Infância, educação e escolarização
Mariely Iracema Ribeiro Queiroz
RESUMO
O presente trabalho procurou investigar uma extraordinária fase educacional na vida de uma pessoa: a educação infantil nos primeiros anos de vida. Nossa justificativa é de que esta é uma parte da educação básica e possui duas fases indispensáveis para o desenvolvimento de toda criança, daí a necessidade de conhecera as ações nas creches e como compreendem essas atividades. A pesquisa buscou seguir o método da pesquisa qualitativa, tendo como principio a busca pela efetividade da análise a partir de quem viveu as experiências na educação infantil e daí a importância das entrevistas como seguem nestas narrativas. Afinal, a entrevistas sustentaram partes daquilo que temos na legislação, nos documentos de referência para a educação infantil com as Diretrizes e também ajudaram a perceber a necessidade de intensificação das ações lúdicas na infância. Para melhorar nosso trabalho, tivemos como referencial teórico os seguintes autores de obras importantes: Ariès (1978) e Cambi (1999). Esses autores tem discutido o tema da educação infantil, da legislação e dos trabalhos pedagógicos tanto com a pré-escola e com a creche. E, na pesquisa fomos compreendendo que nessa importante etapa da educação faz-se exigente com a presença de profissionais qualificados, com inúmeras ferramentas pedagógicas com a finalidade de que toda criança aprenda de forma lúdica e tenham autonomia, e vontade de continuar aprendendo. Chegamos à conclusão de que o trabalho educativo prepara a infância para as etapas posteriores de vida e de estudos, e promove experiências que não seriam possíveis em outro lugar. Portanto, além de ser um direito da criança é um direito da família e da sociedade possibilitar a qualificação da infância no Brasil. Concluímos também que a problemática dessa discussão é: a educação infantil não tem recebido a importância devida. Por isso, em cada capitulo do trabalho, estabeleceu-se um objetivo especifico com intuito de responder essa problemática e a nossa conclusão não encerra, mas se abre a possibilidade do diálogo com estudantes e professores da Pedagogia que desejam trabalhar com a educação infantil.
Palavras-chave: Educação infantil. Criança. Desenvolvimento.
ABSTRACT
The present work sought to investigate an extraordinary educational phase in a person's life: early childhood education. Our justification is that this is a part of basic education and has two indispensable stages for the development of every child, hence the need to know the actions in daycare centers and how they understand these activities. The research sought to follow the method of qualitative research, having as principle the search for the effectiveness of the analysis from who lived the experiences in early childhood education and hence the importance of the interviews as they follow in these narratives. After all, the interviews supported parts of what we have in the legislation, in the reference documents for early childhood education with the Guidelines and also helped to realize the need to intensify playful actions in childhood. To improve our work, we had the following authors of important works as a theoretical reference: Ariès (1978) and Cambi (1999). These authors have discussed the topic of early childhood education, legislation and pedagogical work with both pre-school and day care. And, in the research, we understood that in this important stage of education, it becomes demanding with the presence of qualified professionals, with numerous pedagogical tools in order that every child learns in a playful way and have autonomy, and the desire to continue learning. We have come to the conclusion that educational work prepares children for later stages of life and studies, and promotes experiences that would not be possible elsewhere. Therefore, in addition to being a child's right, it is a family and society right to enable the qualification of childhood in Brazil. We also conclude that the problem with this discussion is: early childhood education has not been given due importance. Therefore, in each chapter of the work, a specific objective was established in order to answer this problem and our conclusion does not end, but it opens the possibility of dialogue with students and teachers of Pedagogy who wish to work with early childhood education.
Keywords: Early childhood. Education child. Development.
Introdução
Este trabalho tem por objetivo apresentar um diálogo, de maneira particular com estudantes da Pedagogia, sobre o significado e a importância da educação na primeira infância, em especial a que é desenvolvida na educação infantil. Com esta compreensão nossa narrativa mostra que no desenvolvimento do tema é possível observar a preocupação acadêmica em defender a importância da educação infantil, desde os primeiros anos, em creches, especialmente. Isto porque a fase da educação infantil é um período complexo para entendermos como simples atos de ensinar. Na educação infantil a questão é mais significativa porque exige uma compreensão de diversas instituições, e do papel de cada sujeito na vida das crianças. Por isso podemos dizer que educar não é uma tarefa fácil. Quando uma criança não tem acesso aos primeiros anos da educação, o desenvolvimento desta será lento, raquítico e sem estrutura sólida para as fases posteriores.
Assim, compomos o primeiro capítulo como ferramenta para explicar a questão da compreensão do tema infância, e processos histórico de constituição. Nele foram trabalhados o conceito de infância, bem como foi abordada a importância da educação infantil, considerando esta como uma base, um alicerce para as demais fases da vida social, cultural e intelectual de uma pessoa. Nesse aspecto, sem desmerecer a diferença que fará também na vida da criança no que diz respeito à vida social, à vida em comunidade, a fase da educação na primeira infância precisa ser pensada e realizada por quem acredita nela e, sobretudo, por quem faz da educação infantil uma arte de preparação para o mundo da escrita e da escola. Em suma: uma criança precisa passar pela fase da educação infantil, a fim de obter e ampliar as condições favoráveis para uma vida em sociedade.
Um ponto importante da primeira parte da pesquisa foi demonstrar que, por muito tempo na história da humanidade, a criança foi considerada como “adulto em miniatura”. Essa discussão é muito importante, porque traz respostas para a problemática da pesquisa: A educação infantil não tem recebido a importância devida, sendo ela uma importante fase na vida da criança. E ainda podemos dizer mais, afinal, é na infância, é na educação infantil, é nesse processo de desenvolvimento cultural e de sociabilização que a criança vai se descobrir, descobrir o outro, a socialização, o compartilhar, entre outros aspectos.
É aqui nesta etapa do trabalho que a história da educação foi abordada com o objetivo de tecer um conjunto de realizações da humanidade em relação ao trabalho e ao desenvolvimento da infância. Com isso, queremos mostrar que conhecer a história da educação pode nos ajudar a não cometer erros e equívocos nas nossas ações contemporâneas.
Ao conhecer os desdobramentos da compreensão e das realizações com a infância podemos conhecer aspectos relevantes na ideia de conceber a infância nem como adulto em miniatura e nem como um papel em branco em que é preciso escrever sobre ele. Nada disso, a infância é um período que deve ter princípios e parâmetros de definições bem precisas com os devidos cuidados humanos.
Esta pesquisa foi realizada tendo como princípio a busca por compreender os discursos formulados sobre a infância do ponto de vista teórico e normativo. Por isso, nossa pesquisa busca sua inserção no método de pesquisa qualitativa porque não ficamos somente na pesquisa bibliográfica, mas tentamos trazer para o diálogo belas, importantes e, comoventes entrevistas com estudantes e professores da educação escolarizada contemporânea.
Como a característica principal da nossa pesquisa foi compreender que a escola está associada à família, no objetivo nobre de assegurar à criança o direito à educação, com especial atenção do Estado e da família, problematizamos essas relações no trabalho. Assim, o capítulo segundo desse trabalho enfatiza a legislação pertinente à proteção da criança, enquanto aluno, ao direito de crescer em conhecimento.
Nesse sentido, o capítulo II traz parte da normativa da educação brasileira. A atenção será voltada para a Constituição Brasileira, bem como para partes especificas da Lei de Diretrizes e Bases (lei nº 9.394/96), como recurso que regulamenta o sistema educacional, bem como evidencia as competências e qualidades dos órgãos responsáveis pela promoção da educação básica.
E por fim, o capítulo terceiro trará o resultado da pesquisa realizada em campo, em cuja oportunidade aproveitamos para apresentar dados coletados de quem trabalha e de quem viveu a educação infantil. Um capitulo instigante na medida em que afirma e reafirma a importância da educação infantil como ferramenta de intensificação das experiências de vida das crianças e um aprendizado constante de professores. Assim, podemos assegurar que este foi um trabalho prazeroso, conversar com os pais, e entrevistar crianças e educadores. Neste capítulo será evidenciado o resultado do tema aplicado à realidade de crianças, pais e familiares, no que diz respeito à resultados.
Com este trabalho espera-se que possa contribuir com o universo acadêmico, em favor da qualificação e potencialização da criança para o processo de alfabetização ainda na tenra infância para que evitemos a surpresa da necessidade de recomeçar no futuro. E, ainda, que seja um despertar para a importância da educação infantil, nos primeiros anos da vida de uma criança, com o objetivo de ampliar as condições possíveis para a vida em sociedade, capaz de influenciar e não somente ser influenciada.
O processo educacional acontece na vida de um indivíduo, nas diferentes fases da vida. Desde a tenra idade, na fase infantil, na fase da adolescência, na fase da juventude, na fase adulta e, também, na fase da velhice. A educação é uma companhia para toda a vida. Aprender é viver! Aprender na infância conduz aos demais aprendizados com muito mais qualidade. Vamos à leitura?
Considerações pertinentes sobre a infãncia e a escolarização
Neste capitulo trataremos do tema da infância buscando construir um significado sobre o conceito, a ideia, a formação da noção de infância, bem como a relação estabelecida entre a criança e o processo educativo. Diante desses aspectos abordaremos a questão da escola, da escolarização e o processo de desenvolvimento educativo não escolarizado. Tais temas têm o objetivo de construir um significado a respeito da importância da existência de uma criança e da infância e de seus distintos períodos de vida, para que possamos compreender a chegada e a saída desses sujeitos sociais no processo de educabilidade, no interior das instituições educativas.
Falar da infância para este trabalho é um privilégio, pois, como acadêmica do curso de pedagogia pesquisar o foco do meu curso é algo que me traz orgulho e encantamento. E apesar deste tema ser bastante desafiador e árduo sempre soube que poderia ser tema do meu trabalho de conclusão de curso. A educação de crianças sempre me causou curiosidade, pois, nesta fase ela precisa de atenção no ambiente escolar e familiar, desde a creche, para que assim possa ser construída uma base educativa que a auxilie no desenvolvimento de aspectos sociais, motores, biopsicológicos, que contribuirão para ampliar as condições de estudos no ensino fundamental, médio e superior.
Nestes difíceis tempos de educação, em que o processo de escolarização está sendo questionado, é preciso trazer à sociedade mais conhecimento sobre a infância e o espaço escolar, porque muitas pessoas só sabem o básico desse assunto tão importante. E, infelizmente, pensam que o fato de ir para a educação infantil, principalmente para as creches, o ato de “brincar” é visto como algo desnecessário e irrelevante. A maioria das pessoas não sabe que este é um passo importante para a educação da infância. Alguns sequer conseguem compreender que, brincando se aprende, e que, através da ludicidade é possível construir conhecimento com qualidade juntamente com nossas crianças.
Para a nossa compreensão, a partir do momento em que a infância passa a ser valorizada, haverá reconhecimento e satisfação aos profissionais dessa área e ampliaremos a possibilidade de acreditar que a educação escolar contribui, de maneira significativa, para uma educação da infância, com propósitos de auxilio a sociedade e em busca de pessoas emancipadas, livres para pensar, capazes de produzir novas relações sociais, culturais e educativas. Isso porque os professores que lecionam para crianças se comprometem, diariamente, a levar ensino de qualidade e, nossa sociedade contemporânea, precisa exigir que os governos apoiem a escola, a escolarização, as famílias e também proporcionem remuneração adequada.
Nesta parte do trabalho, será apresentada uma narrativa que consiste numa revisita pela história da educação, para, que dessa forma, seja possível nos situarmos e compreendermos sobre as distintas compreensões de infância. Portanto, as existências de infâncias que orbitam determinados componentes culturais e sociais de um Estado, cidade ou País. Nesse aspecto, o objetivo desse capítulo, como em todo trabalho é entender, de forma significativa, as noções de infância, de escola e as potencialidades das ações educativas produzidas nas instituições de ensino que constroem as políticas públicas de educação de um espaço sócio politico para uma sociedade.
Sendo assim, este trabalho tem por intuito contribuir com o avanço da ciência da educação escolar, para conhecer pormenores, através da compreensão das práticas pedagógicas produzidas no interior das instituições de ensino, bem como nos ambientes familiares que definem modos de educar e os saberes por ensinar no cotidiano das relações sociais, culturais e educativas produzidas nesses ambientes. Deste modo, temos a pretensão de compreender como o ensino, através da ludicidade, da integração, da escolarização e das relações educativas tem constituído uma base teórica e um conjunto de práticas significativas, para que, assim, possa ser capitalizada no processo de escolarização e as crianças tenham condições educativas para transitar do senso comum para uma consciência de cidadania e desenvolvimento do potencial educativo mais intenso. Com isso, temos a certeza de que a infância ganhará mais espaço social, ampliação do domínio do conhecimento e também potencializará a vida social própria e da sua família.
As ideias de infância que brotaram na História da Educação
Ao estudarmos diversos documentos, livros, textos e acompanhar o processo educativo em instituições de ensino, compreendemos que a infância se destaca por ser considerado o período mais significativo de desenvolvimento de todo ser humano, principalmente da criança na tenra idade. É nessa transição de situações que a curiosidade aflora e as crianças começam a descobrir o mundo e os sentidos de tocar, ouvir, sentir e ver.
Mas, a infância antigamente era pouco estudada e menos entendida como uma fase de um ser humano. Esse período era insuficientemente valorizado, a sociedade deixava de oferecer o devido valor a uma criança como indivíduo, como ser humano, como gente que pensa e age a partir das suas razões, mas também das suas emoções e sentimentos. Por isso, ao estudar a história da educação brasileira, pode se notar o aparecimento de varias conceitos de “infância”. Nossos estudos compreenderam que durante muito tempo, a infância era vista como “adulto em miniatura”, e era de responsabilidade da mãe a sua educação e os cuidados. Nesse sentido, este estudioso do tema assegura que “[...] mal adquiria algum embaraço físico, era misturada aos adultos e partilhava de seus trabalhos e jogos” (ARIÈS, 1978, p11). Logo, temos que o pensamento da infância era compreendido como uma fase de vulnerabilidade, portanto, a infância não existia, haja vista que uma atenção singular só era dada às crianças somente no inicio de sua vida. O que diferenciava uma criança de um adulto era o tamanho e a força. E o que mais se desejava era que a infância passasse o mais rápido possível, para que então a criança crescesse para trabalhar, e enfrentar a vida adulta com suas devidas responsabilidades.
Essa reflexão de como era vista a criança enquanto individuo, busca entender a educação nos princípios da história da sociedade contemporânea. Para isso, precisamos compreender um pouco da história da infância. De antemão, podemos compreender que a criança não era vista com bons olhos pela sociedade medieval tradicional, durante aquela época não havia a importância da família, ela tinha como papel a perpetuação dos bens, e as crianças tinham como obrigação trabalhar desde cedo. A vida girava em torno do trabalho, como bem expressa este escritor: “[...] para aprender os trabalhos domésticos e valores humanos, mediante a aquisição de conhecimento e experiências práticas” (MENDONÇA, 2012, p. 17), e com isso, não era liberado a construção de sentimentos entre os pais e os filhos. As crianças e os adultos não se distinguiam através de trajes e linguagens, ou seja, eles usavam as mesmas roupas e falavam o mesmo linguajar. E quanto à educação, todas as faixas etárias se concentravam na mesma sala de aula, recebendo o mesmo conteúdo e ensinamento. (ARIÉS, 1978, p. 50).
Para muitos estudiosos conhecedores desse período, dentre eles o próprio Ariès (1978) o pensamento em relação à criança mudou intelectual, cultural e socialmente no decorrer da Idade Moderna. A Revolução Industrial, o Iluminismo e a constituição de Estados laicos intensificou o desenvolvimento das condições de compreensão do significado de infância. Quem mais desfrutou dessa mudança foi a criança nobre, afinal somente a infância da monarquia tinha um tratamento melhor e mais adequado as suas condições, ao contrário da criança filhos dos súditos, dos servos e dos escravos. É nesse período que a criança passa a ser entendida como uma pessoa relevante, um ser de grande importância na comunidade. Tais circunstâncias faziam com que aparecessem algumas exigências, sejam psicológicas, cognitivas, emocionais e físicas e que, por direito, suas necessidades precisavam ser supridas e problematizadas para evitar outras preocupações da época.
