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O ENSINO DE arte na educação infantil

Eliane Pereira de Paula
Silvana Lopes
Bernadete Leite da Silva
Roseli Vieira da Silva
Rosângela Ferreira Nobre Romera

RESUMO

Este trabalho discute a Arte e a importancia da mesma no desenvolvimento das práticas pedagógicas nesta área de conhecimento. Através do ensino de Artes é possível que haja um envolvimento com as demais disciplinas, permitindo uma revisão da função desta disciplina no meio escolar como área abrangente e importante, em especial na Educação Infantil. Os procedimentos metodológicos para realização deste trabalho foram constituídos de seleção da literatura pesquisada, leitura e fichamento dos textos selecionados, encontros com a orientadora, elaboração das partes do trabalho e elaboração do texto final do trabalho. Ao termino verificou-se que as práticas e as metodologias utilizadas pelos professores na educação infantil devem oportunizar atividades artísticas diversificadas e uso de diferentes materiais que contribuem para o desenvolvimento das crianças.

Palavras-chave: Arte. Educação. Educação Infantil.

 

INTRODUÇÃO

Este trabalho tem por intuito compreender qual a importância da Arte no contexto pedagógico, tendo como principal objetivo analisar a importância do ensino da arte para o desenvolvimento da criança na educação infantil; pesquisar o papel da arte na educação infantil como ferramenta que contribui com o desenvolvimento da criança; estudar como a arte pode favorecer o desenvolvimento integral da criança; refletir a respeito das contribuições artes no âmbito da educação infantil enquanto instituição formadora do cidadão, com o fim de explorar as potencialidades e capacidades da criança.
A Educação Infantil é uma etapa relevante na medida em que proporciona à criança desenvolver-se integralmente em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, a partir dessa premissa, parte-se da reflexão, que no processo de formação da criança, esta necessita de orientação adequada de maneira que possibilite uma aprendizagem saudável e significativa.
A arte é uma linguagem como outra na forma de expressão e comunicação com o diferencial que tem como características uma articulação do fazer, do representar e do exprimir e com diferentes formas de interpretação como técnicas, processo intuitivo, libertação de impulsos reprimidos, expressão, comunicação, entre outros.
Desta forma o presente trabalho levanta as seguintes questões: Até que ponto o ensino de Arte contribui para o desenvolvimento social, cognitivo e cultural da criança? Como as instituições, formadoras de cidadãos, podem contribuir para o desenvolvimento das crianças por meio do ensino da Arte em suas variadas modalidades?
O ensino de Arte permite ao aluno desenvolver aspectos como a sensibilidade, a percepção, a expressividade, a espontaneidade, a consciência de si, do outro e das diversas culturas. O ensino de Arte tem por objetivo desenvolver aspectos sociais do aluno bem como auxiliá-lo na construção do conhecimento, permitindo-o a compreender a sua realidade e a tornar-se criativo diante de seus problemas.
Como em qualquer outra disciplina, há necessidade que o professor planeje suas aulas. Se for o caso de ser professor polivalente, sem formação específica em Arte, precisa dedicar-se em buscar conhecimentos que lhe deem suportes à sua prática educativa, levando em consideração a sua relevância na formação dos alunos.

