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ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: UMA CONSTANTE NA EDUCAÇÃO

 

Eliane Menegatti Berti

Ilenair Lunardi

Lucélia Chirlen da conceição Silva

Leidjane Nicolau Mendes

Neiva Brun

RESUMO

 

Este artigo tem como intuito estabelecer uma compreensão acerca da importância e da necessidade da alfabetização e do letramento acontecerem de maneira conjunta no âmbito escolar, por esse motivo deve-se incentivar a criança desde muito cedo o habito de leitura, iniciando o processo de ensino/aprendizagem desde a primeira infância, tendo em vista, o adulto como o principal mediador entre a criança e a leitura e escrita. Para alguns o letramento não deve acontecer no momento da alfabetização, acreditando que este pode acontecer separadamente daquele. Todavia, entende-se que ambos são possíveis de serem discutidos separadamente, desde que não haja conflito no momento da alfabetização das crianças, mas, não pode ocorrer um da cada vez, pois, o processo da leitura e da escrita requer muito esforço intelectual por parte da própria criança, estando ela em fase escolar inicial, sendo ambos, parte de um processo continuo, que estende-se para além da sua trajetória escolar e acadêmica, possibilitando que o cidadão seja capaz de interpretar e construir críticas dos mais variados tipos de textos em qualquer fase da sua vida.

PALAVRAS-CHAVE: Mediador; Alfabetização; Letramento; Intelectual.

 

INTRODUÇÃO

 

A leitura e a escrita é algo que está constantemente presente em nossas vidas, embora não seja notada, fazemos o uso dela em tudo e para tudo. A leitura e classificada de duas maneiras: a leitura de mundo, a qual praticamos de maneira automática sem sequer percebemos, e a leitura de signos que acompanha a escrita, interligadas entre si.

O presente artigo se remete a importância da alfabetização e do letramento durante a Educação Básica, sua passagem pela crença de que a criança não necessitava de ser alfabetizada antes dos setes anos, acreditando haver um amadurecimento para ocorrer o processão de alfabetização, pois somente assim a criança estaria apta a aprender.

A criança é um ser capaz de aprender em qualquer idade, superando os desafios proposto, porém, a alfabetização não deve ser cobrada na Educação Infantil, mas pode ser introduzida em seu meio a fim de familiarizar a mesma.

A alfabetização na Educação Infantil pode acontecer de três formas diferentes, sendo a que obriga o professor a alfabetizar; a que alfabetiza de forma indireta por meio de músicas e a em momento algum tem a intenção de alfabetizar, sendo ambas a critério do professor.

O letramento e a alfabetização devem acontecer de maneira conjunta nas escolas, quando uma acontece sem a outra causa conflitos na Educação gerando falhas em uma ou em outras ou até mesmo nas duas, dificultando a aprendizagem da crianças.

O processo de alfabetização e letramento requer muitos esforço intelectual em sua fase inicial, então é dever do professor ser o mediador nessa entre a criança e o mundo da leitura e da escrita, num constante ensino/aprendizagem.

No entanto, este artigo nos fará refletir a importância de uma alfabetização de qualidade.

 

Alfabetizar ou letrar na Educação Básica

 

A leitura e a escrita é uma constante em nossas vidas e, mesmo que de forma indireta, fazemos o uso delas o tempo todo, seja ela através da leitura de mundo em nosso cotidiano, ou seja, a leitura de figuras podem transmitir uma mensagem, de gestos que complementa a fala quando conversamos com alguém, de sons que compõem uma melodia, etc. seja ela da escrita, sendo a leitura de mundo antecessora da leitura escrita, andando em comunhão, já que uma complementa a outra, de acordo com os pensamentos de Paulo Freire (2001).

As autoras Ana Carolina Perrusi Brandão e Ester Calland de Sousa Rosa (2011), evidencia que, há um tempo atrás entendia-se que a criança era um ser incapaz de aprender devido à pouca idade, pois, a mesma necessitava de uma certa maturidade que a primeira infância não possuía e, qualquer intento no quesito de alfabetização nessa fase inicial da criança, viria a anular todo o seu desenvolvimento intelectual e cognitivo, prejudicando toda a sua trajetória, uma vez que acreditavam que “[...] a aprendizagem da leitura e da escrita resultaria de um ‘amadurecimento’ de certas habilidades, [...], que supostamente deveria ocorrer em torno dos seis ou sete anos” (p. 14), e que esse conceito de amadurecimento não perdurou em nosso meio social.

Atualmente, a criança é vista como um ser capaz de aprender a qualquer hora e em qualquer idade, porém, o que diz respeito a alfabetização, é um trabalho que dever ser introduzido de forma indireta e tranquila na Educação Infantil, com a finalidade de preparar todos os seus sentidos que antecedem o processo das habilidades da leitura e da escrita, sendo assim, Brandão e Rosa (2011), cita em sua obra, três trajetos , os quais os professores de alfabetização poderão segui-los de maneira espontânea a progredir seu trabalho como educador acerca da linguagem oral e escrita da criança.

