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Causas das dificuldades ortográficas no Ensino Médio: um estudo na Escola Estadual Jardim das Flores, no ano de 2012

Rosemari Batista Dallelaste[1]

Camila Thaís Dallelaste²

 

DOI 10.5281/zenodo.15866276

 

 

RESUMO

Este artigo tem como objetivo mostrar as causas das dificuldades na representação ortográfica da escrita às chamadas disortografias, dos alunos do 3º ano do Ensino Médio da Escola Estadual Jardim das Flores, Município de Matupá - MT. Embasada teoricamente num estudo minucioso da escrita e da origem das dificuldades na ortografia do aluno. Os processos metodológicos utilizados para realizar esta pesquisa seguiram os métodos de abordagem e procedimentos estudados por Marconi e Lakatos (2007). No que se refere as técnicas de pesquisa optou-se por aplicar questionários aos alunos.  Para que as metas propostas sejam alcançadas com louvor, é essencial induzir mudanças no processo pedagógico, portanto, devem colaborar na aquisição da escrita correta provocando reflexões sobre a língua, relacionando ortografia e significado, proporcionando atividades em sala de aula que promovam a discussão reflexiva sobre as várias possibilidades da ortografia. Dessa forma justifica-se que a ortografia é um processo que usa muito a coordenação motora do aluno, é de grande importância para o desenvolvimento humano, é instrumento necessário para um bom aprendizado. Diante dessa perspectiva, a escolha dos meios de estudo, a leitura de bons livros não em termos quantitativos mais em termos qualitativos os levará a grafia correta das palavras. O diagnóstico demonstra que é lendo que se aprende a ler e é escrevendo que se aprende escrever, aprender ortografia deve estar além do treinamento de palavras, deve estar pautada na prática leitora e através de atividades que instiguem a reflexão.

 

Palavras-chave: Ensino. Aprendizagem. Ortografia. Escrita.

 

 

ABSTRACT

This paper aims to show the causes of the difficulties in orthographic writing calls disortografias, high school students of 3rd year from the State School Garden of Flowers, City of Matupá - MT. Theoretically based on a detailed study of the origin of writing and spelling difficulties in the student. The methodological procedures used for this research followed the methods of approach and procedures studied by Marconi and Lakatos (2007). As regards the research techniques we chose to conduct questionnaires to students. For the proposed targets are met with praise, it is essential to induce changes in the educational process, therefore, should collaborate in the acquisition of correct writing provoking reflections on language, linking spelling and meaning, providing classroom activities that promote reflective discussion on the various ways of spelling. Thus it is appropriate that the spelling is a process that uses a lot of motor coordination of the student, is of great importance for human development, is a necessary tool for effective learning. Given this perspective, the choice of the means of study, reading good books not in quantitative terms over the quality will take the correct spelling of words. The diagnosis shows that reading is that one learns to read and write is that one learns to write, learn spelling should be beyond the training words, must be based on practical and reader through activities that instigate reflection.

 

Keywords: Teaching. Learning. Spelling. Writing.

 

 

INTRODUÇÃO

 

Visando analisar minuciosamente o valor da ortografia na Língua Portuguesa, com intenção de descobrir a origem das dificuldades ortográficas dos alunos do 3º ano do Ensino Médio. Este título escolhido vai mostrar as causas das dificuldades na linguagem escrita, conhecer a fundo a importância que a ortografia exerce no desenvolvimento humano, que é instrumento necessário para um bom aprendizado. No entanto através dos questionários realizados com os alunos esta pesquisa vai identificar as variáveis problemas encontrados na grafia de cada um. Como a ortografia estuda a linguagem escrita, enfocando a grafia correta das palavras, podemos relacioná-la com a leitura, a fim de demonstrar que é lendo que se aprende a ler é escrevendo que se aprende escrever. Para se conseguir um uso adequado da ortografia é preciso, então que os alunos sintam o desejo da leitura e o interesse de se comunicar por escrito. Será que os alunos têm problemas na ortografia?

Acredita-se que o estudo da ortografia é de fundamental importância para o conhecimento da escrita. Desta forma, pretende-se que com esta pesquisa possam entender melhor as possíveis dificuldades encontradas nesta área onde trata da ortografia, linguagem escrita, de modo que o professor busque ampliar suas teorias, a fim de melhorar o desempenho dos alunos referente a escrita, que interfira no processo de Ensino/aprendizagem dos mesmos. 

