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O papel da escola e do professor na inclusão de crianças hiperativas

Hariadny de Cássia Andrade
Kleiton Cristiano Calcete
Lays Buchetti Bressan
Natália Tatiane Maretti Calcete
Tamires Savella Cassiano

 

DOI: 10.5281/zenodo.16686590

 

 

RESUMO

O papel da escola na inclusão de crianças hiperativas é crucial para garantir um ambiente de aprendizado equitativo e acolhedor. As instituições de ensino devem ser proativas na identificação e no suporte a estudantes com TDAH, promovendo uma cultura de inclusão que valorize a diversidade. A colaboração entre educadores, pais e profissionais da saúde é fundamental para desenvolver planos individualizados que atendam às necessidades específicas de cada criança, promovendo um aprendizado mais eficaz. Além disso, a escola deve fomentar um ambiente social positivo, onde as crianças possam interagir de forma saudável, desenvolvendo habilidades sociais e emocionais. Este artigo tem como objetivo geral analisar o papel da escola na promoção da inclusão de crianças hiperativas. Adota como objetivos específicos caracterizar a criança hiperativa e a hiperatividade, assim como também ressaltar as subcategorias do TDAH. A metodologia adotada é a revisão de literatura. Como resultados, verifica-se que a inclusão efetiva não apenas beneficia as crianças hiperativas, mas enriquece toda a comunidade escolar, promovendo empatia, respeito e compreensão entre os alunos. Portanto, o compromisso da escola em adaptar suas práticas e oferecer suporte adequado é essencial para o desenvolvimento integral dessas crianças e para a construção de uma sociedade mais inclusiva. O papel da escola na inclusão de crianças hiperativas é crucial para garantir um ambiente de aprendizado equitativo e acolhedor. As instituições de ensino devem ser proativas na identificação e no suporte a estudantes com TDAH, promovendo uma cultura de inclusão que valorize a diversidade.

 

Palavras–Chave: Hiperatividade. Hiperativa. Criança. TDAH. Escola.

 

 

INTRODUÇÃO

 

A inclusão de crianças hiperativas no ambiente escolar é um tema de crescente importância na educação contemporânea, especialmente considerando a prevalência do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) na infância.

A presença de crianças com TDAH nas escolas é cada vez mais reconhecida e abordada de forma mais consciente. Com a crescente conscientização sobre o transtorno, as instituições de ensino estão se adaptando para atender essas crianças, que podem apresentar desafios em áreas como atenção, controle de impulsos e regulação emocional. Essas crianças são frequentemente muito criativas e têm habilidades únicas, mas podem enfrentar dificuldades acadêmicas e sociais se não receberem o suporte adequado.

Diante disto este artigo tem como objetivo geral analisar o papel da escola na promoção da inclusão de crianças hiperativas. Adota como objetivos específicos caracterizar a criança hiperativa e a hiperatividade, assim como também ressaltar as subcategorias do TDAH. A metodologia adotada é a revisão de literatura.

A justificativa para este estudo reside na necessidade urgente de compreender como as instituições educacionais podem se tornar mais inclusivas e eficazes no atendimento às necessidades de crianças com TDAH. A falta de conhecimento e capacitação dos educadores muitas vezes resulta em práticas inadequadas que dificultam a aprendizagem e a socialização desses estudantes.

Ao revisar a literatura, espera-se contribuir para o desenvolvimento de diretrizes que possam orientar profissionais da educação na criação de ambientes mais acolhedores e produtivos para crianças hiperativas, promovendo não apenas sua inclusão, mas também seu pleno potencial no contexto escolar.

 

 

A CRIANÇA HIPERATIVA

 

Todos já ouviram falar a respeito de crianças hiperativas, as quais não conseguem ficar paradas, correm de um lado para outro, escalam móveis e vivem “a mil”, como se estivessem plugadas na tomada, que não conseguem prestar atenção em nada, que sonham acordadas e se distraem ao menor dos estímulos. Não raro apresentam dificuldades de aprendizagem e de relacionamento, transformam a sala de aula em um campo de batalha, gerando incompreensão de pais, amigos e professores. Frequentemente recebem rótulos tais como rebeldes, mal-educadas, indisciplinadas, burras, preguiçosas, entre outros (SILVA, 2014).

A criança hiperativa apresenta um padrão de comportamento caracterizado por níveis elevados de atividade, impulsividade e dificuldade em manter a atenção. Alguns dos principais aspectos sobre a criança hiperativa são: comportamento agitado (a criança pode ter dificuldade em permanecer sentada, frequentemente se mexendo ou correndo, mesmo em situações que exigem calma); impulsividade (tende a agir sem pensar nas consequências, interrompendo os outros e tendo dificuldade em esperar a sua vez em atividades); dificuldade de concentração (pode ter problemas para prestar atenção em tarefas ou brincadeiras, frequentemente se distraindo com estímulos externos); desorganização (a falta de foco pode levar a dificuldades em seguir instruções, completar tarefas e manter a organização de materiais escolares ou pessoais); interações sociais (a impulsividade e a hiperatividade podem dificultar as interações sociais, resultando em conflitos com colegas e dificuldades em fazer amigos); dentre outros.

