A MÚSICA NO CONTEXTO DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL
Rosilene Trujillo
Maria Cristina Ferraz Aguirra
Walquiria da Silva Silveira
Sidneia de Fatima Correia
Selma Cavalcante dos Anjos
RESUMO
O trabalho possui como meta e/ou objetivo refletir a ação sobre a importância da música no dia –a – dia da Educação Infantil. São abordadas questões relacionadas ao fazer e saber fazer onde se prioriza a maneira em que a música participa do desenvolvimento da criança e às habilidades que ela desenvolve. O entendimento sobre o processo musical, faz com que seja indispensável a utilização da música como metodologia aplicada exercendo grande influência sobre a aprendizagem. A linguagem musical é um meio importante para o desenvolvimento da área cognitiva, social e motora, possibilitando a verificação da importância e de seu significado na criança de Educação Infantil.
Palavras - chave: criança; música; desenvolvimento cognitivo; Educação infantil.
INTRODUÇÃO
A Música é um fenômeno universal, que permeia todas as ações do ser humano, quer seja no trabalho, no lazer, no dia-a-dia. Ela está presente na história de todos os povos e civilizações desde a pré-história, fazendo parte do dia-a-dia das comunidades, se manifestando de diferentes maneiras, ritmos e gêneros, acredita-se que ela tenha surgido desde as tribos primitivas da África, podemos considerar que a música possui a capacidade estética de traduzir os sentimentos de momento, atitudes e valores culturais de um povo ou nação e que é uma linguagem local e global, podendo ser usada para diversos fins, alegrar, tirar o tédio e até para fazer chorar. Sua presença na vida dos seres humanos é incontestável. A música é estimulante das áreas do cérebro não desenvolvidas por outras linguagens, como a escrita e a oral. É como um programa muito poderoso capaz de modificar o comportamento humano.
A pedagoga Maria Lúcia Cruz Suzigan, especialista no ensino de música para crianças explica que quanto mais cedo à escola começar o trabalho com as crianças melhor. De acordo com (GIRARDI, 2004), a linguagem musical “faz parte de cultura das crianças por causa das canções de ninar e das brincadeiras. O pouco que ainda resta abre um oportuno espaço para o trabalho na escola”.
De imediato e provocando significação educacional, o professor/a família, são peças fundamentais na vida da criança, a prática da audição musical não deve ocorrer somente na escola. Precisa haver um diálogo entre pais e professores para que, ambos colaborem e entendam a importância da música para o desenvolvimento da criança.
Não se pode imaginar a Educação Infantil sem a música, pois, ela permeia todo o universo infantil. A música é um recurso didático na sala de aula que possibilita diversas atividades para ser trabalhada com os pequenos. Por conseguinte, ela se torna uma atividade indispensável no processo de desenvolvimento da criança. A música auxilia no desenvolvimento cognitivo por isso, deve ser valorizada na escola a fim de potencializar a imaginação, a linguagem, a atenção, a memória e outras habilidades, além de contribuir de forma eficaz no processo de ensino-aprendizagem, porém devemos ter claro que a intensidade é uma variável muito importante, as vezes não sabemos porque nossas crianças são agitadas, o que tem influenciado nessa geração? Gordon (2000) enfatiza que por intermédio da música, as crianças passam a se conhecer melhor e também aos outros.
O Professor de Educação Infantil deve entender que a música é uma ferramenta facilitadora no processo de aprendizagem, pois desenvolve o raciocino, a criatividade e diversos aspectos cognitivos, sem a música o ambiente fica monótono, não facilitando o período de adaptação da criança e o educar não acontece.
A música se apresenta em quase todas as ações educativas, fazendo parte da rotina escolar das mais diversas formas, no entanto, essa musicalidade precisa ser um meio para que se alcançar o fim (não colocar a música por colocar, mas ter um objetivo proposto e saber quando utilizar), que é o desenvolvimento integral da criança.
O ambiente sonoro, assim como a presença da música em diferentes e variadas situações do cotidiano fazem com que os bebês e crianças iniciem seu processo de musicalização de forma intuitiva.
