AGÊNCIA EDUCACIONAL BRASILEIRA
CURSO DE MESTRADO CIÊNCIA DA EDUCAÇÃO
IVONE DOS SANTOS RAMOS
OS DESAFIOS DE ALFABETIZAR LETRANDO
VERA-MT
2018
IVONE DOS SANTOS RAMOS
OS DESAFIOS DE ALFABETIZAR LETRANDO
Trabalho apresentado no curso de mestrado em ciências da educação da Agência Educacional Brasileira -AEBRA.
VERA-MT
2018
OS DESAFIOS DE ALFABETIZAR LETRANDO
Ivone dos Santos Ramos
Trabalho apresentado no curso de mestrado em ciências da educação da Agência Educacional Brasileira -AEBRA.
Resumo:
O presente trabalho traz a proposta de desenvolver conceitos que demonstrem a alfabetização e o letramento no processo educacional, diferenciando-os sobre suas características e representatividade que cada um se compõem, bem como a finalidade e construção do sujeito dentro do contexto educacional e social. A proposta é esclarecer suas diferenças, afim de que se possam compreender, destacando-se para suas diferenças e de como é importante que sejam compreendidas e desta forma conduzir a formação de alunos do ensino fundamental. No teor do texto, buscou-se sugerir mais que a construção de tais conceitos, com a amostra de que contribuições a associação da alfabetização e do letramento podem contribuir à educação.
Palavras chave: Alfabetização. Educação. Letramento.
Introdução
Hoje, tão importante quanto conhecer o funcionamento do sistema de escrita é dominaras práticas sociais letradas. Assim, enquanto a alfabetização se ocupa da obtenção da escrita, o letramento se preocupa com a missão social que é apresentada quando o sujeito escreve ou desenvolve-se por meio da leitura.
Com o estudo é possível verificar que a alfabetização se apresenta como método impulsionando o aprendizado da escrita, bem como das formas de identificar os significados que ocorrem com a leitura, desta forma, pode-se dizer que o alfabetizado é o sujeito que compreendeu e consegue ter para si o necessário para fazer uso de significados e aplica-los de acordo com o contexto em que está inserido, além de fazer uso do instrumento de leitura por ter desenvolvido habilidades que são essenciais a tal fim.
Segundo Val (2006, p. 19), a definição do termo alfabetização condiz ao processo que direciona especificamente e de forma indispensável o conteúdo que é o sistema da escrita, e com isso o aluno compreende qual é o meio que dá sustentação e faz com que este se desenvolva de forma autônoma. Portanto,“alfabetização diz respeito à compreensão e ao domínio do chamado “código” escrito, que se organiza em torno de relações entre a pauta sonora da fala e as letras (e ouras convenções) usadas para representá-la, a pauta, na escrita”.
Contudo, no entendimento de Perez (2002, p. 66), o início deste processo de alfabetização é geralmente identificado no momento em que a criança é inserida no contexto escolar, porém, afirma que isso se dá anteriormente, ou seja, por meio de diversos mecanismos que interagem com o contexto que a criança vivencia no seu dia a dia. E tudo isso é descrito como meios em que a criança faz a leitura das coisas e seus significados, mas que de fato fica consolidado quando adentra às séries iniciais, na ambiência escolar e posteriormente tem continuidade com o desenvolvimento pessoal e novas experiências após o período escolar.
Soares (2003),descreve a diferença ente os dois termos, enquanto que a alfabetização engloba todo o processo de aquisição de um meio para identificar os significados e os símbolos que integram a linguagem, seja oral ou escrita, o letramento proporciona a efetividade e a competência que o sujeito tem em relação ao uso dos símbolos e significados.
“Alfabetizar e letrar são duas ações distintas, mas não inseparáveis, ao contrário: o ideal seria alfabetizar letrando, ou seja:ensinar a ler e escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita, de modo que o indivíduo se tornasse, ao mesmo tempo, alfabetizado e letrado” (SOARES, 1998a, p. 47).
Assim sendo, a alfabetização é o mecanismo de ação que movimenta os sentidos do sujeito e eleva até a aquisição do conhecimento fazendo que este desenvolva habilidades que ao fim proporcionam que o sujeito leia e escreva, ou seja, nessa visão alfabetizar letrando significa encaminhar que é necessário unir vários elementos para o aprendizado eficiente da criança, utilizando-se os materiais que estão disponíveis na sua forma escrita, mas também fazendo com que a criança passe a observar o mundo que o cerca, com suas características, suas dinâmica, desta forma, poderá aprender o significados dos símbolos, das palavras e de cada coisa e ao mesmo tempo como esses significados interferem na sua convivência, na sua manifestação oral e escrita.
