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AUTISMO: CAUSAS, DIAGNÓSTICOS E TRATAMENTOS.
Cristiani Sanches Palmer
Mariza da Silva Lucas Rodrigues
Ionete Lurdes da Silva Schindwein
Ângela da Silva Lucas

RESUMO

Entende-se por autismo uma inadequação no desenvolvimento que se apresenta de maneira grave durante toda a vida. Podendo ser chamado de Transtorno do Espectro Autista (TEA). Os motivos que levaram a pesquisa foram devido a tantas suposições em cima de várias causas e poucas respostas, desconhecendo a etiologia. A pesquisa científica não sabe ao certo a causa concreta, por ter um caráter multifatorial. Mas, de toda forma, há o comportamento genético e existe o comportamento ambiental. Desta forma a metodologia consistiu em uma pesquisa bibliográfica baseada em artigos científicos, sendo os mesmos de autores de renome da área. Baseado nos dados encontrados é apresentado resultados sendo eles: porcentagens de autistas homens em relação a mulheres, crescente quantidade de autistas no mundo, percentual de autistas presentes no Brasil. Pode-se afirmar que o diagnóstico do autismo é clínico, feito através de observação direta do comportamento, e uma avaliação única e rápida.Os tratamentos preconizam o desenvolvimento de específicos programas de intervenção, elaborado através da avaliação de cada individuo.

Palavras-chave: Transtorno do Espectro Autista. Inclusão. Intervenção.

INTRODUÇÃO

A ideia de expressar o tema no trabalho de conclusão de curso surgiu pela grande curiosidade e disposição de aprofundar mais sobre o assunto, pelo fato de possuir familiares autistas. Através do conhecimento de várias linhas de pesquisa relacionadas à área, houve um grande interesse despertando a determinação na procura de estudos voltados às causas, diagnósticos e alguns métodos de convivência do distúrbio, por ser um assunto instigante e uma área de constante estudo.
Entende-se por autismo uma inadequação no desenvolvimento que se apresenta de maneira grave durante toda a vida. Costuma aparecer nos três primeiros anos de vida e desde já traz certa incapacidade para o indivíduo que a possui.(MOREIRA, 2016). O diagnóstico do autismo é clínico, feito através de observação direta do comportamento e uma avaliação única e rápida, não pode indicar as reais habilidades da criança (FADDA, 2016).
Podendo ser chamado de Transtorno do Espectro Autista (TEA), o autismo é uma síndrome com muitas perguntas e poucas respostas, ou seja, não se sabe ao certo a etiologia da mesma, porém há uma série de suposições teóricas e estudos altamente aprofundados referentes ao autismo, por ser um tema com bastante repercussão na atualidade (VELLOSO et al., 2011).
Segundo JUNIOR (2014),onde alega que a síndrome atinge cerca de 1 a cada 68 indivíduos, é na sua grande maioria é apresentado em homens. Geralmente é um gene ligado ao cromossomo. A presença do autismo pode estar em crianças com comportamentos e aparência típicas, dificuldades na interação e desempenho.
Desta forma, o presente trabalho tem por objetivo uma pesquisa minuciosa sobre o assunto, abordando fatos históricos, o autismo a nível global e nacional, causas, diagnósticos e tratamentos.
A justificativa desse estudo busca encontrar respostas. Porque mesmo com tantas pesquisas, grande repercussão na mídia, grande procura de estudos científicos pelo assunto, ainda não se tem uma resposta exata sobre a causa. Desta forma, se define o melhor tratamento depois de diagnosticado.
Será apresentado de maneira detalhada mais a frente às definições do transtorno do espectro; parâmetros históricos onde terão abordagem completa de retrospectiva de descobertas, principais pesquisadores de épocas anteriores e onde enquadrava o transtorno sendo considerada uma patologia; arremetido para números com autismo no mundo e no Brasil; relações entre mitos e verdades relacionadas a vacinas a base de mercúrio e também relacionado ao crescimento do número de portadores ao longo dos anos; funcionamento do cérebro de uma pessoa com autismo; avaliando de maneira clara quais possíveis causas; e níveis do TEA; e partindo para um campo de diagnóstico e tratamento onde o enfoque familiar está envolvido diretamente no progresso do autista.
DESENVOLVIMENTO

