A inclusão de alunos com autismo no ambiente escolar
Jéssica dos Santos de Almeida Silva
Jaqueline Oliveira Gomes de Amorim
Elisângela Serencovick Fernandes
Ana Selma dos Santos
Janaina de Souza Pinto
Marineide da Silva
Selma Araujo de Souza[1]
Valdenice Rodrigues Queiroz
Jessica Mayara Lacerda
Adriana Gesiele Teixeira dos Santos
DOI: 10.5281/zenodo.15808705
RESUMO:
Este trabalho evidencia a importância da inclusão de alunos com autismo, que na maioria das vezes apresentam nenhum ou pouco interesse em estabelecer relações com as pessoas ao seu redor. O objetivo primordial deste trabalho foi pesquisar sobre as atividades lúdicas e a importância dela na inclusão do aluno com Aspecto Altista, jogos e brincadeiras são ferramenta eficaz e facilitadoras nos relacionamentos e das vivencias e inclusão em sala de aula, Após o término do trabalho verifiquei que a inclusão desses alunos só vai acontecer de verdade se o professores estiver bem preparado para efetivar na prática no que ainda se sentem despreparados para receber os alunos com desenvolvimento atípico por não estarem profissionalmente qualificados para atendê-los, adquirindo desta forma, estratégias intuitivas para incluí-los, sem muito embasamento teórico. Ressalta-se desta forma a importância dos estudos comportamentais, a presença de auxiliares de turma e de psicólogos, além de melhorias de acessibilidade em questão de formação para professores e auxiliares.
Palavras-chave: Alunos. Autismo. Sala de aula. Lúdicas. Professor.
1 INTRODUÇÃO
O autismo é um transtorno de desenvolvimento que compromete as habilidades de comunicação e interação social, numa gradação que vai da mais leve à mais grave, podendo afetar o desenvolvimento do cérebro. As características do autismo são muito abrangentes, podendo ser ou não perceptíveis na infância.
os individuo com espectro autista apresentem dificuldades em comportamentos na interação com o meio social e a comunicação, podendo ter pouco ou nenhum interesse com a socialização, as crianças apresentam diferentes níveis de dificuldades na reciprocidade social e emocional (GÓMEZ; TORRES; ARES, 2009; NOGUEIRA, 2009), concorda-se com autores como Garton (1992), Seidl-de-Moura (2009) e Salomão (2012), considera em suas pesquisas a importância da interação social para o desenvolvimento humano e o conceito de bidirecional idade caracterizado pela ênfase na reciprocidade e na adaptação no ambiente onde está inserido entre os parceiros levando em conta suas características individuais.
As causas do autismo ainda são desconhecidas, de acordo com a Associação Médica Americana, as chances de uma criança desenvolver autismo por causa da herança genética é de 50%, sendo que a outra metade dos casos pode corresponder a fatores exógenos, como o ambiente de criação.
Buscar como as crianças tudo o que elas aprendem, o que elas trouxeram consigo, como se relacionam com as pessoas ao redor e com o meio no qual vivem, devem ser o meio de pesquisa a orientar o trabalho do professor frente à realidade enfrentada no ambiente escolar; assim como as experiências e situações vivenciadas na conquista do conhecimento prática que os tornam capazes de estabelecer relações mais avançadas, deste modo, desenvolvendo ainda a autonomia.
Para que o docente consiga proporcionar condições favoráveis para o processo de aprendizagem mais amplo para seus alunos, é preciso conhecer o contexto e suas vivências. Para tanto, deve questionar-se: Quem são estes alunos enquanto seres sociais? Quais as características do meio social em que estão inseridos? A quais tipos de processos de humanização e mesmo de desumanização estes indivíduos estão expostos em suas rotinas? A educação é importante em suas vidas?
Levando em consideração esses questionamentos, esse trabalho tem por objetivo analisar o comportamento e o desenvolvimento de uma criança com autismo, quais são seus principais desafios, como a escola se prepara para recebê-los, como os pais devem inserir seus filhos com autismo em ambientes de pluralidade e como a escola e a família devem caminhar de mãos dadas nesse longo processo de aprendizado.
As intervenções devem ser feitas em conjunto, considerando a relação da criança com os outros, possibilitando que suas produções aconteçam levando em conta a família e a escola, faz-se primordial uma articulação desta interdisciplinaridade.
