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TDAH E ESCOLA: VISÃO GERAL E A IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO PRECOCE

Luzinete da Silva Mussi[1]

 

 

RESUMO

Nos últimos anos, tem havido um aumento significativo na atenção à inclusão de indivíduos com necessidades especiais em ambientes escolares e na sociedade em geral. Nesse contexto, a presente pesquisa se concentra na compreensão do diagnóstico e da inclusão de pessoas com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade) em escolas regulares. É importante entender os principais sintomas apresentados pelos portadores desse transtorno, bem como as formas mais eficazes de tratamento e acompanhamento, para que essas pessoas possam ser incluídas de maneira adequada na sociedade. A pesquisa destaca a relevância de um diagnóstico precoce e de um tratamento adequado desde cedo, a fim de minimizar os sintomas do TDAH e melhorar a qualidade de vida dos portadores. A metodologia utilizada na pesquisa foi a revisão bibliográfica, a partir dos estudiosos de autores como BRANDÃO (2022), MATTOS (2021), PIMENTA (2017), POLÔNIO (2009), QUARANTA (2019) e SILVA (2014). No entanto, é importante destacar o papel crucial do professor como o profissional mais próximo do aluno, que pode identificar os sintomas e buscar o diagnóstico do TDAH. A partir daí, é possível fornecer o suporte necessário para a inclusão adequada do aluno na escola regular. Portanto, é importante que haja mais investimentos em pesquisas e na educação sobre o TDAH, para que as pessoas portadoras dessa condição possam ter uma vida mais plena e integrada na sociedade.

 

PALAVRAS-CHAVE: Diagnóstico. Inclusão. TDAH. Tratamento.   

 

 

INTRODUÇÃO

 

Esta pesquisa destaca a importância do diagnóstico precoce do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) para evitar a marginalização da criança na escola. Professores são apontados como responsáveis por identificar sintomas do TDAH em sala de aula e buscar tratamento adequado. O texto destaca a importância de conhecimento sobre o transtorno para facilitar a identificação e tratamento. O diagnóstico tardio pode intensificar os sintomas, prejudicando a vida adulta do indivíduo.

A pesquisa busca contribuir para a disseminação do conhecimento sobre o TDAH e a inclusão adequada do aluno portador do transtorno no ambiente escolar regular.

Além do papel fundamental do professor na identificação precoce dos sintomas do TDAH em sala de aula, é importante destacar o papel dos pais na busca pelo diagnóstico e tratamento adequados para seus filhos. Muitas vezes, os pais são os primeiros a perceber que algo não está certo com o comportamento ou o desempenho escolar de seus filhos e devem buscar ajuda de profissionais da área da saúde e educação.

Contudo, é importante ressaltar que o tratamento do TDAH não é apenas medicamentoso, mas também inclui terapia comportamental e outras formas de intervenção. O objetivo do tratamento é ajudar a criança a controlar seus sintomas e melhorar seu desempenho acadêmico e social, além de promover sua autoestima e bem-estar emocional.

Outro ponto importante é a necessidade de conscientização da sociedade em geral sobre o TDAH e outras condições relacionadas à saúde mental. Ainda há muito estigma e preconceito em relação a essas condições, o que pode levar à marginalização e exclusão dos indivíduos que as vivenciam. É fundamental que haja um esforço coletivo para combater esse estigma e promover uma cultura de aceitação e inclusão.

A metodologia utilizada na pesquisa foi a revisão bibliográfica, a partir dos estudiosos de autores como BRANDÃO (2022), MATTOS (2021), PIMENTA (2017), POLÔNIO (2009), QUARANTA (2019) e SILVA (2014).

Por fim, destacou-se que o TDAH não é uma sentença. Com o diagnóstico e tratamento adequados, muitas crianças com TDAH conseguem superar seus desafios e levar uma vida plena e satisfatória. É essencial que haja suporte e recursos adequados disponíveis para essas crianças e suas famílias, para que possam alcançar seu potencial máximo e contribuir para a sociedade de maneira significativa.

 

 

DESENVOLVIMENTO

 

De acordo com Pimenta (2017), o TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento que se manifesta por meio da dificuldade na regulação da atenção e da hiperatividade.