No Brasil, só iniciou no século XX, a educação pública da infância. E, durante diversas décadas, surgiram varias transformações, como: a pré-escola não era formalizada, não existiam professores qualificados e muitas vezes a mão de obra era construída por voluntários, que depressa desistiam desse trabalho (MENDONÇA, 2012). Foi a Constituição de 1988, que possibilitou a criança, a colocação de sujeito com direitos, e a partir de então a educação infantil passou a ser incluída no sistema educacional.
É valido ressaltar a importância da Educação Infantil, já que ela é responsável pela construção do desenvolvimento social e humano da criança. E ela irá evoluir de acordo com a cognição, sendo que ela tem contato com vários objetos e também com a arte, ciência, cultura, proporcionando a criança criatividade escolar. Pois, a instituição denominada escola, precisa ser formada com profissionais da educação, que considerem a criatividade e essa criança como capaz, já que ela tem um conhecimento prefacial, uma história e o seu próprio linguajar.
As compreensões de escola na sociedade moderna
Já falamos da infância, agora é hora de tentarmos compreender o espaço social de maior convivência da infância fora do ambiente familiar e como local de agudizar o processo educativo que contribui com a formação da criança. Por isso vamos tentar relacionar a instituição educativa e suas potencialidades diante da realidade da infância. Assim, consideramos que a maior finalidade da educação, particularmente do processo de educação escolar, está na formação de pessoas capazes de pensar, formando então cidadãos reflexivos, potencializadores do pensamento crítico.
A difícil tarefa de educar envolve, para além das relações afetivas, fraternais, solidárias, cooperativas e socializadoras o desenvolvimento das habilidades cognitivas, pois, ela será responsável pela inteligência, pela potencialização das pessoas no processo de compreensão da realidade e resolução dos problemas advindos com questões desconhecidas.
E essa missão da educação está associada ao espaço escolar, a escola enfim, ou o serviço que ela presta à comunidade, resulta na educação do sujeito, que tem como característica a condução, a imersão, o envio para o engajamento social.
Deste modo, o cidadão educado e escolarizado se torna atribuído de condições e qualidades capazes de justificar sua capacidade de interferir, qualitativamente, no melhoramento da comunidade, além, de exercer sua cidadania. Essas são peculiaridades que a sociedade contemporânea exige, minuciosamente, do corpo orgânico e social chamado escola.
Assim, diante dessas considerações, torna-se válida a contribuição de Saviani, ao declarar que: “a educação é um fenômeno próprio dos seres humanos” (SAVIANI, 2000, p 15). Essa afirmação significa que a compreensão da educação, só será possível, a partir da compreensão da natureza humana.
Diante disso, é possível compreender que o ser humano é único, e a sua existência é marcada historicamente, pela constante transformação em que vive. E quando falamos em transformação, a educação, também é um assunto que se deve ressaltar. É por ela que conseguimos colocar as coisas em ordem, compreendemos a realidade da sociedade, ou seja, nos tornamos seres sociais.
Independente dos conceitos de educação, podemos considerar como conquista dessa sociedade, o pensamento de que “não existe idade para a educação, de que ela se estende pela vida e que não é neutra” (GADOTTI, 1997, p 34).
De acordo Gadotti, o processo educacional é inerente ao ser humano, pois desde a infância até a fase adulta e, inclusive a fase idosa, a educação vai ser a companheira que instruirá e tornará possível o desenvolvimento pleno do individuo em quanto ser social, capaz de influenciar e ser influenciado.
Sobre isso, é importante lembrarmos que o “mundo antigo”, conforme o entendimento dos estudiosos clássicos, é representado pela importância histórica da vida cotidiana, que era conduzida pelas praticas familiares, ou seja, as informações, os conceitos, os princípios mais importantes eram demonstrados através de rituais e cerimonias. Dessa forma, o conhecimento era passado de pai para filho, de forma natural. É nesse âmbito que a cultura antiga é utilizada como um elo para o clássico revestido de beleza e de verdade, de harmonia e de teoria. (CAMBI, 1999 p.45).
Para se compreender a tradição ocidental, é preciso apontar a história do mundo mediterrâneo antigo especialmente sobre a Grécia e o Egito. De acordo com Cambi, é no centro da vida social desses povos que nasce a figura da instituição-escola. São espaços destinados para os filhos das classes influentes da época, que tinha por objetivo a educação básica, como ensinar, por exemplo, ensinar a regra do bem escrever e bem ler.
Nesse contexto, é que surge a figura do educador, conforme assegura este pensador da história da educação.
Igualmente significativa é a figura do pedagogo, já um acompanhante- na Grécia- da criança, que a controla e estimula; figura que se transforma e se enfatiza no mundo mediterrâneo com a experiência dos “mestres de verdade’’ (diretores da vida espiritual e mestres de almas, verdadeiros protagonistas da formação juvenil,, basta pensar em Sócrates), mas que se enriquece também com as experiências dos profetas hebraicos que são os educadores do povo, a voz educativa de Deus. O mundo antigo colocará como central esta figura de educador, espiritualizada e dramaticamente ativa na vida indivíduo, reconhecendo-lhes qualidades e objetivos que vão além aqueles que são típicos de mestre-docente. Aspecto que depois –mas já a partir de Platão– será próprio também dos pedagogos, dos filósofos– educadores ou dos pensadores da educação que devem iluminar os fins e os processo de educar. (CAMBI, 1999 p.49)
Acerca da citação acima é possível compreender que o educador é indispensável na formação da sociedade, e através dele o processo de educar é iluminado.
Visto os espaços sociais de emergência e constituição do aparelho escolar, agora é hora de perceber como a principal instituição de ensino foi se formando na modernidade. É importante conhecermos os modos pelas quais o atual modelo de escola foi constituído e desenvolvido ao longo dos últimos séculos. La Taille, (1992, p 33) relata como que “na sociedade contemporânea a escola ganha importância e as relações que nelas são estabelecidas são fundamentais para a elaboração dos meios psicológicos dos sujeitos”. Na circunstancia de ensino-aprendizagem a interferência pedagógica leva o aluno a desenvolver progressos que não aconteceriam de forma espontânea em outro lugar.
A importância da intervenção deliberada de um indivíduo sobre os outros como forma de promover desenvolvimento articula-se com o postulado básico de Vygotsky a aprendizagem é fundamental para o desenvolvimento desde o nascimento da criança. (LA TAILLE, 1992, p 33).
Segundo o pensador (LA TAILLE, 1992), a aprendizagem é de extrema importância, e é a partir dela que a criança irá se desenvolver. É importante ressaltar que esse processo de aprendizagem deve acontecer na escola.
Para algumas pessoas, o sistema de ensino só será bom, se ele conseguir com êxito explicar à sociedade de forma clara e significativa tudo o que se espera dele. Podemos notar que as escolas não conhecem o que se idealizam ou ate mesmo o que se espera delas. E a comunidade espera muito da escola.
Excluem-se da escola os que não conseguem aprender, excluem- se do mercado de trabalho os que não têm capacidade técnica porque antes não aprenderam a ler, escrever e contar e excluem-se, finalmente, do exercício da cidadania esses mesmos cidadãos porque não conhecem os valores morais e políticos que fundam a vida de uma sociedade livre, democrática e participativa (BARRETO, 1994, p 59).
A sociedade contemporânea, também conhecida como sociedade informática, cibercultura, ou pós-modernidade move o saber para o saber/fazer. Livremente do rótulo, obviamente os tempos mudaram e necessitam de uma escola diferente, assim reivindicam atitudes também diferentes dos especialistas da educação.
Atualmente as grandes verdades não são capazes de esclarecer o concreto. A sociedade contemporânea procura por novas explicações. O fim que as pessoas tanto idealizam nunca chega. Os métodos levam incessantemente a novos métodos. Deixa de existir a lenda de que o mundo é movido pela linearidade, como algo pronto, exatamente como uma receita, onde todos os passos são ensinados, primeiro faz isso, depois aquilo e se tem a consequência almejada. A sociedade pós-moderna é dona de um estilo nunca antes visto na história, onde o tempo é o agora, o aqui, simplesmente o atual.
E isso provoca a educação escolar, já que com o aparecimento da sociedade pós- moderna a aceitação à informação se alastrou. A resposta está na internet, no tablet, na televisão, nos jornais, no celular, em tempo real com toda a potência e velocidade. E a imagem do educador, único e dono do conhecimento, que marcou o início da escola se afastam cada vez mais.
As compreensões da educação escolarizada e não escolarizada na sociedade brasileira
O processo da educação escolarizada no Brasil está atrelado à cultura europeia. Que tem como valorização a cultura da leitura, o ensino baseado em livros e diversas tradições. Esse método de educação é pouco condizente com a realidade brasileira, já que, o material planejado para a educação básica, mantem o olhar para uma única cultura, esquecendo-se que existe uma diversidade de culturas no nosso país, vale ressaltar a cultura oral, que se trata da transmissão de tradições e costumes de uma geração para a outra. O currículo escolar, precisa estar de acordo com a região em que está inserido, para que dessa forma possa haver interação com os alunos.
A educação escolar tem como objetivo, no espaço escolar, instruir o aluno ao conhecimento, ensinando-lhe como usar objetos e desenvolver habilidades, para sua futura vida profissional. Tendência para a direção do mercado de trabalho, pois, vivemos em uma sociedade marcada pelo capitalismo, e com isso cada vez mais, o espaço escolar tem sido um espaço de busca por maior poder aquisitivo e, ainda, um lugar para se subir de classe na sociedade. Conforme diz, Apple (1989, p. 59):
As escolas maximizam a distribuição do conhecimento técnico e administrativo entre a população. Na medida em que os estudantes aprendem esse conhecimento, eles podem “investir” suas especialidade e capacidades adquiridas para ascender a melhores ocupações. Isso propiciará taxas mais elevadas de mobilidade individual e garantirá também a oferta de pessoas bem qualificadas exigidas por uma economia em expansão. Treinamento técnico generalizado, mobilidade e crescimento econômico são fatores que estão relacionados. Nessas circunstâncias o planejamento cuidadoso da “força de trabalho” e a estimulação de currículos técnicos e científicos, voltados para a ascensão profissional, tornam-se fatores essenciais.
Já com a educação não escolarizada ou não informal, o principal objetivo é saber se o aluno conseguiu de forma significativa compreender o que foi passado pelo o professor, pois, esse sistema de ensino não costuma dar nota aos alunos. Mas, é importante lembrar, que algumas escolas dão sim notas aos alunos, porém, na maioria das vezes, esse método não é o recomendado, cabe ao professor conhecer a realidade de sua sala de aula, para poder então saber se serão usadas avaliações ou não.
A educação não escolarizada ou não informal, com relação à pedagogia social, já é existente em vários países como, por exemplo, na Europa, ela atua com cursos voltados para os professores. No território Brasileiro, está em discussão sugestões, que tenha a educação voltada para crianças e adolescentes em circunstancias de vulnerabilidade social. A pedagogia social está atrelada a área da educação não formal, pois, trabalha com projetos, expandido por ONGs e setores como, estado, igreja, e empresas privadas.
A normatização pela legislação brasileira e as potencialidades da escolarização.
Neste capítulo trataremos de alguns pontos importantes da Constituição Federal brasileira e a organicidade da mais importante norma da educação brasileira da atualidade. Assim, trataremos da Lei de Diretrizes e Bases, para que dessa forma seja possível a compreensão dos direitos e deveres de todos os cidadãos. De maneira singular, queremos apresentar as condições regulamentadoras em que as crianças, jovens a adultos podem conquistar suas capacidades de realização de vida digna e justa, a partir da educação e da escolarização. Ao mesmo tempo também queremos explicitar as competências e qualidades dos órgãos responsáveis por promoverem a educação básica, de maneira especial, salientando as qualidades regulamentadoras que devem cumprir o Município e o Estado.
Outro ponto importante que também vamos realçar é sobre a participação das famílias e suas diversas contribuições para o desenvolvimento social, cultural e intelectual das crianças, em conjunto com o mais atuante dispositivo de conquista da liberdade e da cidadania: a escola. Nesta direção, teremos como assunto principal construir um significado acerca da relevância da educação infantil, já que ela é, na contemporaneidade e a partir da obrigatoriedade de partes dela, constituiu-se como a base da educação básica, e essa educação é essencial para a formação do ser humano. (CURY, 2002).
Tal perspectiva se torna necessária em função da exigência pedagógica de compreendermos a legalidade dos atos dos profissionais do ensino, as certezas e incertezas do papel do Estado e do Município, as dificuldades em conhecer a normativa e preparar a ação de acordo com a legalidade dos atos de cada gestor, seja ele um responsável pela governança do sistema educativo, seja ele responsável pela instituição escolar. Nesse quadro, queremos intensificar os conhecimentos dos dispositivos normativos exatamente para termos a convicção de que estamos tratando de questões absolutamente regulamentadas pelo poder público e que, muitas vezes, possui distintas compreensões e suas diferentes interpretações para efetivação da realidade no cotidiano escolar. Até porque a luta pela normatização é uma luta por fazer a normalização da vida, por tentar normalizar a vida de todos nós e, principalmente, dos escolares e dos demais sujeitos da educação escolarizada.
As Diretrizes da Educação Brasileira à luz da Constituição Federal
Um dos primeiros documentos normativos que trazemos para este diálogo é a Carta Magna Brasileira. Isto porque se trata de uma iniciação ao processo de definição da arquitetura da organização escolar e suas competências no desenvolvimento e potencialização das relações educativas. Nestes termos, temos que a Constituição Federal, promulgada em 05 de outubro de 1988, agrupa leis fundamentais que regem e organizam o andamento do processo educativo e contribui com o desenvolvimento de outras áreas das políticas públicas no Brasil. Essa mesma Constituição também é conhecida como Constituição Cidadã, pois ela garante políticas públicas de educação e outros direitos sociais, antes negados, a todos os brasileiros e restabelece os marcos civilizatórios para constituição dos direitos civis do povo brasileiro.
Não vamos nos ater a todas as relações que propiciam a leitura da Constituição Federal sobre a educação. Dada a necessidade, verificaremos a parte específica acerca da educação brasileira e as questões que envolvem o aparelho escolar, os sistemas de ensino e as possibilidades educativas das crianças, jovens e adultos de nosso País. Chamamos atenção para o Capítulo que foi definido como “DA EDUCAÇÂO”. Nele estão dispostas as regulamentações primeiras da educação nacional. Os artigos 205 a 214 falam exclusivamente da arte da educação e suas relações com as demais políticas sociais. Neste trabalho abordaremos, especificamente, os artigos 206, 208 e 211, com alguns de seus incisos para que possamos intensificar esses estudos e promover um diálogo com o conjunto da pesquisa. Por isso, é importante verificar que destacarmos um olhar para o campo da educação para demonstrar como esta política pública é um direito fundamental já que sem ela o ser humano não conseguiria se desenvolver plenamente, na qualidade de cidadão de direitos e obrigações, como bem diz Cury (2002).
Um dos mais significativos dispositivos prescritos na Constituição Federal assegura que o dever do aparelho do Estado se faz a partir de garantias. Garantias essas que exigem do Estado a realização de ações e a concretização dos princípios da Carta Magna com relação a realização das condições de existência do aparelho escolar e suas produções. Então a Carta Magna proclamou o seguinte:
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: [...] III- Atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência preferencialmente na rede regular de ensino;
IV- educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade; (Redação dada pela emenda constitucional n 53, de 2006).
[...] VII- Atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas suplementares de material didático escolar, transporte, alimentação, e assistência à saúde. (Redação dada pela Emenda Constitucional n 59, de 2009).
Nessas determinações podemos reconhecer que o Estado brasileiro assegura que o poder público irá se tornar efetivo na realidade do cotidiano da sociedade, garantindo plenas condições de acesso a educação, bem como promovendo a integração de todo o sistema para que possam alcançar seus objetivos e assegura a potencialidade de tomada de decisões dos agentes em diversos âmbitos.
