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A IMPORTÂNCIA DAS ATIVIDADES LÚDICAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Edna de Oliveira
Catia da Silva Calixto
Maria Aparecida Pires da Silva Cavalher
Maria Diva Tenório dos Santos
Madai Francisco de Oliveira

RESUMO:
Este artigo tem por objetivo identificar a importância das atividades lúdicas na educação infantil, fazendo com que o educador perceba a importância de trabalhar em suas praticas educativas, com jogos, brinquedos e brincadeiras com as crianças. As metodologias das atividades lúdicas refletem de modo prazeroso, despertando nas crianças a curiosidade e o gosto pelos jogos e brincadeiras, o lúdico joga com o inesperado, enfrentam desafios, testam limites, formulam hipóteses, solucionam problemas depara-se com regras a serem obedecidas e mesmo estabelecidas. Através de estudos bibliográficos e observação percebe-se certa rejeição de educadores em trabalhar com o lúdico não percebendo que as crianças estão aprendendo de modo repetitivo e de maneira dolorosa. O lúdico oferece ás crianças uma extensa estrutura básica para mudanças das necessidades e tomada de consciência. Onde quer que a criança se encontre, independente do local e do suporte, basta um pequeno estímulo para que sua imaginação a leve para um mundo repleto de criatividade e movimento, expressando o seu interior. É importante trazer o lúdico para dentro da sala de aula, como recurso para novas construções de conhecimento, bem como para avaliar aquilo que já foi conquistado.

INTRODUÇÃO

Este artigo discorre sobre a “ Importância das atividades lúdicas na educação infantil ” e têm por objetivo entender melhor a importância do lúdico na sala de aula, suas implicações no ensino aprendizagem do aluno e possíveis intervenções pedagógicas. Sabe-se que é na infância que as crianças constroem o seu desenvolvimento cognitivo, emocional e social.
O tema dessa pesquisa foi selecionado por considerar que as brincadeiras são uma rica fonte de aprendizagem, pois, desde o nascimento a criança se beneficia com as brincadeiras. As primeiras proporcionadas pela mãe, com o passar do tempo ela se interessa e interage com o mundo a sua volta, com isso a criança passa por novos estímulos e com um processo gradativo vai construindo sua aprendizagem.
A metodologia utilizada foi à bibliográfica, tendo por base as teorias de pensadores como: Piaget (2006), Vygotisk ( 1988), Kishimoto (2009), Ferreira (2001), Moyles (2002) e Referencial Curricular para a educação infantil (1998). Foram realizadas observações e elaborados questionários para os professores da Escola Municipal de Educação Infantil Laura Vicuña localizada na cidade de Alta Floresta - MT .
Tendo em vista que muitos professores não tem a concepção da importância desse brincar, ou não sabem como utilizar os materiais adequados em suas aulas, faz-se necessário ampliar os conhecimentos, para assim ter maiores esclarecimentos, favorecendo ao processo de ensino aprendizagem do aluno e intervindo da melhor forma possível.
O estudo relacionado ao lúdico é de grande importância, pois é através dele que o aluno aprende a sua coordenação, a lateralidade, a linguagem, e proporciona toda a aprendizagem; o aluno aprende brincando. Para as crianças a brincadeira, o jogo é muito importante, pois elas antes mesmo de entender o que estão fazendo, entender suas ações elas percebem e atuam.

