A importância da brincadeira na educação infantil
Keylijane Alves da Silva1
DOI: 10.5281/zenodo.10929053
Resumo
Ao brincar e interagir com outras crianças, a criança brinca e aprende as regras dos jogos. Ao trabalhar com os jogos no processo de aprendizagem dos alunos, maior sucesso é alcançado à medida que os alunos se sentem mais motivados e se tornam mais criativos em suas atividades. Sendo assim, o objetivo geral da pesquisa foi de analisar a importância do lúdico como ferramenta usada em sala de aula. Para a realização deste estudo, o procedimento que será utilizado foi o levantamento bibliográfico com intuito de analisar a importância das brincadeiras no ensino-aprendizagem das crianças. As de coletas de dado se deu pela leitura de artigos, dissertações, anais de congressos, relatórios técnicos, periódicos, documentos acerca do tema em estudo. O estudo conclui que o brincar é fundamental no processo ensino-aprendizagem, e que brincar, jogar e o utilizar brinquedos são atividades importantes para o desenvolvimento emocional, cognitivo e social dos alunos. Foi possível constatar o quanto os jogos e atividades perderam espaço para a alfabetização precoce. Portanto, levando em consideração a pesquisa feita nesse trabalho, constatou-se que os jogos e outras atividades lúdicas são uma ferramenta muito valiosa no trabalho pedagógico da educação infantil, pois por meio dessas atividades devem ser incorporados e introduzidos nos conteúdos de uma forma agradável, variada e muito ativa, uma forma participativa entre os próprios alunos, e assim aprenderão e se divertirão.
Palavras-chave: Brincadeiras; Educação Infantil; Lúdico; Aprendizagem.
Abstract
By playing and interacting with other children, the child plays and learns the rules of games. By working with games in the students' learning process, greater success is achieved as students feel more motivated and become more creative in their activities. Therefore, the general objective of the research was to analyze the importance of play as a tool used in the classroom. To carry out this study, the procedure that will be used was the bibliographic survey in order to analyze the importance of games in children's teaching and learning. Data collection took place by reading articles, dissertations, conference proceedings, technical reports, periodicals, documents on the topic under study. The study concludes that playing is fundamental in the teaching-learning process, and that playing, playing and using toys are important activities for the emotional, cognitive and social development of students. It was possible to verify how much the games and activities lost space for early literacy. Therefore, taking into account the research carried out in this work, it was found that games and other recreational activities are a very valuable tool in the pedagogical work of early childhood education, because through these activities they must be incorporated and introduced into the contents in a pleasant way, varied and very active, a participatory way among the students themselves, and in this way they will learn and have fun.
Keywords: Games; Child education; Ludic.; Learning.
1 Introdução
Segundo Vygotsky (1987), as crianças aprendem de forma integral durante a brincadeira, desenvolvendo sua atividade motora, cognitiva, afetiva e física, o que é de grande importância para o seu desenvolvimento, auxiliando também nas formas de expressão e relacionamento.
Ao brincar e interagir com outras crianças, a criança brinca e aprende as regras dos jogos. Ao trabalhar com os jogos no processo de aprendizagem dos alunos, maior sucesso é alcançado à medida que os alunos se sentem mais motivados e se tornam mais criativos em suas atividades. O professor deve ter em mãos as ferramentas necessárias para o aprendizado e a prática pedagógica do aluno, e a ludicidade é uma ótima ferramenta para a realização desse processo (LEAL, 2011).
Nesse sentido, o autor Dinello (2007) afirma que, para as crianças, o brincar é um elemento essencial da sua infância, pois permite diferentes tipos de aprendizagem e conhecimento, como autonomia, expressão e criatividade, que são essenciais para o seu desenvolvimento e vivência na prática do brincar. A ação lúdica é espontânea da criança, ela brinca quando quer, não só porque alguém manda; jogo por prazer e emoção. Diante do exposto, questiona-se: qual a importância do lúdico como alternativa no processo ensino-aprendizagem da criança nas metodologias de ensino?
