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ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Adriana Cordeiro Figueiredo [1]


RESUMO

O presente trabalho de graduação e conclusão de curso baseia-se nos estudos da (Alfabetização e Letramento na Educação Infantil) onde alfabetizar na educação infantil é um assunto que traz muitas incertezas para o professores, para uns não se pode de forma alguma alfabetizar na educação infantil, porque é o tempo e espaço para a criança poderem brincar, outros acreditam que deve sim alfabetizar na educação infantil, porém com uma preocupação muito grande em prepará-las para ingressar no ensino fundamental, iniciando uma pré-alfabetização, através de atividades massacrantes e mecânicas para a criança, a fim de treinar a coordenação motora e memorização do sistema alfabético. Essa cobrança também acontece com alguns pais cobrando do professor que seus filhos concluam a educação infantil alfabetizado isso é sabendo ler e escrever. Porém isso não vem sendo o suficiente, pois vivemos em uma sociedade grafocêntrica na qual a escrita está presente por toda parte, cheio de estímulos visuais escritos como, placas, outdoor, receitas culinárias, rótulos, bulas de remédios, jornais, revistas entre outros, a fim de informar, comunicar, expressar sentimentos e ideias. Diante disso o referente trabalho teve como objetivos conceituar o que é alfabetização e letramento, bem como compreender o processo de alfabetização e letramento na educação infantil na busca de oferecer um espaço de acesso a leitura e escrita antes do ensino fundamental, sem que isso prejudique a aprendizagem lúdica que a criança precisa ter. Por fim para o desenvolvimento do mesmo fez necessário a utilização de fontes de pesquisa diversas como leituras bibliográficas constituída de livros e artigos de revista disponibilizados na internet, entrevista e seminário.


Palavra-chave: Alfabetização. Letramento. Educação Infantil.


1 INTRODUÇÃO
Este trabalho de graduação e conclusão de curso é uma exigência do curso Licenciatura plena em Pedagogia no qual dentro da área de concentração escolhi (Metodologias de Ensino), e como cursista devo desenvolvê-lo, pois o mesmo se trata de uma atividade curricular.
Portanto o tema de estudo abordado será (Alfabetização e Letramento na Educação Infantil). Que além de se tratar de dois termos diferentes, que não se confundem os mesmo devem caminhar junto, isto é, enquanto que alfabetizar é o ato de ensinar a ler e escrever o sistema da escrita convencionalmente, letramento se trata de saber praticar este ato para as práticas sociais.
Alfabetizar na educação infantil é um assunto que traz muitas duvidas para o professores, onde muito se houve que não se pode de forma alguma alfabetizar na educação infantil, que é o tempo das crianças só brincarem, outros acreditam que deve sim alfabetizar, pois precisam prepará-las para ingressar no ensino fundamental, onde se ensina de forma descontextualizada, mecânica com treino para a coordenação e memorização, de silabas e letras soltas.
Porém isso não vem sendo o suficiente em uma sociedade grafocêntrica onde o letramento está presente por toda parte, pois as crianças vivem em um mundo vasto de estímulos escritos visuais, TV, placas, outdoor, receitas culinárias, bulas de remédios, diversos tipos de embalagens, jornais, revistas entre outros, a fim de informar, comunicar e expressar sentimentos em uma sociedade grafocêntrica onde a escrita predomina cada vez mais. Com isso faz se necessário que desde a educação infantil forme indivíduos capazes de interpretar a escrita e seus diversos momentos, sendo capazes de entender e intervir na sociedade na qual vivem.
Diante disso este trabalho teve como objetivos conceituar o que é alfabetização e letramento, bem como oferecer na educação infantil um espaço de acesso a leitura e escrita antes do ensino fundamental sem que isso prejudique a aprendizagem lúdica que essa precisam ter, e compreender o processo de alfabetização e letramento na educação infantil.
Por fim para o desenvolvimento do mesmo se fez necessária a utilização de fontes de pesquisa como, leituras bibliográficas constituída basicamente de livros e artigos disponibilizados na internet, conversas, entrevistas, seminários. Para assim conhecer com mais clareza a respeito do tema.
2 FUNDAMENTAÇÂO TEÓRICA
As crianças antes mesmo de ingressarem na escola para adquirir o conhecimento do sistema escrito, suas normas e convenções de como se lê e escreve, já trazem com elas uma bagagem, suas experiências vividas com a escrita, em um mundo grafocêntrico cheio de estímulos visuais escritos isto é, em uma sociedade letrada onde com vários intercâmbios como: cartas, telegramas, receitas, um recado escrito, bulas de remédio, lista de super mercado, bem como as embalagens e rótulos encontrados em diversas ocasiões vivenciadas no seu dia a dia. Como quando presenciam leituras de jornais, revistas, livros, panfletos, rótulos, bem como quando visualizam placas com escritas de anúncios, propagandas, sinalizações e entre outras informações.
2.1 ALFABETIZAÇÃO E SEUS CONCEITOS
A alfabetização é um processo continuo isto é não tem fim, onde acontece na infância e percorre até a velhice, não havendo limites para o conhecimento da leitura e escrita. Devido a isso o termo alfabetização no decorrer dos anos sofre modificações com conceitos diversos, devido o tempo e a sociedade no qual o sujeito se encontra inseridos.
2.1.1 Alfabetização e sua origem
Conforme Schwartz (2013, p.24), a origem da palavra alfabetização está no sentido da criança aprender a ler e escrever o sistema da escrita, isto é, o (alfabeto), decorando e memorizando, através de exercícios repetitivos e mecânicos. No intuito de treinar a coordenação motora, e a escrita, por fim associar os grafemas com fonemas em uma mera codificação (grafemas) e decodificação (fonemas).
Segundo Cagliari (1999, p.15), apud Brigitte (2012, p. 80) alfabetização era:
Na Antiguidade, os alunos alfabetizavam-se aprendendo a ler algo já escrito e depois copiando. Começavam com palavras e depois passavam para textos famosos, que eram estudados exaustivamente. Finalmente, passavam a escrever seus próprios textos. O trabalho de leitura e cópia era o segredo da alfabetização.
Para Schotten (2011, p. 49), a alfabetização está no sentido:
[...] onde os textos não passam de um agregado de frases desconexas. A função do material escrito numa cartilha é apenas ajudar o aluno a aluno a desentranhar a regra de geração do sistema alfabético. O conhecimento está fora do sujeito e precisa ser internalizado através dos sentidos. O aprendiz vai juntando informações: aprende as vogais, os encontros vocálicos, as sílabas simples e depois as complexas; pensa-se que em algum momento tenha um estalo e comece a ler e a escrever, [...] requer um investimento na cópia, no ditado e na memorização.
