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JOGOS NA MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL


Rizonete Oliveira Silva dos Santos
Rosilene Leite da Costa Paiva
Tatiane Lavina de Souza
Andreia Pereira da Silva
Maiara de Souza Fabiano

RESUMO
O tema se concentra nos Jogos Matemáticos como formas lúdicas de motivar as crianças, de envolvê-las de certa forma que se interessem pela aula e aprendam o que está sendo ensinado de maneira significativa. Este projeto segue a linha de pesquisa na docência em Educação Infantil. A escolha pelo tema foi por perceber durante o estágio que a prática docente com crianças não desenvolve um trabalho com jogos e brincadeiras, sendo um recurso utilizado à vontade pelas crianças apenas em momentos de lazer. Como problema se questiona: como o professor da Educação Infantil pode trabalhar com os jogos e brincadeiras estimulando a aprendizagem infantil? Como objetivo geral, apresenta-se: demonstrar o quanto a ludicidade é importante na alfabetização da criança. A pesquisa realizada foi a de cunho bibliográfico, baseada em pesquisadores renomados, como: Brougère (1998), Piaget (1986), Kishimoto (1997) e outros. Concluiu-se que a criança precisa utilizar o jogo em sua rotina de lazer, mas também na escola, direcionada pelo professor possa ser alfabetizada através de recursos lúdicos de forma prazerosa e eficaz. Os jogos não se configuram como um tema atual, pois como as brincadeiras e os brinquedos, encontram-se associados às crianças desde os primórdios da civilização humana, e mesmo antes, no caso da infância dos grandes primatas.

Palavras-chave: Formas lúdicas . Prática docente . Criança . Alfabetização . Matemática


INTRODUÇÃO

O tema se concentra nos Jogos Matemáticos como formas lúdicas de motivar as crianças, de envolvê-las de certa forma que se interessem pela aula e aprendam o que está sendo ensinado de maneira significativa. Este projeto segue a linha de pesquisa na docência em Educação Infantil.
A justificativa pelo tema foi por perceber durante o estágio que a prática docente com crianças não desenvolve um trabalho com jogos e brincadeiras, sendo um recurso utilizado à vontade pelas crianças apenas em momentos de lazer.
Como problema se questiona: como o professor da Educação Infantil pode trabalhar com os jogos e brincadeiras estimulando a aprendizagem infantil?
Como objetivo geral, apresenta-se: demonstrar o quanto a ludicidade é importante na alfabetização da criança.
A pesquisa realizada foi a de cunho bibliográfico, baseada em pesquisadores renomados, como: Brougère (1998), Piaget (1986), Kishimoto (1997) e outros. Concluiu-se que a criança precisa utilizar o jogo em sua rotina de lazer, mas também na escola, direcionada pelo professor possa ser alfabetizada através de recursos lúdicos de forma prazerosa e eficaz.
A metodologia desenvolvida é a Pesquisa Bibliográfica acrescida de informações acerca da atuação de professores da Educação Infantil, sem se direcionar à pesquisa de campo, apenas com base em experiências de estágio.
O trabalho abrange a pesquisa bibliográfica e a segunda o Projeto de Ensino.
O Projeto de Ensino vem a aprimorar os conhecimentos acadêmicos na área da pesquisa e a intensificar os estudos sobre o tema apresentado, neste caso, os recursos lúdicos.

DESENVOLVIMENTO

Nos jogos e brincadeiras é possível reconhecer valores e crenças da cultura local. As narrativas lendárias, os jogos clássicos e o brincar vão aparecendo gradativamente na vida das crianças, ensinam hábitos, provocam um processo de conquista de identidade e abrem as portas da imaginação. Essa imaginação vai se concretizando nas criações com objetos de sucata, ou através de imagens representadas nos desenhos e pinturas ou, até mesmo, nas coreografias que representam ritmos e melodias. A criança costuma, desde cedo, inclusive, desenhar os componentes de sua família (pai, mãe, irmãos) a partir de figuras não convencionais para os adultos, mas que é a sua compreensão desta realidade.
Azola, Santos (2010), realizaram pesquisa com o jogo Mancala, abordando noções matemáticas como: contagem, lateralidade, espaço e forma, dentre outras simultaneamente com o prazer pelo aprender brincando.