Jones (2004) relembra que muitos elementos da vida moderna podem contribuir para o problema da hiperatividade. O ritmo hoje é muito mais rápido do que no passado. Atualmente as crianças precisam lidar com um bombardeio de informações, estímulo e entretenimento oferecidos pela televisão, jogos de computador, atividades organizadas, clubes e mídia em geral. Apesar de serem mentalmente superestimuladas, pode faltar às crianças modernas o exercício físico os quais as deixariam saudavelmente cansadas. Diversas crianças não caminham mais até a escola devido ao perigo nas ruas e ao medo de ataques de pessoas as quais poderiam abusar delas, além disso, muitas escolas, especialmente nas áreas metropolitanas, têm pouco espaço ao ar livre para brincadeiras na hora do intervalo ou do lanche ou para a prática de esportes. Hoje em dias as crianças gastam muito menos tempo caminhando de casa para a escola, brincando na rua ou jogando futebol no parque. A criança moderna com frequência precisa ficar dentro de casa ou realizando atividades supervisionadas, ao invés de terem liberdade física.

Lipp (2000) ainda relembra que a maioria das escola e professores ainda não estão preparados para lidar com crianças as quais tenham problemas de comportamento. Ter uma criança hiperativa em classe gera ansiedade no professor, por desconhecer a melhor maneira de lidar com a problemática. Os outros alunos também sofrem as influências negativas de lidar com um professor estressado e com um colega hiperativo, o qual pode desenvolver comportamentos agressivos ou de liderança autoritária.

A hiperatividade, um dos principais sintomas do TDAH, continua a ser um tema relevante na sociedade atual. Compreende comportamentos como inquietude, dificuldade em permanecer sentado e impulsividade. Hoje, a hiperatividade é reconhecida não apenas em crianças, mas também em adultos, refletindo uma maior conscientização sobre o transtorno.

Segundo os autores Zaniolo e Dall' Acqua (2012) o debate a respeito da necessidade de uma escola a qual seja capaz de atender a todos com qualidade e equidade tem cada vez mais tomado conta do cenário educacional brasileiro. Políticas públicas são desenvolvidas com o objetivo de efetivar tal direito considerado inquestionável, entretanto, assegurar educação de qualidade para todos significa reorganizar uma estrutura até então criada para uma parcela específica da população, considerada capaz de corresponder a certas expectativas estabelecidas.

 

 

A Hiperatividade: TDH em questão

 

Conforme Barbosa e seus colaboradores (2005) falar hoje a respeito da hiperatividade é algo fácil e difícil ao mesmo tempo, fácil, pois se tem publicado e pesquisado muito sobre este tema, o qual apresenta uma taxa de prevalência em torno de 3% na população de infantes, caracterizando um comportamento esteriotipado, com agitação motora, déficit de atenção e impulsividade, implicando em uma conduta caótica para a criança e prejudicando nas suas áreas psico-afetiva- social e, sobretudo, acadêmica. Difícil, pois apesar dos inúmeros estudos existentes, datados desde 1902 com a descrição de Still, até os dias atuais, onde os pesquisadores deste livro estão estudando a respeito do transtorno hipercinético há mais de uma década, ainda não tendo uma nomenclatura definida, pois esta se apresenta de maneira multi e plurivariada, assim como também sua etiologia.

Falar sobre hiperatividade é abordar um tema que envolve o entendimento de um transtorno neuropsiquiátrico, conhecido como Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). Esse transtorno se caracteriza por sintomas como desatenção, impulsividade e hiperatividade, que podem impactar significativamente a vida escolar, social e emocional da criança. É essencial discutir as manifestações desse comportamento, suas causas e as implicações para o desenvolvimento infantil.

Por ser um transtorno relativamente “jovem”, ou seja, recentemente conhecido e popularizado pelo mundo e especialmente no Brasil, o TDAH tem sido tema de polêmica. Alguns acreditam que o distúrbio está ligado a uma espécie de tendência global em razão dos diversos estímulos os quais o mundo moderno impõe e da cobrança por resultados e expectativas generalizadas, de tal ordem que resultam na distração e na inquietação dos indivíduos. Outros vão além e afirmam que o TDAH é uma forma de confortar e acalmar àqueles que trazem consigo algum tipo de frustração escola ou profissional e veem no transtorno uma maneira de justificar a falta de produtividade. Na realidade, a discussão a respeito da existência do TDAH ocorre há muito tempo e, ainda que não se consiga comprovar nenhum dos dois lados, ele é reconhecido mundialmente como um transtorno pela Associação Americana de Psiquiatria (APA) no Manual de Diagnóstico de Transtornos Mentais (DSM-V) (DIAMENTI, 2016).

Falar sobre hiperatividade também implica em promover a conscientização sobre o TDAH na sociedade. Isso inclui desmistificar estigmas associados ao transtorno e educar educadores e familiares sobre como apoiar crianças hiperativas no ambiente escolar e em casa. A inclusão e o suporte adequados podem fazer uma diferença significativa no desenvolvimento dessas crianças.

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é uma síndrome neurobiológica. Os sintomas principais são a atividade motora excessiva e o déficit de atenção (no entanto existe também o Distúrbio do déficit de atenção sem hiperatividade). O transtorno nasce com o indivíduo e já aparece na primeira infância, quase sempre acompanhando o indivíduo por toda a sua vida (SANTOS, 2006).

O TDAH é considerado uma síndrome neurobiológica pois envolve alterações no funcionamento do cérebro e na forma como ele processa informações. Essa condição está relacionada a diferenças na estrutura e na química cerebral, especialmente em áreas que controlam a atenção, o comportamento e a regulação emocional.