A comunidade escolar, como um todo, desempenha um importante e imprescindível papel frente ao processo educativo, neste sentido, através de práticas lúdicas, devem favorecer de maneira mais ampla a interação entre os indivíduos em distintas situações do convívio neste ambiente, tendo em vista a brincadeira como um importante instrumento agregador de valores e facilidades no processo de ensino-aprendizagem. Entende-se, portanto, que as atividades lúdicas se mostram como práticas indissociáveis do processo de ensino-aprendizagem.
Os educandos que apresentam necessidades educativas especiais, citando como exemplo aqueles diagnosticados com TEA (Transtorno do Espectro Autista), estão, em grande parte, frequentado escolas regulares, no entanto, é preciso perceber que ainda deparam-se com suporte pedagógico deficiente no tocante às práticas lúdicas. Docentes que ainda se valem das tradicionais práticas pedagógicas, deixando as brincadeiras em segundo plano, geralmente para a hora do recreio, estão abrindo mão de ferramentas fundamentais para o sucesso e facilitação do processo, principalmente no que se refere aos estudantes com necessidades educativas especiais.
Esta integração família, escola, e ainda, clínicas interdisciplinares, certamente é uma parceria que dá certo, na medida em que juntas, buscam estratégias para que não só o processo de ensino aprendizagem seja um sucesso, mas, também, para que a criança se sinta aceita e verdadeiramente parte do grupo social e cultural no qual ela está inserida.
- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Leo Kanner, (1955), pediatra e psiquiatra infantil, teve um papel muito importante na definição do que seria o autismo. Em 1943 Kanner publicou um trabalho que posteriormente ficou muito conhecido: “Autistic Disturbance of Affective Contact” (“Distúrbio autístico de contato afetivo”). Neste trabalho, foi descrito casos de onze crianças que tinham em comum “um isolamento extremo desde o início da vida e um desejo obsessivo pela preservação da mesmice”, denominando-as de “autistas”. A principal contribuição do trabalho de Kanner foi diferenciar o autismo de outras psicoses graves na infância.
Após ser caracterizado por Kanner, o autismo tornou-se um dos desvios comportamentais mais debatido e estudado podendo-se identificar a partir de então, a diferença do comportamento esquizofrênico e do autismo.
Ainda hoje o autismo é um dos problemas atuais que mais tem levantado questionamentos e intrigado famílias, pesquisadores, médicos, educadores e o mundo de uma forma geral, tornando-se desta forma, uma das mais importantes criações linguísticas e conceituais na nomenclatura médica e psicológica.
Os Autores como Nogueira (2009) e Orrú (2007) destacam, em seus estudos, as potencialidades dessas crianças, apesar de considerarem as dificuldades centrais do mesmo, portanto, a escola deverá ter flexibilidade para trabalhar as adaptações que se fizerem necessárias no seu espaço físico, além de se dispor a manter uma interlocução constante com os profissionais do atendimento especializado, que já atuem junto à criança, visando intermediar a relação da criança com a escola e articular um trabalho em conjunto para estimular e explorar de várias formas o desenvolvimento desses alunos.
As áreas de interação social, comunicação e comportamento de um aluno com aspecto altista se relaciona intimamente no seu desenvolvimento humano desde a mais tenra idade. Sabemos que os alunos com autismo apresentam prejuízos nessas áreas, cabe aos profissionais, que com eles trabalham, utilizarem estratégias que contemplem a aquisição de habilidades que são pré-requisitos para que outras se efetivem.
A escola como um dos espaços muito importante que favorecem o desenvolvimento infantil, tanto pela oportunidade de convivência com outras crianças quanto pela importante do professor medidor, cujas mediações favorecem a aquisição de diferentes habilidades nas crianças.
De acordo com os pensadores Höher Camargo e Bosa (2012), o contexto escolar proporciona contatos sociais, favorecendo o desenvolvimento da criança autista, assim como o das demais crianças, na medida em que convivem e aprendem com as diferenças.
Silva e Facion (2008) nos firma que as crianças vão se desenvolver por meio da convivência com o diferente. Já Fiaes e Bichara (2009) nos diz que a escola regular no contexto no qual a criança com dificuldades encontra modelos mais avançados de comportamentos para seguir.
Vygotsky, já afirmava os benefícios da inclusão de crianças com deficiência mental em grupos para melhor socialização, tornando as crianças mais seguras e capazes de atuarem como mediadoras no processo de aprendizagem.
2.1 O LÚDICO NA EDUCAÇÃO DE CRIANÇAS AUTISTAS
O lúdico facilita a aprendizagem e o desenvolvimento da criança como um todo, e sempre está presente em jogos e brincadeiras por mais simples que sejam, mesmo brincado qualquer criança está aprendendo algo e se desenvolvendo, mas precisam ser orientados por uma pessoa mais capacitada, principalmente quando a criança possuir algum tipo de transtorno, para que a mesma atinja o objetivo final desenvolvendo as funções da linguagem, e suas capacidades físicas, mentais e emocionais, pois desde uma simples formação de fila, a criança aprende conceitos sobre regras, organização e comportamento ajudando a desenvolver a socialização em cada criança.