DESENVOLVIMENTO

A Arte na Educação Infantil

A arte é importante na vida da criança, pois colabora para o seu desenvolvimento expressivo, para a construção de sua poética pessoal e para o desenvolvimento de sua criatividade, tornando-a um indivíduo mais sensível e que vê o mundo com outros olhos. Os seres humanos são dotados de criatividade e possuem a capacidade de aprender e de ensinar. A criatividade da criança precisa ser trabalhada e desenvolvida, e é por meio do trabalho realizado com a arte nas escolas que isso será possível, pois, nas palavras de Buoro (2000, p. 39) “Arte se ensina, Arte se aprende”.
Porém, nas escolas podemos ver que ocorre o contrário, a arte está sendo desvalorizados e colocados apenas como “momento de repouso” das outras disciplinas que são consideradas mais importantes, ou ainda recurso para enfeitarem datas comemorativas, como nos relata os PCN Artes (1997). Além disso, ainda existem professores que intervém no processo de construção do aluno, tentando impor suas “técnicas” ou o que acham correto, desestimulando assim os alunos e impedindo que desenvolvam sua própria poética, seu próprio estilo..
A arte é vista e sentida de maneiras diferentes por crianças e adultos. Para o adulto está associada ao belo, às exposições, a museus, à estética. Já para a criança, a arte é uma forma de se expressar, pois “a natureza da criança é lidar com o mundo de modo lúdico, fazer o que lhe dá prazer e satisfação. Por isso gosta tanto de brincar e desenhar” (CROSS, 2003, p. 21). A criança faz o que lhe dá prazer e alegria, brincar e desenhar envolve-a por completo e, sempre que age, valoriza os seus desejos e as suas vontades.
Geralmente, a criança começa a desenhar por volta dos dois anos. Nesse período está aberta a experiências, não tem medo de se arriscar, pois o seu corpo é ação e pensamento: ela pode tocar, cheirar, pensar e experimentar com o corpo
Seu pensamento se dá na ação, na sensação, na percepção, sempre regado pelo sentimento. Convive, sente, reconhece e repete os símbolos do seu entorno, mas não é, ainda, um criador intencional de símbolos. Sua criação focaliza a própria ação, o exercício, a repetição (CROSS, 2003, p. 96)

É nesse período que a criança inicia suas garatujas, ou seja, quando manifesta de forma gráfica, sonora ou corporal o que está sentindo, o que conseguiu “pesquisar” no ambiente. segundo Ferraz e Fusari (2009), é importante ressaltar que as garatujas não são apenas gráficas, pois os pequenos também podem explorar materiais sonoros e o próprio corpo para se expressarem, como quando fazem movimentos com a boca e produzem sons ou quando montam e desmontam pilhas de caixas por prazer. Em todas essas situações estão pesquisando o que existe ao seu redor e o que podem fazer.
A criança valoriza mais o material que está utilizando, o processo, do que o resultado final. Ao se expressar de forma gráfica faz vários rabiscos, livremente, faz traços horizontais, verticais e inclinados até perceber que pode utilizar a linha curva para construir círculos de tamanhos diferentes. Segundo Ferraz e Fusari (2009), por mais que para os adultos esses rabiscos não possuam significado algum, devem ser estimulados. A criança deve ser encorajada a garatujar, pois esses traços são o início de sua expressão gráfica e, posteriormente, a levarão até a escrita.
Lowenfeld e Brittain (1970, p. 115) “a arte pode contribuir imensamente para esse desenvolvimento, pois é na interação entre a criança e seu meio que se inicia a aprendizagem”. A interação é importante, pois a criança gosta de imitar o que o adulto faz, ela observa seus gestos e ações e tenta reproduzir, ela se interessa pela ação e não pelo que o adulto está fazendo. Por isso é fundamental o incentivo, tanto da família como da escola, oferecendo-lhe repertório suficiente para que possa ampliar seus conhecimentos e suas ações.
Os pais e os professores devem ficar atentos para deixar a criança se expressar livremente, evitar comentários negativos e não devem apressá-la para que saia da fase das garatujas, pois essas manifestações são importantes para o seu desenvolvimento e ações futuras. Quando a criança é reprimida pode passar a ter medo de se arriscar e, conseqüentemente, de se expressar.
Os processos pelos quais as crianças passam são mais importantes que o produto final e, por isso, merecem tanta atenção. Após a fase das garatujas, entre 04 e 07 anos a forma de se expressar da criança passa a apresentar outras características: ela descobre que tudo tem um nome, um significado e um porquê. Nessa fase, o jogo do faz de conta está muito presente na vida da criança quando uma vassoura pode ser seu cavalinho, ou uma caixa de papelão pode representar seu carro. (BRASIL, 1988).
No desenho os seus rabiscos vão, aos poucos, depois de inúmeras tentativas, se tornando letras e ela passa a diferenciar a escrita do desenho. Seus traços começam a ser controlados e, geralmente, o primeiro símbolo que a criança constrói é a figura humana.
Segundo Ferraz e Fusari (2009), a criança nesta fase busca em suas experiências um modo para representar o homem como um todo. Ela não se preocupa em organizar as cenas no papel, seus desenhos são dispostos de forma aleatória, os objetos podem aparecer acima, abaixo, ou nos cantos do papel, pois a criança os desenha da forma como os compreende e não conforme a realidade. Procede da mesma maneira com as cores. Um cachorro pode ser azul ou rosa, uma vez que não se incomoda com o aspecto visual e sim o afetivo que a cor proporciona.
A figura humana vai aos poucos se enriquecendo de detalhes, como as orelhas e o umbigo e isto influenciará outros desenhos, como por exemplo, ao representar flores ou animais manterá as características humanas como boca, nariz e olhos. Nas representações com massinha ou argila a criança também apresentará evoluções, e aos poucos, as figuras deixam de ser bidimensionais, para serem tridimensionais. (BRASIL, 1988).
Os desenhos das crianças, assim como todas as suas formas de expressão podem ser considerados um reflexo da sua criatividade infantil, pois são os registros dos seus sentimentos e das suas percepções do meio, o que proporciona ao professor um modo de compreender melhor seu aluno e assim ajudá-lo, pois “a arte infantil faculta-nos não só a compreensão da criança mas também a oportunidade de estimular seu desenvolvimento, através da educação artística” (LOWENFELD e BRITTAIN, 2000, p. 176).