Nesta concepção o segredo para alfabetizar a criança é através de cópias, memorização e regras do sistema alfabético, aonde a criança vai juntando as informações, acreditando assim que num estalo irá aprender a ler e escrever.
2.1.2 Alfabetização no sentido atual
Para Schotten (2011, p. 114) no sentido atual a alfabetização vai além de decifrar códigos:
A alfabetização não é um processo de memorização e sim alfabetizar é levar o aluno a construção de hipóteses sobre o sistema da escrita, fornecendo diversos tipos de materiais escritos que faça parte do seu meio social, partindo do que eles já conhecem. Isso faz leva o aluno à reflexão sobre o verdadeiro sentido para se aprender a ler e escrever, ou seja, não basta memorizar as letras soltas e famílias silábicas é preciso saber sua verdadeira função como construí-la, para que possa dar um sentido às práticas sociais.
Se perceber que memorizar letras soltas, treinar a escrita ou fazer cópias, não traz sentido para o aluno esses são apenas representações do sistema alfabético. Precisa também envolver as crianças em diversos contextos onde essa representação se faz presente, como, palavras e textos reais no qual faça parte do dia a dia.
Soares (2013, p.16) admite:
Sem dúvida, a alfabetização é um processo de representação de fonemas em grafemas, e vice-versa, mas é também um processo de compreensão/expressão de significados por meio do código escrito. Não se consideraria´´alfabetizada`` uma pessoa que fosse apenas capaz de decodificar símbolos visuais em símbolos sonoros, ´´lendo``, por exemplo, sílabas ou palavras isoladas, como também não se consideraria ´´alfabetizadas`` uma pessoa incapaz de, por exemplo, usar adequadamente o sistema ortográfico de sua língua, ao expressar-se por escrito.
Parra esta autora ser alfabetizada não é apenas saber ler sílabas, letras, palavras soltas bem como também não se considera alfabetizada uma pessoa que não seja capaz de usar corretamente o sistema ortográfico por escrito.
Para Ferreiro (2001, p.17) ´´ser alfabetizado é o sujeito compreender que a escrita representa a linguagem, para seu uso social, na construção e compreensão de textos coerentes e coesos para sua comunicação e interação. ``
Verificamos que alfabetizar vai além das cartilhas onde se ensina palavras isoladas e descontextualizadas da vida das crianças. Deve ir além, partir de palavras que façam parte do universo dos alfabetizando, que atendam as demandas da sociedade letrada.
Soares (2013, p. 120), baseada no modelo de Freire coloca que alfabetizar trata-se de:
[...] selecionar palavras que entendam a uma seqüência adequada de aprendizagem das relações fonemas-grafemas, mas não se selecionam quaisquer palavras: selecionam-se aquelas carregadas de significado social, cultural, político, vivencial. Por exemplo: no Rio de Janeiro, selecionava-se favela, comida, batuque, salário... E palavras que não sejam apenas objetos de mecânicas operações de decomposição, mas que se insiram no universo semântico de situações existenciais das quais brotem, plenas de significado. Na verdade, não só palavras geradoras, mas temas geradores.
Neste sentido para alfabetizar precisa dar ênfase a palavras que fazem parte do contexto do aluno, suas vivências sociais, culturais, econômicas e políticas, que seja carregada de significados para a criança, onde também inclua temas geradores, que se faça parte e posteriormente decompondo palavras geradoras desse tema.
Soares (2013, p.120) retrata:
[...] alfabetizar parte de palavras que atendam uma seqüência adequada de aprendizagem das relações fonemas e grafemas, contudo que não sejam quaisquer palavras, e sim que parte do seu universo existencial, que já conhecem carregadas de significado, da realidade na qual a criança vive, tanto no âmbito familiar quanto no social, bem como no econômico e político, fazendo com que derruba as barreiras do muro da escola, e faça relações do ensino sistemático, transformando em a única ferramenta capaz combater os problemas sociais no país, como as desigualdades e corrupções ocasionadas pelo analfabetismo.
Alfabetizar dentro do contexto do aluno, usando palavras do seu universo existencial na qual já conhecem e que seja carregada de significados da sua realidade onde vive se torna em uma ferramenta capaz de exterminar os problemas acarretados pelo analfabetismo do país.
Com tudo alfabetizar não é apenas saber usar as diversas tecnologias do aprender ler e escrever, mas bem como está no sentido em que se deve ensinar a criança a ler e escrever para a transformação e compreensão do mundo na qual esta inserida. |
Soares (2013, p.160) reforça dizendo:
É levar para a sala de aula textos real, dando lhes sentido e significados. A escrita que, fora das paredes da escola, serve para a interação social e é usada em situações de enunciação (escrevem-se cartas, bilhetes, registram-se informações, fazem-se anotações para apoio a memória, leem-se livros, jornais, revistas, panfletos, anúncios, indicações de trânsito, nomes de ruas, de ônibus etc.) e dentro das paredes da escola assume um caráter falso.
Por fim no sentido atual segundo autores alfabetizar é saber ir além de um ensino sistemático, onde se aprendem ler e escrever símbolos, códigos, isto é alfabetizar vem sendo necessário ensinar o verdadeiro sentido que essa representação da escrita traz para o dia a dia da criança, seus usos e significado, adquirindo competências para a participação dos usos sociais que a sociedade vem exigindo cada vez mais da escrita para o uso da comunicação.
2.2 LETRAMENTO E SEUS CONCEITOS
A palavra letramento surge em decorrência das novas exigências que a sociedade traz para o uso da leitura e escrita nas práticas sociais, isto é nos dias atuais é tão importante conhecer o sistema da escrita, quanto também é saber participar de seus usos para as práticas sociais.
2.2.1 Letramento no Brasil
No Brasil foram desde meados anos 80 que se vem estudando o conceito de letramento, a palavra letramento vem do inglês literacy, que segundo SAEB E MEC (2007, p.17), ´´o termo letramento é a versão para o português da palavra de língua inglesa literacy, que significa as circunstâncias que o sujeito aprende a ler e escrever.`` ou seja, a forma ou condições que o individuo se envolve nas diversas situações de leitura e escrita presente na sociedade grafocêntrica onde a escrita está por toda parte para a interação.
