Musicalização na Educação Infantil
Arlene das Dores de Arruda
Leila Gomes
RESUMO
Este seminário tem como objetivo explorar a música e a musicalização como elementos fundamentais para o desenvolvimento da inteligência e a integração do ser humano. Abordaremos de que forma a musicalização pode enriquecer o processo de aprendizagem, apresentando sugestões práticas de atividades e refletindo sobre o impacto da música na educação. Além disso, destacaremos a Inteligência Musical, proposta por Howard Gardner em sua teoria das Múltiplas Inteligências, evidenciando como a música influencia não apenas o desenvolvimento cognitivo, mas também o equilíbrio emocional e social da criança. A prática musical favorece um aprendizado mais significativo, estimula a socialização e promove harmonia pessoal, facilitando a integração do indivíduo na sociedade. Dessa forma, este estudo busca reforçar a importância da música como um instrumento transformador, capaz de potencializar habilidades intelectuais, emocionais e sociais.
Palavras-chave: Ensino de Música. Educação Infantil. Cultura.
1 INTRODUÇÃO
A presença da música na vida das pessoas é incontestável. Em muitas culturas vem acompanhando a história da humanidade e se fazendo presente em diferentes continentes. Ela é uma forma de expressão artística, tanto no campo popular, como no erudito. A linguagem musical faz-se presente especificamente no Brasil, em suas diversas classes sociais e também nas diferentes manifestações religiosas que se espalham por todo território nacional. Embora sua linguagem seja diversificada, dependendo de onde venha essa expressão cultural, a música acompanha o desenvolvimento e as relações interpessoais em suas comunidades, bairros e cidades. Existem muitas possibilidades de buscar as contribuições da música no desenvolvimento da criança, uma vez que ela se faz presente em suas vidas antes de sua alfabetização. A relação com a música, às vezes, já se inicia no ventre materno e segue no decorrer da sua infância. Nas brincadeiras infantis, as crianças usam a música como forma de expressão e também para estabelecer regras, relações sociais, diversão, alegria e aprendizagem. Esses exemplos dão um breve panorama da importância da música na educação infantil, seja ela escolar ou na família. Entender mais sobre a importância da música e seus benefícios na educação infantil é o objeto central deste estudo, pois o desejo de realizar uma investigação com este foco surge das diversas experiências que tive como educador em projetos de educação não formal, nos quais presenciei situações em que o uso da música se dava apenas para reproduzir práticas, que muitas vezes já conheciam, mas sem entender o seu significado.
Na hora do lanche ou almoço, por exemplo, as crianças e professores faziam uso de canções repetitivas apenas para dizer que estavam cantando, tornando esse momento mecânico e eliminando qualquer possibilidade de usar a música em uma proposta de socialização, desenvolvimento e aprendizagem. É importante perceber que o ensino de música não está somente ligado ao aprendizado de instrumentos ou de repetição de canções e cantigas decoradas e descontextualizadas, práticas muito frequentes no ambiente educacional.
As dificuldades percebidas em relação ao ensino de música instigaram à proposição de um problema norteador deste estudo: como a educação musical poderá ajudar no desenvolvimento da criança da Educação Infantil?
A busca por respostas a estas questões suscita a necessidade do delineamento de objetivos que possam orientar essa pesquisa. Assim, o objetivo principal deste seminário é analisar as contribuições que o ensino de música pode proporcionar no desenvolvimento das crianças na educação infantil e a forma como é usada pelos educadores que atuam nesta faixa etária.
Assim, o texto foi organizado buscando apresentar as possibilidades da música como ferramenta pedagógica e para tanto o primeiro capítulo trata da música no mundo e no Brasil de uma forma resumida, apresentando sua trajetória histórica até os dias de hoje e como ela chega à educação infantil.
FUNDAMENTAÇÃO TÉORICA
A música está presente na história da humanidade desde os tempos mais remotos, integrando a cultura de diversos povos antigos, como gregos, egípcios e árabes. A palavra "música" tem origem na mitologia grega e significa “a arte das musas”. As musas eram entidades divinas que inspiravam as artes e as ciências, e tinham como patrono Orfeu, filho de Apolo, considerado na mitologia grega o deus da música.
