A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO EM LIBRAS NA FORMAÇÃO DO EDUCADOR
Erica Silvia Paulino
Caroline da Cruz Costa Paulino
RESUMO
A linguagem exerce papel preponderante na constituição dos sujeitos, visto que é através dela que nos apropriamos da cultura. Apesar da relevância inquestionável da sua importância para o homem a possibilidade de construção da mesma para os surdos, tem sido regularmente negado, e este trabalho tem a finalidade de refletir sobre a Língua Brasileira de Sinais ou LIBRAS e abordando aspectos a ela ligada. A utilização de metodologias diferenciadas deve resgatar o prazer do educando em aprender e isso faz com que o profissional da educação reflita sobre a sua prática pedagógica, sabendo que tem o desafio de conquistar o educando com deficiência auditiva, para que ele sinta-se bem na escola, proporcionando-lhe um aprendizado livre das amarras do sistema educacional discriminatório e classificatório, dando-lhe a oportunidade de se expressar de maneira democrática, levando-o a atingir os objetivos propostos e estimulando suas competências. Assim o presente estudo objetivou identificar as dificuldades encontradas pelos professores, em trabalhar com alunos portadores de deficiência auditiva por não terem LIBRAS em sua formação.. Ao final da pesquisa pode-se perceber que os profissionais da Escola Estadual Valdomiro Teodoro Candido, não tem formação acadêmica, para trabalhar com alunos portadores de deficiência auditiva e encontram dificuldades no seu trabalho pedagógico.
Palavras-chave: Inclusão; Ensino de Libras; Formação do professor.
INTRODUÇÃO
No decorrer dos anos diferentes visões da pessoa surda foram surgindo, assim como metodologias de trabalho. Durante muito tempo via-se a surdez como doença e, portanto a pessoa surda era excluída, liga a incompreensão da sociedade que não vê como diferente e sim, como “diferente”.
Muito se discute sobre a inclusão do surdo no ensino publico regular e Sab se que, constitucionalmente, ele tem direito á educação e ai que alguns desafios configuram-se no trabalho docente, primeiro a falta de formação para trabalhar com alunos surdos, em pregar métodos e técnicas de ensino que favoreça sua interação.
Por isso os professores devem ter uma formação adequada para trabalharem a inclusão dos alunos surdos sem sala do ensino regular, no entanto a maior dificuldade e na área de comunicação.
A presente pesquisa tem como problema discutir quais as dificuldades encontradas pelos professores da educação de jovens e adultos, que não tiveram no currículo da graduação a disciplina de LIBRAS, para lidar com alunos deficientes auditivos que estão em suas salas de aula?
O aluno surdo sente-se diferente, pois o simples fato de querer ajuda-lo mais de dar mais atenção o diferencia dos outros, e uma forma erronia de trabalhar a inclusão, sem perceber o professor acaba isolando-o do grupo e constrangendo-o Assim a inclusão automaticamente transforma-se em exclusão, o aluno surdo não que ser melhor nem sentem uma sensação de impotência . O aluno surdo tem o mesmo direito e na pratica quer ser igual a todos e tratado da mesma forma que seus colegas de sala.
Os objetivos da Pesquisa são fazer relação entre formação acadêmica que os professores tiveram e formação proposta hoje para inclusão; descrever como é a relação dos alunos surdos com os professores e os demais a alunos no âmbito escolar e identificar as principais dificuldades encontradas pelos professores para ensinar aos alunos com deficiência auditiva.
DESENVOLVIMENTO
A Surdez é um tema relevante de pesquisa no Brasil. Primeiramente foi estudada pela médica e recentemente na área da educação, da lingüística e da fonoaudióloga. Cada área passou a se preocupar-se com determinado aspectos da surdez, Como consequência dessa pesquisa, temos um estudo fragmentado da surdez nos aspectos educacionais. As discussões se projetam no campo do estudo da fusão do Método Perdoncini e da LIBRAS utilizados no C.E.E.D.A e nos meios que este professores utilizam para desenvolverem a aprendizagem. Foram utilizados como embasamento os teóricos de base da proposta pedagógica do C.E.E.D.A. Entre eles foram estudados Leila Couto Mattos que discute o método Perdoncini em suas vantagens e desvantagens para o surdo, Ana Paula Santana que faz comparações da educação oral e de sinais e em Vigotsky (1999 e 2000) que fundamenta as atividades guiadas pela imaginação e as ações lúdica.
Segundos Damázio (2002), a pessoa que, fluente em Língua Brasileira de Sinais e em Língua Portuguesa, tem a capacidade de verter em tempo real ( interpretação simultânea) ou, com um pequeno espaço de tempo ( interpretação consecutiva)da Libra para Português ou deste para a LIBRAS. A tradução envolve a modalidade escrita de pelo menos uma das línguas envolvidas no processo.
Ao optar-se em oferecer uma educação bilíngüe,a escola está assumindo uma política lingüística em que duas línguas passarão a co – existir no espaço escolar. Além disso, também será definido qual será a primeira língua e qual a segunda língua, bem como as funções em que cada língua irá representar no meio ambiente escolar. Pedagogicamente, a escola vai pensar em como estas línguas estarão acessíveis ás crianças, além de desenvolver as demais atividades escolares. As línguas podem estar permeando as atividades escolares ou serem objetos de estudo em horários específicos dependendo da proposta da escola. Isso vai depender de como, onde e de que forma as crianças utilizam as línguas na escola. (DAMÀZIO, 2006, p.15).
As pessoas com perda auditiva constituem em grupo bastante heterogêneo e, por isso não é correto fazer a afirmações que possam ser generalizadas a toda a população que apresenta tal deficiente. O desenvolvimento comunicação lingüístico de crianças surdas com uma perda auditiva profunda, por exemplo, apresenta aspecto com perdas leves ou hipoacústicas.
O fato de os pais também serem surdos ou serem ouvintes te repercussões igualmente importantes educação das crianças. Esses fatores podem ser diferenciadores em torno dos cincos seguintes: a localização da lesão, a etiologia, a perda auditiva, a idades de início da surdez e o ambiente educativo da criança.
