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SÍNDROME DE DOWN E A APRENDIZAGEM NO CONTEXTO ESCOLAR

Neuza Duarte
Fabiane Duarte Pereira
Marcio Batista da Silveira
Patrícia Simone de Andrade

RESUMO

A problemática SOBRE A Síndrome de Down surgiu após observarmos a negação e exclusão escolar das crianças que possuem algum tipo de deficiência na escola dita “normal. Para tanto, para efeito dessa pesquisa, utilizou-se o recorte das Pessoas com Síndrome de Down no ensino regular. Nesse sentido, o objetivo desse trabalho foi compreender como acontece o processo de inclusão e aprendizagem das crianças com Síndrome de Down no ensino regular. Pois, nota-se a falta de flexibilidade e aceitação do “outro” que foge dos padrões hegemônicos da sociedade excludente. Este estudo visa promover reflexões e estratégias político-pedagógicas que contribuíssem para que os sujeitos sociais que não estão dentro dos padrões ditos “normais” da sociedade. Os instrumentos para a coleta de dados foram de cunho bibliográfico e documental. E constatou-se que as crianças especiais não são aceitas como as demais nos contextos escolares.

Palavras-chaves: Síndrome de Down. Inclusão. Alfabetização. Currículo. Escola.

 

 

 

 

 


INTRODUÇÃO

O ministério da Educação dissemina nacionalidade política de educação inclusiva e tem implementado ações que colocam como prioridade a ampliação ao acesso e do atendimento educacional especializado e a inclusão das pessoas com deficiências no Ensino Regular. Essas ações têm proporcionado a inclusão nas escolas de ensino regular, propiciando a participação e aprendizagem de todos os alunos e possibilitando avanços as demais etapas.
Como sabemos, o conceito de inclusão está fundado na dimensão humana e sócio cultual, enfatizando formas de interações positivas, possibilitando apoio às dificuldades e acolhimento das crianças com deficiência no ensino regular.
Essas necessidades nos fazem convergir nosso olhar para o interior da escola para compreender como acontece de fato essa interação. As pesquisas demonstram que 65% das crianças com deficiência se encontram inseridas no Ensino Regular, contudo, será que de fato essa integração acontece no interior das escolas? Essas inquietações nos fazem manifestar nos ensejos de realizar este trabalho, a fim de provocar discussões a respeito da inclusão das pessoas com Down no ensino regular.
Assim, este trabalho tem por objetivo analisar a inclusão escolar das crianças com Síndrome de Down no Ensino Regular e verificar se essa “inclusão” de fato acontece.
Para tanto, esse trabalho está pautado em sete seções. A primeira trata do contexto histórico do atendimento das pessoas com deficiência, à segunda descreve a Síndrome de Down e suas definições. A terceira diz respeito à criança com Síndrome de Down e a inclusão no ensino regular, na quarta dialogou sobre a criança com síndrome de Down e seu processo de ensino e aprendizagem, na quinta sessão abordará sobre o processo de alfabetização da criança com síndrome de Down, na sexta, o currículo escolar e a inclusão da criança com síndrome de Down.


DESENVOLVIMENTO

Segundo DIAS (2015), a inclusão das pessoas com deficiência no meio social perpassou diversas fases sendo elas: a fase da exclusão total onde eram vistas como um mal que poderia contaminar a sociedade de seu tempo e pôr em risco sua sobrevivência. Nesta fase as pessoas com deficiência não tinham a liberdade de conviverem e participarem das relações sociais, pois eram descartadas ou mortas. A fase da segregação institucional trata de forma assistencialista, consistia da prática de internar as pessoas com deficiência em grandes instituições de caridade, junto com doentes e idosos. Já na fase da integração, o aluno era inserido na escola mediante seus esforços e por sua preparação sem nenhuma facilitação da sociedade, ou seja, as pessoas com deficiência eram inseridas na escola, desde que estas tivessem alcançado um nível de competência correspondente aos padrões considerados ‘normais’.
Ainda segundo DIAS (2015), no Brasil, o atendimento às pessoas com deficiência teve início na época do Império, com a criação de duas instituições, atualmente denominadas Instituto Benjamin Constant – IBC e o Instituto Nacional de Educação de Surdos Mudos – INES, ambos no Rio de Janeiro. Já no século XX foi fundado o Instituto Pestalozzi para o atendimento de pessoas com deficiência mental. Alguns anos depois foi criado o primeiro atendimento educacional especializado às pessoas com superdotação na Sociedade Pestalozzi e a Associação de Pais e amigos dos Excepcionais – APAE.
Segundo BRASIL (2010), no que se refere ao atendimento das pessoas com deficiência:
A Educação Especial se organizou tradicionalmente como atendimento educacional especializado substitutivo ao ensino comum, evidenciando diferentes compreensões, terminologias e modalidades que levaram à criação de instituições especializadas, escolas especiais e classes especiais. (p.10).
Por muito tempo perdurou o entendimento de que essa organização de forma paralela à educação comum seria a forma mais apropriada para o atendimento dos alunos que apresentavam deficiência ou que não se adequassem à estrutura rígida dos sistemas de ensino. Essa concepção resultou em práticas que enfatizavam os aspectos relacionados a deficiência, em contraposição à sua dimensão pedagógica. Segundo BRASIL (2009):
Em 1994, a Declaração de Salamanca proclama que as escolas regulares com orientação inclusiva constituem os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatórias e que os alunos com necessidades especiais devem ter acesso à escola regular, tendo como princípio orientador que as escolas deveriam acomodar todas as crianças independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras. (p. 330).
Dessa forma, deu início à fase da inclusão por meio da qual o educando busca se preparar e a sociedade em contrapartida adequa-se às necessidades apresentadas pelo aluno e busca meios para auxiliá-lo a superá-las. Entre todas as fases sendo o modelo mais eficiente, pois, exige esforço em conjunto com o propósito de possibilitar o acesso e a permanência, com sucesso, da pessoa na escola e na sociedade.