Ainda, Segundo Soares, no que se refere ao letramento, pode-se afirmar que por meio deste o sujeito é capaz de localizar-se, encontrar o que deseja, entender o contexto e os significados das coisas, fazendo uso da escrita como meio de encontrar-se e inserir-se no contexto (SOARES, 2004).
No entanto, deve-se atentar a demais fatores que envolvem a alfabetização pela sua importância e o letramento, sendo um dos meios que mais contribuem com o desenvolvimento do ser humano e a criança ao ser inserida no contexto escolar adquire por processo a aquisição da linguagem, torna-se habilidoso na linguagem oral e escrita e sabe utilizá-la como mecanismo de localiza-se e situar-se nos contextos em que faz o intercâmbio.
No entanto, a realidade vivenciada nas escolas do Brasil, apontam para a inserção de alunos e exposição a nem sempre uma educação que lhes proporcionam a aprendizagem adequada, não alfabetizando com eficiência e consequentemente tornam-se sujeitos que tem dificuldades de desenvolver-se na escrita e na leitura.
Isto nos remete a questão atual de analfabetismo funcional, onde o indivíduo é alfabetizado mas não consegue desenvolver-se de forma sistêmica, por ter uma base ineficiente, adquirindo assim o status de alfabetizado, porém não significa que é de fato letrado.
A proposta de mudanças nesta realidade aponta para a decisão de investir no ensino de qualidade, na alfabetização que prepare os alunos a serem pessoas letradas, que saibam se desenvolver em qualquer contexto, que saibam interpretar, e produzir a partir do conhecimento adquirido, além de continuar a aprendizagem e alargar os caminhos do conhecimento.
Um dos fatores mais importantes é a análise dos métodos utilizados para os alunos em geral e para cada indivíduo especificamente, pois deve-se observar que cada aluno possui seu próprio meio de aprendizagem, mais fácil ou mais difícil e o educador deve sempre observar qual o método está apto, está surtindo os resultados eficiente e abandonar aqueles que não contribuem ao aprendizado do aluno.
Contudo, muitas vezes o que impede que o aluno seja apreciado com o desenvolvimento adequado é a ausência de conhecimento dos educadores, que transmitem o ensinamento inadequado ou superficialmente, não fazendo com que seus alunos consigam atingir o conhecimento e por fim beneficiar-se da aprendizagem.
Por não conhecerem métodos educacionais que beneficiam a todos, podem sim contribuir com o fracasso de aprendizagem do aluno, necessitando de formação continuada de tais educadores pois somente assim podem observar novos conhecimentos e métodos que vem sempre implantados e logram êxito na aprendizagem de seus alunos.
Conseguintemente, utilizam-se de meios que acreditam ser viável e que atendem aos interesses da maioria, não envolvendo o aluno nem mesmo aproveitando o estágio em que se encontram onde está presente a vontade e a curiosidade de aprender novos significados, deixando passar essa fase e muitas das vezes levando o aluno a frustação, sentimento de inferioridade por não compreender como os demais e sabe-se que isso é uma deficiência no educador que não sabe conduzir o ensino de forma que contemple a todos os alunos da classe.
Por isso, o educador teve ter o compromisso de atualizar-se, de estudar e compreender todos os meios possíveis de contribuir na formação integral de seus alunos, formando-os e principalmente preparando-os para serem mais que alfabetizados, mas sim ambos, alfabetizado e letrado.
Segundo Carvalho (2008, p. 46), o essencial a um educador ir muito além de suas bases teóricas, do método, sendo sim de extrema importância, mas não o torna suficiente, assim, o que realmente importa é:
(...) a boa aplicação técnica de um método, exigindo prática, tempo e atenção para observar as reações das crianças, registrar os resultados, ver o que acontece no dia-a-dia e procurar soluções para os problemas dos alunos que não acompanham (CARVALHO, 2008, p. 46).
Compreende-se que o que Carvalho quis destacar é que vai muito além do próprio conhecimento adquirido com princípios e bases teóricas, mas sim, do conhecimento do educador na individualidade de cada aluno, além de considerar o tempo para observar e ver que meios podem ser modificados para que cada alunos consiga alcançar aquilo que se deseja, o aprendizado e a competência de ser alfabetizado e letrado.
