DISLEXIA: O QUE É, E COMO O PROFESSOR DEVE LIDAR COM ESSE DISTÚRBIO
Aline Borrego Soares[1]
Márcio Roberto Hobold[2]
RESUMO
A dislexia é definida como sendo um distúrbio ou transtorno de aprendizagem na área da leitura, escrita e soletração, diagnosticada geralmente no inicio do processo de alfabetização, por volta dos oito anos de idade. A dislexia pode ser causada por alterações que afetam o lado esquerdo do cérebro, onde pode prejudicar varias funções, que é o caso da forma adquirida, na forma congênita, reflete uma disfunção presente desde o nascimento. Quando há suspeita de dislexia a criança deve ser avaliada por uma equipe composta por vários profissionais de diversas áreas. Quando é diagnóstico, é necessário que o professor use de vários meios e variados métodos de ensino para que haja uma melhoria na aprendizagem do aluno com a dislexia. O professor deve juntamente com os pais procurar se adaptar aos melhores métodos disponíveis, para que desta forma a criança com dislexia consiga decodificar o método de aprendizagem da leitura. A compreensão deste problema e a parceria entre pais, professores, e o sistema escolar são essenciais para garantir o futuro destas crianças. É necessário que o professor informe-se sobre esse assunto e busque diferentes estratégias para trabalhar com alunos disléxicos. Não há um método pronto, cada professor deve utilizar várias estratégias para poder trabalhar com este aluno.
PALAVRAS-CHAVE: Dislexia; Professor; Alunos; Escolas; Distúrbio de aprendizagem.
INTRODUÇÃO
Tendo em vista que o aluno disléxico apresenta uma grande dificuldade de aprendizagem no momento da leitura, fica nas mãos do docente a responsabilidade de ensinar este aluno com métodos que sejam adequados para este fim.
É preciso paciência, dedicação, muito trabalho e esforço para obter o sucesso desejado, sendo que isto só ocorrerá se o docente adotar uma forma diferenciada para trabalhar com estes alunos. Não pode se deixar de mencionar a necessidade que o aluno disléxico exige de apoio e carinho.
O docente munido dessas informações alcançará seu objetivo, que é a melhor aprendizagem por parte do aluno disléxico em sala de aula.
Este estudo aborda a dislexia e as diferentes maneiras existentes para que o professor possa trabalhar de forma mais direcionada com o aluno que apresenta este distúrbio.
A dislexia apesar de ser um tema atual ainda é desconhecida pela maioria dos professores e pais, o que contribui para a identificação errônea do distúrbio. Com a má identificação do problema, certamente será trabalhada de maneira errada, o que ira prejudicar o aluno, tirando-lhe a chance de ser um bom leitor.
Considerando as dificuldades apresentadas pelos alunos que tem dislexia, no momento da aprendizagem da leitura, qual seria o melhor método aplicado pelo professor para trabalhar com alunos com esse distúrbio em sala de aula?
Com este estudo espera-se principalmente esclarecer qual deve ser a postura docente diante dos alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem provenientes da dislexia, e quais as intervenções adequadas a serem adotadas para que os mesmos tenham maior possibilidade de aprendizagem.
Espera-se também ajudar professores que não tenham conhecimento a respeito da dislexia. Preparar docentes com métodos diferenciados de ensino é a chave para a possível melhora desse problema.
O preparo do docente e a informação dos pais são de extrema importância para o sucesso do aluno, e foi baseado nesse princípio que concentrei meus esforços na realização desse projeto.
Assim os alunos disléxicos terão a chance de aprender a ler e conviver normalmente junto com os outros alunos na sala de aula sem que se sinta excluído de alguma maneira por apresentar esse tipo de problema.
Para motivar este aluno é necessário um trabalho que seja realizado de maneira adequada do conteúdo escolar, que envolva os pais, juntamente com os professores.
Desta forma pode-se contribuir para que se entenda de uma maneira mais ampla, as dificuldades apresentadas por alguns alunos no momento da aprendizagem da leitura.
Faz-se necessário dar extrema atenção ao aluno para que o mesmo sinta-se valorizado e estimulado para a aprendizagem.
Trabalhar com alunos bons é uma tarefa relativamente fácil, mas quando os docentes se deparam com alunos que apresentam dislexia, o que ele deve fazer? Como ele deve agir? Qual deve ser a postura e as atitudes diante desta situação? Essas são perguntas extremamente importantes para o trabalho com os alunos disléxicos.
Devido esta dificuldade apresentada também por parte dos docentes, optamos por ampliar os conhecimentos nessa área, com o objetivo de compreender de forma mais vasta quais as maneiras mais adequadas de intervenções por parte dos professores, que propiciaram o melhor desempenho dos alunos no momento da aprendizagem do processo da leitura
Assim através deste estudo o professor terá maior facilidade em realizar seu trabalho em sala de aula, conhecerá o desenvolvimento mental da criança disléxica objetivando a orientação da mesma para uma melhor aprendizagem, tendo em vista que terá conhecimentos sobre as causas e as conseqüências da dislexia, bem como o seu diagnóstico.
A importância do tema abordado dá-se pela necessidade de se reconhecer a dislexia tão cedo quanto possível, mesmo antes que se espere que uma criança comece a ler, desta forma se torna mais fácil o sucesso e é uma das maneiras de se evitar muitas frustrações.
DESENVOLVIMENTO
2 A IMPORTÂNCIA DE SE DETECTAR A DISLEXIA
Identificar o problema de leitura de um aluno o quanto antes, é algo de extrema importância, pois desta forma o mesmo terá a oportunidade de trabalhar adequadamente seu distúrbio junto com seus professores e pais.
É uma questão da maior importância identificar tão cedo quanto possível a verdadeira natureza deste problema, quando uma criança tem, pois isso ajudará muito a não perder nosso precioso tempo e a impedir que a criança manifesta grande dificuldade em aprender a ler e não consegue acompanhar seus colegas, a causa é geralmente atribuída a burrice ou preguiça, e nenhum método sistemático é aplicado no treinamento dela. Um pouco de conhecimento e uma análise do caso em pouco tempo deixaria claro que a dificuldade se deve a um defeito na memória visual que se tem das palavras e das letras; a criança seria assim avaliada corretamente como alguém que tem um defeito que, contudo, pode em geral ser tratado com perseverança e persistência. Quanto mais cedo se identifica a natureza do problema, maiores são as chances de a crianças melhorar. ( Hinshelwood, 2006, p.30).
Se esse distúrbio for detectado cedo, os alunos terão maiores chances de serem leitores ágeis, porem o que ocorre geralmente não é isso. Essa identificação torna-se importante também, para que o aluno não seja acusado de preguiçoso, pouco inteligente ou mal comportado, o que ocorre na maioria das vezes, quando não há informação necessária sobre o assunto, e sim que seja identificado da forma correta, como sendo um aluno que apresenta um distúrbio chamado de dislexia.
A identificação das crianças com dislexia dá-se normalmente por volta do terceiro ano ou ano superior, o que agrava a situação, pois se esta identificação ocorre anteriormente a esta data quando a criança estará com a idade entre 08 e 09 anos, as chances de se desenvolver a leitura precisa seria bem maior. A prevenção altamente eficaz, onde não há a possibilidade de erro, e os programas de intervenção precoce, que nesse momento tornam-se necessários, são uma realidade hoje, e isso ocorre devido a grande necessidade de uma intervenção ocorrer o quanto antes.
Em vários locais do mundo são utilizados métodos diferenciados para que a intervenção precoce ocorra da maneira correta.
Um dos erros mais comuns que cometemos ao ensinar as crianças disléxicas a ler é deixar de usar, prematuramente, o ensino que parece estar funcionando. Uma criança que leia com precisão, mas não fluentemente em seu nível, ainda exige ensino intensivo. Uma criança com problemas de leitura e que não seja identificada cedo pode exigir cerca de 150 a 300 horas de ensino intensivo( pelo menos 90 minutos por dia em quase todos os dias de aula durante um período de um a três anos) para que a lacuna existente entre ela e seus colegas seja preenchida. E, é claro, quanto mais se atrasar identificação do problema e o ensino da leitura, mais necessidade a criança terá para que chegue ao nível de seus colegas. (Sally Shaywitz, 2006, p.194).