Mais especificamente, o inciso III desse artigo traz a educação como direito de todos, independentemente de sua condição física ou mental. Nesse sentido, temos uma norma avançada que garante o principio da universalidade do ensino, que assegura a escola para todos os brasileiros ou aos estrangeiros que aqui residem. Uma garantia fundamental o acesso ao processo de escolarização para poder dizer que esse direito e de todos, para todos. Além do mais garante escola para todas as condições sociais, culturais e distintas modalidade. Uma das mais significativas é exatamente a educação especial. Com essa normatização, pela primeira vez fica garantida na Constituição Brasileira que todas as pessoas, com algum tipo de necessidade especial, devem ser incluídas no sistema educacional.
Por sua vez temos uma etapa também significativa que bem demonstra a responsabilidade que o Estado brasileiro evoca para si, de tratar nos marcos civilizatórios do direito à cidadania. Afinal, sem estudar, sem aprender a ler e escrever, as pessoas não se tornam plenamente cidadã. Assim, o inciso IV relata sobre a importância da educação infantil na vida da criança, sendo que de 0 a 3 anos é creche, e 4 e 5 pré escola. Fases respeitáveis da vida que produzem as condições para prosseguir nos estudos da educação básica. Essa importante fase da vida escolar é necessária para a formação intelectual e desenvolvimento social, pois a partir desse momento a criança terá contato com outras realidades, ambientes diferentes e experiências inovadoras. Sobre isso, vejamos:
A educação infantil, dever do Estado, tornou-se etapa constitutiva da organização da educação nacional sob a educação básica. Com isso, acertadamente, ela perdeu a condição anterior de área assistencial. (CURY, 2002, p. 180).
Nesse contexto, Cury (2002) demonstra que a educação infantil, inicialmente tinha por objetivo oferecer uma assistência as famílias, atualmente é pacifico o entendimento de que ela se tornou indispensável na vida dos estudantes, bem como é uma etapa que fará diferença na vida acadêmica das pessoas.
Por sua vez, a politica educacional se conecta com outras políticas sociais públicas. Assim, temos as ações suplementares do Estado para ordenar a vida da criança no ambiente escolar. Por isso, o inciso VII, do Art. 208, da Constituição Federal, trata das políticas suplementares, de como são importantes para a permanência dos alunos na escola. Essas politicas tem o objetivo de garantir o acesso às escolas e igualdade a todos os cidadãos, já que este é o dever do Estado (BRASIL, 1988)
Para demonstrar o compromisso com as exigências de condições para um oferecimento de escolarização com qualidade, a Constituição Federal exige das pessoas e das demais instituições, alguns princípios norteadores do desenvolvimento da educação. Assim, na Carta Magna, em seu artigo 206 os legisladores também constituíram um alicerce que merece especial atenção, pois evidencia princípios inerentes ao desenvolvimento do educando, conforme segue:
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I- igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
- liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;
- pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino.
- gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais.
- valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes publicas;
[...] VII- Garantia de padrão de qualidade.
A partir desses escritos conseguimos compreender que o inciso I é importante para assegurar o direito de educação para todas as crianças, sem exceções. Sendo este um dos pilares principais do ensino brasileiro visto que assegura a diversidade, o convívio entre os diferentes e o acesso para toda e qualquer criança, jovem ou adulto.
Por sua vez, o inciso II é pautado no principio da liberdade de educandos, educadores e demais envolvidos no processo de formação escolar, afim de que a proposta pedagógica seja colocada em prática. Fator esse que assegura um processo democrático de convivência entre diversos atores da educação brasileira e suas diferenças de metodologia de ensino, de intepretação textual, de conhecimento acumulado, de trabalhos realizados.
Em perspectiva de conjunto, o inciso III aborda a necessidade que tem as pessoas que trabalham em instituições educativas de levar em conta que todo estabelecimento de ensino tem a sua diversidade cultural, ou seja, as pessoas que integram o espaço escolar, seja professor, aluno ou pais são seres diferentes. Cada um tem suas particularidades social, cultural, econômica, entre outras. Por isso cabe à instituição de ensino respeitar cada uma delas, e não ter um método de ensino exclusivo, mas sim diversificado.
A conquista da universalidade pode ser resumida neste dispositivo. Assim, o inciso IV entende que a escola pública é sinônimo de educação para todos, e partindo deste ponto cabe ao Estado, promover esse dever constitucional de forma gratuita e qualitativa sem discriminação ou exceções. Porém, é valido ressaltar que cada cidadão, através do pagamento de impostos, contribui diariamente com as escolas públicas.
A valorização dos profissionais do ensino também foi obra de construção dos legisladores. Exatamente para enfatizar a importância desse profissional no ambiente escolar. Por isso, o inciso V registrou a necessidade de todos os sistemas de ensino promoverem a valorização dos profissionais da educação. Cabe ao Estado garantir todos os direitos previstos na consolidação das leis trabalhistas, por exemplo: férias, décimo terceiro, licença prêmio, entre outros benefícios. Além disso, o professor precisa ser assegurado com plano de carreira e estabilidade, através de concurso público. Dessa forma, os profissionais da educação poderão exercer sua função de forma eficaz e digna.
A questão da qualidade de ensino ainda é tema controverso nas narrativas de diversos setores responsáveis pela educação brasileira. Mas, o caminho para ser discutido e reordenado está na Constituição Federal, assim, o inciso VII diz que o ensino deve ser ministrado com um padrão de qualidade, a fim de produzir resultados satisfatórios para todos.
Para conformar ainda mais o modelo de educação brasileira descentralizada, os legisladores constituintes optaram por estabelecer responsabilidades dos entes federativos. Dessa forma, o Artigo 211 aponta que a educação infantil é da responsabilidade administrativa prioritária dos municípios. Entretanto, quando se trata da questão financeira e técnica, a responsabilidade deve ser compartilhada com a União e os estados. Conforme segue:
Art. 211- A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em regime de colaboração seus sistemas de ensino.
- 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996).
Nessa direção, a Constituição Brasileira traz uma regra que deve ser aplicada em toda a Federação, qual seja, a de que o município atue prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil. Sendo assim, o município figura como o ente público responsável pela educação básica, sobretudo na educação infantil. Todavia, não constitui responsabilidade exclusiva, pois a legislação garante a participação do Estado e da União visando suplementar eventuais faltas de condições do ente federativo menor. Assim, quando um município não possui plenas condições de atendimento, o Estado ou a União devem zelar pela garantia deste direito às crianças.
Lei de Diretrizes e Base da Educação Brasileira (LDB 9394/96): Considerações pertinentes
Nesta narrativa queremos tornar importante a leitura sobre a principal normatização da educação brasileira. Neste contexto, é interessante ressaltar este outro instituto do direito educacional brasileiro que não é nem mais e nem menos importante que a Constituição Federal. São dispositivo diferentes, porém são complementares e representa o que pensou o legislador brasileiro acerca dos nossos sistemas de ensino, sobre as instituições responsáveis por abrigar partes ou conjuntos dessa política pública e as responsabilidades de gestores e profissionais do ensino. Assim pensada, :a Lei de Diretrizes e Base da Educação Brasileira (LDB 9394/96) ficou constituído como um conjunto de leis que regulamenta o sistema educacional Brasileiro, seja público ou privado e abrange da educação básica ao ensino superior normatizando as instituições e as práticas com a educação escolarizada.
Nessas circunstâncias podemos dizer que a LDB é a reafirmação da Constituição Federal por outros modos, bem como é a definição mais precisa, alargada e distintiva da Carta Magna, isto porquê reassegura os princípios de educação, os deveres do Estado, e organiza as responsabilidades em forma de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Sobre a referida lei será tratado:
A LDB de 1996 mostrou um avanço na concepção de Educação Infantil, pois veio a definir uma educação voltada realmente para a criança, considerando-a como sujeito social de direitos que deve ser mantida pelo Estado uma vez que o nível de ensino se constitui como primeira etapa da Educação Básica. (NASCIMENTO, s.d., p. 22110).
A educação brasileira está afirmada, protegida e garantida pelo estado democrático de direito. A luz da CF e da LDB os normatizadores estabeleceram um forte escudo em prol da educação escolar em âmbito nacional, prescrevendo legitimamente, uma produção normativa que, se ainda não é o que entendemos justo e viável para nossa sociedade, foi a norma possível no acordo de democracia estabelecido na arena dos debates democráticos. .
Esse cenário foi possível somente a partir das lutas contra o fascismo e contra o nazismo que fizeram nascer, em 1948, a carta mundial denominada de Direitos da Organização das Nações Unidas (ONU) e também foi proclamada ao mundo a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Oportunidade em que os princípios brasileiros dos direitos sociais, tais como a liberdade, a dignidade humana, o trabalho, a moradia, a saúde, a educação, dentre outros, foram objeto de destaque na constituição brasileira, a fim de que ficasse estabelecido que todos são iguais perante a lei. (CARNEIRO, 2018, p.23).
A educação escolar, portanto, passou a configurar no contexto dos direitos como fundamento imprescindível a vida humana, capaz de sinalizar e estampar a esperança de dias melhores, diante da possibilidade de se vislumbrar a construção do saber com base em padrões organizacionais oriundos do ordenamento legal pré-estabelecido. Isso gerou uma estabilidade e legitimidade sem precedentes para a educação brasileira, exatamente por fazer a sociedade e o Estado compreenderem a necessidade de tornar a educação uma política pública necessária para todos.
Nesse contexto, é interessante que se destaque alguns dos artigos da proclamada Lei de Diretrizes e Bases (LDB), Lei n. 9394/1996, objeto de estudo deste capitulo.
Art. 1º - A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.
Para início de conversa é bom perceber a definição precisa do que é educação e do que esta legislação irá tratar. Assim, o artigo 1º ocupa-se em demostrar que a educação está presente em todos os âmbitos da vida do homem. Desde a tenra idade, no seio da família, o individuo está em contato com a educação. A educação é mais do que conhecimento. Na família ela possibilita o desenvolvimento do sujeito, enquanto pessoa capaz de interagir com o outro. Por sua vez, a relação do individuo com a sociedade também é reconhecida e valorizada como ato educativo, por isso a normativa registrou a diversidade de possibilidades educativas em distintos espaços sociais.
A identidade do indivíduo em formação vai sendo, aos poucos, constituída, desenvolvida e solidificada, em conformidade com cada ambiente a que está submetido, esclarecendo que a educação está presente em todos eles, quais sejam: família, trabalho, escola, igreja, dentre outros.
Vale ressaltar que o teor desse artigo traz o verbo desenvolver, possibilitando assim o entendimento pontual do autor, conforme segue:
[...] A atividade da educação escolar é de desenvolvimento humano, ou seja, d potencialização de capacidades em quatro perspectivas claras e convergentes: realização pessoal, qualidade de vida, participação política e inclusão planetária. (CARNEIRO, 2018, p. 49).
Essa definição precisa, grafada logo no inicio da legislação é emblemática, pois demonstra que a educação escolar está atrelada ao desenvolvimento integral da criança em formação. Fator este que reforça a ideia de que somos seres sociais e devemos valorizar essas relações entre nós, entre nós e as instituições e entre as instituições para o bem da sociedade e das pessoas. Dai que a lei incentiva um aprendizado extensivo, que abarca diversos espaços de aprendizagem.
Dessa forma a ideia de escola vinculada tão somente ao espaço da sala de aula não é mais uma realidade isolada. Por isso, essa definição favorece a interação social do aprendiz, que ao se relacionar com pessoas e ambientes distintos da escola, também está agregando valores ao conhecimento e aprendizado escolar. Isso também é educação e produz efeitos na vida dos cidadãos, auxiliando-os a ampliar suas condições de experimentação da vida na sociedade em que vive.
O autor aponta a ideia de pedagogia de alternância, interessante metodologia pedagógica. Segundo ele, embasado no conceito defendido pelo pedagogo francês Celêstin Freiner “a atividade escolar está estreitamente ligada à vida e ao contexto histórico social dos alunos”. apud Carneiro (2018, p. 50).
Por exemplo, uma criança que vive a beira de um rio, tem a possibilidade de aprender dentro e fora da sala de aula. É mais fácil estudar os espaços geográficos em contato com a natureza. Isso sem falar em diversas possibilidades de aprendizagem em ambientes próximos ou relacionados com a escola. Logo, a LDB criou alternativas de organização das instituições de ensino, como esta proposta existente hoje na sociedade brasileira.
A Pedagogia da Alternância desenvolveu recursos metodológicos e didáticos próprios com o objetivo de disponibilizar, ao aluno, instrumentos de condição da aprendizagem em seu contexto indutor de cidadania. Este contexto tem, nas sessões escola e família/comunidade, momentos de contemplação pedagógica (inserções impregnantes de aprendizagem ativa). (CARNEIRO, 2018, p. 51).
Diante disso, fica muito bem definido que a educação escolar se desenvolve, na maioria das vezes, por meio do ensino. Todavia, não somente em instituição própria. Afinal a educação não pode ser aprisionada em limites que diminuem a criatividade e afastam a experiência. Alguns tipos de alternativas de organização e definição pedagógica podem ser realizadas com o apoio da norma brasileira da educação.
O parágrafo 2º consiste na ratificação do disposto no parágrafo anterior, pois traz a complementação de que não há educação sem atividade social; antes de ser um matriculado, o aluno é um cidadão, que precisa melhorar, gradativamente as suas relações sociais, bem ainda, necessita se preparar para o mundo do trabalho, lugar onde estabelece o seu papel de ser coletivo, sem se julgar a margem da sociedade. Tão somente depois é possível receber a capacitação e qualificação para o trabalho. Portanto, a criança, o jovem e o adulto são trabalhados na perspectiva de percepção do mundo do trabalho e só depois eles devem decidir para qual mercado de trabalho eles precisam conhecer para trabalhar.
Por isso Carneiro, (2018, p. 53) assegura o pensamento e conclui com a ideia de que “a educação escolar é a grande porta para a mobilização do sujeito”.
Art. 2º - A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (CARNEIRO, 2018, p.53).
Acerca do artigo definidor das responsabilidades sobre a educação, podemos perceber desde a primeira que frase que é extremamente belo, inteligente e muito bem definido. Trata-se das responsabilidades primeiras, dos princípios e fins da educação, ou seja, de qual fonte se abstraiu o dever de educação e para que serve a educação.
O autor traz uma excelente citação de Tomás de Aquino, que define principio como “[...] aquilo de onde alguma coisa procede; tudo que de alguma maneira, opera como ponto de procedência para outra coisa, dizemos ser principio”. Apud Carneiro (2018, p.53).
Há um consenso geral de que a família e o Estado são os responsáveis pela educação. A constituição brasileira optou pela organização desse entendimento. Assim, conclui-se que a LDB tão somente confirma e explicita os pontos centrais dessa responsabilidade.
Portanto é possível concluirmos que é na família onde a criança vai desenvolver a base, o alicerce que dará sustentação para o crescente desenvolvimento na escola. Nesse ambiente ela precisa estar dotada de autoestima, aceitação, autonomia, dentre outros atributos decorrentes da vida familiar.
Por fim, à luz desse artigo e, considerando as lições de Carneiro (2018), conclui-se que a finalidade da educação possui algumas naturezas, como por exemplo: o pleno desenvolvimento do educando, que se traduz em uma trajetória progressiva e equilibrada; preparo para o exercício da cidadania, ou seja, o cidadão, titular de direitos e deveres sente-se inserido na sociedade ao participar tendo direitos sociais básicos, como educação, saúde, trabalho, lazer, segurança, dentre outros.
Nesse momento trataremos dos incisos IV e X, do artigo 3º da LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), de suma importância para a matéria.
Art. 3º - O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
IV- Respeito a liberdade e apreço à tolerância; X- Valorização da experiência extraescolar;
Vale a pena ressaltar que os princípios do Artigo 3º estão elencados no artigo 206 da CF. Assim, eles assumem a forma de ordenanças universais ou questões incontroversas que precisam de interpretação de cada sujeito para sua realização, pois que são aliadas no cotidiano do ensino ministrado nas escolas brasileiras. É por isso que a educação é direito de todos e dever do Estado, razão pela qual a forma de ensinar deve ser sistematizada, baseada em princípios básicos que são o fundamento do mundo dos valores e que servem de orientação para o ritual da organização escolar.
Nesses aspectos os princípios começam a tomar forma concreta no dia a dia da vida em sociedade porque a responsabilidade objetiva, visível podemos ver nos fatos e acontecimentos que são produzidas e que, por muitas vezes, são questionadas na vivência do cotidiano escolar, formando culturas escolares que delineiam os procedimentos em instituições e sistemas educativos.
