Buscar artigo ou registro:

A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL

 

Francesca Mônica de Oliveira Ferreira1

Artigo Científico Apresentado à Faculdade Única de Ipatinga, como requisito parcial para a obtenção do título de Pós- Graduação em Educação Infantil e Alfabetização.

 

 

RESUMO

 

O presente artigo tem como objetivo apresentar as contribuições do lúdico no processo de ensino aprendizagem, ressaltando a relevância da ludicidade como uma ferramenta de ensino, visando à construção de uma prática pedagógica que inclua jogos e brincadeiras como uma alternativa de aprendizagem. O trabalho estruturou-se através de pesquisa bibliográfica, que permite afirmar que a existência de jogos e brincadeira infantis, se bem aplicados, certamente ajudarão no desenvolvimento e no processo de ensino- aprendizagem. Dentre os referenciais teóricos destacam-se Friedmann (1998), Antunes (2004) e Campos (2001) que enfatizam o jogo e o brincar como ajuda para construir novas descobertas, bem como a importância do professor e da escola proporcionarem essas vivências. O lúdico pode ser usado como forma de provocar uma aprendizagem mais prazerosa e significativa, estimulando a construção de um novo conhecimento contribuindo, assim, para o desenvolvimento da criança. É através das atividades lúdicas que as crianças se preparam para a vida, assimilando a cultura do meio em que vive, a ele se integrando, adaptando se as condições que o mundo lhe oferece e aprendendo a competir, a cooperar com seus semelhantes, e a conviver como um ser social.

 

Palavras-chave: Desenvolvimento. Ensino-Aprendizagem. Lúdico.

 

Introdução

 

Sabendo-se que é de fundamental importância conhecer mais a fundo o trabalho de ensino-aprendizagem na Educação Infantil foi que buscou-se desenvolver o presente trabalho.

A importância do Lúdico para o desenvolvimento e aprendizagem tem sido objeto de discussões, pois inserem as crianças no mundo da fantasia e da brincadeira, onde o lúdico oferecerá uma essência de divertimento fundamental para o aprendizado.

Os conteúdos devem contemplar, portanto, atividades que evidenciem essas competências e promover valores. Os jogos e atividades de ocupação de espaço devem ter lugar de destaque nos conteúdos, pois permitem que se ampliem às possibilidades de se posicionar melhor e de compreender os próprios deslocamentos, construindo representações mentais mais acuradas do espaço. Também nesse aspecto, a referência é o próprio corpo da criança e os desafios devem levar em conta essa característica, apresentando situações que possam ser resolvidas individualmente, mesmo em atividades em grupo.

O lúdico desempenha um papel fundamental no aprendizado. Mas, não é o único

_______________________

1 FERREIRA, Francesca Mônica de Oliveira. Graduada em Pedagogia pela Faculdade Educacional da Lapa-FAEL(2010). Professora da sala de Recursos Multifuncional, na Escola Municipal Profª Alzira Maria da Silva. Colider-MT. Endereço para correspondência: E-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

 

componente do jogo. Existem outras funções para o mesmo, como com petição e passatempo,

independentemente de isso ser bom ou ruim, o que deve ser visto no jogo são seus aspectos criadores e não os negativos. Assim, buscar-se eliminar quaisquer vestígios de vulgarização da existência, vendo no jogo a possibilidade do exercício da criatividade humana (HUIZINGA, 1971).

O jogo está na gênese do pensamento, da descoberta de si mesmo, da possibilidade de experimentar, de criar e de transformar o mundo, onde se apresenta justamente o Lúdico. A ideia de jogo é central para a civilização.

Lúdico assume um papel importante no processo de socialização das atividades das crianças, pois acaba sobretudo desenvolvendo a criatividade e a participação cultura. (MARCELINO, 1997).

 

As brincadeiras oferecem um ensino-aprendizagem delicado, isto é, o educador precisa ser capaz de respeitar e nutrir o interesse da criança, dando-lhe possibilidades para que envolva em seu processo, ou do contrario perde-se a riqueza que o lúdico representa. (CUNHA 1994 p. 96).

