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Editorial
O conhecimento é o farol que guia os nossos passos na escuridão da ignorância. (pensador.com)
Deste modo, queremos primeiramente agradecer a todas as pessoas que, de alguma forma, contribuíram para que essa revista científica alcançasse sua primeira década de história.
Esta metáfora nos mostra o quão importante é compartilhar nossos conhecimentos e experiências. Tanto para o indivíduo, quanto para a sociedade, só há progresso quando constantemente se aprende e se ensina.
Neste sentido, quanto mais meios existirem para facilitar o compartilhamento, mais fácil será para todos que buscam conhecer algo novo a cada dia. Por isso estamos aqui.
Nossos agradecimentos aos autores, leitores, parceiros e colaboradores, por juntos estarmos mantermos esta Revista Científica ativa e cumprindo seu papel de compartilhar conhecimento.
Prof.ª Ma. Luzinete da Silva Mussi[1]
Diretora Editorial da ISCI Revista Científica
[1] Diretora do Instituto Saber de Ciências Integradas. Pedagoga. Licenciada em Educação Física. Psicopedagoga Clínica e Institucional. Especialista em Sociologia e Filosofia e em Gestão Educacional. Mestra em Ciências da Educação. Atua na Área Educacional desde 1976. O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.
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Importância da auxiliar de Educação Infantil no desenvolvimento de crianças de 0 a 3 anos
Luciene Alves de Jesus de Medeiros1
Fabiana Pereira2
Maria Aparecida S. da Silva3
DOI: 10.5281/zenodo.11077935
RESUMO
O presente artigo tem como objetivo abordar a importância da (o) auxiliar de educação infantil no desenvolvimento de crianças de 0 a 3 anos, sabe-se que quem cuida pode também educar, a parceria entre o pedagogo e o auxiliar pode fazer grande diferença no desenvolvimento cognitivo, afetivo, lúdico e social na vida da criança. O trabalho do auxiliar não pode, nem deve ser visto com algo insignificante nas etapas da educação infantil. A infância, é o período onde a criança cria vínculos, o vínculo, por sua vez, é imprescindível para uma educação efetiva , nesse sentido, fica claro que o cuidar e o educar não podem se dissociar um do outro ,mas sim ,se completarem ,pois quanto menor a criança ,maior necessidade de cuidados e corporais, assim, pode-se usar estas necessidades como forma de aprendizagem saudável educativa e construtora de saberes, somando para que a criança tenha mais capacidades de desenvolver- se integralmente. Para realização dessa pesquisa sobre a importância da auxiliar de educação infantil, verificou-se em acervos bibliográficos que a auxiliar é imprescindível e indispensável para o bom andamento da rotina escolar para crianças de 0 a 3 anos.
Palavras-chave: Auxiliares. Professores. Cuidar. Educar.
Este artigo tem como objetivo refletir junto ao leitor sobre os desafios de se trabalhar as questões do cuidar e do educar, de maneira conjunta na Educação Infantil. A escolha do tema vem reafirmar a importância do desenvolvimento integral da criança no período da trabalhadas de forma dissociadas.
Para isso, é necessário que o professor que atua nesta etapa, compreenda a importância destes conceitos de forma integrada.
A presença da auxiliar de educação infantil é indispensável dentro da creche e /ou escola de educação infantil para que as crianças tenham um bom desenvolvimento. A auxiliar tem suas atribuições elencadas visando um bom andamento da rotina escolar da criança. A relação entre cuidar e educar torna-se indissociável, pois, quanto menor for a criança, maior será a demanda pelos cuidados corporais. Sendo assim, quanto mais essa criança é cuidada, maior o vínculo se tornará. Por causa disso, quando o auxiliar de educação infantil tem a função do cuidado corporal, ele se torna uma preferência para os pequenos. Isto acontece porque a criança desenvolve seu corpo pelas interações e contatos com outras pessoas, processos este que ocorre pouco a pouco, quando os indivíduos se envolvem em trocas emocionais e de suporte pelo toque e contato visual. A afetividade permite que o sujeito (crianças pequenas) se desenvolva, estabelecendo conexões e vínculos.
O vínculo entre professor e aluno enfraquece quando o pedagogo desconhece essa realidade. Assim, por desconhecer, decide que é melhor ensinar conteúdo do que ter contato com a criança. No desejo de ensinar, muitas vezes, essas atitudes voltadas ao conhecimento muito técnico (planejamento e conteúdo) atrapalha o próprio processo de aprendizagem e criação de vínculos. Isso porque o educador acredita que precisa alcançar os objetivos do plano de aula, em vez de se dispor a participar de momentos como o de troca de fralda, banho, alimentação etc.
Para compreender os conceitos que se tem atualmente sobre o que significa cuidar e educar crianças pequenas, faremos um retorno histórico a fim de clarear tais propostas. Veremos que a origem destas funções aparecera de forma separadas o que justificaria, em parte, o desafio enfrentado pelos profissionais nos dias de hoje de percebê-las de forma indissociável.
2. Surgimento da função do auxiliar de educação infantil
Na pesquisa publicada no documento do MEC “Por uma política de Formação do Profissional de Educação Infantil”, Rosemberg (1994) confirma a indefinição do perfil do profissional de creche e pré-escola ao mostrar que as pessoas que trabalhavam na Educação Infantil, e principalmente nas creches, eram mulheres designadas de pajens, atendentes, recreadoras, crecheiras, monitoras, profissionais de Educação Infantil, trabalhadoras que lidam diretamente com a criança. Essas eram profissionais sem escolaridade específica, com remunerações precárias e funções associadas ao cuidado das crianças, evidenciando a delicada identidade profissional das educadoras das crianças de zero a seis anos
Segundo Campos e Rosemberg (1984) os primeiros auxiliares se chamavam “pajens. Atualmente são chamados de auxiliar de creche, auxiliar de educação infantil ou técnico em desenvolvimento infantil, mas todos com a mesma finalidade a de cuidar da higiene pessoal das crianças.
Campos Fullgraf e Wiggers (2006) destacam estratégias que vêm sendo utilizadas pelas prefeituras: organização de cursos de formação para educadores leigos que estão em exercício; substituição de profissionais por professores formados em cursos de magistério; utilização de dois adultos em cada turma, composta por um docente e um auxiliar, e assim por diante. Kramer et al (2001) destaca ainda: também estudam e discutem a presença de um profissional de apoio ao trabalho do professor na creche tal este chamado de auxiliar de educação infantil ou de auxiliar de creche, que, ora aparece associada às tarefas voltadas ao cuidado ora a ser uma resposta para os problemas das instituições de Educação Infantil, como o número máximo de crianças por turmas e a falta de condições de trabalho para apenas um professor.
2.1 Fundamentos do cuidar
O cuidar e o educar são funções que devem estar integradas nesta fase, para assim atender as necessidades e especificidades da criança dentro da educação infantil. No entanto, dentro da creche, por muitos anos adotou um caráter puramente assistencialista, no qual os familiares das crianças previam que ao deixarem seus filhos na creche, seria uma garantia de que teriam os cuidados elementares, como alimentação e higiene, mas com os avanços no campo da ciência e política essa percepção sofreu alterações, como salienta Nascimento (2010, p.557)
Afinal o que é o cuidado para a Educação Infantil? Com base em pesquisas bibliográficas realizadas por Sayão (2010) o cuidado nessa etapa apresenta uma visão mais ampla e irrestrita da perspectiva reducionista do cuidado como sendo somente relacionado as questões de higiene. Evidentemente, as questões interligadas ao corpo físico, fazem parte integrante do cuidado corporal, mas não somente, o cuidado na Educação Infantil vai além do tabu que o associa a um trabalho “sujo”. Por outro lado, ele pode ser compreendido como uma necessidade básica de todo ser humano, que deve considerar integradamente questões do corpo físico, emocionais e individuais, possibilitando descobertas e aprendizagens. Assim sendo, o cuidado representa questões voltadas a higiene corporal e alimentação, sendo assim, uma parcela da ação educativa direcionada para as crianças.
Segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, RECNEI.
[…] os debates em nível nacional e internacional apontam para a necessidade de que as instituições de educação infantil incorporem de maneira integrada as funções de educar e cuidar, não mais diferenciando nem hierarquizando os profissionais e instituições que atuam com as crianças pequenas e/ou aqueles que trabalham com as maiores. (RCNEI, 1998, v.01, p.23).
Dessa forma, é importante salientar que o cuidado, é rotina diária nas creches, que entrelaça questões de acolhimento, afeto, proteção, segurança, alimentação, higiene, limpeza, percepções ligadas ao sono, choro, inquietudes e balbucios, atenção as questões ligadas à saúde básica, como febre, cólicas, diarreias, e a destreza para perceber as questões gerais e essenciais da criança nas fases de desenvolvimento e a sensibilidade para atender suas demandas individuais.
2.2 O ato de educar na educação infantil (Pedagogo)
O cuidar e o educar se fazem nas rotinas diárias, desde o momento em que se troca a fralda, auxilia na alimentação, ensina a fazer a higienização na hora do banho, enfim, todas as atividades realizadas nas instituições de Educação Infantil estão ensinando as crianças, por meio das rotinas diárias e atividades lúdicas.
Portanto, o cuidar e o educar são meios integrados e essenciais na prática pedagógica. Eles são fatores que contribuem diretamente no desenvolvimento integral da criança e mediam a autonomia deles. BRASIL. Referencial curricular nacional para a educação infantil / Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1998. 3V.: IL.
Como salienta as Diretrizes Curriculares para Educação Infantil (2009, p.10) ao afirmar que:
Educar cuidando inclui acolher, garantir a segurança, mas também alimentar a curiosidade, a ludicidade e a expressividade infantis. Educar de modo dissociado do cuidar é dar condições para as crianças explorarem o ambiente de diferentes maneiras (manipulando materiais da natureza ou objetos, observando, nomeando objetos, pessoas ou situações, fazendo perguntas etc.) e construírem sentidos pessoais e significados coletivos, à medida que vão se constituindo como sujeitos e se apropriando de um modo singular das formas culturais de agir, sentir e pensar. Isso requer do professor ter sensibilidade e delicadeza no trato de cada criança, e assegurar atenção especial conforme as necessidades que identifica nas crianças.
2.3 A importância do cuidado do auxiliar para com a criança pequena
A Educação Infantil é a base principal para o desenvolvimento cognitivo, afetivo, social e emocional da criança, portanto é de estrema importância que o pedagogo saiba proporcionar aulas educativas utilizando brincadeiras diversas.
Portanto o brincar permite que a criança se desenvolva de várias maneiras, sabendo que o brincar é muito importante para que a criança possa expressar-se onde ela passará a reproduzir o que vivencia no seu dia a dia. É importante frisar que as brincadeiras são essenciais para um desenvolvimento integral da criança tanto nos aspectos afetivos, cognitivos, físico e social.
Ao permitir à ação intencional (afetividade), a construção de representações mentais (cognição), a manipulação de objetos e o desempenho de ações sensório-motoras (físico) e as trocas nas interações (social), o jogo contempla várias formas de representação da criança ou suas múltiplas inteligências, contribuindo para o desenvolvimento infantil. (KISHIMOTO, 2009, p.36).