SÍNDROME DE DOWN: ALGUMAS DEFINIÇÕES

A síndrome de Down, inicialmente era considerada como mongolismo, devido a uma semelhança com o povo oriental, foi assim até 1866, quando o doutor John Langdon Down, se questionou através de observações porque um grupo de crianças serem tão parecidas entre si e tem semelhanças e traços parecidos da população mongoloide. Portanto este cientista apresentou como pejorativo os termos idiotas mongoloides para as pessoas com a síndrome e também para a população da Mongólia. (SCHWARTZMAN, 1999, p.23).
Essa síndrome é uma anomalia genética, causada por um erro na divisão celular durante a divisão embrionária. Os portadores possuem em vez de dois cromossomos no par 21, possuem três, assim também chamada trissomia do cromossomo 21, podendo ser diagnosticada ainda na gestação.
Segundo o autor acima mencionado, a Síndrome de Down foi à primeira síndrome associada a uma aberração cromossômica e é a principal causa genética da deficiência intelectual. Para MARTINS (2013), se caracteriza pela existência de um cromossomo extra, ou parte de um cromossomo extra, causando uma triplicação ao invés da duplicação do material genético referente ao par cromossômico 21 e ainda não foi descoberto o que provoque a síndrome de Down.
Ainda o autor diz que a Síndrome de Down como uma cromossopatia, na qual o quadro clínico global pode ser explicado por um desequilíbrio na constituição cromossômica. Ela ocorre de três maneiras diferentes, a trissomia livre ou simples, que a pessoa possui 47 cromossomos ao invés de 46, a translocação, o cromossomo extra do par 21, fica grudado em outro cromossomo e o mosaico, ocorre da não disjunção mitótica nas primeiras divisões do zigoto, essa é a forma mais rara de desenvolver-se a síndrome, assim ocorre dessas três maneiras.
Segundo CORREA (2011), as representações das características dos indivíduos com a síndrome devem ser dissertadas com cautela, porque é comum a tendência de peculiaridades diferentes entre seus pares. E a alteração genética, provocada pelo excesso de material no cromossomo 21 determina aos portadores da síndrome de Down, características típicas, como: olhos oblíquos, rosto arredondados, mãos e dedos pequenos, pregam únicas nas mãos orelhas pequenas, hipotonia, dificuldades motoras e intelectuais e tem maior propensão ao desenvolvimento de doenças. (CARRICO, 2014, p.33).
De acordo com os estudos deste autor, os bebês que apresentam Síndrome de Down costumam ter tempo médio de gestação menor se comparados a bebês normais, ou seja, enquanto a média de gestação do bebê normal é de 39,75 semanas, o bebê com a síndrome tem média gestacional de 38,78 semanas. E o diagnóstico pode ser iniciado durante a gravidez na décima segunda semana de gestação, primeiramente com o ultrassom morfológica fetal, para avaliar a formação do feto e a translucência nucal, isso pode cogitar a presença da síndrome de Down, que pode ser confirmada pelos exames de aminiocentese e a amostra do vilo corial, e depois do nascimento o diagnóstico clinico, exame do cariótipo confirma a síndrome de Down.
Podemos dizer que alguns pesquisadores apontam, como MIKKELSEN (1976), a incidência da Síndrome de Down seria em torno de 1, 600 ou 1,800 nascimentos. Para SCHWARTZMAN (1999), esse percentual é de 1,700m e seus estudos apontam que as probabilidades maiores são entre mulheres acima dos 35 anos, para ter um filho com a síndrome de Down. Aumentam em idades avançadas, mulheres com idade acima dos 40 anos podem ser de 1 para cada 100 nascimento, portanto, em idades mais avançadas, geralmente são solicitados exame para identificar possíveis anomalias, pois seus óvulos envelhecem como seu corpo, porém qualquer mulher pode gerar um filho com síndrome de Down, pois não existe distinção de raça, cor.
O último autor diz ainda que o motivo pelo qual mulheres mais velhas apresentam maior risco de terem filhos com Síndrome de Down é que seus óvulos envelhecem juntamente com elas, uma vez que a mulher já nasce com todos os óvulos nos ovários. A pessoa com síndrome de Down tem maior probabilidade em sofrer com problemas de saúde como: problemas cardíacos congênitos, disfunção da tireoide e com problemas respiratórios, porem nos dias atuais, tem maior qualidade de vida, o que oportuniza a longevidade podendo chegar aos setenta anos.
Com saúde aumentam, mas a sua interação com o meio que está inserido, podendo frequentar escolas, parques, empregos uma socialização saudável e ativa com a sociedade. E os aspectos neurobiológicos dos indivíduos com Síndrome de Down apresentam plasticidade na interação com o meio ambiente, o que pode levar a processos de superação e adaptação.
As pessoas com síndrome de Down, segundo SCHWARTZMAN (1999), precisam de um ambiente que estimule a aprendizagem, auxiliando o seu desenvolvimento cognitivo, o que oportunize a vivência de novos conhecimentos, tornando uma pessoa autônoma e idenpedente, sendo ativa e cidadã.
Assim, as crianças com a síndrome devem receber estímulos desde o nascimento, uma educação especializada em suas necessidades sendo capaz de integrá-lo positivamente na sociedade. Sua aprendizagem depende da união de processos neurológicos e da evolução de funções como, linguagem, percepção, lateralidade, estrutura corporal e orientação de espaço. O atraso também é reconhecido como característica predominante do desenvolvimento e da aprendizagem de indivíduos com a Síndrome de Down.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Compreendemos que síndrome de Down, ou conhecida também como trissomia do cromossomo 21, é causada por uma alteração genética anormal, desenvolvida durante fecundação, ocorrendo um erro na divisão embrionária. Ao invés de possuírem dois cromossomos 21, os portadores da síndrome possuem três, isso ocorre a triplicação do cromossomo, até os dias atuais não se sabe por que isso ocorre.
A síndrome pode ser detectada durante a gestação, através de exames de aminiocentese e a amostra do vilo corial, esses exames são solicitados após possível presença da anomalia genética verificada por ultrassom morfológica para avaliar a translucência nucal. Pesquisas apontam que a ocorrência da síndrome de Down é maior entre mulheres de 35 anos, as probabilidades são de 1 para cada 350 nascimentos, em gestações acima dos 35 anos.
Os portadores da síndrome de Down têm características típicas como: olhos oblíquos, rosto arredondado, mãos e os dedos são menores, orelhas pequenas, hipotonia, dificuldades motoras e comprometimento intelectual. Os problemas de saúde mais comuns são: cardíacos, tireoide, estrabismo e cataratas, alterações respiratórias e apneia do sono, mas esses sintomas variam de criança, pois cada criança é única, as mesmas dependeram de acompanhamento médico.
A aprendizagem é um processo complexo, onde existem inúmeras definições e conceitos, o aluno com a síndrome tem o ritmo de aprendizagem mas lento, onde as etapas de sua aprendizagem deve ser respeitas a memória e a inteligência são desenvolvidas através de estímulos adequados.
Enfim, a rotina para o aluno com Síndrome de Down, é fundamental para se sentirem seguros e, assim permaneceram em sala para a realização das atividades e para construção da aprendizagem, o professor deve valorizar a importância da rotina para esses alunos, pois, é comprovado que a rotina é fundamental para os mesmos, portanto auxilia no sucesso de sua alfabetização.

