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GEOGRAFIA EM SALA DE AULA: OS DESAFIOS DOS DOCENTES E O USO DE NOVAS TECNOLOGIAS

JOSÉ CARLOS SMANHOTO
Artigo Científico Apresentado a INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO IBITURUNA, como requisito parcial para a obtenção do título de Licenciado em geografia.

RESUMO


Atualmente vivemos cada vez em um mundo mais globalizado e que todos tem acesso a informação de forma rápida e acessível, nesse sentido a escola assim como professores, tem o grande desafio de conseguir se adaptar a essa nova realidade. A tecnologia pode ser um grande aliado no ensino de geografia, pois torna-se elemento facilitador da aprendizagem, além de tornar as aulas mais dinâmicas e interessantes, principalmente pelo fato de que conteúdos como o de Geografia pouco ganham importância nas políticas governamentais atuais que favorecem basicamente conteúdos como Português e Matemática, tornando assim o ensino de Geografia, assim como o de outras matérias desestimulante para alunos. Nesse sentido é um grande desafio para professores chamar atenção para seu conteúdo e a tecnologia pode ser grande aliada nesse sentido.

Palavras-chave: Aluno. Professor. Tecnologia. Sala de Aula.

Introdução

O presente trabalho tem como tema o ensino de Geografia em sala de aula e o uso das novas tecnologias como aliadas no ensino e no processo de aprendizagem, além dos desafios enfrentados por professores e alunos para a implantação da tecnologia nas escolas em dias atuais.
O mundo do século XXI se mostra cada dia mais conectado e as informações são cada vez mais acessíveis e chegam com mais velocidade. Os jovens por j[a nascerem em meio a todo esse aparato tecnológico chegam em sala de aula com demandas diferentes de épocas atrás, sendo assim mais difícil estimula-los e prender sua atenção nas aulas, sobretudo de Geografia.
Professores então tem a grande missão de conseguir colocar esse aparato tecnológico a seu favor, fazendo assim aulas mais dinâmicas e interessantes, porém, nesse sentido a educação enfrenta dois problemas. Primeiramente a falta de investimento por parte do Estado em infraestrutura das escolas dificulta muito um ambiente interessante e que os alunos tenham acesso a novas tecnologias assim como professores. Segundo, a formação precária de professores e a falta de estímulo a cursos de aperfeiçoamento faz com que muitos desses profissionais não busquem trabalhar com novos recursos.
Dessa forma, consideramos esse tipo de estudo de grande relevância, uma vez que buscará compreender os caminhos da educação atual e também como podemos utilizar da tecnologia para tornar as aulas de Geografia mais interessantes e dinâmicas.
A tecnologia sempre esteve presente na vida do homem desde seus primórdios, agora cabe a comunidade escolar incluí-la no ambiente escolar para que assim a escola não se torne um lugar antigo e antiquado.

A evolução dessas tecnologias vai desde a criação dos antigos sistemas postais até a invenção do telégrafo, do telefone, do rádio, da televisão, do computador, da telefonia celular, das redes de computador e de várias outras interfaces criadas para melhoria do processo de comunicação (PAIS, 2008, p. 93).

Assim como afirma Pais, acreditamos que a escola deve sempre acompanhar essas mudanças de tecnologia, para que a mesma seja sempre ambiente conectado com a realidade.
Nesse sentido, Helena Copetti Callai também salienta sobre a importância do ambiente escolar estar sempre conectado com a realidade dos alunos, onde o conteúdo passa a ser algo mais palpável.

O professor deverá propor o estudo que seja consequente para os alunos. E as experiências concretas deverão ter interligamento e coerência dentro do que é ensinado, pois o vivido pelo aluno é expresso no espaço cotidiano, e a interligação deste com as demais instâncias é fundamental para aprendizagem (CALLAI, 2001, p. 136).

Assim, temos como principal objetivo compreender os desafios que permeiam a utilização da tecnologia em sala de aula, principalmente no que se refere as aulas de Geografia, uma vez que acreditamos que com a utilização desses recursos conseguiremos tornar assim as aulas mais interessantes e atrativas.
Para alcançarmos esse objetivo utilizamos da pesquisa bibliográfica como principal recurso metodológico, uma vez que através da pesquisa de outros artigos científicos e trabalhos acadêmicos já realizados sobre o tema conseguiremos relevante embasamento teórico que sustentará nossa pesquisa. Buscamos assim livros, artigos científicos monografias teses e demais tipos de trabalhos e publicações.

Desenvolvimento

A mídia em suas mais diversas formas hoje derrama uma gama considerável de informações de acesso a todas as pessoas tornando assim o mundo mais dinâmico e democrático no que se refere ao acesso a informação, pois agora, através de computadores e smartphones todos tem acesso a informação em tempo real.
Essa nova realidade faz com que o público das escolas seja um público totalmente singular e diferenciado daquele que se tinha até os anos de 1990. Até essa época as aulas meramente expositivas conseguiam atender os objetivos da educação, contudo, com o rápido avanço tecnológico, esse tipo de aula começou a se tornar antiquado e desmotivador para os alunos, uma vez que os mesmos tem acesso as informações na palma de sua mão.
A disciplina de Geografia surge nesse meio com a missão de fazer com que os alunos saibam se localizar, assim como saber diferenciar aspectos físicos e sociais do local onde vivem assim como indica os PCNs.