Idade de início da surdez: A idade da criança quando se produz perda auditiva tem uma grande repercussão no desenvolvimento: Fala,Pré – locutiva,Pós- locutiva e a aquisição da fala.
A pesquisa já classe de Conrad (1979) sobre os alunos surdos confirmar a importância e a repercussão do antes, do depois dos 3 anos.Em estudo, o autor classifica os alunos com perdas auditivos superiores a 85 dB em três grupos, segundo a idade em que perdem a audição, congênita, do nascimento aios 3 anos e depois dos 3 anos. (DAMÀZIO, 2007,p.16).
Objetivo principal é a aquisição de sistema lingüístico que organiza quando a criança perde a audição.
Os estudos realizados sobre aquisição da linguagem de sinais comprovaram que sua evolução é muito semelhante que se produzem nas crianças ouvintes com relação á linguagem oral. Essa semelhança não impede as determinadas linguagens, que distinta uma expressão, manual ou oral.
Correspondência das duas aquisições duas linguagens encontrou um importante reforço no estudo de Pettito e Marentette (1991) sobre o balbucio manual de duas crianças surdas profundas com idades compreendias entre 10 a 14 messes.
O balbucio é expressão de uma capacidade de linguagem amoldal, associada á fala e ao sinal. Apesar das diferenças radicais entre os mecanismos motores que subjazem ao sinal e á linguagem falada, as crianças surdas e as ouvintes produzem unidades de balbucios idênticos. (PETTITO; MARENTETTE, 1991,p.14).
O estudo da inteligência das pessoas surdas passou por diferentes períodos históricos. O livro de Myklebust (1964) sobre a psicologia do surdo diferente da dos ouvintes. O principal dado em pensamento vinculado ao concreto e apresenta mais dificuldade para a reflexão abstrata. Que é a linguagem não verbal.
Essa posição diferenciadora foi discutida a partir da teoria do desenvolvimento intelectual de Piaget. Sua formulação de que a linguagem e a interação social não ocupam um papel determinante na estruturação do pensamento em pesquisas.
A obra mais representativa dessa tese é a de Hans Furth (1966,1973), cuja conclusão é a de que a competência cognitiva dos surdos é semelhante á dos ouvintes. O dois grupos de pessoas passam pelas mesmas etapas de desenvolvimento, embora nos surdos a evolução seja um pouco mais lenta. Furth atribui o atraso ás deficiências experimentais que o surdo vive. (PETTITO; MARENTETTE, 1991,p.14).
É o desenvolvimento cognitivo do aluno surdo na fase precoce e pré- locutiva, da aprendizagem.
2.1 O processo Histórico da Educação do Surdo
Até o século XV, não havia nenhum interesse na educação dos surdos, que eram considerados pessoas primitivas, sendo relegados á marginalidade na vida social. Não havia direitos assegurados, nem uma cultura suficientemente desenvolvida que os aceitasse em sua diferença.
È somente a partir do final da Idade Média que os dados com relação á educação e á vida do surdo tornam-se mais razoáveis. È exatamente nesta época que começam a surgir os primeiros trabalhos no sentido de educar a criança surda.
O século XVIII é considerado o período mais próspero no que se refere á educação dos surdos, houve a fundação de várias escolas.Além disso, qualitativamente, a educação para os mesmos também evoluiu, já que,através da língua de sinais, eles puderam aprender e dominar diversos assuntos,além de exercer diferentes profissões.
Entretanto, no início do século XX a maior parte das escolas de surdos abandonou o uso da língua de sinais. Isto foi conseqüência do famoso Congresso de Milão de 1880, quando, a despeito do que pensavam os surdos, considerou-se que a melhor forma de educação seria aquela que utilizasse unicamente o oralismo. Percebe-se aí mais uma vez a tendência á padronização, considerando que o surdo, para viver em sociedade, deveria conseguir ouvir, com o uso de aparelho e falar, através de exaustivos exercícios ,como se fosse ouvinte, para então ser aceito pela sociedade ou pelo grupo social.
Em 1857, foi fundado o Instituto nacional de Surdos-Mudos,atual Instituto Nacional de Educação do Surdo (INES),onde era utilizada a língua de sinais. Mas com a tendência determinada pelo Congresso de Milão (1880),em 1911,o INES estabeleceu o oralismo como método de educação dos surdos.
É nos anos 70, que chega ao Brasil a filosofia da Comunicação Total. Mas já na década seguinte, Começa a ganhar força no país a filosofia do Bilinguismo.
Aqui no Brasil, a preocupação em ampliar os serviços prestados aos surdos é pouca. Dificilmente os programas na televisão apresentam exibições em LIBRAS, ainda há descaso quanto á necessidade de intérpretes. Já no que diz respeito á abordagem educacional a se adotada, não existe um consenso sobre qual delas (oralismo, comunicação total ou bilingüismo).
Os surdos deixaram de ser vistos como deficientes, mas apesar disso ainda são marginalizados pela falta da oralidade. No entanto, eles têm direito a ocupar um lugar na sociedade com as mesmas oportunidades dos ouvintes. A mudança no tratamento com a pessoa deficiente resultou de alterações culturais aceitas e gradualmente vividas, e não apenas por normas e/ou repentinamente impostas,e sistematicamente descumpridas.
No Brasil, a Libras tem a finalidade de apresentar ao aluno a língua e a cultura surda, tendo sido reconhecida pela Lei Federal nº 10.436, de 24 de abril de 2002,como meio legal d comunicação e expressão. Esta mesma lei prevê ainda que o Poder Público e as concessionárias de serviços público devem garantir formas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da Libras como meio de comunicação objetiva e de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil.
Ainda citando a Lei Federal nº 10.436, em seu artigo 4º temos que: O Sistema Educacional Federal e Sistemas Educacionais Estaduais, Municipais e do Distrito Federal, devem garantir a inclusão nos cursos de Formação de Educação Especial, de Fonoaudióloga e de magistérios,em seus níveis médios e superior, o ensino da Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, como parte integrante dos parâmetros curriculares – PCNs, conforme legislação vigente.
