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A importância da leitura como ferramenta para melhoria da comunicação

Lúcio Mussi Júnior

 

DOI: 10.5281/zenodo.15350918

 

 

RESUMO

A leitura desempenha papel fundamental na formação do indivíduo, contribuindo significativamente para o aprimoramento da linguagem, do pensamento crítico e da capacidade de se comunicar de forma eficaz. Este artigo propõe uma reflexão sobre a leitura como ferramenta essencial para a melhoria da comunicação, considerando sua relevância no processo de ensino-aprendizagem, no desenvolvimento pessoal e na inserção social. Por meio de uma abordagem qualitativa e exploratória, analisam-se os impactos da leitura sobre a oralidade, a escrita e a compreensão textual. Conclui-se que o estímulo à leitura desde a infância favorece a ampliação do vocabulário, a organização de ideias e o fortalecimento das competências comunicativas, fundamentais para a vida acadêmica, profissional e social.

 

Palavras-chave: Leitura. Comunicação. Linguagem. Educação. Escrita.

 

 

Introdução

 

A leitura é uma das competências mais importantes desenvolvidas no processo educacional. Ela não apenas proporciona acesso ao conhecimento, mas também contribui para a formação da identidade, da consciência crítica e da capacidade de expressar-se com clareza e coesão. Neste contexto, observa-se que indivíduos que cultivam o hábito da leitura tendem a se comunicar com mais propriedade, domínio de vocabulário e segurança, tanto na oralidade quanto na escrita.

A comunicação eficaz é um pilar essencial em todas as esferas da vida social. Seja no ambiente familiar, escolar, profissional ou comunitário, saber expressar ideias de forma clara e compreensível é condição indispensável para o convívio humano. Diante disso, a leitura surge como meio eficaz para desenvolver essas habilidades, funcionando como ferramenta de mediação entre pensamento e linguagem.

Este artigo tem como objetivo geral discutir a importância da leitura como ferramenta para a melhoria da comunicação. Especificamente, pretende-se: (i) apresentar a relação entre leitura e desenvolvimento da linguagem; (ii) destacar o papel da leitura na formação do pensamento crítico; e (iii) evidenciar a influência da leitura no aprimoramento da escrita e da oralidade.

 

 

Desenvolvimento

 

A linguagem é o principal instrumento de comunicação humana. Segundo Vygotsky (2001), o desenvolvimento da linguagem está diretamente ligado ao processo de interação social e à internalização de signos culturais, como a leitura. A prática da leitura amplia o repertório linguístico do leitor, possibilitando o domínio de diferentes formas de expressão.

Ao ler, o indivíduo entra em contato com diferentes estruturas gramaticais, estilos de escrita, vocabulários e contextos culturais. Essa diversidade enriquece a capacidade de compreender e produzir discursos mais elaborados. Como afirma Soares (2003), o ato de ler é uma forma de apreender o mundo, pois possibilita a internalização de modelos discursivos que servirão de base para a comunicação futura.

Além disso, a leitura contribui para a ampliação do vocabulário, a percepção das normas gramaticais e o reconhecimento de variações linguísticas. Isso resulta em uma comunicação mais eficaz, uma vez que o indivíduo é capaz de selecionar, com maior propriedade, as palavras e estruturas mais adequadas ao contexto de sua fala ou escrita.

A leitura crítica é fundamental para o exercício da cidadania e para a construção de uma sociedade democrática. Ao desenvolver a capacidade de interpretar e avaliar informações, o leitor torna-se sujeito ativo no processo de construção do conhecimento. Freire (1987) destaca que ler o mundo precede a leitura da palavra e que a leitura crítica da realidade é essencial para a transformação social.

A leitura, especialmente de textos argumentativos, científicos e filosóficos, promove o desenvolvimento do pensamento analítico e da capacidade de argumentação. Esses aspectos são essenciais para a comunicação, pois permitem que o indivíduo sustente suas ideias com coerência, logicidade e fundamentação teórica.

Portanto, estimular a leitura crítica desde os primeiros anos escolares é um caminho eficaz para a formação de indivíduos conscientes, capazes de compreender e atuar no mundo com responsabilidade e competência comunicativa.

A escrita é uma forma de comunicação complexa que exige domínio linguístico, organização lógica e clareza na exposição de ideias. A leitura regular contribui diretamente para a melhoria da escrita, pois permite ao leitor absorver modelos textuais, estilos de argumentação e formas de coesão e coerência.

Conforme Antunes (2009), quem lê com frequência tende a escrever melhor, porque internaliza estruturas textuais e amplia o repertório temático e lexical. A leitura também ajuda a reconhecer os diferentes gêneros textuais e suas especificidades, facilitando a produção de textos adequados a diferentes finalidades comunicativas.

Na oralidade, os benefícios da leitura se manifestam na fluência verbal, na precisão vocabular e na organização do discurso. Indivíduos leitores tendem a se expressar com mais clareza, utilizando argumentos bem estruturados e linguagem apropriada ao contexto. Em apresentações, entrevistas ou interações cotidianas, a leitura prévia de diferentes textos e autores oferece segurança e competência comunicativa.

A formação de leitores competentes é uma responsabilidade compartilhada entre escola e família. Desde os primeiros anos de vida, o contato com livros e histórias estimula o interesse pela leitura e favorece o desenvolvimento linguístico.

Na escola, a leitura deve ser integrada ao currículo de forma significativa, indo além das atividades mecânicas de decodificação. É necessário promover projetos de leitura, rodas de conversa, clubes do livro e outras ações que envolvam os alunos de maneira lúdica e reflexiva.

A família, por sua vez, pode criar um ambiente favorável à leitura ao disponibilizar livros em casa, ler com os filhos e valorizar o ato de ler. Segundo Abramovich (1997), contar histórias, ler em voz alta e compartilhar experiências literárias fortalecem o vínculo entre adultos e crianças, despertando o prazer pela leitura.

Apesar da reconhecida importância da leitura, muitos desafios persistem na promoção dessa prática. Entre eles estão o desinteresse dos alunos, a escassez de bibliotecas escolares bem estruturadas, a falta de formação dos professores para atuar como mediadores de leitura e o impacto das tecnologias digitais.

No entanto, também há inúmeras possibilidades de incentivo à leitura, inclusive por meio das próprias tecnologias. Plataformas digitais, audiobooks, e-readers e redes sociais literárias são recursos que podem ser utilizados de forma criativa e pedagógica para despertar o interesse dos jovens pela leitura.

Além disso, políticas públicas que garantam o acesso a livros, a ampliação de acervos e a formação continuada de educadores são medidas essenciais para fortalecer a cultura da leitura e, consequentemente, melhorar a comunicação da população.

 

 

Conclusão

 

A leitura é uma ferramenta poderosa para a melhoria da comunicação, pois contribui para o desenvolvimento da linguagem, do pensamento crítico, da escrita e da oralidade. Ao ampliar o vocabulário, refinar a argumentação e proporcionar contato com diferentes formas de expressão, a leitura potencializa as competências comunicativas do indivíduo.

É fundamental que a leitura seja valorizada e incentivada desde a infância, com o apoio da família, da escola e da sociedade. Dessa forma, será possível formar cidadãos mais preparados para se comunicar de forma clara, ética e eficaz em todos os contextos da vida.

 

 

Referências

 

ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: gostosuras e bobices. São Paulo: Scipione, 1997.

 

ANTUNES, Irandé. Aula de português: encontro e interação. São Paulo: Parábola Editorial, 2009.

 

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez, 1987.

 

SOARES, Magda Becker. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.

 

VYGOTSKY, Lev S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. São Paulo: Martins Fontes, 2001.