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A literatura infantil: contos e fábulas enriquecendo o contato das crianças com os livros

Ana Aparecida Granzotti
Renata Fernanda Granzotti
Mayara Cristina Volci da Silva
Sarita Rafela Vitor
Leonice Carretin Vitor

 

DOI: 10.5281/zenodo.15116696

 

 

RESUMO

A literatura infantil também tem o poder de refletir a diversidade cultural e social do mundo. Contos e fábulas de diferentes tradições oferecem às crianças uma visão mais ampla sobre as experiências humanas, promovendo empatia desde cedo. Isso é fundamental em um mundo cada vez mais globalizado onde a compreensão mútua é essencial. Os contos e fábulas são muito mais do que simples histórias; eles são portas de entrada para um universo rico em aprendizado e descoberta. Ao enriquecer o contato das crianças com os livros através dessas narrativas encantadoras, estamos não apenas cultivando futuros leitores ávidos, mas também moldando indivíduos mais conscientes, empáticos e criativos. Diante disto este estudo objetiva descrever o papel dos contos de fadas e das fábulas enriquecendo o contato da criança com os livros e adota como objetivos específicos ressaltar sobre o importante papel da escola pela valorização pela leitura assim como o papel do professor. A metodologia adotada é a revisão de literatura. Como resultados, verifica-se que a literatura infantil desempenha um papel crucial no desenvolvimento das crianças, não apenas como uma forma de entretenimento, mas também como uma ferramenta essencial para a formação de habilidades cognitivas, emocionais e sociais. Contos e fábulas, em particular, têm um lugar especial nesse universo literário, pois oferecem não apenas narrativas cativantes, mas também lições valiosas que ajudam na formação do caráter e na compreensão do mundo ao seu redor.

 

Palavras-chave: Literatura Infantil. Contos de Fadas. Fábulas. Livros.

 

 

INTRODUÇÃO

 

O contato com livros desde cedo é fundamental para o desenvolvimento intelectual e emocional das crianças. Ler conto, fábulas, entre outros, estimula a imaginação, aumenta a capacidade de concentração e melhora a memória e além disto, cria momentos especiais entre pais e filhos, quando as histórias são lidas em voz alta.

A literatura infantil desempenha um papel fundamental no desenvolvimento das crianças, não apenas como uma forma de entretenimento, mas também como uma ferramenta poderosa para a educação e a formação de valores. Dentro desse vasto universo literário, os contos e fábulas se destacam como obras que, através de suas narrativas simples e envolventes, enriquecem o contato das crianças com os livros. Essas histórias, que muitas vezes são passadas de geração em geração, apresentam mundos mágicos e personagens cativantes que capturam a imaginação dos pequenos leitores, ao mesmo tempo em que transmitem lições valiosas sobre a vida.

Diante disto este estudo objetiva descrever o papel dos contos de fadas e das fábulas enriquecendo o contato da criança com os livros e adota como objetivos específicos ressaltar sobre o importante papel da escola pela valorização pela leitura assim como o papel do professor.

A metodologia adotada é a revisão de literatura, uma abordagem sistemática e crítica que visa compilar, analisar e sintetizar o conhecimento existente sobre um determinado tema ou área de estudo. Essa metodologia é amplamente utilizada em diversas disciplinas acadêmicas e científicas, servindo como uma base para novas pesquisas, teorias e práticas. Foram selecionados livros e artigos de revistas para o desenvolvimento deste estudo.

Justifica-se a temática em questão pelo fato de que os contos de fadas, com sua rica tapeçaria de magia e aventura, transportam as crianças para reinos distantes onde príncipes e princesas enfrentam desafios e superam adversidades. Essas narrativas não apenas estimulam a criatividade, mas também ajudam as crianças a compreenderem conceitos complexos como amor, amizade, coragem e justiça. Por meio de personagens memoráveis e tramas envolventes, os contos de fadas oferecem um espaço seguro para que as crianças explorem suas emoções e aprendam a lidar com situações da vida real. Por outro lado, as fábulas, com sua estrutura concisa e moral clara, desempenham um papel igualmente importante na literatura infantil.

 

 

CARACTERIZANDO A LITERATURA INFANTIL

 

A literatura infantil se presta a estimular as crianças, despertando nelas, desde cedo, o prazer pela leitura, exigindo uma conscientização e uma participação segura por parte do leitor. “Livros, enfim, nos quais as crianças podem tocar que possam manusear que lhes permitam saber o que é “texto de verdade” e ter acesso ao conhecimento(MORTATTI, 2007, p. 11).

