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IMPLICAÇÕES DA EXCLUSÃO SOCIAL E O CONTEXTO DA
CONSTRUÇÃO DA LEITURA E DA ESCRITA NA SOCIEDADE ATUAL
João Soares dos Santo1


RESUMO

É alarmante o número de alunos que saem das series iniciais sem as aquisições mínimas que permitam cursarem seus estudo dentro do tempo correto com a desenvoltura necessária para seu envolvimento social de acordo com suas perspectivas. Assim sendo torna necessário verificar o que esta acontecendo no contexto educacional para superação das dificuldades que assolam os alunos, neste caso, alunos da classe popular. Para verificação desta problemática foi elaboradoumainvestigação bibliográfica com intuito de encontrar autores que abordem o tema e possivelmente contribua para orientação dos professores da Escola Princesa Isabel do Município de Nova Bandeirantes no Estado do MatoGrosso. Considerando que se trata deumaescola no campo com alunos que chegam da realidade urbana, no entanto trazem consigo problemas também daquela realidade. Daí o presente artigo concluir que os problemas tem raízes mais profundas e que na mesma linha de pesquisa a conclusão mais acertada é necessita-se deumapesquisa em outros campos que somente o pedagógico oupsíquico.

Palavras chave: Leitura. Escrita. Aprendizagem. Dificuldades. Superação.


Introdução

Inicialmente, objetivou-se, refletir acerca das dificuldades de aquisição da leitura e da escrita dos alunos do ensino fundamental da Escola Princesa Isabel na comunidade trescinco do assentamento Japuranansinho. A partir do projeto sala do educador desenvolvido pela Secretária Municipal de Educação do Município de Nova Bandeirantes, Estado do Mato Grosso, foi possível rever as praticas pedagógicas adotadas pelos professores e a relevância damesmapara o contexto da exclusão social presente nas escolas docampoemrelação á sociedade atual. Ao longo da observação foi possível perceber que a dificuldade de aquisição da leitura e da escrita era apenas um dos problemas na referida comunidade, no entanto este fator contribui para compreender o que chamamos de exclusão social, levando o professor investigador e interessado no tema a focarempesquisas que possibilitassem a superação deste problema,istosignifica que o presente artigo apresentaumaprática definida pela Secretaria Municipal de Educação previsto no cronograma de ação visando á formação continuada dos professores da rede municipal.
As observações apontaram que aproximadamente 37,5% dos alunos chegavam ao quarto ano sem a aquisição mínima das competências necessárias para o desenvolvimento da série em curso. Ressaltando que se trata deumasala multiseriado, onde alunos do quarto, quinto e sexto ano dividem omesmoespaço e dois professores que lecionam diferentes disciplinas distribuídas em duas aulas antes do recreio e duas aulas após o recreio. Nesta perspectiva o presente artigo busca apresentar as possíveis etapas de intervenção a serem desenvolvidas. A principal linha de atuação é elevar a auto-estemas dos alunos, a afetividade e individualidade de cada aluno, não dissociando do seu contexto socioeconômico e familiar. Essa aprendizagem nos proporciona refazer caminhos e redirecionar o olhar sobre o trabalho para os próximos bimestres visto estarmosemandamento do segundobimestre.