Sendo assim, o brincar vem sendo uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento das crianças referentes a identidade e autonomia, os pequenos desde muito cedo comunicam-se por meio de gestos, o papel das brincadeiras dirigidas ou livres vem para aprimorar o desenvolvimento da imaginação, portanto é uma ferramenta principal no processo de ensino-aprendizagem desenvolvendo na criança várias formas de qualidades durante a Educação Infantil.
2.4 Recreação e brincadeiras (auxiliar)
A rotina da creche deve ser bem planejada para que possam atender as necessidades da criança, proporcionando diversas oportunidades de aprendizado com o auxílio das brincadeiras, um espaço onde elas possam se sentir acolhidas, com um ambiente seguro e amplo onde a criança possa desenvolver-se de forma saudável e que ela torne-se confiante a participar de maneira ativa na hora do brincar, o auxilio, neste momento é imprescindível para que não aconteçam intercorrências do tipo quedas, disputas por brinquedos, e mordidas etc.
Educar e brincar significa, portanto, propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural. Neste processo, a educação poderá auxiliar o desenvolvimento das capacidades de apropriação e conhecimento das potencialidades corporais, afetivas, emocionais, estéticas e éticas, na perspectiva de contribuir para a formação de crianças felizes e saudáveis. (BRASIL, 1998, p.23).
O tema Cuidar e Educar são temas relacionados a questões específicas do papel dos profissionais que atuam na educação infantil e ás questões amplas que afetam a sociedade contemporânea.
Para algumas instituições ou profissionais de Educação Infantil, as atividades mais ligadas aos aspectos corporais e biológicos da educação — como a higiene, a alimentação, o descanso entre outras são tarefas de cuidado, enquanto as tarefas que são do intelecto como pintar, desenhar, experienciar em ciências, são tarefas educativas.
2.5 O ato de cuidar
O ato de cuidar na visão de muitas instituições assumem a postura de que auxiliares cuidem das crianças e professores eduquem. Colocações como essas fortalecem a imagem da separação e não da integração corpo/mente, educar/ cuidar. Além disso, essa divisão de responsabilidades promove a discriminação social entre os trabalhadores da educação, admitindo – se que alguns deles pensam e realizam trabalhos cognitivos no âmbito da educação enquanto outros executam atividades manuais referentes aos cuidados.
2.6 Afetividade no cuidar
A afetividade é a mistura do todo, de todos esses sentimentos, que ensina aprender e cuidar adequadamente de todas essas emoções é que vai proporcionar ao sujeito uma vida emocional plena e equilibrada. Muitas vezes somos movidos pelo impulso em direção ao prazer. Por isso o viver é um sentimento doloroso, como a raiva ou o medo, é natural reagirmos à situação que provoca dor.
Os pais devem ter a consciência de que a criança não necessita apenas de alimentação, e a escola torna se o segundo espaço onde a criança deve ser recebida com afeto, cuidado e atenção, essa afetividade se intensifica no educar, por meio de carinho, amor atenção e brincadeiras.
De acordo com KHISHIMOTO.
Ao comprar um jogo de montar palavras, por exemplo, os pais estarão contribuindo para esse processo formador. O papel da família também está em dar suporte ao trabalho iniciado em sala de aula. O que vemos hoje são muitos jogos educativos utilizados de forma leviana e sem a menor consideração com seu papel educativo e facilitador do ensino. Cabe mais uma vez a família se inteirar do conteúdo pretendido para aquela faixa etária e também, como na escola, utilizar de recursos como brincadeiras e brinquedos para se “treinar” conhecimentos e aplicá-los de forma prática e divertida. (KISHIMOTO, 1994.p. 63).
Aproximação dos pais com as crianças pode encorajá-las a novas descobertas, novas brincadeiras, pode ajudar a encontrar novos desafios com apenas brincadeiras elas podem brincar no escuro assim perder o medo de dormir sozinha, conviver e lidar com frustrações no dia a dia e superar obstáculos, aprendendo assim ter confiança em si mesma, passar alguns minutos por dia brincando com os filhos pode ser um dos mais importantes processos formadores na vida das crianças.
É importante lembrar que brincar na creche e na escola também tem grande importância na aprendizagem da criança, mas nada pode substituir os benefícios do brincar entre pais e filhos.
2.7 Metodologia
A pesquisa caracteriza-se como básica, pois buscou novos conhecimentos, investigando os fenômenos e os fatos ocorridos na profissão auxiliar de creche e / ou auxiliar de educação infantil. Buscou- se informações em artigos de revistas, sites e blogs.
Metodologia é todo tipo de pesquisa, seja ela uma pesquisa bibliográfica, pesquisa documental, experimental ou pesquisa em campo. Os métodos se aplicam a vários campos do saber. Segundo MARCONI, LAKATOS, (2009, p.110) “Partindo do pressuposto dessa diferença, o método se caracteriza por uma abordagem mais ampla, em nível de abstração mais elevado, dos fenômenos da natureza e da sociedade”.
Essa pesquisa se deu pelo método de abordagem hipotético dedutivo sendo que o problema surgiu do interesse em levantar dados sobre a importância do auxiliar no desenvolvimento das crianças de 0 a 3 anos: formulando ao final da pesquisa realizada por meio de bibliografias, realizando uma pesquisa de campo sendo questionários aplicados aos professores da creche criança feliz.
Diante disso Marconi, Lakatos (2009, p.110) “O método hipotético dedutivo se inicia pela percepção de uma lacuna nos conhecimentos acerca da qual formula hipótese e pelo processo de inferência dedutiva, testa a perdição da ocorrência de fenômenos abrangidos pela hipótese”.
Conforme Marconi Lakatos (2001, p.108), “o método monográfico consiste no estudo de terminados indivíduos, profissões, condições, condições, instituições, grupo ou comunidades, com a finalidade de obter generalizações.”
Para o presente artigo foi utilizado a abordagem quanti-qualitativa na análise dos dados. Segundo Chizzotti (1998), as pesquisas quantitativas preveem a mensuração de variáveis preestabelecidas, procurando verificar e explicar sua influência sobre outras variáveis e, nelas, o pesquisador descreve, explica e prediz. As pesquisas qualitativas, entretanto, fundamentam-se em dados coligidos nas interações interpessoais, na coparticipação das situações dos informantes, analisadas a partir da significação que estes dão aos seus atos, sendo que o pesquisador participa, compreende e interpreta (CHIZZOTTI, 1998).
As técnicas de coletas de dados serão realizadas através de documentação indireta extensiva pois consiste em examinar fatos ocorridos no dia a dia e bibliográficos e questões de 10 perguntas.
2.8 Escola municipal de educação infantil creche criança feliz
A Creche criança feliz que está localizada na cidade de Matupá é mantida pela Secretaria Municipal da Educação e tem como público-alvo as crianças de 6 meses a 3 anos e por isso é regida pelo princípio básico da educação infantil, educar, cuidar e brincar levando em consideração as manifestações de afetividade, nessa instituição a criança é o sujeito principal e por isso todo o trabalho é focalizado no seu desenvolvimento. O planejamento é elaborado através de sequência didática e projeto pedagógico tendo como norteadora a BNCC (Base nacional comum curricular), esses métodos de ensino contribuem para que o professor desenvolva um trabalho voltado para a construção da aprendizagem por meio de atividades significativas e construtivas de psicomotricidade, coordenação motora fina, ampla, e ludicidade juntamente com as auxiliares, contemplando as necessidades da criança nessa faixa etária.
O espaço físico é organizado e adaptado para atender as crianças com excelência o prédio passou por uma grande reforma, tendo em suas estruturas algumas mudanças significativas que contribuíram para o melhor funcionamento da instituição, principalmente nas salas direcionadas as crianças. O espaço de lazer é amplo o que facilita as brincadeiras nos momentos livres.
Análise e discussões
Depois de ter realizada a pesquisa de campo com os professores e auxiliares, foi construído o texto com explicação das informações obtidas. Tendo como objetivo relacionar as respostas para que se pudesse chegar a uma resposta para o problema levantado, sendo necessário estabelecer categorias de análise.
3.0 Considerações Finais
O objetivo desse artigo foi alcançado podendo concluir que o Educar e o cuidar deve ser aplicado para que o professor possa efetivar sua intervenção no ato de cuidar e educar deve desenvolver um modelo metodológico flexível e plural que atenda às diferenças sociais e culturais das crianças e não somente o intelectual, garantindo a todos a autonomia nas diferentes situações e principalmente, o professor deve rever suas concepções de infância.
O fazer pedagógico na educação infantil é complexo e envolve o autoconhecimento, a construção de identidades, o reconhecimento e os desafios dos limites que o professor deve assumir na educação infantil deve assumir uma posição investigativa em suas ações no dia a dia durante o cuidar e o educar, elaborando registros reflexivos de maneira sistematizada e contínua revendo sempre seus conceitos pedagógicos entre o cuidar e o educar.
Portanto, essa pesquisa proporciona uma visão ampla do trabalho pedagógico referente ao Cuidar e Educar na concepção de infância dos professores, demonstrando a importância da identidade profissional do professor e as diferenças culturais existentes na instituição de ensino. Todos esses fatores devem ser levados em consideração para que haja uma educação cujos valores integram e articulam as ações docentes no ato de cuidar e educar de forma significativa.
REFERÊNCIAS
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______. Crianças e adolescentes na sociedade brasileira e a Constituição de 1988.
BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a educação Infantil. Introdução vol.2.Brasília: MEC, 1998.
Campos, M. M., Fullgraf, J., & Wiggers, V. (2006). A qualidade da educação infantil brasileira: Alguns resultados de pesquisa. Cadernos de Pesquisa, 36, 87-128. http://dx.doi.org/10.1590/S0100-15742006000100005
https://faculdadephorte.edu.br/o-papel-do-pedagogo-e-do-auxiliar-de-sala/acesso em 25 de novembro de 2023
In: OLIVEN, Ruben G.; RIDENTI, Marcelo; BRANDÃO, Gildo M. (Org.). A Constituição de 1988
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Maria de Andrade. Metodologia de Trabalho Científico. 6 ed. São Paulo Atlas 2001.
NASCIMENTO, Maria Letícia Barros Pedroso. A CRECHE NA EDUCAÇÃO INFANTIL: ENTRE O OFÍCIO E O DIREITO. Estud. sociol., Araraquara, v.15, n.29, p.555-566, 2010.
Porto das Galinhas, PE. Anais. Porto das Galinhas: ANPED, 2012. GT7: Educação de crianças de 0 a 6 anos.
ROSEMBERG, Fúlvia. O estado dos dados para avaliar políticas de educação infantil. Estudos em Avaliação Educacional, São Paulo, n. 20, p. 5-58, dez. 1999.
ROSEMBERG, Fúlvia; MARIANO, Carmem Lúcia Sussel. A Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança: debates e tensões. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 40, n. 141, p. 693-728, set./dez. 2010.