 

Brincando a criança desenvolve a imaginação, estabelece afetos, explora habilidades, produz competências cognitivas e interativas, é brincando que a criança elabora conflitos e ansiedades, demostrando sofrimento e angústias que não sabe como explicar.

A criança é um ser espontâneo e a brincadeira deve estar sendo aplicada dessa espontaneidade, pois a criança brinca por prazer e porque sente vontade de brincar, com isso está expressando seus sentimentos e desejos. Cabe ao professor discernimento pedagógico para explorar da melhor maneira esse momento, criando espaços, disponibilizando materiais, fazendo assim a mediação do conhecimento.

Se desvalorizar o que a criança tem demais verdadeiro que é seu movimento natural e espontâneo de brincar e passar a valorizar o conhecimento formalizado, a brincadeira não será abordada do ponto de vista pedagógico, ou seja, como fonte de estímulo para o desenvolvimento da criança.

Criança que brinca, aprende mais e o educador que se propõe a utilizar essa ferramenta facilitadora da aprendizagem também aprende. É brincando que a criança atribui sentido ao seu mundo, como ela o interpreta e o assimila.

É difícil alguém dizer que criança não precisa brincar, porém são raros os adultos que dão a seriedade que esse momento precisa. “Vale a pena lembrar que a oportunidade de brincar livremente por si só já traz efeitos positivos para o desenvolvimento das crianças” (MALUF, 2003).

Mediando a construção do conhecimento através do lúdico pode-se alcançar uma

educação de qualidade e que consiga ir ao encontro dos interesses e necessidades da criança. Atuando como mediadores, os professores poderão ser capazes de:

Retomar nossa própria infância a cada momento através de brincadeiras, e ajudar crianças a descobrirem suas verdades, seus temores, suas alegrias, seus gestos, suas vontades e assim vê-las vislumbrar novos horizontes do saber, do sentir e do ser criança (MALUF, 2003, p.14).

 

Para aprofundar o conhecimento e compreender o que nos parece confuso, é que a reflexão e a busca constante por aprimoramento das aulas se tornam importantes, pois o processo de ensino- aprendizagem é muitas vezes monótono e repetitivo com teorias prontas e acabadas. No entanto, esse espaço pode dar lugar ao diálogo e à construção do conhecimento em conjunto entre professor e aluno, dinamizando e buscando meios novos de compreender os assuntos serem desenvolvidos.

 

Desenvolvimento

 

Sabe-se que o desenvolvimento infantil requer um olhar sensível e permanente do professor para compreender as crianças e responder adequadamente à demanda de cada uma delas. Não se deve excluir nenhuma criança do processo educacional, mas sim assegurar-lhe avanços em sua jornada escolar.

Percebe-se atualmente que as propostas pedagógicas para o desenvolvimento e aprendizagem da criança baseiam-se nos jogos e nas brincadeiras, porém o modo como são trabalhados pelos professores nas escolas, não tem promovido um desenvolvimento eficaz por parte das crianças.

Na realidade o trabalho com jogos e brincadeiras, ainda são vistos por alguns professores como forma de passar o tempo, pois os mesmos não têm conhecimento suficiente do objetivo maior dessa atividade que se refere ao desenvolvimento intelectual do aluno.

CAMPOS (2001) coloca que o brincar e o jogar são atos indispensáveis para a saúde física, emocional e intelectual do ser humano e que sempre estiveram presentes em qualquer povo desde os mais remotos tempos. Através deles, as crianças desenvolvem a linguagem, o pensamento, a socialização, a iniciativa e a autoestima, preparando-se para ser um cidadão capaz de enfrentar desafios e participar na construção de um mundo melhor.

Não se separa a ideia do brincar da ideia do aprender, brincando e jogando, a criança constrói conceitos, explora sua criatividade, inventa e reinventa, transformando realidade ao seu redor, de suas emoções e de seu corpo. (ANTUNES, 2004).