É através das aulas de Arte que o professor irá estimular seu aluno a investigar, inventar, explorar e, mesmo cometendo erros, ele não terá medo de liberar sua criatividade. O professor deve apresentar a atividade como algo essencial para a criança, e também deve estar motivado com o trabalho, não apenas orientando de forma mecânica, mas fazendo a criança sentir sua importância para que a atividade seja significativa para o aluno.
De acordo com as idéias de Martins, Picosque e Guerra (1998) é no jogo de faz de conta, ou jogo simbólico que a espontaneidade estética e a capacidade de criação ficam evidentes, quando a criança inventa e representa situações através da imagem simbólica de objetos ausentes. Ela representa de forma espontânea, mas não tem intenção de representar teatralmente uma história com começo, meio e fim.
A principal particularidade dessa fase do desenvolvimento expressivo é o aparecimento da linha de base ou o “chão” e nela a criança irá apoiar todos os seus desenhos, sendo que em algumas ocasiões poderá também utilizar a borda do papel como “chão”.
A presença da organização e da regra faz surgir nas criações teatrais das crianças outra linha, a linha de palco, que divide o palco da plateia. De acordo com as autoras Martins, Picosque e Guerra (1998) é importante que nesse período a criança aprenda uma música que goste, pois ela está em sintonia com a produção musical de seu meio. É importante ainda que o professor coloque a criança em contato com produções de outras épocas e culturas para que ela desenvolva a “escuta ativa” e perceba os diferentes aspectos estruturais e emocionais da música aumentando, dessa forma, seu repertório e valorizando a produção musical do ser humano.
A cada fase que a criança passa, desenvolve mais sua criatividade e conseqüentemente sua autonomia, tendo assim mais facilidade para se expressar e se comunicar com o mundo.
Podemos dizer que a principal característica dessa última fase é a autonomia que está sendo desenvolvida pelo adolescente, a sua busca pela própria identidade e poética pessoal, que se reflete diretamente em sua expressão artística. Podemos enfatizar mais uma vez que é nas aulas de Arte, junto ao professor, que isso pode ocorrer, desde que seu trabalho seja instigante e voltado para o desenvolvimento pleno do aluno. (BRASIL, 1988).
Proporcionar uma educação prazerosa é condição fundamental para o desenvolvimento do pensamento crítico, a educação pela arte oportuniza o indivíduo a agir no mundo; possibilita adquirir a capacidade crítica, estimula a capacidade intelectual para recriar idéias e ações, segundo sua própria decisão.
De acordo com Barbosa (2011, p.163): É importante que o educador conduza o aluno a ter a certeza de que aquilo que se aprende em sala de aula, terá significado na sua vida pessoal e profissional. É a partir desta certeza que o aluno irá ter uma experiência da beleza, no ambiente educacional e, para que isto aconteça torna-se imprescindível a ligação dos assuntos e dinâmicas com a vida cotidiana do aluno.
A importância da arte no meio educacional não corresponde simplesmente à sua inclusão na matriz curricular no Ensino Fundamental, por que dessa maneira, será apenas mais uma disciplina a compor a proposta da escola, mais uma disciplina sem sentido.
O ambiente escolar não só mantém como estimula a separação da razão da emoção. Acredita-se que seja por esse motivo que a sociedade rejeita a arte como um fator importante dentro da educação.
Na educação infantil, a arte é muito importante porque nessa fase às crianças têm um mundo todo a descobrir. Então, professores devem possibilitar o acesso a essas linguagens, trazendo a interação social que é fundamental na Educação Infantil. Possibilitando que as crianças entrem em contato com diferentes materiais, assim ampliando seu repertório, trazendo situações que torne mais rico para as crianças poderem criar, descobrir, questionar. O professor deve ter uma boa linguagem, uma atitude focada nessa faixa etária, percebendo que seu fazer da prática artística, exercícios, estão ali construindo teorias, aguçando percepções