É perceptível como as atividades lúdicas auxiliam no desenvolvimento da criança, conforme Teixeira (1995) explica que [...] o lúdico apresenta dois elementos que caracterizam o prazer e o esforço espontâneo, que é considerado prazeroso devido a sua capacidade de absorver o indevido de forma intensa e total, criando um clima de entusiasmo, despertando o envolvimento emocional que torna a atividade motivacional, a atividade lúdica é portadora de um interesse intrínseco, direcionando para que seja alcançado o objetivo da atividade lúdica estimulando o pensamento e as funções afetiva, motora e cognitiva da criança. Sendo assim, cabe ao pedagogo desenvolver atividade lúdicas que melhor desenvolvem estas funções nas crianças.
Portanto, para desenvolver estas atividades lúdicas que contribuem com o desenvolvimento de múltiplas linguagens do aluno com transtorno espectro autista, é necessária uma melhor capacitação dos professores e pedagogos, aliando o brincar com o conteúdo a ser administrado em sala de aula na educação infantil
O trabalho com atividades lúdicas mostra-se como grandes facilitadores para os relacionamentos, vivências e até a inclusão no ambiente da sala de aula. Tais atividades tendem a promover e estimular a imaginação, bem como as transformações do indivíduo e sua relação com o objeto de aprendizagem. Deste modo, percebe-se nestas atividades um caráter de integração e interação capaz de fazer com que o processo de educação transcorra de forma mais atrativa. Deste modo, entende-se que as atividades lúdicas devem ser utilizadas como forma de ligar o conhecimento trabalhado com uma ação prática dos alunos.
Piaget (1975), reconhece as práticas lúdicas como ferramentas importantes para que o processo de desenvolvimento infantil se mostre harmonioso, já que tais atividades tendem a propiciar uma melhor expressão do imaginário do indivíduo, além de facilitar a aquisição de regras, contribuindo de forma geral na apropriação do conhecimento. Corroborando, Kishimoto (2008, p.32), acrescenta que “[...] ao manifestar a conduta lúdica, a criança demonstra o nível dos seus estágios cognitivos e constrói conhecimentos.”
Percebe-se, portanto, que, quando o docente vale-se de atividades lúdicas ou jogos, vários aspectos são estimulados simultaneamente no aluna, resultando em aperfeiçoamento e desenvolvimento em áreas como a criatividade, a cooperação, a memória, a concentração, o vocabulário e a linguagem, a assimilação dos conceitos estudados, a psicomotricidade, a socialização, a capacidade de tomar decisões, a habilidade em aceitar críticas construtivas, a competitividade, o controle emocional, a autoconfiança e o respeito às regras e o controle emocional.
Tais aspectos são observados de forma análoga em crianças autistas, ainda que as respostas obtidas com este grupo tendam a acontecer de forma menos harmoniosa, haja vista seus padrões comportamentais. Entretanto, mesmo ao reconhecer que tais crianças apresentam limitações importantes em relação aos neurotípicos, pode-se considerar que suas necessidades e desejos de participar das brincadeiras são idênticos aos observados em toda criança.
Deste modo, fica evidente a responsabilidade do professor em organizar jogos e atividades e mesmo adaptá-las, se preciso, de acordo com o perfil de seus alunos, buscando assim, favorecer o desenvolvimento de todos.
- MATERIAIS E MÉTODOS
Este trabalho é uma pesquisa descritiva de uso do método científico qualitativo, buscamos informações nas características das fontes bibliográficas para o embasamento dessa pesquisa, realizando observações e interpretando-as na busca da compreensão e interpretação do assunto, de modo exploratório, utilizadas para a área de informação que permite a análise qualitativa, a base contém elementos que descreve os artigos de periódicos e suas autorias de forma complementar.
O levantamento de dados para este trabalho envolveu a busca do conhecimento existente sobre as múltiplas linguagens da criança com o transtorno espectro autista (TEA), com ênfase no papel que o professor e a escola têm de estimular o máximo o desenvolvimento desse aluno com atividades lúdico pedagógicas.
Foram consultadas diferentes fontes de trabalhos como: livros, revistas, sites na internet, periódicos, artigos e documentos referentes ao tema, dos quais tem como autores Lóriz Malaguzzi, Martins (2013) e Maria Montessori que discorrem muito bem sobre o tema abordado em questão.
