências trazem conseqüências indeléveis na maneira de lidar com elas e quem a possui.
Durante o desenvolvimento desse trabalho e de observações feitas em sala de aula do ensino regular observa-se que o medo da diferença e do desconhecido torna-se responsável em grande parte, pela discriminação sofrida pelas crianças com deficiência mental que na maioria das escolas são tratadas como loucos ou retardados pelas outras crianças que ainda não se acostumaram com elas, alguns professores também não aceitam essas crianças em sala e não aceitam a idéia de ter que preparar trabalhos diferenciados para elas de acordo com o seu desenvolvimento o qual é bem mais lento do que o das crianças normais, e sendo assim as julgam incapazes de aprender ou desenvolver qualquer tipo de atividades e não acreditam que isso seja possível, pois alguns alunos portadores de deficiência só conseguem desenvolver as atividades na sala especial onde se sentem seguros ao lado da professora, pois a mesma lhes transmite essa segurança, apoio e estimulo para a sua aprendizagem.
No período de permanência com os alunos especiais dediquei-me especialmente a uma aluna portadora de deficiência física e mental em conjunto para um estudo de caso e os resultados foram surpreendentes, o qual registrei passo a passo desse estudo desde o inicio através de relatórios entrevistas e fotos de todas as atividades desenvolvidas nesse período e o qual segue em anexo à conclusão de minha pesquisa.
Uma das dificuldades encontradas durante o desenvolvimento desse projeto foi em relação aos materiais didáticos adequados que a escola não possui então tive que usar da criatividade e os recursos disponíveis para confeccionar alguns jogos manuais e atividades de aprendizagem dos alunos foram ótimos me senti realizada quanto ao trabalho feito com esses alunos.
Durante minha pesquisa pude também perceber que das 23 escolas e cemeis existentes em nosso município apenas Três são adaptadas com estruturas arquitetônicas para educação inclusiva, ou seja, para receber alunos portadores de deficiência e que as demais ainda não se adaptaram a inclusão escolar, porém a pessoa responsável pela educação especial nos garantiu em uma entrevista que nos concedem que já estão providenciando as reformas das escolas que abrangem esses alunos, pois já conta com alguns voluntários (arquitetos e engenheiros) para ajudar nessas reformas. Contou-nos que a nossa cidade foi uma das primeiras escolhidas no estado do Mato Grosso para desenvolver adequadamente a educação inclusiva nas escolas e por isso as reformas devem ser feitas o mais rápido possível e acredita que até o final de 2009 pelo menos as metades das escolas já podem oferecer as estruturas arquitetônicas adequadas aos alunos portadores de necessidades especiais. Já foi feita uma parceria com a secretária de saúde para oferecer o atendimento especializado.
Porém sabemos que além das reformas arquitetônicas ainda há muito por fazer para que as escolas se tornem realmente àquilo que desejamos que ela seja principalmente no que diz respeito à qualificação dos docentes com cursos especializados na área, pois acredito que só assim teremos realmente escolas inclusivas para receber todo o tempo de aluno e professores realmente capazes de trabalhar com eles sem a menos ter dificuldade ou preconceito e assim propor novos caminhos para a aprendizagem dos alunos com deficiência.
Atualmente, há uma tendência mundial de reconhecer os benefícios que uma escola inclusiva traz para todos os alunos. Nessas escolas as crianças aprendem umas com as outras. Crianças sem deficiência aprendem a reconhecer e valorizar as diferenças entre seus colegas. Uma escola inclusiva é caracterizada por aceitar, respeitar e valorizar alunos com diferentes características sejam elas quais forem. É escola construída sob o principio da educação como um direito de todos os cidadãos. É um objetivo que sonhamos alcançar lutando por uma escola pública gratuita e de qualidade.
Sendo uma modalidade educacional, o atendimento educacional especializado perpassa por todos os níveis escolares, desde a educação infantil até o ensino superior. Desta forma, tal atendimento diferencia-se substancialmente da escolarização, devendo ser oferecida em horários inversos ao ensino regular, justamente para possibilitar que os alunos nela atendidos possam freqüentar as turmas de ensino regular, não podendo o mesmo funcionar como um substantivo da educação escolar.
Graças ao interesse da coordenadora da Educação Especial em nossa cidade alguns desses recursos já tiveram inicio no ano de 2006, como a tecnologia assistiva, a linguagem de sinais e a língua Portuguesa para surdos porêm eram oferecidas apenas uma vez por ano com carga horária de 40 horas apenas. No ano de 2009 a previsão é de que seja oferecido curso de capacitação para os professores de três a quatro vezes por ano para um atendimento melhor a clientela com deficiência, que se torna cada vez maior em nossas escolas e que os atendem para que haja realmente aprendizagem desses alunos. Tal atendimento é uma garantia constitucional (artigo 208, III) que serve para ser somada aos direitos das crianças com deficiência, e não para excluir outras garantias previstas no mesmo artigo da constituição. Portanto não se pode admitir que o atendimento educacional especializado substituía a escolarização nas classes comuns da rede regular de ensino, não podendo aceitar a prática de encaminhamento do aluno que não “consegue aprender” para uma escolaridade especial, a fim de que esta se encarregue do papel do ensino regular.
A educação inclusiva deve ser entendida como uma reforma educativa. É uma reforma que inerentes à escola publica tradicional. Esta modificação vai ao sentido de desenvolver valores educacionais e metodologias de ensino que permitem aos alunos com diferentes capacidades aprender em conjunto, isto é, sem serem separados por sexo, nível socioeconômico, deficiência, Etna, etc. Poderíamos definir Ed. Inclusiva como uma “reforma educacional que promove a educação conjunta de todos os alunos, independentemente das suas características individuais ou estado socioeconômico, removendo barreiras à aprendizagem e uma melhor aprendizagem de todos.”.
Portanto, ambos os processos de formação devem sofrer uma analise critica de seus pressupostos e fundamentos de modo a não acentuar as desigualdades e promover o amplo processo de exclusão que atinge, sobretudo, os filhos das camadas sociais desfavorecidas economicamente.
A questão mais evidente envolve a certeza de que a inclusão escolar não se realiza apenas por discurso e vontade política. Sua concretização incide em mudanças estruturais nas concepções e praticas que norteiam o currículo escolar, implicando a ação de pais e familiares, de professores e equipe técnico-pedagogica e dos órgãos centrais de educação em um esforço comum na remoção de barreiras atitudinais, como o medo e o preconceito, e de barreiras à aprendizagem.
Os recursos e os apoios oferecidos pela educação especial são as ferramentas que possibilitam aos alunos com deficiência o trajeto, que já vem sendo trilhado pelos demais alunos que não apresentam necessidades educacionais especiais. É assim que o professor colabora para que a inclusão se torne realidade na educação.

REFERÊNCIAS

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BRASIL – Ministério da educação. Secretaria de Educação Especial. Sala de Recursos Multifuncionais. Espaços para o Atendimento Educacional Especializado. Brasília: MEC/ SEEP, Decreto nº. 5296/ 2004. Disponível em www.81.dataprev.gov.br/sisex/paginas/23/2004/5296.htm

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