INCLUSÃO, ENSINO E APRENDIZAGEM DO ALUNO COM TDAH
Maiara de Souza Fabiano
Rizonete Oliveira Silva dos Santos
Adriano Alberto de Souza
Carmem Ediene Souza Silva
Romilda da Silva VIana
Este trabalho começou a ser pensado a partir das poucas informações encontradas sobre TDAH, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, voltadas para perspectiva educacional. E que possíveis estratégias um professor de ensino fundamental poderá utilizar dentro do processo ensino aprendizagem com um aluno que apresenta características do TDAH, ultrapassando os estigmas que muitos deles carregam consigo. Como contribuição desta discussão, realizei uma pesquisa e entrevista com a professora responsável da sala de aula e também na sala de recurso, no qual tem mais contato e conhecimento sobre esse aluno, da rede pública do ensino fundamental investigando este transtorno. Por fim, evidencia - se que os alunos com laudo de TDAH também tem direito a uma educação de qualidade que ajude a crescer como indivíduo e que o professor deve ter compromisso e consciência de que cada ser é único.
Palavras-chave: TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade). Hiperatividade. Déficit de atenção e aprendizagem. Educação e Inclusão.
INTRODUÇÃO
Nos tempos atuais o ritmo de vida da sociedade está muito acelerado, tendo mudado bastante se comparado com alguns anos atrás. Essa mudança trouxe muitos benefícios, mas também alguns desafios, inclusive dentro do campo da educação. Assim como a sociedade mudou, nossas crianças também mudaram. Percebemos isso principalmente no ambiente escolar, onde estas passam grande parte do seu tempo. A educação sempre foi e será um desafio, pois cada ser é único e carrega consigo suas particularidades. Dentro de uma sala de aula temos reunidos uma diversidade de alunos, cada um com seu jeito próprio de ser e de aprender, cabendo ao professor a tarefa de buscar metodologias que atendam a todos, sem distinção.
A questão principal que desencadeou esse trabalho de pesquisa foi como o professor pode vencer as barreiras que dificultam o diagnóstico do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e promover a verdadeira inclusão, contribuindo com o processo de aprendizagem dos alunos. Atualmente em nossas escolas, muitos alunos apresentam um desenvolvimento bem abaixo do esperado. Por mais que o professor utilize estratégias diferenciadas, é como se houvesse uma barreira entre os conteúdos ministrados e estes alunos.
O primeiro desafio do professor diante desta situação é a dificuldade do diagnóstico do TDAH, devido a sua “invisibilidade”. Para muitos, até mesmo para alguns professores esses alunos são crianças indisciplinadas, “mal-educadas” e preguiçosas. Como distinguir uma criança simplesmente indisciplinada de uma hiperativa? Qual a diferença entre um aluno desinteressado pelos estudos e outro com déficit de atenção, ou com os dois juntos, ou seja,
DESENVOLVIMENTO
O Que é Transtorno Do Déficit De Atenção/ Hiperatividade?
Diversos autores têm definido o TDAH como um transtorno que compromete a vida sócia afetiva, profissional e principalmente escolar. Na literatura encontram-se diversas definições para o transtorno que causa grandes impactos para o indivíduo que o possui. O TDAH é considerado como um transtorno mental, sendo um dos mais comuns na infância e na adolescência, caracterizado por desatenção, atividade motora excessiva e impulsividade (BARKLEY, 2002:35; COUTINHO et al, 2007; CUNHAC et al, 2001). O TDAH - Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é uma síndrome (conjunto de sintomas) caracterizada por distração, agitação / hiperatividade, impulsividade, esquecimento, desorganização, adiamento crônico, entre outras. Todas as pessoas, tanto crianças quanto adultos, apresentam estas características em pelo menos algumas situações - o que é completamente normal. Porém, quando as queixas e os problemas causados por elas são muito intensos, pode ser alguma outra coisa - dentre as alternativas, que a causa dos problemas seja o TDAH - Transtorno de Déficit de Atenção.