I- AQUISIÇÃO DA LEITURA E DA ESCRITA

É muito importante refletir acerca do processo da aquisição da leitura e da escrita, posto que “a sociedade vê a escola como o espaço privilegiado para o desenvolvimento da leitura e da escrita” (p 14 Ler e Escrever compromisso de todas as áreas), não obstante o processo perpassa por compreender a complexidade que esta além da escola. O histórico da educação no Brasil da conta de que a exclusão social esta diretamente ligado as dificuldades da aquisição da leitura e da escrita na atualidade.
Numa sociedade em que “o trabalho pedagógico escolar dirigido a índios, negros e brancos pobres foi restrito e provisório durante todo o período colonial” (Brandão, 1984 p. 28) pode ser a razão do insucesso escolar de hoje. Uma sociedade vitima de tais praticas andam em passos tão lentos e com resultados tão frustrantes no que concerne a educação. Cabe a sociedade atual buscar caminhos que permitam recuperar todo o prejuízo gerado por aquela sociedade. Não se pode, fechar os olhos ou simplesmente virar uma pagina fingir que tudo isto foi apenas passado sem conseqüências e que não se pode recuperar de tais prejuízos acumulados ao longo da história. Não podemos também deixar de observar as responsabilidades que incorre a sociedade atual de buscar a reparação sofrida pela classe.
Nesta perspectiva a dificuldade de aquisição da leitura e da escrita é resultado da exclusão social passada e que por sua vez também gera a exclusão social atual. Ou seja, temos ai um ciclo vicioso tão perverso que as desigualdades sociais parecem não mais ser possível de ser superada. Olhando para os resultados atuais no que diz respeito ao desenvolvimento da leitura e da escrita dos alunos do ensino fundamental nas series iniciais nas classes populares, é possível mensurar as perdas no tocante as iniciativas do passado em relação ao atual processo e políticas educacionais nopresente.
Se o aluno não consegue ler e escrever na série em que se encontra no inicio de sua carreira estudantil, na alfabetização e ainda assim consegue o ir para serie seguinte, com intuito de que na série seguinte ele vai superar este déficit sem um processo de intervenção previsto e elaborado com todos os recursos pedagógicos

disponíveis, esta fadado ao fracasso com permissão e licença assinadas pelos gestores educacionais.
O objetivo deste tópico é a busca de respostas para o insucesso da educação atual, porque temos índices tão frustrantes na educação, numa época da informação e de grandes recursos tecnológicos?
Como a tecnologia pode ser usada para superação da dificuldade de aprender ler e daescrever?
Olhar para o passado, com intuito de compreender em que momento e como aconteceu o problema na educação bem como buscar resposta para os problemas atuais, não implica desconsiderar as responsabilidades atuais,mastem como objetivo compreender onde falhou, para possamos atuar na superação dos fracassos em que nos encontramos hoje, com maior eficácia. Não pretende apontar um contexto apenas como culpado por todos os insucessos,masao analisarmos os primórdios da educação brasileira podemos então compreender o que de fato esta acontecendo e buscar caminhos que possam contribuir para a superação finalmente doproblema.
SegundoTomazi(1977, p.4) com o advento da maquina detecer,isto no contexto europeu, o “trabalho assalariado tornou-se imprescindível no sistema fabril” ressalta o autor que “incluindo a mão-de-obra de mulheres e crianças em escala crescente”. A nosso verumadas respostas para o insucesso e fracasso escolar é exatamente isso, exploração domenor.Estamos referindo a Europa nos séculos XVII e XVIII, e estamos falando de exploração de mulheres e crianças naquele continente. Continente este que vem explorar as terras americanas os povos americanos, no caso os nativos bem como os negros adquiridos do continente africano.
Justifica-se então que este quadro retrata a base da sociedade daquele momento, obviamente nos séculos XV e XVI, período exclusivamente da manufatura,jádespontava o conhecimento racional, nesta época o segundo relataTomazi“o conhecimento racional do universo e da vida dos homens em sociedade começaaserumaregraseguida;éumamudançalenta...”(Tomazi1977,p.4)é exatamente o momento dos grandes avanços na navegação, descoberta do Brasil seguido pela exploração do ouro já no século dos grandes desenvolvimentos.
Todo este contexto revolucionário, são elementos que constituem os detalhes da construção da sociedade brasileira, naquele momento. Estes elemento são fundamentais para estruturas da sociedade brasileira. Assim sendo somos frutos de tudo o que se deu naquele momento histórico. Carregamos impressões que ali recebemos e que comprometem nosso viver hoje. Falamos de racismo?! Vem de lá. Falamos de desigualdades?! Vem de lá. Lá estão as origens dos nossos problemas.
Uma sociedade exploradora, escravizadora guiada pelo espírito capitalista que oprime, não somente os índios por alegarem não terem alma. Não somente os negros pelasmesmasafirmativas,masatémesmoseus concidadãos, os quais foram explorados deformacruel. Assim descreveTomazi: (Tomazi1977,p.62)
Analisando historicamente a questão das desigualdades sociais no Brasil, percebe-se que, desde que fomos “descobertos”, instalaram e aqui ficaram. Inicialmente os habitantes aqui encontrados – os índios – foram considerados animais, quenemalma tinha. Depoissealterouessaconcepção, mas ainda hoje elessãovistos como diferentes e menos capazes. Posteriormente, houve a introdução do trabalho escravo negro, quando milhares de africanos foram retirados desuaterra de origem, para enfrentar condições terríveis de trabalho e de vida. Ate hoje os seus descendentes sofrem discriminação e preconceitos pelo fato de seremnegros.