Para Antunes (2004) o brincar favorece a autoestima, a interação com seus pares e, sobretudo a linguagem interrogativa propiciando situações de aprendizagem que desafiam seus saberes estabelecidos e destes fazem elementos para novos esquemas de cognição. Através do jogo simbólico a criança aprende a agir e desenvolve autonomia que possibilita descobertas e anima a exploração, a experiência e a criatividade.

O ato de brincar, jogar, criar e imitar é um meio para que as crianças se apropriem da cultura corporal na qual estão inseridas, contribuindo assim para o desenvolvimento de relações interpessoais na sala de aula e fora dela. Em um ambiente organizado os jogos e brincadeiras auxiliam as interações, o desenvolvimento cognitivo e a autonomia das crianças.

Severino (1996) define a brincadeira, o jogo e o brinquedo como: “Brincadeira refere-se, basicamente, à ação de brincar, ao comportamento espontâneo que resulta de uma atividade não estruturada; jogo é compreendido como uma brincadeira que envolve regras; brinquedo é utilizado para designar o sentido de objeto de brincar; atividade lúdica abrange, de forma mais ampla, os conceitos anteriores” (p. 12). Já para Murcia (2005, p. 47), o jogar “promove a construção de relações” e a brincadeira “facilitam a adaptação social”.

O brincar, na maioria das vezes acontece de forma espontânea, onde a criança cria as regras sem nenhum elo cultural com a parte pedagógica. Por isso, há necessidade dos jogos e das brincadeiras serem definidos como recursos importantes para o processo de ensinar e aprender, pois na verdade eles agem nos processos psicológicos das crianças, especificamente na memória e na linguagem abrindo caminhos para autonomia e a exploração de significados.

Quando se trata em trabalhar com jogos, MACEDO (2002, p 24) diz “o trabalho com jogos, no que se refere ao aspecto cognitivo, visa a contribuir para que as crianças possam adquirir conhecimento e desenvolver suas habilidades e competências”. Assim sendo, o Lúdico nas aulas de Educação Infantil auxiliará como parte do processo de aprendizagem, contribuindo de forma positiva para que alunos e professores possam interagir de forma a gerar satisfação e harmonia no âmbito escolar. Onde a escola poderá incluir em seu planejamento, atividades atrativas que despertem plenamente o interesse e a participação de seus alunos em todos os conteúdos propostos.

É importante estimular uma mudança na postura pedagógica dos profissionais que atuam nesta modalidade de ensino, bem como alertar as instituições educacionais a investir na formação de seus profissionais para que incorpore o lúdico na proposta pedagógica, dando assim suporte para que estas atividades possam contribuir no desenvolvimento das funções psiconeurológicas e as operações mentais envolvidas em cada uma delas.

A turma da educação infantil é estimulada através de atividades lúdicas jogos, leituras, imagens e sons. Através dos vários processos pedagógicos, a professora busca conduzir a criança ao conhecimento do mundo pessoal, familiar e social. As crianças possuem uma natureza singular, que as caracteriza como seres que sentem e pensam o mundo de um jeito muito próprio. Nas interações que estabelecem desce cedo com as pessoas que lhe são próximas e com o meio que as circundam, as crianças revela seu esforço para compreender o mundo em que vivem as relações contraditórias que presenciam e per meio das brincadeiras explicitam as condições de vida a que estão submetidas e seus anseios e desejos.

No processo de construção do conhecimento, as crianças utilizam as mais diferentes linguagens e exercem a capacidade que possuem de terem ideias e hipóteses originais sobre aquilo que buscam desvendar. Nessa perspectiva, as crianças constroem o conhecimento a partir das interações que estabelecem com as outras pessoas e com o meio em que vivem. O conhecimento não se constitui em cópia de realidade, mas sim fruto de um intenso trabalho de criação, significação e ressignificação (Vygostsy1989, p.112). Compreender, conhecer e reconhecer o jeito particular das crianças serem e estarem no mundo é o grande desafio da Educação Infantil de seus profissionais.