Sendo assim, o objetivo geral da pesquisa é de analisar a importância do lúdico como ferramenta usada em sala de aula. Para alcançar esse objetivo principal, foram realizadas etapas, que são os objetivos específicos, que incluem discorrer sobre a inclusão das atividades lúdicas; identificar as possibilidades e as limitações das crianças; entender qual o papel do educador mediante o lúdico na educação infantil.
Para a realização deste estudo, o procedimento que será utilizado será o levantamento bibliográfico com intuito de analisar a importância das brincadeiras no ensino-aprendizagem das crianças. Como instrumento de coletas de dado têm-se a leitura de artigos, dissertações, anais de congressos, relatórios técnicos, periódicos, documentos acerca do tema em estudo.
2 Fundamentação Teórica
2.1 Infância na História
O conceito de infância surge no contexto social e histórico da modernidade, consequentemente, segundo Postman (1999), com a invenção da prensa e processo de impressão de Gutemberg o desenvolvimento da educação e da alfabetização, são fatores que fomentou o surgimento de conceitos modernos de infância como esses as transformações favoreceram a separação de pessoas que sabiam ler (adultos) aqueles que ainda estavam em fase de leitura (crianças).
A ideia de criança e adolescente é muito complexo e variado em termos de interdisciplinaridade, costumes e leis de cada país. Isso leva à aceitabilidade o conceito internacional contido no art. 1 da Convenção sobre Direitos da criança, formulado pelas Nações Unidas, que define uma criança “como todo o ser humano com idade inferior a 18 anos”.
Com base nessa suposição, Postman (1999, p. 28) conclui que na sociedade “ser adulto implica ter acesso a segredos culturais codificados em símbolos não naturais, no mundo não letrado não se distingue a criança e o adulto, pois são poucos segredos e a cultura não ministra instrução de como entendê-la” Mas, houve uma separação da criança da esfera social da vida adulta, daí em diante, ao contrário do que acontecia na Idade Média, a criança agora está protegida e cuidada por um adulto, distinguindo o que é característico da infância. Então a criança não participa de certos assuntos considerados inadequados. O conceito de respeito imposto pelos idosos e "vergonha" que não existia na sociedade medieval, existiam agora.
Na era moderna, houve várias mudanças que tornaram diferenças muito visíveis entre adultos e crianças, as crianças deixaram de serem definidas como "adultos em miniatura" e passaram a ter características peculiares como: a linguagem das crianças começou a se diversificar; as roupas da criança foram trocadas ficam mais leves, soltas, confortáveis e diferentes das roupas adultos; livros sobre pediatria e literatura infantil foram publicados; classes escolares passaram a serrem divididas em classes de acordo com a idade; entre outros mudanças resultantes de uma nova visão da criança (POSTMAN, 1999).
Na década de 1990, os sociólogos James e Prout fizeram pesquisas conhecimento da infância, buscou construir um novo paradigma neste universo e de acordo com Montandon (2001, p. 51) eles indicaram seis aspectos básicos nesta fase da vida humana:
A infância é uma construção social; A infância é variável, não pode ser separada de outras variáveis (classe social, o sexo ou o pertencimento étnico); As relações sociais das crianças e suas culturas devem ser estudadas em si; As crianças são e devem ser estudadas como atores na construção de sua vida social e da vida daqueles que as rodeiam; Os métodos etnográficos são particularmente úteis para o estudo da infância; A infância é um fenômeno no qual se encontra a “dupla hermenêutica”, ou seja, proclamar um novo paradigma no estudo sociológico da infância é se engajar num processo de ‘reconstrução’ da criança e da sociedade.
Atividades lúdicas desenvolvem esquemas de conhecimento que podem: colaborar na aquisição de novos conhecimentos, como observação e identificar, comparar e classificar, conceituar, relacionar e inferir. a infância deve ser um objeto sociológico, ser salvo da perspectiva de um biólogo (reduzido a um estágio intermediário de maturação e desenvolvimento humano), e a psicologização do desenvolvimento da criança independe e “[...] da construção social das suas condições de existência e das representações e imagens historicamente construídas sobre e para eles” ANDRADE, 2007, p. 21).
