Buscar artigo ou registro:

RESENHA CRÍTICA: BASES SOCIOANTROPOLÓGICAS DE AFRODESCENDENTES

Vanderleia da Rosa de Deus
Vilma Alves Tolentino

Trabalho apresentado à UNIJALES

Ao se estudar a antropologia se entende o homem como um ser biológico, filosófico e cultural. É uma ciência que se preocupa com esse homem e suas relações tendo um campo de atuação muito amplo. Salzano (2009, apud Prominas, 2018, p. 05) refere que ao buscar a história natural humana está citando a antropologia física ou biológica em seu sentido estrito, já no lato inclui a social e cultural, é chamado enfoque dos 04 campos”.

Sabe se que as sociedades dentro de si tem culturas próprias que tem padrões e formas de se comunicar entre si e o resto da sociedade de forma direta ou indireta. Ao se buscar o porquê, como quando e onde surgiram, como variam entre si e com o todo.

A antropologia fez divisões principais, entre as quais se encontra: a antropologia física que estuda o homem biologicamente; sociologia e cultural com as etnologias e sociologias; a linguística busca entender o homens através de seus padrões de linguagem; a pré histórica estuda através de vestígios materiais ou testemunhos do passado com a finalidade de conhecer civilizações já desaparecidas; psicologia conhece padrões conscientes individuais para conhecer a generalidade.

Embora seja vista como a ciência do homem desde o séc. XVI, após o iluminismo surgiu a teológica e filosófica se antes a indagação era “conhece te a ti mesmo” passou a ser “sua busca pela felicidade”. A partir do humanismo e renascimento ele passa a participar do mundo espiritual e material, mente e corpo. Há um livre questionamento sobre os questionamentos do homem “não pela autoridade e não visto pela imagem e semelhança de Deus, mas partindo da própria natureza humana” (PROMINAS, 2018, p. 08). No séc. XIX e XX, a antropologia voltou a estudar as questões físicas na qual interessa a pesquisa da constituição corpórea, condições e formação natural; atitudes antifilosóficas e antirreligiosas; separação da física e da filosófica-teológica; e nasce uma relação transformadora desta com as outras ciências.

Ao se pensar na constituição da população brasileira parte se do pressuposto que esta tem em sua base as desigualdades e as multiculturas, que na atualidade se encontra em movimentos de massas que vão as ruas exigindo seus direitos de grupos que se intitulam minoria, mas temos em nossa raiz um datado antigo sobre construções com a base e mistura da pele negra afrodescendente que nos difere dos ademais países. No entanto o que caracteriza nossa desigualdade está calcada na usurpação da matéria num Estado precário, principalmente da época da colonização de cultura de regalias e benefícios incrustradas em nossa sociedade.

A sociedade brasileira se encontra enraizada pelo apreço de ser aceita pelas classes elitizadas e que se firma pela divisão social e pela cordialidade que encontra o trabalhador que pode ascender de cargo pela cordialidade de seu superior ou submisso a ele pela ostentação do patrão. É a dupla interpretação da verdade mais absoluta de desejar o bem desde que não esteja melhor que eu, a ajuda vem, mas se limita pelos desejos do superior e nesse caso o chefe ou o dono da empresa ou organização, e na maioria das vezes nem percebe devido a alienação que o liberta das rigorosidades formais, aliciando e atraindo este que acredita ser alguém próximo ou do meio deste, o que de forma velada não é nada mais além de fazer atender suas vontades com falsas verdades.

A cordialidade permite as pessoas de qualquer classe transitem na elite e usem linguajares próprios, porém muitas vezes acabam se criando bordões que a falsa ideia de mobilidade social ou de transitar por várias classes, esses linguajares são vistos como vulgaridades em nossa elite que acaba se apropriando destas, e a questão do vulgar vem desde a moral cristã e do catolicismo devido a necessidade do imaginário de ser aceito no meio de devida classe social que encontra na modernidade uma divergência desta que não esquematiza a existência de uma moral, embora o Brasil prese por ser um pais laico, muitas religiões ainda não estão fundamentadas como na época da família real com a questão da figura do sacerdote ou Padre.

Enquanto americanos e latinos, muitas vezes nos damos mais valor cultural aos nossos países vizinhos que a nossa, esquecemos de nossas raízes africanas e valorizamos uma que nos foi encalcada, imitando a elite, o que é externo a nós, os ricos, pois é melhor que buscar imitar os pobres e marginalizados, e nesse jogo de submissão nos encontramos muitas vezes esquecendo nossas verdadeiras raízes em detrimento da qual sociedade e classe queremos pertencer sem perceber a alienação e submissão que nos encontramos submetidos.