...um trabalho pedagógico que visa à ampliação das capacidades dos alunos do ensino fundamental de observar, conhecer, explicar, comparar e representar as características do lugar em que vivem e de diferentes paisagens e espaços geográficos (BRASIL, 1998, p. 15).

Assim temos hoje a necessidade de que a escola acompanhe tal evolução tecnológica, afim de ter atenção dos alunos, que são estimulados por outras coisas vindas de todos os lados.
A utilização da tecnologia em sala de aula tem objetivos que vão muito além de chamar mais atenção de alunos. Ela também facilita a vida do professor e a compreensão do conteúdo pelo aluno. Além disso é um grande objeto de inclusão, uma vez que a educação no Brasil à décadas vem formando classes e grupos de cidadãos distintos. Dessa forma, é necessário a inclusão da tecnologia em sala de aula com o objetivo de nivelar o ensino, fazendo dele um instrumento de inclusão e não de exclusão.

A educação escolar desponta no cenário nacional como uma educação tecnocrática e elitista, tendo como objetivo formar dois grupos de cidadãos, um para comandar e outro, a grande maioria, para ser comandada. Essa finalidade educacional encontra-se enraizada em nossa sociedade tem feito com que ainda hoje parte da população receba uma educação pobre, que não tem como objetivo a emancipação e o exercício pleno da cidadania por todos os brasileiros, independente da cor, raça, sexo ou status socioeconômico. (IOSIF, 2007, p. 19)

Percebemos também, que por parte do governo brasileiro, pouco se tem investido na área da tecnologia para a educação, uma vez que com as ultimas reformas de cunho neoliberais sua preocupação está voltada mais para a quantidade que para a qualidade, dessa maneira preocupasse muito mais com quantos alunos serão aprovados que com o conteúdo que foi assimilado.

[...] o governo brasileiro, nos últimos anos, produziu profundas reformas de natureza neoliberais na economia e na estrutura do Estado. [...] Os principais resultados dessas reformas, dentro dessa lógica, são quantitativos, cresce cobertura e acesso, principalmente no Ensino Fundamental, porém com recursos limitados. A consequência dessa política foi a enorme perda de qualidade no ensino público. (HADDAD, 2003, p. 48)

Além disso, percebemos também que paralelo a perda de qualidade da educação e o foco quantitativo da mesma começará a priorizar conteúdos como Português e Matemática deixando os demais conteúdos como secundários, inclusive Geografia.
Acreditamos que isso também é mais um ponto que leva desmotivação aos aluno para com as aulas de Geografia, cabendo assim ao professor conseguir cativa-los utilizando assim de todos os recursos disponíveis para demonstrar a importância de tal matéria.
Nesse sentido, a tecnologia poderá ser grande aliada das aulas de geografia, pois com a utilização dela as aulas tornam-se mais palpável e próxima da realidade dos alunos. Podemos demonstrar durante as aulas de Coordenadas Geográficas por exemplo a utilização do Google Maps, sendo um recurso que hoje faz parte da vida de muitas pessoas e seus recursos fazem parte das aulas.
As aulas assim devem estar cada vez mais próximas a realidade dos alunos e não algo distante e inalcançável, pois percebemos que em dias atuais existem ainda muitos docentes que criam resistência com a novas metodologias de ensino, pois não querem sair de sua zona de conforto e espaço onde dominam por completo. Isso gera um grande problema, onde a escola se torna um espaço antigo, antiquado e desestimulantes para alunos que não conseguem fazer a conexão do assunto lecionado com sua vida cotidiana.
Assim, o professor deverá utilizar a maior quantidade de recursos disponíveis para assim conseguir alcançar esse objetivo.

(...) fazer leituras de imagens, habituar-se a ler várias modalidades de textos e integrá-los aos conhecimentos possuídos; ser capaz de utilizá-los em situações externas à escola, portanto, em situações de vida; observar um fato isolado e poder contextualizá-lo no tempo e no espaço (PONTUSCHKA et al., op. Cit., p.108.).

Outro grande desafio para professores de Geografia e também para docentes de maneira geral é conseguir conquistar um bom relacionamento com os alunos, tornando assim o ambiente escolar muito mais leve e descontraído, não um ambiente extremamente formal e engessado, mas um ambiente onde o aluno pode ser mais próximo ao professor.

A sala de aula é um espaço em construção cotidiana, onde professores e alunos interagem mediados pelo conhecimento. Desafiadora instigante, espaço de desejo, de negociação ou resistência, a sala de aula é reveladora de nossos acertos ou de nossos conflitos. Torná-la um espaço de construção de experiências educativas relevantes para professores e aluno é uma das questões desafiantes para nós educadores (OLIVEIRA, 2000, p.61).