2.2 Educação Infantil e a Importância do Brincar
Na educação infantil, é importante que os alunos vivam em ambientes onde possam manipular objetos como brinquedos e interagir com outras crianças e, principalmente, que aprendam, pois brincar do é uma importante forma de comunicação. De acordo com o Currículo para a Educação Infantil (RCNEI, 1998), o brincar é um cenário em que as crianças se tornam capazes não só de imitar a vida, mas também de transformá-la. É graças a isso que a criança cria conceitos, escolhe ideias, percepções e se socializa. É importante destacar também que esta é uma atividade que auxilia no treinamento e socialização, desenvolve habilidades psicomotoras, sociais, físicas, afetivas, cognitivas e emocionais, pois graças a isso, as crianças revelam seus sentimentos, aprendem, constroem, descobrem, pensam, sentir, reinventar e mover.
O trabalho de Piaget (1979) sobre o desenvolvimento cognitivo passa por vários estágios, no entanto, destacamos uma das fases por acharmos prudente neste período específico. O desenvolvimento infantil que ocorre ao longo do período pré-operatório (02 a 07 anos) iniciando o desenvolvimento infantil com o surgimento da atividade de representação que modifica os comportamentos práticos, ou seja, a criança passa a fantasiar e imitar o que vê. Segundo o autor, as primeiras reconstruções linguísticas das ações surgem junto com a reprodução de situações ausentes, por meio do jogo simbólico e da imitação, quando a criança passa a verbalizar o que ela apenas realizava motoricamente. O pensamento das crianças entre 2 e 7 anos é dominado pela representação simbólica de imagens, onde tratam as imagens como verdadeiros substitutos do objeto.
O brincar favorece a aprendizagem, pois é assim que o ser humano se torna capaz de viver em uma ordem social e em um mundo culturalmente simbólico, sendo também o mais completo dos processos educativos, pois influencia o intelecto, a emoção e o corpo da criança. Segundo Kishimoto (1996), a atividade lúdica pode se apresentar de três formas: o jogo, os brinquedos e os jogos, em que cada uma dessas atividades possui características distintas, mas semelhantes nas formas de desenvolvimento cognitivo e no prazer por elas proporcionadas.
A brincadeira se encaixa na especificidade das crianças e lhes dá oportunidades de se desenvolverem em busca da integralidade, do conhecimento, do conhecimento e das expectativas em relação ao mundo. Por ser importante para as crianças, a brincadeira e suas inúmeras possibilidades podem e devem ser utilizadas como meio de aprendizagem e desenvolvimento. Nesse sentido, Piaget (1976, p. 160) aponta que:
“O jogo é, portanto sob suas duas formas essenciais de exercício sensório – motor e de simbolismo uma assimilação da real atividade própria, fornecendo a esta seu alimento necessário e transformando o real em função de suas necessidades múltiplas do eu. Sendo assim, os métodos ativos de educação das crianças exigem que se forneça um material conveniente, a fim de que, jogando elas cheguem a assimilar as realidades intelectuais, que nem isso permanece exteriores á inteligência infantil”.
Desta forma, é inegável que o desenvolvimento das crianças no cotidiano se dá por meio de brincadeiras na escola, e os educadores precisam se adaptar a isso e tentar organizar essa abordagem na realização das atividades escolares. Apesar dos desafios que enfrentam todos os dias, eles precisam sempre inovar e enriquecer sua metodologia.
Reforçando a temática, Kishimoto (1994 p.16): [...] afirma que o jogo pode ser visto como "o resultado de um sistema linguístico que funciona dentro de um contexto social; um sistema de regras; e um objeto" [...]. Esses três aspectos permitem compreender o jogo, diferenciar os significados atribuídos pelas diferentes culturas, pelas regras e objetos que o caracterizam, e o brinquedo é entendido como o suporte do jogo, ou seja, o brinquedo será representado por bonecos, carrinhos, etc. Assim, a prática de brincar dá às crianças uma sensação de prazer, onde aprendem enquanto se divertem e através também melhoram seus aspectos físicos motores e psicomotores, facilitando esse processo de aprendizagem.
Isso porque o objeto é usado como se fosse outro (por exemplo, quando a criança usa uma vassoura como se fosse um cavalo), de uma situação para outra (quando a criança brinca em casa, retratando situações da vida real). É nesse período que a criança é autocentrada, pois não possui seus próprios padrões conceituais e lógicos. Pensar é uma mistura de fantasia e realidade que torna difícil perceber a situação real, então o mesmo não pode se colocar no lugar do outro atribuindo seus próprios pensamentos a objetos, isso é o que chamamos de animismo (por exemplo, quando uma criança diz sua boneca está triste e chora) (KISHIMOTO, 1994).
O contato com o ensino lúdico faz com que a criança experimente o poder de explorar o mundo dos objetos, das pessoas, da natureza e da cultura, de compreendê-lo e expressá-lo em diferentes linguagens. Mas é no nível da imaginação que o jogo se destaca pela sua mobilização de significados. Por fim, sua importância tem a ver com a cultura infantil que coloca o brincar como instrumento de expressão, aprendizagem e desenvolvimento infantil (PIAGET, 1976).
2.2.1 A Construção do Conhecimento através dos jogos e brincadeiras
As brincadeiras e os jogos, ajudam a desenvolver a memória, linguagem, atenção, percepção, criatividade e habilidades, e estes são aspectos extremamente necessários para um melhor desenvolvimento na ciência. Almeida (2017) admite que contribuem para o desenvolvimento habilidades cognitivas, linguísticas e motoras.
Ao brincar, a criança tem a oportunidade de experimentar o objeto de conhecimento, tem a chance de explorá-lo, descobri-lo e criá-lo. Enquanto brincam, pensam livremente, podem ousar, imaginar e livremente, não têm medo de errar, brincam com possibilidades (COLLA, 2019). Portanto, a contribuição que os jogos e brincadeiras podem trazer para o desenvolvimento das crianças é de grande importância, é ótimo para a socialização entre os pares, para o desenvolvimento de habilidades.
Segundo Silva e Rubio (2014) enquanto brincam, as crianças podem desenvolver diferentes formas de expressão ao jogar o jogo do faz de conta, como a capacidade de imaginar e representar. Na capacidade de imaginar, a criança transmite à crença as atividades divertidas do seu dia a dia, seus desejos e também o que se passa em seu pensamento. Na ação, eles imitam as pessoas mais próximas que fazem parte do seu dia a dia, seja na TV ou na internet, ou seja, com o que têm maior contato visual. Eles representam os papéis das pessoas presentes, como mãe, irmão, pai, professores.
A Base Nacional Comum Curricular e a DCNEI (BRASIL, 2009), estabelecem dois principais eixos que orientam o programa de educação infantil, os jogos e as interações, fundamentais para o aprendizado e o desenvolvimento das crianças. Por meio de suas experiências, as crianças aprendem e constroem seu próprio conhecimento a partir de suas ações e interações com outras crianças e adultos.
Através do jogo, se desenvolvem-se a espontaneidade, a inteligência, a linguagem, a coordenação, o autocontrole, o prazer de realizar algo, a autoconfiança. É a via para a criança experimentar, organizar suas experiências, estruturar a inteligência para construir, aos poucos, a sua personalidade.
É necessário que ele tenha conhecimento das fases de desenvolvimento físico, psicológico e cognitivo das crianças, para que sua ação seja coerente; que tenha intencionalidade, clareza do porquê da utilização de jogos e brincadeiras no ambiente escolar, e que aproveite as oportunidades que surgem durante as atividades lúdicas, estimulando o questionamento, o posicionamento crítico, o desequilíbrio cognitivo, visto que, conforme Corrêa (2000, p. 51).
São os desequilíbrios que proporcionam o desenvolvimento do indivíduo, porque provocam um movimento endógeno de reestruturação, o qual é denominado reequilibração – reorganização de suas estruturas em função de uma situação nova que confronta as estruturas já construídas.
Entende-se que conforme a criança vai descobrindo situações novas, através das brincadeiras educativas no ambiente escolar, faz com que desperte o questionamento desta sobre o porquê disso ou daquilo, o que se considera fundamental para o seu desempenho crítico no decorrer de todo o seu aprendizado.