Segundo Ferreira (2015) a criança com TDAH distrai-se facilmente, devido aos estímulos internos (lembranças, pensamentos, desejos, etc) e aos estímulos externos (elementos visuais, sons, movimentos, etc). Isso não significa que ela perceba mais estímulos do que crianças sem o transtorno, ela somente percebe todos ao mesmo tempo, por isso, não há déficit de atenção, e sim uma atenção multidirecionada, levando a uma incapacidade da criança de usar o tempo entre o estímulo e a resposta para planejar e representar mentalmente sua ação, organizando as informações. Crianças com TDAH são, em geral, inteligentes, com grande interesse pela natureza e dotadas de grande sensibilidade visual; apresentam bom desempenho nos esportes, possuem talento musical, habilidade em computação, muita energia, são afetuosas e espontâneas, entretanto, tais características passam despercebidas sob o peso de rótulos provenientes de condutas inadequadas.

Crianças hiperativas podem ter diferentes níveis de inteligência, assim como crianças não hiperativas. Muitas vezes, crianças com TDAH apresentam habilidades excepcionais em áreas específicas, como criatividade, resolução de problemas e pensamento fora da caixa. No entanto, a dificuldade em se concentrar e seguir instruções pode impactar seu desempenho acadêmico e social. Portanto, é importante avaliar cada criança individualmente, reconhecendo suas forças e desafios.

Referente aos prejuízos típicos do TDAH na infância, Barkley e Benton (2011) ressaltam que os mesmos são: estresse e conflito familiares; relacionamentos deficientes com os pares; poucos amigos ou nenhum amigo próximo; comportamento disruptivo em lojas, igrejas e em outros ambientes comunitários, a ponto de você ser convidado a sair ou não retornar; pouca importância à segurança pessoal/alta incidência de ferimentos acidentais; desenvolvimento lento do autocuidado; desenvolvimento lento da responsabilidade pessoal; desempenho escolar significativamente inferior à média; e, anos de escolaridade significativamente inferiores. Já na fase adolescente e adulto, os prejuízos típicos são: Funcionamento deficiente no trabalho; Mudanças de emprego frequentes; Comportamento sexual de risco/aumento da gravidez na adolescência e de doenças sexualmente transmissíveis; Direção perigosa (dirigir em alta velocidade, acidentes frequentes); Dificuldades no manejo das finanças (gastos impulsivo, uso excessivo de cartões de crédito, liquidação insatisfatória das dívidas, pouca ou nenhuma reserva financeira, entre outros); e, problemas nos relacionamentos amorosos ou nos relacionamentos conjugais.

Ainda, segundo estes autores, ainda na fase adolescente e adulto, há alguns prejuízos menos comuns, entretanto, dignos de nota sendo: atividades antissociais (mentir, roubar, brigar) que conduzem a contato frequente com a polícia, detenções e até algum tempo na cadeia; são muitas vezes associadas a um maior risco de uso e abuso de drogas ilegais; e, estilo de vida em geral menos saudável (menos exercícios; entretenimento solitários mais sedentários, como videogames, TV, surfar na Internet; obesidade; comer desenfreadamente ou bulimia; nutrição deficiente; maior uso de nicotina e álcool) e, consequentemente, um risco aumentado de doença cardíaca coronariana (BARKLEY; BENYON, 2011).

Algumas crianças com TDAH conseguem ficar bastante tempo quietas, jogando videogame, navegando na internet ou assistindo televisão, indiferente ao ruído ou outros estímulos ambientais. A explicação para isto é muito simples, ou seja, a concentração da criança está mais associada às características da tarefa e à consequente motivação que esta desperta nela do que às características do ambiente, assim, em atividades nas quais a motivação é muito grande e os estímulos são mais individualizados, a criança pode permanecer quieta e concentrar- se (FERREIRA, 2015).

Crianças com TDAH conseguem se concentrar em videogames devido a vários fatores. Os jogos eletrônicos geralmente são projetados para serem altamente estimulantes e envolventes, apresentando gráficos atraentes, desafios constantes e recompensas rápidas. Essa combinação pode capturar a atenção das crianças de forma eficaz, mesmo em comparação com atividades que exigem concentração mais prolongada, como tarefas escolares. Os videogames frequentemente permitem um controle maior sobre o ambiente e as ações, o que pode ser motivador para crianças com TDAH. A interação ativa e a imersão nos jogos podem facilitar a manutenção do foco, já que esses jogos proporcionam um feedback instantâneo e um senso de realização ao completar desafios.

Santos (2006) ressalta alguns diferenciais os quais as pessoas com TDAH podem apresentar sendo: têm muitos talentos criativos, que geralmente não aparecem até que o TDAH seja tratado; demonstram ter pensamento original, “fora da caixa”; tendem a adotar um jeito diferente de encarar a própria vida, costumam ser imprevisíveis na maneira como abordam diferentes assuntos; persistência e resiliência são suas características marcantes, entretanto, às vezes podem parecer cabeças-duras; são geralmente muito afetivos e de comportamento generoso; são altamente intuitivos; e, difícil aprendizado mas fora da escola demonstram ter uma inteligência acima da média para muitas coisas.

As pessoas com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) apresentam uma série de diferenciais que podem impactar tanto suas vidas pessoais quanto profissionais. Esses diferenciais são frequentemente observados em três áreas principais: atenção, comportamento e habilidades sociais.

os problemas os quais a pessoa com TDAH pode apresentar segundo este mesmo autor são: grande dificuldade para transformar suas grandes ideias em ação verdadeira; problemas para se fazer entender ou explicar seus pontos de vista; falta crônica de iniciativa; humor volúvel, da raiva para a tristeza rapidamente; pouca ou nenhuma tolerância à frustração; problemas com organização e gerenciamento do tempo; necessidade incessante de adrenalina. Inconscientemente, podem provocar conflitos apenas para satisfazer essa necessidade de estímulo; tendência ao isolamento e à solidão; e, raramente conseguem aprender com os próprios erros (SANTOS, 2006).