Acerca dos próprios europeus, procedentes de classe popular, que de lá vinham aborda tomazi dizendo que: (Tomazi 1977, p.62)
Emoutro momento, quando jáseprevia o fim do trabalho escravo, vieram imigrantes europeus em busca de trabalho e de melhores chances de vida. Aqui encontraram condições de trabalho semi-servis nas fazendas de café, e depois de muita resistência, transformaram-se em assalariados mascarados (o sistema do colonato é o exemplo típico, já que a família inteira trabalhava e, muitas vezes, não recebia dinheiro, massócomida, casa e outros pagamentos emespécie.


É muito importante conseguirmos estabelecer uma ligação direta com estes eventos e as conseqüências das mesmas no contexto educacional do momento. Esse massacre social que sofreram nossos antepassados não pode ser considerado apenas desigualdade social, pois assim o chamando distancia-se da gravidade que esta sombra do passado pesa sobre os que hoje são frutos daquela ação. Assim sendo o índice analfabetismo que supostamente sofre com altos e baixos, na verdade nunca esteve em alta. Dizer que hoje esta ruim e que em algum momento já

esteve bom é minimizar o problema com uma ou outra atitude temporária de governo.
Os baixos índices de escolaridade são efeitos do passado sombrio, que exige reflexão real paraumapossível superação dos transtornos provocados pelas praticas antiética, anti-social do passado. É neste contexto que o presente artigo busca dimensionar a dificuldade de aquisição da leitura e da escrita não somente para as diversas metodologias ou praticas pedagógicas, lançando o problema as vezes no sistema, nos métodos ou nos professore e ainda mais nos baixos salários como se os professores negassem desenvolver seu trabalho em função de uma política salarial incompatível ao professor em suafunção.
O baixo desenvolvimento não tem relacionamento com baixo salário do professor, pois aceitando esta visão coloca o professor como quem não cumpre seus deveres em função de baixos salários, responsabilizando-o diretamente pelo problema que tem sua origememdiversos outrosfatores.
Seria muito fácil superar todos os insucessos e o grande número pessoas que não conseguiram concluir seus estudos,casofosse apenas questão salarial. Como pretende mostrar neste tópico, faz-se necessário olharmos no passado e vermos que a educação sofrehojeconseqüências daquelemomento.
As bases da nossa sociedade é totalmente excludente e responsáveis pela postura atual, em uma analise tomazi propõe que “...existem desigualdadesemtodas a sociedades contemporâneas. Elas se expressam e são explicadas das mais variadas formas”(Tomazip. 66) neta perspectiva encontramos as desigualdades educacionais no seguinte relato
O que nos interessa analisar aqui são as desigualdades educacionais. Para começar, nunca é demais reafirmar que elas tem uma ligação muito intensa com as que se dão nos outros níveis e que, por sua vez, realimentam essas desigualdades, formando muitas vezes um círculo vicioso. Um exemplo concreto dessa afirmação é o analfabetismo. O individuo é analfabeto porque é pobre, e a pobreza o mantém analfabeto. ( p. 66)
Esta é a resposta que satisfaz a investigação que se propõe este tópico, somos resultados dessa circunstancia histórica e prisioneiros dos detentores do poder, cativos da impossibilidade de agir em busca da liberdade. Superar este “círculo vicioso” é um desafio.