Quanto mais tempo demorar a identificação da dislexia, mais difícil se tornará o desenvolvimento da aprendizagem da leitura, e mais longe de alcançar a fluência na leitura estará este aluno.
Quando deixamos as crianças ficarem muito para trás em qualquer momento do ensino fundamental, passamos a adotar um modelo de intervenção que remedia em vez de prevenir. Quando as crianças ficam para trás no domínio da capacidade de leitura, serão necessárias intervenções intensas para leva-las de volta a níveis adequados de precisão de leitura – e a fluência na leitura pode ser até mais difícil de recuperar por causa da grande quantidade de prática de leitura que se perde a cada mês e a cada ano em que continua a ler com dificuldade. (Torgesen, Joseph, 2006, p.101.)
É importante salientar que a criança que apresenta esse distúrbio, normalmente irá ser dotada de grande habilidade em alguma outra área de sua vida, como por exemplo, na matemática ou em artes. O professor que tem posse dessa informação poderá usar a habilidade do aluno para desenvolver sua leitura .
A identificação e intervenção precoce são o segredo do sucesso da aprendizagem da leitura. A identificação de um problema é a chave que permite a sua resolução. A identificação, sinalização e avaliação das crianças que evidenciam sinais de futuras dificuldades antes do início da escolaridade permitem a implementação de programas de intervenção precoce que irão prevenir ou minimizar o insucesso. (TELES, Paula, 2009, p. 03)
Identificar o problema é a chave para sua resolução, para que com isso possa ser possibilitado ao aluno o sucesso que almeja em relação à aprendizagem, a decodificação do processo de leitura.
2.1 AS DIFICULDADES APRESENTADAS POR ALUNOS COM DISLEXIA
Os alunos que apresentam dislexia têm uma enorme dificuldade no momento da aprendizagem da leitura. Isso ocorre no momento da decodificação do processo. O aluno olha para a letra e não consegue identifica – lá, desta forma não consegue fazer as junções necessárias e falar o que está escrito.
Alunos disléxicos têm também uma grande dificuldade no momento da soletração. Sendo que isto ocorre porque o aluno para identificar a palavra precisa do contexto, na soletração ele não pode contar com isso e desta forma fica extremamente difícil a separação das silabas.
É importante frisar que os pais precisam ter contato com os professores quando seus filhos apresentam dislexia, isso pode auxiliar a criança, pois desta forma os dois compreenderam que se trata de deslizes fonológicos e que a criança muito provavelmente sabe o significado da palavra, porem não consegue pronuncia - lá.
Também apresentam dificuldades no momento em que se deparam com palavras com os fonemas idênticos, as crianças com este distúrbio são levadas na maioria das vezes pela aparência das palavras e pelo contexto em que a mesma se encontra, desta forma é constante encontrarmos crianças que em vez de lerem o cachorro fugiu, lêem, o cajoro vugiu. Essa troca ocorre por que os sons dos fonemas são idênticos e isso confunde os alunos, que no momento da busca das palavras acabam trocando letras e sons.
É necessário que o professor preste atenção em alguns sintomas que a criança pode apresentar como: falta de atenção; não ser capaz de brincar com outras crianças; apresenta um atraso no desenvolvimento da fala e escrita e no desenvolvimento visual; falta de coordenação motora, dificuldades em assimilar cantigas rimadas; dificuldades especial em decodificar palavras sem sentido ou desconhecidas; falta de interesse em materiais impressos; dificuldades em ler palavras isoladas; compreensão de leitura em geral superior a decodificação das palavras isoladas; leitura oral imprecisa e trabalhosa; problemas ao ler palavras funcionais; leitura lenta e ortografia deficiente, entre alguns outros.
Se um problema na leitura de um disléxico não for identificado com precisão e a tempo de tentar ser remediado e se não houver a identificação e a intervenção devida, as crianças que cedo tem dificuldades de leitura certamente terão de lutar para ler no futuro.