DESENVOLVIMENTO

O brincar deve estar presente na rotina infantil, dando o verdadeiro sentido da brincadeira na prática pedagógica. Brincar não é somente uma perca de tempo, e sim um processo pelo qual a criança deve passar, sendo dever de educador inserir conteúdos lúdicos e não ficar preso só em teorias.
Brincar é a atividade mais típica da vida humana, por proporcionar alegria, liberdade e contentamento. É a ação que a criança desempenha ao concretizar a fantasia e a imaginação no mundo real. Segundo o dicionário de língua portuguesa o termo brincar significa “divertir-se; folgar; não levar a sério. Verbo transitivo: adornar; zombar; gracejar.” (FERREIRA, 2001, p. 152). É muito importante o brincar estar presente na educação infantil diariamente e não só quando sobrar um tempo.
É através do brincar que a criança desenvolve não só a imaginação, mas também fundamenta afetos, elabora conflitos e ansiedade, explora habilidade à medida que assumem múltiplos papeis, aprimora suas competências cognitivas e interativas.
“Deve-se eleger materiais que completem a maior diversidade possível e que sejam significativos para as crianças. É aconselhável que, por meio da apreciação, as crianças reconhecem e estabeleçam relações com o seu universo, podendo conter pessoas, animais, objetos específicos às culturas regionais, cenas familiares, cores, formas, linhas etc.”. (RECNEI vol. 03, pag. 103)
A criança que brinca cria um universo só dela, envolve-se num imaginário no qual o impossível se torna possível, unem personagens da cultura, elementos da realidade, criando novos significados, tudo isso graças à sua capacidade de criação. Quando a criança brinca, ela está vivenciando momentos alegres, prazerosos e se identificam com alguns interesses ou valores de sua sociedade.
MOYLES (2002. P.36) destaca a importância do brincar para as crianças de educação infantil, argumentando que:
O brincar como um processo e modo proporciona uma ética da aprendizagem em que as necessidades básicas de aprendizagem das crianças podem ser satisfeitas. Essas necessidades incluem as oportunidades: de praticar, escolher, perseverar, imitar, imaginar, dominar, adquirir competência e confiança; de adquirir novos conhecimentos, habilidades, pensamentos e entendimento coerentes e lógicos; de criar, observar, experimentar, movimentar-se, cooperar, sentir, pensar, memorizar e lembrar; de comunicar, questionar e interagir com os outros e ser parte de uma experiência social mais ampla em que a flexibilidade, a tolerância e a autodisciplina são vitais; De conhecer e valorizar a si mesmo e as próprias forças, e entender as limitações pessoais; e de ser ativo dentro de um ambiente seguro que encoraje e consolide o desenvolvimento de normas e valores sociais.

Essas complexidades mostram várias formas com que o jogo se apresenta: quando para a criança a boneca é um objeto de entretenimento, para muitas tribos indígenas esse mero brinquedo é objeto de adoração. “O brinquedo aparece como um aspecto da cultura posto ao alcance da criança. É o seu parceiro na brincadeira. A manipulação do brinquedo leva a criança à ação e à representação, a agir e a imaginar” (KISHIMOTO, 2009, p. 68). O jogo difere do brinquedo, pois o mesmo não possui um sistema de regras que organizam sua utilização.
Uma boneca permite a criança várias formas de brincadeiras, desde a manipulação até a realização de brincadeiras como “mamãe e filhinha”. O brinquedo estimula a representação, a exposição de imagens que evocam aspectos a realidade. Ao contrario, jogos, como o xadrez e jogos de construção exigem, de modo implícito ou explícito, o desempenho de certas habilidades definidas por uma estrutura preexistente no próprio objeto e suas regras (KISHIMOTO, 2009, p. 18).
É preciso estimular e ensinar as crianças a viver em sociedade, estabelecendo uma relação entre brincadeiras e aprendizados. A principal forma para que isso aconteça é através das brincadeiras, onde o desenvolvimento cognitivo que se dá através da percepção, memória, da atenção, raciocínio, juízo, imaginação, pensamento e linguagem ajudam na interação dos alunos com os professores, propiciando trocas de ideias e novos aprendizados.
Segundo KISHIMOTO (2009), admite-se que o brinquedo represente certas realidades. O brinquedo coloca a criança na presença de tudo que existe no cotidiano, a natureza e as construções humanas. Podem incorporar também, um imaginário preexistente criado pelos desenhos animados, mundo encantado dos contos de fadas, estórias de índios, piratas e bandidos. Portanto, o brinquedo sempre contém uma referência ao tempo de infância, veiculadas a memória e a imaginação. A imagem da infância é enriquecida, com o auxilio de concepções pedagógicas que reconhecem o papel dos brinquedos e brincadeiras no desenvolvimento e na construção do conhecimento infantil.
Conforme o Referencial Curricular Nacional:
A brincadeira favorece a auto-estima das crianças, auxiliando-as a superar progressivamente suas aquisições de forma criativa. Brincar contribui assim para a interiorização de determinados modelos de adulto, no âmbito de grupos sociais diversos. Essas significações atribuídas ao brincar transformam-no em um espaço singular de contribuição infantil “(BRASIL, 1998, pg.27)”.
É muito importante à brincadeira estar presente no dia-a-dia da criança. Através das brincadeiras a criança consegue estabelecer uma relação natural, consegue extravasar, suas tristezas e alegrias desenvolver a memória e sua criatividade, além de se conhecer, conhece o seu próximo.
KISHIMOTO (2009), ao afirmar sobre jogos, brinquedos e brincadeiras pontua que a palavra jogo tem inúmeras formas de compreensão. Os jogos recebem uma mesma denominação, porém cada um tem sua especificidade.
Um tabuleiro com piões é um brinquedo quando usado para fins de brincadeira. Teria o mesmo significado quando seria recursos de ensino, destino à aprendizagem de números? É brinquedo o material pedagógico? Da mesma forma, um tabuleiro de xadrez feito de material nobre como o cobre ou mármore exposto como objeto de decoração, teria o significado de jogo? (KISHIMOTO, 2009, p. 15).
O educador precisa interagir com seus alunos para que eles se sintam a vontade e demonstrem interesse pelas aulas planejadas com brincadeiras. E, para que isso aconteça é preciso que a escola juntamente com seus funcionários repense na educação de seus educando, conhecendo e entendendo cada passo desta criança, e assim compreender suas necessidades para poder estimulá-la a se desenvolver em harmonia, e terás na vida adulta uma imagem positiva de si mesma sendo preparados para mudanças e produtividade necessárias.
A brincadeira é uma forma do ser humano explorar uma variedade de novas experiências. A escola precisa oferecer oportunidade para as crianças expressar-se, socializar-se e interagir no ambiente escolar, para que ela amplie os conhecimentos que traz de outros meios sociais que participa. Desta forma ela vai amadurecendo aquilo que já tem noção e vai adquirindo novos conhecimentos.
Segundo FERREIRA (2001, p. 524), a palavra educar significa “dar educação; ensinar; criar; aclimar. v. t. cultivar o espírito; instruir-se.” Como a função da escola é educar, é pertinente e até prudente que os educadores valorizem e dirijam a atenção para o brincar como atividade que possibilite às crianças desenvolverem seu potencial de indivíduos acerca da realidade, ou seja, do mundo em que vivem.
É preciso respeitar o momento das brincadeiras, levando em consideração a contribuição desta para o desenvolvimento infantil, bem como sua importância na socialização, pois nestes momentos há a busca por um parceiro para se brincar, assim ocorre à interação entre os participantes que pode ser entre criança e criança e entre adulto e criança.