A palavra letramento só surgiu com o crescimento social, político, cultural e econômico, na qual fez gerar o fenômeno de diversas e variadas práticas de leitura e escrita para as relações sociais, surgindo a necessidade do individuo não de apenas aprender a ler e escrever o sistema alfabéticos, suas normas e convenções mas bem como se envolver com essas normas que ocorrem nas práticas sociais.
Vejamos:
[...] à medida que, concomitantemente, a sociedade vai se tornando cada vez mais centrada na escrita (cada vez mais grafocêntrica), um novo fenômeno se evidencia: não basta apenas aprender a ler e a escrever. As pessoas se alfabetizam, aprendem a ler e a escrever, mas não necessariamente incorporam a prática da leitura e da escrita, não necessariamente adquirem competência para usar a leitura e a escrita, para envolver-se com as práticas sociais de escrita: não lêem livros, jornais, revistas, não sabem redigir um ofício, um requerimento, uma declaração, não sabem preencher um formulário, sentem dificuldade para escrever um simples telegrama, uma carta, não conseguem encontrar informações num catálogo telefônico, num contrato de trabalho, numa conta de luz, numa bula de remédio [...].( Soares,1998, p. 5)
Segundo esta autora as crianças saem da escola alfabetizadas, aprendendo ler, a fazer cópia com a escrita, a escrever letras, palavras, contudo não participam, e não sabem fazer os usos reais da cultura letrada para as práticas e demandas sociais. Isso faz com que sintam dificuldades de participar das práticas sociais da escrita, não sabendo fazer seu uso correto, tornando um analfabeto funcional onde apenas saiba codificar e decodificar, porém não interpreta, não sabem fazer o uso necessário para o convívio social da escrita.
Brigitte diz que (2012, p.129), as noções de letramento permitem compreender que quando se ensina a ler e escrever se ensina também um modo de pensar o mundo por escrito, na qual a escrita está constantemente presente, no intuito de se relacionar uns com os outros para a convivência e suas relações sociais.
Já para Kleiman (2005, p.5), letramento é:
[...] um conceito criado para referir-se aos usos da língua escrita não somente na escola, mas em todo lugar. Porque a escrita esta por todos os lados, fazendo parte da paisagem cotidiana: no ponto de ônibus, anunciando produtos, serviços e campanhas, no comércio, anunciando ofertas para atrair clientes, tanto nas pequenas vendas como nos grandes super mercados.
Letramento então está no sentido onde é a forma e as condições que o sujeito aprender ler e escrever, isto é quanto mais oportunidades de uso da escrita tiverem mais habilidades terá para entender o contexto no qual está inserido, bem como saber participar do uso dessas habilidades, como saber redigir um ofício, ler jornais, revistas, fazer requerimentos, telegramas, preencher formulários, uma declaração entre outras. Se envolvendo em práticas sociais na qual a cultura escrita faz parte para que se torne um indivíduo participativo, capaz de entender a realidade a sua volta
Soares (2003, p.41) citado por Brigitte (2012 p. 139), Letramento:
É uma receita de biscoito, uma lista de compras, recados colados na geladeira, um bilhete de amor, telegramas de parabéns e cartas de grandes amigos. É um atlas do mundo, sinais de trânsitos, orientação em bula de remédios para que não fique perdido.
Pereira (2006, p.25), traz que letramento é aprender a ler e escrever bem como considerar como ponto de partida os conhecimentos prévios da escrita que o aluno já conhece, traz do seu âmbito social, familiar e cultural.
Para Brigitte (2012, p. 140) ´´letramento refere-se ao que fazemos com o sistema de escrita, como ele serve, ou melhor, nos auxilia na nossa vida no dia a dia.``
2.3 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO DOIS GRANDES ALIADOS NO ENSINO DA LEITURA E ESCRITA
Letramento não é uma palavra nova, a tornar nova é o fato de a palavra dar um novo sentido na área da alfabetização, onde não basta apenas aprender o sistema convencional, mas seus uso e funções, devido às exigências e demandas que a vida cultural, econômica e política constroem com a escrita para sua sobrevivência em sociedade no seu cotidiano.
E essas práticas vêm fazendo com que contribua significativamente na área da alfabetização, dando um significado para o processo do ensino e aprendizagem da leitura e escrita aprendidas na escola, onde é muito mais que saber grafar, transformando letras em som, é saber fazer seu uso em diversas circunstancias na qual se encontra, é praticar para saber ler o mundo, seus acontecimentos, para que assim possa mudar e torná-lo melhor.
Brigitte (2012, p.141) afirma: ´´[...] letramento e alfabetização, ou, alfabetização e letramento, apesar de distintos, são indissociáveis. ``, ou seja, apesar de serem diferentes, esses dois conceitos são inseparáveis, caminham juntos, lado a lado, onde se alfabetiza ensinando o sistema da escrita convencional, bem como se letra desenvolvendo as habilidades necessárias para inserir os indivíduos nas praticas sociais de leitura e escrita.
Schotten (2011, p.67) contribui dizendo que estes dois processos alfabetização e letramento são:
[...] no estado atual do conhecimento sobre a aprendizagem inicial da língua escrita, indissociáveis, simultâneos e interdependentes: a criança alfabetiza-se, isto é, constrói seu conhecimento do sistema alfabético e ortográfico da língua escrita, em situações de letramento, isto é, no contexto do, por meio do e em dependência do processo de aquisição do sistema alfabético e ortográfico da escrita.
A alfabetização e letramento vêm sendo para a aprendizagem da língua escrita um processo no qual um depende do outro, onde a criança precisa construir o conhecimento do sistema alfabético e ortográfico da língua escrita suas normas e convenções, bem como também saber a verdadeira função que esse sistema traz para as situações de letramento, sua interpretação e participação em práticas sociais onde a mesma se envolve.
2.4 EDUCAÇÃO INFANTIL E SUAS CONCEPÇÕES NO PROCESSO DE ENSINO DA LEITURA E ESCRITA
Para Soares (2009), recentemente havia uma concepção onde a criança só poderia dar inicio a aprendizagem da língua escrita em determinada idade, mais precisamente aos 7 anos, quando ingressava no primeiro ano do ensino fundamental. Antes disso a criança ingressava no jardim da infância, onde era concebida como um ser imaturo, para qual o aprendizado da linguagem escrita era considerado desnecessário.
Só foi perante aos anos 90, que houve uma transformação, um novo olhar voltado para a criança. Cria-se então o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente); a nova LDB, Lei nº9394/96, onde incorporou a educação infantil como primeira etapa da Educação Básica.