Os desafios continuamemdesigualdades de acesso a tecnologia,umdos problemas da modernidade e que conseqüentemente lança mais ignorância visto que alem de lidarmos com o analfabetismo escolar surge agora o analfabetismo tecnológico sendo que não tem acesso igualitário aos meios de comunicação de forma e a tecnologia da educação com disponibilidade e ensino para a população. Este fato nos colo numa posição bem delicada. No entanto não é nosso intento discutir isso aqui,massim apontar comoumdos recursos eficazes para o combate a dificuldade de aprendera a ler e escrever ainda nas seriesinicais.
Na obra “DemocratizaçãodaEscola Publica a pedagogia crítico-social dos conteúdos” Libâneo na pagina (68) diz que “a educação, antes de ser um processo de formação cultural, é um fenômeno social, portanto, a cultura e o individuo são determinados por condições sociais e políticas” assim sendo o atua as condições no tocante a tecnologia depende desta relação do ser com a oportunidade bem como as políticas sociais que possibilitem o acesso.
II -REVENDOASPRÁTICAS PEDAGÓGICASADOTADASPELOS PROFESSORES E A RELEVÂNCIA DA MESMA NO CONTEXTO DA EXCLUSÃO SOCIAL PRESENTES NAS ESCOLAS DO CAMPO EM RELAÇÃO ASOCIEDADEATUAL
Um dos capítulos da obra “A pesquisa em educação e as transformações do conhecimento” organizado por Ivani C.A. Fazenda (1997) traz um artigo de Antônio Nóvoa comumtitulo um tanto inusitado que diz assim “diz-me como ensinas, dir-te- ei quem és e vice-versa” (p. 29) neste artigo Nóvoa atenta paraumacerta crise entre os profissionais da educação quando diz que “a crise de identidade dos professores, objeto de inúmeros debates, não é alheia a essa evolução que foi impondoumaseparação entre o eu pessoal e o eu profissional” (Fazenda, 1997, p. 31), esta crise de identidade esta realmenteligadaao sucesso ou insucesso profissional, não saber exatamenteemque contexto se encontra faz do professor um ser confuso em seupapal.
De fato sem estar ciente de seu papel como profissional bem como de sua responsabilidade pessoal pode comprometer não somente o estado do professormastodo trabalho que desenvolve em favor dos seus alunos. Esta crise de identidade pode ser a razão do fracasso do aluno. Não obstante, comojámencionado acima é muito simplório atribuir o fracasso do aluno apenas ao professor, sem analisar o conjunto de implicações que contribuem para possíveis resultados.
É de Nóvoa que vem a seguinte referencia das fases evolutivas de investigação pedagógica:
Uma certa literatura cientifica refere três grande fases do percurso evolutivo da investigação pedagógica: a primeira distingue-se pela procura das características intrínsecas ao “bom”professor,asegundadefine-se pela tentativa de encontrar o melhor método de ensino; a terceira caracteriza-se pela importância concedida à analise do ensino no contextorealda sala de aula,com baseno chamadoparadigma processo-produto. Essa literatura considera um progresso a possibilidade de estudar o ensino para além dos próprios professores; de caminho, reduz-se a profissão docente aumconjunto de competências e de capacidades, realçando essencialmente a dimensão técnica da acção pedagógica. (Fazenda, 1997p31)

Embasado neste pressuposto, que nos chama a atenção, voltou-se o olhar para a própria pratica em busca de respostas para o fracasso dos alunos que não levavamemsuasbagagensospré-requisitos para as séries que cursavam. Osprimeiros momentos de observação, foi possível verificar que os alunos não estavam chegando na série seguinte com todas a competências necessárias para cursar a série em que se localizava, neste período de observação discutiu-se quais possíveis razões poderiam estar contribuindo para o insucesso dos alunos no quinto ano. Nesta perspectiva levantaram-se os seguintes questionamentos:
a) Porque razão os alunos estão chegando à segunda faze sem adquirir as competênciasnecessárias?
b) Quais os efeitos dos métodos utilizados, no contexto da educação do campo, em relação, em uma salamultiseriada?
c) Qual o contexto socioeconômico dos alunos, e suas implicações no desenvolvimento da aprendizagem?
d) Qual o contexto familiar que vive os alunos que apresentam taisdificuldades?