O crescimento da criança também passa pelo desenvolvimento da reversibilidade, o ir e vir do pensamento, o rompimento com a unidirecionalidade, o pensar em ambas as direções, que ocorrerá através da escolha consciente de brincadeiras e jogos que estimulem esse raciocínio.
O jogo para a criança é, antes de tudo, uma brincadeira. Mas é, também, uma atividade séria onde o faz-de-conta, as estruturas ilusórias e a alegria têm uma importância considerável. O surgimento do verdadeiro comportamento lúdico está ligado ao despertar da personalidade.
O jogo tem um papel pedagógico. Daí a necessidade de trabalhá-lo no desenvolvimento da criança e, até mesmo, no adulto.
O Brincar não constitui perda de tempo nem é, simplesmente, uma forma de preenchê-lo. A criança que não tem oportunidade de brincar sente-se deslocada. O brinquedo possibilita o desenvolvimento integral da criança, já que se envolve afetivamente, convive socialmente e opera mentalmente. Em consonância com as Diretrizes do Programa de Educação Infantil (BRASIL, 2010), as crianças têm o direito de brincar de diferentes formas, com diferentes parceiros (crianças e adultos), em diferentes espaços, ampliando e diferenciando seu acesso às produções culturais, seus conhecimentos, sua criatividade, sua imaginação, seu corpo, sensorial, emocional, cognitivo e experiências cognitivas sociais. Eles têm o direito de brincar em diferentes espaços para ampliar seus conhecimentos culturais.
Tudo isso ocorre de maneira envolvente, sendo que a criança libera energia, imagina, constrói normas e cria alternativas para resolver imprevistos que surgem no ato de brincar, jogo não pode ser visto apenas como divertimento ou brincadeira para desgastar energia, ele favorece o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo, social e moral.
2.2.2 Conceito de Jogos e brincadeiras
As brincadeiras e jogos são essenciais para o desenvolvimento geral da criança. Em uma escola inclusiva, brincadeiras e jogos deve-se ser considerado essencial no processo de ensino. Assim, um breve estudo do jogo sob a ótica da psicologia, um dos pilares da ludicidade.
2.2.2.1 O jogo
Segundo Carneiro (2012, p.22), o conceito de jogo em si não é mutuamente acordado. Porque existe alguma ambiguidade entre os autores ". Para Huizinga (Apud Ferran, 1979, p. 37):
O jogo é uma ação de uma atividade voluntária realizada dentro de certos limites de tempo e de lugar, segundo uma regra livremente consentida, mas imperativa, provida de um fim em si, acompanhada de um sentimento de tensão e de alegria, e de uma consciência de se ser diferente do que se é na vida normal.
No entanto, para as crianças, os jogos são, antes de mais, uma alegria. Mas fica vidente para o professor que é mais que um prazer, é uma maneira correta e indispensável de ajudar no processo de ensino.
2.2.2.2 O brincar
A interação espontânea de "brincar" ocupa um espaço indispensável na infância e no seu desenvolvimento. As crianças crescem brincando e descobrem suas próprias limitações e aprendem como se comunicar com o mundo. Segundo Guidetti e Moreira (2005, p. 131):
O lúdico tem o poder de incentivar tanto o progresso da personalidade integral quanto de cada uma das funções psicológicas, intelectuais e morais do educando. No mundo escolar tudo é novo e desafiador. Nesse ambiente totalmente desconhecido, o lúdico exerce o papel de mediador e facilitador da aprendizagem.
As crianças também são alimentadas por meio de brincadeiras interagindo os com os colegas de classe, que reflete o ambiente em que vivem, criando normas, regras e aprendendo a viver em sociedade. (FORTUNA, 2008).
Essa relação decorrente do brincar possibilita que a criança demonstre seu mundo, sua maneira de viver e passe a vivenciar e conhecer o outro, ampliando, dessa forma, suas experiências.
De acordo com Fortuna (2008, p.464):
A brincadeira é uma atividade paradoxal: a um só tempo; conservadora e transformadora, assim como reforça relações, concepções de mundo, modos de conhecer e viver, também os criam e recriam. Vem daí seu potencial revolucionário, mesmo quando se tenta confiná-la, ordená-la, dominá-la. Rebelde, ela resiste à didatização, mostrando-se tanto mais encantadora e encantada quanto mais livre e espontânea.
Portanto, é correto dizer que jogar é um assunto sério, com ponto de vista psicológico, porque o resultado são os benefícios incomensuráveis do treinamento de emoções, esportes e inteligência da criança.
Para Winiccott (1975, p.231):
É no brincar, e somente no brincar, que o indivíduo, a criança ou adulto pode ser criativo e usar sua personalidade integral: e é somente sendo criativo que o indivíduo descobre o eu.
As crianças começam a descobrir o mundo através de jogos e brincadeiras perto de você. Cientes disso, as instituições escolares de hoje estão cada vez mais usando estes recursos interessantes para promover a aprendizagem das crianças.
Assim Ferreira (2010, p.101) ressalta que: “Brincar é a atividade mais típica da vida Pessoas, proporcionem felicidade, liberdade e satisfação. Esta é a ação da criança de realizar suas fantasias e imaginação no mundo real ".
Portanto, atribuindo importância aos jogos como ferramenta de ensino para as escolas contemporâneas são um recurso cientificamente comprovado como auxiliar na formação dos filhos.
2.2.3 As Atividades lúdicas no processo ensino-aprendizagem
Sabe-se que diante dos avanços tecnológicos, a criança deste novo milênio está evoluindo mais precocemente. As diferentes áreas do cérebro humano se desenvolvem por meio de estímulos que a criança recebe ao longo dos primeiros anos de vida, por isso, ela parece mais esperta e se desenvolve antes do tempo previsto, pois o intelecto se torna mais ativo precocemente, e que em função da ausência dos pais que trabalham fora, estas crianças frequentam desde cedo, berçários, creches e escolinhas maternais, onde recebem estímulos diferentes dos que recebiam aquelas que eram criadas em casa pelos irmãos e que só eram levadas para a escola aos sete anos. É, portanto, com essas crianças que o educador tem que saber lidar tem que reconhecer suas necessidades e procurar atendê-las dentro do contexto educacional atual (FORTUNA, 2008).
Tem-se hoje, educandos com características próprias de uma era tecnologicamente desenvolvida; mas temos, também, grande número de crianças imaturas e com dificuldades motoras que necessitam suprir as defasagens para o desenvolvimento de suas potencialidades como pessoa. Várias publicações e relatos de experiências têm analisado e demonstrado o problema da deficiência dos educandos na prática das atividades escolares, como nas áreas que envolvem cálculos e na prática da leitura em sala de aula. Isso acontece porque um grande número de crianças provém de contextos onde são estimuladas apenas a decodificar os símbolos e signos que as rodeiam, nos quais a leitura, por exemplo, se identifica apenas como uma atividade necessária e utilitária, sem possibilidade de atribuir a essa decifração algum outro valor.
É nesse aspecto que Correa (2000, p.66) acredita:
Ser importante conhecer as características do aprendiz para sabermos quais são as potencialidades que estão sendo desenvolvidas e quais as esquecidas, quais os transtornos que esse desequilíbrio pode causar no desenvolvimento do indivíduo e como podemos estimular a criança/jovem para o processo ensino-aprendizagem.
É importante então, saber analisar os aspectos psicológicos do educando para que se possa executar estratégias de ensino que possam ser assimiladas de forma que haja a motivação no aprendizado.
Assim, o autor supracitado (p. 66) esclarece que “a criança deve ser vista sob três dimensões: a corporal, a afetiva e a cognitiva, que devem se desenvolver simultaneamente”. Se uma estiver sendo desenvolvida em detrimento da outra, certamente haverá um desequilíbrio do indivíduo em sua dimensão global. A criança utiliza, de forma eficiente, os sentidos, e cabe a nós, educadores, vê-la como um ser completo, porém inexperiente, que temos de trabalhar e a quem precisamos propiciar oportunidade de pleno desenvolvimento.
Para a criança, o jogo é o exercício, é a preparação para a vida adulta. A criança aprende brincando através de jogos que a fazem desenvolver suas potencialidades.
O professor pode adaptar o conteúdo programático ao jogo, onde estará trabalhando a motricidade, a área cognitiva e afetiva de seus alunos. Ao inter-relacionar diversas áreas de conhecimento, o professor atende às necessidades do educando de modo que o mesmo seja sujeito ativo do processo ensino-aprendizagem.
Todo professor tem grandes responsabilidades na renovação das práticas escolares e, consequentemente, na mudança que a sociedade espera da escola, na medida em que é ele que faz surgir novas modalidades educativas visando novas finalidades de formação, só atingíveis através dele próprio. Assim, o professor é o responsável pela melhoria da qualidade do processo de ensino-aprendizagem, cabendo a ele desenvolver novas práticas didáticas que permitam aos discentes um maior aprendizado.
As atividades lúdicas têm o poder sobre a criança de facilitar tanto o progresso de sua personalidade integral, como o progresso de cada uma de suas funções psicológicas intelectuais e morais. Ademais, a ludicidade não influencia apenas as crianças, ela também traz vários benefícios aos adultos, os quais adoram aprender algo ao mesmo tempo em que se distraem.
Desse modo, percebe-se o quão é importante a ludicidade no contexto escolar, visto que ela proporciona uma maior interação entre o estudante e o aprendizado, fazendo com que os conteúdos fiquem mais fáceis aos olhos dos alunos, os quais ficam mais interessados em assistir a aula.
3 Conclusão
Por meio dessa pesquisa, foi possível perceber que o brincar é fundamental no processo ensino-aprendizagem, e que brincar, jogar e o utilizar brinquedos são atividades importantes para o desenvolvimento emocional, cognitivo e social dos alunos. Foi possível constatar o quanto os jogos e atividades perderam espaço para a alfabetização precoce.
Portanto, levando em consideração a pesquisa feita nesse trabalho, constatou-se que os jogos e outras atividades lúdicas são uma ferramenta muito valiosa no trabalho pedagógico da educação infantil, pois por meio dessas atividades devem ser incorporados e introduzidos nos conteúdos de uma forma agradável, variada e muito ativa, uma forma participativa entre os próprios alunos, e assim aprenderão e se divertirão. Levando em consideração o problema apresentado no projeto de pesquisa, pôde-se perceber que o jogo e o brincar desperta um aprendizado essencial na criança quando o conteúdo é estruturado, planejado e direcionado.
A partir dos objetivos desses estudos, dos resultados de todas as observações e conhecimentos teóricos do estudo bibliográfico, pressupõe-se que o lúdico é uma técnica de ensino que merece atenção especial. Expressando sua importância em ensino-aprendizagem e como o acesso à educação infantil é proporcionado para fomentar um espaço institucional criativo, estimulante, dinâmico, agradável, coerente e completo.
Em suma, o professor precisará considerar o acesso a essa ferramenta para nortear a construção do conhecimento, visto que esse profissional é muito valorizado em sua busca por competência e raciocínio lógico. Porque é ele cria os momentos vividos em sala de aula, disponibiliza o tempo, o ambiente, compartilha jogos e com seus alunos, tem uma relação mais próxima com eles; proporcionando assim uma mediação de alta qualidade que possibilita a construção da cognição e que seja eficaz nesta maravilhosa jornada de busca do conhecimento que nos envolve.
Portanto, eles precisam estar cientes da importância do seu trabalho e precisam de dedicação e coragem para sempre contar com o fato de que os alunos que muitas vezes compartilham atividades que aumentam o nível de jogo são naturalmente capazes de explicar e penetrar no conhecimento sobre os temas estudados.
Desta forma, conclui-se que a integração escolar se tornou ainda melhor graças à introdução da ludicidade no ensino, com efeitos surpreendentes no desenvolvimento da criança. O brincar também é um fator imprescindível para a integração e aproximação dos alunos, por isso brincar na inclusão da escola não é uma novidade, pois há muito tempo é discutido por grandes cientistas que se dedicam a pesquisar o que está acontecendo no desenvolvimento da criança especial. Para eles, as atividades lúdicas são particularmente importantes na prática pedagógica da educação inclusiva.
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1 Pedagoga formada pela Profop – 2L – Pedagogia - Fabras