Vejamos a LDB/96 art.29:
A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até os seis anos de idade, em seus aspectos: físico, psicológico, intelectual, e social, mencionados para finalidade maior desta etapa, que é do Desenvolvimento integral, complementando a ação da família e da comunidade. (RCNEI, p.6.1998)
Foi devido a essa nova lei que a criança passou a ser vista como um ser com direitos, pensante capaz de refletir e adquirir conhecimento.
Neste sentido o RCNEI (1998 p.117), traz que a educação infantil vem sendo considerada:
[...] um espaço de ampliação das capacidades de comunicação, expressão e de acesso ao mundo letrado, ou seja, antes mesmo de ingressarem na educação infantil a criança presenciam constantemente o mundo dos signos e da escrita, como quando presencia a leitura de um jornal, revistas, gibis, lista de compras, um bilhete, uma carta escrita pela mãe, uma receita entre outras.
Este mesmo documento traz também que as crianças começam a aprender a partir de informações provenientes de diversos tipos de intercâmbios sociais e a partir das próprias ações.
Vejamos
Por exemplo, quando presenciam diferentes atos de leitura e escrita por parte de seus familiares, como ler jornais, fazer uma lista de compras, anotar um recado telefônico, seguir uma receita culinária, buscar informações em um catálogo, escrever uma carta para um parente distante, ler um livro de historia etc.(RCNEI, 1998, p122).
Sendo assim verifica-se que a criança antes mesmo de entrar no ensino fundamental, deve ter acesso ao sistema alfabético bem como também das múltiplas escrita presente nas práticas sociais, ou seja, o letramento, como: placas, embalagens, outdoors, gibis revistas, oficio, cartas, bilhetes, calendários, mapas, e muitas outras escritas para que possam levantar hipóteses.
Diante disso o RCNEI (1998, p.127), nos lembra:
[...] Diante do ambiente de letramento em que vivem, as crianças podem fazer, a partir de dois ou três anos de idade, uma serie de perguntas, como´´O que esta escrito aqui``,ou´´O que isto quer dizer?`` indicando sua reflexão sobre a função e significado da escrita, ao perceberem que ela representa algo.
Neste sentido alfabetizar desde a educação infantil é trazer para sala de aula práticas de letramento que possibilitem a criança compreender o real significado da escrita que está presente no seu cotidiano.
O RCNEI (1998) enfatiza também que quando se refere ao ensino da leitura e escrita na educação infantil, ainda se percebe que há uma preocupação enorme presente nos dias atuais, onde os professores acreditam que precisam preparar as crianças para ingressar no ensino fundamental para alfabetização, com exercícios repetitivos e treinos para coordenação motora e memorização.
Com relação a este assunto o RCNEI (1998, p. 120,) destaca:
Essas são habilidades que se inicia na educação infantil, através ensino de vogais, consoantes, para que a criança memorize, fazendo relação entre sons e letras. Para isso fazem uso de exercícios de coordenação motora e exercícios mecânicos de silabação, onde se ensina uma letra de cada vez, para que a criança associe sons com a escrita. Esta concepção tem como característica um trabalho de segmentação e seqüenciação. [...] os exercícios mimeografados de coordenação perspectivo motora, como passar lápis sobre linhas pontilhadas, ligar elementos gráficos (levar o passarinho ao ninho, fazer os pingos da chuva etc), tornam-se características das instituições de educação infantil.
Entretanto a segmentação se da através de um trabalho fragmentado onde se ensina primeiro as vogais depois as junções, após as silabas até chegar às palavras. Já a sua sequencia parte de um todo, que pode ser uma frase ou uma palavra, que é decomposto até chegar às sílabas. E essas atividades de silabação são organizadas pelo professor seguindo a seqüências que ele acredita ser mais fácil para a aprendizagem da criança.
Vejamos:
Esta concepção considera a aprendizagem da linguagem escrita como um sistema de codificação e decodificação, onde primeiro a criança identifica a letra através de atividades oral e posteriormente ela tem a permissão para transformar esta unidade sonora em unidades gráficas, onde o intuito da mesma associar os sons com a escrita até retê-las na memória. (RCNEI, 1998, p.120).
Dessa forma a criança é vista como um ser passivo, sendo pouco estimulada a pensar e expor suas a idéias. Esta forma tradicional de ensino da leitura e da escrita traz graves conseqüências para a criança, onde muitos não conseguem interpretar um texto, apresentam dificuldades para construir novas palavras e frases contextualizadas. Muitas vezes as crianças decoram todo o alfabeto, mas se sentem confusas ao ler silabas e pequenas palavras.
Diante disso o RCNEI (1998, p.120) afirma que:
[...] pesquisas relacionadas à aprendizagem da leitura e escrita consideram as crianças ativas na construção de conhecimentos e não somente receptoras de informações, e está nova forma de entender a criança, tem provocado mudanças no ensino da língua oral e escrita, pois se reconhece que não existe um período pré-determinando, nem uma série fixa para iniciar a sua alfabetização, uma vez que a alfabetização passou a ser considerada resultado de um processo longo, o qual é influenciado pela participação das crianças em práticas de letramento.
2.5 PRÁTICAS DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Segundo RCNEI (1998, P.128), a criança antes de ingressar na escola, para aprender ler e escrever o sistema alfabético, isto é aprende a ler e escrever letras, sílabas e posteriormente pequenas palavras, devem se considerar que as mesmas já se apropriam do mundo da escrita, através de experiências vivenciadas no seu âmbito familiar e social.
Isso acontece devido o fato da mesma estar em contato com diferentes portadores de textos reais que circulam na sociedade, como a leitura de um livro lido pelos pais, quando foliam revistas, jornais, quando vêem placas de anúncios, rótulos de sacola, cartas, jornais, revistas, receitas, bula de remédios outdoor, placas, formulário, revistas, panfletos, placas, entre outros, em um mundo onde a escrita predomina.
Neste sentido segundo o RCNEI (1998, p. 151):
É necessário considerar que expor às crianças a prática de leitura e escrita esta relacionado com a oferta de oportunidade de participação em situações nas quais a escrita se façam necessárias, isto é, nas quais tenham uma função real de expressão e comunicação. (RCNEI, 1998, p.151).
Essas experiências de leitura e escrita adquiridas das práticas sociais vêm ampliando o interesse e a curiosidade das crianças, favorecendo a construção de hipóteses sobre a escrita, e sua função na qual assimila que esta lendo um livro de histórias, uma receita da mamãe, uma bula de remédio, lêem diversos tipos de rótulos do super mercado, embalagens, placas de taxi, ou de ônibus, fazem garatujas, ou seja, rabiscos, acreditando que está escrevendo algo.