O primeiro trajeto trata-se da obrigação de se alfabetizar, a qual permite que a criança conclua a Educação Infantil dominando associações grafo-fônicas e escrevendo frases pequenas. A segunda trajetória é focada na musicalização, nos movimentos corporais, trazendo a escrita de forma lúdica, sem forçar a leitura de palavra, deixando-a acontecer de acordo com a evolução de cada criança. A terceira trajetória, sendo o oposto da anteriores, que não tem como finalidade a obrigação de que a criança saia da Educação Infantil lendo e escrevendo, mas também, não anula o uso das atividades com palavras de seu repertorio, ou seja, do mundo de faz-de-conta criado em sua imaginação através de livros de histórias, etc.

Para Vignon e Saliba (2015), a alfabetização tem sido o motivo de embaraços nas escolas do país, devido ao que estava sendo ensinado e posteriormente, como estavam ensinando, pois, não havia uma base concreta, por não se encontrarem de acordo com os parâmetros educacionais implantado, havendo objeções para inserir métodos designados para entender o processo evolutivo, reverenciando o progresso de cada criança.

Uma vez que alfabetização e o letramento devem acontecer de forma interligada, é de suma importância que os professores do e Ensino Fundamental busque alfabetizar e letrar todas as crianças de acordo com seu contexto social, no entanto, para alguns, segundo Luana Vignon e Marcos Saliba (2015), a alfabetização e o letramento são processos incoerentes, não havendo necessidade de serem ensinados de maneira conjunta, devido a possibilidade serem discutidos separadamente, causando confusão na momento de ensinar. Por tanto, esse confusão não dever ocorrer em sala de aula, pois, é dever do professor que o aluno saia alfabetizado e consequentemente letrado do Ensino Fundamental para o Ensino Médio, tornando-os capaz do exercício de cidadania no decorrer de sua vida adulta.

Para Maria Viana (2015), a alfabetização deve ocorrer desde a primeira infância, pois, a criança precisa mais do que apenas aprender a soletrar palavras, também sendo primordial o letramento nesta fase, de forma a ser empregado no decorrer de toda a sua jornada, pois, são diversos os tipos de leituras existentes no cotidiano, os quais deverão aprender a extrair as informações necessárias, sendo críticos e autênticos no assunto na construção de seus conhecimentos.

O processo de leitura requer muita dedicação e esforço intelectual do envolvido – criança e/ou adulto em fase de aprendizagem - antes de tornar-se uma habito satisfatório, e para que se desenvolva esse habito de forma saudável, é preciso que o adulto seja o mediador entre ela – criança ou adulto - e o livro. Assim sendo, a alfabetização trata-se de um processo continuo, indo para além da vida escolar, acadêmica e profissional.

Para Paulo Freire (2001), a leitura - de mundo – acontece de forma totalmente involuntária, desde o nosso nascimento até nosso último dia, sem nos darmos conta de que ela está sendo realizada, pois a mesma acontece o tempo todo e de formas variadas, sendo esta, essencial na vida do ser humano para a comunicação com próximo, uma vez que ela antecede a leitura de palavra, acontecendo em seu devido tempo sem preceder a fase da criança para a fase adulta.

Para que a alfabetização aconteça de maneira aprazível, é importante que o professor utilize atividades elaboradas a partir do próprio mundo de fantasias da criança, deixando de lado o mundo real dos adultos, usando a imaginação dela como fonte de inspiração para a construção de atividades, afim de alfabetiza-las de acordo com o contexto que a criança está inserida, pois, cada um tem uma maneira peculiar de aprender.

[...] A decifração da palavra fluía naturalmente da ‘leitura’ do mundo particular. Não era algo que se estivesse dando superpostamente a ele. Fui alfabetizado no chão do quintal de minha casa, a sombras das mangueiras, com palavras do meu mundo e não do mundo maior dos meus pais. O chão foi o meu quadro negro; gravetos, o meu giz (FREIRE, 2001, p. 15).

Quando as palavras são retiradas do próprio mundo da criança, seu envolvimento torna-se constante, pois a mesma já adquiriu a leitura de mundo, a qual acontece sem ser necessário alfabetizar, mas, que também é resultante da leitura de palavra, pois, “a leitura de mundo precede a leitura da palavra e a leitura desta implica na continuidade da leitura daquele” (FREIRE, 2001, p. 20)

Para Ezequiel Theodoro da Silva (2000), a leitura trata-se de um exercício que será praticado em todas as fases do ensino do meio social letrado, tendo seu início quando a criança começa a compreender os códigos escritos, ou seja, desde o início de sua alfabetização. No caso de a criança não ter aprendido a ler e/ou ter sido alfabetizada da maneira correta, a culpa estende-se apenas para o professor alfabetizador, esquivando-se de todo o corpo docente pelo qual a criança passou, incumbindo o professor alfabetizador pelo fracasso do aluno na leitura e na escrita.

Acerca da leitura, o analfabetismo acaba sendo uma barreira para esta ser comtemplada. Por esse motivo dar-se-á a importância de uma alfabetização de qualidade para que se forme leitores críticos, capazes de compreender tudo o que está escrito, situando-se no contexto da informação veiculada.