Ao avançarmos na linha do tempo, chegamos à Idade Média, marcada pelo domínio do fanatismo religioso. Segundo Luis Ellmerich (1973), esse contexto de extremismo contribuiu para uma quase total estagnação cultural durante o período. Foi nesse cenário que surgiu a pauta musical de quatro linhas — antecessora da atual pauta de cinco linhas utilizada na música clássica —, desenvolvida pelo monge italiano Guido d’Arezzo. Ele também é creditado como criador do sistema silábico que nomeia as notas musicais, ainda hoje utilizado no canto gregoriano.
A música também desempenhou um papel importante nas práticas religiosas do protestantismo. Durante a Reforma Protestante — movimento que resultou na divisão da Igreja Católica Romana e na formação da Igreja Luterana, liderada por Martinho Lutero —, a música foi utilizada como ferramenta para atrair fiéis e fortalecer a nova doutrina.
Ellmerich observa ainda que, no período seguinte, a música barroca passou a substituir o estilo renascentista, que era fortemente marcado pelos corais vocais utilizados nas igrejas, herança direta da Idade Média. A partir do século XVII, a música barroca dominou a cena europeia até aproximadamente 1750. Caracterizada por sua complexidade estrutural e forte carga emocional, a música barroca era ideal para narrativas dramáticas e exigia grande capacidade de interpretação. Nesse período, a ópera se consolidou como a principal novidade musical, seguida de perto pelo oratório. A música barroca italiana atingiu seu ápice com as composições de Antonio Vivaldi.
Até então, a música ainda não havia sido incorporada de forma sistemática ao ensino escolar ou à educação infantil. Ela permanecia fortemente vinculada à Igreja — tanto católica quanto protestante — ou aos palcos de teatros e concertos, quase sempre relacionada a contextos políticos ou religiosos, próprios dos grandes impérios europeus da época.
A INSERÇÃO DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Na trajetória da Educação no Brasil, o cuidado com as crianças inicialmente era visto como algo de pouca relevância pela sociedade, e essa percepção permaneceu por muitos anos. As mudanças ocorreram de forma lenta e gradual, sendo que, por muito tempo, a prioridade nas escolas era manter a disciplina em sala de aula. Como destaca Loureiro (2003), a música era utilizada não com fins pedagógicos, mas como instrumento de controle e integração dos alunos, recebendo pouca atenção em sua dimensão educativa.
Para compreender o papel da música na educação infantil, é essencial analisar seu percurso histórico e seus antecedentes no Brasil. É difícil pensar a educação musical nos moldes em que se propõe atualmente, uma vez que, em seus primórdios, a educação infantil no país tinha caráter essencialmente assistencialista. No setor público, o atendimento às crianças de zero a seis anos começou oficialmente em 1899, com a criação do Instituto de Proteção e Assistência à Infância (KRAMER, 2003).
O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI) valoriza a presença da música nessa etapa do ensino. O documento apresenta diretrizes, objetivos e conteúdos a serem trabalhados pelos professores, reconhecendo a música como uma linguagem e uma área de conhecimento com estruturas e características próprias. Assim, o RCNEI propõe que a música seja abordada a partir de três eixos: produção, apreciação e reflexão (RCNEI, 1998).
Além disso, o RCNEI organiza os conteúdos musicais em dois blocos principais: “O fazer musical” — que inclui improvisação, composição e interpretação — e “Apreciação musical”, ambos voltados à reflexão sobre a música. A proposta do documento é fomentar discussões sobre as práticas pedagógicas, especialmente no ensino de música, evitando a imposição de modelos rígidos e fechados.
Segundo Chiarelli (2005), a música contribui significativamente para o desenvolvimento da inteligência, da socialização e da harmonia pessoal da criança, favorecendo sua integração e inclusão. Para o autor, a música é essencial na educação infantil, tanto como prática artística quanto como ferramenta interdisciplinar, inclusive sugerindo atividades pedagógicas que envolvem música.
Dessa forma, refletir sobre as funções do ensino de música na educação infantil nos leva a considerar o cotidiano escolar, as práticas dos professores e a forma como a música se manifesta nas atividades com os alunos. É preciso identificar suas possibilidades, linguagens e particularidades, além de repensar constantemente novas formas de integrar a música à educação infantil de maneira significativa.