Diante disso o RCNEI (1998, p.128) afirma:
Constata-se, que, desde muito pequenas, as crianças pode usar o lápis e o papel para imprimir marcas, imitando a escrita dos mais velhos, assim como utilizam-se de livros, revistas, jornais, gibis, rótulos etc, para ler o que está escrito em toda sua complexidade.
Portanto esses contatos que a criança adquire da escrita desde muito cedo, dando continuidade na educação infantil, faz com que construa ideias sobre como se lê e escreve, e suas diversas funções para as práticas sociais.
O RCNEI (1998, p.128) traz também que:
No processo de construção dessa aprendizagem as crianças cometem´´erros``. Os erros, nessa perspectiva, não são vistos como faltas ou equívocos, eles são esperado, pois se referem a um momento evolutivo no processo de ensino e aprendizagem das crianças. Eles têm um importante papel no processo de ensino, porque informam o adulto sobre o modo próprio de as crianças pensarem naquele momento.
O erro deve ser visto pelo professor como uma ferramenta para o processo de ensino aprendizagem, onde a criança através do erro está construindo sua escrita, seu conhecimento, levantando hipóteses de como se deve escrever, ou seja, é errando que se aprende.
Contudo quanto mais oportunidades a criança tiver sobre usos reais de leitura e escrita, mais irá levantar hipóteses de como se lê e escreve, seu uso e função.
Assim a criança chega à educação infantil cheio de vontade de aprender a ler e escrever a escrita que elas presenciam no seu dia a dia, tanto no seu convívio familiar, quanto nas práticas sociais.
Vejamos:
Todas as tarefas que tradicionalmente o professor realizava fora da sala e na ausência das crianças, como preparar convites para reuniões de pais, escrever uma carta para uma criança que está se ausentando, ler um bilhete deixado pelo professor do outro período etc, podem ser partilhadas com as crianças ou integrarem como atividades de exploração dos diversos usos da escrita e da leitura. (RCNEI, 1998, p. 151).
Percebe-se então que o ambiente da sala de educação infantil deve ser estimulante alfabetizador com diversos intercambio proporcionado pela escrita em uma sociedade letrada, fazendo com que a criança compreenda que não é simplesmente ler e grafar palavras, mas que reflita sua função e saber utilizá-la nos variados contextos e necessidade sociais que se faz à escrita.
2.5.1 Ambiente alfabetizador incluindo a prática do letramento
RCNEI (1998), diz que:
[...] um ambiente é alfabetizador quando promove um conjunto de situações de usos reais de leitura e escrita nas quais as crianças tem a oportunidade de participar. Se os adultos com quem as crianças convivem utilizam a escrita no seu cotidiano e oferecem a elas a oportunidade de presenciar e participar de diversos atos de leitura e de escrita, elas podem, desde cedo, pensar sobre a língua e seus usos, construindo idéias sobre como se lê e como se escreve.
FIGURA 1- AMBIENTE ALFAVTIZADOR FOTO TIRADA EM ESTÁGIO NA EDUCAÇÂO INFANTIL

Fonte: Escola Municipal Fábio Ribeiro Da Silva foto tirada em 18 set 2014. Colíder-MT
O professor pode proporcionar para as crianças vários momentos significativos, como variados gêneros textuais como:
As poesias, parlendas, trava-língua, os jogos de palavras, memorizados e repetidos, possibilitando as crianças atentarem ao aspecto sonoro da linguagem, como ritmo e rima. Bem como comentar previamente o assunto do qual trata o texto, fazendo com que as crianças levantem hipóteses sobre o tema ( RCNEI, 1998 151).
Para RCNEI (1998, p.152)´´[...] o professor pode escolher com que gêneros vai trabalhar para que as crianças os conheçam bem. Por exemplo, conhecer o que é uma receita culinária, seu aspecto [...] assim como as características de uma poesia, histórias em quadrinho, noticias de jornal etc.``
Nesse mesmo documento RCNEI (1998, p.152) aborda alguns textos adequados para se trabalhar com leitura e escrita nessa idade:
[...] como, por exemplo, receitas culinárias; regras de jogos; textos impressos em embalagens, rótulos, anúncios, slogan, cartazes, folhetos; cartas, bilhetes, postais, cartões ( de aniversário, de Natal); convites; diários ( pessoais, das crianças da sala etc); histórias em quadrinhos, textos de jornais, revistas e suplementos infantis; parlendas, mitos, lendas, causos populares e fábulas; relatos históricos; textos de enciclopédia etc.
Para que assim a criança tenha uma boa aprendizagem da leitura e escrita o professor deve proporcionar um ambiente repleto de livros que leve a criança a um mundo de ideias, fazendo com que leiam mesmo que não aconteça de forma convencional.
Por exemplo:
A criança aprende lendo livros, manipulando, vendo imagens, desenhos, identificando letras, palavras, segurando o livro, virando páginas, fazendo leitura de cima para baixo, da esquerda para a direita, aprendendo convenções, com auxilio das imagens, desenhos de escrita, letras de numerais, de pontuação, palavras, escrita cursiva, orientação espacial para leitura. (Schotten, 2011, p. 195)
Steuck e Pianezzer (2013, p.185) o desenvolvimento leitura e escrita pode acontece:
Mesmo sem ler o código escrito, a criança pode abrir um livro ou revista e inventar a história a partir das imagens que vê e do conhecimento prévio que possui. [...] Para isso faz se necessário ter um bom acervo de literário na instituição, montar um cantinho de leitura dentro da sala de aula, onde as crianças tenham oportunidades de manusear diferentes materiais impressos como: livros, revistas, jornais, panfletos etc.
2.6 PAPEL DA ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL NO ENSINO DA LÍNGUA ESCRITA
Nesta perspectiva a instituição de educação infantil tem o papel de desenvolver e dar continuidade a essas experiências de leitura e escrita vivenciadas pelas crianças no seu convívio social, garantindo a todos esse direito, pois sabemos que em nossa sociedade, nem toda a criança tem a oportunidade de conviver em um ambiente letrado, que desperte suas idéias, curiosidades e conhecimentos, pois em muitos casos os pais são analfabetos ou possui pouca escolaridade.