O TDAH é um transtorno de "base orgânica", associado a uma disfunção em áreas do córtex cerebral, conhecida como Lobo Pré-Frontal. Quando seu funcionamento está comprometido, ocorrem dificuldades com concentração, memória, hiperatividade e impulsividade, originando os sintomas do TDAH - déficit de atenção, hiperatividade e impulsividade. Normalmente, em atividades como estudo, leitura ou outras que exijam concentração, o cérebro aumenta os níveis de ativação, justamente para dar conta das exigências. Nos casos típicos de TDAH, a característica psicofisiológica mais comum é a hipofunção / hipoativação do córtex pré-frontal, na qual uma quantidade significativa de neurônios pulsam mais devagar que o esperado, especialmente quando as circunstâncias exigem maior esforço mental e, portanto, maior ativação.
Araújo e Silva (2003) citam que esse transtorno é considerado também como um distúrbio biopsicossocial, ou seja, parece haver fortes fatores genéticos, biológicos, sociais e vivenciais, que contribuem para a intensificação desse problema. O TDAH seria, para o portador, uma maneira diferente de pensar, ocasionando graves dificuldades de relacionamento.
Pode-se observar que os autores citados utilizam diferentes nomenclaturas que definem o TDAH, dentre elas encontra-se: distúrbio (designação que engloba numerosos fenômenos observáveis na esquizofrenia, como comportamento excêntrico, anormalidade dos pensamentos e dos afetos), transtorno (ligeira perturbação de saúde. Termo usado em doença ou de outro vocabulário similar, a fim de causar impacto psicológico menor no doente, ou em quem o acompanha) e doença (denominação genérica de qualquer desvio do estado normal. 2. med. Conjunto de sinais e/ou sintomas que têm uma só causa; moléstia.) (FERREIRA, 1999).
Já podem aparecer logo nos primeiros anos de vida, pois se percebe alterações no desenvolvimento neurológico e emocional do indivíduo. Alguns estudos mostram que as mães de crianças com o transtorno dizem que elas costumam mexer muito, quando ainda são fetos, nos primeiros meses demonstram ser irritadas, choronas, e se movem muito durante o sono.
A hiperatividade implica inquietação excessiva, em especial em situações que requerem calma relativa. Pode, dependendo da situação, envolver correr e pular ou levantar do lugar quando é esperado ficarem sentadas, loquacidade e algazarra excessivas ou inquietação e se remexer. O padrão para julgamento deve ser que a atividade é excessiva no contexto do que é esperado na situação e por comparação com outras crianças da mesma idade e QI. Este aspecto de comportamento é mais evidente em situações estruturadas e organizadas que necessitam de um alto grau de autocontrole de comportamento .
A maioria dos indivíduos com TDAH mexem as mãos e pés, falam demais, têm dificuldade de realizar atividades silenciosas, correm, não conseguem ficar sentadas, quando se espera que fiquem. Estes são sintomas de hiperatividade. “Os sintomas de hiperatividade nas crianças com TDAH geralmente se manifestam por uma tendência de estar sempre se movimentando, o que consiste um dos sinais clínicos mais frequentes e exuberantes.” (ANDRADE, 2006, P.76)
Os sintomas de impulsividade estão atrelados aos de hiperatividade. Os indivíduos têm dificuldade de aguardar a vez, interrompem conversas, respondem antes de o interlocutor terminar a pergunta. Já os sintomas de desatenção são observados em várias situações corriqueiras, em que eles cometem erros descuidados nas atividades escolares, apresentam falta de detalhes, dificuldade em organizar tarefas, perdem coisas, distraem-se facilmente, não conseguem realizar tarefas longas.
1.2 CAUSAS
Nas décadas de 1960 e 1970 entendia-se que o TDAH surgia em decorrência de lesões ocorridas no parto. Entretanto, após o desenvolvimento de estudos mais elaborados, conclui-se que problemas durante o nascimento eram de menor importância para o desenvolvimento dessa condição (GOLDSTEIN & GOLDSTEIN, 1998:52).