Ao analisar nota se que não foi com a chegada da família real ou independência do Brasil que se perdeu ou dissolveu a logica cultural, ao contrario através da cordialidade ou de uma camuflagem para iludir e manter a submissão de um povo pela elite, ela se perpetuou até a modernidade, infiltrada em falsos amigos e misturados de forma a agirem como amigos prontos a respeitar, diferente de aceitar as várias culturas existentes. Essa mesma cordialidade traçou batalhas que matou milhares de vidas negras, índias, pobres e militantes pela sociedade preconceituosa, racista, burguesa e que não se importa com as diferenças, a elite somente vê esses como a mão de obra a seus interesses na maioria das vezes. Essas mesmas elites hoje são os monopólios, os donos da mídia a espreita dos movimentos em massa, comandam os bancos e em sua maioria até ocupando os comandos de locais educacionais. Buarque de Holanda (1995) apud Prominas (2018, p. 15), o termo cordialidade está longe de ser algo bondoso e sim malícia no jogo de interesses do brasileiro.

Hoje nos deparamos com reivindicações não somente de classes, mas de vários movimentos de massas de tidos diferentes, e os negros não fogem a esta, são os pobres, submissos, inferiores, burros, escravos e por ai afora as denotações pejorativas sobre esse que foi arrancado de sua pátria para servir a submissão de um trabalho forçado, até obter sua “liberdade”, entre aspas porque sabemos que foi uma falsa forma de continuarem sendo trabalhadores braçais a preços quase ínfimos ou a troca de casa e comida, pois eram tido como inferiores pela cor de sua pele negra.

Mesmo com a constituição já em 1988 ainda encontramos nossa sociedade que foi construída com fortes braços negros e que hoje ainda são colocados num depósito de coisas inúteis em nossa sociedade. Pois existe desde o sec. XVIII uma escala de raças que vai desde a branca sendo a melhor a negra a pior e nos entremeios a miscigenação que se deu entre elas. O preconceito e racismo velado existente nas relações de intimidade e amizade nas comédias e piadas que se pensar pode perceber o tom de racista existente nelas. Uma forma de camuflar o racismo está em ter um país democrático como legado da união de 03 raças, brancos, negros e mestiços. Racismo e desinformação caminham de mão dadas em meio social discriminatório.

Os imigrantes de nosso pais são oriundos da Alemanha, Itália, china, Japão, Arábia, Espanha, Portugal, Coréia, Lituânia, Rússia, Colombianos, Bolivianos e Haitianos. Os Migrantes de nosso país são de uns estados para outros, principalmente de nordestinos para São Paulo.

A classificação de cor e raça em nosso país da se pela auto declaração feita ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) a cada 10 anos, os brancos são cerca de 45,9%, os pardos são 43,1%, os negros 6,3% e os índios 0,3%. A etnia e raça estão ligados aos conceitos de grupos e ainda são pouco desenvolvidos e te em sua base uma religião, ritual e língua em comum, ou seja a cultura os une.

Nota se que no princípio a antropologia era interdisciplinar e integradora, mas com as superespecializações estas passaram a ter disciplinas próprias e devido a estudar os padrões culturais e comportamentais do homem na sociedade é capaz de minimizar os conflitos e tensões existentes entre as minorias tendo seus padrões respeitados.

O multiculturalismo é a mistura de raças que os une, mas ao conceber que existe uma força maior de uma cultura, etnia ou raça sobre outras em 2003 se alterou a lei de bases e diretrizes para educação brasileira (LDB) n. 9394/96 torna obrigatório o ensino da cultura afro brasileira e africana no ensino público em todo currículo.

Sabemos que além de um grupo de religião com base católica e protestante no Brasil existem religiões afro-brasileiras, e até hoje são conduzidas por lideres de movimentos negros tendo as mais conhecidas a Umbanda que possui deuses chamados orixás que diferente do cristianismo não exige que tenham ou sejam morais, não há cunho punitivo o que a torna atraente por muitos adeptos; e o Candomblé que é uma religião mágica e ritual. A pessoa que se identifica com seu orixá o representa de maneira mais parecida com este, em vestir, andar, falar e hábitos.

Como se percebe a afro descendência vive em nosso cotidiano, ainda vista por alguns com maus olhos como os negros tem direitos especiais porque? No entanto se observarmos do ponto histórico não são benefícios e sim uma forma de se redimir socialmente aos direitos que lhe foram tirados desde a escravidão no Brasil ao lhes trazer presos em navios para serem submissos sem direito algum e com o passar dos tempos ainda continuam marginalizados e vistos por muitos com olhar de preconceito velado em maneiras cordiais descritas como tendo um tom de ironia da palavra que não seria a gentileza, e não somente aos negros mas as pessoas de classes minoritárias como forma de alienação e submissão através de uma falsa alusão a pertencer a uma classe de forma a acreditar que pode pertencer a elite brasileira, mas que acaba sendo vista como culpada das vulgaridades e bordões criados nela.

Quem somos afinal além de uma mistura de raças e etnias, basta olharmos a nosso redor no cotidiano vivido, as diversidades e diferenças existentes e latentes em nossa sociedade. Só não podemos dos deixar abater pela ideia de tantos anos de que ser negro é ser inferior, ao separarmos nossa sociedade seja por raça, etnia, religião, politica ou cultura estamos reduzindo o todo a um e causando a exclusão e caminhando rumo contrário ao que se busca na atualidade que é respeito as minorias e as diversidades existentes.

 

REFERENCIAS

PROMINAS, Instituto. Material didático de meio ambiente e sustentabilidade. Disponível em: www.portalprominas.com.br. Acessado em 03/07/2018.