DISTÚRBIO DE APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Adriele Rosa Machado
Thalyta Suelen Nina da Silva Aguiar
Joice Ferreira dos Santoss Livi
Maria de Fatima dos Santos Macedo
Erica Tiele Spak de Oliveira
RESUMO
As instituições brasileiras de ensino sofrem uma série de problemas, e os distúrbios de aprendizagens fazem parte desta ordem de fatos, apresentando-se de forma bastante preocupante aos profissionais da Educação. A escolha do tema da pesquisa deu-se por acreditar que os problemas de aprendizagens infelizmente são diagnosticados com muita demora pela escola, uma vez que os pais não têm os conhecimentos necessários para detectar fatores relacionados aos distúrbios. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica, que teve como objetivo buscar informações para maior compreensão do tema abordado, através de livros, sites científicos e outros referente aos temas envolvidos, utilizando método monográfico. A falta de orientação as famílias e escola, acabam prejudicando o aluno, já que o mesmo não consegue acompanhar o desenvolvimento da classe em que se encontra inserido. Infelizmente, em muitos casos, a própria escola não está preparada para enfrentar certos tipos de problemas de aprendizagens.
Palavras-chave: Escola; Escrita; Leitura; Dificuldade de Aprendizagem
INTRODUÇÃO
A aprendizagem é uma atividade fundamental da escola para a formação dos alunos. Trabalhando com crianças que apresenta algum tipo de distúrbio na aprendizagem e quanto elas necessitam de acompanhamento contínuo.
O ser humano é único e não pode ser deixado de lado, a vida é direito para todos. Ao repensar sobre essas dificuldades que acompanhamos ao longo do tempo, optou-se em pesquisar sobre os fatores que interferem a aprendizagem da criança.
Buscamos nessa pesquisa conhecer o trabalho dos professores e, como seria a convivência dessas crianças em seus lares familiares. Essa monografia tem por objetivo analisar quais os distúrbios que mais interferem na aprendizagem do aluno. Essas dificuldades possuem várias causas e podem afetar o desenvolvimento da criança, deixando a mesma com a aprendizagem lenta e desmotivada para frequentar uma sala de aula.
As crianças com distúrbios de aprendizagem sentem-se excluídas em casa e na sala de aula, mas para que isso não ocorra o professor deve fazer com que o aluno socialize-se com os outros amigos.
Muitas crianças apresentam dificuldades, muitas escolas possuem crianças com distúrbios, crianças inquietas, hiperativas, disléxicas. Tais problemáticas em sua maioria são diagnosticadas após o ingresso da criança à instituição de ensino, o que ocasiona uma significativa parcela de tempo voltado a observação do comportamento, cognição, ensino, aprendizagem da criança, quando na verdade a escola poderia ser cônscia dos distúrbios desde a pré-escola.
Cabe ao professor buscar estratégias de socialização para que não ocorra nenhum tipo de exclusão dentro e fora da escola devido a esta dificuldade, a criança sofre de um desenvolvimento lento não conseguindo acompanhar os outros alunos na escrita e na leitura.
DESENVOLVIMENTO
As crianças com dificuldades de aprendizagem não são crianças incapazes, apenas apresentam alguma dificuldade para aprender. Incapacidades de aprendizagem não devem ser confundidas com dificuldades de aprendizagem.
Para Guerra (2002), a criança com dificuldades de aprendizagem muitas vezes é rotulada, sendo chamada de perturbada, incapaz ou retardada. Desta forma, o autor enfatiza o valor da interação e das relações sociais no processo de aprendizagem.
Alguns exemplos são métodos inadequados de ensino, falta de percepção, por parte da escola, do nível de maturidade da criança, professores que não dominam determinados assuntos, superlotação das classes, dificultando a atenção do professor para todos os alunos. Para Guerra (2002), todavia, na prática pedagógica que se configura a tríade ação – reflexão – ação, tem-se um dos grandes desafios do cotidiano escolar – superar as lacunas na formação dos profissionais da educação relativas ao trabalho teórico/metodológico realizado com a alfabetização nas séries iniciais do ensino fundamental.
O aluno é um ser social com cultura, linguagem e valores específicos. Para Patto (2008), quando apresenta dificuldades de aprendizagem deve ser levado em conta sua individualidade, particularidade, ou seja o professor precisa trabalhar com a diferença, descobrir as potencialidades de cada aluno para então partir em busca do desenvolvimento de sua aprendizagem, transformando-o em sujeitos preparados para enfrentar o mundo.
A dislexia como fator de transtorno de desenvolvimento manifesta-se através de uma leitura lenta, com bloqueios, omissões, interrupções, distorções, correções e substituições de palavras.
