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O BRINCAR DAS CRIANÇAS E A AÇÃO PEDAGÓGICA DOS EDUCADORES DA PRIMEIRA INFÂNCIA

Daniela Vivian Carvalho1
Silvana Klein Simon2

RESUMO


O presente artigo é fruto das análises e discussões das relações significativas existentes entre as brincadeiras das crianças de dois e três anos de idade, matriculadas na turma do maternal II, de uma escola da rede municipal de ensino de Sinop-MT e a prática pedagógica da respectiva educadora. Como ponto de partida, consideramos as brincadeiras das crianças como ferramentas de aprendizagens, em interações com seus pares e educadores, visando o desenvolvimento cognitivo, corporal e emocional das mesmas. Os objetivos da pesquisa foram analisar as brincadeiras das crianças no processo de construção dos conhecimentos infantis e o trabalho dos professores a respeito do brincar das crianças, como práticas pedagógicas planejadas e valorizadas no cotidiano escolar. Para a fundamentação teórica buscamos sustentação em alguns autores, tais como: Charlot, Kishimoto, Rossetti-Ferreira, entre outros. A escolha metodológica foi embasada na perspectiva teórico-metodológica da “Rede de Significações” (ROSSETTI-FERREIRA, et ali, 2004), onde interagimos livremente com a criança e observamos os modos como constroem seus saberes, brincando. Num primeiro momento, foram realizadas observações diretas do cotidiano das crianças, procurando construir uma relação afetiva com elas, registrando suas falas, interações, locais e momentos de brincadeiras, relações entre professor-criança, criança-criança, criança- ambiente, criança-família, em um “Diário de Campo”. Os registros serviram de base para a realização de um roteiro guia das entrevistas com os professores e crianças. Em nossas análises ressaltamos que o professor precisa adotar posturas pedagógicas em parceria com as crianças, buscando práticas educativas prazerosas e que instiguem os conhecimentos das mesmas, estabelecendo relações intencionais de práticas pedagógicas entre o aprender e o brincar das crianças eminterações.

Palavras-chave:Educação Infantil. Brincadeiras. Infância. Aprendizagens.

 

1Graduada em Pedagogia pela Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT.
2Pós Graduada em Alfabetização pelo Centro Universitário Barão de Mauá.
ABSTRACT


This article is the result of the analyzes and discussions of the significant relationships between the games of children of two and three years of age enrolled in the group of the maternal II, of a school of the municipal network of teaching of Sinop-MT and the pedagogical practice of the respective educator. As a starting point, we consider children's play as learning tools, in interactions with their peers and educators, aiming at their cognitive, corporal and emotional development. The objectives of the research were to analyze the children 's play in the process of constructing children' s knowledge and the teachers 'work on children' s play, as pedagogical practices planned and valued in school everyday. For the theoretical basis we seek support in some authors, such as: Barbier, Charlot, Kishimoto, Rossetti-Ferreira, among others. The methodological choice was based on the theoretical- methodological perspective of the "Network of Meanings" (ROSSETTI-FERREIRA et al., 2004), where we interact freely with the child and observe the ways in which they construct their knowledge, joking.Inthe first moment, direct observations of the children's daily life were made, trying to build an affective relationship with them, recording their speeches, interactions, places and moments of play, relationships between teacher-child, child-child, child-environment, child-family , in a "Field Diary". The records served the basis for conducting a guide guide for interviews with teachers and children. In our analyzes we emphasize that the teacher needs to adopt pedagogical positions in partnership withthe children, seeking pleasurable educational practices and instilling the knowledge establishing intentional relations of pedagogical practices between learning and play ininteractions.

Keywords: Early Childhood Education. Just kidding. Childhood. Learning.

 

INTRODUÇÃO


O presente artigo foi tecido no desenvolvimento do projeto TCC e durante o estágio supervisionado de Educação Infantil, a pesquisa partiu do interesse em compreender as relações existentes entre as brincadeiras no processo de aprendizagem das crianças pequenas. Delimitamos o público alvo de nosso estudo, as crianças de 2 e 3 anos de idade, matriculadas na turma do Maternal II de uma “Escola Municipal de Educação Infantil” no município de Sinop – MT. Este estudo procurou identificar as brincadeiras oportunizadas pelos professores
para as crianças em suas práticas educativas, além de observar o desenvolvimento e a execução das brincadeiras das crianças em seus espaços-tempos escolares. Ou seja, observamos atentamente o brincar das crianças pequenas e a ação pedagógica dos educadores no dia a dia em que compartilham suas vidas no espaço escolar.
Acreditamos que o brincar das crianças desde a tenra idade é uma atividade que precisa ser valorizada por todos que fazem parte das suas vidas e lhe dão significados. Esta rede de relações existente entre os familiares, amigos e educadores das crianças inserem as mesmas na cultura a qual pertencem seus grupos sociais. Concordamos com Sabini e Lucena (2003, p.12) quandoafirmam:

Toda criança brinca porque gosta. Para as que ainda não falam brincar é a melhor forma de expressar o que estão sentindo, suas experiências e vivências interiores. Brincar para a criança é tão vital quanto comer e dormir.