É relevante reconhecer que cada pessoa com TDAH é única e apresenta um conjunto particular de habilidades e desafios. Ao entender esses diferenciais, é possível criar um ambiente mais inclusivo e favorável ao desenvolvimento dessas pessoas, destacando suas potencialidades e oferecendo suporte nas áreas onde enfrentam dificuldades.

Apesar de ser um transtorno complexo, seu impacto sobre os sujeitos ainda está arraigado à falta de informação sobre o problema. O diagnóstico do TDAH durante muito tempo foi realizado baseado em condições similares aos de outras dificuldades como, por exemplo, a incapacidade de aprender ou insegurança emocional. Isso se aplica, em parte, às noções iniciais de que o TDAH não era em si mesmo um problema distinto, mas um subtipo de problemas relacionados à aprendizagem (BARBOSA, 2017).

Para saber se uma criança sofre de TDAH, segundo Lipp (2000) é preciso conhecer bem três características as quais compõem o transtorno sendo: desatenção (considerada como uma dificuldade frequente de prestar atenção a detalhes, de seguir instruções, de terminar trabalhos escolares e/ou domésticos, além disto, a desatenção gera desorganização); impulsividade (característica a qual faz com que a criança apresente com frequência dificuldades de pensar antes de agir, dando respostas precipitadas, respondendo mesmo sem esperar que a pergunta se complete); e, hiperatividade (a criança com esta característica frequentemente apresenta um quadro de agitação das mãos e pés, remexe-se na cadeira e não consegue permanecer sentada nas situações em que se espera que ela o faça).

Assim como enfatiza Barbosa (2017) nas últimas décadas, o interesse pelo transtorno TDAH tem atraído diversos pesquisadores, principalmente nas áreas de medicina, psicologia e educação. As investigações científicas em torno de tal tema têm se concentrado em uma multiplicidade de aspectos, incluindo: epidemiologia, etiologia, métodos diagnósticos e processos de tratamento. É muito provável que nenhum outro transtorno relacionado à infância tenha sido tão bem estudado.

Segundo Diamenti (2016) o tratamento do TDAH deve ser multimodal, ou seja, uma combinação de procedimentos os quais incluem medicamentos, orientação aos pais e professores (se criança) ou à família (caso adulto) e a aplicação de técnicas específicas ensinadas ao portador pelo médico. Na grande maioria dos casos, usa-se algum tipo de medicação.

Aumentar o conhecimento sobre o TDAH possibilita a criação de estratégias de intervenção mais eficazes, tanto comportamentais quanto farmacológicas. A pesquisa ajuda a desmistificar o TDAH, combatendo estigmas e promovendo uma melhor compreensão do transtorno na sociedade.

Para Rohde e seus colaboradores (2019) por décadas, cientistas têm buscado esclarecer a etiologia do TDAH e tal procura é motivada pela crença de que, se as causas para o transtorno forem encontradas, será possível melhorar a compreensão da psicopatologia e descobrir tratamentos mais precisos ou, até mesmo, evitar o surgimento dessa condição a qual frequentemente é incapacitante.

 

 

Subcategorias do TDAH

 

Assim como apresenta Diamenti (2016) são três as subcategorias do TDAH. A primeira denomina-se Subtipo Desatento (sem hiperatividade). Em geral, os indivíduos deste subtipo não possuem características impulsivas e hiperativas. A principal particularidade do grupo é a facilidade de cometer erros porque desviam a atenção facilmente e não percebem detalhes. Um estímulo externo, por mais simples que seja, pode ser motivo para desconcentrar-se. Barulho de passos, por exemplo, podem atrapalhar e dificultar o desenvolvimento de tarefas simples.

Nesta subcategoria, os indivíduos apresentam dificuldades significativas em manter a atenção e seguir instruções, mas exibem menos comportamentos hiperativos e impulsivos. Eles podem ter problemas para organizar tarefas, perder objetos frequentemente e parecer desinteressados nas atividades.

Já a segunda subcategoria é Hiperativo/Impulsivo. Em geral, os pertencentes a este grupo apresentam certa desatenção, diversas vezes decorrente de serem agitados e inquietos; porém, não chegam a ter problemas sérios como ocorre com o grupo anterior. Mexer as mãos e/ou pés quando sentados, tencionar a musculatura, apresentar dificuldade em ficar parado no mesmo lugar por determinado tempo são características comuns aos hiperativos (DIAMENTI, 2016)

Aqui, os indivíduos mostram comportamentos hiperativos e impulsivos sem a presença significativa de desatenção. Eles podem ter dificuldade em permanecer sentados, falar excessivamente, interromper os outros e agir sem pensar nas consequências.

Por fim, a terceira subcategoria é o Combinado que se refere àqueles que apresentam maior prejuízo quanto ao funcionamento global. Quando comparados aos outros dois grupos, são os que possuem maior número de correlações, ou seja, combinam o tipo hiperativo/ impulsivo com o desatento, apresentando características dos dois grupos (DIAMENTI, 2016).

Esta subcategoria envolve uma combinação de sintomas de desatenção e hiperatividade-impulsividade. Os indivíduos apresentam tanto dificuldades em prestar atenção quanto comportamentos impulsivos e hiperativos, o que pode afetar sua vida acadêmica, social e emocional.