 


REFERÊNCIAS

BRASIL. A inclusão escolar de alunos com necessidades educacionais especiais- DEFICIÊNCIA FÍSICA. Brasília: Ministério da Educação - Secretaria de Educação Especial. 2009.

BRASIL. Marcos político-legais da educação especial na perspectiva da educação inclusiva. Brasília: Ministério da Educação – Secretaria de Educação Especial, 2010.

BRASIL. Formação continuada a distância de professores para o atendimento educacional especializado. Brasília: Ministério da educação, Secretaria de educação especial, 2007.

BRASIL. Constituição da república federativa do Brasil. Promulgada em 05 de outubro de 1988. Rio de Janeiro: Degrau Cultural, 1988.

BRASIL. Declaração de Salamanca. Necessidades educativas especiais – NEE. In: Conferência Mundial sobre NEE: Acesso em qualidade – UNESCO. Salamanca/ Espanha: Unesco ,1994.

BRASIL. Diretrizes curriculares nacionais para a educação especial na educação básica. Brasília: CNE/CEB, 2001

BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da Educação Nacional. Brasília: Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, 23 dez. 1996.

CARRICO, B. et al. Avaliação auditiva periférica em crianças com síndrome de Down. Audiol. Commun. Res., São Paulo, v. 19, n. 3, p. 280-285, set. 2014.

CORRÊA, J. C. F. et al. A existência de alterações neurofisiológicas pode auxiliar na compreensão do papel da hipotonia no desenvolvimento motor dos indivíduos com síndrome de Down? Fisioter. Pesqui., São Paulo, v. 18, n. 4, p. 377-381, dez. 2011.

CORREIA, Luís de Miranda. Alunos com necessidades educativas especiais nas classes regulares. Porto Códex: Porto Editora, 2014.