DESENVOLVIMENTO
Reconhecendo o fascínio que tais jogos imitativos exercem, adultos cantam melodias curtas, cantigas de ninar, fazem brincadeiras cantadas, com rimas, parlenda etc. Encantados com o que ouvem, os bebês tentam imitar e responder, criando momentos significativos no desenvolvimento afetivo e cognitivo, responsáveis pela criação de vínculos tanto com os adultos quanto com a música. Nas interações que se estabelecem, eles constroem um repertório que lhes permite iniciar uma forma de comunicação por meio de sons. (BRASIL, vol. 3 p. 71). Inúmeras pesquisas, desenvolvidas em diferentes países e em diferentes épocas, principalmente nas décadas finais do século XX, confirmam que a influência da música no desenvolvimento da criança é incontestável. Algumas delas demonstraram que o bebê, ainda no útero materno, desenvolve reações a estímulos sonoros.
Ao comparar cérebros de músicos e não músicos, os do primeiro grupo apresentavam maior quantidade de massa cinzenta, particularmente nas regiões responsáveis pela audição, visão e controle motor. Tocar um instrumento exige muito da audição e da motricidade fina das pessoas, e que mesmo não tocando um instrumento e simplesmente ouvindo com atenção, os estímulos cerebrais também são bastante intensos. (NOGUEIRA, 2013).
Losavov, cientista búlgaro, desenvolveu uma pesquisa na qual observou grupos de crianças em situação de aprendizagem, e a um deles foi oferecida música clássica, em andamento lento, enquanto estavam tendo aulas. O resultado foi uma grande diferença, favorável ao grupo que ouviu música. A explicação do pesquisador é que ouvindo música clássica, lenta, a pessoa passa do nível alfa (alerta) para o nível beta (relaxados, mas atentos); baixando a ciclagem cerebral, aumentam as atividades dos neurônios e as sinapses tornam-se mais rápidas, facilitando a concentração e a aprendizagem (OSTRANDER e SCHOEDER, 1978, apud NOGUEIRA, 2013).
O interesse pelo desenvolvimento cognitivo musical tem crescido muito nas últimas décadas devido a recentes descobertas no campo da neurociência. A diferença entre alturas, timbres e intensidades já acontece desde o nascimento até o décimo mês de vida, tornando-se cada vez mais refinadas.
As preferências e memórias musicais também se dariam a partir dessa época, por meio de processos imitativos e de impregnação, estando também associado a inúmeras funções psicossociais, como a comunicação e o desenvolvimento da linguagem compreensiva e expressiva, por exemplo, ou entretenimento (ILARI, 2005 apud PINTO, 2009).
A música é uma ciência básica com um grande número de variações de códigos, o que possibilita o desenvolvimento intelectual da pessoa. Quanto mais cedo crianças entrarem em contato com o mundo da música, maiores serão as chances de que elas assimilem novos códigos sonoros que a música pode oferecer. Além disso, maior será o conhecimento armazenado na memória sonora, quanto mais tipos de sons a criança ouvir, o que pode ser também ampliado se a criança praticar um instrumento musical. Neste processo, a criança torna-se o agente criador de diferentes códigos sonoros, por meio de criações realizadas com seu instrumento.
Desde a vida dentro do útero (intra-uterina), as crianças já desenvolvem movimentos importantes. (BETTI, 2014) Durante o desenvolvimento psicomotor o ritmo é um ato motor. Exemplo: dança das cadeiras, acompanhamento de músicas com instrumentos de percussão, produzir sons com o próprio corpo, marchar ao som de músicas cadenciadas, pular corda, dançar e cantar. Para Bréscia (2003) apud Barreto et al (2014) os jogos musicais podem ser de três tipos, correspondentes às fases do desenvolvimento infantil:
Sensório Motor: são atividades que relacionam o som e o gesto. A criança pode fazer gestos para produzir sons e expressar-se corporalmente para representar o que ouve ou canta;
Simbólico: aqui se busca representar o significado da música, o sentimento e a expressão;
Analítico ou de Regras: são jogos que envolvem a estrutura da música, onde são necessárias a socialização e organização. Ela precisa escutar a si mesma e aos outros, esperando sua vez de cantar ou tocar.