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SOUZA, Emily Bomfim. Auxiliares na Educação Infantil: Entre cuidar e educar. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 12, Vol. 06, pp. 152-163. Dezembro de 2020. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/auxiliares-na-educacao, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/auxiliares-na-educacao acesso em 23 de novembro de 2023
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Jogos e brincadeiras
(Games and games)
Cintia Maria Ferreira Martins
Roberta de Almeida
Tamires Aparecida Borges Teófilo
Fernanda Daltro Scorzoni
DOI: 10.5281/zenodo.11002466
RESUMO
O presente trabalho vem destacar o tema Jogos e Brincadeiras na Educação Infantil, e como em uma prática estruturada pode contribuir para a produção de conhecimento e o desenvolvimento da criança. O tema pesquisado traz questões antigas levantadas por grandes estudiosos, os quais conforme o decorrer deste, estudaremos um pouco mais a fundo, suas metodologias e conceitos e quais suas contribuições para a educação. Buscaremos identificar a ligação e a relevância do tema com a metodologia de aprendizagem baseada em pesquisa sobre produção de conhecimento. Como metodologia utilizamos uma pesquisa de cunho bibliográfico, caracterizada como qualitativa, em que pudemos analisar como o lúdico é tão importante e indispensável para a aquisição do conhecimento.
Palavras-chave: Jogos e Brincadeiras. Ludicidade. Educação Infantil.
ABSTRACT
This work highlights the theme of Games and Play in early childhood education, and how a structured practice can contribute to the production of knowledge and the development of the child. The topic researched brings back old questions raised by great scholars, who as this progresses, we will study a little more in depth, their methodologies and concepts and what their contributions to education. We will look identify the connection and relevance of the topic with the learning methodology based on research on knowledge production. As a methodology, we used bibliographical research, characterized as qualitative, in which we were able to analyze how play is so important and indispensable for the acquisition of knowledge.
Keywords: Games and games. Playfulness. Child Education.
1.1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho vem apontar e destacar a importância do tema Jogos e Brincadeiras, em especial na Educação Infantil, e como uma metodologia de aprendizagem baseada em jogos e brincadeiras numa prática pedagógica estruturada pode contribuir para produção de conhecimentos e saberes no desenvolvimento cognitivo de uma criança, levantando questões do tipo: Como se dá o conhecimento? De onde vem? Como é produzido? Através de quais práticas posso busca-lo?
São questionamentos que através de pesquisas e práticas de observação procuraremos ir transpondo e esclarecendo junto ao pensamento e teorias dos mais renomados estudiosos da área e até mesmo mergulhando um pouco na história da educação para juntos desvendarmos este prazeroso universo infantil.
Os objetivos são identificar a ligação e a relevância do tema com a metodologia de aprendizagem baseada em pesquisas sobre a produção de conhecimento no ensino infantil através dos jogos, brinquedos e brincadeiras, seus aspectos teóricos e investigar a contribuição do tema no desenvolvimento cognitivo da criança.
Na metodologia, será feita uma revisão bibliográfica baseada nas ideias centrais do livro A ludicidade na educação: uma atitude pedagógica, de Maria Cristina Trois Dorneles Rau, para descrever e aprofundar teorias que abordam práticas pedagógicas inovadoras e para aprofundar teorias sobre a metodologia de aprendizagem e desenvolvimento cognitivo.
O tema pesquisado vem abordar questões antigas já levantadas por grandes estudiosos da educação que indagam sobre a importância dos jogos e brincadeiras numa prática pedagógica diferenciada.
Nos dias atuais continua sendo uma questão de grande relevância na área de educação e que levanta debates entre pesquisadores.
Sendo assim, a pesquisa visa contribuir para que os professores possam repensar suas práticas baseados na reflexão e nas obras dos mais diversos autores renomados e estudados até hoje baseados no emprego de informações científicas que comprovam sua eficácia e ajudam a adequar e ampliar sua visão sobre o tema.
O presente documento se encontra estruturado e organizado da seguinte forma partindo da identificação do tema, seguido por um breve resumo destacando os aspectos de maior relevância, uma introdução apontando sucintamente suas ideias principais, a fundamentação teórica onde se encontrarão articuladas ideias e contribuições de outros autores com reflexões e discussões tendo como finalidade constituir uma base teórica da pesquisa. E como partes finais, temos a metodologia que se divide em dois momentos que é a fundamentação metodológica e procedimentos.
As considerações resumindo e finalizando as conclusões dos autores citados neste documento onde se funda e ocorre o cruzamento de ideias e percepções acerca do tema debatido.
Por fim temos as referências onde todos os autores citados no presente artigo, desenvolvimento, obras ou fontes de pesquisa (artigo, livro, página da internet etc.), constam como forma de registro.
2.0 SENTIMENTO DE INFÂNCIA
2.1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Refletindo sobre a importância do tema Jogos e Brincadeiras não há como se iniciar qualquer dissertação, sem recorrer ao ponto principal do tema que é a “criança”, ou seja, cabe aqui voltar e mergulharmos na historicidade do eixo central de nossa pesquisa.
Baseando-nos no pensamento de Cartaxo, no qual ela apresenta que a definição de infância está relacionada ao tempo e ao espaço em que cada um vive e a um contexto social. Vale fazermos um percurso reflexivo com base em dados da história (Cartaxo, 2013). Sob essa perspectiva, para Kramer:
A análise das modificações do sentimento de infância é feita à luz das mudanças ocorridas nas diferentes formas de organização social, possibilitando a compreensão do presente, em que a criança é estudada não como um problema em si, mas sim compreendida segundo uma perspectiva do contexto histórico em que está inserida. (Kramer,1995, p. 17)
Portanto, o exemplo segundo a história e conforme explica o historiador Philippe Ariès (1981), ao tratar sobre o surgimento do sentimento de infância, na sociedade medieval apontada por ele como ponto de partida, “o sentimento de infância não existia” não que não existisse afeição pela criança, pois ele também explica que o termo sentimento de infância refere-se apenas a uma consciência que distingue a criança do adulto. E essa consciência não existia na época, ou seja, assim que a criança tinha condições de viver sem a necessidade de ajuda constante de um adulto, ela ingressava na sociedade dos adultos e não se distinguia mais destes. (ARIÈS, citado por CARTAXO, 2013, p. 18).
Baseados nas considerações apontadas será que refletimos sobre concepção de infância? Para os estudiosos da educação infantil (ver Kramer,1996; Ostetto, 2000), há um consenso que define a criança como ser competente para interagir e produzir cultura no meio em que se encontra. (KRAMER e OSTETTO, citados por CARTAXO, 2013, p.28).
Cartaxo (2013, p.30-34) ressalta que surgiram assim contextos sobre a trajetória da educação infantil que resultou nas primeiras ideias sobre o cuidado com as crianças e os modelos educacionais que foram sendo criados para responder aos desafios da organização da sociedade. Perceberemos que durante esta trajetória educacional irão surgir conceitos básicos que deram origem a inúmeras políticas públicas. Em suma no percurso da história acontecem grandes transformações no cenário da educação com o enorme impacto das mudanças sociais e com a entrada da mulher no mercado de trabalho, acontece o surgimento de instituições formais (creches e pré-escolas) para o atendimento à criança, que primeiramente foram consideradas de cunho assistencialista, constituídas para atender às pessoas de baixa renda. Neste período o Departamento da Criança no Brasil organizou o primeiro Congresso Brasileiro de Proteção à Infância (1922) onde concluíram que o atendimento à criança seria a solução para os problemas sociais. E daí segue várias políticas e leis, que alteram e contribuem para o cenário da educação nacional, até que surge então a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) – Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996- que se pronuncia dizendo que o atendimento a criança deve ser dado em complementação a educação da família. Ou seja, define, no art. 29 que “a educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade”. Evidenciando assim o importante papel da família como responsável por educar e cuidar.
Cartaxo (2013, p. 59-64) destaca que partir da LDBEN/1996, é afirmado que a educação infantil é a primeira etapa da educação básica, assegurando a todos o direito à educação, surge então a necessidade de planejar ações educativas de qualidade e de formar profissionais para atuar nessa primeira etapa. Quando então os olhares se voltam para a criança nasce o sentimento de infância e neste momento são estabelecidas novas bases para um sistema de ensino com significativas perspectivas para a educação de crianças pequenas e a criança passa a ser vista em sua totalidade como um ser que não necessita em si somente de cuidados, mas também de uma educação de qualidade pautada em princípios básicos e necessários à sua plena formação, pois segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil educar significa “...propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens.”
Torna-se relevante então, termos como base algumas concepções teóricas sobre a educação desenvolvidas em diferentes épocas e lugares, que em alguns casos complementam-se e, em outros, distanciam-se. Mas que são de grande valia e estudadas até hoje pois suas ideias foram e/ou são fundamentais para a educação da infância seja na prática do educador, ou na formulação das diretrizes que orientam os procedimentos educacionais.
Cartaxo (2013, p.64-74) sugere uma breve apresentação na trajetória de alguns pensadores que representaram, representam ou agregam, de alguma maneira a concepção de determinada época ou grupo sobre a questão da educação e vem enriquecer a história da mesma até nossos dias atuais e entre eles está, Jan Amos Comenius (1592-1670) que se debruçou sobre a educação de crianças pequenas e advogava a popularização da educação e do ensino empírico, principalmente por meio dos sentidos. O pensador defendia que o cultivo dos sentidos e da imaginação deveria ser o ponto de partida para o desenvolvimento racional da criança enquanto que Jean- Jacques Rousseau (1712-1778) veio revolucionar a pedagogia com a teoria cujos princípios básicos eram o tratamento da criança como criança e a valorização de sua personalidade. Condenava as tentativas de forçá-la a comportar-se como adulto e propunha uma educação que priorizasse a apreensão da liberdade e do ritmo da natureza e o livre exercício das capacidades infantis por meio de atividades práticas (da observação e do contato com a realidade).
Já Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827), segue o caminho das reflexões traçado por Rousseau e as coloca em prática, valorizando a aprendizagem pela experiência e pela observação, desprezando o ensino livresco e fundando o método intuitivo e o ensino mútuo. Esse método foi desenvolvido por Pestalozzi, por meio de atividades relacionadas à arte, à música, à soletração, à geografia, à aritmética, às linguagens (incluindo a oral) e ao contato com a natureza. Ele defendia que nessa concepção a educação se daria em um ambiente natural com clima amoroso como a criança deveria naturalmente se desenvolver, treinando suas vontades e atitudes morais. Complementando esses ideais, temos Robert Owen (1771-1858) que abriu junto à sua fábrica têxtil, um instituto com classes infantis para atender aos filhos de operários. Esse instituto é considerado o início da escola moderna voltada à infância, e sua principal característica era superar o atendimento assistencialista, priorizando uma ação educativa e de instrução básica. E com Ferrante Aporti (1791-1858) acontece a inauguração do primeiro asilo infantil com base na ideia de Owen, com uma educação pensada em atender às crianças de famílias mais ricas, mas ele acreditava também na necessidade de atender às crianças pobres com a mesma proposta.Confome o ideal oweniano ele tratou de proteger a primeira idade e também de dar a ela instrução por meio da introdução da leitura, da escrita e do cálculo mental. Friedrich Fröebel (1782-1852) levou adiante as ideias de Pestalozzi e se notabilizou pela criação de um novo tipo de escola, o Kindergarten (jardim de infância), cuja concepção de educação era marcada por uma filosofia espiritualista em que criança, assim como uma planta, devia encontrar ambiente favorável para se desenvolver.