Os primeiros passos foram relacionar as condições sociais dos alunos, nesta ação foi possível perceber que os alunos, nos quais somam o total de aproximadamente 80 alunos, são procedentes deumarealidade social e familiar muito conturbado. Parte dos alunos é de famílias separadas com casos de agressão, em alguns casos os pais são divorciados legalmente e deformaamigável, em outros casos são alunos que moram com avós, por circunstâncias diversas.Háainda outros problemas de ordem social que envolve distúrbios psicológicos com registros e laudosmédicos.
Não obstante chegou-se a conclusão que esta não poderia ser a razão principal das dificuldades dos alunos e de seus insucessos. Atribuir o insucesso do aluno a relação familiar conturbada, não nos permitiria buscar solução para o problema que de fato estava afetando o aluno, a dificuldade de aprendizagem. Isto colocaria os professores numa cômoda condição de aguardar que se resolvam os problemas familiares para obter sucesso escolar. Assim sendo tornou-se necessário rever as praticas e os métodos usados no processo de ensino.
Para o grupo de professores que atuam na escola foi surpreendente, pois a conclusão que se chegou foi que não há um método único a ser usado e que na verdade, exige-se em cada situação, uma ação especifica, diversas metodologias de

ensino, mais ainda, as múltiplas necessidades dos alunos tornam-se imprescindível que se faça uso de múltiplos métodos para atingir os objetivos desejados. Visto que temos diferentes alunos com diferentes necessidades o professor, sobretudo o de salas multiseriadas, necessita de dispor de diversos recursos e um domínio de diversas metodologias.
Na busca de respostas para melhor compreender os alunos e trilhar caminhos que contribuam para seu sucesso, retomou-se a pesquisa pautada nos pressupostos de Vygotsky. Compreendendo que o desenvolvimento dos alunos esta intimamente ligado ao contexto social tanto de origem como o de sua vivencia, o contexto social vivenciado. verificou-se de que as teorias de Vygotsky que aponta que o desenvolvimento do individuo é um processo sócio-histórico posto que:
Como a atividade humana, resultado do desenvolvimento sócio-histórico, é internalizada pelo individuo e vai constituirsuaconsciênciaseusmodos de agir esuaforma de perceber o mundo real, a compreensão do contexto cultural no qual ela ocorre é essencial para a compreensão dos processo psicológicos. Conforme transforma a estrutura da interação social ao longo da historia, a estrutura da interação social tambémsetransformará (...) os processos superiores envolvem, necessariamente, relações entre o individuo e o mundo, que nãosãodiretas, mas mediadas pela cultura. A interação social é fundamental para o desenvolvimento das formas de atividade de cada grupo cultural: o individuo internaliza os elementos desuacultura construindo seu universo intrapsicologico a partir do mundo externo. Uma abordagem genética e contextualizada dos processos doserhumano é fundamental para a compreensão deseufuncionamento enquantosersócio- histórico. (Marta KohlVygotskyp99)

Nas Concepções para Educação Básicas Proposta Curricular para oTerritórioMato-Grossense traz abordagens para a educação inovadora nos níveis fundamental e médio, trazumasignificativa citação acerca da educação nas comunidades Qulombolas, onde abordaque:
Para Castilho (2016), a Educação Escolar Quilombola se inscreve em um pressuposto que transcende aos objetivos formais da educação escolar tradicionalmente conhecida, mas abarca a finalidade de reescrever e afirmar as tradições ou traduções culturais dos quilombos; recuperar suas histórias suprimidas e reprimidas; reunir estilhaços de suas identidades; reinscrever sua comunidade; e libertar as pessoas das amarras calcificantes dos estereótipos e de todos os negativismos impostos, resgatando sua autoestima e autoconfiança. Nesse pressuposto, a Educação Escolar Quilombola tem por objetivo ofertar uma educação que respeite a cultura, a história, a memória, o território, a ancestralidade e os conhecimentos tradicionais das comunidades quilombolas. (p. 90)