Educar/cuidar das crianças pequenas, de maneira indissociável e articulada, conforme prevê a legislação brasileira, é fundamental para o desenvolvimento e aprendizagem das mesmas. Sabemos que ao mesmo tempo em que proporcionam diversão, as brincadeiras infantis são consideradas como as principais ações que os educadores devem articular com as crianças, no espaço-tempo escolar. É possível que o educador mantenha uma postura de seriedade, auxiliando a construção de conhecimento de forma prazerosa, pois as brincadeiras desenvolvem a percepção, a cognição e os diferentes aprendizados das crianças.
Os jogos infantis são fundamentais para o desenvolvimento e aprendizagem da criança, pois são formas que ela tem para exercitar sua imaginação, através do brincar. A brincadeira expressa como uma criança reflete, organiza, desorganiza, constrói e reconstrói o seu mundo. Charlot (2000, p. 23) afirma que a criança é “um ser singular que tem história e interpreta o mundo, dá um sentido a esse mundo, a posição que ocupa nele, às suas relações com os outros, à sua própria história, à sua singularidade”. Através das brincadeiras é possível perceber como a criança constrói seu próprio mundo, quais são seus anseios, dúvidas, preocupações, o que ela sente, e de alguma forma mostrar como gostaria que fosse sua própria vida. O brincar é uma das maneiras que ela encontra para expor o que sente, é a sua linguagem particular que, sem dúvida, devemos respeitar. É importante que o professor elabore propostas que envolvam jogos e brincadeiras e também incorpore as atividades lúdicas em seu planejamento, principalmente porque este é o centro do universoinfantil.
Compreendemos que a brincadeira é de fundamental importância para o desenvolvimento da criança, não só pelo prazer de executá-la, mas pelo prazer de executar na companhia de outros. As brincadeiras são indispensáveis no seu cotidiano, por serem socializadoras e ao mesmo tempo fazerem parte das suas vivências garantindo que as crianças tenham direito de ter suas infâncias.
Na Educação Infantil as brincadeiras têm importância fundamental. Elas podem ser consideradas como a principal atividade da criança, onde ocorrem importantes mudanças no seu desenvolvimento, onde organizamos caminhos de transições para níveis mais elevados de desenvolvimento, permitindo assim que a criança reestruture sua forma de pensar e interagir com a realidade, desafiando-se constantemente ao aprender.
A criança quando brinca constrói seu próprio “mundo”, externaliza seus sentimentos, isso contribui para que o educador encontre meios de compreender seus anseios e ampliar seus conhecimentos. A criança envolve-se totalmente no jogo, brinca porque sente prazer, diminuindo suas inquietudes e aumentando a vontade de aprender muito mais, por isso a necessidade de aprender brincando. Esquecemo-nos facilmente de que “quando se brinca se aprende antes de tudo a brincar, a controlar um universo simbólico particular” (KISHIMOTO, 2002, P. 23).
No brincar ocorrem momentos de partilhas, trocas, confrontos e negociações, gerando desequilíbrios e equilíbrios, proporcionando novas conquistas individuais e coletivas. Quando trabalhado corretamente pelos educadores, os jogos e as brincadeiras em seus aspectos pedagógicos, a criança realiza aprendizagens significativas e assim vai construindo de maneira lúdica seusconhecimentos.
O ato de brincar é muito importante, é prazeroso e o prazer é um ponto fundamental da essência do equilíbrio do ser humano. Então, podemos dizer que a ludicidade é uma necessidade interior, tanto para a criança quanto para o adulto, sendo que a necessidade de brincar é indispensável ao desenvolvimento.
A brincadeira é a melhor maneira da criança se conhecer e aceitar a existência dos outros. Brincando ela desenvolve as qualidades de observação, coragem, iniciativa, sociabilidade, gentileza, ou seja, enriquece os valores intelectuais e morais. Com a brincadeira ela ultrapassa seus próprios limites, adquirindo autonomia na aprendizagem.