O educador atribuía grande importância à formação da personalidade, às atividades infantis, aos brinquedos, às canções, às histórias e aos jogos. Considerava que os jardins de infância não eram somente locais de abrigo, mas também espaços preparados para o jogo, o trabalho infantil e as atividades em grupo, e esses espaços deveriam ser organizados pela professora, cuja função era orientar as atividades, e não deveriam ser transformados em ambientes com a mesma disposição dos espaços escolares. Ovide Decroly (1871-1932) médico, educador e psicólogo belga, realizou pesquisas sobre a psicologia infantil que o levaram à criação de um sistema de ensino primário. Para ele, a educação tinha a finalidade de preparar a criança para a vida por meio da acomodação do ensino aos diversos tipos de evolução, considerando a constituição pessoal e as exigências do meio. Ele defendia um ensino voltado para o intelecto, preocupando-se com o domínio do conteúdo pela criança com a possibilidade de uma organização voltada aos centros de interesse, vemos aqui já surgir uma educação mais voltada aos interesses da criança e do que a sociedade exige, uma educação mais voltada para os moldes atuais.
Maria Montessori (1870-1952) educadora italiana, cursou Medicina em Roma, onde iniciou suas pesquisas sobre a educação de crianças com deficiência mental. Criou um método educativo, conhecido pelo seu nome, baseado no uso de brinquedos e estendido ao ensino de crianças com deficiência, ou seja, com um olhar também muito à frente de sua época, revelando uma educação que é muito nova até nos dias atuais, ou seja, na educação inclusiva muito estudada nos dias de hoje e pensando nas particularidades de cada criança.
Celestin Freinet (1896-1966) foi outro educador que teve grande influência no trabalho com crianças pequenas, pois sua pedagogia renovou a prática escolar na medida em que defendia a ideia de que o ensino não deveria limitar-se à sala de aula, e sim aproximar-se da realidade, deixando de ser teórico e ligando-se à vida.
E colaborando com Freinet, temos Lev Semenovitch Vygostsky (1896-1934) em sua concepção de que a criança é um ser social. E o processo de desenvolvimento de conhecimentos se faz por mediações. O professor é o mediador entre a criança e o cultural, para que ela tenha acesso aos conteúdos universais. Essa teoria vem redirecionar e revolucionar o processo de ensino pois aponta para uma perspectiva onde o papel do professor é o de proporcionar aos alunos a oportunidade de produzir e se apropriar de novos conhecimentos, tendo como ponto de partida o que eles já sabem e instigando-os a interagir num ambiente de aprendizagem cooperativo. E com uma nova visão sobre a pedagogia temos Jean Piaget (1896-1980) seus estudos trouxeram uma importante contribuição para a compreensão sobre o desenvolvimento cognitivo das crianças, explica que a construção do conhecimento ocorre por meio de um processo contínuo de trocas entre o indivíduo e o meio ambiente. O Piaget psicólogo já tinha proporcionado ao educador uma série importante de dados experimentais em apoio aos métodos ativos – preconizados igualmente por Montessori, Freinet, Decroly. Com seus trabalhos sobre os estágios do desenvolvimento da inteligência já havia incitado os mestres a adaptar melhor suas intervenções pedagógicas ao nível operatório alcançado pelo aluno. O Piaget epistemólogo propunha outro ponto de vista e sugeria descentrar, de alguma maneira, o aluno de seu nível, de suas dificuldades, de suas habilidades particulares, para abrir-se mais ao seu contexto cultural e levar em conta os diversos percursos e trajetórias históricas dos conceitos a que se propõe estudar, ou fazer estudar.
Emília Ferreiro (1936) foi aluna de Piaget, dedicou-se aos estudos da psicogênese da linguagem escrita, ou seja, de como a criança aprende a linguagem escrita. Para ela, o aprendizado da alfabetização não ocorre desligado do conteúdo da escrita, mais um conceito utilizado atualmente pois no processo da alfabetização se faz necessário o uso da escrita, do aprendizado das letrinhas, do alfabeto, que já é ensinado desde a mais tenra idade. E Henri Wallon (1879-1962) desenvolveu estudos sobre a plasticidade do cérebro e propôs um estudo dos aspectos relacionados ao desenvolvimento infantil comtemplando a motricidade, a afetividade e a inteligência.
Nessas condições, de acordo com os livros citados, percebemos que o desenvolvimento infantil pode ser mais facilmente compreendido através de suas concepções, tendo como princípio uma posição ativa da criança em relação ao meio em que vive e na interação com os outros e que temos como base extensas pesquisas cientificamente fundamentadas que norteiam o fazer pedagógico e nos auxiliam na prática educacional. E através de seus estudos vemos como o tema a seguir que é a Ludicidade já fazia parte de seu repertório e já transparecia em suas pesquisas nos levando gradativamente com o tempo a reconhecer sua importância no universo infantil, analisando profundamente a importância do brincar até os dias de hoje.
2.2 A LUDICIDADE NA PRÁTICA PEDAGÓGICA: O OLHAR VOLTADO PARA A CRIANÇA
Rau (2012, p.21) defende que a infância no momento atual, principalmente no que se refere à educação infantil e a sociedade surge um universo distinto no que diz respeito às novas formas de expressão de valores, interesses, ensino e aprendizagem. Vemos despontar uma nova concepção, a ludicidade, área que trata dos jogos, dos brinquedos e das brincadeiras, e tem levado os profissionais da educação a reverem sua prática e a repensarem seus conceitos. Com isso, muitos estudiosos apontam o jogo como um instrumento pedagógico muito significativo e de grande valor social oferecendo a criança diferentes possibilidades educacionais. Para Vygotsky o jogo é “essencialmente desejo satisfeito”, originado dos “desejos insatisfeitos” da criança e cita que:
Nessa perspectiva define como característica do jogo o fato de que, nele,” uma situação imaginária é criada pela criança. O brincar da criança é a imaginação em ação. O jogo é o nível mais alto do desenvolvimento na educação pré-escolar e é por meio dele que a criança move-se cedo, além do comportamento habitual na sua idade.” (VIGOTSKY, 1984, p.64).
Sobre o jogo, Piaget (1976) destaca a construção do conhecimento, principalmente nos períodos sensório-motor e pré-operatório, para este autor o jogo é fundamental para o desenvolvimento cognitivo, pois ao representar situações imaginárias, a criança tem a possibilidade de desenvolver o pensamento abstrato, a criança estabelece novas relações entre objetos e ações e assim expressa sua personalidade, o que contribui para a evolução da imagem no corpo. (PIAGET, citado por RAU, 2012, p.58).
De encontro com essas ideias, temos o pensamento de Oleques (2009):
As crianças ficam mais motivadas a usarem a inteligência, pois querem jogar bem e assim se esforçam para superar obstáculos, tanto cognitivos quanto emocionais. Estando mais motivadas durante o jogo, ficam também mais ativas mentalmente, assim desenvolvendo seus raciocínios e lógicas. O lúdico é um ótimo recurso didático, que vem, somente contribuir com o professor-educador, para o processo de ensino-aprendizagem. (OLEQUES, 2009)
Como elemento da educação a ludicidade também explica a evolução humana pois o homem sempre teve como recurso em seu desenvolvimento a linguagem do brincar. Sendo assim, como poderia a ludicidade fazer parte do currículo escolar? Então entre esta e outras questões que mobilizam os educadores, encontra-se a organização de propostas para a formação profissional baseada entre teoria e prática. Estudos vêm apontando que, atualmente, há uma crescente necessidade de a escola trabalhar conteúdos programáticos com aplicação prática atendendo a um aluno que é hoje caracteristicamente mais questionador.
Nessa perspectiva os estudos de Santos definem que:
A formação lúdica se assenta em pressupostos que valorizam a criatividade, o cultivo da sensibilidade, a busca da afetividade, a nutrição da alma, proporcionando aos futuros educadores vivências lúdicas, experiências corporais, que se utilizam da ação, do pensamento e da linguagem, tendo no jogo sua fonte dinamizadora. (SANTOS,1997, p. 14)
E conclui afirmando que “quanto mais o adulto vivenciar sua ludicidade, maior será a chance de este profissional trabalhar com a criança de forma prazerosa”. Com base nas afirmações entendemos que o adulto primeiro precisa reconhecer sua própria ludicidade para ser capaz de aplicá-la. Mesmo sendo este diversas vezes cobrado a voltar a realidade pois a brincadeira era vista pela sociedade apenas como um passatempo.
Logo a ludicidade se firma como uma nova maneira de educar com criatividade e responsabilidade, descobrindo maneiras mais interessantes de lidar com a realidade.
De acordo com Costa (2005, p.45)
... a palavra lúdico vem do latim ludus e significa brincar, e no entendimento de brincar estão incluídos os jogos, brinquedos e brincadeiras e a palavra é relativa também à conduta daquele que joga, que brinca e que se diverte. (COSTA, citado por RAU,2012, p.30).
Mas é possível estabelecer alguma relação destes com a educação, ou o aprendizado em si?
Sendo uma afirmação quase unânime entre os estudiosos citados anteriormente a resposta é sim, pois para a criança pequena, até mesmo os maiores estabelecem uma relação de prazer com os jogos, os brinquedos e as brincadeiras, pois atividades relacionadas a eles fogem da rotina muitas vezes maçante da escola, e é percebida pela criança como algo que é do seu entendimento, da sua rotina e que ele não será cobrado devendo apresentar resultados esperados pelo educador. Mas o que passa despercebido a criança é que brincando ela está apreendendo conhecimento, e quando o educador se dá conta desse processo, o ato de ensinar se torna prazeroso, até mesmo para ele, fluindo com muito mais facilidade.
Com os jogos, por exemplo, a criança se vê lidando com conteúdos do seu cotidiano, aprendendo a seguir regras, interagindo com objetos e o meio e também com a diversidade de linguagens envolvidas em sua prática, ou seja, o jogo utilizado em sala de aula além de proporcionar a criança o aprender brincando de uma forma prazerosa, também atende a um resultado e visa atingir finalidades pedagógicas, sendo assim, a brincadeira deve ser o ponto de partida de todas as atividades. (RAU, 2012, p.31).
Tais questões sempre trazem à tona discussões em torno da apropriação do jogo pela escola, especialmente do jogo educativo e muitos autores entre eles uma das mais importantes a discutir o tema está Tizuko Morchida Kishimoto (2008), a estudiosa defende que os jogos surgiram na Roma e na Grécia antigas, quando havia a produção de doces em forma de letras destinados ao aprendizado das letras. Concordando com esse fundamento, Ariès (1981, p.77) argumenta que “a prática de unir o jogo aos primeiros estudos justifica o nome ludus atribuído às escolas de instrução elementar, semelhante aos locais destinados à prática de exercícios de fortalecimento do corpo e do espírito nessa época “. (KISHIMOTO e ÀRIES, citados por RAU, 2012, p.31-32).
Para Kishimoto há diferença entre o jogo e o material pedagógico que trazem uma reflexão quanto a utilização do jogo educativo em sala de aula.