Os jogos por serem instrumentos, quando orientados, lúdicos e prazerosos vêm realmente contribuir enquanto recurso utilizado pelo professor para o desenvolvimento de noções matemáticas na educação infantil, pois a criança aprende enquanto brinca e isto é fato presente durante qualquer infância. Com o jogo, o aluno além da interação com o colega, desenvolve a memória, a linguagem, a atenção, a percepção, a criatividade e a reflexão para a ação. (AZOLA, SANTOS, 2010, p.47).

Desse modo, compreende-se que o lidar com o lúdico incentiva a exposição dos sentimentos do indivíduo, algo altamente necessário para explorar e experimentar, de forma que ele se envolva emocionalmente numa criação e permita descobrimentos incentivados pela inocente curiosidade – em se tratando das crianças.
Os jogos não se configuram como um tema atual, pois como as brincadeiras e os brinquedos, encontram-se associados às crianças desde os primórdios da civilização humana, e mesmo antes, no caso da infância dos grandes primatas.
Batista (2012) realizou pesquisa sobre o ensino da matemática na educação infantil utilizando atividades lúdicas, com o objetivo de evidenciar como o ensino da matemática se tornou um aprendizado necessário para a 12 formação da educação infantil, tendo em vista que este processo auxilia no desenvolvimento da inteligência das crianças, além de favorecer outros aspectos. Aconselha o uso dos jogos e brincadeiras como instrumentos auxiliares desse processo, observando os aspectos positivos de tais ferramentas.
Espera-se indicar os jogos preferidos pelas crianças da Educação Infantil, bem como o que cada um pode contribuir na aprendizagem significativa destas.
Para Batista (2012), a partir das atividades lúdicas, a criança desenvolve suas habilidades sociais e intelectuais, pois é nas brincadeiras que elas integram-se com os colegas, expressam seus desejos, colocando-se em harmonia com os interesses dos outros, ao mesmo tempo em que aprendem a defender sua opinião.
Desse modo, vê-se que a brincadeira precisa ser explorada e cultivada, independentemente da idade e dos espaços disponíveis, pois divertir-se é desfrutar da vida que é, em si, um atributo humano valiosíssimo. Brincando, a criança aprende com maior relevância nesse período experimentado por ela mesma. Tem-se, inclusive, que concordar com o ditado popular: ”Quem não brincou, não viveu”. Sim, a vida se expressa também pelo modo alegre, dinâmico e divertido com que se olha para ela. É assim que se concretiza esta máxima.
Há situações em que a criança é impedida de brincar, pois é precocemente submetida a situações estruturadas e conduzida a realizar tarefas para chegar a um nível mais próximo de responsabilidades, como algo que os adultos assim esperam dela, deixando de lado os brinquedos e as brincadeiras. Por outro lado, ao ter contato com o lúdico, o processo de aprendizado, que deveria ser estimulante, muitas vezes se torna maçante. Quando a criança recebe o brinquedo pronto não é a mesma coisa que entregar as peças e deixá-la descobrir como montá-lo. Isso se configura como um processo inibidor e comprometedor da sua criatividade, com a redução das possibilidades de ela mesma desenvolver suas habilidades e inventar seu modo próprio de existir. É por isso que as crianças desmontam e montam objetos: querem descobrir como é que se faz!
Mota (2009) realizou pesquisa com 08 professores dos 1ºs, 2ºs e 3ºs anos do ensino fundamental que lecionavam matemática no ano letivo de 2008/2009 num agrupamento de escolas, com o objetivo de saber se a utilização de jogos matemáticos contribui para uma melhor aprendizagem da matemática nas escolas. Usou como referencial teórico Martin Gardner, Kishimoto, Miranda, Huizinga, Macedo, Piaget. Foi elaborado um questionário com 11 questões, de forma a recolher informações para a pesquisa. Verificouse-se que a utilização dos jogos na aula de Matemática é pouco frequente; os professores de Matemática reconhecem a importância dos jogos na formação escolar do aluno; os professores de Matemática possuem pouca formação ao nível da utilização dos jogos matemáticos a nével disciplinar; a utilização dos jogos facilita a construção dos conhecimentos. Constatou que os jogos contribuem para a motivação dos alunos. Segundo Mota (2009 p. 129):