Pode-se dizer que a literatura infantil desempenha um papel crucial no desenvolvimento das crianças e no seu acesso ao conhecimento. Ela não apenas entretém, mas também educa e forma cidadãos críticos e criativos. Alguns aspectos importantes sobre a literatura infantil e seu impacto no aprendizado das crianças são: Desenvolvimento da Linguagem (os livros infantis expõem as crianças a novas palavras, frases e estruturas gramaticais. A leitura estimula o vocabulário e a compreensão linguística, ajudando-as a se expressar melhor e a desenvolver habilidades de comunicação); Imaginário e Criatividade (a literatura infantil é rica em imaginação e criatividade. As histórias fantásticas, personagens cativantes e enredos intrigantes estimulam a fantasia das crianças, encorajando-as a pensar de forma criativa e a desenvolver suas próprias narrativas); Compreensão do Mundo (livros infantis abordam diversos temas, como amizade, família, diversidade, emoções e desafios da vida. Esses temas ajudam as crianças a entenderem melhor o mundo ao seu redor, promovendo empatia e compreensão sobre diferentes culturas e realidades); Desenvolvimento Emocional (a literatura infantil frequentemente aborda questões emocionais de forma acessível. As crianças podem se identificar com os personagens e suas experiências, o que ajuda na construção da inteligência emocional. Livros que falam sobre sentimentos como medo, tristeza ou alegria permitem que as crianças explorem suas próprias emoções); Estímulo à Curiosidade (histórias envolventes despertam a curiosidade das crianças sobre o mundo. Quando leem sobre diferentes lugares, culturas ou eventos históricos, elas ficam mais propensas a fazer perguntas, pesquisar e buscar mais informações); Formação de Valores (a literatura infantil muitas vezes transmite valores essenciais como amizade, respeito, honestidade e solidariedade. Essas lições morais são apresentadas de maneira lúdica, permitindo que as crianças absorvam esses conceitos enquanto se divertem); Interação Social (a leitura em grupo ou a contação de histórias proporcionam momentos de interação social entre crianças e adultos. Essas experiências compartilhadas são fundamentais para o fortalecimento dos laços afetivos e para o desenvolvimento de habilidades sociais); entre outros.

Cunha (1984, p.36) ressalta que a literatura infantil tem, potencialmente, dois indicativos que estimulam a criança ao mundo da escrita: primeiro, porque seus conteúdos são do interesse infantil e segundo, porque é por meio desses conteúdos que a criança vai ser despertada para as características da língua escrita.

Pode-se dizer que este autor destaca que a literatura infantil possui dois aspectos importantes que incentivam as crianças a se interessar pela escrita. O primeiro é que os temas abordados nos livros infantis são atraentes para as crianças, capturando sua atenção e curiosidade. O segundo aspecto é que, ao explorar esses temas, as crianças começam a perceber como funciona a língua escrita, desenvolvendo assim uma compreensão mais profunda sobre a leitura e a escrita. Isso cria um ambiente propício para que elas se sintam motivadas a escrever e se expressar por meio das palavras.

O homem no seu processo de formação vai buscar aquilo que satisfaça suas expectativas e é justamente na infância que os questionamentos surgem e uma das melhores receitas é a literatura infantil, cuja linguagem simbólica vai de encontro à história que a criança tem em sua mente. É esta literatura responsável pela formação do caráter da criança, pois se o bem vence o mal nas histórias, pode influenciar a conduta e a postura da criança, iniciando-a a fazer um juízo. É importante para formação de qualquer criança, ouvir muitas e muitas histórias. Fazer com que a criança escute-as; é o início da aprendizagem para que ela venha a ser um leitor e faça infinitas descobertas e tenha uma maior compreensão do mundo. (ZANOTTO, 2003, p.06).

A literatura infantil é um campo rico em linguagem simbólica, que desempenha um papel crucial na maneira como as crianças compreendem o mundo ao seu redor. A linguagem simbólica é aquela que utiliza símbolos, imagens e metáforas para transmitir significados além do literal. Na literatura infantil, isso se manifesta através de personagens, cenários e enredos que representam ideias, emoções e conceitos mais amplos. Os autores de literatura infantil frequentemente usam símbolos para representar emoções complexas. Por exemplo, um dragão pode simbolizar o medo ou a ansiedade, enquanto uma floresta pode representar a aventura ou o desconhecido. Essas representações ajudam as crianças a explorar e entender suas próprias emoções.

A literatura infantil é uma porta de entrada para o conhecimento, criatividade e formação pessoal das crianças. Ao proporcionar acesso a histórias ricas em conteúdo educacional e emocional, contribuímos para o desenvolvimento integral das novas gerações, preparando-as para serem pensadores críticos e cidadãos conscientes no futuro.

 

 

O papel da escola na valorização da literatura e o papel do professor

 

Assim como afirma Costa (2009, p.12) a escola possui um papel fundamental na valorização da literatura, pois atribui valores positivos à inteligência e ao saber, mas, em consequência, confere importância ao exercício da leitura para formar o profissional e o cidadão. Com a valorização da instrução e da escola no país, percebe-se a carência de material adequado de leitura para as crianças brasileiras.

O contato com livros desde cedo é essencial para cultivar o hábito da leitura ao longo da vida. A literatura infantil não só instiga o interesse pela leitura como também proporciona um refúgio seguro onde as crianças podem explorar seus medos, desejos e curiosidades. Ao serem expostas a histórias que refletem suas próprias experiências ou que desafiam suas percepções sobre o mundo, elas tornam-se leitores críticos e criativos.

Conforme ressalta Bettelheim (2009, p.11) para que uma história realmente prenda a atenção da criança, a mesma deve entretê-la e despertar a sua curiosidade, imaginação: ajudá-la a desenvolver seu intelecto e a tornar claras suas emoções, estar em harmonia com suas ansiedades e aspirações; reconhecer plenamente suas dificuldades e ao mesmo tempo, sugerir soluções para os problemas os quais as perturbam. Resumindo, deve relacionar-se simultaneamente com todos os aspectos de sua personalidade, e isso sem nunca menosprezar a seriedade de suas dificuldades, mas, ao contrário, dando-lhe total crédito e, a um só tempo, promovendo a confiança da criança em si mesma e em seu futuro.

A relação das crianças com as histórias é vital para seu crescimento integral. As narrativas não apenas entretêm, mas também educam e moldam o caráter das futuras gerações. Contar ou ouvir histórias é uma atividade social que pode fortalecer laços entre familiares e amigos. As histórias proporcionam momentos de conexão e compartilhamento de experiências. Além de educar, as histórias são fontes de diversão, pois oferecem escapismo e entretenimento, permitindo que as crianças se divirtam enquanto aprendem.

A hora mágica das histórias propõe atividades que fortaleçam os laços afetivos que constituem um grupo. O campo afetivo deixa de ser neutro e não mais dificulta o posicionamento e a participação dos professores como contadores de histórias numa atuação prática com seus ouvintes. Brincando, declamando poesias, cantando, teatralizando, contando histórias, o professor deixa seu lado de adulto e se projeta numa forma peculiar de lucidez na maneira de contar. As histórias abrem espaços para falas sobre os sonhos e desejos (ABRAMOVICH, 2002, p.59).

Refere-se ao momento especial em que pais, avós ou cuidadores leem histórias para crianças. Esse ritual não apenas proporciona entretenimento, mas também fortalece laços afetivos de maneiras profundas e significativas. A hora da história é uma oportunidade para explorar mundos imaginários juntos. Essa exploração criativa pode levar a conversas sobre sonhos, medos e aspirações, aumentando a conexão emocional. A hora mágica da história é muito mais do que uma simples atividade; é um ritual poderoso que fortalece laços afetivos entre adultos e crianças. Por meio da criação de memórias compartilhadas, desenvolvimento da empatia, fortalecimento da comunicação, estímulo à criatividade e promoção do conforto emocional, essa prática se torna uma ponte essencial para conexões profundas e significativas na vida das crianças. É um momento mágico que deixa uma marca duradoura no coração de todos os envolvidos.

No campo da literatura cabe também ao professor explorar os vários aspectos da leitura, possibilitando estabelecer uma ligação do plano maravilhoso da história à experiência da criança no que se refere às relações humanas. Assim ela vai adquirindo noções de comportamento e de conhecimentos, formando valores sobre os quais terá início seu comportamento individual e social (DAVIS; OLIVEIRA, 2005, p.93).

Ainda segundo eles “é na interação de professor-aluno e aluno-aluno que o conhecimento e as formas de expressá-lo se constroem e se transformam” (DAVS; OLIVEIRA, 2005, p.94).

Explorar aspectos da leitura para a contação de histórias é uma prática incrível que pode enriquecer a experiência tanto do contador quanto do público. A escolha da história é fundamental onde deve-se considerar o público-alvo, a idade e os interesses. Histórias que possuem temas universais, como amizade, coragem e superação, tendem a ressoar bem com diversos grupos. Antes de contar uma história, é crucial compreendê-la profundamente, identificando os principais elementos tais como personagens, enredo e tema. Cada contador de histórias traz sua própria interpretação à narrativa. Pense em como você pode dar vida aos personagens com diferentes vozes, entonações e expressões faciais. O estilo de contação pode variar de uma abordagem mais dramática a uma mais lúdica.

Contar histórias a uma criança pequena, conforme afirma Figueiredo (2004, p.38) é uma atividade bastante corriqueira, nas mais diversas culturas do mundo, tanto do âmbito familiar como no escolar. Essa prática vem se reproduzindo através dos tempos e os estudos demonstram o importante papel que as histórias desempenham nos processos de aquisição e desenvolvimento da linguagem humana. As histórias infantis são utilizadas pelos adultos, pais ou professores, servindo como entretenimento, pois as crianças sempre demonstram muito interesse por elas.

Contar histórias é uma arte poderosa que pode educar, entreter e inspirar pessoas de todas as idades. Ao explorar esses aspectos da leitura na contação de histórias, você não apenas aprimora sua habilidade como contador, mas também cria experiências significativas para seu público.

Para Zanotto (2003, p.07) contar histórias deve ter uma rotina diária e nesse sentido “não significa necessariamente um livro diferente a cada dia, pois as crianças costumam eleger alguns livros como seus favoritos e pedem que sejam lidos, repetidas vezes”.

Contar histórias todos os dias para as crianças é uma prática maravilhosa que traz diversos benefícios. A leitura diária expõe as crianças a novas palavras, estruturas de frases e ritmos da língua. Isso ajuda a expandir seu vocabulário e a melhorar suas habilidades de comunicação. As histórias transportam as crianças para mundos diferentes, despertando sua imaginação. Elas começam a visualizar personagens, cenários e situações, o que é fundamental para o desenvolvimento criativo. Contar histórias é uma atividade íntima que fortalece o vínculo entre pais, avós ou cuidadores e as crianças. Esse momento de conexão cria memórias afetivas importantes e proporciona um senso de segurança emocional.Quando as crianças têm experiências positivas com histórias, elas tendem a desenvolver um amor pela leitura desde cedo. Isso pode levar a um hábito duradouro e ao prazer pela literatura ao longo da vida.

 

 

OS CONTOS

 

Segundo palavras de Souza (2017, p.12) o principal gênero o qual abriga a literatura infantil é o conto. A origem desta palavra está na forma latina commentu a qual significa invenção, ficção. Os contos contemporâneos possuem estrutura narrativa mais aberta e variada, ao passo que os contos clássicos, em geral os do universo do maravilhoso, apresentam quase sempre um modelo narrativo tipificado, sem muitas variações na estrutura. Os contos maravilhosos apresentam subdivisões, como contos de fadas, fantásticos, de aventuras, de viagens, entre outras classificações. Em geral, os contos de aventuras e viagens são mais extensos, como é o caso de “As viagens de Marco Polo” e “As viagens de Gulliver”, apresentando-se nas mais variadas versões e adaptações, que lhes reduzem não somente o tamanho, mas diversas vezes a grandeza estética.

Os contos são narrativas breves que geralmente focam em um único evento ou conflito, apresentando personagens, um enredo e uma resolução. Na literatura infantil, eles podem variar de fábulas e contos de fadas a histórias contemporâneas e mitos. Suas principais características são: simplicidade (a linguagem é acessível e direta, facilitando a compreensão das crianças); estrutura clara (os contos costumam seguir uma estrutura básica com introdução, desenvolvimento e conclusão, o que ajuda as crianças a entenderem a narrativa); personagens cativantes (diversas vezes, os personagens são animais falantes ou figuras mágicas que despertam a imaginação); moral ou mensagem (diversos contos têm uma lição ou moral no final, ensinando valores importantes como amizade, coragem e honestidade); e, elementos fantásticos (os contos frequentemente incorporam elementos mágicos ou sobrenaturais, transportando as crianças para mundos fascinantes).

A arte do conto é uma das mais difíceis da literatura. Esta forma breve de narrativa exige o máximo de concisão e de intensidade. O contista, no seu curto espaço, apresenta uma percepção aguda, concentrada. Algo tão depurado, tão reduzido ao essencial, que diversas vezes lembra muito o poema. As relevações que o conto produz estão numa região de fronteira entre a poesia e a prosa (GUIMARÃES, 2003).

A concisão no conto refere-se à habilidade de contar uma história de forma breve e direta, utilizando o mínimo de palavras para transmitir a essência da narrativa. Isso é fundamental por várias razões: atenção da criança (as crianças têm períodos de atenção mais curtos, e histórias concisas mantêm seu interesse e envolvimento); foco no essencial (a narrativa deve ir direto ao ponto, apresentando rapidamente os personagens, o conflito e a resolução sem muitos detalhes desnecessários); e, facilidade de compreensão (uma estrutura clara e direta facilita a compreensão da história, permitindo que as crianças absorvam a mensagem principal sem se perderem em complicações)

A intensidade no conto se refere à força emocional e ao impacto que a história tem sobre o leitor ou ouvinte. Isso pode ser alcançado através de: desenvolvimento rápido do conflito (os contos geralmente apresentam um conflito central logo no início, gerando curiosidade e urgência para saber como a situação será resolvida); personagens cativantes (mesmo em poucas páginas, os personagens precisam ser bem definidos e memoráveis, permitindo que as crianças se conectem emocionalmente com suas jornadas); clímax impactante (a construção de um clímax forte é essencial para manter o interesse da criança até o final da história. O clímax é o ponto alto da narrativa, onde a tensão atinge seu ápice antes da resolução); e, resolução satisfatória (um final que oferece uma conclusão clara e muitas vezes moralizante é importante para deixar uma impressão duradoura).

Mata (2014, p.241) define o conto sendo uma narrativa ficcional de caráter curto dotada de enredo e escrita em linguagem literária. Não é, portanto, um simples relato ocorrido em algum momento; é a exteriorização da imaginação. O autor vai além da simples realidade e cria fatos que estruturados resultam em uma obra que impressiona o leitor, ou seja, possui valor estético. Essa “exteriorização”, isto é, as palavras escritas, não é feita de qualquer forma, mas levando-se em conta a beleza e a comunicabilidade. O conto é tanto fruto da inteligência quando dos sentimentos.

O conto, especialmente na literatura infantil, possui um valor estético significativo que vai além da narrativa em si. Este valor estético é essencial para sua função na literatura infantil. Ele não só enriquece a experiência de leitura das crianças através de linguagem criativa e imagens vívidas, mas também promove uma conexão emocional profunda que pode moldar sua compreensão do mundo e sua sensibilidade artística. Os contos são muito mais do que histórias; eles são obras de arte que educam, emocionam e inspiram.

Carvalho (1976, p.15) lembra que o professor deve ter cuidado em relação às mensagens contidas nos contos; procurar substituir personagens como em “Pele de asno” em cujo enredo ocorre a perseguição do pai que quer se casar com a própria filha; o chapeuzinho vermelho que também foi devorada pelo lobo, juntamente com a avó. Assim é possível eliminar o desfecho que choca, em alguns contos infantis.

 

 

Os contos de fadas

 

Os contos mais famosos são os contos de fadas. A criação dos contos de fadas se liga à capacidade humana de se comunicar. Ao mesmo tempo em que nossos ancestrais adquirem a linguagem para poder atender melhor às necessidades básicas de alimentação, proteção e proliferação, também a utilizam para transcender os limites, diversas vezes duradouros, da realidade cotidiana, com a capacidade de narrar; fantasiar; recriar a vida na forma de histórias (CANTON, 2005, p.27).

Os contos de fadas possuem uma rica tradição que atravessa culturas e gerações, trazendo lições valiosas e encantamento. Contos de fadas frequentemente abordam temas universais como amor, coragem, justiça e a luta entre o bem e o mal. Esses temas ressoam com pessoas de todas as idades e culturas, tornando-os atemporais. Personagens como príncipes, princesas, bruxas e criaturas mágicas são arquétipos que aparecem em muitas narrativas ao redor do mundo, facilitando a identificação dos leitores com as histórias. A maioria dos contos de fadas segue uma estrutura simples: introdução, conflito e resolução. Essa clareza torna as histórias acessíveis para crianças e também agradáveis para adultos.

Os contos de fadas, como modelos de histórias para crianças, surgem na França, no final do século XVII, quando Charles Perrault publica a obra “Os contos da Mãe Gansa”. Nela, reúne-se os contos populares os quais circulam em seu país naquela época. Posteriormente, os Irmãos Grimm, na Alemanha, no século XIX, lançam a obra “Contos de Fadas para crianças e adultos”, uma coletânea de narrativas pertencentes ao folclore alemão. Ainda no século XIX, na Dinamarca, Hans Christian Andersen, no ano de 1990, publica contos recolhidos do folclore de seu país, como “A princesa e o grão de ervilha” e outros de sua própria criação como “O Patinho Feio”. O material reunido por estes autores forma o acervo dos contos de fadas que povoa o imaginário tanto de crianças quanto também dos adultos (SARAIVA, 2008, p.47).

Os Irmãos Grimm foram pioneiros na documentação de histórias que eram passadas oralmente. Ao fazer isso, eles não apenas preservaram essas narrativas, mas também ajudaram a legitimar a cultura folclórica como parte importante do patrimônio literário. Seus contos influenciaram não apenas a literatura infantil, mas também autores posteriores como Hans Christian Andersen e muitos escritores contemporâneos. Sua abordagem à narrativa folclórica continua a inspirar adaptações modernas. Os Irmãos Grimm, Jacob e Wilhelm, desempenharam um papel fundamental na preservação e popularização dos contos de fadas, deixando um legado que ainda ressoa na literatura infantil e na cultura popular.

Tatar (2004, p.09) ressalta que os contos de fadas são íntimos e pessoais, contando para as pessoas sobre a busca de romance e riquezas, de poder e privilégio e, o mais relevante, sobre um caminho para sair da floresta e voltar à proteção e segurança de casa. Dando um caráter terreno aos mitos e pensando-os em termos humanos em vez de heróicos, os contos de fada imprimem um efeito familiar às histórias no arquivo da imaginação coletiva.

Os contos de fadas são muito mais do que histórias simples; eles são tesouros culturais que ensinam lições valiosas enquanto encantam com sua magia. Sua popularidade duradoura é um testemunho do poder da narrativa em conectar pessoas através do tempo e do espaço. Seja lido à luz de uma lanterna antes de dormir ou assistido em uma tela grande, esses contos continuam a tocar corações em todo o mundo.

Para Andersen e seus colaboradores (2016, p.21) o maior valor dos contos de fada é ser literatura, desde que a versão/adaptação escolhida seja adequada. A convicção formada ao longo dos séculos é a de que a ausência dessa literatura é uma lacuna na construção desse ser de que pais e professores querem cuidar, para fazer florescer uma pessoa e um cidadão da melhor qualidade.

 

 

Os contos populares: uma breve descrição

 

De acordo com Saraiva (2008, p.58) citando palavras de Maria (1992) assim como lendas e fábulas possuem sua origem no folclore, diversos contos também procedem de fonte popular. Cristalizado na tradição oral dos povos, através da memória de consecutivas gerações, o conto popular é um agente de transmissão de valores éticos, conceitos morais, modelos de comportamento e concepções de mundo, contudo, sua função não se restringe apenas a esse aspecto educativo ou doutrinador, afinal, as situações vividas pelas personagens do universo ficcional das histórias também funcionam como válvula de escape para o homem que, pelo processo de identificação, satisfaz suas necessidades básicas de sonho e fantasia. Ainda hoje, essa forma simples de expressão literária continua encantando crianças e jovens. Entre os seus mais significativos, estão os contos de regiões ou países distintos e os contos de fadas.

Os contos populares são uma forma de transmitir tradições, costumes e valores de geração em geração. Eles ajudam a manter viva a identidade cultural de um povo. Os contos populares frequentemente apresentam elementos mágicos e fantásticos, estimulando a imaginação das crianças (e até dos adultos!). Eles transportam os ouvintes para mundos diferentes, onde tudo é possível. Esses contos podem ser adaptados e reinterpretados ao longo do tempo, permitindo que novas gerações encontrem relevância nas histórias antigas. Isso garante que eles permaneçam vivos e significativos.

Os contos populares brasileiros incluem pertencentes ao folclore do país que, em grande parte, se revelam como histórias próprias para crianças. Diversos destes contos, transmitidos pela tradição oral nas diversas regiões do Brasil, são variantes de relatos trazidos pelos povos os quais compõem a etnia brasileira. Entre eles, aparecem versões dos contos de fadas tradicionais como “O Chapeuzinho Vermelho” e o “Pequeno Polegar”; de fábulas antigas tais como “O gato e a raposa”; de contos divulgados na Europa durante a Idade Média, como “Uma lição do Rei Salomão”, e de relatos oriundos da Índia, tal como “Os quatro ladrões” (SARAIVA, 2008, p.61)

A relação entre contos populares e folclore é profunda e interligada, pois ambos fazem parte do mesmo tecido cultural que expressa as crenças, tradições e histórias de um povo. Os contos populares são uma das principais formas de preservação do folclore. Eles ajudam a transmitir a sabedoria popular, os costumes e os valores de uma comunidade. Por meio deles, as histórias da cultura local são mantidas vivas.

Segundo Faleiro (2010, p.10) a palavra folclore foi criada pelo arqueólogo inglês Ambrose Merton, cujo pseudônimo é William John Thoms (1803-1885), pesquisador da cultura popular européia, ele uniu os vocabúlos da língua inglesa folk e lore, “povo” e “saber”, respectivamente, criando assim o termo folklore. A partir daí, o termo passou a ter o significado de saber tradicional de um povo. em 22 de agosto de 1846, esse pesquisador publicou um artigo em uma revista da época propondo a criação do termo folklore para as lendas, usos e costumes populares de um povo. Devido a esse fato, no dia 22 de agosto de 1965 foi instituída aqui no Brasil a “data referência” do surgimento do termo folclore; a partir dessa data para nós, brasileiros, passou a ser comemorado todos os anos o dia do folclore. Todavia, isso não quer dizer que o folclore teve início a partir desta data, é óbvio que, mesmo antes dela, já existiam lendas, mitos, músicas, danças e outros temas que fazem parte da cultura popular de vários povos com seus usos e costumes típicos. Mesmo antes da Idade Média, na chamada Idade Antiga, os gregos criaram vários mitos e lendas para passar mensagens para as pessoas e também com o objetivo de preservar a memória histórica e cultural de seu povo.

Mitos são narrativas as quais possuem um forte componente simbólico. Como os povos da antiguidade não conseguiam explicar os fenômenos da natureza, através de explicações científicas, criavam mitos com este objetivo: dar sentido as coisas do mundo. Os mitos também serviam como uma forma de passar conhecimentos e alertar as pessoas sobre perigo ou defeitos e qualidades do ser humano. Deuses, heróis e personagens sobrenaturais se misturam com fatos da realidade para dar sentido à vida e ao mundo (MARA, 2007, p.03).

A relação entre mitos e folclore é bastante rica e complexa, pois ambos são expressões fundamentais da cultura de um povo, refletindo suas crenças, valores e tradições. Tanto os mitos quanto o folclore desempenham um papel explicativo para as comunidades. Os mitos frequentemente tentam responder a perguntas fundamentais sobre a existência humana e o universo, enquanto o folclore pode oferecer explicações mais práticas sobre costumes e tradições locais.

Rocha (2017, p.06) enfatiza que o mito é uma narrativa, um discurso, uma fala. Uma maneira de as sociedades espelharem suas contradições, exprimirem seus paradoxos, dúvidas e inquietações. Pode ser visto como uma possibilidade de se refletir a respeito da existência, do cosmo, das situações de “estar no mundo” ou as relações sociais.