Segundo Patto (2008), as crianças em que são detectados os problemas entre os 5 ou 6 anos de idade compensa as faltas de aprendizagem mais rapidamente, considerando que encontram-se em uma faixa etária propicia para a aquisição de conhecimentos e que terão uma menor lacuna a repor do que aquelas que as dificuldades só são observadas 4 ou 5 anos após o processo leitor prejudicado.
A escola tem dificuldades em trabalhar com a diversidade de elementos que a realidade produz em cada indivíduo. Para GARCIA (2008), pensando assim o fracasso escolar poderia ser solucionado com intervenções pedagógicas adequadas para cada realidade. A dificuldade se encontra na diversidade de realidades e na lentidão do sistema de educação em acompanhar as mudanças sociais.
Os problemas de aprendizagem podem ocorrer tanto no início como durante o período escolar. Para Guerra (2002), qualquer problema de aprendizagem implica um trabalho amplo, trabalho do professor junto a família da criança para analisar situações e levantar características visando descobrir o que esta representando dificuldade ou empecilho para que o aluno aprenda. Conforme GARCIA (1998), sob este aspecto é importante o professor estar atento aos seus alunos, procurando interagir com eles na intenção de saber sobre seu lado familiar, como vivem e o seu dia - a – dia na comunidade. Adquirindo a confiança do aluno o professor poderá desvendar possíveis dificuldades na sua aprendizagem.
O abrigo e o desconforto no o sono também são um dos problemas básicos na capacidade de aprendizagem conforme Guerra (2002), Diante desse aspecto, sabemos que a criança do nosso país tem na merenda escolar, muitas vezes, a única refeição do dia, por este motivo tal programa assume uma importância vital para o desenvolvimento escolar do aluno.
O planejamento e o registro são formas de se avaliar um aluno disléxico são meios para um educador conseguir atuar melhor em relação ao conteúdo e sua forma de trabalhar com esse aluno. Para PATTO (1990), este dialogo e a construção desta parceria é fundamental para que possarmos ter um clima de transparência e confiança entre aluno e educador. Este clima fortalece o processo de aprendizagem nos momentos de devolutiva e discussão sobre como ambos se sentem e como o progresso é sentido.
Para Guerra (2002), trabalhar a autoestima do aluno mostrando que ele também é capaz, de outra forma e em outro ritmo, é uma área que deve ser planejada, refletida e sistematizada para que o aluno consiga ter uma nova auto-imagem e dar se uma chance de aprender de forma desligada de experiências anteriores com um ensino não apropriado a suas necessidades.
Um trabalho junto à família para que esta valorize o processo, os esforços e reconheça os pequenos passos dados é também fundamental. Para GARCIA (1998), este educador deve ser um pesquisador curioso que estude a dislexia e que registre o processo pelo qual passa com este novo aluno, para que possa também organizar seus pensamentos e agir de uma forma consciente e reflexiva.
Ao nascer, o ser humano apresenta algumas estruturas já prontas, definidas, como, por exemplo, a cor dos olhos, dos cabelos, o sexo. Outras ainda estão por desenvolver. Neste último caso encontra-se a parte do sistema nervoso, que precisa de condições favoráveis para o seu pleno funcionamento desenvolvimento”. “Para entendermos o porquê desta dificuldade precisamos primeiro saber se este aluno processa o conhecimento na mesma área cerebral que um aluno não disléxico. (SANTOS e NAVAS 2002, p.17),
O cérebro dos disléxicos é normal, constituído pelos neurônios que se comunica entre si. Divide-se em duas áreas: esquerdo e direito. Para SANTOS e NAVAS (2002) nos indivíduos normais a área esquerda é responsável pela percepção e linguagem; subdividida em subáreas distintas: uma processa fonemas, a outra analisa palavras e a última reconhece as palavras. Essas três subdivisões trabalham em conjunto, permitindo que o ser humano aprenda a ler e escrever. Segundo Guerra (2002), a criança só aprende a ler quando reconhece e processa fonemas, memorizando as letras e seus sons. À medida que a criança aprende a ler, outra parte do cérebro começa a se desenvolver com a função de constituir uma memória permanente que faz com que a criança reconheça palavras com mais agilidade e sem grande esforço.