2 RECORDAÇÕES: APRENDIZAGENS INFANTIS E CONSTRUÇÃO DO OBJETO DE PESQUISA
No início da socialização das crianças em espaços escolares, distintos da família onde nasceram, precisamos acolher não apenas as crianças, mas também os anseios e necessidades das famílias, numa rede de significados que se constroem em torno da criança. Por isso, os jogos e brincadeiras auxiliam os educadores no desenvolvimento das mais diversas relações que passam a se construir: com as crianças, com os familiares e com os saberes. Entretanto, para muitos educadores, o aprendizado da criança baseia-se somente em suas colocações, ensinamentos, concepções, deixando de lado, muitas vezes os questionamentos das crianças, as interações das mesmas com seus colegas e com o ambiente escolar, esquecendo-se da importância da dinâmica e do movimento que contribuem com o seu crescimento, desenvolvimento e aprendizagenssignificativas.
Em geral, observa-se que para os educadores as brincadeiras infantis e seus jogos são considerados como meios de dispersão, não sendo utilizados como um bem valioso para a aprendizagem. O lúdico muitas vezes é trabalhado como forma de distrair, com objetivo somente de recreação, sem planejamento de interação com as outras atividades. Porém, os jogos e as brincadeiras podem levar a um caminho para a construção do conhecimento e do caráter da criança na educação infantil. Acredito que para a criança vivenciar de forma agradável sua aprendizagem ela precisa brincar, pois brincando ela conseguirá expor melhor e de diferentes maneiras as suas idéias, conceitos, dúvidas e questionamentos.
Os professores têm de pensar sempre em inovar, buscar novos meios e o lúdico é a opção por excelência quando se trabalha com crianças tão pequenas. O professor deve se interessar por cada uma das crianças que forma o grupo de sua sala de aula, buscando conhecer suas motivações e seus contextos culturais. Trata-se sempre de aprender junto, instituindo o ambiente de uma obra comum, participativa, na qual a experiência da criança será sempre valorizada, inclusive a relação natural de se conhecer a partir do conhecimento, pois o que se aprende na escola deve estar explícito na vida da criança, tudo o que se aprende com prazer através das brincadeiras ficará como um marco significativo em toda a suavida.
Um dos objetivos principais de todo processo educacional, é que se valorizem os jogos e brincadeiras dentro do contexto escolar, utilizando os mesmos como instrumentos pedagógicos, tendo a participação do professor como mediador durante o ato das brincadeiras, dando oportunidades para que a criança dê suas opiniões e que também aceite a dos colegas.
Os jogos e brincadeiras fazem parte da vida de uma criança, sem eles a infância se apaga, torna-se uma fase esquecida.
Por meio deste trabalho procuramos analisar as aprendizagens que as criançasconstroem quando jogam e brincam, pois o lúdico é um grande colaborador no aprofundamento e desenvolvimento em sala de aula, proporciona liberdade e maior segurança.
A figura do professor passa a ser observada na maneira como organiza o ambiente da sala e como planeja suas aulas, se elas são divertidas, empolgantes e agradáveis para as crianças ou não. Entendemos que as brincadeiras proporcionam uma liberdade de expressão e um envolvimento muito grande com o mundo imaginário e o real. A infância pode-se dizer que é uma época de vida, onde a brincadeira é a ação principal, e por meio dela as crianças satisfazem a maioria de seus desejos e interesses mais íntimos. O aprendizado através dos jogos proporciona a liberação de energias, expande a criatividade, estimula o desempenho e auxilia nas interações. O educador deve incentivar as crianças a representarem o seu mundo através de inúmeras linguagens, tais como: rabiscar, desenhar, cantar, recortar, colar, fantasiar, dramatizar, contar, ouvir e falar, dentreoutras.
É brincando que as crianças vivem momentos de sua realidade interior transformando seu real em algo significativo da sua vida. É preciso que se respeite a infância, pois a criança não é um “adulto em miniatura”, precisamos entender suas necessidades lúdicas e afetivas.
Conforme os estudos de Phelippe Ariès (1978) acerca dos sentimentos de infância ao longo da história da humanidade, o professor deve oferecer condições e incentivar as crianças com brincadeiras atraentes, cativando-as para que sintam o prazer não apenas como um simples passatempo, mas com o objetivo de que seja um espaço privilegiado, preparando-os como seres críticos e criativos, possibilitando para as crianças sentirem prazer no ato de aprender, como também desenvolver o aspecto intelectual e o corporal por meio de brincadeiras.