Em contrapartida, Polônio (2009) descreve o TDAH como um distúrbio neurofisiológico que apresenta impulsividade e falta de atenção em níveis prejudiciais à aprendizagem escolar.

Já Brandão (2022) observa que o TDAH não está relacionado ao grau de inteligência, classe socioeconômica ou etnia do paciente, mas sim com a hiperatividade nos meninos e a instabilidade de atenção nas meninas.

Silva (2014) recomenda que se utilize o termo "instabilidade de atenção" em vez de "déficit de atenção", já que este último pode levar a uma interpretação equivocada da capacidade de atenção dos portadores de TDAH.

A Associação Brasileira do Deficit de Atenção e Hiperatividade (ABDA) destaca que os sintomas de TDAH podem ser classificados como ligados à hiperatividade/impulsividade e os ligados à desatenção

Seguindo tal classificação, Mattos (2015) apresenta os principais sintomas de cada categoria.

Sintomas relacionados à hiperatividade/impulsividade: movimentar com frequência os pés e as mãos; movimentação excessiva na cadeira ou carteira; dificuldade para ficar parado; correr em locais inapropriados, subir no mobiliário; inquietude e irritabilidade durante jogos e brincadeiras; falar excessivamente; não esperar a conclusão da pergunta para dar a resposta; dificuldade para esperar a vez em atividades ordenadas; interromper ou mesmo intrometer-se nas conversas de outras pessoas. (MATOS, 2015)

Sintomas relacionados à desatenção: dificuldade em prestar atenção nos acontecimentos ao seu redor; dificuldade para se concentração nas atividades de maneira geral; desfocar a atenção dos interlocutores e do assunto quando está conversando; dificuldades para seguir as instruções apresentadas; dificuldades para finalizar as tarefas iniciadas; dificuldades com organização e planejamento; problemas com atividades que necessitem de raciocínio sequenciado; dificuldades em realizar as tarefas rotineiras do dia a dia.

Mattos (2015) aponto a existência de fatores genéticos que se relacionam ao desenvolvimento do TDAH, mais alerta que tais fatores hereditários não significam que todos os indivíduos da família possam apresentar TDAH, contudo, indica uma maior possibilidade. Embora, ainda não se sabe exatamente quais genes específicos estão envolvidos no desenvolvimento do TDAH, pesquisas recentes já têm identificado algumas variações genéticas associadas ao transtorno.

Abaixo, são destacadas evidências comprovadas em estudos práticos, quanto a importância genética no aparecimento do TDAH.

 

... existem os estudos de adoção: as crianças com TDAH têm a mesma prevalência do transtorno que seus pais biológicos, mas não que seus pais adotivos. Isto sugere que o ambiente familiar não é o determinante para o aparecimento do transtorno. No caso do TDAH, os estudos de família, de gêmeos e de adoção, todos apontam para o mesmo resultado: existe forte influência genética. (MATTOS, 2015, p. 53)

 

Complementando, Mattos (2021) aponta que, de forma geral, se pode dizer que o aparecimento dos sintomas do TDAH depende principalmente da interação entre os fatores genéticos e o ambiente, como ocorre com várias outras doenças estudadas, onde tal interação determina a intensidade dos sintomas observados e mesmo o aparecimento da patologia. O autor destaca que:

 

... existe uma interação entre nossos genes e o ambiente (envolvendo desde nossa alimentação, nosso grau de escolaridade e nível socioeconômico, até eventos traumáticos). Chama-se a isto de GxE (gene X environment) e sabemos que não é restrito a transtornos psiquiátricos: por exemplo, o câncer de intestino sofre influência genética bastante significativa, mas o aparecimento dele parece depender do estilo de vida e da alimentação do indivíduo. O estudo sobre a complexa relação GxE é chamado de epigenética. O ambiente pode modificar o “comportamento” de nosso DNA, nosso código genético, “liberando” ou “bloqueando” certos genes. Hoje em dia sabemos que muitos eventos adversos durante a infância, como maus tratos e negligência, por exemplos, têm impacto negativo no desenvolvimento do nosso cérebro; estes efeitos são modulados, entretanto, pela nossa genética (aumentando ou diminuindo as chances de isto acontecer). (MATTOS, 2021, s.p.)