Vejamos RCNEI (1998, p.151):
É necessário considerar que expor as crianças ás práticas de leitura e escrita esta relacionado com a oferta de oportunidades de participação em situações nas quais a escrita e a leitura se façam necessárias, isto é, nas quais tenham uma função real de expressão e comunicação. A experiência com textos variados e de diferentes gêneros é fundamental para a constituição do ambiente de letramento.
Com isto a escola tem a responsabilidade de proporcionar a criança o contato com diversos tipos de materiais escritos tornando o ambiente da sala alfabetizador, e ao mesmo tempo letrado onde possa vivenciar situações e práticas significativas que faça parte de seu contexto, despertando desde cedo sua curiosidade e o gosto pela a leitura e escrita.
[...] criar um ambiente que leve a criança a gostar de livro, onde encontra um mundo de ideias interessantes. A criança aprende´´lendo`` livros manipulando, vendo imagens, desenhos, identificando letras, palavras, segurando o livro, virando paginas, fazendo leituras de cima para baixo, da esquerda para direita, aprendendo convenções com o auxilio das imagens, desenho de escrita, letras de números, orientação espacial para a leitura.(Kleine 1995, apud Schotten, 2011,p.195).
FIGURA 2- MOMENTO REPLETO DE FIXAS DE LEITURA

FONTE: Escola Municipal Fábio Ribeiro da Cruz. Realizada em set.2014. Colíder- MT
Portanto precisa na educação infantil estar instigando a criança a ler e escrever, proporcionar diversos materiais que faz parte do uso social da escrita, até mesmo pela aquela criança que vive em lugares onde há pouca presença do letramento, oportunizando o contato com a escrita que talvez ainda não conheça, pois quanto maior este contato, maior será suas possibilidades de participação para as práticas sociais, pois conseguira interagir melhor com as outras pessoas, organizando seus pensamentos e construindo novos conhecimentos.
Este documento expõe então:
A educação infantil, ao promover experiências significativas de aprendizagens da língua, por meio de um trabalho com a linguagem oral e escrita, se constitui em um dos espaços de ampliação das capacidades de comunicação e expressão e de acesso ao mundo letrado pelas crianças. (RCNEI, 1998, p.117).
RCNEI diz que (1998, p. 128) ´´ para a criança compreender como a escrita representa graficamente a linguagem elas precisam compreender os seus significados, ou seja, precisa saber a sua função e os recursos utilizados para escrever. ``
FIGURA 3- ALFABETO DOS RÓTULOS PRODUZIDOS EM SALA DE AULA DE EDUCAÇÂO INFANTIL

Fonte: PRÉ II, vespetino , Escola Municipal Fábio Ribeiro da Silva. Atividade realizada em, 29 mai. 2014. Colíder - MT
Assim quanto mais à escola de educação infantil dispor de contatos com diversos tipos de gêneros textuais que circulam na sociedade, mais rapidamente a criança ira desenvolver a competência de saber usá-la para as práticas sociais.
2.7 PAPEL DO PROFESSOR PARA O ENSINO E APRENDIZAGEM DA LEITURA E ESCRITA
O professor da educação infantil deve dar continuidade, desenvolvendo essas ações, proporcionando o contato com um universo de materiais escrito presentes constantemente para a comunicação do seu dia a dia, fazendo com que saiba interpretá-los em diversas ocasiões onde a escrita se faz necessário.
O professor deve colecionar produções das crianças, como exemplos de suas escritas, desenho com a escrita, ensaios de letras, os comentários que fez e suas próprias anotações como observadoras da produção de cada um. Com esse material, é possível fazer um acompanhamento periódico da aprendizagem e formular indicadores que permitam ter uma visão da evolução de cada criança. (RCNEI, 1998, p.158).
FIGURA 4- ATIVIDADE DE PRODUÇÃO DE TEXTO SOBRE O MEIO AMBIENTE

Fonte: PRÉ II Escola Municipal Fábio Ribeiro da Cruz. Atividade realizada em 26 mai. 2014. Colíder- MT.
Para que assim a criança tenha uma boa aprendizagem da leitura e escrita o professor deve proporcionar um ambiente repleto de livros que leve a criança a um mundo de ideias, e reflexões fazendo com que leiam mesmo que não aconteça de forma convencional.
Por exemplo:
A criança aprende lendo livros, manipulando, vendo imagens, desenhos, identificando letras, palavras, segurando o livro, virando páginas, fazendo leitura de cima para baixo, da esquerda para a direita, aprendendo convenções, com auxilio das imagens, desenhos de escrita, letras de numerais, de pontuação, palavras, escrita cursiva, orientação espacial para leitura. (Schotten, 2011, p. 195)
O RCNEI (1998, p. 128) afirma:
Constata-se, que, desde muito pequenas, as crianças podem usar o lápis e o papel para imprimir marcas, imitando a escrita do mais velho, assim como utilizam-se de livros,revistas,jornais,gibis,rótulos etc. Para ´´ler`` o que esta escrito. Não é raro observar-se crianças muito pequenas, que tem contato com material escrito, folhear um livro e emitir sons e fazer gestos como se estivessem lendo. As crianças elaboram uma serie de idéias e hipóteses provisórias antes de compreender o sistema escrito em toda sua complexidade.
Tendo a necessidade que o professor propicie às crianças na instituição de educação infantil, tanto atividades que favoreçam a compreensão do sistema alfabético e suas estruturas, quanto o contato com práticas reais e significativas de uso social da leitura e da escrita.
Neste sentido:
Na educação infantil devem estar presentes tanto atividades de introdução da criança ao sistema alfabético e suas convenções, alfabetização, quanto às práticas de uso social da leitura e da escrita, letramento, para que assim a criança possa compreender mais rapidamente a escrita alfabética. (Soares, 2009, p.7).
2.8 ALFABETIZAÇÃO UM PROCESSO QUE SOFRE TRANSFORMAÇÕES
Com base de pesquisas desenvolvidas pelo censo demográfico realizada no Brasil, pode se constatar que a alfabetização é um processo que não tem fim, ela é por toda vida, não esgota na aprendizagem da leitura e escrita, e sofre transformações com o passar dos anos, devido à necessidade e as mudanças sociais e culturais.
Portanto:
Até 1940, eram consideradas alfabetizadas as pessoas que declaravam saber ler e escrever e que ensinavam seu nome para comprová-lo. A partir dos anos de 1950 e até o ultimo censo, realizado no ano de 2000, os instrumentos de avaliação foram alterados e passaram a considerar alfabetizados os que declaravam serem capazes de ler e escrever um texto simples. (Schwartz, 2013, p.23)
Percebe-se que o termo alfabetização sofre constantes mudanças, isso ocorre conforme as demandas que a sociedade exige para com a escrita.