O cérebro das crianças disléxicas, devido às falhas nas conexões cerebrais, não funciona desta forma. Para Alarcão (2006), no processo de leitura os disléxicos só recorrem na área cerebral que processa fonemas. Por isso, os disléxicos têm dificuldade em diferenciar fonemas de sílabas, pois a região cerebral responsável pela análise de palavras permanece inativa. Para GARCIA (1998), suas ligações cerebrais não incluem a área responsável pela identificação de palavras e, portanto, a criança disléxica não consegue reconhecer palavras que já tenha lido ou estudado. A leitura se torna um grande esforço para ela, pois toda palavra que ela lê aparenta ser nova e desconhecida.
Depois de detectada a dislexia, cabe à escola, juntamente com o professor, incluir este aluno na sala de aula, trabalhando de maneira “distinta”, para fazer com que este consiga amenizar seu distúrbio de aprendizagem. Para GARCIA (1998), mesmo com um trabalho diferenciado, a criança nunca deixará de ser disléxica, mas poderá ter uma vida escolar quase “normal”, podendo aprender a ler e escrever como os demais, apesar das dificuldades que possui.
Para trabalhar com a criança disléxica, o professor necessita ser capacitado e ter conhecimento à cerca da Dislexia. Para Alarcão (2006), ele precisa saber o que é a dislexia, sua causa, bem como saber diagnosticar a mesma. Com essas informações o professor pode trabalhar com o aluno em sala de aula, não deixando que este se sinta excluído e com autoestima baixa.
Muitos professores, preocupados com o ensino das primeiras letras, e não sabendo como resolver as dificuldades apresentadas por seus alunos, várias vezes os encaminham para as diversas clínicas especializadas que os rotulam como ”doentes”, incapazes ou preguiçosos. Na realidade, muitas dessas dificuldades poderiam ser resolvidas dentro da própria escola (SANTOS e NAVAS 2002, p. 9).
Este trabalho deve ser realizado em parceria com os pais do disléxico. Segundo Alarcão (2006), o primeiro passo, é o diagnóstico real do problema emitindo por um neurologista, após, professores juntos com os pais necessitam conversar e expor o problema para a criança portadora de Dislexia, buscando restabelecer sua auto-estima, confiança pela orientação e instrução adequados para que o mesmo pouco a pouco vá superando o trauma da sua incapacidade de aprender a ler e escrever corretamente.
Para Strick e Smith (2001), é necessário valorizar todo o esforço e interesse demonstrado pelo mesmo, respeitando seu ritmo, pois o disléxico necessita de mais tempo para pensar e entender o que é pra ser feito, que um aluno normal, e para isso o professor necessita ter paciência e força de vontade para ajudar este aluno, pois não existe um método específico para alfabetizar os mesmos.
O professor primeiro precisa conhecer o assunto e buscar informações com pessoas conhecedoras do assunto para daí elaborar atividades para esta criança, sendo que, nenhum disléxico é igual, todos tem alguma peculiaridade a ser desvendado pelo professor.
Outra maneira de ajudar este aluno é explicando para ele que sua dificuldade na aprendizagem da leitura e escrita tem um nome SANTOS e NAVAS (2002) Dislexia, sendo que, o professor quer ajudá-lo a superar este problema e depende dele superá-lo, não desistindo no primeiro obstáculo, mas seguindo firme buscando com coragem e persistência o conhecimento como os demais.
O professor precisa ter calma com este aluno, pois ele será mais lento que os demais necessitam dar mais tempo para ele fazer a prova, copiar a matéria da lousa, resolvê-la, além disso, é necessário usar de diferentes estratégias para com este aluno entenda o conteúdo de acordo com ALARCAO, (1996) o uso de materiais estimulantes e interessantes, os quais ele possa ver sentir, ouvir, manusear, etc.: jogos, cartazes, histórias em CD, material dourado, etc., buscando ensiná-lo da maneira como ele entender melhor o conteúdo proposto mesmo que seja através de uma brincadeira onde tudo seja realizado na oralidade
Para Santos e Navas (2002) no plano da linguagem, os disléxicos fazem confusão entre letras, sílabas ou palavras com diferenças sutis de grafia, como "a-o", "h-n" e "e-d". As crianças disléxicas escrevem com letra muito defeituosa, de desenho irregular, o que denota perda de concentração e de fluidez no raciocínio.
Strick e Smith (2001), descrevem que a maioria das crianças que apresentam dislexia começa a falar tardiamente, podem ser identificadas essas deficiências quando não conseguem ou sentem dificuldades ao utilizar estratégias fonológicas para ler e escrever palavras desconhecidas ou longas.
De acordo com Alarcão, (2006), as crianças disléxicas confundem letras com grafia similar, mas com diferente orientação no espaço, como "b-d", "d-p", "b-q", "d-b", "d-q", "n-u" e "a-e". A dificuldade pode acontecer ainda com letras que possuem um ponto de articulação comum e cujos sons são acusticamente próximos, como "d-t" e "c-q". identificar as deficiências de leitura é de suma importância, pois ao detectar o quanto antes fica mais fácil criar métodos eficazes pata auxiliar as crianças que apresentam tais problemas.