A classificação do TDAH em subcategorias é fundamental por várias razões sendo: Diagnóstico Preciso (as subcategorias permitem que profissionais de saúde mental façam diagnósticos mais precisos, identificando as características específicas que cada indivíduo apresenta. Isso evita diagnósticos errôneos e garante que as intervenções sejam adequadas); Tratamento Personalizado (conhecer a subcategoria ajuda a definir estratégias de tratamento mais eficazes. Por exemplo, um aluno predominantemente desatento pode se beneficiar mais de intervenções focadas em organização e técnicas de atenção, enquanto um aluno hiperativo- impulsivo pode precisar de estratégias para controlar a impulsividade); Intervenções Educacionais (a identificação da subcategoria permite que educadores implementem adaptações curriculares e metodológicas específicas, criando um ambiente de aprendizagem que atenda melhor às necessidades do aluno); Monitoramento do Progresso (classificar o TDAH em subcategorias possibilita um acompanhamento mais eficaz do progresso do indivíduo ao longo do tempo, facilitando ajustes nas estratégias de intervenção conforme necessário); Sensibilização e Conscientização(compreender as diferentes manifestações do TDAH ajuda a aumentar a conscientização sobre o transtorno, reduzindo estigmas e promovendo uma melhor aceitação nas escolas e comunidades); Apoio Familiar (as subcategorias oferecem aos pais uma compreensão mais clara do comportamento de seus filhos, permitindo que busquem apoio específico e adotem abordagens eficazes em casa); e por fim, Pesquisa e Desenvolvimento (a distinção entre as subcategorias também é importante para a pesquisa científica, pois permite estudos mais focados sobre as causas, consequências e tratamentos específicos para cada tipo de TDAH). Tais considerações destacam a relevância das subcategorias na abordagem integral do TDAH, promovendo um suporte mais efetivo para indivíduos afetados pelo transtorno.

 

 

Transtornos comumente que ocorrem em conjunto com o TDAH

 

Segundo os autores Barkley e Benton (2011) outros transtornos que comumente ocorrem em conjunto com o TDAH são: Transtorno desafiador opositivo (TOD); Transtorno de conduta (TC; agressão, delinquência, vadiagem, entre outros); Deficiências de aprendizagem (atrasos em leitura, ortografia, matemática, escrita, etc.); Transtorno bipolar com início na infância ou na adolescência; Personalidade antissocial na vida adulta; Alcoolismo e outros vícios; Transtornos de tiques ou síndrome de Tourette que é mais grave (múltiplos tiques motores e vocais); Transtorno do espectro autista.

O Transtorno Desafiador Opositivo (TDO) é uma condição que se caracteriza por um padrão persistente de comportamento desafiador, desobediente e hostil em relação a figuras de autoridade. Quando ocorre em conjunto com o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), essa comorbidade pode complicar o quadro clínico e afetar significativamente a vida da criança. As crianças com TDAH enfrentam desafios relacionados à atenção, impulsividade e hiperatividade. Quando o TDO está presente, elas podem exibir comportamentos adicionais, como: desobediência (tendência a não seguir regras e normas estabelecidas, desafiando frequentemente a autoridade dos pais, professores e outros adultos); irritabilidade (maior propensão a se irritar facilmente e ter explosões de raiva, o que pode resultar em conflitos frequentes em casa e na escola); discussões (comportamento argumentativo, especialmente em situações onde são confrontadas ou corrigidas); e, vingança (tendência a retaliar quando se sentem injustiçadas ou contrariadas, o que pode intensificar problemas sociais).

O TOD é caracterizado por um perfil excessivo, rígido, de desobediência, hostilidade e ameaça o qual ocasiona sérios problemas ligados ao modo como a criança ou o adolescente reage aos processos rotineiros e disciplinares do cotidiano. Tais jovens discutem excessivamente com adultos ou autoridades, não assumem as responsabilidades de seus atos, incomodam de forma sistemática quem convive ao seu redor e respondem quase sempre de forma inadequada e ríspido se contrariados. É possível perceber logo nos primeiros anos de vida da criança um comportamento muito irritado, reativo e impaciente. O conceito de transtorno disruptivo foi concebido há quase cinquenta anos, mas hoje está mais bem descrito em razão de suas evidências clínicas, psicológicas e neurobiológicas (BRITES; BRITES, 2019). Esse tipo de comportamento infantil pode gerar uma espécie de círculo vicioso da família, no qual as interações entre os pais e a criança trazem à tona o que há de pior em cada um (HELITO; KAUFFMAN, 2006).

Ainda, conforme estes mesmos autores, se não tratado, esse transtorno pode levar, a longo prazo, a severos problemas de inserção social, desagregação familiar e evasão escolar, podendo desaguar em um contexto de delinquência, drogadição e distúrbios de conduta. Estudos recentes com maior número de participantes e com o envolvimento de centros de pesquisa têm relevado crescentes custos sociais, dispêndios públicos e desvios imprevisíveis de investimento para corrigir perdas de patrimônios ou de vidas humanas causadas diretamente por pessoas com esse comportamento (os gastos são dez vezes maiores e a taxa de mortalidade é duas a três vezes mais elevada nessa população em decorrência da exposição a violência física, a conflitos, traumas e abusos de drogas) (BRITES; BRITES, 2019).

A combinação de TDAH e TDO pode levar a maiores desafios emocionais, como baixa autoestima, frustração e problemas de relacionamento, tanto com adultos quanto com colegas. Compreender a interação entre esses transtornos é fundamental para oferecer o suporte adequado às crianças afetadas, promovendo seu desenvolvimento saudável e bem-estar emocional.