Segundo Faria (2001) apud Ferreira et al (2012), “Toda criança vive em intenso processo de desenvolvimento corporal e mental”, diante disso a exploração de novas habilidades torna-se essencial. Entende-se então, que a criança no seu processo de desenvolvimento corporal necessita de um espaço livre, uma vez que, a exploração que ela fará do que está a sua volta seja para culminar o conhecimento externo.
... as crianças interagem com a música, as brincadeiras e os jogos: cantam enquanto brincam, acompanham com sons os movimentos de seus carrinhos, dançam e dramatizam situações sonoras sua produção musical. (BRASIL. vol. 3 p 52).
No processo de aprendizagem significativa, percebe-se que o foco principal é a criança, logo, a musicalidade já é fato nato nos pequenos infantes, conseqüentemente podemos afirmar que ao visualizarmos a animação e a alegria com que os pequenos ficam ao ouvir ou ao cantar uma música, é impossível conceber uma Educação Infantil que não explore diferentes tipos de canções do cotidiano infantil, coisas que fazem parte do repertório infantil, portanto cantar é preciso!
O objetivo do trabalho com música é favorecer a interação da criança através de seu conhecimento de mundo, explorando e identificando diferentes gêneros musicais. Cabem as crianças: Produzir sons através do corpo, de objetos e vozes; Reproduzir ritmos utilizando o corpo ( mãos palmas., batidas dos pés); Reproduzir canções musicais; Explorar os diversos tipos de sons vocais e não vocais: natureza, aviões entre outro; Confeccionar instrumentos musicais com sucatas ( latas, garrafas etc.); Valorizar os repertórios conhecidos pelas crianças; Proporcionar brincadeiras e jogos para o desenvolvimento motores através da musica; Resgatar as cantigas de rodas; Identificar a autoconfiança das crianças nas fases musicais; Perceber as indiferentes fontes sonoras no ambiente; Apreciar diferentes produções sonoras, etc.
A música tem sido através dos séculos, uma das formas de comunicação entre os indivíduos. As tribos mais primitivas e os povos mais antigos usavam a música nos momentos importantes da vida. Podemos afirmar que a evolução do homem tem sido acompanhada pela música, uma vez que ela é o veiculo ideal para a manifestação de seus sentimentos e cultura.
Teça Alencar Brito, em “A Música na Educação Infantil ” (2003) define o som e o silêncio como opostos complementares, o silêncio, entende-se por ausência de som, mas na verdade, corresponde aos sons que não se pode ouvir, tudo vibra, em permanente movimento, mas nem toda vibração transforma-se em som para os ouvidos humanos. Som e silêncio são partes de uma única coisa, e, nesse sentido, pode-se dizer que são opostos complementares, conforme muitos mitos presentes nas culturas humanas.
Cabe ressaltar que o som, apesar de apresentar parâmetros e características próprias, se dá pelo relacionamento entre os sons e o silencio.
O processamento dos materiais sonoros e musicais se da no interior do sujeito, de tal forma que a energia proveniente da musica absolvida mentaliza-se em expressões corporal, sonora e verbal, engendrando diferentes sentimentos, estimulando a imaginação e a fantasia, promovendo, enfim, uma intensa atividade mental. (GAINZA 1988, p.30)
A partir dos três anos, os jogos com movimentação são fonte de prazer, alegria e possibilidade afetiva para o desenvolvimento motos e ritmo sintonizado como a música uma vez que o modo de expressão característico dessa faixa etária integra gestos, som e movimento.
É fato indiscutível que o ritmo se apresenta por meio do corpo e do movimento. Parte dos movimentos naturais dos bebes e crianças, ampliando suas possibilidades de expressão corporal e movimentos, garantes boa educação rítmica e musicas, além de equilíbrio, prazer e alegria, pois o ser humano é – também um ser dançante. Não e por acaso que, ao apresentarmos um repertorio de canção da cultura infantil, mostramos, na realidade, brinquedos musicais que, se envolve o cantas, envolvem também movimento. (BRITO 2003, p.145).