Não se trata de uma relação ingênua de tão profunda teoria vygotkyana com as abordagens que fazemos no presente artigo, o contexto na qual se pretende chegar é que a exclusão social é a causa do analfabetismo e que por sua vez o analfabetismo gera exclusão social. No entanto não se trata de um ciclo originário apenas nas famílias desestruturadas, ao contextualizar a teoria de Vigotisky com a citação de Castilio se faz com o intento que reforçar a importância da relação social no contexto do ensino e aprendizagem, tendo em conta que o contexto social vai colaborar em muito para o desenvolvimento educacional e educacional do aluno.
Esta relação esta em plena harmonia, a nossover,pois as relações sociais e culturais são responsáveis pelo sucesso dos educando. É neste sentido que pretende chegar este artigo, esta ação em favor dos quilombolas é muito significativo para reparação dos prejuízos acumulados ao longo da história. Oquenão podemos negar é que os que não são quilombolas ficam a mercê de identificação por registros que as vezes não são suficientes para identificar a real origem docidadão.
Da a possibilidade de não ser reparado os erros do passado por não haver políticas de alcance as camadas populares sem restrição. Apontar grupos e etnias apenas não é suficiente para reparação de perdas passadas.
Nesta perspectiva faz-se necessário a elaboração de políticas de alcance mais abrangentes para não gerar um novo sistema excludente, visto que ao passo que alguns são atendidos e outros não. Por esta razão as praticas pedagógicas são fundamentais ao lado de políticas também reais no processo de superação das dificuldades da leitura e da escrita nas camadaspopulares.
III - AQUISIÇÃO MÍNIMA DAS COMPETÊNCIAS NECESSÁRIAS PARADESENVOLVIMENTO DA SÉRIESEGUINTE
Uma pergunta que necessita ser respondida com urgência é: porque os alunos não adquirem as competências necessárias para a sérieseguinte?
Considerando que as relações sociais são responsáveis pelo desenvolvimento dos alunos e que o meio social é de relevância para interação ensino e aprendizagem, prossegui-se em busca de respostas quanto ao alto índice de crianças quemesmosendo aprovadas não conseguem desenvolver nas séries seguintes, isto devido a ausência de domínio de leitura e de escrita, que impossibilitam o aluno a desenvolver de forma satisfatória. Por conta detalretardamento ficam comprometido todos os demais anos de estudo. Isto produz um quadro de aprovação injusta, para que se oportunize ao aluno oportunidades de recuperar nos anos seguintes por sua própria sorte e isto promovefracasso.
Acerca das competências mínimas adquiridas em series anteriores, o que já sabemos é que alunos das camadas populares vêm com déficit de aprendizagem de tal ordem que não acompanham os níveis nos quais se encontram. Assim descreve Terezinha
Emsíntese, sabemos que o sistema escolar está hoje concebido de tal forma quesepratica, implicitamente, a seletividade social. As crianças das camadas populares, que vêm à escolacommenor conhecimento da norma padrão e com menos oportunidades anteriores de se envolveremdiversos usos da leitura e escrita, não encontram na escola atividades que lhes possam proporcionaresseconhecimento.Emconseqüência, fracassamemproporções muito maiores na alfabetização do que aquelas crianças que dominamumdialeto mais próximo da normapadrãoe já tiveram oportunidades de encontrar a leitura e a escrita significativamente. (TerezinhaNunes,p.103)

Tais pressupostos são de grande importância para compreendermos o que esta acontecendo no tocante a dificuldade de aprendizagem da leitura e da escrita nos alunos das classes populares, quanto a isso ainda relata Terezinha que
As crianças das camadas populares, clientela da escola publica, avaliadas como portadoras de dificuldades de aprendizagem em decorrência das multirrepetências na 1ª série são,emgeral,encaminhadasasclassesespeciaisnaáreade

deficiência mental, ainda que, em suas sínteses diagnosticas, não haja menção a um déficit de inteligência; (89)