Nas palavras da autora há uma característica que deve ser levada em consideração a respeito do jogo:
[...] controle interno: no jogo infantil, são os próprios jogadores que determinam o desenvolvimento dos acontecimentos. Quando o professor utiliza um jogo educativo em sala de aula, de modo coercitivo, não oportuniza aos alunos liberdade e controle interno. Predomina, neste caso, o ensinamento, a direção do professor. (KISHIMOTO, 2008, p.26).
Para a autora, a função lúdica do jogo, expressa a ideia de que sua vivência propicia a diversão, o prazer, quando escolhida voluntariamente pela criança. E a função educativa pela prática do jogo leva o sujeito a desenvolver seus saberes, seus conhecimentos e sua apreensão de mundo. O equilíbrio entre as duas funções seria então o objetivo do jogo educativo. (KISHIMOTO, citada por RAU,2012, p.32-33).
A teoria de Kishimoto é realmente baseada e fundamentada na educação que é praticada nas escolas atualmente e que serve de base para nossos estudos futuros e exemplo do que realmente funciona e tem função essencial na prática educativa pois sabendo utilizar esses princípios podemos perceber a aprendizagem fluir livremente.
Em sua obra A formação do símbolo na criança, de 1946, Jean Piaget relacionou a brincadeira e o jogo com o desenvolvimento cognitivo da criança. Para ele a criança adapta a realidade e os fatos às suas possibilidades e aos seus esquemas de conhecimento, manifestando essa adaptação também no brincar.
Jean Piaget (1978) classificou o jogo em quatro tipos: jogos de exercício, de construção, simbólicos e de regras. O Jogo de Exercício é a ação da criança sobre seu próprio corpo e sobre objetos, visando predominantemente à satisfação de necessidades, como exemplo, temos o ato de chupar uma chupeta.
O Jogo de Construção consiste na manipulação de objetos para criar algo. Não é específico de determinada fase e muitos autores afirmam que se mantém ao longo do desenvolvimento, podendo nesse percurso executar atos menos elaborados como, juntar cubos, por exemplo.
O Jogo Simbólico se baseia na representação do imaginário, onde a criança lança mão do faz de conta usando da imaginação e fantasia para interpretar a realidade.
O Jogo de Regras se torna mais perceptível a partir dos 07 anos, na etapa das operações concretas. O simbólico vai cedendo espaço nas brincadeiras para as regras determinadas pelo grupo. Neste tipo de jogo a criança aprende a superar o egocentrismo em prol de se colocar no lugar do outro aprendendo a controlar suas emoções e desejos. (PIAGET, citado por WITTIZORECKI, DAMICO e SCHAFF, 2013, p.51-52).
Fonte: Portfólio de Paula Marchesini, 2016
WITTIZORECKI, DAMICO e SCHAFF (2013, p.65), concluem então que o jogo tem um papel fundamental no processo de desenvolvimento da criança, que pode através dele vivenciar inúmeras situações de aprendizagem, tornando-se capaz de conhecer e compreender o mundo.
O brincar é capaz de apresentar, resumidamente, como ferramenta essencial, vias para o desenvolvimento dos aspectos da formação do ser humano, como a cognição, a afetividade, o amadurecimento psicológico e a motricidade (WITTIZORECKI, DAMICO e SCHAFF, 2013, p.66).
Princípios básicos, mas de vital importância por todo o percurso da vida infantil, é o fato de observarmos nas instituições escolares e na interação com crianças de 0 a 03 anos, que a todo momento o ato de aprendizagem se desvenda, desde a higiene (com a simples escovação de dentes) até o pedagógico, pois a todo momento acontece a descoberta, algo novo, a aquisição da autonomia na criança, vemos despontar a maturação em todos os aspectos.
Dessa forma pode-se observar a ligação do jogo com a psicanálise onde podemos expressar desejos de forma simbólica quando sonhamos, fantasiamos ou brincamos. Sendo comum, notarmos uma criança brincar repetidamente com algo que lhe provocou sofrimento, portanto no jogo é que ela pode recriar situações de modo a tentar lidar e superar situações traumáticas. (WITTIZORECKI, DAMICO e SCHAFF, 2013, p.53-54).
E neste sentido devemos ter um olhar atento pois muitas vezes a brincadeira expressa a versão que o adulto passa à criança e, nesse sentido, a vemos expressando gestos, falas, pensamentos do mundo adulto de forma indistinta, sem consciência.
Arminda Aberastury (1992) diz que, ao brincar, a criança projeta para o exterior suas angustias, seus temores e seus conflitos, construindo possibilidades de manejá- los por meio da ação sobre brinquedos e objetos. (ABERASTURY, citada por WITTIZIRECKI, DAMICO e SCHAFF, 2013, p.54).
Notamos isso no jogo simbólico onde a criança se utiliza da fantasia, do faz de conta, para recriar situações do seu cotidiano, e tentar enfrentar algum trauma ou situação indesejada que esteja vivenciando e como educadores e com um olhar um pouco mais apurado através destas atitudes podemos identificar a causa de algum problema na escola que esteja relacionado à agressividade, à apatia da criança em relação ao seu redor, ou seja, através da brincadeira vêm à tona o que está tão intimamente guardado.
Percebemos então que o Jogo tem um papel fundamental no processo de desenvolvimento da criança, que pode através dele vivenciar inúmeras formas de aprendizagem. Segundo Rosario Ortega, citado por Juan Murcia (2005), a criança conhece e compreende o mundo que a cerca por meio do jogo. Jogando a criança constrói valores e princípios, que nortearão sua formação como indivíduo, bem como explora suas possibilidades corporais, interage com outros sujeitos e incrementa seu desenvolvimento cognitivo, motor e afetivo-social. (WITTIZORECKI, DAMICO e SCHAFF, 2013, p.65).
É importante então estimular das mais variadas formas, disponibilizando à criança variados jogos, instigando novos desafios. Ou seja, levando em consideração uma das contribuições de Piaget (1978), podemos compreender que o jogo viabiliza situações de manipulação, experimentação, e de conflito do indivíduo consigo próprio, com outros e com os objetos, dando base para o desenvolvimento cognitivo da criança. (PIAGET, citado por WITTIZORECKI, DAMICO e SCHAFF, 2013, p.66).
Nesse sentido, devemos estar atentos também aos modelos educacionais repressores que limitam o brincar, pois preferem alunos calmos, quietos. Restringindo seus movimentos, estaremos limitando também a criatividade, o pensar, o interagir, a iniciativa do aluno em inventar... ou seja, percebemos que se faz necessário a brincadeira dirigida, mas permitindo também o brincar livre com escolhas e opções próprias, de uma forma prazerosa. (WITTIZORECKI, DAMICO e SCHAFF, 2013, p.66).
Segundo Ricardo Catunda,
A sala de aula poderia ser menos “séria” e mais alegre, logo, ser mais viva. Se assim ocorresse, se estaria partindo para uma aprendizagem significativa que privilegiasse o homem como um ser em sua integralidade, que é um corpo, que sente o corpo, que vive esse corpo e que expressa suas emoções por intermédio desse corpo. (CATUNDA, citado por WITTIZORECKI, DAMICO E SCHAFF, 2013, p.66)
Constance Kamii e Rheta Devries (1991), concordando com o pensamento de Kishimoto também nos fazem um valioso alerta em relação à obrigatoriedade do jogar pela criança. Conforme a autora, o valor do jogo se perde quando este é imposto à criança. Quando obrigamos uma criança a brincar, estamos ferindo sua liberdade de expressão, ou seja, voltamos ao pressuposto de que a criança sente medo, pois acha que está sendo avaliada a todo momento no jogo imposto, e no brincar livre não, ela possui liberdade de expressão, de movimentos e sabe que não será cobrada quanto ao fato de brincar certo ou brincar errado. (KAMII, DEVRIES, citado por WITTIZORECKI,DAMICO E SCHAFF, 2013, p.67).
(Figura I.I.- Ludicidade: ações do brincar)
Fonte: Rau, Maria Cristina Trois Dornelles, 2012
2.3 JOGO X BRINQUEDO: DEFINIÇÕES
No que diz respeito à definição de jogo, os estudos feitos por Kishimoto (1994, p.4) o definem como “uma ação involuntária da criança, um fim em si mesmo, não pode criar nada, não visa um resultado final [sic]. O que importa é o processo em si de brincar que a criança se impõe”.
Já o brinquedo, definido por Kishimoto (1994), é entendido sempre como um objeto, suporte da brincadeira ou do jogo, quer no sentido concreto, quer no ideológico segundo a autora: o brinquedo supõe uma relação com a criança e uma abertura, uma indeterminação quanto ao uso, ou seja, a ausência de um sistema de regras que organizam sua utilização. O brinquedo está em relação direta com uma imagem que se evoca de um aspecto da realidade e que o jogador pode manipular. (KISHIMOTO, citada por RAU,2012, p.48).
Abordamos essa questão apenas para enfatizar algumas das diversas definições do tema, mas para esclarecer que o termo brinquedo não pertence apenas a uma categoria, sendo passível de várias significações, apresentando várias manifestações em sua evolução, como bonecas que eram feitas de espiga e palha de milho, um pano enrolado virava um bebê e as tábuas velhas da casa recebiam rodas e se transformavam em carrinhos de rolimã. A diversidade de materiais ofertados em diferentes épocas nos possibilitou que as brincadeiras fossem ricas em imaginação, em criatividade não necessitando de brinquedos elaborados ou caros, era simplesmente a imaginação colocada em ação. Nesse contexto os brinquedos permitiam uma rica exploração sensorial, motora, simbólica e cultural. A brincadeira, por sua vez, encontra fundamento na fala de Kishimoto (1994), quando é apontada como uma atividade espontânea da criança, sozinha ou em grupo. Ela constrói uma ponte entre a fantasia e a realidade, o que leva a lidar com complexas dificuldades psicológicas, como a vivência de papéis e situações não bem compreendidas e aceitas em seu universo infantil. (KISHIMOTO, citada por RAU,2012, p.49-50).
Notamos aqui uma concordância entre Kishimoto e os pensamentos de Aberastury (1992, p.14) ligados à psicanálise que diz que a brincadeira na infância leva a criança a solucionar conflitos por meio da imitação, ampliando suas possibilidades linguísticas, psicomotoras, afetivas, sociais e cognitivas. (RAU, 2012, p.50).
Quando brinca de faz de conta, a criança supera desafios, vivencia experiências pelas quais no cotidiano talvez não tivesse condições de enfrentar por tudo isso, precisamos reconhecer quantas áreas da vida de uma criança o brincar faz parte e pode atingir de maneira positiva, é uma questão que vai além do campo da educação alcançando outras etapas do crescimento e da maturação da criança, sendo indispensável para o fortalecimento do corpo e da mente.
Chegamos à conclusão de que buscando estimular e propiciar atitudes de jogos e brincadeiras em sala de aula, o próprio professor deve se colocar como jogador, participando com as crianças, manifestando-se corporalmente e submetendo-se às regras e combinados do jogo, tornando-se acessível e demonstrando o prazer do fazer e estar em grupo, em conjunto, sendo possível ainda observar as questões sociais envolvidas nesse processo. Deve buscar embasamento para tanto, buscando recuperar suas imagens e vivências de infância, internalizando e expondo o processo criativo de como lidamos com o jogo, segundo Wittizorecki (2013, pág.83), “perceber como nos dispomos corporalmente, como lidamos com as regras e quais materiais nos estimulam mais a brincar”.