A partir desta lei, é esperado que as políticas pública educacionais caminhem no sentido de dar tratamento legal aos surdos como uma minoria lingüística,uma vez que a língua portuguesa é majoritária no Brasil,assegurando-lhes o direito de acesso irrestrito ao ensino de Libras, e promovendo capacitação de profissionais da educação para atuarem no processo de ensino-aprendizagem de Libras.
2.2 Libras-(Língua brasileira de sinais)
Para dar início a discussão, é importante diferenciar, sob o ponto de vista lingüístico, os termos linguagem e língua. Conforme afirma Fernandes (1996, p.23):
O conceito da linguagem refere-se como sistema de comunicação natural ou artificial, humana ou não (comunicação em seu sentido mais amplo); língua é um sistema abstrato de regras gramaticais; dessa forma, linguagem é um tempo abrangente que engloba o termo língua este sim, específico da produção humana.
Quanto á importância da língua tem-se em Slobin (1980,p.202) a seguinte afirmativa: embora ninguém negue o papel central da língua na vida humana, definir a natureza desse papel tem sido um problema difícil e persistente desde o início da filosofia. A língua tem um papel central, real e funcional, não só sócio-cultural, mas psicológico na vida humana, e tem sido investigada desde a Grécia antiga, ou antes. Apesar disso, definir o papel da língua tem sido tarefa difícil,entregue principalmente a psicolinguistas e neurologistas.
Vygotsky (1989) percebe o desenvolvimento da linguagem como sendo social e mediato na natureza, como decorrente da interação do adulto com a criança. È através do que o estudioso chama de negociação com outra pessoa que se adquire linguagem. Assim, se a comunicação se torna insuficiente ou inadequada ,haverá prejuízo para o desenvolvimento como um todo. Haverá prejuízo para o crescimento intelectual, o intercâmbio social, o desenvolvimento da linguagem e as atitudes emocionais. Esses prejuízos se darão de forma simultânea e inseparável (SACKS, 1990).
A linguagem é construída nas interações do cotidiano das pessoas. A aquisição de um sistema linguístico supõe a reorganização de todos os processos mentais da criança. Com um papel importante na formação da consciência, a linguagem amplia o mundo percebido, de informação e cultura. È através da linguagem que é possível transmitir a experiência de gerações ,convertendo-se em uma poderosa ferramenta ao introduzir formas de análise e síntese que a criança seria incapaz de desenvolver por si mesma.
A estrutura inata da linguagem não está plenamente desenvolvida no nascimento, é entre as idades de 21 a 36 meses que seu desenvolvimento se mostra no ponto máximo È o período inicial de formação de símbolos. O período que Chomsky e Lennenberg denominam o período crítico para adquirir ma primeira língua e vai até 12 anos. Isso é verdade tanto para a aquisição da língua oral como para gestual. (FERNANDES,1990, e FURTB,1968).
O cérebro de uma criança entre dois e quatro anos de idade absorve o dobro de glicose que o cérebro de um adulto. Isto reflete a importância que o cérebro dá ,nesta fase de maturação ,á absorção de informações e criação das sinapses básicas para p desenvolvimento dos processos mentais.
A falta do domínio de uma língua. nesta fase ,não impedirá que esta etapa ocorra, mas não terá a mesma qualidade de desenvolvimento para qual o cérebro está preparado pra realizar. A importância do domínio da Língua Brasileira de Sinais pela criança surda vai muito além das necessidades de garantia de interlocução com o meio que a cerca.
Assim ,ao entrar para a escola, muitas vezes sem o domínio de qualquer língua ,o que pretendemos para a criança surda, em primeira instância ,é garantir um suporte linguístico para que o cérebro possa realizar uma de suas principais tarefas: desenvolver-se cognitivamente, de acordo com o que já lhe foi geneticamente proposto ,o que inclui um instrumento linguístico.
A Língua Brasileira de Sinais ,como outra língua qualquer, precisa ser adquirida.Ela é um produto da comunidade surda, desenvolvida da mesma forma que qualquer outra língua. Mesmo sendo um língua natural para os surdos ,é errado pensar que a Língua Brasileira de Sinais é universal.
Diferente de outras habilidades, como a própria inteligência, a linguagem não pode ser adquirida sozinha. Ela depende de uma capacidade inata essencial (biológica), mas é ativada apenas por outra pessoa que possui poder e competência linguística (SACKS, 1989, p.56).
Indivíduo a possibilidade de dominar o melhor meio de processar seu pensamento. Desenvolver-se cognitivamente não depende,exclusivamente,do domínio de uma língua, mas dominar uma língua garante os melhores recursos para as cadeias neuronais envolvidas no desenvolvimento dos processos cognitivos do indivíduo.
As línguas de sinais são utilizadas pela maioria das pessoas surdas no mundo. No Brasil ,existem duas línguas de sinais: a Língua Kaapor – LSKB, utilizadas pelos índios da tribo Kaapor, onde muitos membros são surdos, devido ás altas febres causadas por doenças transmitidas pelo contato com pessoas de fora da tribo, e a língua Brasileira de Sinais – Libras, que é utilizada nos centros urbanos. A língua portuguesa, no caso dos surdos brasileiros, é considerada uma segunda língua.
Segundo Moura (2000), a educação e inserção social dos surdos constituem um sério problema, e muitos cominhos têm sido seguidos na busca de uma solução.
A oficialização da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) em abril de 2002 (Lei n. 10.436, de 24 de abril de 2002) começa a abrir novos caminhos, sem, no entanto, deixar de gerar polêmicas por profissionais que trabalham com surdos e por surdos oralizados, que não se sentem parte de uma comunidade surda e não vêem mérito nessa vitória para a comunidade surda.
A língua de sinais, língua natural dos surdos,pois essa a criança surda adquire de forma espontânea sem que seja preciso um treinamento específico, ainda é considerada por muitos profissionais apenas como gestos simbólicos. De uma maneira geral, em nossa sociedade não existe lugar para as diferenças, sendo os surdos usuários da língua de sinais desconsiderados no processo educacional.