Acreditamos que assim, a experiência escolar poderá bem mais proveitosa, estimulante e interessante, tanto para alunos quanto para professores. A utilização de recursos e tecnologia nas aulas também estimula mais a curiosidade e a participação dos alunos nas aulas, tornando assim o ensino mais eficaz e com resultados positivos tanto no que se refere a absolvição do conteúdo lecionado quanto a interação e inclusão dos alunos em ambientes mais digitais.
Além disso, levando em consideração a bagagem do aluno e de seu conhecimento prévio teremos ele como agente participativo e de ação na sociedade, sendo isso de considerável importância para construção de um novo conhecimento. (AUSUBEL, 1980)
Cabe então aos professores proporcionar um tipo de aprendizagem mais dinâmica e que conte com a experiência prévia do aluno. Ausubel salienta ainda que:

A aprendizagem significativa ocorre quando uma nova informação relaciona-se de modo não arbitrário com outra informação pré-existente na estrutura cognitiva do aprendiz. Desta forma, os dois conhecimentos, o novo e o antigo, relacionam-se e formam um terceiro, modificado. Simplificando tal processo, pode-se lançar mão do conceito de mapa mundi já existente na estrutura cognitiva do aprendiz. Quando o conceito novo de quais países compõe um continente especifico lhe for apresentado, este se relacionará com o conceito de mapa mundi e, deste modo, será formado um terceiro conceito mais enriquecido. Cabe ressaltar que este é um processo dinâmico em que o novo conceito formado passa a ser um novo conhecimento que pode servir de futuro ancoradouro para novas aprendizagens (AUSUBEL, 1980).

Consideramos assim que é de extrema necessidade o envolvimento de professores, governo e comunidade escolar em prol a utilização de novos recursos em sala de aula. Vimos aqui que a utilização desses traz grandes vantagem ao processo de ensino e aprendizagem, mas para isso, professores devem se esforçar na busca de conhecimento e novas formas de lidar com tais recursos e o Estado também deverá fornecer a estrutura necessário.
Uma vez sendo implantados tais recursos durante as aulas de Geografia, acreditamos que o conteúdo passará a ser muito mais estimulante para os alunos e como consequência teremos uma absolvição melhor do mesmo, além também de os alunos conseguirem fazer melhor conexão entre o conteúdo lecionado e sua realidade cotidiana.

Conclusão

Diante do que foi visto no decorrer do presente artigo concluímos que a tecnologia está cada dia mais presente na vida das pessoas, que por vez tem acesso a ela cada vez mais cedo, isso independente da classe social.
Frente a isso, é um grande desafio da escola conseguir acompanhar as evoluções que acontecem cada dia com mais velocidade, porém, esbarramos com alguns desafios, tais como falta de investimento do Estado seja na estrutura ou até mesmo no próprio conteúdo de Geografia, o que torna as aulas pouco estimulante para os alunos, além disso, temos também professores que dificilmente saem de sua zona de conforto para buscar novos métodos e recursos para suas aulas, o que torna a escola um ambiente totalmente desconexo com a realidade dos alunos.
Nas aulas de Geografia temos uma gama considerável de recursos que podem ser utilizadas para dinamizar as aulas, faze-las mais participativas e estimulante para os alunos, recursos como Google Maps, que além de tudo faz com que as aulas sejam mais próximas a realidade dos alunos.
As aulas de Geografia devem retratar o cotidiano dos alunos, facilitar a compreensão da realidade que lhes cercam e os recursos tecnológicos existem para contribuir com a conquista desse objetivo. Devemos então como docentes sempre estarmos atentos aos novos métodos e recursos disponíveis. Assim as aulas de Geografia passarão não apenas a ser mais um conteúdo dentro de todos os outros mas uma aula interessante, motivadora e estimulante.


REFERÊNCIAS

AUSUBEL, D. P. Psicologia Educacional. Rio Janeiro: Interamericana, 1980.

BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Geografia. Brasilia: MEC/SEF, 1998.

CALLAI, H. C. A Geografia e a escola: muda a Geografia? Muda o ensino? Revista Terra Livre. São Paulo, 2001. p. 134- 151

HADDAD, Sergio. Relatora Nacional Para o Direito Humano à Educação: Projeto relatores nacionais em DhESC – Plataforma brasileira de Direitos Humanos Econômicos, Sociais e Culturais. 2003. Disponível em < http://escoladegestores.mec.gov.br/site/8-biblioteca/pdf/sergiohaddad.pdf > acesso: 06 setembro de 2018

IOSIF, Ranilce Mascarenhas Guimarães. A qualidade da educação na escola pública e o comprometimento da cidadania global emancipada: implicações para situação de pobreza e desigualdade no Brasil. Brasília, 2007.

OLIVEIRA, Zenaide Ferreira Fernandes. Um olhar sobre a gestão em sala de aula. Salto para o futuro: um olhar sobre a escola. Brasília: Ministério da Educação. SEED, 2000.

PAIS, Luiz Carlos. Educação escolar e as tecnologias da informática. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.

PONTUSCHKA, N. P.; PAGANELLI, T. L. e CACETE, N. C. A Geografia como ciência e disciplina escolar. In:______. Para ensinar e aprender Geografia. São Paulo: Cortez, 2009. p. 35-104