De encontro a essa afirmação, temos a análise de Falkenbach
“A formação pessoal implica em (sic) uma formação que objetiva uma melhor disponibilidade corporal do futuro professor, justamente a partir de vivências corporais que possibilitem a conscientização das limitações, facilidades e potencialidades que cada um apresenta na relação consigo mesmo, com os objetos e com os demais (no grupo de formação)” (Atos Falkenbach, 1999, p. 66).
Complementando essa teoria, Segundo Wittizorecki,
“Nesse sentido, é fundamental que possamos criar, propor e, principalmente, vivenciar jogos e brincadeiras que explorem diferentes recursos, como cordas, bastões, balões, arcos (bambolês), fantasias e máscaras, colchões e colchonetes, bolas de todos os tipos, pesos e tamanhos; brinquedos, os próprios corpos dos colegas, materiais de sucata (latas, caixas de papelão, jornal, galhos e folhas de árvores), aparatos simples que produzam sonoridade (tais como flauta, chocalho, pandeiro, reco-reco, berimbau)” (Wittizorecki, 2013, págs.82 a 83).
Reforça ainda que reflitamos sobre quais atitudes determinados materiais e atividades nos despertam: competição, isolamento, solidariedade, generosidade, exclusão dos pares, agressividade, alegria, temor, desafio, rejeição, confiança.
Com base nas teorias e experimentações realizadas somos levados a concluir que o jogo e a brincadeira em si nos possibilitam e ampliam um vasto e fértil campo de estudos e reflexões acerca do universo infantil e de como são ativadas as memórias, sensações e percepções acerca deste. Concluindo assim que os jogos e brincadeiras são importantes recursos e aliados na prática pedagógica podendo-se trabalhar diversos e diferentes saberes no âmbito escolar. Segundo Rau (2012, pág. 96), com as teorias de Piaget (1976) e Vygostsky (1984), entendemos que é necessário refletir sobre o papel do professor ao utilizar o lúdico como recurso pedagógico, que lhe possibilita o conhecimento sobre a realidade lúdica de seus alunos, bem como sobre seus interesses e suas necessidades.
E conforme afirma Wittizorecki, (2013, pág. 173), compreendemos que o jogo e o brincar são ATIVIDADES-FINS, essenciais no desenvolvimento da criança, mas podem ser também utilizados como ATIVIDADES-MEIO, ou seja, como estratégia para auxiliar no processo de letramento, de compreensão das regras sociais ou das noções lógico-matemáticas. Sendo assim, Rau (2012, pág.227) finaliza nos deixando uma importante reflexão, “cabe ao professor, pautar-se sobre uma concepção de jogo que vá além de sua prática, levando o educando a debater, refletir, compreender o processo em si, apreendendo assim uma gama de relações no processo ensino-aprendizagem.
METODOLOGIA
Este trabalho é uma revisão bibliográfica de abordagem qualitativa, baseada nas ideias centrais do livro A ludicidade na educação: uma atitude pedagógica, de Maria Cristina Trois Dorneles Rau, para descrever e aprofundar teorias que abordam práticas pedagógicas inovadoras e para aprofundar teorias sobre a metodologia de aprendizagem e desenvolvimento cognitivo.
Também, utilizamos como base deste trabalho os livros Pressupostos da educação infantil, de Simone Regina Manosso Cartaxo e Jogos, recreação e lazer, de Elisandro Schultz Wittizorecki, José Geraldo Soares Damico e Ismael Antônio Bacellar Schaff que destacam e embasam o tema em questão.
O objetivo do trabalho é identificar como a metodologia de aprendizagem baseada em jogos e brincadeiras numa prática pedagógica estruturada pode contribuir para produção de conhecimento e desenvolvimento cognitivo na Educação Infantil.
O tema pesquisado vem abordar questões antigas já levantadas por grandes estudiosos da educação que indagam sobre a importância dos jogos e brincadeiras numa prática pedagógica diferenciada, nessas condições e com a leitura e estudo do material utilizado podemos observar e analisar que em um ambiente de educação infantil o aprendizado acontece com intencionalidade.
A pesquisa foi inspirada em concepções de Piaget e Vygotsky, onde abordamos uma linha da história com pensamentos e conceitos defendidos por eles a respeito da questão da infância e como foram evoluindo ao longo do tempo e se aproximando dos dias atuais, e como tais questões ainda levantam questionamentos e debates em nossa sociedade.
Assim, aprofundamos estudos sobre a ludicidade, chegando, como Rau, em teóricos contemporâneos como Kishimoto e em Friedmann.
Para a metodologia, foi realizado fichamento dos livros e demais materiais citados na referência bibliográfica, para aprofundamento do conhecimento e estudos.
REFERÊNCIAS
CARTAXO, Simone Regina Manosso. Pressupostos da educação infantil.1.ed. Curitiba: Intersaberes,2013. 204 p. (Série Fundamentos da Educação).
MARCHESINI, Paula. Imagem Classes de Jogos, segundo Piaget. Google Imagens, Blog Portfólio de aprendizagens da Paula Marchesini. Atualizado em 08 de maio de 2016. Disponível em: <https://blogpaulamarchesini.blogspot.com/2016/05/tresgrandes-classes-de-jogos- segundo.html>
MORRONE, Beatriz. Beatriz Ferraz: Os três primeiros anos são o período em que a criança mais aprende. Ed Globo. Revista Época. São Paulo. Atualizado em 24/11/2016 20h 52. Disponível em:<época.globo.com/ideias/noticia/2016/11/beatriz- ferraz-os-tres-primeiros-anos-são-o-periodo-em-que-crianca-mais-aprende.html>.
RAU, Maria Cristina Trois Dorneles. A ludicidade na educação: uma atitude pedagógica. 1. ed. Curitiba: Intersaberes, 2012. 35p. (Série Dimensões da Educação). Imagem Ludicidade: ações do brincar.
RAU, Maria Cristina Trois Dorneles. A ludicidade na educação: uma atitude pedagógica.1. ed. Curitiba: Intersaberes, 2012. 246 p. (Série Dimensões da Educação).
Vídeo enviado por Univesp TV. D12- Educação Infantil: Cuidar, Educar e Brincar. Youtube. Programa da Disciplina Fundamentos e Princípios da Educação Infantil. As especialistas em educação. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=09w8a-u-AUU > Acesso em: 24/03/2017.
WITTIZORECKI, Elisandro Schultz. Damico, José Geraldo Soares. Schaff, Ismael Antônio Bacellar. Jogos, recreação e lazer. 1. Ed. Curitiba: Intersaberes, 2013. 181 p. (Série Pedagogia Contemporânea).
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A importância da gestão de excelência na oficina Mecânica Mato Grosso
Leila Cremon Martins de Oliveira
DOI: 10.5281/zenodo.11009842
INTRODUÇÃO
O presente trabalho está fundamentado nas práticas aplicadas durante o estágio realizado no ano de 2024/1, onde foi destacando as atividades administrativas desempenhadas dentro de uma empresa do ramo de mecânica de grandes veículos. O estágio foi realizado na empresa Mecânica Mato Grosso, sob a supervisão do proprietário.
A empresa conta com mecânicos auxiliares e o proprietário que é o profissional principal, além disso, toda a parte administrativa é feita também por ele. O foco da empresa é de manutenção e reparos em grandes veículos, com isso, a parte contábil dos serviços prestados são enviadas para uma empresa de contabilidade que faz todo esse processo.
O objetivo especifico do presente trabalho, fica sendo de entender como funciona o escritório administrativo e vivenciar suas atividades, sendo elas o controle de caixa (contas a pagar/receber), serviços bancários, cadastro de clientes, cobrança, envio de dados para a contabilidade, recebimento e conferência de peças, organização de documentos para cadastro, organização de estoque e outras como compras para uso e consumo e a limpeza e organização do ambiente.
A finalidade, portanto, do estágio é a de aprender o dia a dia administrativo das partes básicas de uma empresa, que num contexto geral, atua de forma simples e objetiva em cada área aprendida no decorrer do curso. Proporcionando assim, experiência e prática para futuros serviços, bem como, base de conhecimentos para atuar em qualquer empresa.
Principais Mercados
Atende veículos de grande porte (carretas e caminhões) sendo uma proporção maior de veículos da região de Alta Floresta, de empresas com frotas que mantêm a rotação de manutenção e reparos dos mesmos.
História da Empresa
A Mecânica Mato Grosso surgiu do sonho do proprietário de ter sua empresa própria, sempre trabalhou na área de mecânico, a princípio na cidade de Colider-MT, onde cresceu e viveu até seus 22 anos, mudou-se para Alta Floresta-MT e continuou exercendo sua profissão.
Diante disso, surgiu a oportunidade de montar uma sociedade com um amigo, foram quatro anos de aprendizado, conhecimento, estruturação de uma carteia de clientes, compreensão de como funcionava o mercado da cidade, enfim, até que o outro sócio da empresa decidiu mudar de ramo e veio a oportunidade de tocar o negócio sozinho.
A empresa foi transferida de endereço e construída do zero, iniciou os trabalhos no ano de 2011, e foi se estabelecendo no mercado com clientes que já conheciam os serviços do proprietário.
Com o decorrer do tempo, foram sendo feitas melhorias, tanto em sua estrutura quanto em sua parte administrativa. O proprietário sempre fez toda essa área administrativa da empresa e em grande parte tem o apoio da contabilidade.
Atende hoje um nicho de clientes que já estão fidelizados, já conhecem o trabalho competente e responsável oferecido. Muitas frotas de grandes empresas que constituem o nicho de frigoríficos e transporte de grãos são um dos exemplos.
A empresa conta hoje com materiais e ferramentas de qualidade, com garantia de execução dos serviços com a mais alta qualidade, profissionais competentes, preza por qualidade e confiança na execução de cada serviço prestado.
O ramo de atuação da mesma, gira em torno de manutenção e reparos de grandes veículos, sendo eles na área de suspensão, sistema de freio, embreagem, sistema pneumático, câmbio, diferencial e válvulas. Proporcionando um alto fluxo de grandes veículos principalmente em períodos designados como safra, uma vez que, estes se mantêm em alta rotatividade, ocasionando na necessidade de reparos com mais frequência.
Destaca-se a dificuldade na região de haver profissionais capacitados, com conhecimento necessário para atuarem na área. Caso houvessem mais pessoas aptas ao trabalho, consequentemente o fluxo de clientes, demanda e todas as outras áreas que crescem uma empresa, estariam também sendo alavancadas.
Além disso, outros fatores externos também causam impacto na empresa, cuja demanda, crescimento e formas de trabalho estão ligadas diretamente, como os impostos, a demanda de grãos, madeiras, combustíveis, alimentos e transporte animal. De acordo com o giro do mercado, ocasiona a alta ou a baixa rotatividade de veículos.
Ainda que, exista uma variação principalmente anual, consequente do mercado financeiro, que rege exportações e afins, há sempre clientes em busca de serviços de qualidade na região.