É possível usar jogos matemáticos na sala de aula e, ao mesmo tempo em que se trabalha com conteúdos de Matemática, propor atividades que possam, também, tornar o ensino dessa disciplina um instrumento importante na construção da cidadania, com solicitações de aplicações dos conhecimentos matemáticos em problemas do dia a dia.

Hoje, na escola, as crianças brincam menos, seja pelo pouco espaço físico de que dispõem (há casos de residências que são adaptados para escolas de Educação Infantil), seja porque precisam cumprir numerosas atividades programadas pelos professores não sobrando espaço para as brincadeiras mais populares, tais como: dar cambalhotas, pular corda, brincar de roda, esconde-esconde, etc. São essas atividades infantis que contribuem para que a criança aprenda regras da vida social e comece a desenvolver o futuro adulto que será: íntegro, solidário, afetuoso, em busca de um mundo melhor para si e para os outros. As regras e determinações presentes nessas atividades proporcionam estas experiências. Além das regras aprendidas através dos recursos lúdicos na escola, o público infantil também se interessa pelo faz-de-conta, em que projeta sonhos, ansiedades e exemplos do cotidiano adulto (atitudes de professores, pais, irmãos mais velhos e outras personagens da vida real) transpondo para o mundo da fantasia.
O modo de brincar proveniente da imaginação não se mostra igual ao comprado, já pronto, e que basta pilha, energia ou fricção para fazê-lo funcionar. Deixa de existir o prazer da inventiva para brincar com o objeto copiado, que rapidamente será desfeito pelos convites da curiosidade infantil (MACEDO, 2005). A produção, pela criança, leva ao desenvolvimento de sentimento de criação, realização e pertencimento. É a sua criatividade em ação, algo que lhe dá merecimento e admiração, pois o torna participante da nova realidade que surge: “o novo brinquedo”.
Desse modo, é possível compreender que as brincadeiras e os brinquedos constituem peças importantíssimas na conquista da agilidade humana, sendo, então, notáveis como elementos de colaboração para melhorias da capacidade de criação de novos olhares sobre os mesmos objetos, por exemplo. Crianças ilustram as habilidades na construção de mosaicos a partir de picotagem de revistas e o resultado foi bastante significativo, pois desenvolvem condições de habilidades, criatividades e de projeção dos problemas afetivos infantis.

O jogo tornou-se objeto de interesse de psicólogos, educadores e pesquisadores como decorrência da sua importância para a criança e da ideia de que é uma prática que auxilia o desenvolvimento infantil, a construção ou potencialização de conhecimentos. A educação infantil, historicamente, configurou-se como o espaço natural do jogo e da brincadeira, o que favoreceu a ideia de que a aprendizagem de conteúdos matemáticos se dá prioritariamente por meio dessas atividades. A participação ativa da criança e a natureza lúdica e prazerosa inerentes a diferentes tipos de jogos têm servido de argumento para fortalecer essa concepção, segundo a qual se aprende matemática brincando (BRASIL, 1998, p. 210).