Para Ferreiro (2013, p. 28) apud Schotten (2011, p. 52) aborda que:
Alfabetização não é um estado, mas um processo. Ele tem inicio muito cedo e não termina nunca. Nós não somos igualmente alfabetizados para qualquer situação de uso da língua escrita. Temos mais facilidade para ler determinados textos e evitamos outros. O conceito também muda de acordo com as épocas, culturas e a chegada da tecnologia.
Assim também afirma o RCNEI (1998, p.122):
Para aprender a ler e a escrever, a criança precisa construir um conhecimento de natureza conceitual: precisa compreender não só o que a escrita representa, mas também de que forma ela representa graficamente a linguagem. Isso significa que a alfabetização não é o desenvolvimento de capacidades relacionadas à percepção, memorização, e treino de um conjunto de habilidades sensório-motoras. É, antes, um processo no qual as crianças precisam resolver problemas de natureza lógica até chegarem a compreender de que forma a escrita alfabética em português representa a linguagem.
2.9 A AVALIAÇÃO COMO FORMA DE REPENSAR A PRÁTICA PEDAGÓGICA
Pode se dizer que a avaliação vem sendo uma tentativa do professor repensar na sua prática pedagógica, e de se auto avaliar na busca do melhor caminho para o conhecimento, articulando assim com as necessidades do aluno.
Para Brigitte (2012, p. 189): afirma:
A busca pela autoavaliação da nossa prática deve ser uma das principais metas. Não existem (não deveriam existir, não podem existir) margens para acomodação. Pelo contrário, pensar na avaliação, engloba o todo do processo e neste toda a forma de articular saberes, as estratégias adotadas, cabem a nós. Sem desconsiderar, de maneira alguma, a necessidade de buscarmos aprofundar nossos conhecimentos a fim de podermos articulá-los com os conhecimentos de nossos alunos. Independente da faixa etária com a qual trabalhamos, o papel que exercemos ainda pode ter positivas influências.
Martins e Coelho (2011, p.85), traz:
A avaliação da aprendizagem está diretamente relacionada á avaliação do ensino, isto é, quando um professor avalia o que os alunos aprenderam, está também avaliando o que ele próprio conseguiu ensinar. Por isso a avaliação é tão importante no cotidiano escolar, pois ela fornece pistas para a reorganização da prática pedagógica, quando necessária.
2.10 FORMAÇÃO CONTINUADA
Conforme Lorandi (1999, p. 97), apud Martins e Coelho (2011, p.176), entende que a formação continuada:
[...] se caracteriza não somente pela apropriação dos fundamentos epistemológicos das teorias, mas também pela concepção de ensino como atividades práticas. Articular e refletir criticamente a relação teoria e prática docente é conceber a educação como uma práxis, no qual o conhecimento é convertido em ação educativa com finalidade e significado. O professor precisa promover a ligação destas teorias com sua prática.
2.10.1 Formação continuada e sua importância para a ação docente
Martins e Coelho (2011, p.177 e 178) nas suas afirmações retratam a importância da formação continuada para os professores:
Compreender a importância da formação continuada para os professores pode auxiliar na superação de uma postura de mero realizadora de atividades e programas prontos para uma atitude transformadora e reflexiva, na qual o professor torna-se um pensante sobre sua ação docente, transformando a sua prática através de uma ação reflexiva. [...] assume um papel no sentido de redimensionar a relação teoria e prática, surgindo como um mecanismo de permanente capacitação reflexiva de todos os profissionais da educação, em especial os professores a frente dos desafios que o mundo impõe.
O documento do MEC, Referenciais para a formação de professores (1999, p. 70) apud Schotten (2011, p.8) destaca que:
[...] a formação continuada deve propiciar atualizações, aprofundamentos das temáticas educacionais e apoiar-se numa reflexão sobre a prática educativa, promovendo um processo constante de autoavaliação que oriente a construção contínua de competências profissionais. Porém, um processo de reflexão exige predisposição a um questionamento crítico da intervenção educativa e uma análise da prática na perspectiva de seus pressupostos. Isso supõe que a formação continuada estenda-se ás capacidades e atitudes e problematize os valores e as concepções de cada professor e da equipe.
Marin (1995, p. 27) apud Martins e Coelho (2011, p.163), compreende a formação continuada como:
[...] geradora de mudanças insere-se num quadro político prospectivo, em que a formação é idealmente participar de futuro a partir do presente, e assumir o risco para formar e mudar de forma que podem implicar deformar! Mas o que devemos considerar de vital importância é ter presente que a educação é continuada não é apenas transmissão de conhecimento cientifico, mas, também, de atitudes em relação á utilização desses conhecimentos.
Se afirmar que a formação continuada proporciona a troca de experiências entre educadores, à renovação de novos conhecimentos para a prática pedagógica, resoluções de possíveis problemáticas coincidindo sempre teoria e prática.
3 MATERIAL E MÉTODOS
Para a elaboração deste trabalho de graduação e conclusão de curso, se fez necessário a realização dos seguintes procedimentos como (pesquisas bibliográficas com coletas de dados constituídas basicamente de diversas fontes como a de livros, artigos em revistas disponibilizados da internet), onde traz vários pensadores entre os principais estão, klaiman, Schotten, o RCNEI, Soares, Ferreiro, Cagliari entre outros, uma vez que suas ideias, assim analisando e interpretando o conhecimento cientifico publicado sobre o tema, bem como pesquisa participante onde foram feita (observações, entrevistas, atuação em sala de aula na educação infantil, estágios realizados durante o percorrer do curso, trabalho com alunos, atividades lúdicas, jogos e brincadeiras, seminários, conversas com professores), quanto ao processo de ensino e aprendizagem na educação infantil, com base no tema. Foram utilizados também diversos instrumentos como (questionário, equipamentos como maquina fotográfica, computador, impressoras, materiais como papel, caneta, tinta), para que assim se chegasse ao fim da pesquisa.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Ressalto que é possível afirmar que meus objetivos traçados foram alcançados. Pude entender que o processo de ensino e aprendizagem é por toda vida, nunca para cada vez mais se amplia e se desenvolve no decorrer das mudanças que a sociedade sofre. Por este motivo deve-se alfabetizar não mais da forma tradicional onde devido sua origem a necessidade saber ler e escrever grafemas e transformar em fonemas era o suficiente. Devido às novas mudanças em estarmos vivendo em uma era grafocêntrica onde a escrita está presente por toda parte para interação, surgindo o conceito de letramento para dar sentido a escrita não apenas na escola mas além dos seus muros, onde alfabetiza partindo de palavras que atenda uma seqüência adequada nas relações grafemas e fonemas, porém não pode de forma alguma ser qualquer palavra, precisa partir do universo da criança na qual vivem tanto no seu âmbito familiar quanto social, só assim poderá combater os problemas causados pelo o analfabetismo existente no país, isto quer dizer que essa nova forma de alfabetizar vem sendo a base para o desenvolvimento humano, ou seja, não podemos pensar em combater as desigualdades sociais, as corrupções sem antes pensarmos na ferramenta primordial que é a educação.