O Transtorno do Espectro Autista (TEA), transtorno global do desenvolvimento (TGD), transtorno invasivo do desenvolvimento (TID) propriamente conhecido como autismo são distúrbios neurodesenvolvimentais, que podem caracterizar determinados graus de comprometimento, tanto na influência social, comunicação verbal e não verbal desempenho alocado e até mesmo comportamento repetitivo.(MELO, 2009).
O termo autismo deriva da palavra grega Autos que significa Próprio/Eu e Ismo é uma orientação ou um estado de espirito de alguém que se encontra, envolvido com si próprio (TAMANAHA,2008). Existem varias definições sobre o termo diferenciando-se entre autores:
De acordo com CORREIA (1997, p.22), “O autismo é um problema neurológico que afeta a percepção, o pensamento e a atenção traduzido numa desordem desenvolvimental vitalícia que se manifesta nos três primeiros anos de vida.”
De acordo com STELZER (2010),em 1943, Leo Kanner um médico Austríaco renomado da Universidade de John Hopkins situada em Baltimore EUA, detectou pela primeira vez numa de suas consultas com crianças, uma serie de comportamentos característicos que eram manifestados somente nas mesmas.
Descritos então no artigo “Distúrbios Autísticos do Contato Afetivo”. Na época foi lhe concedido o nome de “Perturbações”, a partir dai foi dado à origem a perturbações autistas(MARFINATI, 2014). LeoKanner acreditava que a crianças com a síndrome, geravam a anormalidade no desenvolvimento, onde mais tarde foi revelado, que isso era incorreto, pois as disfunções motoras e fala, vinham atreladas a síndrome e não causada pela síndrome(KLIN, 2006).
Alguns relatos afirmam que em 1911, Eugene Bleuler um psiquiatra, já teria incluído o termo autismo na literatura psiquiátrica (STELZER, 2010), porem se tratava de uma patologia, ou seja, um agente causal diferente, podendo estar vinculada a comportamentos básicos da esquizofrenia (termo concedido por Bleuler) (GONÇALVES, 2015).
Em Viena na Áustria no ano 1944 bem próximo ao ano das referencias de Kanner, outro especialista Hans Asperger, classificou também um distúrbio neurológico conhecido como síndrome de Asperger, um das análises mais conhecidas dentro do espectro do Autismo (PAULA, 2014). Uma curiosidade questionável a respeito dos dois pesquisadores é a coincidência do nome central, designado para nomear a perturbação, pelo fato de Kanner desenvolver estudos em Baltimore nos EUA e Asperger situar-se em Viena na Áustria. Desta forma a percepção dos dois teria o mesmo sentido na denominação (GRINKER, 2012).
Mais a frente às teorias são comparáveis, por muitos investigadores em especial LornaWing, observam essências de semelhanças dispersantes e significativas entre os casos descritos por ambos, sendo elas: preferencias por rotinas, obsessão e interesses bem aprofundados em determinados assuntos (HEWITT, 2006), pouco contato visual, estereotipias(repetição transitória ou permanente e de forma automática)na fala e no comportamento, procura de certa forma se isolar, grandes interesses em objetos, possuem condutas peculiares (MARQUES, 2000).
Como tudo pode ter controvérsias,outros pesquisadores afirmam que apesar da semelhança descrita pelos dois primeiros autores dos gêneses dos relatos do distúrbio, existe divergência em ambas partes como: Capacidades linguísticas, motoras e de coordenação. Tendocertas diferenças quando as informações são sobrepostas. Uma das principais discordâncias seria que
Kanner acreditava que estas crianças aprendiam mais facilmente através de rotinas e mecanizações, enquanto Asperger mencionava que os seus pacientes aprendiam mais facilmente se produzissem espontaneamente e sugeria que eles seriam pensadores do abstrato.(LEONARD, et al., 2010, p.548-554).