A solução destes tipos de transtornos depende da gravidade, tendo em vista, que se for um caso leve, de identificação em primeira fase, a intervenção é suficiente para a superação do problema, não restando seqüelas na idade adulta. Para ALARCAO, (1996), contudo, se for um caso mais grave, sem rápida observação, é possível que ocorram manifestações posteriores mesmo com aplicação de tratamento.
Segundo Alarcão (2006), muitos estudos sobre crianças que manifestam características precoces de risco de dislexia ainda precisam ser complementados e desenvolvidos, em virtude disso, a discussão do assunto exige cautela e um maior aprofundamento, com as habilidades de processamento fonológico em crianças continuam sendo importantes quesitos na identificação de um diagnóstico inicial para os casos de dislexia. Identificar as deficiências de leitura é de suma importância, pois ao detectar o quanto antes fica mais fácil criar métodos eficazes pata auxiliar as crianças que apresentam tais problemas.
Segundo Strick e Smith (2001), os professores podem avaliar ou identificar estes distúrbios utilizando tarefas com rimas para ver se os alunos conseguem realizar analogias exercitando o som (pronúncia) e ortografia (escrita), a leitura por si só já é um mecanismo de analise onde percebe-se fluidez, clareza, segurança ou dificuldades, empecilhos...
Não existe um método de estudo universal: cada aluno deve, com a ajuda de pais e professores, encontrar o seu próprio método de acordo com as suas necessidades, aptidões e interesses. Conforme ALARCAO (1996), assim, é necessário estabelecer critérios para o trabalho, avaliando os progressos em comparação com ele mesmo a partir do seu nível inicial.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar de existir diferentes conceitos, todos concordam que a aprendizagem implica numa relação tanto da pessoa que ensina como da que aprende. Dessa forma a aprendizagem é definida como um processo evolutivo e constante, resultando da estimulação do ambiente sobre o individuo diante de uma situação problema que envolve um conjunto de modificações no comportamento do individuo, tanto físico como biológico e do ambiente ao qual está inserido.
É de suma importância considerar que as crianças que apresentam distúrbio na aprendizagem sofrem de um atraso mental e necessariamente precisam de acompanhamentos especializados, pois a aprendizagem é um processo complexo onde inclui vários fatores aluno, professor, família, organização curricular, estratégias e recursos.
Este trabalho de pesquisa possibilitou-nos visualizar de maneira critica a questão do fracasso da criança nas séries iniciais do ensino fundamental. Muitos educadores atribuem a responsabilidade do insucesso do aluno à situação econômica; à família e a própria criança, no entanto, percebemos que o papel da escola em atender as necessidades do aluno não é questionada, compactuando com a concepção de que o aluno é que precisa adaptar-se a escola, onde quem não é capaz de responder as suas exigências não está pronto para acompanhar o processo de escolarização, como conseqüência ele é excluído do sistema escolar.
Dessa forma, os dados coletados nos mostram que compatibilizar se dá através da busca do conhecimento cientifico pelos professores nos cursos de formação continuada, possibilitando relacionar as experiências dos alunos conscientizando-os para a necessidade de estar elaborando métodos de inclusão para os alunos.
É importante que os profissionais da educação passem para as crianças que todos nós somos cidadãos e temos direitos iguais, é interessante ressaltar que a criança deve ser sempre estimulada compreendida, interpretada de maneira que não a prejudique.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALARCAO, I. (org). Formação reflexiva de professores: estratégias de supervisão. Portugal: Editor Porto, 2006.
GARCIA, J.N. Manual das dificuldades de aprendizagem – Linguagem, leitura, escrita e matemática. Porto Alegre: Artes Médicas, 2008.
GERALDI, João Wanderley (org). O texto na sala de aula. São Paulo: À tica, 1997.
GUERRA, L.B. A criança com dificuldades de aprendizagem. Rio de Janeiro: Enelivros, 2002.
PATTO, M.H.S. A produção do fracasso escolar: histórias de submissão e rebeldia. São Paulo: T.A. Queiroz Editor, 2008.
SANTOS, M. T. M. dos.; NAVAS, A. L. G. P. Distúrbios de leitura e escrita: teoria e prática. Barueri: Manole, 2002.
STRICK, C. e SMITH, L. Dificuldades de aprendizagem de A a Z – Um guia completo para pais e educadores. Porto Alegre: ARTMED, 2001.