Vivemos em uma sociedade na qual a língua oral é imperativa, e por consequência caberá a todos que fazem parte dela se adequarem aos seus meios de comunicação, independentemente de suas possibilidades. Qualquer outra forma de comunicação, como ocorre com a língua de sinais, é considerada inferior e impossível de ser comprada com as línguas orais.
A educação de surdos implica na aquisição de uma língua, que também e primordial para seu desenvolvimento intelectual, emocional, social e afetivo sim, para chegar a um desenvolvimento global satisfatório, o surdo precisa ter acesso á linguagem como instrumento transformador. Através do oralismo, o surdo aprende os códigos de linguagem, vocabulário e os meios de comunicação utilizados por pessoas não surdas, de forma que não fique á margem dos acontecimentos e seja reconhecido por sua capacidade de aprender e conviver. Surge, entretanto, um grave problema nessa aquisição de linguagem: ela é demorada e difícil.
As contradições e conflitos a respeito da opressão sobre os surdos em sua necessidade de comunicação permanecem, mas a sociedade, aos poucos vem mudando. Por proposição da UNESCO, em 1954,as crianças das comunidades lingüísticas minoritárias passam a ter direito á educação na comunidade a que pertencem. Nesse movimento mundial, inspirado nos princípios de celebração de diferenças humanas, solidariedade, direitos e cidadania, desponta um espaço privilegiado de relações sociais para todos. Em 1988, a nova Constituição Federal se pronuncia, no Brasil, em favor das vindas daqueles que apresentam necessidades especiais.
Em 1990, o Brasil participa do movimento de Educação Para Todos, quando a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência a Cultura convocou uma reunião mundial para discutir uma política de educação para todos,na Tailândia.
Em 1993, entra em vigor o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), um posicionamento legal que significou, sem dúvida,um avanço na valorização da educação.
Em 1994, acontece a Conferência Mundial Sobre as Necessidades Educativas Especiais, em Salamanca,na Espanha,com o propósito de ressaltar a urgência da luta contra a exclusão,promovendo uma integração que visa transformar a escola em uma espaço para todos, onde as diferenças constituem uma oportunidade, e não um problema.
O princípio da Educação Inclusiva foi adotado, estabelecendo que toda as escola devesse acolher todas as crianças, independentemente de suas condições pessoais, culturais ou sociais.
Em 1996, a Lei de Diretrizes e Bases (LDB nº9394/96) recomenda que a escola ofereça os meios necessários á aprendizagem de todos os seus alunos.
Em 2002, a Língua Brasileira de Sinais (Libras) foi reconhecida oficialmente como o idioma da comunidade surda brasileira, em abril, e ficou determinado que as instituições públicas apoiem e prestem atendimento aos surdos em Libras e que os sistemas educacionais federal, estaduais e municipais incluam o ensino d Libras como parte dos Parâmetros Curriculares Nacionais dos cursos de formação de Educação Especial, Fonoaudióloga, Magistério, nos níveis Médio e Superior (BRASIL,2002).
A comunicação em libras se dá através de sinais manuais e não manuais,cuja configuração segue Gramática específica : a posição e movimento da mão, o ponto de articulação do sinal isto é, no corpo ou espaço de sinalização e as expressões faciais ou corporais.
Para realizar tais propósitos faz-se necessárias mudanças profundas nas concepções na atitude e práticas educativas para assegurar que todos, sem nenhum tipo de descriminação, tenham oportunidades para desenvolverem plenamente suas capacidades e participarem em igualdade de condições do processo educativo.
CONCLUSÃO
A pesquisa nos leva a compreender o meio onde as diferenças estão presentes a todo o momento, e de como acontece o processo de ensino na Educação Especial Auditiva.
A realidade, tal como se apresenta a educação especial hoje, constitui um grande desafio para o mundo que desvaloriza a educação. Sendo que a educação especial auditiva é um grande passo no sentido de possibilitar caminhos para o ensino e aprendizagem de alunos (a) surdos brasileiros capazes de contribuir com uma sociedade mais justa e igualitária para todos.
O trabalho com o deficiente auditivo tem o compromisso de formar cidadão consciente, e a mesma deve ter subsídios necessários e tornar realidade essas mudanças educacionais, transformando a maneira como pensamos e concebemos ao centro de especializado na língua do surdo e a comunicação dos ouvintes.
Observou-se que a falta de conhecimento dos procedimentos metodológicos para trabalhar com os alunos com deficiência auditiva, são empecilhos para se conseguir transmitir os conteúdos desejados de forma que o deficiente auditivo o compreenda. Desse modo sugere-se que se tenha uma pessoa especializada em transmitir as metodologias adequadas para se trabalhar com os deficientes auditivos por meio das regras de sinais.
A presente pesquisa nos revela a necessidade de formação dos profissionais que atuam com deficientes auditivos, em relação a aquisição da linguagem para a criança surda. E que o trabalho da educação auditiva deve ocorrer em um ambiente natural. Sempre com atividades propostas através de brincadeiras e de jogos, para que sejam significativas para as crianças surdas. .
Entre as áreas do conhecimento relacionadas com a surdez sempre houve disputa para apontar a melhor maneira para a comunicação dos surdos. Das que destacam pela sua eficiência, uma é o oralismo, que busca a normalidade e a fala, procurando dispor de avanços tecnológicos para oferecer ao surdo a possibilidades de ouvir a fazer a leitura labial. A outra é a LIBRAS, que defende a língua de sinais como sendo a língua dos surdos, e até mesmo a idéia de uma cultura surda específica, direcionando o debate para uma questão de política linguística.
Desse modo para que as Instituições consiga atende o aluno com deficiência auditiva devem ser melhoradas, no tocante ao ensino e aprendizagem. Nesse sentido é de uma importância a escolha do método pelos professores e pelos coordenadores ao planejarem o ensino da pessoa surda.