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao se ler e conhecer a função da arte na educação passa-se a entender a contribuição e a importância da mesma na vida das pessoas, sejam elas crianças, jovens ou adultos. A arte favorece o contato das pessoas com a própria cultura e também com outras culturas.
Os objetivos propostos foram alcançados, pois observou-se que a arte é importante para o processo de educação de crianças, porque abre um leque de possibilidades de incorporação de valores, sentidos, fantasias, cores, alegria e vida. o professor nesse processor pode construir, junto com seus alunos, um espaço de possibilidades de conhecimentos, de forma criativa e responsável.
Observou-se no decorrer da pesquisa que o trabalho com Artes na Educação Infantil deve envolver a construção de linguagens como práticas culturais. Isso significa dizer, que entre outras coisas o educador deve promover o acesso das crianças a diferentes linguagens.
Destacando-se a importância do ludico no trabalho com arte na vida da criança, em seu desenvolvimento, enquanto seu processo de aprendizagem na educação infantil, a criança adquire expressão, criatividade, sensibilidade e outros procedimentos positivos ao seu favor.
O trabalho com Artes na educação infantil, é muito importante porque nessa fase às crianças têm um mundo todo a descobrir. Então, professores devem possibilitar o acesso a essas linguagens, traz a interação social possibilitando que as crianças entrem em contato com diferentes materiais, assim ampliando seu repertório, trazendo situações que torne mais rico para as crianças poderem criar, descobrir, questionar.
Ao analisar a importância do ensino da arte para o desenvolvimento da criança na educação infantil, acredita-se para que haja a valorização do ensino da arte, ensino da mesma deve se dar de maneira prática . Assim, em contato com a arte, a criança adquire mais conhecimento e desenvolve um olhar mais crítico do mundo. Seu conhecimento corresponde ao seu interesse de aprender, juntamente com o estímulo proporcionado pelo professor.
Podemos evidenciar a necessidade de um trabalho pedagógico para que o aluno possa reconhecer suas habilidades e sensibilidades tornando-se sujeito crítico e reflexivo para poder relacionar teoria e prática, por meio da educação, pois é nessa fase que a criança desabrocha e tem mais facilidade de aprendizagem, só assim os educadores conseguirão contribuir para a formação de sujeitos críticos.


REFERÊNCIAS

BARBOSA, Ana Mae. Arte/educação contemporânea: consonâncias internacionais. 2.ed. – São Paulo: Cortez, 2008.

________. Arte-educação: leitura de subsolo. - 6. ed. – São Paulo: Cortez, 2005.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretária de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil. –Brasília: MEC/SEF, 1998.

BRASIL. Secretária de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais:Arte. – Brasília: MEC/SEF, 1997.

BRASIL. Senado Federal- LDB, Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional n° 9.394/96. Brasília-DF, 1996.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988.

CROSS, Jack. O ensino de arte nas escolas, São Paulo: Cultrix, 2003.

FERRAZ, Maria Heloísa C. de T. & FUSARI, Maria F. de Rezende e. Metodologia do ensino de arte. São Paulo: Cortez, 2003

LOWENFELD, V.; BRITTAIN, W. L. Desenvolvimento da Capacidade Criadora. São Paulo: Mestre Jou, 2000.

MARTINS, Mirian C.; PICOSQUE, Gisa; GUERRA, M. Terezinha Telles. Didática do ensino de arte: a língua do mundo: poetizar, fruir e conhecer arte. São Paulo: FTD, 1998.