A criança deve ser entendida como sujeito que compreende, assimila as regras do jogo e os cumprimentos de seus direitos e deveres. Aprende a trabalhar em equipe: vencer ou fracassar. Para elas o importante é competir. Quando as crianças vivem as brincadeiras, elas interagem com o próprio desenvolvimento do processo de autoconhecimento e ensejam aquilo que realizarão quando chegarem à fase adulta.Quando o professor dá a oportunidade para brincarem, muito do seu potencial é trabalhado por si mesmas.
Moura (1994) aponta que o papel do jogo está legitimado na educação matemática porque, vinculado ao conceito de atividade, que se coloca como elemento preponderante para suscitar no sujeito o motivo para executar certas ações, o jogo apresenta-se como estruturador da aprendizagem. A utilização dos jogos em sala de aula tem como intuito fazer com que as crianças gostem de aprender Matemática, despertando o interesse de cada uma.
É por isso que ele acreditava que a criança devesse ser educada a partir de seus interesses naturais, mas sem cair em espontaneísmos. Isto se confirma com a grande desenvoltura que os alunos mostraram a partir das dinâmicas sugeridas.
A criança precisa aceitar e viver os próprios desejos e admitir suas limitações. Por meio do otimismo exagerado, acerca do caráter bom do ser humano ao vir ao mundo, é que Rousseau reverbera suas críticas ao processo educativo autoritário, quando o fim da educação para ele é a simples inclusão na sociedade, depois que a criança tem a oportunidade de educar-se de modo personalizado.
Para que essa proposta de Rousseau se concretize, ou ao menos se mostre plausível, a formação acadêmica é algo imprescindível. Isto porque ela se caracteriza como importante fator para atingir os requisitos da nova perspectiva para com a educação infantil. Não se objetiva, aqui, direcionar para o professor de educação infantil o poder e o dever de resolver todos os problemas existentes nesse segmento, ou seja, dar-lhe uma responsabilidade que não é exclusivamente sua, mas promover o entendimento de que a melhoria no processo educacional está vinculada aos tantos aspectos, dentre eles a formação e a atuação dos professores na busca de um trabalho de qualidade.
Para Kishimoto (2000, p.85):

O jogo na educação matemática parece justificar-se ao introduzir uma linguagem matemática que pouco a pouco será incorporada aos conceitos matemáticos formais, ao desenvolver a capacidade de lidar com informações e ao criar significados culturais para os conceitos matemáticos e estudo de novos conteúdos. O jogo proporciona às crianças que utilizem muito mais sua mente na busca de resoluções do que as atividades gráficas como contas e problemas no papel, que são para elas mais “um conjunto misterioso de regras que vêm de fontes externas ao seu pensamento”.