Por exemplo, o inciso IV reforça o quanto a liberdade é importante e precisa ser valorizada, além dela a tolerância é imprescindível em qualquer ambiente, seja ele familiar ou escolar. No entanto, somente na leitura ficamos questionando de que se trata isso. Na vida experimentada isso acontece muitas vezes como nas horas de explicações e os questionamentos, ou nas dúvidas ou nos debates que acontecem em sala de aula, ou nas assembleias de alunos ou de professores e assim, sucessivamente. E a tolerância é quando respeito o direito do outro de também poder dizer coisas e produzir acometimentos no ambiente escolar, sem produzir qualquer constrangimento, ainda que não concorde, eu posso e devo tolerar.
Questão que merece maior compreensão também está disposto nesse Artigo. Por exemplo, o inciso X aponta a valorização da experiência extracurricular, essa experiência precisa ser considerada relevante para que o aluno tenha o conhecimento ampliado, e também o conhecimento prévio valorizado.
Já em relação a concretização das ações para desenvolvimento das instituições educativas, os legisladores foram precisos em definir garantias de que esse direito será realizado, queiram alguns ou não queiram. Isso mostrar que nossos gestores devem realizar esta política pública como garantia do direito das pessoas e como dever e responsabilidade dos agentes do Estado. Assim diz a norma:
Art. 4º- O dever do Estado com Educação escolar publica será efetivado mediante a garantia de:
Educação básica obrigatória e gratuita dos 4 aos 17 anos de idade, organizada da seguinte forma: (Inciso com redação pela Lei 12.796, de 04/04/2013):
Pré-escola (Alínea acrescida pela Lei 12.796, de 04/04/2013);
Ensino Fundamental (Id);
Ensino Médio (Id);
Educação infantil gratuita às crianças de ate 5 anos de idade ( Inciso com redação dada pela Lei 12.796, de 04/04/2013);
[...] X- Vaga na escola pública de Educação Infantil ou de Ensino Fundamental mais próxima de sua residência a toda criança a partir do dia em que completar 4 anos de idade.
Nesse sentido, essa consagração do disposto no Artigo 4º da LDB trata de deveres e obrigações, ou seja, o Estado deve garantir a educação básica escolar de qualidade. Como mecanismo dessa configuração podemos observar as regras estatuídas no inciso I quanto à gratuidade do ensino dos 4 aos 17 anos de idade, cuja forma será a pré escola, ensino fundamental e ensino médio respectivamente. Assim, a afirmação do Estado a partir de uma politica pública como a educação podemos ver a responsabilidade estatal em configurar aquilo que pode/deve oferecer ao povo para fazer concretamente a educação pública e a escolarização.
Nesse sentido, a LDB oferece as bases da educação nacional. Acerca da palavra base, vale a pena considerar o seguinte:
A própria etimologia do termo base nos confirma esta acepção de conceito e etapas conjugadas sob um só todo. Base provém do grego b á s i s, e ó s e significa, ao mesmo tempo, pedestal, suporte, fundação e andar, pôr em marcha, avançar. A educação básica é um conceito mais do que inovador para um país que, por séculos, negou de modo elitista e seletivo, a seus cidadãos o direito ao conhecimento pela ação sistemática da organização escolar. (CURY, 2002, p.170).
Acerca do pensamento acima, queremos destacar que a palavra base nos faz imaginar que a educação básica, na qualidade de suporte para as demais fases da vida acadêmica, desempenha um papel importante. Com isso queremos dizer que trata-se do fundamento sobre o qual a criança vai desenvolver o conhecimento, bem como a capacidade de participação na vida social, por exemplo: ela terá voz ativa na comunidade, e dessa forma desenvolverá o sentimento de pertença.
Outro ponto importante, que também queremos enfatizar, é que a educação básica precisa ser ensinada de forma metódica, pois, se trata de uma ação sistemática da organização escolar. Além disso, ela se trata de um direito que por muito tempo foi negado às classes menos favorecidas.
Por essas definições, chamamos atenção para o inciso II que visando deixar bem preciso suas prescrições ratificam as informações do inciso I, com destaque para a gratuidade do ensino às crianças. E, no fim da determinação, o inciso X consagra que toda criança a partir dos 4 anos de idade tenha vaga em escola pública, seja de educação infantil ou ensino fundamental, de localização próxima a sua residência.
Diante da mudança ocorrida com a nova redação do artigo 4º, em que diz respeito a prestação obrigacional do Estado vale a pena apontar a lição de Carneiro:
A ideia do legislador não é apenas incorporar novos sujeitos da educação básica, senão qualificar a educação infantil, evitando deslizamentos conceituais e operacionais que tem como base a tendência crônica do Estado brasileiro de confundir assistência social com educação. (CARNEIRO, 2018, p.90)
É interessante apontar que a leitura desse artigo seja feita em conjunto com a nova redação do artigo 208 da Constituição Federal. No disposto na Carta Magna podemos ver que:
Art. 208 – O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:
I- educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) ao 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria. (EC 14/1996, EC 53/2006 e EC 59/2009).
Vale ressaltar que o preceito trazido no inciso X, do Art. 4º tem uma consequência pratica, pois, requer da família o envolvimento com o projeto pedagógico escolar. Nesse relacionamento tem-se a figura da escola, professores, família e comunidade. É o que esclarece estudioso do tema, Moaci Alves Carneiro, ao confirmar que: “o componente da proximidade geográfica facilita esse relacionamento e, mais do que isto, aprofunda, na criança e no aluno, o sentimento de pertença e de sujeito social e cultural ambientado”. (CARNEIRO, 2018, p. 167).
O artigo 11, da LDB, apresenta o Município, como sendo o lugar da cidadania. É nesse espaço delimitado que o cidadão, enquanto ser social desenvolve-se e vive na prática a sua história de vida.
Art. 11- Os municípios incumbir-se-ão de:
Oferecer Educação Infantil em creches e pré-escolas, e, com prioridade, o Ensino Fundamental, permitida a atuação em outros níveis de ensino somente quando estiverem atendidas plenamente as necessidades de sua área de competência e com recursos acima dos percentuais mínimos vinculados pela Constituição Federal à manutenção e desenvolvimento do ensino;
Nesse disposto, chamamos atenção para o inciso V que prescreve a prioridade da educação infantil e ensino fundamental. Portanto, num primeiro plano o munícipio deve oferecer serviços públicos para essa população escolar. Esta deliberação legislativa aponta a necessidade de priorizar, dentro da educação básica, uma relação intensa com as denominadas bases da educação, afirmando e assegurando o mínimo do ensino que deve ser oferecido.
Contudo, essa não tem sido a realidade brasileira. Apesar do texto legal, ser bem preciso e incisivo, isso não ocorre na inteireza e necessidade da realidade social das nossas famílias e crianças. É o que informa a excelente pesquisa do estudioso desta área, registrado nos seguintes dizeres.
É lamentável reconhecer que mesmo com o advento da Fundeb, a Educação Infantil ainda não entrou definitivamente na agenda das responsabilidades municipais. Nesta área, quase tudo está por ser feito em 60% dos municípios brasileiros. Desde os cuidados com a infraestrutura até a formação do pessoal docente e de apoio. Este setor da educação municipal é formado de unidades educacionais improvisadas, constituindo apenas redes de escolas, e não propriamente sistemas consolidados de ensino. (CARNEIRO, 2018, p. 253).
Esse apontamento demonstra que a educação infantil está sedimentada em redes de escola. Contudo, o ideal seria um sistema próprio de ensino para esse nível de escolaridade. Diante disso, vislumbra-se que ainda existe uma longa jornada a ser percorrida pela educação infantil, no que diz respeito à sua estruturação, quadro docente e apoio.
Ao intensificar a respeito do tema, um outro estudioso aponta algumas questões necessárias para que posamos compreender a realidade da educação infantil:
A nova LDB, que apesar de já ter completado seus 20 anos, se caracterizou como um marco histórico importantíssimo para a Educação Infantil, pois responsabilizou os municípios no atendimento das crianças de 0 a 6 anos e estabeleceu um curto espaço de tempo para que os mesmos se organizassem e assumissem a Educação Infantil em seus respectivos sistemas de ensino. (NASCIMENTO, s.d., p. 22108).
Dessa forma o município precisa tratar a educação como modo prioritário para essa área, dando mais atenção para os devidos cuidados com a educação infantil, possibilitando assim a manutenção e desenvolvimento do ensino (art. 211 e 212 da CF). Tal perspectiva permitirá aumentar o potencial e a qualidade educativa, contribuindo com ampliação da qualidade da aprendizagem e potencialidade do ensino nessa fase da educação infantil.
A principal normativa brasileira para a educação, a Constituição Federal estabelece os pontos a serem observados pelo Município.
Art. 12- Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de:
Articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de integração da sociedade com a escola;
Informar pai e mãe, conviventes ou não com seus filhos, e, se for o caso, o responsáveis legais, sobre a frequência e rendimento dos alunos, bem como sobre a execução da proposta pedagógica da escola;
As definições aqui presentes inicialmente tratam das normas comuns, partindo em seguida para as normas de ensino que toda escola está vinculada, tanto na esfera estadual ou municipal. Diante disso é pacifico o entendimento de que cada escola possui, ou deveria possuir um eixo de responsabilidades que envolvam a proposta pedagógica bem como sua equipe de planejamento e execução de atividades escolares. Assim, estariam envolvidos os professores, o pessoal da secretaria administrativa, os pais, responsáveis, pessoas da comunidade, dentre outros. Caso isso aconteça, o objetivo primordial será alcançado: A educação escolar como um bem público, amparada por políticas públicas direcionada para atender as crianças, abraçando assim os direitos fundamentais inerentes à elas.
Na nossa percepção, essa deliberação aponta oito incisos necessários para que a escola desenvolva uma auto avaliação institucional. Acerca disso vale a pena citar GROCHOSKA (2013 apud CARNEIRO, 2018) Carneiro (2018, p. 259-260).
“[...] a avaliação institucional pode fornecer dados importantes para a construção e a efetivação do Projeto Político-pedagógico da escola, servindo ambas para uma melhor definição de identidade, autonomia, missão e objetivos institucionais. Este resultado contribui para a melhoria da unidade de ensino, tornando-se uma eficaz estratégia de gestão democrática e participativa”. (GROCHOSKA, 2013, p. 11 apud CARNEIRO, 2018, p 259-260).
É nesse contexto que a escola precisa aderir uma rotina de permanente auto avalição, pois, a educação básica também carece de uma gestão metódica com vistas a um efetivo e contínuo cuidado de todos os colaboradores envolvidos.
Conclui-se assim que o conjunto de objetivos delimitados, quando de conhecimento dois cidadãos, podem ser exigido do Estado toda vez que um direito fosse negado ou ameaçado.
Já em relação a integração e interação entre a comunidade e a escola o inciso VI desse artigo traz a ideia de continua participação das figuras interessadas no bom desenvolvimento educacional das crianças. Assegura também que cabe a escola a criação de mecanismos para o envolvimento de pais, familiares, e comunidade. Afinal, a escola não é tão somente um lugar para passagem de algumas horas. Quando os familiares se sentem atraídos para participar efetivamente do Projeto Pedagógico escolar, um dos objetivos constitucionais acontece de maneira bem integrativa, qual seja a educação sendo tutelada pelo estado, família e sociedade. E, na nossa compreensão, esse é o caminho ideal para que os alunos sintam-se abraçados, envolvidos e por fim com a autoestima em tal nível que jamais desejem abandonar a escola.
Na sequencia podemos compreender a continuidade do processo de integração. Assim, o inciso VII do referido Artigo Constitucional citado acima, faz com que se reflita sobre os reais objetivos do aluno que frequenta a escola, pois, reflete as reponsabilidades do aluno e também da escola. Nesse aspecto, a nossa compreensão é de que o aluno precisa compreender seus direitos e obrigações. Com esse dispositivo o Estado quer que o estudante possa se adequar as regras como, por exemplo, frequentar as aulas, possuir bom rendimento, e consequentemente alcançar êxito no estudo.
Contudo, para que esse processo evolua, a escola também deve apresentar uma proposta pedagógica que viabilize a participação da comunidade escolar de forma efetiva e extensiva. E, é preciso ressaltar que na execução da referida proposta, no decorrer dos dias de ação cotidiana de trabalho pedagógico, o conjunto de pessoas e organismos da escola deve observar alguns ajustes necessários diante de processo de aprimoramento, bem ainda das eventuais ocorrências inesperadas.
Para que isso se torne realidade no interior do estabelecimento do ensino é fundamental o diálogo entre a escola, os pais, e os responsáveis. Quando a escola notifica os pais, com a finalidade de que participem da vida escolar de seus filhos, acaba por instalar um mecanismo de controle que favorece o aprendizado e desenvolvimento dos alunos, fazendo com que pais e alunos se responsabilizem com a educação naquele ambiente escolar. Até porquê, conforme afirma, Carneiro: “Família desligada da escola é aluno desligado da sala de aula” (2018, p. 270).
Nesse momento discorreremos a respeito do Art. 18, da LDB, que trata das responsabilidades municipais de ensino.
Art. 18- Os sistemas municipais de ensino compreendem:
II- As intuições de Educação Infantil criadas e mantidas pela iniciativa privada; (Art. 18, LDB)
A essência do artigo 18, da LDB é estabelecer a compreensão da organização dos sistemas municipais de ensino. Interessante ressaltar que: a fundamentação deste artigo é oriunda do teor do artigo 18 da CF, que já havia fixado a autonomia dos municípios dentro da organização politica do Estado.
Da leitura desse artigo compreende-se que o Município é o protagonista no que diz respeito ao desenvolvimento do processo da educação infantil.
Com base nos comentários de Moaci Alves Carneiro, verifica-se que o funcionamento das instituições de ensino municipais sofrem um engessamento, ou seja, pouco avanço diante das necessidades da comunidade.
Diante disso a saída seria a descentralização de tarefas dentro da organização politica administrativa da República, afim de que o município, na qualidade de base essencial do sistema nacional de ensino receba a devida consideração. A visão que se espera é prospectiva para a construção de uma base educacional com estrutura consistente visando o bem de todos os cidadãos. Sobre isso, interessante apontar o seguinte comentário:
De qualquer sorte há de se reconhecer (e, mais do que isto aplaudir!) que a ideia de sistema municipal é um grande avanço em termos de descentralização da “ordem educacional”. O município é o real polo gerador da experiência de aprendizagem coletiva e, portanto, de uma verdadeira pedagogia politica. Por isso, ele é o berço da autêntica educação comunitária. (CARNEIRO, 2018, p. 295)
É dentro desse sistema que as instituições de educação infantil, criadas e mantidas pela iniciativa privada, desempenam também, um papel importantíssimo no âmbito da educação básica.
Nesse momento falaremos a respeito do Art. 21, da LDB. Esse artigo trata sobre a composição da educação escolar. É importante ressaltar que essa composição apresenta primeiro a educação básica, ou seja, aquela que apresenta para a Educação Infantil para a criança, disponibilizando recursos necessários para que essa criança se desenvolva como ser humano, bem como capaz de interagir com o outro (socialização).
Art. 21- A educação escolar compõe-se de:
I- educação básica, formada pela Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio;
O artigo 21 da LDB organiza a composição da educação escolar, assim esclarece que o primeiro nível da educação brasileira a educação básica é formada pela educação infantil, ensino fundamental, e ensino médio.
Nesse contexto, destacamos a educação infantil como a primeira fase da educação institucionalizada. A partir daí, pode-se afirmar, sem sombras de dúvida, que a educação infantil é parte indispensável da formação das pessoas enquanto sujeitos de cidadania e em desenvolvimento. É a base para o crescimento, desenvolvimento do educando. Caso essa base não seja bem fundamentada, fortificada com implementações e qualificações necessárias, dificilmente se terá uma formação de qualidade, bem como um bom desempenho nas fases posteriores.
Nesse sentido, uma definição precisa da legislação ajuda a compreender as razões dessa importância e da necessidade de intensificar o trabalho com essa fase da educação da criança brasileira.