 

A ABDA acrescenta que o uso de álcool e/ou fumo, pela mãe, durante a gestação, e também o sofrimento fetal (gerados por complicações durante o parto) podem determinar o surgimento de alterações no processo de desenvolvimento de regiões específicas do cérebro da criança. Tais alterações podem aumentar as chances de aparecimento do TDAH.

Quaranta (2019) acrescenta a relação entre o sono e o TDAH. A autora afirma que a maior parte dos indivíduos que têm o transtorno, apresentam distúrbios no sono. Contudo, tais problemas variam bastante de uma pessoa para outra. Enquanto alguns apresentam grandes dificuldades para relaxar e dormir, outros, embora com mais facilidade para pegar no sono, dormem mal e esse sono sem qualidade afeta vários fatores, começando pela dificuldade em acordar.

Deste modo, distúrbios do sono devem ser investigados, e os pais devem estar atentos já que podem estar relacionados com TDAH. Da mesma forma que, o indivíduo já diagnosticado com o transtorno deve ser acompanhado, se preciso, na busca por maneiras de dormir melhor. (QUARANTA, 2019)

Silva (2014) chama a atenção para fatores que podem melhorar a qualidade de vida da criança, e mesmo adultos, com TDAH. Ela destaca a alimentação e a prática de exercícios físicos regulares como sendo muito importantes nesse caso. Contudo, enfatiza-se que tais práticas sejam acompanhas por profissional capacitado, para que sejam potencializados os benefícios e reduzidas a possiblidades de algum contratempo.

Contudo, são enfrentadas dificuldades no diagnóstico do TDAH, haja vista a inexistência de exame laboratorial capaz de diagnosticar o transtorno, ficando a comprovação a cargo quase exclusivamente da observação dos sintomas.

Neste sentido, Mattos (2015) explica que:

 

.. não se trata de “ter ou não ter TDAH”; todo mundo tem em algum grau aqueles 18 sintomas que caracterizam o transtorno, uns mais e outros menos; aqueles que têm muito mais sintomas que o restante da população são os portadores de TDAH (do mesmo modo que as pessoas que têm muito mais açúcar no sangue que os demais têm diabetes). Isto acontece porque os genes envolvidos no TDAH estão distribuídos deste mesmo modo na população em geral: alguns têm mais desses genes, outros têm menos; alguns têm muito mais. (MATTOS, 2015, p. 54)

 

O autor retro citado, destaca ainda a importância de acompanhamento por equipe multidisciplinar no tratamento dos sintomas do TDAH. Neste sentido, a combinação das ações de profissionais como médico, psicopedagogo, psicólogo e outros (ser for o caso) tende a melhorar a qualidade de vida do indivíduo que tem o transtorno.

ABDA (2017), afirma o seguinte:

 

O Tratamento do TDAH deve ser multimodal, ou seja, uma combinação de medicamentos, orientação aos pais e professores, além de técnicas específicas que são ensinadas ao portador. A medicação, na maioria dos casos, faz parte do tratamento. (ABDA, 2017, s.p.)

 

Silva (2014) pauta o tratamento do TDAH no “conforto x desconforto”. Neste sentido se deve buscar, na medida do possível, as práticas que trazem conforto ao portador do transtorno, evitando-se as práticas que trazem desconforto. Assim, os pacientes com TDAH devem buscar o autoconhecimento para melhoria de sua qualidade de vida e redução dos sintomas, tarefa que, no caso de crianças, precisará ser feita com o auxílio dos pais ou algum adulto bastante próximo.

Mattos (2015) destaca a importância de que o tratamento seja iniciado o mais cedo possível, melhorando assim os resultados obtidos e qualidade de vida do indivíduo portador de TDAH.

Contudo, fica evidenciada a necessidades de familiares, professores e cuidadores prestarem atenção no comportamento das crianças, investigando qualquer sinal que possa indicar o transtorno, haja vista a importância do início precoce ao tratamento.