Os contos populares são uma parte essencial do folclore, servindo como veículos para a transmissão de tradições culturais e valores sociais. Juntos, eles formam um rico patrimônio que enriquece vidas e conecta com as origens de cada um.

Já a lenda, segundo Mara (2007, p.09) é uma narrativa fantasiosa transmitida

pela tradição oral através dos tempos. De caráter fantástico e/ou fictício, as lendas combinam fatos reais e histórico com fatos irreais que são meramente produto da imaginação aventuresca humanas. Com exemplos bem definidos em todos os países do mundo, as lendas geralmente fornecem explicações plausíveis, e até certo ponto aceitáveis, para coisas que não têm explicações científicas comprovadas, como acontecimentos misteriosos ou sobrenaturais. Pode-se compreender que lenda é uma degeneração do Mito.

As lendas geralmente têm raízes em culturas específicas e refletem as crenças, valores e tradições de um povo. Elas servem como um meio de transmitir a história e a identidade cultural. Diversas lendas têm uma base histórica, envolvendo personagens ou eventos reais, mas que são embelezados com elementos fantásticos ou sobrenaturais ao longo do tempo. Elas costumam apresentar personagens arquetípicos, como heróis, vilões, seres sobrenaturais ou figuras míticas. Esses personagens representam qualidades humanas universais e são facilmente reconhecíveis.

Assim como o conto popular, a lenda é uma das fontes da literatura para a infância que apresenta as maravilhas do mundo, as maravilhas que existe na alma das pessoas, tendo a magia de deslumbrar e emocionar tanto as crianças como aos adultos e, simultaneamente, favorecer e cultiva a sua fantasia (FERREIRA, 2013, p.23).

Tradicionalmente, as lendas são transmitidas oralmente de geração em geração. Essa forma de contação de histórias permite que elas se adaptem e evoluam ao longo do tempo. As lendas não costumam ter uma data específica de origem; elas podem se passar em tempos antigos ou em épocas indefinidas, contribuindo para o seu caráter atemporal. Ao contar e recontar lendas, as comunidades reforçam sua identidade coletiva e senso de pertencimento, já que essas histórias conectam as pessoas a suas raízes culturais. As lendas podem se adaptar a diferentes contextos e épocas, permitindo que novas gerações se apropriem delas e as reinterpretam à luz de suas próprias experiências. Essas características fazem das lendas uma forma rica e fascinante de narrativa que continua a encantar e ensinar pessoas ao redor do mundo

A lenda, sendo semelhante ao conto, é um produto da imaginação dos povos que tem por fundamento qualquer acontecimento impressionante e insólito. Esta distingue-se do conto por persistir através dos tempos. Também se distingue das fábulas, por ter sempre como principal personagem o homem. Distingue-se ainda dos contos e das fábulas por ter sempre uma base, ainda que frágil, de realidade, ou seja, contém maior possibilidade de verosimilhança pois está adstrita a um espaço geográfico e a uma determinada época, o que não ocorre nos contos, os quais são situados num passado indefinido e num espaço indeterminado (FERREIRA, 2013, p.23).

 

 

Os contos Acumulativos: o que são

 

Também denominados de “lengalenga”,  são contos nos quais os episódios são sucessivamente encadeados, com ações e gestos que se articulam em longa seriação. Em outras palavras, são os “contos de nunca mais acabar”. Eles têm característica de uma longa parlenda, contada e recontada para divertir as crianças. Com essa estrutura de acumulação, os personagens aparecem no poema, conto ou canção, sempre retomando os anteriores. Os elementos se encadeiam e se juntam, um após o outro. Pode-se dizer que a lengalenga, ou conto acumulativo, assemelha-se a um redemoinho o qual começa pequeno, com pouca matéria, girando e sobe pela força do vento, mas à medida que o tempo passa, cresce, aumenta de volume, ganha velocidade e altura, pois, mais elementos como poeira, ciscos, objetos leves, são adicionados a ele (TAMAROZZI; COSTA, 2009).

A principal característica dos contos acumulativos é a repetição de uma sequência de eventos ou de frases. Cada nova parte da história adiciona um novo elemento, enquanto os anteriores são repetidos. Isso cria um efeito acumulativo que torna a narrativa envolvente e fácil de seguir. Os contos acumulativos ou lengalengas são uma forma lúdica e educativa de contar histórias que encanta tanto crianças quanto adultos.

Na educação de Jovens e Adultos (EJA) os contos de acumulação podem ser resgatados, pois, diversos dos estudantes, em algum momento de suas vidas, já ouviram alguém recitar ou cantar ou mesmo eles ainda usam a lengalenga para divertir seus filhos e netos, perpetuando assim a sua existência (TAMAROZZI; COSTA, 2009).