Pois uma proposta educacional deve ter um caráter interdisciplinar e contextualizado principalmente no que se refere à proximidade das áreas do conhecimento maior interação entre educando e educador. Desse modo a escola deve procurar construir e executar um Projeto Político Pedagógico que fortaleça vínculos e integre a comunidade na escola, possibilitando condições de acompanhar os educandos com deficiência auditiva nas atividades propostas.em sala de aula.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO EM LIBRAS NA FORMAÇÃO DO EDUCADOR
Erica Silvia Paulino
Caroline da Cruz Costa Paulino
RESUMO
A linguagem exerce papel preponderante na constituição dos sujeitos, visto que é através dela que nos apropriamos da cultura. Apesar da relevância inquestionável da sua importância para o homem a possibilidade de construção da mesma para os surdos, tem sido regularmente negado, e este trabalho tem a finalidade de refletir sobre a Língua Brasileira de Sinais ou LIBRAS e abordando aspectos a ela ligada. A utilização de metodologias diferenciadas deve resgatar o prazer do educando em aprender e isso faz com que o profissional da educação reflita sobre a sua prática pedagógica, sabendo que tem o desafio de conquistar o educando com deficiência auditiva, para que ele sinta-se bem na escola, proporcionando-lhe um aprendizado livre das amarras do sistema educacional discriminatório e classificatório, dando-lhe a oportunidade de se expressar de maneira democrática, levando-o a atingir os objetivos propostos e estimulando suas competências. Assim o presente estudo objetivou identificar as dificuldades encontradas pelos professores, em trabalhar com alunos portadores de deficiência auditiva por não terem LIBRAS em sua formação.. Ao final da pesquisa pode-se perceber que os profissionais da Escola Estadual Valdomiro Teodoro Candido, não tem formação acadêmica, para trabalhar com alunos portadores de deficiência auditiva e encontram dificuldades no seu trabalho pedagógico.
Palavras-chave: Inclusão; Ensino de Libras; Formação do professor.
INTRODUÇÃO
No decorrer dos anos diferentes visões da pessoa surda foram surgindo, assim como metodologias de trabalho. Durante muito tempo via-se a surdez como doença e, portanto a pessoa surda era excluída, liga a incompreensão da sociedade que não vê como diferente e sim, como “diferente”.
Muito se discute sobre a inclusão do surdo no ensino publico regular e Sab se que, constitucionalmente, ele tem direito á educação e ai que alguns desafios configuram-se no trabalho docente, primeiro a falta de formação para trabalhar com alunos surdos, em pregar métodos e técnicas de ensino que favoreça sua interação.
Por isso os professores devem ter uma formação adequada para trabalharem a inclusão dos alunos surdos sem sala do ensino regular, no entanto a maior dificuldade e na área de comunicação.
A presente pesquisa tem como problema discutir quais as dificuldades encontradas pelos professores da educação de jovens e adultos, que não tiveram no currículo da graduação a disciplina de LIBRAS, para lidar com alunos deficientes auditivos que estão em suas salas de aula?
O aluno surdo sente-se diferente, pois o simples fato de querer ajuda-lo mais de dar mais atenção o diferencia dos outros, e uma forma erronia de trabalhar a inclusão, sem perceber o professor acaba isolando-o do grupo e constrangendo-o Assim a inclusão automaticamente transforma-se em exclusão, o aluno surdo não que ser melhor nem sentem uma sensação de impotência . O aluno surdo tem o mesmo direito e na pratica quer ser igual a todos e tratado da mesma forma que seus colegas de sala.
Os objetivos da Pesquisa são fazer relação entre formação acadêmica que os professores tiveram e formação proposta hoje para inclusão; descrever como é a relação dos alunos surdos com os professores e os demais a alunos no âmbito escolar e identificar as principais dificuldades encontradas pelos professores para ensinar aos alunos com deficiência auditiva.
DESENVOLVIMENTO
A Surdez é um tema relevante de pesquisa no Brasil. Primeiramente foi estudada pela médica e recentemente na área da educação, da lingüística e da fonoaudióloga. Cada área passou a se preocupar-se com determinado aspectos da surdez, Como consequência dessa pesquisa, temos um estudo fragmentado da surdez nos aspectos educacionais. As discussões se projetam no campo do estudo da fusão do Método Perdoncini e da LIBRAS utilizados no C.E.E.D.A e nos meios que este professores utilizam para desenvolverem a aprendizagem. Foram utilizados como embasamento os teóricos de base da proposta pedagógica do C.E.E.D.A. Entre eles foram estudados Leila Couto Mattos que discute o método Perdoncini em suas vantagens e desvantagens para o surdo, Ana Paula Santana que faz comparações da educação oral e de sinais e em Vigotsky (1999 e 2000) que fundamenta as atividades guiadas pela imaginação e as ações lúdica.
Segundos Damázio (2002), a pessoa que, fluente em Língua Brasileira de Sinais e em Língua Portuguesa, tem a capacidade de verter em tempo real ( interpretação simultânea) ou, com um pequeno espaço de tempo ( interpretação consecutiva)da Libra para Português ou deste para a LIBRAS. A tradução envolve a modalidade escrita de pelo menos uma das línguas envolvidas no processo.
Ao optar-se em oferecer uma educação bilíngüe,a escola está assumindo uma política lingüística em que duas línguas passarão a co – existir no espaço escolar. Além disso, também será definido qual será a primeira língua e qual a segunda língua, bem como as funções em que cada língua irá representar no meio ambiente escolar. Pedagogicamente, a escola vai pensar em como estas línguas estarão acessíveis ás crianças, além de desenvolver as demais atividades escolares. As línguas podem estar permeando as atividades escolares ou serem objetos de estudo em horários específicos dependendo da proposta da escola. Isso vai depender de como, onde e de que forma as crianças utilizam as línguas na escola. (DAMÀZIO, 2006, p.15).
As pessoas com perda auditiva constituem em grupo bastante heterogêneo e, por isso não é correto fazer a afirmações que possam ser generalizadas a toda a população que apresenta tal deficiente. O desenvolvimento comunicação lingüístico de crianças surdas com uma perda auditiva profunda, por exemplo, apresenta aspecto com perdas leves ou hipoacústicas.
O fato de os pais também serem surdos ou serem ouvintes te repercussões igualmente importantes educação das crianças. Esses fatores podem ser diferenciadores em torno dos cincos seguintes: a localização da lesão, a etiologia, a perda auditiva, a idades de início da surdez e o ambiente educativo da criança.