Segundo Vygotsky (1998), nas brincadeiras de faz-de-conta, a criança imita o adulto para construir conceitos de mundo e para formar a sua personalidade. As roupas dos adultos podem fazer parte da brincadeira, e quando caracterizados as crianças podem ser pai e mãe, ou um simples boneco pode ganhar vida, o mundo da imaginação é mágico permite a criança construir seu conhecimento sobre a realidadevivenciada.
Quando a criança está brincando automaticamente cria situações imaginárias, e em muitas delas se comporta como se estivesse vivendo no mundo adulto. Enquanto está brincando amplia seu conhecimento sobre o mundo, e muitas vezes colocam-se no lugar do adulto. Brincando a criança expressa sua forma de representação da realidade.
Para Freire (1994), a escola deve ser um ambiente social, rico em oportunidades de interação entre as crianças, permitindo que elas e os adultos construam conhecimentos que
conduzam a uma autonomia pessoal e convívio social. Existe um rico e vasto mundo de cultura infantil repleto de movimentos, jogos, da fantasia, quase sempre ignorado pelas instituições de ensino.
Geralmente os professores não suportam a mobilidade das crianças, mas querem que elas suportem a sua mobilidade. Percebe-se que a criança em sua liberdade aprende muito mais que uma criança “prisioneira”, pois quando se aprende no espaço da liberdade, elas se desenvolvem melhor, acabam expressando e demonstrando na prática o que realmente querem. Segundo Freire (1994), as crianças aprendem porque sempre resta, por menor que seja, um espaço de liberdade para que possam brincar, pensar, criticar, criar, e é a partir daí que elas aprendem, ou seja, porque podem brincar. Quando a criança passa a brincar em liberdade, quando podem decidir sozinhas o que passa ao seu redor, usam seus raciocínios para “resolver” problemas com seus brinquedos, sem influências diretas dos adultos, conseguem de alguma forma chegar ao desenvolvimento lógico, e isso contribui para aprender os mais diversos conhecimentos escolares ou não. A infância é um período muito intenso de atividades: as fantasias e os movimentos corporais ocupam quase todo o tempo dacriança.
Trabalhar jogos com crianças da creche é de suma importância, pois as atividades abrangem o desenvolvimento motor, a memorização, atenção e principalmente a percepção, construindo noções básicas de cor, formas, lateralidade, ritmo, som, formas, entre outras aprendizagens. As brincadeiras instigam a curiosidade dos alunos, é através do lúdico que os professores fornecem para as crianças meios que proporcionam liberdade, expande a criatividade e fortalece a sociabilidade, pois a infância é a idade das brincadeiras e sem elas essa fase tão linda torna-se esquecida. O que as crianças aprendem através da manipulação ativa do meio é, nem mais nem menos, a capacidade de pensar.(ELKIND, APUD SABINI ; LUCENA, 2004, P. 64).
A criança que brinca desenvolve suas percepções, sua inteligência, e instintos sociais, ou seja, o jogo estabelece uma relação entre pensamentos/sentimentos e a realidade que cerca a criança. Além de fornecer o desenvolvimento da criança os jogos e brincadeiras permitem ao professor verificar o nível de domínio que a criança tem dos conteúdos escolares e assim programar e estabelecer atividade para que a criança possa avançar. Brincar é a primeira forma de expressão de uma cultura, é algo que pertence a todos e que leva ao surgimento e participação em idéias e objetivos comuns. O jogo tem sobre a criança o poder deum exercitador universal: facilita tanto o progresso de sua personalidade integral, como o progresso de cada uma de suas funções psicológicas, intelectuais emorais.
O jogo e a brincadeira são meios de incentivar, valorizar e principalmente de fazer a criança perceber-se como um todo, onde o afetivo, cognitivo e simbólico estão integrados, fazendo a criança sentir, agir, pensar e repensar, unindo o meio físico ao humano, sendo que deve estar sistematicamente preparado e acompanhado pelo professor. O professor deve propor, por exemplo, perguntas que instiguem a curiosidade das crianças para que possam descobrir as possibilidades de desenvolvimento que o jogo proporciona, sempre respeitando o momento de aprendizagem do aluno.