Geralmente quando uma criança demonstra vários talentos em outras áreas e dificuldades somente na leitura, provavelmente essa criança é disléxica. É importante saber que os alunos disléxicos exigem tempo, paciência e formas diferenciadas de ensino. Desta forma esses alunos terão a oportunidade de aprender a ler, escrever e soletrar de maneira lenta e com algumas dificuldades, mas aprenderão a ler.
2.2 O DIAGNÓSTICO DO ALUNO COM DISLEXIA
A dislexia acontece no momento da geração do feto, ocorre uma má formação do lado esquerdo do cérebro, na parte responsável pela decodificação da leitura que resulta na dislexia.
Na condição da dislexia do desenvolvimento em que a leitura não se desenvolve normalmente, algo já estava errado desde o início. Consequentemente, não é de se esperar que se encontre uma lesão específica, um corte no circuito; em vez disso, o que temos é um circuito que não se estabeleceu corretamente já no início tendo ocorrido uma falha durante a vida do feto, quando o cérebro se forma para a linguagem. Como resultado, as dezenas de milhares de neurônios que carregam as mensagens fonológicas necessárias à linguagem não se conectam adequadamente para formar as redes de ressonância que tornam possível a boa capacidade de leitura. (Jhon Hughlings Jackson, 2006, p. 62/63).
Os sintomas da dislexia são iguais para as crianças e os adultos. A diferença é que na infância o distúrbio é mais acentuado e pode ser identificado mais facilmente considerando que a criança ira apresentar dificuldades na fase de aprendizagem e alfabetização.
A dislexia é normalmente diagnosticada durante a alfabetização, ela é responsável por altos índices de repetência e abandono escolar, ainda mais se aliado a este fato estiver a falta de incentivo por parte dos pais e professores. Ao proceder o diagnostico da dislexia é necessário antes de qualquer coisa descartar alguns fatores que frequentemente costumam ser confundidos com a dislexia. Alguns desses fatores são: Dificuldades auditivas e visuais, falta de afetividade, fracasso escolar e a hiperatividade.
O diagnostico da dislexia apresenta um conjunto muito particular de circunstancias. Embora tenha uma base biológica, a dislexia se expressa no contexto da sala de aula, o que faz com sua identificação dependa de procedimentos escolares. (Sally Shaywitz, 2006, p.37)
Após a tomada do procedimento acima, é necessário que o aluno passe por testes especializados oferecidos pro algumas empresas que trabalham com isso, onde deve ser analisados por neurologistas, oftalmologistas e professores, podendo haver a necessidade de outros profissionais dependendo do caso.
Segundo (Hinsshelwood): “O diagnóstico da dislexia é de caráter clínico, tendo como base a síntese das informações colhidas, principalmente das observações sobre o paciente e de seu histórico”. 2006, p.29.
A presença dos oftalmologistas nos testes torna-se importantes, pois antigamente vários casos de dislexia eram ligados a problemas na visão, o que com o tempo foi desmistificado. Porem, ainda é de extrema importância um profissional dessa área para o diagnostico correto do distúrbio.
3 COMO TRABALHAR COM CRIANÇAS DISLÉXICAS
Crianças que apresentam dislexia precisam de uma forma diferenciada de ensino, devido a dificuldades encontradas pelas mesmas no momento da decodificação do processo de leitura. Diante das dificuldades apresentadas pelos alunos é necessário que o docente se prepare para trabalhar com ele de forma adequada.
Depois de detectada a dislexia, cabe a escola, juntamente com o professor e pais, incluir esse aluno na sala de aula, trabalhando de maneira distinta para fazer com esse aluno consiga amenizar seu distúrbio de aprendizagem. Mesmo com um trabalho diferenciado, a criança nunca deixará de ser disléxica, mas poderá ter uma vida escolar quase normal, podendo aprender a ler e escrever com os demais, apesar das dificuldades que possui.
Para trabalhar com a criança disléxica o professor necessita estar capacitado e ter conhecimento a cerca da dislexia. Ele precisa ainda, saber o que é dislexia, sua causa, bem como saber diagnosticar a mesma. Com essas informações o professor pode trabalhar com o aluno em sala de aula, não deixando que este se sinta excluído e com a auto-estima baixa.
Sabendo-se de onde é originado esse distúrbio espera-se que os professores desenvolvam seu trabalho de maneira a obter resultados satisfatórios com relação aos alunos que apresentam dislexia. Sabe-se que esse distúrbio exige tempo e paciência, pois fica comprovado que alunos disléxicos têm dificuldades na identificação de letras e palavras, na soletração e também na ortografia.
É como afirma Sally Shaywitz , “os leitores em potencial devem dominar o principio alfabético para que aprendam a ler, mas uma em cada cinco crianças não consegue fazê-lo”. (2006, p.47).
Portanto pais e professores devem saber identificar os sinais que indicam que o aluno é disléxico e não preguiçoso, pouco inteligente ou mal comportado. Alunos que apresentam dislexia processam informações em uma área diferenciada do seu cérebro obstante. Essa dificuldade é algo que necessita de domínio por parte do docente, pois ele é o maior responsável pela aprendizagem do aluno. Se o aluno apresentar dificuldades no processo de aprendizagem da leitura o professor terá que se adaptar e trabalhar com esse aluno de maneira a obter os melhores resultados possíveis.
Alunos disléxicos necessitam de uma forma diferenciada de ensino, pois o método tradicional não os ajuda a aprenderem a ler. É importante esclarecer que as crianças com dislexia na maioria das vezes apresentam dificuldades somente na leitura e na fonética que é conseqüência da mesma.
É necessário trabalhar com crianças disléxicas, respeitando um certo intervalo de tempo, pois um programa utilizado em uma criança com 06 anos, não será útil em um adolescente de 16 anos. Desta forma o programa elaborado para trabalhar com a pessoa com dislexia, tem que respeitar o estágio/nível em que essa pessoa se encontra. Geralmente esses alunos disléxicos são ótimos em matérias que não exigem leitura, como a matemática. Com essa informação fica mais fácil a identificação por parte do professor de crianças com esse distúrbio.
Filmes, vídeos e gravações ajudam a criança disléxica a criar uma estrutura quanto à historia, se essa criança ver o filme do chapeuzinho vermelho e depois ler a historia certamente ela terá uma enorme facilidade em compreender o que leu, logo na primeira leitura, caso ela não tenha esse tipo de auxilio ficará difícil entender precisamente o que esta lendo.
Esses alunos têm uma grande capacidade de aprender novas palavras quando ouvem o professor lendo e fazendo leitura de imagem. É comum entre esses alunos a troca de palavras tentando expressar algo. Por exemplo, uma professora mostra a um aluno com dislexia uma imagem contendo um vulcão e pede para que a mesma diga o que tem ali. A resposta do aluno é um furacão, porém a professora pede para que o aluno descreva o que ele vê e fica constatado que este aluno sabe perfeitamente o que existe nessa imagem, porém no momento de se expressar troca as palavras. Isso ocorre por que os alunos com dislexia dizem na maioria das vezes palavras parecidas com o que realmente querem dizer.
O processo de aquisição desse conhecimento é ordenado e segue uma seqüência lógica. Primeiro, a criança percebe que as mesmas palavras que ouve não são apenas blocos sonoros inteiros. Da mesma forma como um garoto percebeu que a parede era feita de tijolo, o leitor inicialmente começa a notar que as palavras são feitas de segmentos menores, que elas fazem parte. Depois, a criança percebe a natureza de segmentos, que eles representam sons. Dá-se conta, por exemplo, de que a palavra cat há três segmentos sonoros, K, aaaa e t, depois, começa a relacionar as letras que vê ao que ouve nas palavras e que a palavra impressa tem o mesmo numero de e a mesma seqüência de fonemas (sons) que a palavra falada. Finalmente, passa a entender que a palavra impressa tem uma natureza subjacente e que é a mesma estrutura que ouve na palavra falada. Compreende que tanto a palavra escrita como a falada podem ser construídas e reconstruídas com base nos mesmos sons e que a palavra escrita às letras representam tais sons. Uma vez realizada essa conexão, a criança terá dominado o que chamamos de principio alfabético, estando pronta para ler. (Sally Shaywitz, 2006, p.46).
O aluno com dislexia tende a ordenar os fonemas incorretamente, e o resultado dessa troca é, por exemplo, a palavra fenômeno que quando dita por um disléxico fica da seguinte maneira: Fenômeno.
Quando os alunos apresentam dislexia exigem dos professores muita paciência, e tempo. Se o professor utilizar a forma oral, terá que ler por diversas vezes o mesmo texto para que o aluno possa identificar todas as palavras, processa-las e arquiva-las. Este método é bastante utilizado por professores com alunos disléxicos em várias partes do mundo.
Se o professor utilizar a leitura de imagem, terá que dispor de imagens variadas para que os alunos possam identifica-las e aprender os significados do que estão vendo e gravar na memória esta nova palavra.
Mostrar ao disléxico uma imagem para descrever o sentido de uma palavra poderia parecer um passo na direção certa, mas isso não funciona muito bem. Requer uma quantidade enorme de repetições. Pode acontecer de se ter que mostrar mil vezes uma imagem ao disléxico antes que ele consiga incopora-lá ao processo de seu pensamento. Alem disso, os disléxicos geralmente acham o aprendizado por repetição mecânica de um tédio torturante, o que provavelmente fará com que se desorientem em seus próprios pensamentos e se percam em devaneios em vez de prestar atenção nesse tipo de exercício.(Ronald D. Davis, 2004, pg.94).
O docente deve compreender que para ensinar uma criança que apresenta dislexia a ler é extremamente difícil. É um processo super interativo cujo efeito repercute rapidamente ente o docente e o aluno. Aumentar a atenção da criança requer um esforço constante por parte do professor, sendo que o mesmo deve trabalhar de forma bastante ativa para envolver a criança neste processo, ele pode fazer algumas perguntas a ela ou pedir que a mesma justifique uma resposta.
Ler é um trabalho extremamente difícil para o aluno disléxico, e o objetivo do professor é evitar que o aluno se distraia. O professor deve estar constantemente ministrando o conhecimento necessário ao mesmo tempo em que se esforça para garantir que tal conhecimento seja acompanhado de um gancho que considere significativo para a criança. O professor está constantemente pensando sobre como levar essa informação à criança. (Sally shaywitz, 2006, p.194)
Quando o docente obtém a atenção do aluno o trabalho de ensinar o mesmo a ler, torna-se mais simples, com o interesse do mesmo em aprender o empenho do professor em ensinar provavelmente se obterá um resultado satisfatório no final do processo de aprendizagem da leitura.
É necessário que o docente conheça a fundo o problema da dislexia, pois somente desta maneira poderá auxiliar de forma mais correta a aprendizagem do mesmo em relação à leitura. Se o docente tiver esse conhecimento saberá que ele deve avaliar o trabalho do aluno com dislexia com base na sua criatividade e não se apegar aos problemas ortográficos que com certeza serão apresentados.
O aluno com dislexia necessita de um tempo extra para poder resolver provas e trabalhos na escola e isso tem que ser respeitado, pois se o mesmo tiver a sua disposição este tempo com certeza se sairá bem na resolução destes testes. Porem há necessidade de que esse tempo seja disponibilizado, mais é importante salientar que, cada aluno com dislexia necessita de um tempo, cada um de um tempo determinado e para saber corretamente de quanto tempo a aluno necessita o professor tem que conhecer a fundo a historia de cada um.
O único termômetro é a experiência de vida da pessoa. Não há absolutamente nenhum teste que possa dar essa informação. Todo Disléxico experimentado já desenvolveu seu próprio caminho em relação ao seu déficit fonológico; as estratégias específicas ou os caminhos alternativos que ele tenha aperfeiçoado durante os anos ou descoberto que funcionam determinarão quanto tempo extra precisará. (Sally Shaywitz, 2006, p. 249).
O tempo extra fornecido aos alunos é uma tentativa de nivelar a situação dento da sala de aula quando o aluno possui esse distúrbio, mesmo com o tempo adicional ele continuará a se sentir pressionado se comparado aos leitores comuns.
Quando o método de ensino utilizado pelo professor não funcionar é necessário que o mesmo desista deste e parta para uma segunda alternativa, pois se não funcionou uma vez não funcionará na segunda. Conforme Sally Shaywitz: “As crianças disléxicas estão em situação de alto risco de perda de suas habilidades de leitura quando não são praticadas continuamente.”2006, pg.212.
Uma duvida bastante freqüente é quando se deve interromper um programa de leitura realizado com alunos portadores de dislexia. A resposta é simples, não deve interromper esse programa. A criança com esse distúrbio necessita de acompanhamento continuo, pois caso contrario não irá praticar a leitura e isso só a deixara mais atrasada quanto ao seu aprendizado. Não basta ensinar a criança a ler as palavras, elas tem que compreender o que lê sem necessitar do contexto para isso, daí vem a extrema importância em oferecer a ela a pratica contínua da leitura.
3 A IMPORTANCIA DO DESENVOLVIMENTO DAS HABILIDADES NO TRABALHO COM CRIANÇAS DISLÉXICAS.
Quando uma criança apresenta dislexia, normalmente é condenada por isso, sendo que as pessoas a sua volta somente irão prestar atenção em seus erros na leitura e na escrita, deixando de prestar atenção em seus pontos fortes que acabam por passar despercebidos diante deste distúrbio. Porém, as habilidades apresentadas por cada aluno tem e deve ser observada, pois isso o ajudara em todos os aspectos de sua vida inclusive na aprendizagem da leitura.
Procure melhorar tanto quanto possível as deficiências fonológicas e recorra as habilidades superiores do pensamento (por meio de adaptações). Isso é importante porque enfatiza não apenas as dificuldades de leitura da criança, mas seus pontos fortes.(Sally Shaywitz, 2006,p. 138).
Se as habilidades apresentadas por cada aluno forem utilizadas, farão com que todos que estão a sua volta percebam que a deficiência fonológica isolada é apenas uma pequena parte de um quadro mais amplo de competências. Seja qual for a habilidade dessa criança tem que ser notada e incentivada, algumas apresentam uma capacidade incrível de raciocinar, outras de analisar, conceitualizar, ser criativo, visualizar, imaginar ou pensar de maneira inovadora.
Se o aluno perceber que tem habilidades e que com elas poderá melhorar seu aspecto no momento da aprendizagem da leitura ele sentira mais seguro e não desistirá logo da primeira vez que tentar ler e não conseguir identificar a palavra encontrada.
Sabemos que as crianças que apresentam dislexia, também apresentam inúmeras habilidades que se utilizadas da maneira correta poderão ajudá-las na aprendizagem da leitura, e mais, se os adultos que as rodeiam, como pais e professores também utilizarem de suas habilidades o resultado no fim dessa jornada será incrível.
É como afirma Shaywitz (2006), p.139: quando você descobre a dislexia de seu filho, descobre também que uma maneira singular de habilidades e de deficiências reflete o passado dele: os genes que herdou e as experiências que teve enquanto crescia.
Os adultos importantes na vida de uma criança são os pais e professores, pois, eles desempenham papel fundamental na determinação de seu perfil futuro.
Se a criança recebe esse auxilio por parte dos pais, sem duvida ela terá sucesso na aprendizagem da leitura, pois alem de ser uma criança que apresenta um distúrbio ela também é extremamente sensível.
Se os pais e professore compreendessem o papel essencial da fluência para a leitura de qualidade e o quão fácil e eficazmente pode ser ensinada, a fluência não seria a habilidade mais negligenciada.
É especialmente importante que a criança com dislexia receba ensino explicito de vocabulário, onde ela terá a oportunidade de adquirir conhecimentos sobre novas palavras e decodifica-las, chegando assim a fluência e também tenha acesso a uma ampla gama de experiências da vida, tais como: visitas a museus onde ela poderá visualizar imagens e acompanhada de um adulto que explique o significado da mesma para que possa compreender a historia daquele quadro sem necessitar diretamente da leitura, viagens onde conhecerá a historia de cada local facilitando assim quando encontrar a mesma historia em algum livro, auxílios visuais, (mapas e globos) facilitando assim sua localização caso precise, vídeos educativos, livros em formato de áudio que iram reforçar o que leu anteriormente, conversas familiares que são de extrema importância para a formação e compreensão de hobbies e interesses especiais que façam as palavras e o conhecimento de mundo estar vivos ao seu redor.
4 . CONCLUSÃO
O disléxico pode apresentar uma facilidade na aprendizagem da leitura caso os pais e professores busquem em comum acordo ajuda cedo, ampliem ao máximo o tempo de instrução com sessões freqüentes, pequenos grupos e com duração suficiente para que estes alunos não fiquem para trás em vista de seus colegas de classe que não apresentam dislexia, a ajuda mútua entre professores e pais é de extrema importância.
Os docentes querem que seus alunos aprendam a ler, mas muitos simplesmente não têm acesso a informações confiáveis e boas sobre os programas eficazes e baseados cientificamente. O papel do docente no caso em tela é a sua responsabilidade com essas crianças, ele é o principal defensor dos direitos dos alunos e por tal motivo deve levar sempre novas e importantes informações a escola e aos pais.
Existem inúmeras maneiras e métodos para se trabalhar com as crianças disléxicas, porém para que os resultados sejam alcançados conforme se deseja, é necessário que o docente e os pais tenham conhecimento sobre o problema, somente desta forma será possível chegar a um resultado esperado.
Crianças com dislexia tendem a serem acomodados quando o assunto é a leitura, porém ela necessita de um adulto ao seu lado, que costuma ser um de seus pais com a missão de lhe incentivar a todo momento, que tenha pulso firme e que nunca desista de ajudar seu filho. De nada adianta os pais saberem do problema que seu filho apresenta, saberem que eles precisam de ajuda, mas ficarem com pena e adotarem uma atitude passiva quanto a isso, não é disso que a criança precisa, se for esse tipo de comportamento familiar que ela irá receber, provavelmente jamais irá obter resultados satisfatórios na aprendizagem da leitura, podendo a nunca alcançar a fluência e ser um leitor em potencial.
A criança disléxica necessita de grande apoio, é necessário que ela seja a todo momento encorajada a continuar sua luta com relação ao processo de aprendizagem da leitura. Por se sentir muito insegura é preciso que aja alguém que a defenda inflexivelmente, pois com certeza ocorreram chacotas de seus colegas de classe, quando essa criança for tentar ler e não se sair como a maioria de seus colegas.
Essa criança, acima de tudo precisa de alguém que acredite nela, que acredite que ela tem potencial, que procure entender o problema que ela consiga todo o auxílio e apoio de que necessita. Se isso for garantido a essa criança certamente ela obterá sucesso ao longo de sua jornada com relação à aprendizagem da leitura.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Associação Brasileira de Dislexia. Documentos eletrônicos. Disponível em www.dislexia.org.br. Acesso em: 13 de setembro de 2007.
Daves, D. Davis. O dom da Dislexia: Por que algumas das pessoas mais brilhantes não conseguem ler e como podem aprender, Tradução Ana Lima e Gracia Badaró Massad. 1. ed. Rio de Janeiro: Rocco, 2004.
Shaywitz, Sally. Entendendo a Dislexia: um novo e completo programa para todos os níveis de problemas de leitura; Tradução Vinicius Figuerira. Porto Alegre: Artmed, 2006.
Teles, Paula. Documentos eletrônicos. Disponível em: www.medicoassistente.com. Acesso em: 13 de setembro de 2007.
[1] Aline Borrego Soares. Licenciada em Pedagogia. Atua na área da Educação.
[2] Márcio Roberto Hobold. Licenciado em Normal Superior e Química. Atua na área da Educação.