Para Lluíz Maruny Curto (2000), a criança possui um mundo cheio de signos e representações, diferenciando letras de desenhos, no entanto, suas primeiras tentativas de escrita serão representadas por rabiscos, não sendo estes desenhos e nem tampouco letras convencionais, porém, possuem aparência de letras. Posteriormente, reconhecerá que existe dois tipos diferentes de signos, que difere dos desenhos, as letras e os números, a criança certamente usará ambos em sua escrita, sem notar que há diferença entre números e letras, que não deve conter numerais no meio de uma palavra. É nesse exato momento que a criança entenderá que não há necessidade de desenhos para escrever palavras, “[...] esses aspectos convencionais da escrita vão sendo adquirido ao escrever, paralelamente, a aprendizagem das leis da escrita. São conhecimentos que se aprendem ao escrever” (p. 30).

Quando a criança passa a entender que para escrever usa-se signos específicos, esta escreve frases sem ter um controle em relação a espaços ou a separação em lugares incorretos.

A criança ao entender que já pode escrever, mesmo não sendo da forma correta, repetem letras e quantidades para diversas palavras, mudando com o tempo de letras grandes para pequenas, variando sempre que achar necessário, podendo escrever de acordo com o tamanho da figura visualizada. Um dos exemplos que Maruny usa em se livro é o do urso e a borboleta (2000, p.32), embaixo do urso a criança escreve uma palavra grande por que o animal é grande e na borboleta uma palavra de menor tamanho pelo simples fato de a borboleta ser menor que o urso, ela ainda não entende que a escrita não depende do tamanho do animal.

Quando ela já possui um certo conhecimento dos signos gráficos, ela inventa sua própria escrita silábica, cada silaba que compõe uma palavra ela passa a representa-la por uma letra do alfabeto, outro exemplo usado pelo autor são as palavras: mariposa, tigre e janela.

AIOA → MA-RI-PO-SA

IE → TI-GRE

EAA → JÁ-NE-LA (ventana, em espanhol) (p.35)

Sendo assim, a criança pode escrever histórias, contos, receitas, anúncios, roteiros, poesias, letras de música, tudo que lhe for desafiado de diversos tamanhos independentemente da complexidade da palavra nessa maneira de escrever.

 

Conclusão

 

Conclui-se, então, que para a alfabetização e o letramento ocorrerem com sucesso nas escolas, é necessário que o professor tenha um bom conhecimento em relação ao mundo infantil, criando uma relação baseada em confiança, havendo sempre um bom diálogo entre o educador e o educando, além de propiciar momentos descontraídos quando se está ensinando, assim sendo, estará estimulando o pensamento e a memória da criança sem esgota-la.

A alfabetização e o letramento são duas ferramentas usadas constantemente nas escolas, que serão levadas para além das sala de aula, quando a mesma não é realizada adequadamente nas series iniciais, acarretará uma série de problemas para o aluno, tornando-o desprovido de qualquer tipo de conhecimento que possui um certo grau de complexidade, contribuindo para o aumento do número de analfabetos funcionais.

Por esse e outros motivos que a alfabetização e o letramento devem ser priorizados em nossas escolas, afim de formarmos cidadãos críticos, capazes de debater com autonomia autenticidade todos os assuntos gerados em nossa sociedade, contribuindo forma positiva para o desenvolvimento da educacional em nossas escolas. Sendo assim é dever do professor realizar um bom trabalho já no início da Educação Infantil, promovendo uma educação de qualidade e, posteriormente, contribuindo para a formação de adultos capazes de exercer sua cidadania.

 

Referências

 

BRANDÃO, Ana Carolina Perrusi. ROSA, Ester Calland de Sousa. Ler e escrever na Educação Infantil: discutindo práticas pedagógicas / Ana Carolina Perrusi Brandão, Ester Calland de Sousa Rosa, organização. – 2. Ed. – Belo Horizonte: Autentica Editora, 2011 (Língua Portuguesa na Escola; 2).


FREIRE, Paulo, 1921-1997. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam/ Paulo Freire. – 42 ed. – São Paulo, Cortez, 2001.

MARUNY, Curto Lluís. Escrever e ler: como as crianças aprendem e como o professor pode ensina-las a escrever e a ler/ Lluís Maruny Curto, Maribel Ministral Morillo e Manuel Miralles Teixidó; trad. Ernani Rosa. – Porto Alegre: Artmed, 2000.

SILVA, Ezequiel Theodoro da, O ato de ler: fundamentos psicológicos para uma nova pedagogia da leitura. – 8° ed. – São Paulo: Cortez,2000.

VIANA, Maria. Sou educador: educação infantil / Maria Viana. 1. Ed.- São Paulo: Eureka, 2015.

 

VIGNON, Luana. SALIBA, Marcos. Guia do educador: teorias pedagógicas: ensino fundamental I / Luana Vignon e Marcos Saliba. 1. Ed.- São Paulo: Eureka. 2015.