Os jogos de construção, por sua vez, são de grande importância por enriquecer a experiência sensorial, estimular a criatividade e desenvolver habilidades. Construindo, transformando, destruindo, a criança expressa seu imaginário e sua afetividade e se desenvolve intelectualmente. (SABINI; LUCENA, 2004, p. 44).


O professor deve estar ciente que é preciso explorar a criatividade e curiosidade das crianças. Uma opção são as brincadeiras de faz-de-conta, estas consistem na representação de papéis que permitem que a criança expresse seus sonhos e fantasias, ajudando a compreender melhor o mundo em que vive.
De acordo com Freire (1997), é através do jogo, do brinquedo que a criança revela seu desenvolvimento cognitivo, visual, auditivo, enfim seu modo de aprender e entrar numa relação com o mundo de símbolos, coisas e pessoas. É importante despertar na criança suas vontades, sendo que é preciso fazer com que as situações de ensino sejam interessantes para ela, o corpo e a mente devem trabalhar em conjunto para que possam se desenvolver qualitativamente.
Compreender a atividade infantil capacita o professor a intervir para facilitar o desenvolvimento da criança. O uso das atividades da cultura infantil como conteúdo pedagógico facilita o trabalho do professor e garante o interesse e a motivação das crianças, pois o aprendizado é mais instigante, e o aluno desenvolverá melhor o seu cognitivo, pois tudo que o professor ensina será de maneira de maneira divertida, com uma linguagem acessível, fácil e compreensível, ou seja, o educador participa e envolve-se no mundo infantil e assim entende melhor o desenvolvimento dacriança.
É preciso desafiar a criança para encontrar caminhos que forneçam meios para ultrapassar os obstáculos impostos pelo mundo, precisa perceber que ela é capaz de caminhar com seus próprios pés, que necessita encontrar meios para facilitar seu aprendizado.

A criança precisa aprender cedo como encontrar por si mesma o centro de todos os seus poderes e membros, para agarrar e pegar com suas próprias
mãos, andar com seus próprios pés, encontrar e observar com seus próprios olhos. (FROEBEL apud KISHIMOTO, 2002, p. 59).


É importante trabalhar com jogos e brincadeiras que fornecem liberdade de expressão, que a criança perceba que tem voz ativa, que pode expor seus anseios e desejos, ou seja, que é dotada de capacidades que necessitam ser expressas. A criança precisa brincar, estar em contato com o mundo do faz-de-conta, com um universo repleto de fantasia, movimento, cor, formas e os jogos e brincadeiras dão à possibilidade de conhecer e estar nesses lugares, à criança no momento do brincar pode ser e fazer o que quiser. Ou seja, as relações com os saberes das crianças, construídas na escola, especificamente no que se refere as crianças pequenas, são mediadas pelo educador que deverá organizar o ambiente de maneira desafiadora.

CONCLUSÃO

Em nossos estudos, comprovamos que o lúdico se faz necessário na Educação Infantil, pois é no brincar que a criança se torna livre, espontânea, se entrega e torna-se transparente. A criança sente gosto, prazer no momento dos jogos e brincadeiras.
Neste estudo questionamos a possibilidade de inovar o ambiente em sala, integrando jogos e brincadeiras como facilitadores da aprendizagem. Com isso, ressaltamos a necessidade dos educadores trabalharem o que for enriquecedor para promover a interação das crianças para que ocorra uma aprendizagemsignificativa.
É necessário refletir como os jogos e brincadeiras vêm sendo trabalhado nas escolas, compreender se é possível de maneira lúdica descobrir novos conceitos que contribuem para melhor conhecimento e aprendizagem, e verificar se há um aprendizado significativo das crianças nas atividades pedagógicas, lúdicas e sociais, dentro do contexto escolar. Pois, os jogos, as brincadeiras e os brinquedos tornam-se mais significativos à medida que as crianças se desenvolvem, pois a partir da livre manipulação de materiais variados, ela pode reconstruir objetos, reivindicar coisas, construir saberes.
Brincar é mais que uma reação intuitiva da criança, faz parte da preparação para a vida e para as responsabilidades que ela precisa aprender a construir. Por isso as atividades lúdicas são indispensáveis à prática educativa. Através das brincadeiras a criança aprende a raciocinar e a descobrir o prazer de viver criativamente no mundo. Sendo assim, é importante que a criança brinque espontaneamente, sem seguir regras rígidas ou instruções que acompanham
determinados brinquedos, daí a importância em deixá-los livres para manipular, pesquisar e descobrir os objetos para que cheguem à suas próprias conclusões.
Cabe aos educadores construírem propostas educacionais que contemplem a criança na idade em que ela está. Para tanto, faz-se necessário conhecer o universo infantil, suas necessidades de desenvolvimento integral, suas linguagens.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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