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A INCLUSÃO DE CRIANÇAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS AUDITIVAS NA ESCOLA INFANTIL

 

Carine de Lima

Eliane Aparecida Ramos

Ivonete Vieira dos Santos

Roseane Sardinha Mulato Batista

Tatiane de Oliveira Laskoski

 

 

 

RESUMO

 

Esse trabalho busca refletir sobre inclusão possibilitará ampliar conhecimentos sobre o respeito à diversidade, com a conscientização de valores que deverão ser desenvolvidos em toda a comunidade escolar. O intercâmbio de informações entre os componentes da escola e a família do aluno com deficiência auditiva, somado ao aprendizado da Língua de Sinais são aspectos favorecedores de uma nova postura de que não indica ser empecilho para o ser humano aprender e desempenhar seus direitos como cidadão.. Pois a inclusão é um desafio, que ao ser devidamente enfrentado pela escola comum, pois para que os alunos com e sem deficiência possam exercer o direito à educação em sua plenitude, é indispensável que essa escola aprimore suas práticas, a fim de atender às diferenças. Esse aprimoramento é necessário, sob pena de os alunos passarem pela experiência educacional sem tirar dela o proveito desejável, tendo comprometido um tempo que é valioso e irreversível em suas vidas: o momento do desenvolvimento. Ao termino da pesquisa observou-se que a inclusão é uma inovação que exige da escola, novos posicionamentos, implicando na necessidade de aperfeiçoamento dos professores para que se atenda aos alunos surdos de maneira que propicie possibilidades de se conseguir progressos significativos.

 

Palavras-Chaves: Escola Comum:. Educação especial. Deficiência auditiva

 

 

 

INTRODUÇÃO

 

Atualmente, muito se ouve falar sobre a inclusão escolar. O tema tem sido objeto de discussões em diversos debates, de âmbito municipal ao internacional.

Além de propagandas que tratam sobre a capacitação que o Governo está oferecendo aos profissionais da educação.

Foi a partir da Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais, realizada na cidade de Salamanca, na Espanha, em 1994, que a educação inclusiva se transformou em proposta para as escolas de ensino regular, com o objetivo de combater a práticas discriminatórias e promover a integração da criança deficiente na sociedade.

A inclusão de crianças com necessidades educativas especiais tem causado um grande impacto no meio escolar, nas instituições especializadas e entre os pais dos alunos com e sem dificuldades educativas especiais. Isso vem causando muitas duvidas, e vem sendo uma das razões da dificuldade de implementação de ações em favor da criação de uma escola mais justa, que ofereça oportunidade e qualidade para todos

A educação inclusiva é um processo complexo que envolve a participação de varias ações nos âmbitos da educação, da saúde, do ambiente físico, entre outros, tornando importante o respeito à diversidade de cada criança e a realização de transformações, quando necessárias para receber e manter o aluno em um processo educativo ativo e construtivo Para isso, é necessário que haja uma mudança paradigmática que resulte também em mudanças nas políticas, programas e serviços de apoio oferecido a estes indivíduos.

A sociedade em que vivemos está cheia de preconceitos e desigualdades e isto se reflete no sistema educacional. Desta forma, precisamos ver as necessidades especiais nos contextos mais amplos das desigualdades sociais para que possamos, através de pesquisas e projetos, intervir e realizar trabalhos que impeçam a exclusão desses indivíduos.

 

DESENVOLVIMENTO

 

Atualmente, a prática pedagógica do ensino dos alunos com deficiência auditiva permeiam a busca de uma sociedade igualitária, nos moldes das reais necessidades de uma clientela mais exigente, quanto aos seus direitos e seus potenciais de realizações, tem por finalidade colocar o sujeito dentro do contexto escolar regular, e sobretudo buscar soluções, para a participação de todos em busca de uma educação com qualidade.

Conhecer as potencialidades do sujeito surdo, no contexto escolar exclusivista e como o meio social é necessário para que se possa compreender a realidade da aquisição, ao uso da linguagem, no contexto histórico-social-escolar.

A medicina tem feito grandes progressos nas curas e descobertas de remédios para várias doenças. Nas em relação à deficiência auditiva ou surdez, ou perda auditiva, existe grande falta de informação à cerca das deficiências em todos os aspectos desde a física, visual e mental, a auditiva.