Muitos educadores infantis apresentam uma percepção e uma prática educativa direcionada para as crianças que não lhes deixa espaço para o livre pensar acerca dos pontos que são apoiados em uma educação a partir da visão sociológica, antropológica e política. Isto é, devido à influência das emoções, deixam de lado o pensar na criança e na fase da infância como etapas de construção de um ser que já nasce histórico, social e político. Basta dizer que a criança é capaz de interagir com o meio e não mostrar-se apenas como objeto de manuseio dos adultos.
Os dedinhos da criança são os primeiros brinquedos e a observação deles de seus movimentos configura os jogos e a diversão mais remota do ser humano. O corpo, primeiramente, as mãos e os pés, e depois todo ele, se mostra para o universo infantil, um tempo muito breve, o único brinquedo e a única brincadeira. Fascinada, ela busca, descobre e amplia os próprios movimentos e alegra-se em diversificá-los ainda mais.
Para cada fase do crescimento existe uma brincadeira para desenvolver a capacidade física e comunicativa infantil. Ao brincar, a criança começa a conhecer o seu ambiente, criando fantasias e aos poucos alargando o seu campo de exploração do mundo. O bebê aprende por meio dos sentidos, e brincar com ele é a melhor forma de ajudá-lo a aprender o mundo, as pessoas, as coisas e tudo mais que o cerca. As brincadeiras dos bebês são simples estímulos ao desenvolvimento físico. Ao brincar, incorporam-se ao cérebro, por meio dos sentidos (ouvir, pegar, ver, sugar) impressões verdadeiras que vão aflorar no desenvolvimento cognitivo.
Aos quatro meses, a criança já é plenamente capaz de segurar um chocalho. Ela percebe e aprende os ruídos. Brinquedos com sons e ruídos diferentes são bem-vindos. O tato representa o primeiro sentido para a exploração do mundo a sua volta. Superfícies e brinquedos com características diferenciadas estimulam a sensibilidade tátil.
Ao longo do primeiro ano de vida, os bebês precisam de brinquedos que estimulem seus sentidos e exercitem sua coordenação motora. Eles conhecem e aprendem o mundo que os rodeia por meio dos sentidos. A partir dos seis meses, já começam a aperfeiçoar sua capacidade motora. Já coordenam mão-olho o que lhes permite pegar e largar objetos com maior facilidade. A atenção aos sons se aguça e eles começam a emitir os primeiros balbuciados.
Entre a idade dos dois aos quatro anos, os objetos que servem para brincar são aqueles que conduzem à construção, à destruição e à recriação: material com argila, quebra-cabeça, massa de modelar, etc., nesta fase, os brinquedos devem permitir o maior movimento possível com braços, com as mãos, a encenação, o modo de identificar afetivamente e a expressão do talento. O professor precisa oferecer sempre à criança brinquedos com diferentes formas, materiais e cores para favorecer o desenvolvimento e uma pluralidade de estímulos sensoriais e cognitivos.
Por diversas vezes, nas escolas de Educação Infantil, ouvem-se afirmações como: “precisamos trabalhar atividades calmas, pois essas crianças são muito agitadas, não param”.
A infância é o período de viver as brincadeiras. Por meio delas as crianças satisfazem grande parte de seus desejos e interesses particulares. Ao brincar, elas indicam risos, exaltação, que são componentes desse prazer. Durante a vivência de sua infância a criança compreende a brincadeira e a aprendizagem como sendo a mesma coisa, pois não discerne o que é uma ou outra. Somente quer brincar e, caso haja necessidade de aprender para divertir-se, ela o fará.
A educação abrange todas as atividades ligadas à proteção e ao apoio necessário ao cotidiano de qualquer criança, como também aquisição de vários tipos de habilidades, entre as quais estão aquelas necessárias ao desenvolvimento cognitivo, afetivo e social.
É possível perceber, a partir do que o autor supra citado expõe, que os diferentes usos que as crianças fazem dos brinquedos e a forma de organizá-los estão relacionados com seus contextos de vida e expressam visões de mundo particulares, isto é, cada um vê de modo específico.
No ato de brincar, a criança propõe-se a fazer algo e procura realizar sua proposição – isto porque há uma tarefa a cumprir. Portanto, o significado da atividade lúdica pode ser compreendido melhor considerando vários aspectos como: preparação para a vida em seu todo (a vida adulta); liberdade de ação; prazer obtido; possibilidade de repetição das experiências; realização simbólica dos desejos.
Assim como o estudar, o brincar é muito importante, pois ajuda, inclusive, a lidar com os momentos difíceis. Quando brincam, as crianças conseguem distrair-se por um tempo ou concentrar-se em ações que podem, em muito, ajudar a sanar futuras dificuldades de aprendizagem