Esses novos estudos apontaram diversos fatores como responsáveis pela causa do TDAH, dentre eles distúrbios clínicos, efeitos colaterais de medicamentos, distúrbios convulsivos, dieta alimentar errônea durante a infância, infecções de ouvido, hereditariedade e lesões cerebrais, exposição fetal ao tabaco e álcool, problemas no desenvolvimento, ferimentos ou malformação, lesões cerebrais ou desenvolvimento cerebral anormal, problemas familiares, agentes ambientais, exposição precoce aos altos níveis de chumbo (BARKLEY, 2002:79; GIACOMINI & GIACOMINI, 2006; GOLDSTEIN & GOLDSTEIN, 1998:53; NAPARSTEK, 2004).
Goldstein e Goldstein (1998:59) dizem que o chumbo é um metal que não contém nenhum valor biológico conhecido, mas sua ingestão pode envenenar o sistema energético humano. Barkley (2002:86) ressalta que existem evidencias de que níveis altos de chumbo no organismo de crianças e jovens podem estar associados ao maior risco de comportamento desatento e hiperativo.
Barkley (2002:79) e Facion (2003) também apontam que o TDAH tem múltiplas causas e coloca que, mesmo com o avanço de pesquisas, é difícil encontrar provas científicas consistentes de algo que possa causar esse problema no comportamento humano.
Ajudando a compreender a explicação da causa do TDAH como originário de uma disfunção na produção de neurotransmissores, Araújo e Silva (2003) dizem que,
[…] é causado pela pouca produção de Catecolaminas (adrenalina e noradrenalina), que é uma classe de neurotransmissores responsável pelo controle de diversos sistemas neurais no cérebro, incluindo aqueles que governam a atenção, o comportamento motor e a motivação. Uma visão de base neurológica para o TDAH é que baixos níveis de catecolaminas resultam em uma hipoativação desses sistemas. Portanto os indivíduos afetados não podem moderar sua atenção, seus níveis de atividade, seus impulsos emocionais ou suas respostas a estímulos no ambiente tão efetivamente quanto as pessoas com sistemas nervosos normais.
Fatores genéticos e hereditários têm sido amplamente estudados em relação ao TDAH e, segundo Goldstein e Goldstein (1998:60)
A relação entre a hiperatividade e hereditariedade está claramente estabelecida. A primeira ligação foi estabelecida pelo estudo dos parentes de uma criança hiperativa. Sabe-se que uma criança hiperativa tem uma probabilidade quatro vezes maior de possuir outros membros da família com os mesmo problemas. Entretanto, o relacionamento entre crianças e sua família englobam, também, fatores ambientais.
Na mesma linha de pesquisa, Rohde e Halpern (2004:62), sugerem haver estudos familiares que mostraram consistentemente uma recorrência familiar significante para esse transtorno. Os autores apontam também fatores psicossociais que atuam no funcionamento adaptativo e na saúde emocional geral da criança, como desentendimentos familiares, presença de transtornos mentais nos pais, classe social baixa, família muito numerosa, criminalidade na família, psicopatologia materna e colocação em lar adotivo.
Diferentes autores têm pesquisado sobre as causas do TDAH. Seus estudos mostram que ainda existem muitos paradigmas em relação às causas desse transtorno. Como visto, as causas mais comuns são ambientais, genéticas e alterações cerebrais, ou seja, o TDAH pode ser causado por diferentes fatores, porém, não é possível precisar a influência de cada um para o surgimento dessa condição.
1.5 O olhar sobre o processo ensino-aprendizagem de um aluno TDAH
Segundo Barkley (2002, p.235) crianças com TDAH têm grandes dificuldades de ajustamento diante das demandas da escola. Um terço ou mais de todas as crianças portadoras de TDAH ficarão para trás na escola, no mínimo uma série, durante sua carreira escolar. Esta estatística deve ser levada em consideração a partir de alguns aspectos que influenciam a vida escolar deste tipo de criança, um deles é o sistema educacional brasileiro, outro o papel da escola e sem dúvida nenhuma, o papel do professor como fator principal.