Já o Transtorno de Conduta (TC) é caracterizado por um padrão repetitivo e persistente de mau comportamento, desafiador e, diversas vezes, contrário às regras de convivência social, na qual os direitos mais básicos e a privacidade dos outros são violados. De acordo com o DSM - IV- TVR (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 2003) as pessoas com o transtorno de conduta apresentam: conduta agressiva causadora ou propensa a causar lesões corporais a outras pessoas ou animais; conduta não agressiva a qual causa perdas ou danos ao patrimônio; defraudação ou furto; e sérias violações de regras. Ainda, conforme o DSM - IV- TVR (2003) essas pessoas podem exibir um comportamento de provocação, ameaça ou intimidação; iniciar lutas corporais frequentes; fazer utilização de arma a qual possa causar séria lesão corporal, como por exemplo, bater carteira, arrancar bolsa, extorsão ou assalto à mão armada; ou forçar alguém a manter atividade sexual consigo. A destruição deliberada do patrimônio alheio é um aspecto característico deste transtorno podendo incluir a provocação deliberada de incêndios com a intenção de causar sérios danos ou a destruição deliberada do patrimônio de outras formas, como por exemplo, quebrar vidros de automóveis, praticar atos de vandalismo na escola (FACION, 2013).

O Transtorno de Conduta (TC) é uma condição caracterizada por comportamentos repetidos e persistentes que violam os direitos dos outros ou normas sociais apropriadas. Quando ocorre em conjunto com o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), essa comorbidade pode resultar em desafios significativos para a criança e sua família. As crianças com TDAH já enfrentam dificuldades relacionadas à atenção, impulsividade e hiperatividade. Quando o TC está presente, isso pode se manifestar em comportamentos mais graves, como: agressividade (comportamentos hostis ou violentos em relação a outras pessoas, incluindo agressões físicas ou verbais); destruição de propriedade (tendência a danificar ou destruir bens, seja de forma intencional ou impulsiva); roubo (comportamentos de furto, que podem incluir desde pequenos furtos até crimes mais sérios); e, desrespeito às normas (desafios frequentes a regras e autoridades, incluindo comportamentos antissociais que podem levar a problemas legais).

O Transtorno Bipolar é um transtorno psiquiátrico grave que diversas vezes pode incluir sintomas psicóticos (delírios/ alucinações) ou comportamento autolesivo, como corte, pensamentos/impulsos suicidas e abuso de substâncias. Diversas crianças com transtorno bipolar têm histórico familiar de transtorno bipolar, transtorno de humor, TDAH e/ou abuso de substâncias. Crianças com TDAH e transtorno bipolar estão em maior risco do que aquelas com TDAH sozinho para abuso de substâncias e outros problemas graves durante a adolescência (MARQUES, 2023).

O Transtorno Bipolar com Início na Infância ou Adolescência pode manifestar- se como mudanças extremas de humor, incluindo episódios de mania (euforia, impulsividade) e depressão. Em crianças com TDAH, a impulsividade pode ser confundida com sintomas maníacos. A presença de ambos os transtornos pode dificultar a identificação dos sintomas. O tratamento deve ser cuidadoso, visando estabilizar o humor enquanto se gerenciam os sintomas do TDAH.

Enfatizando os Transtornos de Tiques, segundo Marques (2023) os tiques são movimentos rápidos e repetitivos ou enunciados vocais e eles podem ser motores (como piscar excessivamente os olhos) ou vocais (como tosse habitual ou ruídos repetitivos crônicos de limpar a garganta), crônicos (continuando durante toda a infância ou transitórios (durante menos de 1 -2 anos). Em crianças que eventualmente desenvolvem transtornos de tiques e TDAH, o TDAH geralmente se desenvolve 2 a 3 anos antes dos tiques.

Em relação aos Transtornos de Tiques, os mesmos incluem movimentos ou vocalizações repetitivas, enquanto a Síndrome de Tourette é caracterizada por múltiplos tiques motores e vocais. Crianças com TDAH podem ter uma maior taxa de tiques. A combinação pode levar a um aumento da ansiedade e estigmatização social. O tratamento pode envolver terapia comportamental e, em alguns casos, medicação para controlar os tiques sem exacerbar os sintomas do TDAH.

O transtorno de Torette o qual é bastante raro, é uma forma mais grave de tiques envolvendo tiques motores e vocais os quais ocorrem diversas vezes ao dia. A idade média em que aparece é de 7 anos. Embora as crianças com transtorno de Tourette possam desenvolver TDAH, os dois transtornos são condições separadas e independentes. O transtorno de déficit de atenção/ hiperatividade não é uma variante do transtorno de Tourette, nem o transtorno de Tourette é apenas uma variedade de TDAH (MARQUES, 2023).

Somente um médico ou terapeuta podem prescrever medicamentos os quais devem ser tomados conforme orientação. Cada indivíduo reage de maneira singular à medicação: se uma medicação provocar efeitos colaterais indesejados, tais como perda de peso, dor de cabeça ou insônia, deve-se consular o médico novamente: a quantidade prescrita, a hora em que é tomada ou a própria droga pode precisar ser trocada. Existem diversos tratamentos farmacológicos conhecidos para tratar problemas de jovens com TDAH que podem ajudar a aumentar a atenção e reduzir a impulsividade e a hiperatividade. Em determinados casos, os efeitos colaterais não são descartados (O’REGAN, 2007).

Já o TEA envolve desafios na comunicação social, comportamentos repetitivos e interesses restritos. Crianças com TDAH podem apresentar dificuldades semelhantes em atenção e comportamento. A sobreposição dos sintomas pode dificultar o diagnóstico preciso. Intervenções direcionadas são necessárias para abordar as necessidades específicas em habilidades sociais e comunicação, além da gestão dos sintomas do TDAH.