A perda auditiva implica em vários tipos: perdas auditivas suave, moderadas e profundas. Sujeitos surdos incapazes de ouvir e pronunciar palavras dentro da normalidade da língua falada em outros e quase inexistente a percepção de uma linguagem oral. Quando ocorre a comunicação oral, com o uso da linguagem de sinais, a pessoa surda passara a ter livre acesso a essa aprendizagem.

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[...] que a dificuldade maior dos surdos está exatamente na aquisição de uma linguagem que subsidie seu desenvolvimento cognitivo, os estudos que envolvem a condição de pessoa surda são revestidos de fundamental importância e seriedade, visto que a surdez, analisada exclusivamente do ponto de vista do desenvolvimento físico, não é uma deficiência grave, mas a ausência da linguagem, além de criar dificuldades no relacionamento pessoal, acaba por impedir todo o desenvolvimento psicossocial do individuo”. (SÁ, 1999, p. 47).

A surdez na vida de uma pessoa, é um grande problema na comunicação entre o sujeito ouvinte e o sujeito surdo, na comunicação, nas trocas de informações, o sujeito surdo perde na interação e na troca de informações que resultará no seu afastamento dos ambientes,acabando por se isolar e desse modo perder o convívio social, com limitações de comunicação.

Segundo SÁ (1999), privilegiando as mediações culturais, que caracterizam sua visão do homem enquanto ser social, atribui o exercício da humanidade à possibilidade de o indivíduo estabelecer trocas culturais por meio da linguagem.

Se a linguagem é um processo de transmissão natural e espontâneo, e não imposto, e que temos milhares de sujeitos surdos incapazes de se comunicar de forma oralmente corretas, dentro dos padrões da língua oralista.

Deste modo a linguagem, que se da pelo processo de interação nas escolas, grupos de convivência, associações, em nossos lares, devem oferecer aos surdos acessos a língua de sinais, deve ser uma das principais questões a serem discutidas no nosso dia a dia.

A leitura labial, se da através de seu uso freqüente por parte daqueles que com comprometimento auditivo. A capacidade de ler os lábios implica em ter que acompanhar os movimentos labiais, expressões faciais, gestos das mãos, corporal para que haja um entendimento por parte do sujeito surdo. A possibilidade do sujeito surdo atingir o conhecimento do uso das palavras gramaticais falada e escrita. Apesar dos prós e contras ao uso da língua de sinais, processos como uso de um instrumento capaz de suprir suas reais necessidades de comunicação.

[...] as crianças surdas geralmente não têm acesso a uma educação especializada e é comum encontrarmos em escolas públicas e até particulares, crianças surdas que estão há anos freqüentando estas escolas e não conseguem adquirir nem a modalidade oral nem a modalidade escrita da língua portuguesa, pois o atendimento ainda é muito precário”. (GOLDFELD , 2001, p 34).

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ara o sujeito surdo, existem duas formas de linguagem: a língua natural aprendida desde o nascimento como sendo a primeira língua e outra como sendo uma segunda língua, no caso do surdo brasileiro, surdo deve ser conhecedor da língua de sinais e ter o português como forma de expressão com o mundo oralista,

O significado do bilingüismo que tem por pressuposto básico que o surdo deve ser bilíngüe, ou seja deve adquirir como língua materna a língua de sinais, que é considerada a língua natural dos surdos. Essa questão de uso do bilingüismo está sendo nós últimos anos modelo de transmissão do saber em vários países da América e Europa, defendem que o uso, fará com que haja uma aceitação por parte das comunidade ouvinte em aceitar essa modalidade bilíngual”. (QUADROS, 2003, p. 75).

A linguagem de sinais ao sujeito surdo pode ter grande auxilio no processo de aprendizagem e integração ao meio.Pessoas ouvintes tendem a criar seus filhos num ambiente ouvinte como forma de integrá-los, suprir-lhes a falta de audição através de métodos que lhes ensinem a ler e escreve e, sobretudo falar

A Língua de Sinais atingiu seus ideais, somente na década de 80, acompanhada da entrada da comunicação total. A aprendizagem das libras, e necessária para que o processo de aprendizagem tenha ou venha a ter resultados satisfatórios no processo de aquisição do saber, o uso e o conhecimento das libras e um instrumento de linguagem diferente de compreensão de tal forma que o processo que se propõe a conhecer e respeitar as diferenças dos sujeitos surdos.