C ON S I D E R A Ç ÕE S FI N A I S


No que se refere à aprendizagem, utilizar brincadeiras como conteúdo escolar torna o ambiente e o aprendizado muito mais atraente, nestas observações pode-se perceber o interesse das crianças quando relacionamos as brincadeiras com as aprendizagens, os alunos se interessam pelo conteúdo e ficam todos atentos observando para memorizar.
Ficou evidente nesse artigo a importância do lúdico. É preciso que o professor coloque pra fora, a criança existente dentro dele, assim facilitará o envolvimento dos alunos proporcionando um aprendizado prazeroso com as brincadeiras. É de suma importância o lúdico estar presente nas praticas pedagógicas, sendo um instrumento valioso para uma boa e melhor maneira de aprendizagem.
Cabe ao professor o compromisso de planejar atividades que desenvolvam a aprendizagem das crianças com mais facilidade, utilizando brincadeiras, pois é uma forma de atrair a atenção dos alunos, fazendo com que estimulem o interesse pelas aulas.
O lúdico deve ser valorizado pelo educador, pois as formas de brincar ajudam nos aprendizados e em muitos outros campos, como sociabilidade, afetividade, solidariedade, psicomotricidade e a cognição, através das brincadeiras na educação, é possível conseguir um espaço escolar mais atraente para os alunos, sendo assim as aulas serão ainda mais interessantes e prazerosas.
REFERÊNCIAS

ALMEIDA, O. A. História da educação: o lugar da infância no contexto histórico- educacional. Cuiabá: UFMT, 2006.

BRASIL, Ministério da Educação, Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil . Brasília, MEC/SEF, 1998. 27p.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Hollanda. Pequeno dicionário brasileiro da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.

KISHIMOTO, T. Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação . São Paulo: Cortez, 2009.

MOYLES, Janet R. Só brincar ? O papel do brincar na educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 2002.

VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente . São Paulo: Martins Fontes, 1989. l. Cuiabá: UFMT, 2006

PIAGET, J. A formação do símbolo na criança : imitação, jogo e sonho. Rio de Janeiro: Zahar, 2006.

PAREDES, E. C; TANUS, M. I. J. Psicologia: fundamentos da teoria piagetiana. Cuiabá: EdUFMT / NEAD, 2006.

KISHIMOTO, T. Jogos tradicionais infantis. São Paulo: Vozes, 1998.