Art.26- Os currículos da educação infantil, do Ensino Fundamental e do Ensino Médio devem ter base nacional comum, a sem complementada, em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos (caput com Redação dada pela Lei 12.796, de 2013).
A educação infantil também possui um currículo, cuja base está centrada em valores fundamentais de interesses sociais, bem como na formação da identidade da criança. É uma Base Nacional Comum, acompanhada de uma parte diversificada.
Este educador mostra o significado dessa fase da educação
[...] Significa, na verdade, que a educação infantil é enquadrada pela legislação brasileira, finalmente, no conceito técnico-pedagógico de educação escolar a (LDB, art. 1º, § 1º), com todas as tipificações pertinentes. Sai, assim, do campo difuso e exclusivo do simplesmente CUIDAR e entra na moldura inclusiva do cuidar/educar. (Carneiro, 2018, p. 321)
A atividade curricular, a exemplos dos demais níveis do sistema educacional também possui um caminho, um norte. Como tal tem a criança o direito de participar de uma aula e atividades planejadas, resguardando-as da mera improvisação. Essa premissa estabelecida no artigo em comento atribui à aprendizagem um selo de autenticidade e qualidade.
Assim, concluímos este capítulo ressaltando que a Constituição Federal e a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) são essenciais, pois, garante a sociedade uma educação acessível, gratuita e de qualidade.
A Educação Infantil na voz dos seus sujeitos.
Neste capítulo será apresentado o resultado da pesquisa do trabalho. E essa pesquisa é uma entrevista que buscou dados referentes ao tema investigado, para que dessa forma possamos compreender a importância das etapas da educação infantil, principalmente como a pré-escola impacta na vida de sujeitos do ensino, e o que ela proporciona aos alunos e professores. Assim, estes escritos vislumbram compartilhar partes dos acontecimentos pedagogizados que acontecem na relação educativa entre professores e crianças em estudos institucionalizados na infância.
Por isso, este conjunto de argumentos deve observar duas partes constituintes do trabalho. A primeira para esta organizadas como um conjunto de entrevista com sete crianças e pré-adolescentes – eles foram escolhidos para essa etapa por terem autonomia de falar de uma experiência que vivenciaram e também por estar nítido em suas memórias já que estudaram na E.I há pouco tempo. Portanto, são representações que as crianças possuem dos seus tempos de pré-escola e de creche. Na segunda parte, foi à vez de colher depoimentos de três pessoas que trabalham na educação infantil, sendo elas: uma coordenadora e duas professoras.
Entrevistar essas profissionais da educação também foi muito importante, pois, elas vivenciam esse tão importante espaço escolar, e conhecem melhor do que ninguém a importância, e os efeitos da educação infantil na vida da criança. Nesse quadro, para a realização dessa pesquisa, cada responsável assinou um termo de autorização para seus filhos participarem. E como forma de preservar a identidade das crianças e pré-adolescentes, serão utilizadas letras do alfabeto para descrevê-las, suas respectivas idades e qual ano escolar que cursam atualmente.
A coordenadora, e as professoras também assinaram o termo de autorização.
Contudo, a segunda professora entrevistada preferiu usar nome fictício, assim, foi feito.
Algumas compreensões sobre educação infantil por quem, recentemente, viveu a infância
O primeiro entrevistado é uma adolescente de 13 anos, que chamaremos de Angélica e hoje estuda no 8º ano do ensino fundamental na Escola Estadual Desembargador Gabriel Pinto de Arruda.
Quadro 1: Respostas da estudante nº 1
Pergunta realizada | Resposta do estudante |
1. Pra você, o que é ser criança? | Pra mim, ser criança é estudar e brincar. |
02. Você estudou e brincou na creche/pré-escola? Do que você mais gostava? | Sim. Eu gostava de mais cantar, brincar, alguns professores e comer. |
3. Qual a melhor lembrança que você tem dos professores? | As minhas melhores lembranças foram quando a professora me deu 10 no desenho, e de quando ela brincava comigo no parquinho. |
4. Qual a melhor lembrança dos seus colegas? | A única amiga que tenho lembrança é a Gabi, a gente brincava e estudava juntas. |
5. Como foi pra você sair da pré- escola para estudar na escola? | Foi difícil porque eu gostava da creche lá era legal, e eu tinha medo da escola não ser. |
A primeira percepção que temos desse adolescente é sobre o modo como a creche está na sua cabeça. Longe da ideia de trabalhar, distante da noção de estudar, bem afastado das compreensões em torno da escola, este estudante demonstra que a instituição educativa o marcou significativamente. Uma das respostas demarca muito bem o apreço que ele tinha pela instituição educativa e como as atividades na creche o marcou, quando ele assegurou que “Eu gostava de mais cantar, brincar, alguns professores e comer”. Veja que além das especificidades do brincar e comer, ele relembra que gostava de alguns professores.
Temos defendido a ideia de que participar, brincar e aprender são necessidades e direitos da criança que devem ser garantidos na escola, com a função de oportunizar a apropriação dos elementos da cultura em qualquer momento do desenvolvimento e da formação do sujeito. (QUINTEIRO; CARVALHO, 2012, p. 198).
Interessante é a sensibilidade que eles possuem ao fazer o esforço de rememorar os estudos na creche. Talvez até mesmo possam fazer confusão com a pré-escola, outra etapa da educação, mas demarcam bem os tempos de creche porque narram, de maneira categórica, suas vivências. Das brincadeiras aos amigos eles recordam uma infância vivida no interior das instituições de ensino que lhe proporcionaram modos significativos de experimentação da vida, da produção de experiências que lhes são significativas nos dias de hoje.
O segundo entrevistado é um estudante de 11 anos, que o chamaremos por Bernardo e hoje ele se encontra estudando o 5º ano do ensino fundamental na Escola Estadual Desembargador Gabriel Pinto de Arruda.
Quadro 2: Respostas da estudante nº 2
Pergunta realizada | Resposta do estudante |
1. Pra você, o que é ser criança? | Pra mim, ser criança é estudar, brincar com os meus amigos e ajudar em casa. |
2. Você estudou e brincou na creche/pré-escola? Do que você mais gostava? | Sim. Eu gostava mais do recreio, e das sextas feiras que tinha banho de piscina. |
3. Qual a melhor lembrança que você tem dos professores ? | A melhor lembrança que eu tenho é da professora Juju, porque ela jogava bola com a gente e era muito legal. |
4. Qual a melhor lembrança dos seus colegas? | Meus melhores amigos era o Rafael meu primo, e o Vinicius, a gente jogava beyblade, e cartinhas. |
5. Como foi pra você sair da pré escola para estudar na escola? | Pra mim, foi normal ir para a escola, porque eu já sabia escrever e pintar um pouco, eu já estava acostumado estudar. |
Este segundo entrevistado tem uma percepção da realidade que mostra muito bem como é a relação escola/família e como essa articulação das duas instituições podem reforçar e melhorar o processo educativo, interligando temas da vida das crianças. Por exemplo, quando a criança assegura que “ser criança é estudar, brincar com os meus amigos e ajudar em casa”, o adolescente tem um modo preciso de demonstrar relação direta entre o ensino e o seu fazer em casa, entre a escola e a família porque a infância está ligada a brincadeira, estudos, mas também ao cuidado com sua casa, ao cuidado com seus objetos e afazeres na família. Significativa aprendizagem que traduz bem essa articulação nos modos de ensino. Assim, de acordo com as Diretrizes Curriculares para a Educação Infantil,
A criança, centro do planejamento curricular, é sujeito histórico e de direitos que se desenvolve nas interações, relações e práticas cotidianas a ela disponibilizadas e por ela estabelecidas com adultos e crianças de diferentes idades nos grupos e contextos culturais nos quais se insere. Nessas condições ela faz amizades, brinca com água ou terra, faz-de-conta, deseja, aprende, observa, conversa, experimenta, questiona, constrói sentimentos sobre o mundo e sua identidade pessoal e coletiva, produzindo cultura. (BRASIL, 2009, p. 06).
Ao assegurar sobre suas relações sociais, a criança tem a segurança de poder citar o nome dos seus amigos que estão na lembrança da vida na educação infantil. Assim, comparece na narrativa que “Meus melhores amigos era o Rafael meu primo, e o Vinicius, a gente jogava beyblade, e cartinhas”. Portanto, numa junção de amigos, há espaços para compartilhar amigos, realizar brincadeiras e jogos e fazer permanência de uma experiência única na vida delas. A amizade, a interação e o desenvolvimento infantil contam aqui com relações frutíferas para ampliar a qualidade da educação infantil das nossas crianças.
Mais interessante ainda é a perfeita articulação entre pré-escola e início da escolarização, ou dito de outro modo, a relação direta e estreita entre educação infantil e ensino fundamental. Percebamos que a criança tem noção perfeita da importância da pré- escola na vida dela. Senão vejamos o que ela diz sobre a sua passagem da educação infantil para o processo de escolarização: “Pra mim, foi normal ir para a escola, porque eu já sabia escrever e pintar um pouco, eu já estava acostumado estudar”.
A criança pequena pensa e reproduz fatos que a cercam, para os quais conduz sua atenção bastante curiosa. A Educação Infantil é um espaço original, onde crianças pequenas podem se desenvolver como indivíduos ativos e criadores. Sua função é promover aprendizagens significativas, através das quais se revela o mundo interior da criança. Se a instituição de Educação Infantil puder proporcionar a criança pequena um espaço com muitas atividades com o brincar, estará propiciando melhores condições para que seja apta a, em diferentes circunstâncias, aprender por si mesma, conhecendo suas capacidades e limitações (ALMEIDA, 2003, p.24).
E, com conteúdo afirma que a aprendizagem nos primeiros momentos do ambiente educativo auxiliou a desenvolver e lhe dar tranquilidade para prosseguir nos anos do ensino fundamental. Muito instigante conhecer esta importância na própria voz da criança.
Um outro entrevistado é o estudante Carlos, hoje com 12 anos e estudando no 7º ano do ensino fundamental na Escola Estadual Desembargador Gabriel Pinto de Arruda.
Quadro 3: Respostas da estudante nº 3
Pergunta realizada | Resposta do estudante |
1. Pra você, o que é ser criança? | Ser criança, pra mim, é divertir, brincar com os meus amigos, estudar e mais coisas. |
2. Você estudou e brincou na creche/pré-escola? Do que você mais gostava? | Sim, eu estudei e brinquei na creche. Eu gostava mais de brincar, pintar e comer. |
3. Qual a melhor lembrança que você tem dos professores? | Eu gostava das professoras que eram pacientes quando eu perguntava alguma coisa. E das quesempre me davam doces. |
4. Qual a melhor lembrança dos seus colegas? | A lembrança que eu tenho dos meus amigos é quando a gente pintava e andava junto, e se um machucava, nós nos preocupávamos. |
5. Como foi pra você sair da pré-escola para estudar na escola? | Quando eu fui pra escola eu estranhei no começo, por causa da quantidade de pessoas, porque na creche tinha menos alunos. E a parte boa é que eu já estava costumado a estudar |
Algumas crianças apontam também questões sociais importantes para conhecermos na relação educativa na educação infantil. Exta por exemplo ao citar as questões que mais gostava de vivenciar nas primeiras inserções da educação na sua infância diz categoricamente: “Sim, eu estudei e brinquei na creche. Eu gostava mais de brincar, pintar e comer”. Vejamos bem que não se trata de questão de passar forme, ter privações. O adolescente hoje se sente confortável em dizer uma verdade dos fatos.
Educar de modo indissociado do cuidar é dar condições para as crianças explorarem o ambiente de diferentes maneiras (manipulando materiais da natureza ou objetos, observando, nomeando objetos, pessoas ou situações, fazendo perguntas, etc.) e 8 construírem sentidos pessoais e significados coletivos, à medida que vão se constituindo como sujeitos e se apropriando de um modo singular das formas culturais de agir, sentir e pensar. Isso requer do professor ter sensibilidade e delicadeza no trato de cada criança, e assegurar atenção especial conforme as necessidades que identifica nas crianças. (BRASIL, 2010. p. 10)
A ideia de criança que está em instituição não é somente brincar ou estudar, mas também comer, se alimentar com os amigos, demonstrar capacidade de boas alimentações. Educação que faz diferença na vida das crianças porque também ela passa a acreditar nisso como um direito social.
A relação humana e princípios educativos, presentes na Constituição Federal, como vimos no Capítulo II, estão presentes na vida das crianças que estudam em creche/pré-escola. Vejamos que este cita bem a aquisição de princípios sociais e morais. Ao ser questionado sobre temas que gostava de vivenciar com seus amigos, ele afirmou: A lembrança que eu tenho dos meus amigos é quando a gente pintava e andava junto, e se um machucava, nós nos preocupávamos”. Vejamos então que a criança não cita nomes de amigos, mas assegura o exercício concreto do princípio de solidariedade humana, da tolerância, do respeito com os demais colegas, companheirismo e cooperação; isto porque fica preciso que a cada tombo, um levantar suave com as mãos dos companheiros. Aprendizagem que, com certeza, essa criança levará para toda a vida.
Um outro estudante trata-se de Danival Pereira, estudante do 5º ano do ensino fundamental e que hoje se encontra com 10 anos de idade estudando na Escola Estadual Desembargador Gabriel Pinto de Arruda.
Quadro 4: Respostas da estudante nº 4
Pergunta realizada | Resposta do estudante |
1. Pra você, o que é ser criança? | Ser criança, pra mim é jogar bola com os amigos, se divertir, estudar, comer. |
2. Você estudou e brincou na creche/pré-escola? Do quevocê mais gostava? | Sim. Eu gostava de brincar com massinha de modelar, brincar no parquinho, comer, de teramigos, pintar e desenhar. |
3. Qual a melhor lembrança que você tem dos professores? | Eu gosto da lembrança que a professora brincava com a gente no parquinho, contava histórias, desenhava e balançava no escorregador com a gente. |
4. Qual a melhor lembrança dos seus colegas? | O meu melhor amigo foi o Renan, eu brincava com ele, e até hoje eu brinco com ele, ele vem na minha casa, e a gente ainda estuda junto na escola, nós brincamos de esconde-esconde, e joga bola. |
5. Como foi pra você sair da pré-escola para estudar na escola? | Quando eu fui pra escola, eu não chorava mais, não sentia falta da minha mãe, porque já fazia parte da minha rotina. |
O papel do professor fica marcado na vida de seus alunos, isso pode ser de uma maneira boa ou ruim, mas sempre marcante, o professor que incentiva, ensina e tem afetividade consegue fazer com que seus alunos aprendam de maneira prazerosa.
O professor é mediador entre as crianças e os objetos de conhecimento, organizando e proporcionando espaços e situações de aprendizagens que articulem os recursos e capacidades afetivas, emocionais, sociais e cognitivas de cada criança aos seus conhecimentos prévios e aos conteúdos referentes aos diferentes campos de conhecimentos humano. (BRASIL, 1998, p.30):
Nota-se que no momento em que o estudante diz “Eu gosto da lembrança que a professora brincava com a gente no parquinho, contava histórias, desenhava e balançava no escorregador com a gente”, ele busca em suas memórias a presença da PROFESSORA, ou seja a mediação daquela professora foi de suma importância na vida desse estudante.
Outra criança entrevistada foi o Eduardo, que hoje se encontra com 9 anos de idade, portanto, com as lembranças bem precisas ainda dos seus dias na creche. Hoje ele estuda o 4º ano do Ensino Fundamental, também na Escola Estadual Desembargador Gabriel Pinto de Arruda.