O SIGNIFICADO DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
A música também contribui para a interação da criança com o universo adulto, representado por pais, avós e outras influências cotidianas, como a televisão e o rádio. Esses elementos fazem parte do ambiente em que a criança está inserida e ajudam a formar seu repertório sonoro inicial. Durante as brincadeiras, as crianças manifestam-se musicalmente de forma espontânea, seja em casa com a família, seja na escola por meio da mediação do professor, o que favorece sua familiarização com a música. Em diversas situações do convívio social, elas vivenciam ou entram em contato com expressões musicais, enriquecendo sua experiência e relação com esse tipo de linguagem. Em relação a isso o RCNEI explica que.
“O ambiente sonoro, assim como presença da música em diferentes e variadas situações do cotidiano fazem com que os bebês, e crianças iniciem seu processo de musicalização de forma intuitiva. Adultos cantam melodias curtas, cantigas de ninar, fazem brincadeiras cantadas, com rimas parlendas, reconhecendo o fascínio que tais jogos exercem”. (Brasil, 1998. p.51)
Nogueira (2003, p.01), entende a música como experiência que:
“[...] acompanha os seres humanos em praticamente todos os momentos de sua trajetória neste planeta. E, particularmente nos tempos atuais, deve ser vista como umas das mais importantes formas 18 de comunicação [...]. A experiência musical não pode ser ignorada, mas sim compreendida, analisada e transformadas criticamente”.
Ao inserir a música no ambiente escolar, é fundamental considerar os conhecimentos prévios que a criança já possui sobre o tema. O professor deve utilizar esses saberes como ponto de partida, incentivando os alunos a expressarem o que já conhecem ou compreendem sobre a música, adotando uma postura de valorização e respeito à bagagem cultural que cada criança traz consigo.
Em determinadas situações, o educador pode, mesmo sem perceber, desconsiderar o contexto cultural e social do aluno, o que pode gerar desinteresse pela educação musical. Um exemplo seria a escolha de uma música específica para a oração da manhã. Embora essa prática possa ser compreendida como uma forma de expressão ou louvor, é necessário cautela, pois nem todos compartilham da mesma crença religiosa. Uma alternativa seria permitir que, a cada dia, uma criança fizesse a oração ou cantasse uma canção de sua escolha, oferecendo espaço para que diferentes manifestações culturais e religiosas se expressem no coletivo da sala de aula.
O contato das crianças com a música acontece desde os primeiros anos de vida. Esse envolvimento contribui para o desenvolvimento de novos conhecimentos, como ampliação do vocabulário, habilidades de socialização e autonomia. No entanto, é comum observar práticas em que professoras repetem diariamente as mesmas músicas — como canções de acolhida, religiosas, ou o próprio hino nacional —, sem promover um entendimento do conteúdo cantado. Esse tipo de prática torna o ato de cantar mecânico, esvaziando seu potencial pedagógico.
Em uma das escolas observadas durante o estágio, o Projeto Político Pedagógico contempla diversas áreas do desenvolvimento infantil, mas não destaca a música como uma ferramenta para atingir esses objetivos. Quando mencionada, a música aparece apenas de forma genérica, dentro da área de artes. As observações evidenciaram a falta de formação específica das professoras na área musical, o que resulta em atividades repetitivas, com músicas sobre o lanche, temas religiosos ou profissões. Embora esses temas não sejam necessariamente inadequados, é fundamental que estejam inseridos em contextos significativos e planejados.
Ensinar música exige sensibilidade e percepção por parte do professor, que deve identificar de que maneira ela pode contribuir com suas aulas, relacionando as propostas musicais com os interesses das crianças e com o planejamento pedagógico. O educador pode e deve coordenar as atividades, mas é igualmente importante permitir que os alunos participem ativamente, escolhendo músicas ou sugerindo atividades musicais.