Entretanto, de acordo com Soares (2004), é urgente uma revisão nos paradigmas hoje vigentes na educação, tendo em vista os alarmantes sinais de fracasso em alfabetização que se verificam em nas escolas. Não que se esteja pregando uma volta ao passado, com uso de métodos de alfabetização que ensinem apenas a identificação entre fonema-grafema, e habilidades de codificação e decodificação da língua escrita. Mas, que ao inserir a criança no mundo letrado, permitindo a ela participar de experiências variadas com a leitura e a escrita, a escola deve oferecer a alfabetização como complemento que tem sua particularidade própria e que deve ser integrada aos esforços de letramento, sob pena de não conseguir atingir nem um nem outro objetivo.
Como visto,é possível compreender que a alfabetização transforma o sujeito que antes não possuía habilidades específicas de comunicação e o capacita para que saiba se desenvolver de acordo com as exigências e peculiaridades de cada contexto, além de transformá-los no seu modo interpretativo e o possibilita que venha a produzir textos escritos, assim como a maior facilidade na comunicação e organização de seus pensamentos.
Dessa forma, é preciso organizar o trabalho pedagógico para que os alunos experimentem e vivenciem a prática da leitura e da produção de textos diversos na sala de aula. O papel do educador se concentra em fazer com que seu aluno consiga atingir o grau de conhecimento, com aprendizado, assim terá uma opinião crítica.
Como destaca Freire (1996, p.14), que o educador possui importância quando se refere ao seu papel, e a partir do momento que há o comprometimento e o desenvolvimento com interesse de sua parta ao aplicar em sala de aula o uso de tarefas que vão além de conteúdo, mas ao ensino de pensar corretamente.
Considerações Finais
Empenhar-se na alfabetização na possibilidade do letramento pressupõe a união combinada que vai além dos materiais elaborados e estritamente teóricos e objetivos, mas sim expor o aluno ao contexto real, a interpretação e análise de situações do cotidiano, e unindo-se ao conhecimento descrito em cartilhas, em livros, na junção, análise, pesquisa e posteriormente no exercício práticosubstituir as práticas engessadas das cartilhas e dos livros didáticos por situações reais de uso dos diferentes gêneros e tipos textuais que circulam no cotidiano.
Realizar esse trabalho é consentir a mudança de práticas tradicionais por práticas que façam sentido para o aluno, concedendo-lhe o direito de desfrutar da escrita como bem cultural, tornando-o um sujeito mais participativo, crítico e consciente, capaz de exercer plenamente a sua cidadania.
Como diz Soares (1998, p. 38), “aprender a ler e a escrever e fazer uso da leitura e da escrita transforma o indivíduo e o leva a um outro estado ou condição sob vários aspectos: social, cultural, cognitivo, linguístico.”
No entanto, o sujeito pode sim ser possuidor da alfabetização e também ser letrado, mas para isso é necessário a intervenção e uma boa base de ensino, já no início do processo de transformação de raciocínio e de aquisição da linguagem, indo muito além de identificar objetos e reconhecê-los, mas na união de símbolos e no modo crítico e articulado de cada sujeito que é exposto ao ensino por meio da alfabetização mas também que saiba pensar sistematicamente com os impulso que devem ser reais para que o torne um sujeito tanto letrado quanto alfabetizado.
Consoante a estes apontamentos, é possível despertar modificações, descobrir os ganhos e prazeres que se pode conhecer quando o aprendizado do sistema de escrita é vivido como um meio para, livremente, exercer a leitura e a escrita dos cidadãos letrados.
Referências
CARVALHO, Marlene. Alfabetizar e Letrar: um diálogo entre a teoria e a prática. 5. ed. Rio de Janeiro Vozes, 2008.
VAL, Maria da Graça Costa. O que é ser alfabetizado e letrado?.2004. In: CARVALHO, Maria Angélica Freire de (org.). Práticas de Leitura e Escrita. 1. ed. Brasília: Ministério da Educação, 2006.
SOARES, M. Aprender a escrever, ensinar a escrever. In: ZACCUR, E. A magia da linguagem. Rio de Janeiro: DP&A, 1999.
SOARES, Magda. Letramento e alfabetização: as muitas facetas. Revista Brasileira de Educação, São Paulo. 2004.
SOARES, M. Letrar é mais que alfabetizar. Jornal do Brasil, 26 nov. 2000.
SOARES, M. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica,1998a.
FREIRE,P.Pedagogia da autonomia: saberes necessários a uma prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.