Quadro 4: Respostas da estudante nº 5
Pergunta realizada | Resposta do estudante |
1. Pra você, o que é ser criança? | Bom, ser criança, para mim, é muito legal, pois, nessa fase da minha vida eu tenho muitos amigos, brinco bastante e estudo para valer. |
2. Você estudou e brincou na creche/pré-escola? Do que você mais gostava? | Sim. Eu gostava muito das festinhas, pois, eu me divertia bastante e comia bolo. Gostava também da hora do parquinho, porque eu brincava com os meus colegas e com a minha professora. |
3. Qual a melhor lembrança que você tem dos professores? | Na creche as minhas professoras me ajudaram muito nas atividades, e eu gostava muito porque enquanto elas nos ensinavam também tinhambrincadeiras ou musiquinhas. |
4. Qual a melhor lembrança dos seus colegas? | As minhas lembranças dos meus amigos são ótimas, eu tinha um colega na creche que era muito legal e amoroso, ele era especial e muito amado pelos professores e colegas. |
5. Como foi pra você sair da pré-escola para estudar na escola? | Quando eu saí da creche foi muito legal, porque eu me senti uma mocinha, mas ao mesmo tempo chato, pois eu já sabia escrever com letra cursiva e os meus colegas não. Diante disso, a professora tinha que dividir o quadro, um lado com letra cursiva e outro com letra bastão. |
A vida de estudante efetivamente é marcada quando participa da educação infantil. Esta adolescente tem uma visão interessante da vida. Primeiro porque ela acredita que ser criança está diretamente ligada a ideia de “fase da minha vida eu tenho muitos amigos, brinco bastante e estudo para valer”. Assim, relacionando amizades, estudos, brincadeiras que elas lembram a vida na educação infantil. Isso marca tanto que eles não conseguem esquecer momentos tão agradáveis na vida delas. Mais importante ainda é fazer a relação direta entre diversas situações que se articulam para formar uma etapa da vida dela.
A brincadeira infantil constitui uma situação social onde ao mesmo tempo em que há representações e explorações de outras situações sociais, há formas de relacionamento interpessoal das crianças ou eventualmente entre elas e um adulto na situação, formas estas que também se sujeitam a modelos, a regulações, e onde também está presente a afetividade: desejos, satisfações, frustrações, alegria, dor. (OLIVEIRA, 1988, p.110)
Isso fica bem compreensível quando a criança responde sobre o que mais gostava nos seus momentos de vivencia na educação infantil, na creche “Eu gostava muito das festinhas, pois, eu me divertia bastante e comia bolo. Gostava também da hora do parquinho, porque eu brincava com os meus colegas e com a minha professora”. Há sentido em todo a fala da criança na percepção da realidade vivida, os temas ganham vida na personagem da professora que era quem construía um mundo encantado para que ela pudesse desfrutar. Assim, a vida na infância passa a ser agradável para o desenvolvimento intelectual, pessoal e humano das nossas crianças.
Trabalhamos também com a criança Fernando, hoje com 12 anos de idade e está no 7º Ano do Ensino Fundamental.
Quadro 6: Respostas da estudante nº 6
Pergunta realizada | Resposta do estudante |
1. Pra você, o que é ser criança? | Pra mim, ser criança, é ter acesso a educação, segurança, e uma família pra amar e apoiar. |
2. Você estudou e brincou na creche/pré-escola? Do que você mais gostava? | Sim, eu estudei e brinquei. O que eu mais gostava era de brincar com os meus amigos. |
3. Qual a melhor lembrança que você tem dos professores? | De quando as professoras contavam história e passavam desenhos. |
4. Qual a melhor lembrança dos seus colegas? | De quando brincávamos no parquinho. |
5. Como foi pra você sair da pré-escola para estudar na escola? | No início achei que seria igual a creche, mas no decorrer do tempo fomos aprendendo coisas novas, como: ler e escrever. |
Destacamos aqui a fala da melhor lembrança que esse estudante tem do professor: “de quando as professoras contavam história e passavam desenhos”.
Ah, como é importante para a formação de qualquer criança ouvir muitas, muitas histórias... Escutá-las é o início da aprendizagem para ser um leitor, e ser leitor é ter um caminho absolutamente infinito de descoberta e de compreensão do mundo. (ABRAMOVICH, 2005, p.16)
Entretanto, a criança não sabendo ler de início, ela aprende a ler oralmente, sendo um ouvinte, é escutando que a criança absorve, suscitando o imaginário, criando seus personagens, heróis ou vilões.
Por fim, dentre as crianças, trabalhamos com o adolescente Gustavo que hoje se encontra com 11 anos de idade e estuda no 6º Ano do Ensino Fundamental.
Quadro 7: Respostas da estudante nº 7
Pergunta realizada | Resposta do estudante |
1. Pra você, o que é ser criança? | Pra mim, ser criança, é muito bom, pois, eu tenho acesso a educação, amigos, uma família e muita diversão. |
2. Você estudou e brincou na creche/pré-escola? Do que você mais gostava? | Sim. Eu gostava de brincar com meus amigos, pintar e desenhar. |
3. Qual a melhor lembrança que você tem dos professores? | Pra mim, a melhor lembrança que eu tenho dos professores era o dia que eles passavam filme edesenho. |
4. Qual a melhor lembrança dos seus colegas? | A minha melhor lembrança dos meus colegas é quando a gente sentava para conversar, lanchar e brincar. |
5. Como foi pra você sair da pré-escola para estudar na escola? | Pra mim, foi tudo muito novo, pois, na creche a gente brincava bastante e desenhava, mas na escola a gente tem que escrever e ler. |
A ludicidade tem um significado muito grande para o ensino/aprendizagem das crianças, utilizar o lúdico na hora de ensinar pode fazer muita diferença na hora da criança aprender.
O educador infantil que realiza seu trabalho pedagógico na perspectiva lúdica observa as crianças brincando e faz disso uma ocasião para reelaborar suas hipóteses e definir novas propostas de trabalho. Não se sente culpado por esse tempo que passa observando e refletindo sobre o que está acontecendo em sua sala de aula. (MOYLES, 2002, p. 123).
Notamos que o que todos citaram que mais gostavam era o ato de brincar, pois nesse momento eles conseguiam interagir com os outros colegas e com o professor, inventava, imaginava, desenhava e tudo isso ficou marcado nas lembranças desses estudantes. Eles conseguem associar as brincadeiras como momentos que eles viveram na etapa da educação infantil e não relacionam esse momento para o ensino fundamental.
Nesta segunda etapa da pesquisa será apresentada a entrevista da coordenadora e das professoras.
A educação infantil nas vozes de quem constrói no dia a dia as experiências da infância contemporânea e conecta com outras gerações.
No levantamento de dados referentes aos profissionais da educação, trabalhamos com alguns professores que se dispuseram a uma longa entrevista que aproveitamos partes delas neste trabalho, em função da falta de tempo para uma análise pormenorizada. Na oportunidade trabalhamos com a Coordenadora Pedagógica de uma instituição educativa da infância do município de Cáceres, a renomada e conhecida contadora de história para crianças, a Professora Izabel Cristina de Souza Saturnino da Silva.
Essa profissional da educação se formou na Universidade do Estado de Mato Grosso, realizou dois cursos e assim, ela é graduada em Letras e em Pedagogia. Pelos seus relatos ficamos conhecendo que a professora começou a trabalhar na educação infantil ainda em Pernambuco, quando ela concluiu o magistério em 1982. E, portanto, há mais de 30 anos a Professora Izabel dedica partes da sua vida para trabalhar na educação da infância brasileira, em especial, educação da criança cacerense. Ao trabalhar em instituição pública está professora se permite priorizar o trabalho com crianças de 05 anos. Isto porque essa faixa etária estimula a professora a desenvolver toda a potencialidade dela no trabalho, no cuidado, nas atitudes lúdicas com brincadeiras que auxiliam a sociabilidade, melhoria da coordenação motora e no desenvolvimento sócio cognitivo das crianças.
A segunda professora destas entrevistas é uma profissional que está em processo de qualificação na Unemat fazendo o mestrado. A Professora Suele Aparecida Leite de Souza, cursou Licenciatura Plena em Pedagogia na Unemat e concluiu em 2014. Ela desenvolve aditividades na educação infantil há apenas 03 anos. Trabalhando em instituição educativa pública em Cáceres, a professora tem preferência por trabalhar na pré-escola, cuidando da educação infantil na fase inical de transição da saída da creche.
Outra professora que foi entrevista trata-se de uma profissional que chamamos de Maria (nome fictício) para evitar exposição da própria professora que assim desejou que fosse. A professora Maria concluiu seus estudos de graduação em Pedagogia na Unemat, no ano de 2012 e há onze anos trabalha com a educação infantil. Ela tem uma opção preferencial pela creche, principalmente em trabalhos com crianças de 03 anos, no desenvolvimento dos últimos processos para ascensão a pré-escola. Portanto, momentos decisivos da transformação da vida escolar da criança é essa idade por inserir a infância no contexto mais específico de aprendizagem e desenvolvimento psicomotor, A professora Maria também faz questão de trabalhar em instituição pública de ensino.
Para intensificar o trabalho e buscar uma relação mais intensa entre os conhecimentos produzidos pelas professoras entrevistadas resolvemos tematizar as respostas para que possamos fazer uma única análise em função da falta de tempo suficiente para fazer todas as análises que desejamos. Assim, na primeira pergunta dirigida aos professores queríamos saber a respeito das suas considerações sobre a educação da infância e a importância dessa etapa educativa na vida das nossas crianças.
Quadro 8: Respostas das professoras pergunta nº 1
Pergunta realizada5. Qual é o significado e importância da existência da Educação Infantil? | |
Professora entrevistada | Respostas dos profissionais da educação |
professora Izabel Cristina de Souza saturnino da silva. | Primeira etapa da educação básica, e tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até cinco anos, em seus aspectos físicos, psicológicos e sociais. Sua existência é essencial e primordial para o aprendizado, porque a criança se socializa, se desenvolve, e melhora o seu desempenho escolar no futuro, visto que ela sai da educação infantil aos cinco anos, e vai para o processo de educação básica. [...] A criança que brinca, participa einterage se dá muito bem |
Professora: Suele Aparecida Leite de Souza. | Na minha opinião, de acordo com a base teórica que eu construí na minha formação e venho construindo na minha profissão, eu compreendo que a educação infantil é a base da educação básica, porque como nós sabemos a educação infantil é a primeira etapa, onde a criança vai interagir com as outras crianças, vai ser o primeiro contato da criança com outros grupos, onde ela vai aprender a questão das regras, vai aprender a compartilhar, vai se desenvolvendo de uma maneira bem natural nesse processo de interação que a educação infantil proporciona, porque como sabemos os documentos orientam que a educação infantil tem as suas finalidades que atuam diretamente nessa questão do desenvolvimento cognitivo, psicológico, físico e intelectual, |
Professora Maria (Nome fictício) | A Educação Infantil é muito significativa e importante, nós sabemos que ela começou com a luta das mães que trabalhavam nas fábricas, e precisavam de um lugar para deixar seus filhos, ou seja, ela começa apenas como assistencialista, e vai se configurando historicamente como não só algo assistencialista, mas também como algo educativo, essa Educação infantil que cuida e educa ao mesmo tempo. Então, ela é de extrema importância para a criança, porque sabemos que através de interações sociais a criança aprende tanto com seus pais, colegas e como com os professores e adultos supervisionando e mediando, dessa forma, a educação infantil é muito importante para o desenvolvimento infantil. |
Esta primeira questão destinada ao diálogo com as professoras pretendeu trazer a compreensão teórica de vivenciar a educação infantil. Por isso, as respostas pelos professores denotam toda uma capacidade de pensar/fazer esta etapa da educação de maneira singular. Os profissionais do ensino conseguem demonstrar de maneira qualitativa seus conhecimentos.
A professora Izabel fala da educação infantil assegurando que “Sua existência é essencial e primordial para o aprendizado, porque a criança se socializa, se desenvolve, e melhora o seu desempenho escolar no futuro”, demonstrando de maneira enfática, o quanto os estudos e a participação nesta etapa educativa contribui com o futuro da criança.
Já a professora Suele registra uma contribuição assegurando que: “[...] a educação infantil tem as suas finalidades que atuam diretamente nessa questão do desenvolvimento cognitivo, psicológico, físico e intelectual”, com esse pensamento, a profissional circula e demarca a área de abrangência das ações educativas na educação infantil, ampliando sua importância para qualificar essa etapa da educação básica.
Já a professora Maria, a respeito da educação infantil registra o seguinte: “[...] Então, ela é de extrema importância para a criança, porque sabemos que através de interações sociais a criança aprende tanto com seus pais, colegas e como com os professores e adultos supervisionando e mediando”, Nesses aspectos a professora acredita em trabalho institucionalizado, com responsabilidades compartilhadas e realizada por profissionais que se entrecruzam no desenvolvimento dos trabalhos para ampliação do potencial educativo das crianças.
Tem um papel particularmente importante durante os primeiros anos de vida, ao longo dos quais se assiste a um desenvolvimento intensivo das diversas faculdades intelectuais, artísticas e práticas, quanto as qualidades morais da pessoa se formam e quando o caráter começa a se manifestar (MAKARENKO,1976).
Essas considerações sobre a educação infantil nos levam a pensar a respeito da importância da educação infantil não somente como geração de emprego para professores ou transferência de responsabilidades da família para a escola. Nada disso. A educação infantil é importante enquanto política pública de acesso a educação para ampliação das condições de aprendizagem e avanços no desenvolvimento intelectual, motor, psíquico e social das crianças. Esta é a realidade, os que desconhecem essa importância não conseguem compreender cada ato, cada atividade, cada desenho, cada enrolada de papel, cada feitura de bolinhas de papel, cada processo de jogos e brincadeiras. Até porque a educação infantil é uma ferramenta importante na vida futura da criança, além de fazer um presente extremamente importante às crianças conforme seus relatos acima.
Na segunda pergunta tentamos conhecer um pouco sobre os modos como as crianças são inseridas no mundo da escrita, da leitura, da capacidade de uso dos órgãos dos sentidos, na busca pela inserção da infância no mundo social e cultural de uma sociedade. As respostas tiveram as seguintes definições.
Quadro 9: Respostas das professoras pergunta nº 2
Pergunta realizada6. Como você prepara os seus alunos para desbravarem o mundo? | |
Professora entrevistada | Respostas dos profissionais da educação |
professoraIzabel Cristina de SouzaSaturnino daSilva. | Através de experiências lúdicas, interativas, algumas brincadeiras, através das cantigas, do pintar, desenhar, ouvir, contar, e recontar histórias, entre outros que são etapas importantes para a construção da personalidade e da moral de cada indivíduo. Além disso, para a criança ter essas experiências é muito importante porque ela vai se afirmar enquanto cidadão. Ela aprende a respeitar o próximo. Quando colocamos as crianças em filas, algumas pessoas, fala: “Ah, trabalhar fila”, mas é importante porque ela precisa aprender, e a fila vai fazer com que ela tenha respeito, e aprenda a esperar a sua vez, porque tem criança que |
sempre quer ser a primeira, e na sala de aula existem varias crianças, e não apenas só uma, e ela tem que entender que ali tem outros coleguinhas, e que ela precisa participar e interagir. E a brincadeira faz parte de tudo isso, essa experiência do brincar é tudo na vida da criança. A criança que foi trabalhada com o lúdico vai ser muito mais feliz, eu tenho certeza. | |
Professora: Suele Aparecida Leite de Souza. | Eu preparo os meus alunos para desbravarem o mundo através das propostas de trabalho, objetivos das aulas que proponho, nas atividades, nas brincadeiras, para os alunos romperem os desafios, aprenderem as regras, e tudo isso é importante na aquisição da autonomia da criança, para aprender a falar, expressar, e sempre nas contações de histórias eu coloco as crianças para participarem das aulas, e através disso a criança vai perdendo a timidez , aprende a se relacionar, e começa a falar o seu entendimento. E durante as brincadeiras alguns alunos falam assim: “ah, professora, eu não sei” ou “ eu não quero participar”, e isso ajuda eles criarem um laço de confiança, ajudando também os alunos mais tímidos a se expressarem, e através dessas experiências lúdicas, eu sempre os incentivo, e falo que eles são capazes. E eu acredito que nós professores quando oferecemos essas oportunidades às crianças, ela vão sim poder desbravar o mundo de uma maneira coerente, de tal maneira que eles compreendam o que estão fazendo, observando o que está a sua volta, e é importante sempre apresentar o contexto que eles estão vivendo seja familiar ouescolar, e o professor proporciona do começo ao fim da aula esses conhecimentos para as crianças, e é dessa forma que eu trabalho. |
Professora Maria (Nome fictício) | 7. Como você prepara os seus alunos para desbravarem o mundo?Eu acredito que para o aluno desbravar o mundo, não há nada programado, ou seja, previamente programado, são as situações cotidianas que vão acontecendo e através da mediação do professor, onde ele vai ensinando e instruindo essa criança a enfrentar os desafios que a vida oferece. E desde o momento em que essa criança se separa da mãe e fica num ambiente escolar, para ele já é romper um limite, romper algo que lhe trazia conforto, então, o professor pode estar mediando para essa criança entender que as coisas que acontecem são passageiras. E de acordo com as situações cotidianas, na rotina da criança através de umambiente educativo, é possível instruir ela a desbravar o mundo. |
Essa segunda pergunta foi instigante porque depende das ações pessoais, dos modos de desempenho de atividades a partir dos referenciais de pensamento que constitui o trabalho. Nesse aspecto, a professora Izabel afirmou que “Através de experiências lúdicas, interativas, algumas brincadeiras, através das cantigas, do pintar, desenhar, ouvir, contar, e recontar histórias, entre outros que são etapas importantes para a construção da personalidade e da moral de cada indivíduo”. Assim, a professora intensifica sua primeira manifestação ao enumerar um conjunto de ações que realiza visando o desenvolvimento integral da criança. É isso que faz um profissional quando pensa/realiza o trabalho que lhe traz significado humano e profissional.