As brincadeiras, de um modo geral, são consideradas importantes pelos professores da Educação Infantil, sabendo que exercem influência no contexto social no qual os diferentes grupos de crianças brincam, contribuem para a educação; no desenvolvimento e/ou aprendizagem da criança e nas relações interpessoais. O papel do professor, dentro desse processo, é de fundamental importância e a escola pode e deve reunir todos esses fatores, pois brincar é também uma necessidade básica da criança, é essencial para um bom desenvolvimento motor, emocional, cognitivo e social.
Quando a criança aprende brincando, a busca pelo saber torna-se prazerosa; utilizando o jogo, cria, desenvolve e respeita as regras do jogo. Através do brincar e jogar formam-se indivíduos motivados para muitos interesses, capazes de aprender rapidamente e com autonomia.
Na direção desse trabalho para o desenvolvimento da aprendizagem, nem todos os profissionais estão preparados para aceitar tal realidade. Não são poucos os que estabelecem uma oposição entre estudar e brincar, pois têm a ideia de que a criança só começa a estudar a partir das séries iniciais. Quando das entrevistas e da convivência com os colegas profissionais do CEIM, foi possível observar os seguintes pontos:
Não é incomum a falta de reconhecimento da responsabilidade pedagógica no que tange à exploração do lúdico como prioridade para a aprendizagem;
O professor pode e deve utilizar-se de brinquedos e brincadeiras não apenas para que as crianças brinquem, sem que se estabeleçam objetivos ou relações entre os conteúdos a serem trabalhados durante esse período de desenvolvimento da atividade lúdica.
Moura (1997, p. 76), afirma que ''o jogo aproxima-se da Matemática via desenvolvimento de habilidades de resoluções de problemas''. Assim, de acordo com Borin (1995, p. 10), a metodologia mais adequada para desenvolver uma postura crítica ante qualquer situação que exija resposta é a de Resolução de Problemas. Ainda de acordo com a autora, cada jogada pode desencadear uma série de questionamentos tais como:
• Essa é a única jogada possível?
• Se houver outras alternativas, qual escolher e por que escolher esta ou aquela?
• Terminado o jogo, quais os erros e por que foram cometidos?
• Ainda é possível resolver o problema ou vencer o jogo, se forem mudados os dados ou as regras?
No momento em que as circunstâncias lúdicas criam-se de modo intencional, por atitude dos adultos, com o propósito de incentivar determinados modos de aprendizagem, brota a dimensão educativa. É quando a criança aprende que há regras para participar de determinadas brincadeiras: momento de falar e de ouvir, esperar sua vez, deixar o coleguinha fazer o mesmo etc. Existem alguns educadores, que preocupados em alfabetizar as crianças, e por não entenderem as brincadeiras como parte desse processo, não proporcionam aos alunos essa aprendizagem através do ato de brincar. Isso certamente limita e inibe a criança, comprometendo o seu desenvolvimento, tanto no que se refere à aprendizagem como na recreação necessária, que as brincadeiras, por conseguinte, proporcionam.
Quando o professor proporciona atividades pouco atrativas ou muito abstratas, a exemplo de um desenho pronto para colorir, sem espaço de criatividade para desenhar este objeto, ou cálculo matemático a partir de números em papel e não com quantidades de objetos, acontece a inibição do aluno.
Compreende-se, então, que o professor pode, e deve, utilizar a brincadeira para introduzir, fixar ou verificar os resultados sobre um determinado conteúdo. A brincadeira “dentro e fora”, pode servir de introdução para ensinar noções de espaço, ordem, motricidade etc. Desse modo, acredita-se que o brincar ocupará o melhor lugar na educação infantil, pois não será tão dispersa de forma que não dependa da atenção do professor, e ao mesmo tempo não será também tão dirigida ao ponto de perder as características de uma brincadeira.
Borin (1995), afirma que a atividade de jogar, se bem orientada, tem papel importante no desenvolvimento das habilidades de raciocínio como organização, atenção e a concentração, tão necessárias para o aprendizado, em especial, da Matemática, e para resolução de problemas em geral. Ainda segundo essa autora, os jogos também auxiliam na descentralização, ou seja, desenvolver a capacidade de ver algo a partir de um ponto de vista que difere do seu, e na coordenação dessas opiniões para se chegar a uma conclusão. Também no jogo, de acordo com a autora, é possível identificar o desenvolvimento da linguagem, criatividade e raciocínio dedutivo, exigidos na escolha de uma jogada e na argumentação necessária durante a troca de informações.
Este é, verdadeiramente, um universo vasto, interessante e muito necessário à criança. É por meio das brincadeiras e dos brinquedos que se oportuniza às crianças o desenvolvimento de um caminho de diálogo, abrindo espaço para o seu progresso no diálogo com o mundo dos adultos, onde ela restabelece o seu controle interior, a sua autoestima, bem como desenvolve relações de confiança consigo mesma e com os outros. O sentimento de autoconfiança é incentivado quando os alunos se deparam com a proposta de criação e inventividade