 

 

1.3 A criança hiperativa no ambiente escolar

 

O TDAH é um transtorno o qual compreende problemas comportamentais e, em alguns casos, pode prejudicar o processo de aprendizagem, além de expressar como principais sintomas a impulsividade, agitação excessiva e falta de atenção. A escola é considerada o ambiente onde tais sintomas são relevados, e os professores frente a esta situação podem associar esses comportamentos com o TDAH (BARBOSA, 2017).

A escola desempenha um papel fundamental na identificação precoce dos sinais de TDAH em crianças. Professores e educadores estão frequentemente em contato com os alunos e podem observar comportamentos indicativos, como dificuldade em manter a atenção durante as aulas, inquietude excessiva, impulsividade ao interagir com colegas e dificuldades em seguir instruções ou completar tarefas. A observação atenta desses sinais permite que a escola intervenha de forma adequada, encaminhando os alunos para avaliações especializadas e implementando estratégias de apoio que favoreçam o aprendizado e o desenvolvimento social. A colaboração entre professores, pais e profissionais de saúde é essencial para garantir uma abordagem eficaz e positiva para as crianças com TDAH.

A criança com Déficit de Atenção diversas vezes se sente isolada e segregada dos colegas, mas não entende por que é tão diferente. Fica perturbada com suas próprias incapacidades. Sem conseguir concluir as tarefas normais de uma criança na escola, no playground ou em casa, a criança hiperativa pode sofrer estresse, tristeza e baixa auto-estima (SANTOS, 2006).

Crianças com TDAH frequentemente têm dificuldade em manter a atenção em tarefas escolares, o que pode levar a um desempenho acadêmico abaixo do esperado. A impulsividade pode resultar em respostas inadequadas durante atividades de aprendizagem, como interromper o professor ou não seguir instruções corretamente. Muitos alunos com TDAH têm dificuldades em organizar materiais, gerenciar o tempo e cumprir prazos, o que pode afetar a conclusão de tarefas e projetos.

Alunos diagnosticados com TDAH tendem a sofrer problemas no que tange ao aprendizado e desenvolvimento cognitivo, uma vez que as dificuldades as quais eles enfrentam podem limitá-los em seu rendimento escolar. Os problemas trazidos por esse transtorno implicam no processo de ensino e nas relações sociais. Em se tratando de um problema que contempla o processo ensino-aprendizagem, cabe ao professor e à escola o comprometimento com a construção intelectual e socialização de tais sujeitos, afinal, a aprendizagem permeia as relações entre os sujeitos e é mediada pelo outro, sendo que é esse outro que dá significado ao mundo e a tudo que nele se insere (BARBOSA, 2017).

Com frequência, os problemas de hiperatividade começam a se evidenciar na escola, principalmente quando as crianças começam a ser alfabetizadas. Nesta fase, a maioria das crianças já atingiu o estado de prontidão neuropsicológica necessários aos processos de leitura e escrita, ao passo que aquelas que sofrem de Transtorno de Déficit de Atenção/ Hiperatividade revelam dificuldades, não conseguindo permanecer sentadas durante o tempo exigido pelo professor, tendo uma caligrafia desordenada, ilegível, podendo trocar as letras, além disto, tais crianças apresentam dificuldade para se concentrar nas tarefas as quais exijam atenção focalizada: elas não terminam os deveres de aula, começam a ter rendimento inferior ao da turma e, algumas vezes, somam-se a essas dificuldades problemas no cumprimento de ordens e regras colocadas em sala de aula. Em virtude de sua impulsividade e de sua baixa tolerância à frustração, essas crianças podem ter problemas de relacionamento social (LIPP, 2000).

As dificuldades sociais podem levar a sentimentos de inadequação e baixa autoestima, fazendo com que a criança se sinta excluída ou rejeitada.

Os professores devem ajudar a criar um ambiente estruturado, de modo que as crianças com TDAH tenham menos problemas com o começar e o concluir tarefas, fazer transições, trabalhar com outras pessoas, seguir instruções, organizar projetos multifacetados e manter a atenção. Elas necessitam de previsibilidade, estrutura, períodos de trabalhos curtos, mais instrução individual, reforço positivo e um currículo interessante(O’REGAN, 2007).

Promover um ambiente escolar inclusivo e de apoio é essencial para facilitar as relações sociais das crianças com TDAH, ajudando-as a construir amizades saudáveis e melhorar sua qualidade de vida social.

O’Regan (2007) ainda ressalta que os professores devem: compreender e aceitar que crianças com TDAH não conseguem se controlar; seu comportamento não é causado por desobediência; ter expectativas positivas; monitorar o progresso regularmente ao longo da aula; dar instruções claras e frequentes e, sempre que possível, visuais (isto é, com tempos programados e escritos); ser coerentes, firmes, justos e pacientes; fazer comentários constantes; criar “regras da classe” que não sejam ambíguas, escritas de maneira positiva; fazer listas claras- essas crianças necessitam de lembretes a que possam ter acesso direto; repetir as instruções: escrever, falar em voz alta mais de uma vez; certificar-se de que entenderam; manter bastante contato visual; certificar-se de que eles sabem os limites: evitar longas discussões sobre o que está certo e errado no comportamento: dizer o que deseja – mostrar os aspectos positivos; evitar fazer testes com tempo determinado, pois eles não mostrarão o que sabem; não dar tarefas de casa longas, preferindo a qualidade; decompor cada tarefa em partes menores; proporcionar time out, sempre que necessário; e, fazer a aprendizagem ser divertida, afinal toda criança detesta ficar entediada.

O papel do professor é crucial no apoio a alunos com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade). Oferecer tempo extra ou atenção individualizada para esclarecer dúvidas ou fornecer assistência nas tarefas pode ser benéfico. Reconhecer e reforçar os esforços e conquistas do aluno, por menores que sejam, pode aumentar sua motivação e autoestima.