No ano de 2024 a empresa fará 13 anos no comércio local, proporcionando fidelização e estabilidade, com planos promissores para atender cada vez melhor os clientes, observando sempre a sustentabilidade e a valorização do comércio local.
PESQUISA BIBLIOGRÁFICA
O estágio curricular proporciona ao discente a oportunidade de se aprofundar, aprimorar e entender como aplicar o contexto estudado ao longo da jornada acadêmica, de forma prática.
BRASIL 2008 cita que a prática do estágio supervisionado se estabeleceu com a finalidade de proporcionar uma melhor qualificação na atuação dos profissionais que estão se preparando para exercer a sua profissão no mercado de trabalho. Nesse sentido, percebe-se que esse estágio está configurado como obrigatório para os cursos de formação superior, incluído principalmente os de formação docente, que segue uma proposta educativa, pautada na Lei de n°. 11.788, de 25 de setembro de 2008.
Dentro dessa realidade, o estágio realizado na mecãnica, trouxe um embasamento administrativo principalmente da parte de finanças, controle de fluxo de caixa e a organização.
Hindle em 2002, citou os primeiros conceitos de planejamento e estratégia, embora nem reconhecidos como tais, devem provavelmente ter surgido ainda na pré-história, entre as primitivas donas de casa, que precisavam, de certa forma, ter certos conhecimentos de planejamento. O autor cita sobre a necessidade de armazenamento dos alimentos e que era necessário programar o término do preparo da refeição para o momento em que o parceiro estivesse no local, assim como, enviar os filhos para coletar gravetos e tirar leite. Com isso, eram desenvolvidos os conceitos que hoje se conhece por planejamento, controle de orçamento, estoque, produção, logística, etc.
Nesse aspecto, foram realizadas atividades dentro da empresa cujas funções eram limpeza e organização do ambiente e manutenção do fluxo de caixa. O autor Brasil (2016) cita que o fluxo de caixa é a projeção das entradas e saídas de recursos financeiros para determinado período. Além de cobranças, cadastro, manutenção do estoque e serviços gerais.
A limpeza do ambiente é feita por todos os funcionários, consiste nos cuidados com a aparência e higiene da oficina, do meio ambiente e das pessoas envolvidas. A conscientização de todos com a manutenção e limpeza do ambiente vai contribuir para evitar muitos desperdícios de tempo e dinheiro.
Quando o fluxo dos trabalhos internos estão bem definidos e organizados é possível perceber o aumento significativo da rentabilidade da oficina, pois ao saber quais ações devem ser priorizadas é possível gerir melhor o tempo da equipe. Todos esses procedimentos juntos não vão adiantar nada se sua equipe não estiver envolvida. Seus funcionários são uma parte importantíssima do seu sucesso, e não é diferente com a organização, é o que cita Texaco (2024).
Os serviços administrativos, são todos feitos pelo proprietário cujas atividades realizadas são a de alimentar os dados no sistema para cadastro de novos clientes, lançamento de novas peças, serviços prestados pela oficina, bem como controle do contas a pagar e contas a receber, determinando o fluxo de caixa da empresa, com isso, envolve a cobrança de dividendos por meio de ligações e mensagens via WhatsApp.
O controle e organização do estoque é feito de forma simples, uma vez que na empresa não acontece a venda de peças e/ou algum tipo de item que auxilie na manutenção e reparo do veículo. Sendo assim, são organizadas as ferramentas em suas caixas, bancadas e painéis, conforme sua categoria. Bem como descartes, peças inutilizadas que devem ser descartadas em locais específicos devido o seu potencial de poluição do ambiente, além de itens que deverão ser enviados para reciclagem. Tudo isso acontece diariamente, para que não fique um ambiente desorganizado e passível de transtornos com órgãos de fiscalização.
O cadastro de clientes é feito para que em todos os atendimentos, sejam lançados os dados do veículo, bem como a manutenção realizada, qual foi o mecânico que realizou o procedimento e a forma de pagamento.
Manter o controle e automação dos processos colaboram para uma boa organização administrativa. Isso inclui o uso de software que permita o controle de estoque, faturamento, agendamento de serviços e outras funções importantes para a oficina. os softwares que são grandes aliados no momento de gerenciar a empresa.
Esse recurso permite que as operações sejam vistas de forma estratégica, possibilitando de forma mais assertiva como controle financeiro, margem de lucros, controle de estoque, fornecedores, carteia de clientes entre outras. O software utilizado é o da empresa Ecocentauro Sistemas Inteligentes, imagem nos anexos.
Através desse software são feitos os lançamentos dos dados cadastrais dos clientes, todos os serviços executados na oficina, possibilitando fazer o controle do contas a receber, além de contas a pagar e dados dos funcionários como comissões de cada serviço executado. Quando há a necessidade da emissão de nota fiscal, emissão de guias, taxas e impostos, esse serviço é solicitado ao escritório de contabilidade que presta serviço para a empresa.
Para uma oficina mecânica, os softwares destinados ao controle de clientes (CRM), dos processos internos (ERP) e especialmente das finanças e do estoque são extremamente recomendados. O ideal é procurar sempre por alguma ferramenta que satisfaça as suas necessidades e se encaixe no perfil do seu negócio (CHIPTRONIC, 2023).
Com uma gestão automatizada, é possível reduzir o tempo gasto em tarefas administrativas e aumentar a produtividade para focar em estratégias e outras atividades mais importantes.
Diante do cenário de funcionários, têm-se a necessidade de profissionais capacitados para atender a empresa, essa é uma deficiência que existe dentro do cenário geral das mecânicas da cidade.
Chiptronic, 2023 cita que é essencial apostar no treinamento das equipes para melhorar o nível de atendimento e otimizar os processos internos. Dessa forma, todos os setores produzirão muito mais, conquistando facilmente o público.
Os profissionais precisam atender ás demandas dos clientes, saber como se utiliza as ferramentas, conhecer os veículos e seus setores, isso é fundamental para que não exista uma sobrecarga de serviços no profissional que é capacitado, não haja risco de entregar um serviço mal feito e que leva a insegurança e riscos de acidente, além de que, uma manutenção ou reparo feito de forma correta e segura, garante a qualidade, indicação de clientes e mantém o bom nome da empresa.
Nesse contexto, foram observados alguns pontos de melhora na empresa, que são a introdução de treinamentos e padronização de alguns processos, além disso a área administrativa precisa ter um profissional específico, para que não haja sobrecarga de função para o proprietário, isso facilitaria e proporcionaria a independência de terceiros e garantiria maior agilidade.
CONCLUSÃO
O estágio foi primordial para identificação e conhecimento sobre a prática da administação e seus processos básicos, além das formas de agir e conduzir os setores da empresa visando os melhores resultados.
No decorrer dos dias fomos priorizando padronização de alguns pontos que identificamos que seriam benéficos, como a limpeza e organização sendo feita por todos os funcionários, bem como definir as responsabilidades de cada colaborador a fim de facilitar e otimizar tempo e dinheiro.
Além disso, existe a necessidade de investir em bons funcionários para que não haja rodízio, gerando demanda de tempo para treinamento e custos. Há uma ausência grande de bons mecânicos, capacitados, que desempenhem sua função de forma mais ágil e com qualidade. Como também de um profissional específico para a área administrativa, para que não haja a sobrecarga de funções ao proprietário da empresa.
Num contexto geral, tudo isso servirá para que as demandas e desenvolvimento dos processos do cotidiano sejam mais facilitadores, melhor distribuição de funções, bem como, eficiência e bons resultados em cada processo que constitui a empresa.
REFERÊNCIAS
BRASIL, ADMINISTRA. Disponível em: https://administrabrasil.com.br/wp-content/uploads/2016/07/CURSO-FLUXO-DE-CAIXA.pdf. 2016.
CHIPTONIC. Disponível em: https://chiptronic.com.briblog/4-dicas-essenciais-sobre-administracao-de-oficinas-mecanicas.
HINDLE, Tim. Tudo sobre administração. São Paulo: Editora Nobel, 2002.
TEXACO. Gestão do fluxo de serviços da oficina mecânica. Rede Texaco. S.d. Disponível em: https://blog.texaco.com.br/havoline/gestao-do-fluxo-de-servicos/.
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A música na educação infantil
Aline Dailane Sousa dos Santos
Karine Martins dos Santos
Lívia Monique de Almeida
DOI: 10.5281/zenodo.11001849
RESUMO
O presente artigo tem como objetivo analisar como a música pode ser trabalhada com as crianças na Educação Infantil. A metodologia abordada é inicialmente bibliográfica reunindo material sobre o assunto, posteriormente foi aplicado um questionário qualitativo semiestruturado com perguntas abertas, tendo como entrevistados as professoras que atuam na Educação Infantil da Escola Municipal Miraguaí, no Município de Terra Nova do Norte-MT. E partindo da hipótese que a música pode influenciar a socialização, oralidade, linguagem, coordenação motora, gestos e amplia o seu vocabulário e todo o desenvolvimento integral da criança. O estudo buscou analisar que a música desenvolve diversos benefícios para as mesmas. Conclui-se que ao utilizar a música como ferramenta pedagógica, sendo um dos meios mais eficazes para as crianças interagirem, despertando nelas o entusiasmo, raciocínio, alegria e interesse nas práticas das atividades escolares e os professores poderão enriquecer ainda mais o ambiente educativo na qual as crianças estão sendo inseridas cada vez mais cedo, de modo a ter uma aprendizagem prazerosa e de qualidade e que realmente consiga ir ao encontro dos interesses e necessidades da criança.
Palavras-chave: Música. Criança. Educação.
Introdução
Para favorecer a aprendizagem e a descoberta de novas situações, é de suma importância que as crianças compreendam seu espaço como um todo. O desenvolvimento infantil é considerado como fase em que a criança precisa apropriar-se ao seu corpo a sua personalidade.
Neste contexto, a música é de grande auxílio, pois está inserida na vida das crianças desde o ventre de suas mães. Com ela, as crianças, gradativamente, desenvolverão uma percepção do próprio meio que convivem, na realização de determinadas ações relacionadas no seu cotidiano.
Sendo assim, este artigo teve como objetivo geral analisar como a música pode ser trabalhada com as crianças na Educação Infantil e teve como objetivos específicos, verificar a importância da música no processo do desenvolvimento das crianças, identificar quais habilidades a música produz no desenvolvimento da mesma e compreender como os professores utilizam a música no processo de ensino e aprendizagem das crianças.
Neste sentido, esta pesquisa consiste em responder a seguinte questão: no processo de aprendizagem “Qual é o papel do professor ao utilizar a música como ferramenta pedagógica no processo ensino-aprendizagem e quais benefícios que a mesma acarreta no desenvolvimento da criança?”
Partiu-se das hipóteses que o professor ao utilizar a música, estará facilitando a inclusão das crianças com dificuldade de relacionamento, favorecerá o seu desenvolvimento e aprendizagem; a música beneficiará diversos propósitos como suporte na formação dos hábitos, atitudes, disciplina, condicionamento da rotina e comemorações de diversas datas; a mesma permite trabalhar conteúdos e conceitos de forma lúdica, permitindo a fantasia, momentos esses que a criança curtem e gostam, fazendo com que a aprendizagem aconteça de forma muito mais prazerosa.