A música afeta de duas maneiras distintas o corpo do individuo: diretamente, com o efeito do som sobre as células e os órgãos, e indiretamente, agindo sobre as emoções que influenciam numerosos processos corporais provocando a ocorrência de reações e relaxamento em varias partes do corpo. Para Fainza (1988), a música é um elemento de fundamental importância, pois movimenta, mobiliza e por isso contribui para a transformação e o desenvolvimento.
Muitas crianças de dois a três anos de idade acompanham uma canção com movimentos regulares, seguindo o pulso, sem que isso seja um critério organizador para elas, que podem desviar-se e passar a acompanhar a mesma canção de forma não métrica, sem a consciência do que isso implica do ponto de vista musical. O que esta em jogo,então e sempre a questão da consciência.”. (BRITO, 2003, p. 41)
Para BRITO (2003), respeitar o processo de desenvolvimento da expansão musical infantil não deve se confundir com a ausência de intervenções educativas. O professor deve atuar sempre com animador, estimulador, provedor de informação vivencial que irão enriquecer, e ampliar a experiência e o conhecimento das crianças, não no ponto de vista m
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A música sendo de fundamental importância para o desenvolvimento do ser humano deve ter sua metodologia diferenciada desde os primeiros anos de vida, pois é através dela que expressamos nossos sentimento.
Nossa consciência é quem dá os primeiros passos, sentimo-nos reconfortados quando ouvimos uma música calma em momentos de tristeza, envolvidos no embalo quando o ritmo é frenético e emocional quando o ritmo é romântico etc.
Nas creches é preciso desenvolver estas habilidades à partir do educador, ao colocarmos u’a música repetitiva, sem significação e sentido para o momento, esse ato torna-se torturante, imaginem um ato repetitivo todos os dias da semana, a criança ter que ouvir a mesma cantiga, temos conhecimento que todos os indivíduos são diferentes tal qual os dedos de u’a mão, se colocarmos todos juntos notaremos as particularidades dos mesmos e o ser humano também é assim, não devemos seguir o impulso do momento, devemos aprender a respeitar as individualidades dos indivíduos. Por isso é preciso ter o local ideal para trabalhar a bandinha escolar, o momento certo de inserir a música no contexto diário da escola.
Como disse Teça de Queiroz “o silencio e a música são opostos que se complementam” é preciso haver um momento de descanso, o professor deve explorar de maneira sábia a música em seus planejamentos a fim de torná-la agradável e possibilite inúmeras interações entre os sujeitos.
REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO
BRITO,T .A, Musica na educação infantil. São Paulo: Peiropolis,2003;
DCM-Direto Curricular Municipal – Ano 2011;
FERREIRA, A. L, RUBIO, S. A. J. A Contribuição da Música no Desenvolvimento da Psicomotricidade. Marília, 2012. Revista Eletrônica Saberes da Educação. Vol. 3, No. 1. Disponível em:< http://www.facsaoroque.br/novo/publicacoes/pdf/v3-n1-2012/Lucia.pdf > Acesso em: 13 jul. 2015.
GAINZA, V. H.Estudos de psicopedagogia musical. 2.ed. São Paulo: summus, 1988
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Metodologia do trabalho científico: procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica, projeto e relatório, publicações e trabalhos científicos. 2 ed. São Paulo: Atlas, 198 p., 1987.
NOGUEIRA, M. A. - A música e o desenvolvimento da criança. Revista da UFG, Vol. 5, No. 2, dez 2003.Disponível em: < http://www.proec.ufg.br/revista_ufg/infancia/G_musica.html> Acesso em: 13 jul. 2015.
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. v. 3 Brasília MEC/SEF 1998.
ROSA, N S.S. Educação musical para pré-escola. São Paulo: Ática, 199