De uma forma geral se avaliarmos e realizarmos um retroativo de décadas passadas, é encontrado na literatura que em 1957 os casos eram de uma pessoa com o distúrbio, a cada 5 mil pessoas (NUNES,2011), isso talvez pode ser explicado pela falta de relatos, comunicações divulgações dos órgãos ou até mesma pela falta de conhecimento (Grafico-01) das pessoas em relação ao autismo. (MARTONE et al, 2012).
Com um grande salto para o ano de 2002, estudos afirmam que 1 a cada 150 pessoas eram diagnosticada como autista(ORRU, 2010). De acordo comBARBOSA (2015), uma década seguinte no ano de 2012, os números partiude 1 para 88 indivíduos. Bem próximo da nossa realidade no ano de 2016/2017 (Grafico-02), pesquisam asseguram que este crescimento do número de pessoas comTranstorno do Espectro Autista ainda crescem de uma forma desordenada e até mesmo exponencial alcançando 1 a cada 68 pessoas.(JUNIOR, 2014).
O órgão CDC (Center ofDeseasesControlandPrevention), vinculado aos Estados unidos afirma que o retrato de dados de autismo a nível mundial, remete que a cada 68pessoa exista um caso de autismo (JUNIOR,2014). Desta forma pode se afirma que há um surto no crescimento? Devido a qual fator? Quais condições?
No Brasil, registrados existem mais de 2 milhões casos, ou seja o autismo atinge quase 1% da população Brasileira (MAGALHAES, 2014). O estado de São Paulo lidera os acontecimentos registrados em todo pais, tendo aproximadamente 300 mil ocorrências. (OLIVEIRA, 2017).
Esporadicamente, o fato de receber informações não tão reais ou até mesmo acreditação indevida em algo, remete a população em crenças não comprovadas cientificamente, sendo que a informação cientifica mesmo apresentada pode dispor de casos mal interpretados e por consequência repassada à continuidade do assunto de maneira errônea devido a má interpretação.
ConformeBRITES (2017),Jenniferuma das pesquisadoras da universidade da Pensilvânia, situada nos Estados Unidos da América, relata que como há um processo de transição onde esta sendo readequada a ampla gama de disfunções e distúrbios com características próximos a autismo, encaixando ou padronizando para o mesmo grupo do autismo,o numero de pessoas realmente crescerá, pois não exista mais Síndrome de Asperg, Transtorno Global ou Ivasivo do Desenvolvimento. Então, sem sombra de dúvida, ficam incertas afirmações relacionadas ao aumento em tão pouco tempo, gerando falsas ideias de epidemias.(FADDA, 2016).
Instituições reverenciáveis de outros países sendo elas Organização Mundial da Saúde, Academia Americana de pediatria e o Ministério da Saúde dos EUA (NationalInstitute Health), relatam que não houve um crescimento de forma tão significativa, pelo fato do calculo de 6,2 milhões de caso/ ano serem praticamente o mesmo num período de 11 anos de estudos. (BRITES, 2017).
O avanço das ocorrências pode ser devido a fatores ambientais como afirma a psiquiatra e cordenadora do Ambulatório de Cognição Social da UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo) Daniela Bordini(ANDRADE, 2016). Quando se trata de fatores ambientais, o termo se refere ligações com álcool, exposição ao tabaco, fumo, altas cargas de agrotóxico podendo citar o casos de Sorriso-MT, onde há uma contaminação do leite materno (PÍGNATI, 2014), alimentação propriamente dita, pelo fato de comidas cada vez mais industrializadas e talvez um grande desconhecimento da origem de determinados produtos. (FERREIRA,2015). Isso porque causas multifatoriais genéticas, esta ligada diretamente a formação do feto, então a probabilidade adquirir a predisposição a distúrbios é alta, isso significa que uma mãe que fuma pode acarretar de forma indireta, considerada como fatores pré-natais.(SANTOS, 2015).
Pode ser considerado que o aumento do numero; seja também pelas diferenças metodológicas seguidas atualmente, um maior conhecimento dos graus cognitivos vinculados a TGD; Abrangência do conceito ao longo do tempo e um maior conhecimento das categorias médicas, integradas aos TGD. (CHARMAN,2002).
O autista possui um cérebro um pouco diferente do nosso. Eles possuem um cérebro hiperexitado, funciona da seguinte forma: “nosso cérebro faz uma faz uma atividade de cada vez, então toda vez que é realizado uma atividadeé desligado a atividade anterior”. Mesmo quando esteja fazendo duas atividades ao mesmo tempo, na realidade estão fazendo um de cada vez, bem rápido. O paciente com autismo não realiza esse processo. Por possuir um cérebro hiperexitado, é ligado uma atividade sem desligar a atividade anterior. Então ao longo do dia, às vezes, pode estar fazendo cem, duzentas, trezentas, mil atividades ao mesmo tempo naquele cérebro.(ABUJADI, 2014).
O grande problema é que pais de autistas ou até mesmo profissionais da educação tenta fazer com que o cérebro deles funcione parecido com o de uma pessoa normal, porém ao tentarem forças issoeles se desorganizam, onde entram em crise. Então desde pequenos, eles vão criando um método para se organizar. Você tem um padrão de comportamento repetitivo. Na realidade, isso é um cérebro tentando se organizar.(ZORZETTO, 2011).
De acordo com ABUJADI (2014), o cérebro mais imaturo é mais sensorial e mais motor, por isso há um predomínio de comportamentos repetitivos motores, que são as estereotipias e sensoriais, as hipersensibilidades tátil, gustativa, olfativa, visual e auditiva. E conforme ele vai amadurecendo, esses padrões de comportamento repetitivo vão mudando para comportamentos repetitivos que a é denominado de ordem superior, são comportamentos mais maduros.