A aquisição da linguagem em crianças surdas deve acontecer através de uma língua visual-espacial. No caso do Brasil, através da língua de sinais brasileira. Isso independe de propostas pedagógicas (desenvolvimento da cidadania, alfabetização, aquisição do português, aquisição dos conhecimentos, etc.), pois é algo que deve ser pressuposto. Diante do fato de crianças surdas virem para a escola sem uma língua adquirida, a escola precisa estar atenta a programas que garantam o acesso à língua de sinais brasileira mediante a interação social e cultural com pessoas surdas”. (QUADROS, 2003, p 45).

A preocupação com a questão de aprender a ler e a escrever, a língua natural e sua aquisição e o seu domínio. A escola deve ser ante de mais nada uma representação do que acontece na vida social do sujeito surdo, o oferecimento uma linguagem que proporcione realizações em todos os aspectos da vida, e se no caso não houver oferecer aos seus educadores, acesso a aprendizagem da linguagem dos surdos .

A principal preocupação da educação e o desenvolvimento integral do homem e a sua preparação para uma vida produtiva na sociedade A Educação Especial obedece aos mesmos princípios da Educação Geral, deve se iniciar no momento em que se identifique atraso ou alterações no desenvolvimento da criança e continuar ao longo de sua vida, valorizando suas potencialidades e lhe proporcionando todos os meios para desenvolvê-las.

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A aprendizagem da língua de sinais é a base fundamental de apropriação do deficiente auditivo da fala vocal, a qual o acesso não lhe pode ser natural, mas do qual ele pode compreender o uso que se utiliza uma língua que domina totalmente”. (QUADROS, 2003, p 45).

A implementação de uma pedagogia capaz de educar com sucesso todos os educandos, isto é, oferecer às pessoas com necessidades especiais as mesmas condições e oportunidades sociais, educacionais e profissionais acessíveis às outras pessoas, respeitando-se as características específicas de cada um.

A Educação da diversidade adequando as proposta curricular adaptadas, a partir da educação comum para o atendimento dos educandos portadores de necessidades educativas especiais incluídos em classes comuns. Mas isso exige serviços de apoio integrado por docentes e técnicos qualificados e uma escola aberta à diversidade.

O aluno será encaminhado para a Educação Especial se apresentar necessidades diferentes dos demais alunos no domínio da aprendizagem curricular correspondente à sua idade, requer recursos pedagógicos e metodológicos educativo específicos. Genericamente chamados de portadores de necessidades especiais, classificando-os em: portadores de necessidades mental, visual, auditiva, física, múltipla e portadores de altas habilidades (superdotados).

O portador de necessidade auditiva é considerado dessa forma, ao ser constatada sua perda total ou parcial de resíduos auditivos, por doenças congênitas ou adquiridas dificultando assim a compreensão da fala através desse órgão (ouvido).

Segundo MONTEIRO (1989), A deficiência auditiva pode manifestar-se como:

- Surdez leve / moderada: é aquela em que a perda auditiva é de 70 decibéis, que dificulta, mais não impede o indivíduo de se expressar oralmente, bem como de perceber a voz humana com ou sem a utilização de um aparelho auditivo.

- Surdez severa / profunda: é a perda auditiva acima de 70 decibéis, que impede o indivíduo de entender, com ou sem aparelho auditivo, a voz humana, bem de adquirir naturalmente o código da língua oral. (p, 78).

Os alunos portadores de deficiência auditiva necessitam de métodos, recursos didáticos e equipamentos especiais para correção e desenvolvimento da fala e da linguagem.

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endo assim a educação deve ter, por princípio liberal, democrático e não doutrinário. Dentro desta concepção o educando é acima de tudo, digno de respeito e do direito à educação de melhor qualidade.