Podemos perceber que as dificuldades de aprendizagem não ocorrem somente em classes populares mais ainda é possível verificar que as dificuldades de aprendizagens não estão associadas a déficit de inteligência, estas conclusões são fundamentais para que possamos avançar em busca de respostas para o problema.
Nesta linha de raciocínio é pertinente considerarmos as conclusões deTerezinhaque diz “em síntese, as dificuldades de aprendizagem da leitura e da escrita foram tratadas como relacionadas ao nível intelectual ou motricidade”(Terezinhap.90),assim as conclusões acerca das dificuldades de aprendizagens estão relacionadas apenas ao intelectual e motricidade; considerando que “ os diagnósticos não podiam apoiar-se na defasagem entre o desempenho esperado a partir do nível intelectual e o observado” (p.90) isto “porque não existem parâmetros para a avaliação desta defasagemnoBrasil” , portanto não apodemos atribuir apenas um fator sem considerarmos as possibilidades de outras razões para os fracassos no ensino eaprendizagem.
Não obstante buscamos entender que tais dificuldades são legados de um passado em que a educação não era interessante para a classe dominante, mas o fato de termos alunos de classe média com dificuldades semelhantes e considerando que estes tem privilégios que aqueles outros não tem apontam para outras implicações que vão alem do contexto histórico, ligadas as dificuldades deaprendizagem.
Com tantos avanços em pesquisas por meio de uma tecnologia avançada, não fica impossível avançarmos no processo de superação das dificuldades de aprendizagem e providenciar caminhos que contribuam para a inclusão social de fato.Noentanto o que temos no presente é um quadro que vai muito alem de contorno educacional, a reparação de danos étnicos sociais, reconhecimento dos cidadãos e suas reaisnecessidades.

CONCLUSÃO

Concluímos este artigo, que pretendia ao longo das investigações teóricas, apontar a exclusão socialcomofator relevante na dificuldade de aquisição da leitura e da escrita, bem como o insucesso no desenvolvimento escolar ao longo da jornada estudantil, com uma conclusão pouco satisfatória. Foi possível verificar ao longo das leituras dos teóricos que abordam o tema que uma série de fatores estão implícitos neste problema que é real. Não obstante, um fator somente, como pretendia provar o presente artigo, não é suficiente para justificar esteproblema.
Nesta perspectiva fica claro que há ainda necessidade de estudar mais sobre o tema, buscar mais compreensão acerca dos fatores que estão envolvidos no que diz respeito ao desenvolvimento educacional do aluno. O que não quer dizer que não atingiu o ideal da pesquisa,masampliou os aspectos envolvidos na problemática de aquisição de leitura e escrita e sua importância para os demais aspectosestudantil.
Apontar apenas um fator é ignorar outros problema que estão diretamente as dificuldades de aprendizagem da leitura e da escrita, problemas estes que não serão aqui abordadosmasmencionamos algunscomoo contexto social que vive o aluno da camadapopular,não é novidade que muitos alunos chegam na escola com fome, em muitos casos desnutridos, não raros casos de alunos vitimas de violência domestica, alunos que são filhos de pais viciados em drogas entre outros fatores que como estes necessitam serem investigados em seu contexto para a possível implicação destes com as dificuldadesapontadas.
Também conclui-se que as escolas, por sua vez, ao valorizar a formação continuada contribui em larga escala para elucidação do problema, bem como a busca de soluções que possibilitem a superação do problema. Nesta oportunidade menciona o empenho da Secretaria Municipal de Educação de Nova Bandeirantes - MT, que desenvolve a sala do educador, principal ferramenta de reflexão e planejamento pedagógico local.
Ao promover também encontros nas semanas pedagógicas, no inicio do ano letivo tem a função de ampliar a visão dos educadores no contexto regional em

relação ao contexto local. Assim sendo fica claro que os problemas são enfrentados e em sua limitação são superados dentro das capacidades e recursos disponíveis.

REFERÊNCIAS
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