 

 

A IMPORTÂNCIA DA ORTOGRAFIA NO ENSINO MÉDIO

 

O objetivo de trabalhar a ortografia consiste na busca de promover a discussão com os alunos das regularidades ortográficas e a construção de regras, objetivando a formação de cidadãos capazes de se comunicar de uma maneira correta, em todos os setores da sociedade. Para tanto não basta apenas o aluno conhecer, analisar e pensar as regras ortográficas, mas, sobretudo, usá-las corretamente no seu cotidiano. É importante desenvolver no aluno o sentido de que escrever é reescrever e revisar, buscando aperfeiçoar sua escrita, através das descobertas feitas sobre as convenções ortográficas. Torna-se urgente a questão da sistematização das regras ortográficas para os alunos de ensino médio, uma vez que se constata que os mesmos encontram inúmeras dificuldades tanto na prática escrita como oral. Neste sentido este artigo busca abordar a questão da ortografia no ensino médio, enfatizando a complexa situação dos alunos que tem muita dificuldade em relação à mesma. Sendo a ortografia a parte da língua responsável pela grafia correta das palavras, faz-se necessário trabalhá-la de uma maneira intensa e ativa nos alunos do ensino médio, já que se percebe grande dificuldade nesse aspecto. Vivemos em um momento em que a língua portuguesa sofre visivelmente e drasticamente o problema do uso incorreto seja por debilidade cultural ou de ensino sistemático. A escola é o lugar que se sistematiza a escrita. A todo o momento a escrita é atividade essencial na sala de aula. Segundo SILVEIRA: "Nos seus próprios textos, a criança não comete tantos erros de ortografia. Isso, porém não a liberta do estigma de escrever mal. Ela apenas evita as palavras que não conhece, para não errar" (1986, p.5). Portanto, o professor deve trabalhar a produção de textos com os alunos permitindo que eles escrevam espontaneamente. Assim eles terão oportunidade de escrever sem se preocuparem com os erros. Após essa atividade espontânea, propor atividades que despertem o interesse sobre a ortografia das palavras. LADEIRA aponta algumas atividades para serem trabalhadas após levantamento dos erros cometidos pela criança. São elas: Palavras cruzadas, caça-palavras, exercícios estruturais, pesquisas de palavras, entre outras (1989, p. 7). Como pode ser observada a maioria dos alunos têm dificuldade de escrever corretamente as palavras. Na realidade o ensino básico e fundamental da ortografia deveria acontecer desde as séries iniciais, onde as crianças aprendem a ler, escrever e falar de uma maneira correta e ainda que não façam isso, que sejam conscientes dessa diferença, no entanto, como não é isso que acontece por vários fatores, resta-nos investir atrasadamente no ensino médio. Claro que os alunos do ensino médio, apesar de terem maiores condições de compreensão, têm já o hábito de usar a ortografia de maneira incorreta. Mas a consciência e lealdade de um professor crítico e responsável não permitem que esse fator seja um obstáculo determinante para não investir e ensinar a ortografia corretamente. O que precisa ser pensado com muita seriedade pelo próprio sistema educacional e juntamente com a base profissional justar-se acordos e mecanismos que amenizam e sanam tal problemática. É extremamente preocupante encontrarmos alunos no ensino médio que não sabem usar corretamente a língua portuguesa e saber que assim continuará o seu processo de formação, estando tão prontamente, “apto” para exercer uma determinada profissão. Nesse sentido a ortografia torna-se um mecanismo único de “salvação” da língua portuguesa, para que os formandos do ensino médio tenham condições de competir em igualdade com outros concorrentes “melhores” preparados. Segundo MORAIS: “As normas ortográficas que uniformizam, na escrita, diferenças observadas na fala soa gradualmente incorporadas quando a criança percebe que não existe equivalência entre letra e som". (2003, p.102). A aquisição da ortografia é impulsionada por diversos fatores, tais como a exposição do aprendiz à língua escrita, a frequência de aparecimento das palavras, a regularidade ou não da notação ortográfica. Assim, autores como MORAIS apontam que: “Aqueles que têm maior contato com a língua escrita de palavras, o que implica que o contato frequente com atividades de leitura auxilia a aprendizagem da ortografia”. (2003, p.105). A comunicação é indispensável para obter bons e eficazes resultados nesse processo de competitividade no mercado, por isso, volto a ressaltar a questão ortográfica, como um fator de suma importância para qualificar essa clientela. Escrever corretamente é sinal de que a pessoa está preparada para o mercado de trabalho e para se comunicar em todos os setores de relações humanas e sociais. Porque saber escrever é sinônimo de saber falar e saber ler corretamente, já que isso pode ser considerado um efeito dominó. A ideia de trabalhar a ortografia preferencialmente no ensino médio é posto a partir da concepção de que é mais fácil atrair os alunos pela escrita, já que é uma produção, daí vem todo um trabalho de resgate e valorização da utilidade e finalidade humana, como também da autoestima, do que a leitura, que segundo observação e constatação é um fator que mais desestimula os alunos, devido a falta de hábito e de cultura de ler, como também a “preguiça” mental de pensar e construir algo racionalmente. Por isso a construção visual e manual, no caso do texto e das palavras, torna-se mais atrativo, dinâmico e fácil de aplicar e ensinar. De todas as formas a aplicação e a intensificação ortográfica no ensino médio é apenas um mecanismo de ajudar os alunos a superarem a dificuldade da língua portuguesa e amenizar a crucial problemática do uso incorreto da escrita. Esse processo não é tão simples, porque não basta acompanhar a produção de escrita dos alunos, mas ensiná-los a conhecer e usar todas as regras ortográficas nos devidos lugares e nos sentidos específicos. Esse trabalho requer esforço, compreensão, dedicação e principalmente consciência de ambas as partes, porque na verdade é um trabalho de resgate e de valorização da língua portuguesa, dentro do contexto ortográfico.