Ser professor da educação infantil, como profissional da relação, é entender que toda criança tem um corpo e uma história que se relaciona com a movimentação do seu corpo e com sua historia pessoal. Que o desenvolvimento infantil ocorre na complexa dinâmica de uma cultura na qual a professora e a criança estão inseridas. Portanto, ser uma profissional da relação na educação infantil é estar atenta e respeitar as individualidades,as diferenças e condições que cada criança apresenta para a interação com outros. (GARANHANI, 2004, p. 94)
Por sua vez, a professora Suele corrobora a outra professora ao afirmar os modos como realiza seus procedimentos. Nessa direção a professora registrou que “Eu preparo os meus alunos para desbravarem o mundo através das propostas de trabalho, objetivos das aulas que proponho, nas atividades, nas brincadeiras, para os alunos romperem os desafios[....] e continua a professora, acrescentando que faz tudo isso para [...] aprenderem as regras, e tudo isso é importante na aquisição da autonomia da criança, para aprender a falar, expressar, e sempre nas contações de histórias[...]” e finaliza, entendendo que: “[...] eu coloco as crianças para participarem das aulas, e através disso a criança vai perdendo a timidez , aprende a se relacionar, e começa a falar o seu entendimento”. Com isso, a professora argumenta suas ações, mostrando que tem entendimento e planejamento da importância das atividades que desempenha com as crianças sob sua responsabilidade.
No terceiro questionamento com as professoras, queríamos saber a respeito das contribuições da educação infantil para toda a vida da criança, como isso pode acontecer, o que, efetivamente, a criança leva para a vida toda como uma aprendizagem inesquecível e importante para a vida em sociedade.
Quadro 10: Respostas das professoras pergunta nº 3
Pergunta realizada7. Quais as contribuições que a Educação Infantil oferece para a vida da criança? | |
Professoraentrevistada | Respostas dos profissionais da educação |
professora Izabel Cristina de Souza Saturnino daSilva. | A educação infantil oferece contato com outras crianças e adultos, que é a interação, novas descobertas a partir de situações problemas, estimula o desenvolvimento integral da criança, além dos aspectos cognitivos e emocionais. [...] A educação infantil é tudo, e a criança tem que passar por esse processo sim, porque em casa a criança vai se desenvolver com a família é logico, mas ela vai aprender apenas os conceitos básicos, e já quando ela interage com o mundo lá fora ela aprende muito mais coisas, e sem contar que ela também pode trazer os conhecimentos de casa para a escola e vice-versa, ou seja, é uma troca. Então a criança de preferencia deve estar na educação infantil em uma escola, não sou contra quem quer ensinar em casa, mas na escola não tem comparação, a interação com a professora, com as outras crianças, ela aprende tudo. A educação infantil para a criança é mil, nota dez. |
Professora: Suele Aparecida Leite de Souza. | A educação infantil, pra mim, é importante pela questão do desenvolvimento da autonomia da criança nessa fase da educação. Porque a educação infantil proporciona diversas experiências para as crianças, então, através dessas experiências elas vão adquirindo o conhecimento, cuidados com o corpo, a questão dos desafios que elas vão rompendo através das atividades lúdicas e adquirindo essa autonomia de fazer alguma coisa sozinha, por exemplo: a higiene corporal, enfim, vários aspectos a educação infantil aborda na vida da criança. Mas, sempre considerando a faixa etária de cadacriança, respeitando assim o desenvolvimento intelectual de cada uma. |
Professora Maria (Nome fictício) | A Educação infantil contribui pelo fato de oferecer esse ambiente de interação social que a criança tanto precisa para a sua aprendizagem. E como agora nós estamos vivendo esse tempo de pandemia, em que a criança está nesse processo educativo, mas dentro de casa, longe das outras crianças, sem estar naquelainteração social, e isso provavelmente vai demonstrar que houve um regresso, e não tanto progresso na aprendizagem. |
Um planejamento bem elaborado do ambiente físico é importante, a organização da sala de aula tem influência sobre os usuários, determinando em parte o modo como professores e alunos sentem, pensam, e se comportam.
“As práticas pedagógicas que compõem a proposta curricular da Educação Infantil devem ter como eixos norteadores a interações e a brincadeira e garantir experiências que promovam o conhecimento de si e do mundo por meio da ampliação de experiências sensoriais, expressivas, corporais que possibilitem movimentação ampla, expressão da individualidade e respeito pelos ritmos e desejos da criança...” (DCNEI, 2010. p. 25).
O espaço da educação infantil deve ser considerado como um campo de vivências e exploração, proporcionando as crianças experiências, expressões e ações que vão possibilitar a ampliação de sensações e percepções do mundo que a rodeia.
Na questão seguinte tivemos a pretensão de questionar a respeito da responsabilidade maior de um profissional da educação infantil no tocante ao trabalho com crianças e a necessidade de estipular condições qualitativas de trabalho. Assim, o planejamento das atividades foi o foco deste questionamento.
Quadro 11: Respostas das professoras pergunta nº 4
Pergunta realizada8. Para que serve o planejamento e como você planeja as suas aulas? | |
Professora entrevistada | Respostas dos profissionais da educação |
professora Izabel Cristina de Souza saturnino da silva. | O planejamento, pra mim, serve para direcionar o professor em suas atividades na sala de aula, além de encontrar soluções de dificuldades que a própria aula tem. O planejamento não pode ser algo fechado, ou seja, aquele planejamento que diz: “Eu vou fazer isso, e vai dar certo”, porque muitas vezes no caminho não dá certo e você pode ficar perdido. Você pode reestruturar o planejamento com as ideias e assim chegar no objetivo. O planejamento também pode buscar avanços no desenvolvimento cognitivo da criança, e é esse o objetivo que a gente tem na escola: desenvolver a criança. Então,[...] Chegar na escola, principalmente na educação infantil sem plano, você vai se perder, não adianta improvisar desenhos, ou filmes, porque a criança logo enjoa, e sem contar que a criança passará quatro horas do seu dia na escola angustiada, então, pra evitar isso, eu aconselho que o professor faça seu plano de aula, e conforme a turma, não pode ser algo mirabolante, porque se não a turma não vai conseguir, o plano de aula tem que ser de acordo com a idade da criança, sempre lembrando que a criança tem o tempo dela. |
Professora: Suele Aparecida Leite de Souza. | O planejamento é de fundamental importância na vida profissional de cada professor, não tem como o professor ir para a aula sem planejar, sem prever, porque no planejamento nós colocamos os objetivos, o tema que iremos trabalhar, o que queremos alcançar nessa aula, entre outras coisas. [...] Dessa forma, o planejamento é fundamental, e eu compreendo que ele serve como um guia profissional, uma forma de organização para as aulas, assim, é inadmissível o professor ir para a sala de aula sem plano, e eu planejo as minhas aulas. [...] |
Professora Maria (Nome fictício) | O planejamento serve para nortear as ações e intervenções a serem desenvolvidas em sala de aula. O meu planejamento é mensal, e eu sempre trabalho com projetos e interdisciplinaridade. |
O planejamento é um dispositivo que subsidia a prática pedagógica do professor e que proporciona uma organização metodológica do conteúdo a ser desenvolvido em sala de aula.
O planejamento escolar é uma tarefa docente que inclui tanto a previsão das atividades didáticas em termos da sua organização e coordenação em face dos objetivos propostos, quanto a sua revisão e adequação no decorre do processo de ensino. Planejar é um meio para se programar as ações docentes, mas é também um momento de pesquisa e reflexão intimamente ligado à avaliação. (LIBÂNEO, p.221,1994).
Um planejamento bem é essencial, pois essa organização tem influência sobre as crianças, determinando em parte o modo como professores e crianças sentem, pensam, e se comportam. Um diagnóstico de observação é necessário para a elaboração de um planejamento que atenda as necessidades da educação infantil.
Para intensificar nossa aprendizagem tivemos a necessidade de conhecer um pouco da interação entre família e instituição educativa para compreendermos como lidar com as questões do desenvolvimento das crianças, efetivamente, no cotidiano da vida da família e o aprendizado nas escolas. Assim, tivemos as seguintes considerações.
Quadro 12: Respostas das professoras pergunta nº 5
Pergunta realizada10. Há uma interação entre a escola e a família? Como você percebe o comprometimento dos pais na educação de seus filhos? | |
Professora entrevistada | Respostas dos profissionais da educação |
professora Izabel Cristina de Souza Saturnino daSsilva. | Sim. As famílias interagem bastante no processo de ensino das crianças, os pais questionam bastante com muitos “porquês”: “Hoje vai ter merenda? Porque meu filho não fez a atividade da apostila?. E além dos questionamentos, eles participam, por exemplo, quando nós fazemos alguma festa, e nessa festa tem algum traje especifico porque vai ter apresentação e são temas, eles (pais) participam mandando as costureiras fazer, gritam, tiram fotos, filmam e compram o que tiver nas barraquinhas para ajudar a escola (porque infelizmente temos que fazer algumas festas, já que o dinheiro não dá pra tudo, ai depois revertemos o dinheiro arrecadado em materiais para as crianças). E eles (pais) tem o compromisso mais importante que eu acho, eu acho lindo, principalmente os pais, os homens, que estão participando muito, eles vão levar seus filhos na escola, sentam no pátio esperando a professora chegar, entregam seus filhos, e depois vão buscar na hora certa. As mães também participam, mas os pais chamam mais a atenção, já que antes isso era mais função materna, eles sempre perguntam: “Professora, está precisando de alguma coisa? O que eu posso fazer para ajudar?, pelo menos na escola que eu trabalho os pais tem participado muito, vão nas reuniões, participam das noites culturais, se interessam em conversar sobre o desenvolvimento das crianças, avisam quando os filhos vão faltar aula. E para mim, uma escola onde acontece isso já evoluiu muito, então a participação está ótima. |
Professora: Suele Aparecida Leite de Souza. | porque tem a questão do cuidado, já que a criança nunca tinha ido para a escola, por isso, eu percebo que nessa fase a participação da família com a escola é maior, assim, a escola sempre propõe situações para que haja essa interação, como eventos, onde buscamos essa participação. Nas datas comemorativas sempre há comemoração na escola, exemplo: dia da família. E no dia a dia também há essa comunicação, quando os pais vão à porta da sala de aula conversar com o professor, perguntar sobre seus filhos. E agora com o ensino remoto, há uma participação ainda maior, pois os pais assumiram a responsabilidade de continuar a educação em casa, o professor (eu) manda as atividades, procura interagir nos grupos de redes sociais (whatsApp), mas, ainda assim a responsabilidade maior fica com os pais, que estão presencialmente com seus filhos. Dessa forma, nesse momento de pandemia eu percebo uma participação maior das famílias, contudo na educação infantil o comprometimento é sempre maior. |
Professora Maria (Nome fictício) | Existe sim uma interação, mas infelizmente não são com todos os pais, e isso depende da clientela da escola, têm certas escolas onde os pais são mais participativos e outras devido o ritmo dos pais, como foram criados, quais profissões ocupam, se é um serviço braçal que às vezes requer muito. Por isso, é de acordo com a clientela da escola, mas sempre existem aqueles se comprometem e participam mais, e também tem aqueles que são mais ausentes devido a correria do dia a dia mesmo. |
A participação da família leva aos pais e familiares a conhecer o projeto político pedagógico da escola e assim compreenderem as necessidades escolares de seus filhos.
“Além disso, a escola deve contemplar a participação da família em conselhos administrativos possibilitando aos pais interferir diretamente no funcionamento da escola, apresentando sugestões e tomando decisões quanto ao planejamento de atividades e a realização de políticas escolares.” (MELO, p.10, s/d)
Para valorizar um pouquinho o trabalho dessas profissionais acreditamos que existam momentos marcantes e significativos na vida das professoras. Com isso, queríamos deixa-las livres para contar seus sucessos ou decepções. E, as histórias são magnificas.
Quadro 13: Respostas das professoras pergunta nº 6
Pergunta realizada11. Conte-nos uma experiência que demonstra a importância dessa fase educacional da vida da criança. | |
Professora entrevistada | Respostas dos profissionais da educação |
professora | No ano Letivo de 2019 quando ainda estava em sala de aula, |
Izabel Cristina de Souza saturnino da silva. | trabalhei um projeto com o tema sobre alimentação saudável com objetivo de incentivar as crianças a se alimentarem melhor e propagar esse gosto alimentar em suas famílias. Para tanto, fiz uma pesquisa com as famílias sobre os alimentos que as crianças mais gostavam de comer. Descobri que a maioria delas além do feijão, arroz, carne não comiam muitas verduras nem frutas. As frutas que foram mais citadas foram a manga, banana e a laranja. Além disso, percebi que muitas crianças estavam com os dentes cariados, aproveitei e acrescentei a higienização bucal. |
Professora: Suele Aparecida Leite de Souza. | [. ] No início do ano letivo, eu percebi que essa criança era bemtímida, não participava, e todos os dias chegava chorando na sala. Então, eu comecei a trazer aquela aluna para o cotidiano das atividades, para participar, sempre conversando e estimulando ela a falar, colocando os coleguinhas para brincar com ela, levando a para participar das brincadeiras, e chamando a pelo nome. E bem antes de iniciar essa pandemia, eu conversei com os pais delas, porque ela não estava mais chorando pra ficar na sala de aula, ela estava interagindo mais, e eu perguntei para os pais, como ela estava em casa, e eles me responderam: “Professora, com menos de trinta dias que ela está na escola, porque ela nunca tinha estudado antes, esse é o primeiro ano na educação infantil, e ela já está brincando, interagindo. Fomos num churrasquinho de uns amigos, e lá nem precisou falar pra ela brincar com as crianças, ela foi sozinha, e está falando melhor, já pronuncia bem as palavras.” Então, pra mim, essa experiência demonstra bem a interação da criança, e a importância dessa fase da educação infantil na vida da criança, porque proporciona tudo isso. |
Professora Maria (Nome fictício) | São inúmeras experiências, e uma que sempre me lembro com carinho é, de uma mãe, onde seu filho antes de conviver num ambiente escolar, era muito voltado para si mesmo, por exemplo, ele não sabia partilhar os brinquedos, e quando ele começou ir para o ambiente da escola, que tem um professor mediando, fazendo as interações, ensinando a dividir o brinquedo, ensinando a guardar o brinquedo após o uso. Esse aluno aprendeu tudo isso, e a mãe ficou maravilhada, essa é uma das experiências que eu me lembrei agora e que demonstra bem essa importância. |
As professoras se sentem bem nos momentos em que no espaço de escolarização em que as crianças se encontram, elas conseguem extrair momentos de aprendizagem escolar e social.
[...] a escola e os educadores devem saber como extrair dos ambientes físicos e sociais tudo o que pode contribuir para fortalecer experiências valiosas. Cabe à educação reconhecer no ambiente que experiências podem ser favoráveis e como eventualmente nelas se operam as forças internas e externas. (PINAZZA, 2007, p. 77)
De acordo com os relatos das professoras podemos perceber que o que mais marcou foi o fato de acontecer algo bom para as crianças e dessa forma ela se sentiu satisfeita, aqui nota-se que para saber ensinar tem que saber ter empatia. Um simples gesto carinhoso das mães para com as professoras, as fizeram se sentir importantes desempenhando o papel de ser professor e fazer alguma diferença na vida daquela criança.