Dessa forma, a principal preocupação da educação deve ser o desenvolvimento integral do homem e a sua preparação para uma vida produtiva na sociedade fundada no equilíbrio entre os interesses individuais e as regras de vida nos grupos sociais.

No atual momento a educação especial, vive varias transformações em relação as diretrizes legais. Neste contexto, ao se reafirmar o compromisso de ação político pedagógico de inclusão das pessoas portadoras de necessidades educativas especiais. Os anseios e iniciativas de ultrapassar os limites do preconceito, da inacessibilidade do espaço escolar e, principalmente, da falta de qualidade do ensino público.

Faz-se necessário traçar, um contexto histórico da Educação Especial no Brasil, a fim de delinear seu processo de construção e compreensão de posicionamentos atuais. Nos diferentes momentos históricos da educação especial, tendências, orientações e diretrizes diversas que vão desde a compaixão até a perspectiva de inclusão.

Devido ao redimensionamento da educação especial, uma nova concepção e prática e modificação da nomenclatura vigente. Agora, pelas mesmas vias que a educação regular de atendimento privilegia-se uma educação inclusiva, no qual as escolas buscam práticas de educar todas as crianças, inclusive as que tem maiores comprometimentos.

É importante se entender que sempre haverá crianças e adolescentes que necessitarão de atendimentos em escolas especializadas. por apresentarem serviços médicos e educacionais propriamente não encontrados nas escolas comuns e que, para muitos alunos são imprescindíveis.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

 

A Inclusão no âmbito educacional é mais do que simplesmente permitir a permanência de um aluno com alguma deficiência em sala de aula. É um processo contínuo de possibilitar a este aluno um real acesso à educação, tendo se em vista que acesso à educação é mais do que freqüência a uma escola, é oferecer a possibilidade do aluno especial apropriar se de todos os serviços que a mesma oferece aos demais alunos.

Neste contexto, o aluno especial deve ser considerado diferente sim, afinal, todas as pessoas são diferentes entre si, mas a escola não pode deixar que esta diferença se transforme em desigualdade. Diferença e desigualdade sob hipótese alguma devem ser tomadas como sinônimos. A desigualdade é o não respeito à diferença, é não possibilitar que pessoas diferentes tenham direitos iguais. Assim, a escola, ao não esforçar se para proporcionar às crianças especiais o acesso à educação que as outras criança têm, está sim promovendo a desigualdade.

Esta desigualdade se reflete até na maneira de se rotular as crianças especiais como "deficientes", pois isso transparece uma tentativa de transformar uma deficiência em várias deficiências, em transformar a criança especial em uma deficiente como um todo. E isto realmente impossibilitaria um trabalho junto a estas, tendo em vista que elas sempre seriam deficientes em relação às crianças ditas normais. O que não se entende é que um deficiente visual, por exemplo, ainda pode correr, escutar, aprender, se relacionar e até ler, afinal, já existe o "braile". Além disso, todos nós temos alguma deficiência: algumas mais perceptíveis, outras não.

É notável, portanto, que o processo de Inclusão no âmbito educacional constitui se hoje como um processo de difícil consecução, visto que, para que isso ocorra de fato, necessita se de uma mudança de valores dentro das escolas e da sociedade..

A sociedade em que vivemos está cheia de preconceitos e desigualdades e isto se reflete no sistema educacional. Desta forma, precisamos ver as necessidades especiais nos contextos mais amplos das desigualdades sociais para que possamos, através de pesquisas e projetos, intervir e realizar trabalhos que impeçam a exclusão desses indivíduos.


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

 

DIAS, Vera L. L.. Educação e Surdez: um paradigma pedagógico. http://www.ines.org.br/ Resolução CNE/CEB 2001.

 

QUADROS, Ronice Miller. Situando as diferenças implicadas na educação de surdos: inclusão/exclusão. In Revista Ponto de Vista, UFSC. N.º 4. 2002-2003.

 

MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Inclusão escolar: O que é? Por quê? Como fazer? São Paulo, 2005.

 

MONTEIRO, Mariângela Silva. Vygotsky um século depois. São Paulo: Artes Médicas, 1989.

 

SÁ, Nídia R. L. Educação de surdos: a caminho do bilingüismo. Niterói: EduFF, 1999.