Idade de início da surdez: A idade da criança quando se produz perda auditiva tem uma grande repercussão no desenvolvimento: Fala,Pré – locutiva,Pós- locutiva e a aquisição da fala.
A pesquisa já classe de Conrad (1979) sobre os alunos surdos confirmar a importância e a repercussão do antes, do depois dos 3 anos.Em estudo, o autor classifica os alunos com perdas auditivos superiores a 85 dB em três grupos, segundo a idade em que perdem a audição, congênita, do nascimento aios 3 anos e depois dos 3 anos. (DAMÀZIO, 2007,p.16).
Objetivo principal é a aquisição de sistema lingüístico que organiza quando a criança perde a audição.
Os estudos realizados sobre aquisição da linguagem de sinais comprovaram que sua evolução é muito semelhante que se produzem nas crianças ouvintes com relação á linguagem oral. Essa semelhança não impede as determinadas linguagens, que distinta uma expressão, manual ou oral.
Correspondência das duas aquisições duas linguagens encontrou um importante reforço no estudo de Pettito e Marentette (1991) sobre o balbucio manual de duas crianças surdas profundas com idades compreendias entre 10 a 14 messes.
O balbucio é expressão de uma capacidade de linguagem amoldal, associada á fala e ao sinal. Apesar das diferenças radicais entre os mecanismos motores que subjazem ao sinal e á linguagem falada, as crianças surdas e as ouvintes produzem unidades de balbucios idênticos. (PETTITO; MARENTETTE, 1991,p.14).
O estudo da inteligência das pessoas surdas passou por diferentes períodos históricos. O livro de Myklebust (1964) sobre a psicologia do surdo diferente da dos ouvintes. O principal dado em pensamento vinculado ao concreto e apresenta mais dificuldade para a reflexão abstrata. Que é a linguagem não verbal.
Essa posição diferenciadora foi discutida a partir da teoria do desenvolvimento intelectual de Piaget. Sua formulação de que a linguagem e a interação social não ocupam um papel determinante na estruturação do pensamento em pesquisas.
A obra mais representativa dessa tese é a de Hans Furth (1966,1973), cuja conclusão é a de que a competência cognitiva dos surdos é semelhante á dos ouvintes. O dois grupos de pessoas passam pelas mesmas etapas de desenvolvimento, embora nos surdos a evolução seja um pouco mais lenta. Furth atribui o atraso ás deficiências experimentais que o surdo vive. (PETTITO; MARENTETTE, 1991,p.14).
É o desenvolvimento cognitivo do aluno surdo na fase precoce e pré- locutiva, da aprendizagem.
2.1 O processo Histórico da Educação do Surdo
Até o século XV, não havia nenhum interesse na educação dos surdos, que eram considerados pessoas primitivas, sendo relegados á marginalidade na vida social. Não havia direitos assegurados, nem uma cultura suficientemente desenvolvida que os aceitasse em sua diferença.
È somente a partir do final da Idade Média que os dados com relação á educação e á vida do surdo tornam-se mais razoáveis. È exatamente nesta época que começam a surgir os primeiros trabalhos no sentido de educar a criança surda.
O século XVIII é considerado o período mais próspero no que se refere á educação dos surdos, houve a fundação de várias escolas.Além disso, qualitativamente, a educação para os mesmos também evoluiu, já que,através da língua de sinais, eles puderam aprender e dominar diversos assuntos,além de exercer diferentes profissões.
Entretanto, no início do século XX a maior parte das escolas de surdos abandonou o uso da língua de sinais. Isto foi conseqüência do famoso Congresso de Milão de 1880, quando, a despeito do que pensavam os surdos, considerou-se que a melhor forma de educação seria aquela que utilizasse unicamente o oralismo. Percebe-se aí mais uma vez a tendência á padronização, considerando que o surdo, para viver em sociedade, deveria conseguir ouvir, com o uso de aparelho e falar, através de exaustivos exercícios ,como se fosse ouvinte, para então ser aceito pela sociedade ou pelo grupo social.
Em 1857, foi fundado o Instituto nacional de Surdos-Mudos,atual Instituto Nacional de Educação do Surdo (INES),onde era utilizada a língua de sinais. Mas com a tendência determinada pelo Congresso de Milão (1880),em 1911,o INES estabeleceu o oralismo como método de educação dos surdos.
É nos anos 70, que chega ao Brasil a filosofia da Comunicação Total. Mas já na década seguinte, Começa a ganhar força no país a filosofia do Bilinguismo.
Aqui no Brasil, a preocupação em ampliar os serviços prestados aos surdos é pouca. Dificilmente os programas na televisão apresentam exibições em LIBRAS, ainda há descaso quanto á necessidade de intérpretes. Já no que diz respeito á abordagem educacional a se adotada, não existe um consenso sobre qual delas (oralismo, comunicação total ou bilingüismo).
Os surdos deixaram de ser vistos como deficientes, mas apesar disso ainda são marginalizados pela falta da oralidade. No entanto, eles têm direito a ocupar um lugar na sociedade com as mesmas oportunidades dos ouvintes. A mudança no tratamento com a pessoa deficiente resultou de alterações culturais aceitas e gradualmente vividas, e não apenas por normas e/ou repentinamente impostas,e sistematicamente descumpridas.
No Brasil, a Libras tem a finalidade de apresentar ao aluno a língua e a cultura surda, tendo sido reconhecida pela Lei Federal nº 10.436, de 24 de abril de 2002,como meio legal d comunicação e expressão. Esta mesma lei prevê ainda que o Poder Público e as concessionárias de serviços público devem garantir formas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da Libras como meio de comunicação objetiva e de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil.
Ainda citando a Lei Federal nº 10.436, em seu artigo 4º temos que: O Sistema Educacional Federal e Sistemas Educacionais Estaduais, Municipais e do Distrito Federal, devem garantir a inclusão nos cursos de Formação de Educação Especial, de Fonoaudióloga e de magistérios,em seus níveis médios e superior, o ensino da Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, como parte integrante dos parâmetros curriculares – PCNs, conforme legislação vigente.