O sistema educacional brasileiro, atualmente, ainda está organizado de modo a propiciar que muitos alunos se deparem com o fracasso escolar. Várias escolas não possuem estrutura física básica, adequada para receber os alunos, as salas de aula são superlotadas, os professores são mal pagos e muitos tiveram uma formação inadequada.
O aluno com TDAH não conseguirá ser este aluno padrão, modelo, afinal ele apresenta dificuldades em ajustar-se às regras e na escola as regras devem ser cumpridas a risca. A escola cobra um determinado desempenho e o desempenho do aluno com TDAH é instável. A impulsividade dessa criança pode atrapalhar na interação com as outras, o fato dela enjoar facilmente de atividades, não as cumprindo até o fim, pode ser visto como rebeldia, além da desatenção que pode fazê-la cometer erros bobos. Tudo isso, será mal visto na escola, fazendo com esta criança seja um problema. Atualmente, acredita-se que o TDAH pode vir a ser um transtorno natural ou de desenvolvimento do que uma doença ou patologia.
“Na realidade, não se trata de uma condição qualitativa ou categoricamente diferente do normal, mas provavelmente localizada no extremo mais distante do traço normal. Assim, a diferença é realmente, apenas um problema de grau, mas não necessariamente qualitativamente diferente do normal.” (BARKLEY, 2002, p.90).
A partir desta perspectiva corre-se o risco de olharmos o indivíduo pautado único, exclusivamente pelo transtorno que ele adquiriu geneticamente. O que observe nesta concepção emergente é que as pessoas estão preocupadas com os padrões ditados pela sociedade atual, que demanda corpos perfeitos, se esquecendo de suas identidades referidas por critérios de desenvolvimento emocional interior.
“A criança estigmatizada incorpora os rótulos, introjeta a doença. Passa a ser psicologicamente uma criança doente, com consequências previsíveis sobre sua autoestima, sobre seu autoconceito.” (MOYSES, et.al.2011, p.29).
O adoecimento delas é gerado por ter que seguir um modelo representacional, exigido pela sociedade, pelos pais, pela escola, uma normalidade. Pois a contemporaneidade “o medo não é mais o de não conseguir configura-se segundo um certo mapa [...] O medo agora é de não conseguir reconfigurar-se de todo, de forma minimamente eficaz.”(ROLNIK, 1999, p.2)
Na modernidade, as pessoas têm dificuldade de formar histórias de vida coerentes, pois é o tempo que designa a direção de suas vidas. Elas só realizam as coisas se o tempo as permitir. E como a vida está em constante movimento, tudo mudando muito rápido, os indivíduos acabam por adaptar-se a agitação, ao comodismo, criando um modelo de representação, que impossibilita a formação de vínculos sociais, afetivos com outros indivíduos. Este modelo representacional não está relacionado a uma identidade pautada no coletivo, mas sim em uma identidade pautado no eu, em que as mudanças da identidade são necessárias, devido ao mundo do consumo, da competição.
“Entretanto, na cultura do risco, o que leva um indivíduo ao sucesso também pode deixá-lo a um passo da ineficiência. Para o portador do transtorno, a procura por maior flexibilização do ambiente próximo não corresponde a uma maior flexibilidade pessoal. Ao contrário, rever uma decisão ou conduta equivocada lhe é uma difícil tarefa. Além disso, a tendência a trocar um planejamento futuro por uma gratificação imediata e a incerteza permanente que decorre do desfrute desse presente incessante, junto com sua procrastinação, desatenção e desorganização, também podem conduzi-lo à ruína financeira ou pessoal.” (ROSSANO, 2005, p.120)
É a partir de fatos, como a cultura contemporânea do corpo, da eficiência, que não existe mais uma tradição como sensação de segurança para dizer como somos.
E existe o enfraquecimento de instituições que antigamente sustentavam as vidas dos indivíduos, como a igreja, a família, passando a existir uma realidade de interesse extremamente imediatista. É a partir do esvaziamento destas instituições que a Biologia e a Neurociência vão explicar, vão localizar a origem dos problemas, fazendo com que haja um aumento nos diagnósticos do TDAH na contemporaneidade.
Junto a este aspecto cultural, os aumentos dos diagnósticos TDAH se dão devido a um avanço da neurociência, que vai explicar de que forma as crianças adoecem. Partindo do pressuposto que a cultura atual exige delas uma mudança de foco, de atenção a todo o momento, para que sejam eficazes.
“Embora, muitos acreditam que os alunos com TDAH devem freqüentar uma escola para alunos especiais, pelo contrário, em uma época em que lutamos pela inclusão estas crianças devem estar inseridas em escolas regulares.” Considerados como grupo , entretanto, essas crianças e adolescentes parecem ter potencial de aprendizagem igual ao das crianças normais.” (GOLDSTEIN,1998 APUD BENCZIK,et. al. 2003,p.203)
Ao citar escolas regulares quero dizer escolas que se preocupem com um ensino global, que atendam as necessidades acadêmicas, artísticas, esportivas deste aluno, que respeitem seus limites e o ajudem a conviver em sociedade, de maneira estruturada, organizada.
Por isso, ao selecionar a escola os pais devem pesquisar se as ideias, e a filosofia condizem com as deles, para que o aprendizado escolar se complemente com o ensinamento passado em casa. Além de, sondarem se os profissionais que lá atuam sabem o que é o transtorno, o melhor modo de lidar com um aluno com TDAH e se ao menos existe o interesse destes profissionais em conhecer. É importante que os profissionais atuantes na escola (diretores, professores, coordenadores, psicólogos) façam uma avaliação deste aluno. Uma avaliação que considere o comportamento e o desempenho dele em diversas situações. Um encontro com os pais será essencial, para ocorrer uma troca de informações, opiniões, para que ambos transmitam suas preocupações, analisem o histórico escolar, familiar da criança e assim façam as melhores intervenções na vida escolar do aluno. “Essas intervenções podem incluir adaptação do currículo, modificação do ambiente, flexibilidade na realização e apresentação de tarefas, adequação do tempo de atividade, administração e acompanhamento de medicação, quando necessário.” (BENCZIK, et. al. 2003, p.205)
As principais devem acontecer em maior parte na sala de aula, realizadas pelo professor. O professor será a base de sustentação do aluno com TDAH dentro do processo ensino-aprendizagem.
“Não é o nome do programa escolar na qual seu filho se encontra,nem a localização da escola, nem mesmo se a escola é pública ou particular, nem mesmo o tamanho da classe. Antes de tudo, está o professor de seu filho – particularmente a experiência do professor sobre o TDAH e a boa vontade para desempenhar esforços extras para entender seu filho para que ele possa ter um ano escolar feliz e repleto de sucessos.” (BARKLEY, et. al. 2002.p, 235).
Apesar de, este professor ser à base de sustentação do aluno, muitas vezes ele pode se sentir frustrado, como os pais, pois estes docentes são seres únicos, com características próprias e com estilo específico de lecionar e suas estratégias podem não atingir todos os alunos, como o aluno com TDAH.
2.1 - Estratégias que podem auxiliar o professor
As estratégias utilizadas por um professor serão essenciais para que o aluno consiga se desenvolver positivamente dentro do processo ensino-aprendizagem, e quando as estratégias não funcionam o professor se sente fracassado, angustiado. Não há uma “receita de bolo”, as estratégias não estão prontas a priori, elas são um processo que cabe ao professor pesquisar, observar o aluno para vê se dão certo ou não.
A partir de agora citarei algumas propostas que poderão auxiliar o professor no trabalho de sala de aula. Um trabalho voltado para todos os alunos, mas que muito ajudará aqueles que apresentam o transtorno déficit de atenção e hiperatividade. O ponto de partida é a programação na sala de aula, que envolve objetivos, conteúdos, metodologia e avaliação, que devem ser bem definidos. Acredito que auxiliar o grupo e a cada um dentro deste grupo, de maneira equilibrada. Os objetivos devem considerar o grupo, mas não podem negligenciar as necessidades e as possibilidades de cada um. Já os conteúdos não devem estar focados apenas na área cognitiva e sim, abrangendo as áreas afetiva, motora, social e cognitiva. Além de serem conteúdos que tenham significado para o aluno, que haja interesse dos mesmos e que eles possam utilizá-los em sua vida social.
O professor deve ter cuidado de não propor tarefas que o aluno não será capaz de realizar, gerando um sentimento de frustração, assim a avaliação prévia feita pelo docente é importante. “A avaliação opera com desempenhos provisórios, na medida em que ela subsidia o processo de busca dos resultados os melhores possíveis”. “Para um processo avaliativo-construtivo, os desempenhos são sempre provisórios ou processuais, como também se denomina; cada resultado obtido serve de suporte para um passo mais à frente”. (LUCKESI, 2005,p.05)
Outra estratégia de auxílio ao aluno TDAH é a organização da sala, que preferencialmente deve ter um número pequeno de alunos. A sala de aula pode ser atrativa, estimulante, porém tomar cuidado com excesso de estímulos é essencial para não propiciar o desvio da atenção. Arrumar a sala de modo que todos participem do processo de ensino-aprendizagem, levando em consideração as necessidades da cada um será importante para todos. Logo, as cadeiras enfileiradas não são apropriadas, pois impossibilitam a comunicação entre o grupo. No caso dos alunos com TDAH, deverão “sentar próximo, ou ao alcance do olhar direto do professor, distante da janela ou porta, num local onde tenha menor possibilidade de se distrair, longe de colegas antagonistas, no meio de colegas tranquilos e que possam ajudá-lo.” (BENCZIK, et. al. 2003, p.207)
2.2 - A afetividade como ponto essencial para aprendizagem
Acima de qualquer método, técnica usada por pais e professores o que também poderá fazer grande diferença no processo ensino-aprendizagem do aluno com TDAH é a afetividade. Por experiência própria digo o quanto é difícil lidar com a individualidade de cada aluno, principalmente quando este aluno apresenta características que vão de encontro aos moldes da escola. Muitas vezes, é pela afetividade que o professor consegue chegar até o discente e desenvolver o seu potencial.
Um dos teóricos mais importantes do desenvolvimento humano, Wallon vai separar a emoção da afetividade, em que ele diz que as pessoas estão acostumadas a juntá-las em um só conceito, mas na verdade não o são. Segundo Wallon (1968), as emoções são manifestações de estados subjetivos, mas com componentes orgânicos. E a afetividade é uma concepção mais ampla, envolvendo uma gama maior de manifestações, englobando sentimentos (origem psicológica) e emoções (origem biológica). A afetividade corresponde a um período mais tardio na evolução da criança, quando surgem os elementos simbólicos. (LEITE, et. al. 2007)
Este teórico vai defender a afetividade como essencial no desenvolvimento da criança, afinal será através dela que desde o início da vida ela interagirá com o meio social na qual está inserida. È a partir da afetividade que a criança acessa o mundo simbólico, originando a atividade cognitiva, possibilitando seu avanço.
Benczik, (2003,p.203) “Uma vez que a vida emocional se apresenta, na teoria de Wallon, como uma condição para a existência de relações interpessoais, para este teórico, as emoções também fazem parte da atividade representativa e, portanto, da vida intelectual. Isto significa que Wallon não separa o aspecto cognitivo do afetivo. Sendo assim, pode-se interpretar que o ato motor é a base do pensamento e a emoção também é fonte de conhecimento. “Paralelamente ao impacto que as conquistas feitas no plano cognitivo têm sobre a vida afetiva, a dinâmica emocional terá sempre um impacto sobre a vida intelectual”.( SILVA,et.al.2007,p.84)
Tanto o intelecto do indivíduo quanto o emocional evoluíram de acordo com o desenvolvimento de cada um. Eles não estarão prontos e acabados jamais, pois à medida que o indivíduo se desenvolve, as necessidades afetivas se tornam cognitivas, daí a afetividade ser imprescindível na relação professor-aluno.
O que se diz, como se diz, em que momento e por que - da mesma forma que o que se faz, como se faz, em que momento e por que afetam profundamente as relações professor-aluno e, consequentemente, influenciam diretamente o processo de ensino aprendizagem, ou seja, as próprias relações entre sujeito e objeto. “Nesse processo de inter-relação, o comportamento do professor, em sala de aula, através de suas intenções, crenças, seus valores, sentimentos, desejos, afeta cada aluno individualmente”.( LEITE,Sérgio. Et. al.2007,p.09).
O aluno que tem TDAH ou não, que frequenta a escola hoje, vive em um mundo que o impõe o sucesso e o fracasso, para que seja o a melhor pessoa possível, dentro de um padrão, fazendo com que viva pressionado. Assim, através da afetividade o professor rompe barreiras, que muitas vezes estão fechadas as possibilidades acadêmicas, sejam elas nível de dispersão, conflitos familiares e pessoais, comportamentos agressivos, e chega até seu aluno, fazendo com que as emoções vividas por ele, influenciem sua vida intelectual.
Considerações finais
Baseado no referencial teórico faz-se necessária a atenção às suas necessidades educacionais básicas, bem como à criação de ambientes e estratégias de ensino adequado à inclusão escolar. No momento que as escolas assumem a responsabilidade de receber esses alunos considerados “especiais” é necessário que se adaptem a eles, e tornem o ambiente facilitador para o processo de ensino-aprendizagem desses alunos.
A falta de conhecimento dos professores em relação a essas necessidades especiais pode ser muito prejudicial na formação acadêmica e social dessas crianças, causando prejuízos na aprendizagem, auto-estima e interação social. O papel do professor no desenvolvimento desses alunos é de grande importância. No momento em que assume o papel de contribuir para a formação humana poderá favorecer o tratamento do aluno com TDAH, tanto dentro, como fora da escola.
A pesquisa demonstrou que é preciso maior atenção e preparação dos professores de Educação Física, já que nem todas as faculdades oferecem disciplinas que os preparam durante a formação. Importante destacar também que o Professor tem que ser um “pesquisador”, estar sempre em busca de atualidades e novos conhecimentos para melhorar as estratégias metodológicas de suas aulas, para que dessa forma procure melhorar e encontrar um bom currículo para o trabalho com seus alunos.
É muito provável que alunos com TDAH estejam presentes em qualquer nível de ensino, logo, educadores precisarão planejar suas aulas de maneira adequadas a melhor acolhê-los. É importante o trabalho em conjunto, professores de sala de aula, pais do aluno com TDAH e a direção da escola devem se unir para aprimorar o acompanhamento do aluno e criar estratégias de ensino-aprendizagem. Pressupomos que no momento em que ocorre esta união fica mais fácil acompanhar o desenvolvimento do aluno com TDAH, suas necessidades, suas dificuldades e até mesmo suas vitórias, dessa forma tornando o trabalho do professor mais simples e com melhores resultados.
O trabalho, a cada dia, trará uma novidade, um novo obstáculo e uma desejada vitória. Melhor ainda, é que aprendemos que “todos” são capazes de aprender, independente de sua limitação. É preciso querer ensinar e buscar conhecimento para lidar com as dificuldades encontradas no dia-a-dia escolar. Assim, o trabalho se tornará mais prazeroso e os resultados serão melhores. No momento em que o professor inclui um aluno com necessidades especiais em sua aula poderá trabalhar com maior competência com o restante da sua turma, podendo trabalhar temas como “identidade” e “diversidade” contribuindo para a formação humana do aluno com TDAH e com o restante dos alunos, tornando sua turma mais madura, autônoma e responsável.
Ao começar essa caminhada, primeiramente meu foco era saber o que realmente era o TDAH, visto que esse tema está cada vez mais se popularizando, tanto nas mídias, como em reuniões escolares entre pais e professores.
E a escola, por sua vez, deveria repensar algumas posturas, focando no que é realmente importante para compreender este transtorno e auxiliar com mais eficiência os alunos portadores de TDAH.
REFERÊNCIAS
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BARKLEY, R.A. Transtorno de Déficit de Atenção/ Hiperatividade TDAH. São Paulo: Artmed, 2000.
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