CONCLUSÃO

Com a realização desta pesquisa foi possível melhorar e aprimorar meus os conhecimentos em relação ao autismo, podendo afirmar que a grande parte de pesquisadores, ou até mesmo familiares de autistas buscam entender uma causa exata sobre o distúrbio, talvez como forma de prevenção e até mesmo por um diagnóstico precoce, aplicando então tratamentos adequados. Ainda não foram encontrados os reais motivos de suas causas, mas pelo que se observa, o problema é genético, causado pelo gene CDH10.Observa-se que em números onde aproximadamente há 01 autista para cada 68 pessoas. Acontece em 75% dos homens e 25% nas mulheres, a ciência acredita que em futuro próximo, não haverá um aumento, porém se estagnará. É essencial a intervenção multidisciplinar como a musicoterapia, fisioterapia, fonoaudiologia (etc.) Porém, o carinho, o amor e o suporte da família... Esse é o melhor tratamento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRADE, T. Casos de autismo sobem para um a cada 68 crianças; especialistas explicam.2016.Disponível em:<https://estilo.uol.com.br/gravidez-e-filhos/noticias/redacao/2016/08/21/casos-de-autismo-sobem-para-um-a-cada-68-criancas-especialistas-explicam.htm.>. Acesso em 14 jul. 2017.

BRITES, C. Aumento de casos de autismo, existe uma epidemia?. Disponível em:<http://entendendoautismo.com.br/artigo/aumento-de-casos-de-autismo-existe-uma-epidemia/>. Acesso em 14 jul. 2017.

CORREIA, L. M. Alunos com necessidades educativas especiais nas classes regulares. Porto: Porto Editora, 1997.


ELIA, A. V. Autismo e qualidade de vida. Campinas, 2005. Dissertação (mestrado) Universidade Estadual de Capinas, Faculdade de Ciências Medicas.

FERREIRA, I. M. D. M. Uma criança com perturbação do espectro do autismo: Um estudo de caso. Lisboa, 2011. Dissertação (Mestrado). Instituto Politécnico de Castelo Branco, Escola de Educação.

JUNIOR, P. Casos de autismo sobem para 1 a cada 68 crianças. Revista Autismo, São Paulo, p. 697-701, 2014.

KLIN, A. Autism and Asperger Syndrome: na overview.Rev. Bras. Psiquiatr. New Haven- CT, p.3-11, 2006.

KLIN, A. Autismo e síndrome de Asperger: uma visão geral. Revista Brasileira de psiquiatria, São Paulo, v.28, n.1, p.3-11. 2014.