A partir desta lei, é esperado que as políticas pública educacionais caminhem no sentido de dar tratamento legal aos surdos como uma minoria lingüística,uma vez que a língua portuguesa é majoritária no Brasil,assegurando-lhes o direito de acesso irrestrito ao ensino de Libras, e promovendo capacitação de profissionais da educação para atuarem no processo de ensino-aprendizagem de Libras.
2.2 Libras-(Língua brasileira de sinais)
Para dar início a discussão, é importante diferenciar, sob o ponto de vista lingüístico, os termos linguagem e língua. Conforme afirma Fernandes (1996, p.23):
O conceito da linguagem refere-se como sistema de comunicação natural ou artificial, humana ou não (comunicação em seu sentido mais amplo); língua é um sistema abstrato de regras gramaticais; dessa forma, linguagem é um tempo abrangente que engloba o termo língua este sim, específico da produção humana.
Quanto á importância da língua tem-se em Slobin (1980,p.202) a seguinte afirmativa: embora ninguém negue o papel central da língua na vida humana, definir a natureza desse papel tem sido um problema difícil e persistente desde o início da filosofia. A língua tem um papel central, real e funcional, não só sócio-cultural, mas psicológico na vida humana, e tem sido investigada desde a Grécia antiga, ou antes. Apesar disso, definir o papel da língua tem sido tarefa difícil,entregue principalmente a psicolinguistas e neurologistas.
Vygotsky (1989) percebe o desenvolvimento da linguagem como sendo social e mediato na natureza, como decorrente da interação do adulto com a criança. È através do que o estudioso chama de negociação com outra pessoa que se adquire linguagem. Assim, se a comunicação se torna insuficiente ou inadequada ,haverá prejuízo para o desenvolvimento como um todo. Haverá prejuízo para o crescimento intelectual, o intercâmbio social, o desenvolvimento da linguagem e as atitudes emocionais. Esses prejuízos se darão de forma simultânea e inseparável (SACKS, 1990).
A linguagem é construída nas interações do cotidiano das pessoas. A aquisição de um sistema linguístico supõe a reorganização de todos os processos mentais da criança. Com um papel importante na formação da consciência, a linguagem amplia o mundo percebido, de informação e cultura. È através da linguagem que é possível transmitir a experiência de gerações ,convertendo-se em uma poderosa ferramenta ao introduzir formas de análise e síntese que a criança seria incapaz de desenvolver por si mesma.
A estrutura inata da linguagem não está plenamente desenvolvida no nascimento, é entre as idades de 21 a 36 meses que seu desenvolvimento se mostra no ponto máximo È o período inicial de formação de símbolos. O período que Chomsky e Lennenberg denominam o período crítico para adquirir ma primeira língua e vai até 12 anos. Isso é verdade tanto para a aquisição da língua oral como para gestual. (FERNANDES,1990, e FURTB,1968).
O cérebro de uma criança entre dois e quatro anos de idade absorve o dobro de glicose que o cérebro de um adulto. Isto reflete a importância que o cérebro dá ,nesta fase de maturação ,á absorção de informações e criação das sinapses básicas para p desenvolvimento dos processos mentais.
A falta do domínio de uma língua. nesta fase ,não impedirá que esta etapa ocorra, mas não terá a mesma qualidade de desenvolvimento para qual o cérebro está preparado pra realizar. A importância do domínio da Língua Brasileira de Sinais pela criança surda vai muito além das necessidades de garantia de interlocução com o meio que a cerca.
Assim ,ao entrar para a escola, muitas vezes sem o domínio de qualquer língua ,o que pretendemos para a criança surda, em primeira instância ,é garantir um suporte linguístico para que o cérebro possa realizar uma de suas principais tarefas: desenvolver-se cognitivamente, de acordo com o que já lhe foi geneticamente proposto ,o que inclui um instrumento linguístico.
A Língua Brasileira de Sinais ,como outra língua qualquer, precisa ser adquirida.Ela é um produto da comunidade surda, desenvolvida da mesma forma que qualquer outra língua. Mesmo sendo um língua natural para os surdos ,é errado pensar que a Língua Brasileira de Sinais é universal.
Diferente de outras habilidades, como a própria inteligência, a linguagem não pode ser adquirida sozinha. Ela depende de uma capacidade inata essencial (biológica), mas é ativada apenas por outra pessoa que possui poder e competência linguística (SACKS, 1989, p.56).
Indivíduo a possibilidade de dominar o melhor meio de processar seu pensamento. Desenvolver-se cognitivamente não depende,exclusivamente,do domínio de uma língua, mas dominar uma língua garante os melhores recursos para as cadeias neuronais envolvidas no desenvolvimento dos processos cognitivos do indivíduo.
As línguas de sinais são utilizadas pela maioria das pessoas surdas no mundo. No Brasil ,existem duas línguas de sinais: a Língua Kaapor – LSKB, utilizadas pelos índios da tribo Kaapor, onde muitos membros são surdos, devido ás altas febres causadas por doenças transmitidas pelo contato com pessoas de fora da tribo, e a língua Brasileira de Sinais – Libras, que é utilizada nos centros urbanos. A língua portuguesa, no caso dos surdos brasileiros, é considerada uma segunda língua.
Segundo Moura (2000), a educação e inserção social dos surdos constituem um sério problema, e muitos cominhos têm sido seguidos na busca de uma solução.
A oficialização da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) em abril de 2002 (Lei n. 10.436, de 24 de abril de 2002) começa a abrir novos caminhos, sem, no entanto, deixar de gerar polêmicas por profissionais que trabalham com surdos e por surdos oralizados, que não se sentem parte de uma comunidade surda e não vêem mérito nessa vitória para a comunidade surda.
A língua de sinais, língua natural dos surdos,pois essa a criança surda adquire de forma espontânea sem que seja preciso um treinamento específico, ainda é considerada por muitos profissionais apenas como gestos simbólicos. De uma maneira geral, em nossa sociedade não existe lugar para as diferenças, sendo os surdos usuários da língua de sinais desconsiderados no processo educacional.