O trabalho docente baseado em recursos concretos possibilita ao professor estar se aproximando mais de uma dinâmica voltada ao que o aluno possa estar aprendendo.
Quando a prática se aproxima da realidade é mais fácil e atrativo estudar o conteúdo, o aluno passa a desenvolver seu raciocínio muito mais facilmente que de outras formas mais tradicionais.
Na obra “O julgamento Moral Infantil” Piaget (1986, p. 31-36) se afasta pela primeira vez da pesquisa sobre a lógica e a física da criança para abordar o tema da consciência moral. Contudo, é importante perceber que, como bem assinalam Montangero & Maurice-Naville (1998, p. 41-49), não são os comportamentos morais das crianças que são estudados, mas sim o seu juízo moral, ou seja, “sua avaliação, em termos de bem ou mal, de comportamentos que se lhes descreve”.
Ainda para os autores, Piaget parece estar bastante consciente de que juízos (teoria sobre a moralidade) e conduta (prática dos preceitos morais) em geral não são equivalentes.
Por acompanharem a dinâmica da vida social, algumas alterações e criações de novos jogos a partir daqueles já existentes podem ser feitas, ou seja, “muitos jogos preservam sua estrutura inicial, outros se modificam, recebendo novos conteúdos” (KISHIMOTO, 1998, p.25).
Os jogos de regras tradicionais infantis, segundo a autora, são atividades espontâneas, livres e atendem às motivações internas da criança, eles são desenvolvidos pelo prazer de jogar. Kishimoto (1998, p. 26) ressalta que a escola acaba impedindo o desenvolvimento deles, em sua característica básica, que é a veiculação livre da cultura infantil. Ao fazer uso de tais jogos, e priorizando aspectos educativos, ela participa do processo de divulgação dos jogos tradicionais, contudo sua utilização no contexto pedagógico se distancia dos espaços públicos, das ruas, dos clubes.
Considerações finais
Dessa forma, quando o professor se apropria do recurso lúdico pra trabalhar com seus alunos, os conteúdos e as ações parecem ficam menos complexas e mais prazerosas.
Pesquisadores nacionais e internacionais envolvidos com a temática de jogos discorrem sobre esse termo “lúdico”. Kishimoto aqui no Brasil, tem se dedicado a estudos sobre a constituição da cultura lúdica, o universo dos brinquedos, dos jogos, entre outras questões similares.
Além disso, como a escola é organizada por faixas etárias, acaba segregando e restringindo os contatos sociais das crianças com pessoas de diferentes idades, empobrecendo assim a cultura infantil e as possíveis trocas existentes entre grupos mais heterogêneos, condição fundamental para a perpetuação da referida cultura.
O faz de conta surge quando a criança se torna capaz de alterar o significado dos objetos, dos eventos, usando então a capacidade representativa.
Não é uma tarefa fácil abordar a questão dos valores na educação infantil escolar, como o ganhar e o perder; o aceitar, o desculpar, entre outros. E saber o porquê não é tão complicado assim. A Pedagogia Tradicional levou os indivíduos a acreditar (e sua influência ainda não desapareceu totalmente do meio escolar), por muitos séculos, que a principal tarefa da escola era a de transmitir conteúdos escolares. É um modelo pedagógico que não se enquadra mais às exigências do mundo moderno.
O segundo motivo se refere ao uso que pais e educadores têm feito do jogo enquanto recurso para castigar ou extinguir comportamentos indesejáveis, ou contrariamente, para reforçar condutas apropriadas. Desta forma os adultos conseguem perceber o poder que a possibilidade de um tempo livre para o jogo pode exercer sobre as crianças, que possuem perspectivas diferenciadas do mundo real em relação aos adultos.
O tema, apesar de conhecido ainda é bastante amplo e entende-se que para o momento já foram feitas as abordagens cabíveis. Destaca-se a importância de desenvolver um estudo que dê conta da formação docente para a utilização do lúdico e do ensino, na Educação Infantil, através de recursos concretos.
REFERÊNCIAS
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BATISTA, Nailson dos Anjos. O Ensino da Matemática na Educação Infantil através das Atividades Lúdicas. 2012. 29f. Grupo Educacional Uninter, Macapá.

BORIN, J. Jogos e Resolução de Problemas: Uma estratégia para as aulas de Matemática. São Paulo: IME-USP, 1995.

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KISHIMOTO, T. M. (org.). Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2000.

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MACEDO, Lino. de. O jogo ta-te-ti e suas dimensões dialética e simbólica. São Paulo, Universidade de são Paulo, 1997.

MONTANGERO, J. e MAURICE-NAVILLE, D. Piaget ou a inteligência em evolução. Porto Alegre: ArtMed, 1998.

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