A criança ao passar para o ensino fundamental não pode perder a magia que embasa a educação infantil, portanto faz-se necessário que os professores estejam sempre fazendo uma reflexão de sua prática no cotidiano da sala de aula, almejando que o ensino fundamental deixe um pouco de sua complexidade no que diz respeito aos aspectos formais da aprendizagem e passem a dar espaço para que as crianças que estão chegando, continuem a ser crianças, ou seja, não deixem de brincar livremente com autonomia e espontaneidade, mas também que o professor ao proporcionar-lhes o espaço para brincar possa ter um olhar minucioso recheado de observações ricas para serem aproveitadas em prol da aprendizagem de seu alunado.

A aprendizagem se dá ao longo de um processo onde cada aluno tem seu ritmo próprio, mas se forem dadas as condições adequadas de ensino, é provável que ela aconteça de uma forma bem mais agradável. Se os profissionais acreditarem que as crianças trazem consigo uma bagagem e não uma folha em branco, é possível fazer uma adequação da metodologia a essa crença e promover uma aprendizagem significativa.

Acredita-se que a competência do professor, seu envolvimento com o trabalho, sua atitude, sua ousadia e a confiança em seus alunos faz toda a diferença para o desenvolvimento eficaz na primeira infância e, principalmente, no momento de transição da criança da educação infantil para a criança do ensino fundamental.

O sucesso exige a transformação da escola onde a família possa ser parceira e onde haja um ambiente rico em estímulos que provoquem atos de promoção fornecendo elementos que desafiem o sujeito a pensar e viver um aprender interagindo cada vez mais como participante ativo no processo ensino aprendizagem.

 

Conclusão

 

Diante do descrito neste artigo evidencia-se que as atividades lúdicas na escola possibilitam que sejam alcançados os objetivos educacionais que norteiam o trabalho pedagógico, como já foi comprovado por muitos pesquisadores, que as experiências adquiridas pelas crianças nos seus primeiros anos de vida são fundamentais para o seu desenvolvimento em todos os aspectos.

Assim, espera-se que esta investigação possa servir de incentivo aos educadores que não utilizam o lúdico no processo de ensino-aprendizagem, uma vez que se demonstrou a importância dos jogos e brincadeiras para o desenvolvimento de crianças na Educação Infantil.

Sendo assim, com esta investigação espera-se contribuir no sentido de alertar os educadores para a importância da inserção das atividades lúdicas, no contexto escolar, e que estas não sejam deixadas em um segundo plano ou apenas no período do recreio.

Pretende-se ainda que este estudo possa servir de incentivo para os professores inovarem sua prática e que a partir de agora possam incluir os jogos e brincadeiras em seus planejamentos diários, possibilitando às crianças uma forma de desenvolver as suas habilidades intelectuais, sociais e físicas de forma prazerosa e participativa, visto que os jogos e brincadeiras são de grande contribuição para o processo de ensino e aprendizagem.

 

REFERÊNCIAS

ANTUNES, Celso. Jogos para a Estimulação das Inteligências Múltiplas. Rio de Janeiro: Vozes, 1998.

______. Educação Infantil: prioridade imprescindível. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004.

BEZERRA, Alves Edson. Porque Trabalhar o Lúdico na Educação Infantil. Disponível em: <http://www.webartigoscom/articles/2985/1/Porque-Trabalhar-O-Ludico-Na-Educacao-fantil/pagina1.html#ixzz1YsfQ1zPS>. Acesso em 25 de outubro de 2016.

CAMPOS, Maria Célia Rabello Malta. A importância do jogo na aprendizagem. São Paulo: USP, 2001.

 

CUNHA, Nyelse Helena Silva. Brinquedoteca: um mergulho no brincar. São Paulo: Maltese, 1994.

FRIEDMANN, Adriana. Brincar, crescer e aprender – o resgate do jogo infantil. São Paulo: Editora Moderna, 1998.

HUIZINGA, Johan. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. Trad. João Paulo Monteiro. São Paulo: Perspectiva; Edusp, 1971.

MALUF, Ângela Cristina Munhoz. Brincar prazer e aprendizado. Petrópolis, RJ:Vozes,2003.

 

MARCELINO, Nelson Carvalho. Pedagogia da Animação. 2ª ed. Campinas, São Paulo-SP: Papirus, 1997.