- RESULTADOS E DISCUSSÃO
Através do desenvolvimento dessa pesquisa, conseguimos refletir mais profundamente a respeito da importância dos profissionais da educação terem conhecimentos sobre as características, intervenções e morbidades do TEA, saberem reconhecer a individualidade de cada aluno portador do transtorno, assim aprendendo a lidar com seus alunos e procurar estratégias e adaptações necessárias para promover a aprendizagem no âmbito escolar.
O nível de desenvolvimento da aprendizagem do autista geralmente é lento e gradativo, portanto, caberá ao professor estar sempre buscando meios para adaptar os conhecimentos e as brincadeiras, buscando sempre ludicidade em seus planejamentos, se adequando ao sistema de comunicação de cada aluno.
O aluno deve ser avaliado para colocá-lo num grupo adequado, considerando a idade global, desenvolvimento e nível de comportamento. É de responsabilidade do professor a atenção especial e a sensibilização dos alunos e dos envolvidos para saberem quem são e como se comportam esses alunos autistas, sabendo que a criança pode reagir violentamente quando submetida ao excesso de pressão e, diante disso, é preciso levar em conta se o programa está sendo positivo, ou se precisa haver outras mudanças.
A parceria da família com a escola sempre será fundamental para o sucesso da educação de todo indivíduo. Com essa parceria a escola pode oferecer uma educação eficiente e de qualidade. E, analisando as duas instituições - família e escola - é possível notar que quando se fala em interação, a percepção que se tem, é que existem atores distintos que têm algum grau de reciprocidade e de abertura para o diálogo, nessa perspectiva, é importante identificar e negociar, em cada contexto, os papéis que vão ser desempenhados e as responsabilidades específicas entre escolas e famílias.
- CONCLUSÃO
Frente ao conteúdo coletado e analisado, percebe-se que ainda o processo de ensino aprendizagem entre alunos com autismo e professores proporciona grandes dificuldades na escola. Cabe a escola, junto a toda a comunidade escolar, possuir interesse em buscar e conhecer novas metodologias educativas, para que assim, a criança com autismo possa se envolver no meio educacional e social.
De acordo com tudo que foi destacado neste trabalho, conclui-se que a criança com transtorno espectro autista dentro do contexto escolar deve ser respeitada como um ser em constante desenvolvimento, necessitando de mediação e promovendo atividades que a envolva de forma lúdica e com respeito.
Identificar maneiras para transmitir novas informações e melhorar a práxis pedagógica, são de suma importância, pois a atuação deve se adequar a um padrão de ensino coerente com o que é proposto nas leis e orientações institucionais.
Inclusão não é apenas colocar o aluno dentro da sala de aula regular, mas incluir em todas as atividades, propondo condições para que eles possam interagir, construindo novos conhecimentos de maneira própria e no tempo da criança. A aprendizagem deve ser acompanhada pelo professor, bem como pela família, pois ambos se relacionam e enriquecem os conhecimentos adquiridos pelo aluno.
Frente a isto, conclui-se que o educador deve estar sempre em busca de novos conhecimentos, para enriquecer o desenvolvimento do aluno e o seu próprio. Para que a inclusão apresente o verdadeiro sentido, o professor deve transmitir conhecimentos, aceitar a realidade e adaptar-se a ela, desenvolver o aluno sempre com foco em seu potencial.
- REFERÊNCIA
ETGES, Ananda. Reggio Emilia: 10 curiosidades sobre o projeto educacional. Blog Peixinho Dourado. Disponível em: <http://www.peixinhodourado.com.br/reggio-emilia/>. Acesso em: 25 de jan. de 2021.
Hamze, Amélia. As Diversas Linguagens da Criança. Revista Nova Escola 2002
MALAGUZZI, LORIZ. As cem linguagens da criança. CriandocomApego. 12 de mai. de 2020. Disponível em: https://www.criandocomapego.com/as-cem-linguagens-da-crianca-poema-de-loris-malaguzzi/. Acesso em: 24 de jan. de 2021.
MONTESSORI, Maria. A criança. Editora: Círculo do Livro Sá. Disponível em: https://www.livrosgratis.com.br/ler-livro-online-123724/maria-montessori. Acesso em: 27/11/2020.
STEUCK, Cristina Danna. Pedagogia da educação Infantil. Indaial: Uniasselvi, 2013.
TEIXEIRA, Carlos E.J. A ludicidade na escola. São Paulo: ed. Loyola, 1995.
1 O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.