Ferreira (2015) ressalta que, os professores se queixam da agitação, da falta de atenção e desorganização do aluno hiperativo, mas sabem que se forem pensar nessas crianças como intencionalmente negligentes, mal-educadas, com pais ausentes e permissivos, não estarão sendo justos; e somente acabarão por reforçar o sentimento de rejeição que elas apresentam.

O suporte de professores e pais é fundamental para ajudar essas crianças a desenvolver habilidades sociais, como empatia, escuta ativa e resolução de conflitos.

Acreditando que as políticas educacionais vigentes não asseguram direitos aos alunos diagnosticados de TDAH, grupos políticos, órgãos de classe e associações, assim como a Associação Brasileira do Déficit de Atenção, têm lutado por uma política específica para o TDAH, através de leis as quais garantam sua identificação precoce e tratamento. Uma destas tentativas é o Projeto de Lei nº 7081/2010, de autoria do senador Gerson Camata (PMDB) cuja relatoria é da deputada federal Mara Gabrilli (PSDB-SP). Tal projeto de lei visa instituir, no âmbito da educação básica, a obrigatoriedade da manutenção de programa de diagnóstico e tratamento do TDAH e da dislexia. Aprovado no senado aguarda o parecer da Comissão de Finanças e Tributação (CFT) para ser implantado (SIGNOR; SANTANA, 2016).

Políticas que promovem a inclusão garantem que alunos com TDAH tenham acesso à educação em ambientes regulares, recebendo as adaptações necessárias. Políticas que asseguram recursos adicionais, como apoio psicológico e pedagógico, são cruciais para ajudar esses alunos a superar desafios acadêmicos e sociais. Por fim, políticas que promovem um clima escolar positivo e respeitoso ajudam a reduzir o estigma associado ao TDAH, favorecendo a aceitação entre os colegas.

As escolas devem implementar práticas inclusivas, como adaptações curriculares, estratégias de ensino diferenciadas e ambientes de aprendizagem que favoreçam a concentração. A formação de professores é essencial para que eles possam identificar os sinais do TDAH e aplicar métodos que ajudem a manter o engajamento dos alunos. Além disso, a colaboração com pais e profissionais da saúde é fundamental para criar um plano educacional individualizado que atenda às necessidades específicas de cada criança.

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Com os estudos realizados evidencia-se que a inclusão de crianças hiperativas no contexto escolar é um assunto que demanda atenção e comprometimento de todos os envolvidos no processo educacional. Ao longo deste artigo, foi possível evidenciar a importância do papel da escola na promoção da inclusão dessas crianças, destacando a necessidade de práticas pedagógicas adaptadas, formação contínua dos professores e a colaboração estreita entre escola e família.

A literatura revisada reforça que, quando as instituições educacionais se empenham em criar ambientes inclusivos e acolhedores, os alunos com TDAH têm mais chances de alcançar seu potencial pleno, tanto acadêmico quanto social.

As estratégias pedagógicas que favorecem a inclusão das crianças hiperativas devem ser diversificadas e personalizadas. A utilização de metodologias ativas e o desenvolvimento de um currículo flexível são fundamentais para atender às necessidades específicas desses alunos. Além disso, a formação de professores é uma peça-chave nesse processo; educadores bem preparados são capazes de reconhecer os sinais do TDAH e implementar intervenções eficazes que minimizam comportamentos desafiadores, promovendo um ambiente de aprendizado positivo. Essa capacitação deve incluir não apenas técnicas de manejo comportamental, mas também uma compreensão mais profunda do TDAH e suas implicações no desenvolvimento infantil.

A parceria entre escola e família também se mostra essencial para o sucesso da inclusão escolar. O envolvimento dos pais nas atividades escolares e na definição de estratégias educativas contribui para um suporte mais consistente às crianças hiperativas. A comunicação aberta entre educadores e familiares permite o compartilhamento de informações relevantes sobre o progresso do aluno, além de facilitar a implementação conjunta de intervenções. Dessa forma, é possível criar um suporte emocional e educacional que fortalece a autoestima da criança, promovendo não apenas sua inclusão, mas também seu bem-estar geral.

A colaboração entre educadores, pais e profissionais da saúde é fundamental para desenvolver planos individualizados que atendam às necessidades específicas de cada criança, promovendo um aprendizado mais eficaz. Além disso, a escola deve fomentar um ambiente social positivo, onde as crianças possam interagir de forma saudável, desenvolvendo habilidades sociais e emocionais.

A inclusão de crianças hiperativas nas escolas é uma responsabilidade compartilhada que exige esforços conjuntos entre educadores, profissionais da saúde e famílias. Ao adotar práticas inclusivas e colaborativas, as escolas podem transformar desafios em oportunidades de aprendizado e crescimento para todos os alunos. Este artigo espera contribuir para uma reflexão mais profunda sobre como as instituições educacionais podem se tornar mais inclusivas e eficazes no atendimento às necessidades das crianças hiperativas, preparando-as para uma vida social plena e bem-sucedida.

A construção de um ambiente escolar inclusivo é um investimento no futuro dessas crianças e na sociedade como um todo, pois promove diversidade, empatia e respeito às diferenças desde a infância.

A inclusão efetiva não apenas beneficia as crianças hiperativas, mas enriquece toda a comunidade escolar, promovendo empatia, respeito e compreensão entre os alunos. Portanto, o compromisso da escola em adaptar suas práticas e oferecer suporte adequado é essencial para o desenvolvimento integral dessas crianças e para a construção de uma sociedade mais inclusiva.

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

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