A música, nesse contexto, deve ser vista como uma ferramenta que contribui para o desenvolvimento integral dos alunos, promovendo inclusão e participação, e não como uma prática isolada, repetitiva ou limitada a momentos específicos da rotina escolar. Conforme orienta o RCNEI, a música deve fazer parte de um planejamento pedagógico estruturado, que explore suas múltiplas possibilidades. Como afirma Loureiro (2003, p. 141):
Muitas vezes, ainda, vemos que a criança é impedida de usar sua criatividade, pois a elas são propostas músicas ou atividades já prontas, canções folclóricas já cantadas há décadas de maneira mecânica e em momentos específicos da rotina escolar, sem saber o significado e sentido daquilo do que está cantando, realizam apenas a memorização e gestos corporais estereotipados que deixam as crianças desinteressadas e poucos contribuem no seu desenvolvimento.
Para que a música seja realmente significativa e alcance seus objetivos pedagógicos, é importante que seja trabalhada de maneira variada. Isso pode incluir atividades como exercícios de pulsação, exploração dos parâmetros sonoros, canto, parlendas, brincadeiras cantadas e a sonorização de histórias. Trabalhar com os alunos os sons do cotidiano, por exemplo, é uma forma bastante rica de explorar o universo sonoro de maneira completa e envolvente.
Na educação infantil, o trabalho com música deve proporcionar experiências sensoriais e emocionais, permitindo que os alunos vivenciem e expressem sentimentos como tristeza, alegria ou entusiasmo. Essas emoções podem ser comunicadas por meio da manipulação de instrumentos musicais disponibilizados pelo professor, promovendo assim a expressão pessoal das crianças através da música.
Uma proposta interessante são as brincadeiras em que os alunos imitam os sons produzidos durante atividades diárias, como acordar, escovar os dentes, comer, vestir-se e calçar os sapatos. Eles também podem reproduzir sons de animais — como cachorros, cavalos — e de veículos, como carros. Brito (2003) destaca que “esses jogos trabalham usando ações do cotidiano, dando base para desenvolver muito a criatividade e a atenção das crianças”.
Outro exemplo de atividade é o uso da música cantada. Através dela, as crianças se movimentam, dançam, exploram o próprio corpo e suas possibilidades de expressão corporal. Batem os pés, palmas e interagem com o ritmo. Além disso, as letras das músicas muitas vezes abordam temas do cotidiano escolar, o que contribui para a construção de significados e para a ampliação do repertório linguístico e cultural dos alunos.
Felinto (2000) apresenta uma versão politicamente correta para a canção atirei o pau no gato:
Não atire!
O pau no ga-tô-tô!
Por que isso-sô! Não se faz-faz-faz!
O gati-nhô-nhô, É nosso ami-gô-gô,
Não se deve, Maltratar os animais, Miau!
É fundamental destacar que o trabalho com música na sala de aula não deve se restringir apenas ao ato de cantar. É necessário ir além, promovendo discussões sobre o tema da canção, ouvindo o que as crianças têm a dizer, compreendendo o que entenderam da letra e se possuem sugestões de músicas relacionadas ao conteúdo trabalhado naquele momento. Mesmo que ainda tenham um repertório limitado, as crianças já carregam uma bagagem musical que pode enriquecer as atividades propostas.
Ao trazer suas opiniões e sugestões, os alunos se aproximam da música de forma prazerosa, o que contribui para ampliar suas visões de mundo por meio dessa linguagem. Cabe ao professor ter a sensibilidade de conduzir esse processo com propostas musicais que sejam alegres, envolventes e, ao mesmo tempo, pedagógicas — atividades que estimulem o desenvolvimento integral das crianças e favoreçam a aprendizagem de maneira significativa. Silva (2001, p.140):
... propõe uma atividade muito interessante e muito simples que tem como finalidade trabalhar o ritmo com as crianças da seguinte forma: uma ao lado da outra, levantam uma perna podendo começar com a esquerda ou direita e ao levantar tirando a perna do chão ele conta 1, depois colocam as pernas juntas voltando ao normal e conta 2 isso seguindo um ritmo ditado pela professora. Uma variação dessa atividade seria levar a perna a frente, ora a esquerda ora a direita e contando 1 e 2 como na anterior, a última forma levantando e abaixando, contando 1 e 2, dobrando os joelhos e se erguendo, sempre seguindo um ritmo na voz ao contar os números 1 e 2.