Outras considerações sobre os resultados das entrevistas.
As entrevistas foram realizadas em duas etapas, a primeira com crianças pré- adolescentes, a fim de coletar dados que respondesse o que mais lhes chamava a atenção; a tentativa foi de encontrar explicações para conhecer os modos como representam as suas lembranças e transição dessa fase tão importante que é a educação infantil para a dos anos iniciais do ensino fundamental. As crianças pré-adolescentes foram escolhidos para participarem dessa pesquisa, pelo fato de terem estudado nessa fase educacional e também por se lembrarem melhor, já que recentemente estavam nessa etapa da educação.
Por outro lado, tivemos também longas entrevistas, que recortamos para apresentar aqui, com professoras extremamente qualificadas no campo da educação infantil. Essas profissionais da educação foram escolhidas pelo fato de terem autonomia, vivência, experiência larga e compromisso com o conhecimento das crianças para falar desse direito primordial que é a educação. E, como elas vivenciam esse tão nobre espaço escolar, elas podem descrever melhor do que qualquer pessoa. Essas entrevistas aconteceram entre os dias 16 de setembro a 01 de outubro. Ao nosso entendimento, para qualquer educador e qualquer estudante de Pedagogia, de maneira singular, é uma conversa que educa, que ensina, em que aprendemos muito com as experiências dessas profissionais. Daí a importância de trazer para este diálogo tão frutíferas compreensões da educação infantil.
Após parar e pensar um pouco a respeito do trabalho que fizemos, realizadas as entrevistas é possível apresentar algumas considerações sobre o tema, de maneira geral, para que possamos dialogar sobre o assunto de uma maneira interessante para todos nós como estudantes de Pedagogia.
Primeiramente é preciso tomar cuidado com o tem em questão devido a importância desse assunto para todos nós, principalmente diante da sensibilidade aguda de pessoas que lidam com a educação infantil e os que pensam não ser relevante. Assim, nossa consideração inicial é de que a educação infantil é de extrema importância, através dela as crianças na fase infanto juvenil produzem relações humanas que marcam a vida de cada de cada uma, potencializam desenvolvimento corporal e intelectual, ampliando sua capacidade cognitiva e multiplicando potencialidades da capacidade de raciocinar sobre os acontecimentos e também esses considerados “alunos” constroem relacionamentos, por vezes duradouros, de verdadeiras amizades a autenticidades de sentimentos humanos.
Nesta pesquisa foi possível observar que a educação infantil na vida das crianças é uma importantíssima etapa da formação, pois, é nesse momento que ela começa a experimentar e conhecer o mundo longe do núcleo familiar. E é nessa busca de conhecer esse mundo que potencializam todas as capacidades. Afinal, nessa etapa é possível fazer novos amigos, conviver com crianças diferentes dela e, fazer descobertas que não seriam possíveis caso ela vivesse fechada no ambiente familiar. Exemplificando, o estudante Carlos quando questionado sobre algo que marcou a vida dele na educação infantil, respondeu que: “A lembrança que eu tenho dos meus amigos é quando a gente pintava e andava junto, e se um machucava, nós nos preocupávamos”. Isso demonstra que a educação infantil promove a criação de princípios basilares, como o da ética, bem como agrega valores de cuidados com o outro, inclusive formando laços afetivos entre as crianças.
Mas, não é apenas isso. A educação infantil é muito mais importante ainda diante da realidade das nossas crianças porque impacta na vida social e afetiva dela, no desenvolvimento das suas potencialidades de pensamento, esta etapa da educação básica contribui significativamente na melhoria das condições de vida da criança.
No que diz respeito a construção do alicerce da personalidade e do conhecimento. Nessa fase as crianças recebem estímulos que marcaram os primeiros anos de vida, como aqueles essenciais para uma vida harmoniosa e feliz. Diante disso, fica evidente, que a educação infantil é um processo educativo, que possibilitará o contato com o outro e consequentemente o conhecimento do outro, aprender com o outro abre uma porta para a socialização com o próximo e com a sociedade. Para exemplificar, fazemos menção da resposta do estudante Gustavo, quando questionado sobre um ponto forte de aprendizado na educação infantil, conforme segue: “A minha melhor lembrança dos meus colegas é quando a gente sentava para conversar, lanchar e brincar”. Ou seja, essa criança diz que a educação infantil pra ela foi a oportunidade de desenvolver habilidades como estar com o outro, partilhar momentos, e promover a cidadania que carregaria por toda vida. A educação infantil é um processo diário, por isso, os pais precisam compreender que não é do dia para a noite que a criança irá se desenvolver de forma integral.
A educação infantil precisa ser guiada pelas “Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil”. Ela precisa desenvolver as seguintes habilidades: físicas, cognitivas, ética, estética, afetiva, relações interpessoais e inserção social, conforme enfatizamos no segundo capítulo desse trabalho. Acerca disso vale mencionar a fala da coordenadora Izabel:
“[...] Então a criança de preferência deve estar na educação infantil em uma escola, não sou contra quem quer ensinar em casa, mas na escola não tem comparação, a interação com a professora, com as outras crianças, ela aprende tudo. A educação infantil para a criança é mil, nota dez”.
Ao relatar essas compreensões a coordenadora insiste que, dessa forma, fica evidente a diferença que a educação infantil faz na vida da criança. E, dai nossa total concordância com a professora porquê podemos compreender pela fala das crianças toda potência da educação infantil na vida de quem já está avançado no processo de alfabetização. As próprias crianças reconhecem isso. Logo, a aplicação da educação infantil bem consolidada resultará na vida de um adulto mais feliz, com autonomia e bons relacionamentos.
Além de toda a importância na melhoria da qualidade da aprendizagem da criança, a educação infantil permite trabalhar com um modo muito mais instigante para a criança. Ao inseri o lúdico no cotidiano da vida delas, a aprendizagem faz avanços em função de que relacionar brincadeira, educação e cuidados a ludicidade permite aprender brincando e com prazer de desenvolvimento cultural intenso. Porque a criança se vê aprendendo na beleza das relações com as coisas. Assim, a ludicidade precisa ser compreendida por nós pedagogos, como recurso indispensável para a educação infantil. Trabalhar de forma lúdica proporciona aprendizagem com características que impressionam a criança e gera prazer em estar em ambientes de aprendizagem como a creche e a pré-escola.
Nossa compreensão mais acentuada depois destas leituras e entrevistas quer acreditar que nesse processo educativo a criança é conduzida de tal forma que passa a fazer encontros com coisas desconhecidas de maneira natural, ou seja, faz descobertas afetivas, cognitivas e, brincando adquire conhecimento específicos tais como: A língua oral e escrita, ciência como matemática, geografia e história vão sendo intensificadas pela criança em função, principalmente, da curiosidade aguçada. Uma criança inserida nesse contexto se tornará um adulto com sentimento de pertença tanto em relação ao outro, quanto á sociedade. Sobre esse ponto, é interessante apontar a experiência da coordenadora Izabel:
[...] E através dessas experiências que eu trabalho em sala de aula, eu posso dizer que o lúdico é tudo, eu já falo tudo porque pra mim a ludicidade está em tudo, todas as atividades que eu trabalho, seja matemática, história, língua portuguesa, o que for, eu trabalho de forma lúdica com a criança, porque ela aprende com alegria, e vai repassando esse conhecimento.
Através dessa explicação da coordenadora Izabel é possível chegar a uma compreensão de que a ludicidade é um recurso fundamental na educação infantil, sem ela o processo seria prejudicado. Até porquê a aprendizagem da criança na educação infantil não se trata de conhecimentos que serão findados em si mesmos, nada disso, os saberes apreendidos tentem a potencializar a criança para outras aprendizagens e assim sucessivamente, os conhecimentos da criança são multiplicados em função de interconexão de aprendizagens na educação infantil e, de maneira singular, na continuidade do desenvolvimento da criança. Exemplo típico é a coordenação motora de uma criança. A diferença é gritante entre uma criança que teve acesso a educação infantil e uma criança não conseguiu estar presente, na idade necessária, no desenvolvimento da motricidade. Logo, o nível, a rapidez, a potência de uma criança diferem muito da outra. Só quem trabalha em sala de aula com essas crianças compreendem esse processo e essas situações.
Outra questão importante da educação infantil é o tema da autonomia intelectual e social da criança. A autonomia permite que a criança se desenvolva, e se sinta capaz de produzir e realizar atividades cotidianas. Dessa forma, a educação infantil sendo o alicerce da educação precisa promover essa importante habilidade. Conforme a professora Suele, afirma:
[...] A educação infantil é muito importante, é o alicerce da educação, e esse alicerce tem que ser bem trabalhado e bem desenvolvido para que a criança possa entrar nas outras etapas educacionais com bastante autonomia, e conhecimento sobre sua vida e seu contexto social.
É bom lembrar que em conversação com as mães dos entrevistados foi possível compreender que a vida da criança antes e depois da creche é alterada no que diz respeito a autonomia, por exemplo: a criança passa a realizar tarefas simples de forma independente, como vestir-se.
A educação infantil começou como apenas assistência social, mas ao longo do tempo se tornou uma etapa educacional que oferta educação e cuidado. Acerca disso a professora Maria (nome fictício), quando indagada a respeito da educação infantil, respondeu:
A Educação Infantil é muito significativa e importante, nós sabemos que ela começou com a luta das mães que trabalhavam nas fábricas, e precisavam de um lugar para deixar seus filhos, ou seja, ela começa apenas como assistencialista, e vai se configurando historicamente como não só algo assistencialista, mas também como algo educativo, essa Educação infantil que cuida e educa ao mesmo tempo.
Através da fala dessa professora, é possível perceber que a educação infantil, ao longo do tempo, se tornou integral, pois, ela foi criada para sanar necessidades de mães que precisavam trabalhar, e se tornou uma etapa do processo educativo, indispensável para o bom desenvolvimento e qualidade das fases posteriores.
Ao finalizar este capítulo percebemos que a educação infantil é fundamental, e a criança quando inserida nela, tem a oportunidade de se tornar um adulto mais feliz e desenvolvido em todos os aspectos. Outro ponto importante que aprendemos é que a criança antes de escrever, precisa brincar, aprender como cuidar do seu corpo, manusear a massinha de modelar, realizar transferências de recipientes, apertar diferentes objetos, como esponja, por exemplo, usar tesouras e outros.
Todas essas experiências são fundamentais para o seu desenvolvimento, por isso, a família precisa se conscientizar que brincando aprende, e aprende da melhor forma possível. Além disso, cada criança tem o seu tempo de aprendizado, e isso precisa ser respeitado. Essa educação infantil que cuida e educa ao mesmo tempo, tem o poder de transformar vidas, seja de seus profissionais, alunos ou família.
Considerações finais
A partir dos estudos realizados, na nossa compreensão, temos o entendimento bem formado a partir da teoria e das práticas dos professores que a educação infantil não recebe a devida atenção que merece. Sempre houve a necessidade de estudar/pesquisar sobre a relevância dessa tão importante etapa educacional. É valido ressaltar, de antemão, antes de detalhar as considerações, que a discussão desenvolvida nesse trabalho, não tem o intuito de determinar verdades absolutas, e sim de propiciar uma discussão no meio acadêmico.
Ao concebermos o referencial teórico de definições das instituições e dos sujeitos da pesquisa começamos a compreender a relevância da infância na vida das pessoas e como as instituições puderam potencializar ainda mais as condições de vida de uma criança. Assim, no decorrer da pesquisa em campo, ao entrevistar os educadores, foi possível constatar que esses profissionais devem estar preparados, e muito bem preparados, para essa tão nobre missão, educar e cuidar da infância. Esta é uma condição necessária. Portanto, quem não gosta de criança, não se atreva a intrometer-se com a primeira infância. Quem não consegue preparar atividades para educar crianças que não faça isso por lazer ou por diversão somente.
A pesquisa teve por objetivo o seguinte tema: Infâncias, Educação e Escolarização.
Delimitado ao tema pretende-se explorar o seguinte problema: Porque a Educação Infantil não tem recebido a atenção devida?
Assim, foram estabelecidos um objetivo específico em cada capítulo, afim de responder a problemática dessa pesquisa.
No capítulo I, o objetivo era demonstrar a importância da Educação Infantil, por isso esse capítulo foi voltado para a história da educação, foi feita uma relação com a educação infantil, onde a criança era vista como “adulto em miniatura”, e não como uma criança de fato.
O capítulo II tinha como objetivo, desenvolver uma discussão sobre as principais legislações em torno da Educação Infantil. Dessa forma foi abordada uma parte da Constituição Federal que trata especialmente da educação, e algumas partes especificas da Lei de Diretrizes e Bases (lei nº 9.394/96).
Já o capítulo III, o objetivo foi investigar as mudanças que ocorreram na vida das crianças antes e depois delas terem acesso a Educação Infantil. Assim, foi realizada a pesquisa em campo, onde conversamos com os pais, e entrevistamos sete crianças que passaram por essa importante fase educacional, e também três educadoras, uma coordenadora e duas professoras, que trabalham e lutam diariamente em prol da educação.
Diante dos apontamentos anteriores, podemos considerar que os objetivos propostos nesse trabalho foram alcançados, pois, no decorrer dos estudos, analises dos textos lidos, trocas de ideias com o nobre orientador da pesquisa, que tanto auxiliou para que essa fosse concluída, fez com que se vislumbrasse respostas favoráveis para os questionamentos levantados durante a pesquisa.
Nesse contexto o presente trabalho não foi realizado com o intuito de finalizar a discussão, mas sim para desenvolvê-la no mundo acadêmico, dentro da família, dentro dos espaços escolares, afim de que o tema seja refletido e respeitado por todos os envolvidos na missão de educar.
Ao nosso entendimento, a educação infantil precisa ser mais exigida por toda a sociedade. Não pode ser objeto de reivindicação somente de professores, mas sim do conjunto de pessoas de uma comunidade e de uma sociedade em função de que é por meio da educação infantil que a criança é qualificada para sua existência mais intensa na vida comunitária. Não há mais como fugir da educação na primeira infância. Na nossa visão, fora desse processo de institucionalização das crianças a criatividade e a capacidade das crianças são retraídas e até bloqueadas.
Precisamos afirmar também que as normatizações precisam avançar para auxiliar professores e instituições no desenvolvimento da educação, com maior potencialização das crianças. Ainda há muito por legislar como criação das condições materiais para os estudos da criança, tornando obrigatória a educação infantil na sua totalidade.
Ao mesmo tempo precisamos de maior reinvindicação das condições de atendimento da educação infantil. Desde alimentação até materiais para que nossos estudantes possam desenvolver o potencial criativo e as condições de aprendizagem de maneira adequada e com qualidade superior às condições das instituições e situações dos pais e professores existentes na atualidade.
Revendo o desenvolvimento do trabalho, verifica-se que os objetivos foram alcançados.
No decorrer do trabalho ficou evidente que a educação infantil é importante, já que é nessa etapa que a criança se desenvolverá de forma social e humana. A educação infantil se destaca como etapa indispensável, por conta da sua responsabilidade de oferecer as crianças, educadores competentes e comprometidos; contato com as outras realidades. Principalmente porque, na contemporaneidade, em virtude de que muitas famílias têm somente um filho ou uma filha, muitas crianças só tem a oportunidade de saírem do núcleo familiar quando vão para a educação infantil; oferta acesso a cultura, ciência, arte, e desenvolvimento da criatividade, através das propostas pedagógicas.
Por último, precisamos dizer que é importante lembrar que, foi prazeroso a construção desse trabalho. Compreender como a educação infantil transforma a vida da criança, e lhe prepara para as fases posteriores, nos dão forças para lutar diariamente por uma educação gratuita e de qualidade. Que as ações educativas na primeira infância aprimoram a criança para viver em sociedade, e compreender o seu significado em quanto criança com seus direitos, enquanto aluno com suas potencialidades, enquanto cidadão por seus direitos e obrigações e enquanto ser humano responsável por compartilhar modos de viver em sociedade. E que tenho pretensão de continuar investigando mais sobre esse tema tão relevante para a sociedade.
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