Dentre os benefícios promovidos pela música na Educação Infantil, podemos destacar o favorecimento da aprendizagem, o desenvolvimento cognitivo, linguístico, cultural, psicomotor e socioafetivo. As crianças aprendem em toda a parte, em casa, na escola, na creche, enfim, no seu meio social, de forma organizada e é, por isso, que a música é de tal maneira uma importante ferramenta pedagógica para aprendizagem.
O professor na Educação Infantil promove com a criança a produção de novos saberes mediados com os conhecimentos que a criança já possui e aqueles que ela necessita construir. Com o auxílio da afetividade, um dos fatores que colaboram para o sucesso do processo de ensino aprendizagem estimulando a capacidade de desenvolver o conhecimento voltado para o conhecer e aprender, de maneira que os vínculos e aprendizagens, vão construindo-se a partir das trocas estabelecidas entre o sujeito e o meio.
A Música e sua importância no ensino aprendizagem
A música é a arte de manifestar os diversos afetos de nossa alma mediante ao som. Devemos explorar essas manifestações vivenciando e percebendo essa importância, despertando as mais profundas emoções e fazendo com que as crianças apreciem e valorizem de maneira que possam respeitar o gosto, a cultura histórica e a diversidade.
Conforme o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (BRASIL,1998, p. 49), destaca se:
O trabalho com música deve considerar, portanto que ela é um meio de expressão e forma de conhecimento acessível aos bebês e crianças, inclusive aquelas que apresentem necessidades especiais. A linguagem musical é excelente meio para o desenvolvimento da expressão, do equilíbrio, da autoestima e autoconhecimento, além de poderoso meio de integração social.
Com a promulgação da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação, lei número 9394/96,
... a Educação Infantil passa a ser, legalmente, concebida e reconhecida como etapa inicial da educação básica e de acordo com a LDB a Educação Infantil é de responsabilidade do município “cabe aos municípios oferecer a Educação Infantil em creches e pré-escola.
A Educação Infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até os seis anos de idade, em seus aspectos físicos, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. (LDB 9394/96, art. 29).
Contudo,
... o conceito de infância é fruto de uma construção social, porém, percebe-se que sempre houve criança, mas nem sempre infância. São vários os tempos da infância, estes apresentam realidades e representações diversas, porque nessa sociedade foi constituindo-se de uma forma em que ser criança começa a ganhar importância e suas necessidades estão sendo valorizadas, para que seu desenvolvimento seja da melhor forma possível e que tudo aconteça no seu verdadeiro tempo.
A música é de extrema importância em uma sociedade social e cultural, presente desde costumes de nossas gerações e povos. Através da música podemos perceber sentimentos, gostos, costumes que adquirimos quando pequenos e uma enorme autonomia. É uma das formas mais criativas de se expressar, ela é capaz de nos libertar da tristeza, raiva e alegria.
A mesma é fortemente usada nas questões de formações de hábitos, atitudes e comportamentos. Isso percorre uma longa história. A música é muito importante em vários aspectos, principalmente na formação da criança, na facilidade que proporciona para desenvolvimento e no processo de educação, ao ensinar valores para ter higiene, respeito, agradecimento à Deus e outros.
A música no dia a dia
A música faz parte integral da vida da criança, por isso, se torna eficaz e pode trazer muitos benefícios para a aprendizagem, desenvolvendo várias habilidades como raciocínio lógico, percepção corporal, socialização, audição, inteligência e vibração das sensibilidades entre outras.
O trabalho com a música deve considerar, portando, que ela é um meio de expressão e forma de entendimento acessível as crianças. A linguagem musical é excelente meio para o desenvolvimento da expressão, do equilíbrio, da autoestima e autoconhecimento, além de poderoso meio de integração social (BRASIL, 1998, p.49).
Sem dúvida essa integração da música na educação infantil comprova que é uma linguagem universal é que é uma ferramenta facilitadora do processo de ensino e aprendizagem e que contribui em todo o desenvolvimento da criança. BRÉSCIA (2003, p.25), destaca: “A música é uma linguagem universal, estando presente em todos os povos, independentemente do tempo e do espaço em que se localizam”. Por isso a criança se socializa em seu meio, observando, interagindo e aperfeiçoando sua aprendizagem.
A partir destes referidos contextos, foi necessário entrevistas e pesquisas a campo, onde pode-se evidenciar ainda mais a importância da música no ensino aprendizagem. Assim foi iniciado com questionário e entrevistas. A aplicação do questionário teve o intuito de analisar como a música pode ser trabalhada com as crianças na Educação Infantil. O mesmo conforme mencionado, foi aplicado as professoras do pré 1 e pré 2 da Educação Infantil da Escola Municipal Miraguaí, localizada no Município de Terra Nova do Norte-MT.
Foi composta por perguntas abertas aplicadas para duas professoras da escola já citada e todas as professoras aceitaram responder ao questionário, sem que suas identidades fossem divulgadas. Para diferenciar as pessoas pesquisadas foi utilizado “professora A” e “professora B”, assim obtivemos as seguintes respostas; partindo do pressuposto de que a música está inserida em nossas vidas desde muito cedo, por isso, qual o benefício que ela traz para o desenvolvimento da criança?
Professora A: “Seu benefício a princípio é a socialização. Por meio da música a criança se sente à vontade para interagir e compartilhar seus conhecimentos prévios”.
Professora B: “A música é uma das melhores artes para o desenvolvimento, seja no psicomental e na psicomotricidade”.
As professoras possuem opiniões distintas a respeito do benefício que a música traz para o desenvolvimento da criança. Enquanto que a professora “A” acredita que o principal benefício é a socialização, a professora “B” coloca que a música auxilia no desenvolvimento psicomental e na psicomotricidade.
Ao inquirir as professoras sobre a necessidade de a música ser trabalhada de forma contínua na Educação Infantil, ambas concordam que ao utilizar a música como ferramenta pedagógica ela auxilia no desenvolvimento da aprendizagem, afirmando que é necessário a aplicação da música no processo de alfabetização;
Professora A – “Sim, ajuda no desenvolvimento da aprendizagem”.
Professora B- “Sim, quando a criança sente as percepções dos sons e vibrações do ambiente, pode ser bastante mágico, assim torna-se muito mais fácil a aprendizagem”.
Observe que a professora B completa sua resposta, afirmando que a criança sente as percepções dos sons e vibrações do ambiente e isso auxilia no processo de aprendizagem. Segundo a autora GÓES:
Destaca que não se pode dizer que a música seja solução para os problemas pedagógicos, mas, diante das caraterísticas da criança na primeira infância, não há por que não valorizá-la como função mediadora para o desenvolvimento da criatividade. Se o contexto for significativo, a música como qualquer outro recurso pedagógico, tem consequências importantes em seu desenvolvimento motor e afetivo. (2009, p. 9).
O referencial curricular nacional para a educação infantil (BRASIL,1998, p.85), afirma que “é uma das formas importantes de expressão humana, o que por si só justifica sua presença no contexto da educação de um modo geral, e na educação infantil, particularmente”. Segundo WUYTACK; PALHEIROS (1995, p,108):
O professor não deve ser considerado apenas um transmissor de conhecimentos, mas, sim, saber orientar os seus alunos sobre o prazer e a alegria de aprender através da música levando como metodologia à atividade, a criatividade, a comunidade, a totalidade e a adaptação onde é por meio da atividade que a criança se envolve e participa através da música, desenvolvendo capacidade de observação e atenção.
Por isso, os conteúdos ministrados em sala de aula devem ser contextualizados, considerando-se a experiência de vida do aluno e seu conhecimento de mundo, e que o papel do professor no processo de ensino e aprendizagem é o de mediador e gerenciador do conhecimento. O professor deve exercer sua prática educativa, acreditar e sentir prazer no que faz.
Conclusão
Com os estudos realizados concluiu-se que ao utilizar a música como ferramenta pedagógica, sendo um dos meios mais eficazes para as crianças interagirem, despertando nelas o entusiasmo, raciocínio, alegria e interesse nas práticas das atividades escolares e os professores poderão enriquecer ainda mais o ambiente educativo na qual as crianças estão sendo inseridas cada vez mais cedo.
A música deve ser introduzida de maneira mágica através dos sons, atividades musicais de forma lúdica e conceitos associados a esse tipo de ensino. Através da música, as crianças desenvolvem a coordenação motora, gestos e amplia seu vocabulário, diversas formas de expressão musical, além de desenvolver ainda mais o convívio social de cada indivíduo.
A música é a arte dos sons, a mesma é capaz de revelar nossos sentimentos e frustações e está no cotidiano de muitos e principalmente das crianças, pois as crianças antes mesmo de aprender a ler e a escrever aprendem a cantar.
Sendo assim, as escolas e seus educadores têm papel fundamental nesse processo, pois são responsáveis na construção desse conhecimento onde prevê não somente a aquisição de saberes, mas a sensibilização a música e ao crescimento pessoal por meio da expressão espontânea, pois através da mesma a criança se desenvolve ludicamente, favorecendo naturalmente o desenvolvimento integral e tornar ele um aluno capaz e futuro cidadão do bem.
Portanto, é buscando novas maneiras de ensinar por meio da musicalização, que conseguiremos uma educação de qualidade e que realmente consiga ir ao encontro dos interesses e necessidades da criança. Cabe ressaltar que uma atividade musical não é somente a somatória de atividade; é, antes de tudo, uma maneira de ser, de estar, de pensar e de encarar a escola, bem como de relacionar-se com os alunos.
O professor deve aplicar a música levando em consideração a cultura local de cada indivíduo, respeitando as diversidades e adequando a faixa etária e pluralidade cultural
Entende-se,
... q a música não substitui o restante da educação, ela tem como função atingir o ser humano em sua totalidade. A educação tem como meta desenvolver em cada indivíduo toda a perfeição de que é capaz. Porém, sem a utilização da música não é possível atingir a esta meta, pois nenhuma outra atividade consegue levar o indivíduo a agir. A música atinge a motricidade e a sensorial idade por meio do ritmo e do som, e por meio da melodia, atinge a afetividade.
Sendo assim somente através da música podemos perceber sentimentos, gostos, costumes e enorme autonomia, tronando o ensino cada vez mais eficiente.
Referências
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GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 6. ed. - São Paulo: Atlas, 2017.
GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. - São Paulo: Atlas, 2008
GÓES, Raquel Santos. A música e suas possibilidades no desenvolvimento da criança e do aprimoramento do código linguístico. Revista do Centro de Educação a Distância –CEAD/UDESC, Florianópolis, Vol. 2, n.º 1. maio/jun. 2009. Disponível em: <http://www.revistas.udesc.br/index.php/ udescvirtual/article/view/1932/1504>. Acesso em: 30 out. 2020.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Atlas 2003.
PENNA, Maura. Música (s) e seu ensino. Porto Alegre: Sulina, 2008.
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WUYTACK, J.; PALHEIROS, G. B. Audição musical activa. Livro do professor. Porto: Associação Wuytack de Pedagogia Musical, 1995.
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