 

 

APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

 

Através da pesquisa realizada com os alunos do 3º ano da Escola Estadual de Ensino Médio Jardim das Flores, foi desenvolvida e analisada através de questionários chegando assim nos seguintes resultados nas 4 hipóteses que foram levantadas:

Os alunos estão com problemas ortográficos, pois não estão aprendendo ortografia nas aulas de Língua Portuguesa devido o desinteresse de alguns professores a abordarem o tema. Não foi confirmada sendo que 71% dos alunos responderam que a professora se preocupa em ensinar o emprego de letras que os confundem, a aula de português ensina escrever corretamente as palavras, ela cobra ortografia, assim nos ajuda a melhorar nossos conhecimentos, quer que a gente não tenha erro na hora de escrever, pois aponta os erros ortográficos, quando escrevemos errado ela ensina e se preocupa em corrigir-nos, sempre incentiva com leitura e criação de texto. O ensino da ortografia acontece assim que o estudante começa a entender o sistema da escrita alfabética, isto é, quando tiver aprendido o valor sonoro das letras e já puder ler e escrever pequenos textos. Para que o aluno aprenda a ler e a escrever, é necessário que ele entenda o para quê e o porquê de fazer isso. O início do aprendizado da escrita, como também da leitura, define-se na compreensão dos usos e valores da escrita e da leitura em sociedade. O verdadeiro leitor e escritor que exerce a leitura e a escrita, sabe por que o faz, escolhe o que quer ler e escrever e estabelece destinatários para as suas produções.

Os professores não utilizam as contribuições da prática ortográfica para ajudar no desenvolvimento da escrita do aluno. Não foi confirmada pois 100% dos alunos responderam que sempre procuram saber se o que escrevem está correto através dos professores, dicionários e até mesmo com os colegas. O professor precisa, ao se defrontar com os erros de seus alunos, questionarem o porquê daquela resposta, e então começará a entender como eles pensam. Cabe a ele, criar situações de ensino, complementares, para ajudar ao aluno com mais dificuldades a vencer o que já foi superado pela maioria dos colegas, sentindo-se assistido pelo professor e em momento algum excluído ou criticado.

Sendo a ortografia um tema pouco abordado, as escolas públicas de Ensino Médio não utilizam os materiais existentes de ortografia. Não foi confirmada sendo que 100 % dos alunos responderam que, Gosto de ler e não tenho dificuldades em produzir textos, ler e produzir texto nos ajuda muito, sei que ler favorece em uma boa produção de texto. Ao trabalhar com a ortografia a escola cumpre um dos seus papéis, que é dar ao aluno acesso às regras da norma culta visto que os mesmos utilizam-se da linguagem popular. O aluno deve ser efetivamente não só informado do caráter convencional do nosso sistema ortográfico, da norma culta, mas também levá-lo a refletir sobre as semelhanças, e diferenças entre a fala e a escrita.    

Os professores quando percebem a dificuldade na ortografia do aluno não procuram ajudá-lo com exercícios ortográficos, assim ele estará contribuindo para um mau aprendizado do aluno. Foi confirmada sendo que 65 % dos alunos responderam que, tem dificuldades na ortografia, na acentuação e estrutura das palavras, quando usar s, ss, sc, x, ch, z, ç. Problemas de aprendizagem sempre existirão, e isso é maravilhoso porque, por trás do erro de um aluno, está a oportunidade de descobrir como ele organiza o seu pensamento. O erro proporciona vida dentro de uma sala de aula, pois alguns alunos, aqueles que erram, pensam diferente dos demais, e isto é ótimo, pois proporciona uma riqueza cognitiva à disposição do professor. Aquele aluno que decora não aprende com o real significado, mas aquele que erra mostra-nos que está pensando, elaborando o seu conhecimento, construindo o seu saber.