A autora também propõe uma atividade de exercícios rítmicos voltada para a acentuação das sílabas tônicas — explicadas às crianças como "a parte forte da palavra". Um exemplo é a canção: “Cai, chuvinha, neste chão, cai chuvinha, vai molhando a plantação”. A proposta consiste em marcar o ritmo com palmas nas sílabas tônicas, acompanhando a melodia.
Uma variação interessante dessa atividade é pedir que as crianças batam os pés no chão, em vez de bater palmas, sempre acompanhando o ritmo das sílabas tônicas. A melodia pode ser improvisada pela professora ou criada coletivamente com os alunos, incentivando a criatividade e a participação ativa no processo musical.Também é possível trabalhar uma canção bem popular: A cobrinha, como uma proposta interdisciplinar.
1-A cobra não tem pé,
A cobra não tem mão
Como é que a cobra sobe
No pezinho de limão
2-A cobra vai subindo
Vai, vai , vai.
Vai se enrolando,
Vai, vai ,vai...
A autora Silva (2001) apresenta diversas possibilidades de trabalho com a canção "A cobra", sugerindo, por exemplo, que após cantarem a música, as crianças desenhem a cobra se enrolando e se desenrolando, conforme a letra. Essa atividade promove, além da expressão artística, o desenvolvimento de habilidades motoras por meio de exercícios musculares. É possível ainda integrar essa atividade com conteúdos de Ciências, explicando que a cobra é um animal vertebrado — ou seja, possui ossos —, e que na natureza também existem animais invertebrados, que não possuem estrutura óssea. Já em Matemática, pode-se propor que as crianças desenhem cobras em diferentes formas: linhas retas, curvas abertas e fechadas (como círculos), explorando assim noções espaciais e geométricas.
Outra proposta interessante para o trabalho com canções na Educação Infantil é convidar as crianças, após ouvirem uma música com tema simples, a relatar algo do cotidiano que se relacione com o conteúdo da canção. Elas podem contar histórias pessoais ou de familiares, fazer desenhos ou buscar figuras que representem elementos da música escutada. O mais importante nesse processo é permitir que expressem livremente o que mais lhes chamou atenção e o que compreenderam da canção, sem imposições por parte do professor quanto à interpretação ou à forma de expressão escolhida.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho teve como objetivo compreender os aspectos positivos que o ensino de música pode proporcionar às crianças da Educação Infantil, destacando sua importância para o desenvolvimento e socialização, além de analisar como a música interage com os demais eixos do trabalho pedagógico.
Também se buscou evidenciar de que maneira a música pode ser inserida nas salas de aula da Educação Infantil, compreendendo-a como uma ferramenta pedagógica valiosa. A pesquisa demonstrou que a música deve ser trabalhada por meio de brincadeiras e canções, entendidas aqui como atividades de canto conduzidas pelo educador e acompanhadas de forma criativa pelas crianças.
Ao concluir esta pesquisa, destaco a necessidade de discutir a formação dos professores no que diz respeito ao uso da música na Educação Infantil. É importante que essa formação comece ainda na graduação, sem, no entanto, compartimentalizar ou fragmentar os conhecimentos musicais, mas sim integrá-los ao cotidiano da prática docente.
É a partir da vivência diária com a música em sala de aula, das atividades realizadas pelos professores e das experiências pessoais com a linguagem musical, que poderá surgir uma prática pedagógica sólida, que reconheça a música como um elemento essencial no desenvolvimento infantil.
Diversos autores pesquisados apontam a música aliada ao ensino como uma ferramenta pedagógica eficaz. Vale ressaltar que o ensino musical aqui abordado não tem como finalidade a formação de músicos profissionais, instrumentistas ou cantores, mas sim o uso da música como recurso educativo. O ato do professor cantar, tocar instrumentos ou propor atividades musicais deve sempre estar orientado ao desenvolvimento da criança, em diálogo com os conteúdos e objetivos da Educação Infantil.
Concluo que esta pesquisa contribui para repensar o papel da música na Educação Infantil, não com o intuito de criticar os professores, mas de refletir sobre sua formação, os recursos disponíveis e as possibilidades de ressignificar o uso da música na prática pedagógica. É possível desenvolver um trabalho musical consistente com as crianças pequenas, desde que haja consciência por parte dos educadores e investimentos em políticas públicas voltadas à formação docente e à melhoria das condições de trabalho nas escolas.
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