 

 

CONCLUSÃO

 

A presente pesquisa coloca em evidência a importância do diagnóstico precoce do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) para que o tratamento seja iniciado ainda na infância e evite a marginalização do indivíduo no ambiente escolar. Os professores e profissionais da instituição de ensino têm papel fundamental no diagnóstico e no apoio ao tratamento do TDAH, devendo ter conhecimento dos principais sintomas deste transtorno para facilitar o reconhecimento de possíveis casos para uma averiguação mais detalhada. É importante também a aquisição do conhecimento necessário para o apoio ao tratamento, que envolve todas as pessoas que têm contato com o portador do TDAH.

Além disso, a pesquisa destaca a necessidade do tratamento com equipe multidisciplinar, com atuação orquestrada entre os profissionais integrantes desta equipe, dos pais e da escola para que o acompanhamento da criança seja feito de maneira integral, com medicamentos, psicoterapia, mudanças de hábitos e organização da rotina, pontos fundamentais do tratamento do transtorno.

A pesquisa ainda aponta a somatória de fatores genéticos e ambientais como determinantes para o desenvolvimento de sintomas do TDAH, que pode vir acompanhado de sintomas secundários ou somado a outros problemas de caráter neurológico.

O diagnóstico precoce e o tratamento adequado às crianças e adolescentes são fundamentais para a obtenção de melhores resultados, melhorando assim a qualidade de vida do portador do TDAH em todas as fases de sua vida.

Destacou-se ainda que os professores têm papel importante no diagnóstico, uma vez que estão em contato mais próximo com as crianças e por tempo mais prolongado, tendo mais oportunidades de observar o comportamento e o desenvolvimento dos alunos e, consequentemente, os sintomas do TDAH.

 

 

REFERÊNCIAS

 

ABDA. Tratamento. Associação Brasileira do Déficit de Atenção. 2017. Disponível em: https://tdah.org.br/tratamento/#:~:text=O%20Tratamento%20do%20TDAH%20deve,casos%2C%20faz%20parte%20do%20tratamento. Acesso: fav. 2023.

 

BRANDÃO, Rui. TDAH: conheça os sintomas, causas e tratamento. Zenklub. 2022. Disponíel em: https://zenklub.com.br/blog/transtornos/transtorno-deficit-atencao-com-hiperatividade/. Acesso: fev. 2023.

 

MATTOS, Paulo. Entendendo a hereditariedade do TDAH. ABDA. 2021. Disponível em: https://tdah.org.br/cientistas-identificam-genes-envolvidos-no-tdah/. Acesso: fev. 2023.

 

MATTOS, Paulo. Entendendo a hereditariedade do TDAH. ABDA. 2021. Disponível em: https://tdah.org.br/cientistas-identificam-genes-envolvidos-no-tdah/. Acesso: fev. 2023.

MATTOS, Paulo. No Mundo da Lua - Perguntas e Respostas sobre Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade em Crianças, Adolescentes e Adultos. 16ª edição. ABDA. 2015.

 

PIMENTA, Tatiana. TDAH: Tudo sobre transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. Virttude. 2017. Disponível em: https://www.vittude.com/blog/tdah/. Acesso: fev. 2023.

 

POLÔNIO, Maria Lúcia Teixeira. Aditivos Alimentares e Saúde Infantil, In: ACCIOLY, E., SAUNDERS, C.,

LACERDA, E. M. A., Nutrição em Obstetrícia e Pediatria. 2 ed. - Rio de Janeiro: Cultura Médica: Guanabara koogan, 2009.

 

QUARANTA, Thaís. Qual a relação da insônia com o transtorno de déficit de atenção? Thaís Quaranta. 2019. Disponível em: http://thaisquaranta.com.br/insonia-transtorno-de-deficit-de-atencao/. Acesso: fav. 2023.

 

SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Mentes inquietas. 3ª.ed. São Paulo: Principium, 2014.

 

[1] Diretora do Instituto Saber de Ciências Integradas. Pedagoga. Licenciada em Educação Física. Psicopedagoga Clínica e Institucional. Especialista em Sociologia e Filosofia e em Gestão Educacional. Mestra em Ciências da Educação. O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.