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Com base nos resultados desta pesquisa realizada com os alunos do 3º ano do Ensino Médio, verificou-se a necessidade que existe de se trabalhar mais a ortografia extraclasse, também ofereceram várias sugestões para melhorar a qualidade do ensino da linguagem escrita, contribuindo para um bom aprendizado. Que quanto mais se aprende mais quer aprender é um processo sem fim, mais nem todos pensam assim, que há uma grande necessidade dos profissionais da educação de se atualizarem na área que trata da ortografia, pois as reformas ortográficas estão acontecendo e para se adequar as novas mudanças exige acompanhamento contínuo. Somente poderemos dizer que contribuímos com mudanças na Educação a partir do momento que nos propormos a ensinar nossos alunos a escrever primeiro e depois a escrever ortograficamente, deixá-lo escrever o mais livre possível, que os graus de dificuldades dependem muito da maneira como o ensino e a aprendizagem são conduzidos, sendo assim, os alunos aprendem a escrever mais facilmente, que a escola precisa aprender que a ortografia é um fim e não um começo quando se ensina alguém a escrever.

Diante de todo o exposto da debilidade e da alternativa para sanar a problemática na questão da língua portuguesa como todo. Essa pesquisa possibilitou-nos compreender melhor as diferentes faces que estão envolvidas nesse cenário, percebem-se então que a importância da ortografia no ensino médio, como um investimento mais intensivo, favorece o resgate do que se perdeu na vida dos estudantes. Sem dúvida nenhuma é um desafio e um risco, porém é uma alternativa que consideramos eficaz e coerente para formar cidadãos mais cultos em sua própria língua, podendo assim, contribuir culturalmente com a formação de novos cidadãos brasileiros. A língua portuguesa precisa ser vista e aplicada de uma forma mais plena no processo de ensino dos alunos, ensinando-os não a obrigatoriedade de aprender, mas a consciência de saber a escrever, a falar e a ler corretamente, fazendo desse ato uma constituição cidadã de si próprio. Quando tivermos pessoas que escrevam corretamente, teremos cidadãos que se comunicam corretamente e consequentemente uma sociedade mais crítica, mais livre e mais cidadã.

 

 

REFERÊNCIAS

 

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. 9ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 1998. FREIRE, Paulo. A Importância do Ato de Ler: em três artigos que se completam. 22 ed. São Paulo: Cortez, 1988.

 

LADEIRA, Cleacy Gomes et al. Ortografia – Um desafio, uma proposta. Nº 201. Ano XXII. Março 1989. Belo Horizonte. Revista AMAE Educando.

 

LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. Fundamentos da Metodologia Científica. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2001.

 

MORAIS, Artur Gomes. Ortografia: O que temos descoberto sobre esse objeto de conhecimento? Belo Horizonte, junho. S.d. Educação em Revista, 2000.

NOVA ENCICLOPÉDIA BARSA – São Paulo: Enciclopédia Britânica do Brasil Publicações, Ed. Melhoramentos, 1998.

 

Ortografia: ensinar e aprender. São Paulo, Ática, 1998. O aprendizado da ortografia. Belo Horizonte. 3ª ed. Autêntica. 2003.

 

Parâmetros Curriculares Nacionais. Ortografia – Decoreba e compreensão. Editora Abril. Edição Especial. NOVA ESCOLA.

 

SILVEIRA, Rosa Maria Hessel. Silêncio: Ditado. Editora Abril. Nº 178. Ano XIX. 1986. AMAE EDUCANDO.

 

TOBIAS, José Antonio. Como fazer sua Pesquisa. 5. ed. São Paulo: Ave Maria, 2006.

 

[1] Rosemari Batista Dallelaste, professora graduada em Licenciatura Plena em Letras pela FEAFLOR (Faculdade de Educação de Alta Floresta), pós-graduada em Psicopedagogia pela FCSGN (Faculdade de Ciências Sociais de Guarantã do Norte), E-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo..

²Camila Thaís Dallelaste, professora graduada em Licenciatura Plena em Letras pela FEAFLOR (Faculdade de Educação de Alta Floresta) e graduada em Licenciatura Plena em Pedagogia pela UNIASSELVI (Centro Universitário Leonardo da Vinci), pós-graduada em Psicopedagogia pela Faculdade Futura (Instituto de Ciência Educação e Tecnologia de Votuporanga), E-mail:O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo..