PESQUISA E PRÁTICA PROFISSIONAL-EDUCAÇÃO ESPECIAL
Marinalva Paulino
Lucélia Chirlen da Conceição Silva
Lia Mara Tavares
Jociane Maria de Jesus Andrade
RESUMO
O presente estudo objetivou em refletir sobre o processo educativo na perspectiva da inclusão, como também identificar e reconhecer procedimentos e recursos pedagógicos adaptados às necessidades educativas especiais. Este foi realizado através da revisão bibliográfica e trabalho de campo, sendo este realizado através de pesquisa em uma escola municipal de educação básica, foram cinco dias consecutivos, onde pude observar a inclusão de uma aluna que é deficiente auditiva, tendo assim o privilégio de estar em contato com os alunos e em alguns casos participar das atividades propostas, fez-se necessário pesquisar o Projeto Político Pedagógico da Escola e o atendimento aos alunos que apresentam algum tipo de deficiência, assim como a observação sobre a organização do espaço escolar e dos materiais, o planejamento dos professores e formação continuada, os projetos desenvolvidos pela escola e comunidade e os obstáculos enfrentados pelos professores com relação à inclusão de alunos com deficiências, altas habilidades/superdotação ou transtorno global do desenvolvimento.Com os resultados obtidos, pode-se concluir que as dificuldades enfrentadas nos sistemas de ensino evidenciam a necessidade de confrontar as práticas discriminatórias e criar alternativas, a partir dos referenciais para a construção de sistemas educacionais inclusivos, a organização de escolas passa a ser repensada, implicando uma mudança estrutural e cultural da escola para que todos os alunos tenham suas especificidades atendidas.
Palavras-chave: necessidades educativas especiais, inclusão, escola, sistema de ensino
1 INTRODUÇÃO
A pesquisa, de forma geral, no âmbito educacional compreende a capacidade do professor pesquisador em elaborar e construir conhecimento por si próprio, ou seja, é uma construção pessoal que pode ser coletiva, mas que sempre traz benefícios para o coletivo.Portanto,a pesquisa, é de suma importância para o profissional da educação, pois compreende a capacidade do professor pesquisador em elaborar e construir conhecimento levando em conta alguns elementos fundamentais como: a criatividade, a inovação e a descoberta. Refletiremos sobre o processo educativo na perspectiva da inclusão, como também identificar e reconhecer procedimentos e recursos pedagógicos adaptados às necessidades educativas especiais.
Para BERGAMO (2009, p. 22)
O objetivo é reconhecer, entender e analisar a prática da inclusão no ensino regular, analisar as implicações didático-pedagógicas quanto ao planejamento, conteúdos, objetivos, métodos, avaliações e relação pedagógica no processo de inclusão de alunos e alunas que apresentam necessidades educacionais especiais.
Um dos principais objetivos da pesquisa na inclusão escolar é analisar sobre o desenvolvimento dos alunos considerados portadores de necessidades especiais, no ensino regular, a importância de entendermos e pesquisarmos sobre esse assunto tão necessário, abordando sobre a inclusão, algo que temos muito que aprimorar em nossa prática docente, com o objetivo de compreender os aspectos que envolvem a dinâmica da prática docente no processo de ensino aprendizagem de alunos (as) em inclusão.
Objetivamos tecer algumas considerações sobre a prática pedagógica voltada à inclusão de alunos especiais em sala de aula no ensino regular para nós professores.
2. EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Podemos perceber um aumento significativo de crianças portadoras de algum tipo de deficiência, seja intelectual ou motora, cursando o ensino regular, mas essa realidade é recente. No Brasil mesmo, somente na década de 1990 é que se buscou a valorização das diferenças por meio de uma escola capaz de trabalhar com as diversidades.
A inclusão rompeu com a estrutura curricular fechada e com a homogeneidade na escola. Os antigos paradigmas começaram a ser repensados por uma nova visão educacional. Depois de tantos anos de isolamento e segregação, as pessoas com deficiência passaram a ser reconhecidas como cidadãs e aceitas na escola regular.
Serem aceitas na escola regular não é os bastante, todos devem sentir - sem parte do grupo, ter um ensino de qualidade que supere a exclusão, pois ainda existem professores que não conseguem lidar com essa diversidade em sala de aula talvez por falta de conhecimento sobre as deficiências, possibilidades e habilidades do aluno com alguma limitação ou receio de não atender as expectativas e se expor deixando a desejar.
A presença de um aluno com necessidades especiais em uma turma pode levar o professor a promover alterações pedagógicas, muitas vezes correndo risco de errar, sofrer rejeição ou acertar. É de suma importância que o professor sempre esteja buscando aprender, focando a aprendizagem e o aluno, e não somente o ensino e o conteúdo. Vários acontecimentos desafiam o preparo profissional do professor é nesse espaço que se estabelece a relação entre teoria e prática.
A escola tem um papel fundamental para ajudar a incluir crianças e adolescentes na vida em sociedade. O processo inclusivo não consiste em apenas colocar determinados alunos em sala de aula, visa para que se busquem ações pedagógicas para o cesso a escola, mas também para sua efetiva permanência nela. BERGAMO (2010 p.39) afirma: “O acesso e a permanência de todos os alunos na escola são garantidos por lei, porém esses aspectos somente têm validade se o aluno, de fato, sentir-se acolhido pela comunidade escolar e obter êxito em sua trajetória acadêmica”.
2.1 IDENTIFICAÇÕES DA ESCOLA PESQUISADA
A instituição pesquisa foi a Escola Municipal de Educação Básica Sorriso, situado na Avenida Perimetral Noroeste, número1270, no bairro Jardim Aurora, CEP 78.890.000, localizado nesta cidade de Sorriso. O contato com a escola pode ser feito através do telefone (66) 3544-0801.
A escola oferta atendimento desde a educação infantil ao ensino fundamental no período matutino e vespertino.
A instituição atende um total de 890 alunos, desse total 8 são alunos em processo de inclusão.
A pesquisa foi realizado no período de 11 de março de 2013 a 15 de março de 2013 no período das 07h00minh as10h30minh, sendo observada a turma do 5° ano do ensino fundamental.
2.2 CONCEPÇÕES PEDAGÓGICAS DA ESCOLA
Promover ao aluno, acesso ao conhecimento sistematizado e, a partir deste, a produção de novos conhecimentos. Preocupar-se com a formação de um homem consciente e participativo na sociedade em que está inserido. Aprender a aprender, valores, respeito, disciplina, coletividade, trabalho unificado- coletivo, criar para humanizar, compromisso.
Trabalhar valores culturais, morais e físicos. Integrar elementos da vida social aos conteúdos trabalhados.
Compreender o aluno como agente transformador da sociedade, além de crítico, responsável e participativo.
Trata-se de uma abordagem internacionalista, entretanto o homem é sujeito e criador do conhecimento, a interação homem-mundo, sujeito-objeto é necessária para que o ser humano se desenvolva e torne sujeito de sua práxis.
O homem será sujeito através da reflexão sobre seu meio, quanto mais ele reflete sobre sua realidade, sobre sua situação concreta, torna-se consciente da necessidade de agir para transforma – lá.
O corpo docente enfatiza que a inclusão é um processo complexo que configura diferentes dimensões: ideológicas, sócio-culturais e econômicas. Esses termos comportam interação, sentimento, significado, as necessidades e ações práticas, já os termos matérias e econômicos viabilizam a reestrutura da escola
Nessa linha de pensamento, concluem que a educação inclusiva deve ter como ponto de partida o cotidiano, o coletivo, a escola e a classe comum, onde todos os alunos com necessidades especiais ou não, precisam aprender ter acesso ao conhecimento, à cultura e a progredir no aspecto pessoal e social.
A educação inclusiva é hoje o debate mais presente na educação do país. Nunca antes foi tão discutido o princípio constitucional de igualdade de condições de acesso e permanência na escola, implicando na necessidade de reverter os velhos conselhos de normalidade e padrões de aprendizagem, bem como afirmar novos valores na escola que contempla a cidadania.
2.3 DESCRIÇÃO E ANÁLISE REFLEXIVA
Realizei a pesquisa em uma turma do 5° ano do ensino fundamental, na turma tem um total de 30 alunos entre eles uma aluna deficiente auditiva que se comunicava apenas com a intérprete de libras, pois na turma ninguém sabia libras, percebi que aluna não interage nas aulas e com muita insistência copia o que a interprete manda, quando questionei com alguns professores a ausência de aulas inclusivas, me disseram que a aluna não sabe ler e que os professores não sabem libras. Acredito que o profissional da escola tem boa vontade, mais falta preparação assim como acontece em várias escolas de nosso país. É importante lembrar que, mesmo que não alcancem os mesmos resultados obtidos pelos alunos ouvintes, os estudantes com deficiência auditiva precisam participar de todas as aulas.
Para BERGAMO (2010, p.59):
A escola inclusiva necessita de professores qualificados capazes de planejar e tomar decisões, refletir sobre a sua prática e trabalhar em parceria para oferecer respostas adequadas a todos os sujeitos que convivem numa escola
Percebe-se que estudantes muitas vezes estão sendo inseridos no ensino regular sem que sejam dadas as condições adequadas para sua aprendizagem, como, por exemplo, o Atendimento Educacional Especializado, materiais didáticos e metodologias adequadas e, principalmente, a boa formação e melhoria das condições de trabalho dos professores.
A inclusão no ensino regular sem que sejam dadas condições apropriadas, não assegura que o mesmo esteja aprendendo e sendo efetivamente incluído. Os professores devem ser capacitados adequadamente para ministrar as informações e conhecimentos. Sua formação passa a ser uma construção contínua, pois assume característica de mediador, pesquisador e motivador no processo de aprendizagem. Com isto, tem-se a importância de se preparar e subsidiar os educadores para lidarem com a inclusão.
2.3.1 CARACTERIZAÇÃO DOS ESPAÇOS DE OBSERVAÇÃO
É uma escola de dois pisos, na parte de baixo tem 10 salas de aula, secretaria, sala dos professores, sala do diretor, cozinha, quatro banheiros amplos e coletivos um saguão com refeitório e espaço para brincar, no segundo piso tem 10 salas de aula, uma sala de reforço, quatro banheiros coletivos e um saguão. O prédio é novo, limpo, arejado, possui ar condicionado em todas as salas, rampas e banheiros adequados para alunos portadores de necessidades especiais, tem também uma quadra de esportes coberta e um parquinho de areia, as salas são decoradas de formas variadas, computadores, DVDs, televisores são para o uso dos professores que devem agendar o uso com antecedência, os moveis são modernos e estão em bons estados de conservação.
2.3.2 CARACTERIZAÇÃO DOS PROFISSIONAIS QUE ATUAM NA ESCOLA
Na escola trabalham cerca de 60 professores, sendo alguns pedagogos e outros formados em área específica, a maioria tem pós- graduação, 20% dos educadores já estão nessa escola há mais de três anos os outros também possuem experiência em sala de aula, mesmo assim alguns afirmaram que apesar da secretaria de educação do município oferecer formação continuada obrigatória para os pedagogos, na área da educação especial ainda tem muito que aperfeiçoa segundo a opinião deles na prática a realidade se revela.
A diretora é formada em pedagogia e tem pós, é o primeiro ano que está na escola e a quinze atua como pedagoga, já a coordenadora trabalhou como pedagoga na escola local por quatro anos, a secretária e as duas auxiliares de administração trabalham pela primeira na secretaria de escola. As turmas do pré- escolar primeiro e segundo ano além da pedagoga contam também com uma auxiliar de sala que tem como requisito estar cursando pedagogia,requisito também usado para os monitores e para os intérpretes e acompanhante de alunos com necessidades especiais. As zeladoras são de uma cooperativa assim como o guarda.
Durante a pesquisa observei que as aulas não incluíam a aluna deficiente auditiva, foram quatro dias consecutivos e não foram apresentados nem um material lúdico visual, a aluna apenas copiava o que a intérprete indicava e interagia somente com a mesma. A professora de português argumentou que a aluna apesar de estar no 5° ano não sabe ler e por isso não acompanha a turma, afirmou também que estava planejando uma maneira de ensiná-la a ler, enfatizou ainda que ensinar uma língua escrita para quem desconhece a
3.CONSIDERAÇÕES FINAIS
A escola na atualidade, assume, portanto, uma perspectiva includente, visando garantir a inserção de todos os alunos. Sendo assim, aqueles que antes estavam fora do processo educacional porque tinham alguma especificidade, devem agora ter seu espaço assegurado dentro do sistema regular de ensino, tendo à escola a obrigação de adaptar-se para acolhe-los nas suas necessidades educacionais especiais. É verdade que, até nos diais de hoje, existem exemplos de discriminações e/ou maus tratos, mas o amadurecimento das civilizações e o avanço dos temas ligados à cidadania e aos direitos humanos provocaram, sem dúvidas, um novo olhar em relação às pessoas com deficiência.
A busca por um ensino de melhor qualidade que inclua todos é tema constante de pesquisas, debates e encontros de educadores. No entanto, não existe uma formula mágica, capaz de transformar a educação. Esta é composta por dois elementos principais, os quais devem agir criticamente a todo momento. O aluno deve ser sujeito de sua educação, participando ativamente na busca pelo conhecimento. O professor, por sua vez, deve ser o facilitador do processo intelectual do aluno.
Priorizar a qualidade do ensino regular é, pois, um desafio que precisa ser assumido por todos os educadores. É um compromisso inadiável das escolas, pois a educação básica é um dos fatores do desenvolvimento econômico e social. Trata-se de uma tarefa possível de ser realizada, mas é impossível de se efetivar por meio dos modelos tradicionais de organização do sistema escolhido.
REFERÊNCIAS
FERNANDES, Sueli. Fundamentos para a educação especial. Curitiba: Ibpex, 2011.
SILVANA, Mônica Caetano. Urbanatez, Sandra Terezinha. O Estágio no curso de Pedagogia, volume1. Curitiba: Ibpex, 2011.