Vivemos em uma sociedade na qual a língua oral é imperativa, e por consequência caberá a todos que fazem parte dela se adequarem aos seus meios de comunicação, independentemente de suas possibilidades. Qualquer outra forma de comunicação, como ocorre com a língua de sinais, é considerada inferior e impossível de ser comprada com as línguas orais.
A educação de surdos implica na aquisição de uma língua, que também e primordial para seu desenvolvimento intelectual, emocional, social e afetivo sim, para chegar a um desenvolvimento global satisfatório, o surdo precisa ter acesso á linguagem como instrumento transformador. Através do oralismo, o surdo aprende os códigos de linguagem, vocabulário e os meios de comunicação utilizados por pessoas não surdas, de forma que não fique á margem dos acontecimentos e seja reconhecido por sua capacidade de aprender e conviver. Surge, entretanto, um grave problema nessa aquisição de linguagem: ela é demorada e difícil.
As contradições e conflitos a respeito da opressão sobre os surdos em sua necessidade de comunicação permanecem, mas a sociedade, aos poucos vem mudando. Por proposição da UNESCO, em 1954,as crianças das comunidades lingüísticas minoritárias passam a ter direito á educação na comunidade a que pertencem. Nesse movimento mundial, inspirado nos princípios de celebração de diferenças humanas, solidariedade, direitos e cidadania, desponta um espaço privilegiado de relações sociais para todos. Em 1988, a nova Constituição Federal se pronuncia, no Brasil, em favor das vindas daqueles que apresentam necessidades especiais.
Em 1990, o Brasil participa do movimento de Educação Para Todos, quando a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência a Cultura convocou uma reunião mundial para discutir uma política de educação para todos,na Tailândia.
Em 1993, entra em vigor o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), um posicionamento legal que significou, sem dúvida,um avanço na valorização da educação.
Em 1994, acontece a Conferência Mundial Sobre as Necessidades Educativas Especiais, em Salamanca,na Espanha,com o propósito de ressaltar a urgência da luta contra a exclusão,promovendo uma integração que visa transformar a escola em uma espaço para todos, onde as diferenças constituem uma oportunidade, e não um problema.
O princípio da Educação Inclusiva foi adotado, estabelecendo que toda as escola devesse acolher todas as crianças, independentemente de suas condições pessoais, culturais ou sociais.
Em 1996, a Lei de Diretrizes e Bases (LDB nº9394/96) recomenda que a escola ofereça os meios necessários á aprendizagem de todos os seus alunos.
Em 2002, a Língua Brasileira de Sinais (Libras) foi reconhecida oficialmente como o idioma da comunidade surda brasileira, em abril, e ficou determinado que as instituições públicas apoiem e prestem atendimento aos surdos em Libras e que os sistemas educacionais federal, estaduais e municipais incluam o ensino d Libras como parte dos Parâmetros Curriculares Nacionais dos cursos de formação de Educação Especial, Fonoaudióloga, Magistério, nos níveis Médio e Superior (BRASIL,2002).
A comunicação em libras se dá através de sinais manuais e não manuais,cuja configuração segue Gramática específica : a posição e movimento da mão, o ponto de articulação do sinal isto é, no corpo ou espaço de sinalização e as expressões faciais ou corporais.
Para realizar tais propósitos faz-se necessárias mudanças profundas nas concepções na atitude e práticas educativas para assegurar que todos, sem nenhum tipo de descriminação, tenham oportunidades para desenvolverem plenamente suas capacidades e participarem em igualdade de condições do processo educativo.
CONCLUSÃO
A pesquisa nos leva a compreender o meio onde as diferenças estão presentes a todo o momento, e de como acontece o processo de ensino na Educação Especial Auditiva.
A realidade, tal como se apresenta a educação especial hoje, constitui um grande desafio para o mundo que desvaloriza a educação. Sendo que a educação especial auditiva é um grande passo no sentido de possibilitar caminhos para o ensino e aprendizagem de alunos (a) surdos brasileiros capazes de contribuir com uma sociedade mais justa e igualitária para todos.
O trabalho com o deficiente auditivo tem o compromisso de formar cidadão consciente, e a mesma deve ter subsídios necessários e tornar realidade essas mudanças educacionais, transformando a maneira como pensamos e concebemos ao centro de especializado na língua do surdo e a comunicação dos ouvintes.
Observou-se que a falta de conhecimento dos procedimentos metodológicos para trabalhar com os alunos com deficiência auditiva, são empecilhos para se conseguir transmitir os conteúdos desejados de forma que o deficiente auditivo o compreenda. Desse modo sugere-se que se tenha uma pessoa especializada em transmitir as metodologias adequadas para se trabalhar com os deficientes auditivos por meio das regras de sinais.
A presente pesquisa nos revela a necessidade de formação dos profissionais que atuam com deficientes auditivos, em relação a aquisição da linguagem para a criança surda. E que o trabalho da educação auditiva deve ocorrer em um ambiente natural. Sempre com atividades propostas através de brincadeiras e de jogos, para que sejam significativas para as crianças surdas. .
Entre as áreas do conhecimento relacionadas com a surdez sempre houve disputa para apontar a melhor maneira para a comunicação dos surdos. Das que destacam pela sua eficiência, uma é o oralismo, que busca a normalidade e a fala, procurando dispor de avanços tecnológicos para oferecer ao surdo a possibilidades de ouvir a fazer a leitura labial. A outra é a LIBRAS, que defende a língua de sinais como sendo a língua dos surdos, e até mesmo a idéia de uma cultura surda específica, direcionando o debate para uma questão de política linguística.
Desse modo para que as Instituições consiga atende o aluno com deficiência auditiva devem ser melhoradas, no tocante ao ensino e aprendizagem. Nesse sentido é de uma importância a escolha do método pelos professores e pelos coordenadores ao planejarem o ensino da pessoa surda.
Pois uma proposta educacional deve ter um caráter interdisciplinar e contextualizado principalmente no que se refere à proximidade das áreas do conhecimento maior interação entre educando e educador. Desse modo a escola deve procurar construir e executar um Projeto Político Pedagógico que fortaleça vínculos e integre a comunidade na escola, possibilitando condições de acompanhar os educandos com deficiência auditiva nas atividades propostas.em sala de aula.
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