Os resultados dessa pesquisa contribuíram de forma eficaz para minha formação quanto futura professora, pois percebi que planejar não é um trabalho fácil, precisa ser flexível planejar sempre que for necessário, conforme as necessidades das crianças, no sentido não de mera transmissão de conhecimento e sim de possibilitar condições necessárias para que a mesma construa seu próprio conhecimento.
Fica claro que deve sim ensinar o processo da leitura e escrita na educação infantil já que por documentos é considerada a primeira etapa da educação básica, para tal, é necessário mais do que apresentar para os alunos as letras e sua relação com os sons. É preciso trabalhar com textos reais estimulando a leitura e a escrita dos diversos gêneros textuais para que aprendam a diferenciá-los e a perceber a funcionalidade de cada um dos textos, para que servem e suas diversas finalidades da leitura e da escrita, ou seja, para que lemos e escrevemos.
É percebível que apesar do letramento estar sendo visto como uma forte ferramenta para estar auxiliando no processo de alfabetização, a pratica de prontidão para alfabetização ainda se vê muito presente na sala de aula, onde a preocupação é que a criança saia da educação infantil lendo e escrevendo pequenas palavras, atividades desestimulantes, cansativas, onde a criança é sujeita a fazer, para treinar a coordenação motora e memorização, muitas cópias, caderno repleto de letras soltas e palavras sem sentido.
Fica claro que os primeiros anos de vida da criança são decisivos para sua formação, pois se trata de um período em que a mesma esta construindo sua identidade sua estrutura física, sócio afetivo e intelectual. O professor deve tomar cuidado para não queimar esta etapa, dando lhe condições necessário para desenvolver suas competências, suas potencialidades humanas, para seu desenvolvimento, em todos seus aspectos físicos, motor, emocional, cognitivo, e social.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
“Este trabalho se propôs analisar à (Alfabetização e Letramento na Educaçao Infantil), ao concluí-lo é possível afirmar que trabalhar práticas de leitura e escrita desde a educação infantil é fundamental para despertar na criança desde cedo o gosto e o prazer pela leitura e escrita.
No entanto precisa se priorizar também durante essa etapa de desenvolvimento da criança outros aspectos muito importantes como, ou seja, a criança precisa apresentar características de socialização, respeitar as pessoas, saber quais são seus limites, ter disciplina, estabelecer boa comunicação, ir aos poucos adquirindo independência e responsabilidade, saber ganhar e saber perder, ter boas maneiras entre outras. Depois disso, a criança deve apresentar um bom desenvolvimento motor, onde ela deve brincar muito, exercitar-se através de jogos e brincadeiras que estimulem as percepções sensoriais (gustativa, olfativa, visual, tátil e auditiva). Deve dominar seus movimentos corporais com habilidade e segurança, deve conhecer seu corpo, seus limites, ter postura, equilíbrio, e um raciocínio lógico bem desenvolvido.
A escola não deve pular essas etapas do desenvolvimento, dando se importância somente a alfabetizar, isso é ensinar a ler e escrever o sistema alfabético da escrita, isto é extremamente prejudicial e trará conseqüências futuras para a criança, nas áreas pedagógica, emocional ou social. Afirmo que para ser alfabetizada á criança deve estar madura em todos os sentidos, pois o processo de alfabetização apresenta uma nova etapa, e a criança deve estar preparada para vencê-las.
Ressalto também que o professor de educação infantil tem um papel importantíssimo no preparo da criança para a alfabetização e deve cumprir este papel com competência, pois é o início da formação da criança levando ao primeiro contato com o processo de aprendizagem sistemático da escrita, aprendendo suas normas e convenções, que será a base para todos os anos de escola que ela terá no futuro, e esse contato deve ser agradável e prazeroso, para que não gere traumas futuros. E durante esse período preparatório, a família e a escola devem caminhar juntas, auxiliando uma à outra, a família deve estimular a criança, ajudá-la com as tarefas, participar das reuniões, estar em contato com os professores, interessar-se pela vida escolar da criança.
Concluo este estudo afirmando que o professor da educação infantil deve sim alfabetizar nesta modalidade de ensino, porém de forma contextualizada, precisa ter consciência do seu papel na formação da criança, levando em conta seus recursos didáticos na qual a escola oferece e leva em conta a bagagem de experiência da criança vivida fora do ambiente escolar no seu ambiente familiar e social, consentindo para a criança uma aprendizagem significativa a auxiliando para conhecimento e melhoramento de suas habilidades de leitura e escrita as inserindo então para o mundo letrado, trabalhando alfabetização e letramento na educação infantil, pois é um período onde as crianças estão em pleno desenvolvimento físico, motor, psíquico, cognitivo, afetivo e social. Porém não como uma forma de codificação e decodificação e sim fazer com que as crianças aprendam a levantar hipóteses sobre a escrita, sua verdadeira função.
Sendo assim isso deve se acontecer sem cobrança de uma forma natural para a criança, através do lúdico, das brincadeiras, jogos, musica histórias, o faz de conta, fazer com que brinquem com as letras através de diversos tipos de gêneros textuais, como parlendas, poemas, rimas, jornais, receitas, revistas, rótulos, ou seja, textos que fazem parte de seu dia a dia. Só assim formarão cidadãos capazes de ter pensamentos críticos e interpretar a escrita em uma cultura letrada na qual esta inserida.
Fica enfatizado também que não se deve dar prioridade somente a linguagem oral e escrita, e sim fazer com que nessa fase a criança se desenvolva como um todo, pois esta etapa quando bem trabalhada na educação infantil reflete e muito na formação de uma criança seguindo para adolescência ate chegar à fase adulta, fazendo com que sejam pessoas seguras, criticas, que saiba resolver qualquer situação.
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Professora da Rede Pública, formada pela UCAM- Universidade Cândido Mendes e pós graduada pela PROMINAS