Trabalhar contos de acumulação no contexto da Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma prática muito enriquecedora e isto deve-se a diversas razões tais como a facilidade de compreensão (a estrutura repetitiva e acumulativa dos contos facilita a compreensão, especialmente para alunos que podem ter dificuldades de leitura ou escrita, assim, a repetição ajuda a fixar o conteúdo e a entender a narrativa); estímulo à memorização (a natureza cíclica dos contos acumulativos favorece a memorização. Os alunos podem lembrar mais facilmente das histórias, o que é benéfico para desenvolver habilidades linguísticas e de expressão); desenvolvimento da oralidade (contar e recontar histórias acumulativas promove a prática da oralidade, permitindo que os alunos melhorem suas habilidades de comunicação e expressão verbal. Isso é especialmente importante na EJA, onde muitos alunos podem ter pouca experiência em atividades orais); interatividade e participação (esses contos incentivam a participação ativa dos alunos, que podem interagir com a narrativa, repetir partes conhecidas ou até mesmo criar suas próprias versões. Isso gera um ambiente educativo mais dinâmico e envolvente); valorização da cultura popular (os contos acumulativos muitas vezes estão enraizados na cultura popular, refletindo tradições locais e valores comunitários. Trabalhar com essas histórias ajuda a valorizar a cultura dos alunos e a promover um sentimento de pertencimento); estimulação da criatividade (os alunos podem ser incentivados a criar suas próprias histórias acumulativas, o que estimula a criatividade e a imaginação. Essa prática pode ajudar no desenvolvimento de habilidades de escrita e narrativa); integração de temas transversais (os contos acumulativos podem abordar temas importantes, como amizade, respeito, solidariedade e resolução de conflitos. Isso permite que os educadores integrem questões sociais relevantes ao ensino); apoio à Inclusão (as características acessíveis dos contos acumulativos tornam essa prática inclusiva para diferentes níveis de habilidades literárias entre os alunos da EJA, promovendo um ambiente de aprendizado colaborativo); e por fim, fomento à reflexão crítica (ao discutir as histórias, os alunos podem refletir sobre os valores e as lições presentes nas narrativas, desenvolvendo um pensamento crítico em relação ao mundo ao seu redor).

Ao ensinar leitura em EJA, um fator importante é resgatar a autonomia dos alunos, ajudá-los a vencer a barreira do medo, da timidez ou vergonha que, via de regra, sentem por não saberem ler. Oferecer, em sala de aula, situações nas quais eles possam sentir-se leitores, mesmo antes de dominarem a leitura com proficiência, é fundamental para a elevação da autoestima e para a melhoria da autoimagem de tais estudantes. O trabalho com contos acumulativos contribui enormemente para isto, afinal, os alunos, ao se depararem com um texto longo e percebem que são capazes de decifrá-lo, de tê-lo, de entender seu significado, sentem-se felizes e satisfeitos consigo mesmos, além de animados para desafios novos (TAMAROZZI; COSTA, 2009).

Trabalhar com contos de acumulação na EJA oferece uma abordagem lúdica e educativa que atende às necessidades específicas dos alunos adultos, promovendo aprendizado significativo e desenvolvimento pessoal.

 

 

A VEZ DAS FÁBULAS

 

Segundo Carvalho (1976, p.20) a Fábula é representada por animais ou animais e homens. No caso de animais e seres inanimados, os interlocutores recebem o nome de apólogo; já a fábula representada por pessoas se chama parábola. É o resultado da capacidade imaginativa do ser humano. O criador da Fábula foi Esopo para a tradição escrita, no entanto há livros dele cujas histórias foram adaptadas para crianças nas editoras brasileiras.

O apólogo é uma narrativa breve que possui uma moral explícita. Ele é frequentemente utilizado para transmitir ensinamentos ou refletir sobre comportamentos humanos. Embora as fábulas sejam um tipo de apólogo, os apólogos podem também incluir histórias com personagens humanos ou situações do cotidiano. Já a parábola é uma forma de narrativa que também tem como objetivo transmitir uma moral ou ensinamento, mas se distingue do apólogo e da fábula pela sua estrutura e profundidade. As parábolas costumam ser mais elaboradas e podem conter múltiplas interpretações.

Toda a Fábula apresenta um personagem que, por não observar de maneira madura o contexto, acaba por expiar estados, diversas vezes, dolorosos de aprendizado, sendo assim, o principal objetivo de uma fábula é ensinar, através de uma ação moral, algo relevante para o desenvolvimento do interlocutor (THOMAZ, 2022, p.07).

Por serem concisas, as fábulas são facilmente memorizadas e se prestam a vários exercícios. Em alguns casos, a criança imagina a parte a qual chamou sua atenção transportando-se a sua realidade. Sendo que, os menores, podem transformar a fábula em uma história em quadrinhos. Por ser um gênero narrativo muito popular, a estrutura da fábula tem servido a diversas versões atualmente, assim é possível que nas fábulas modernas, tenham elas intenção humorística ou não, a linguagem empregada seja mais informal ou coloquial . Ao citar as fábulas, é preciso destacar que as mesmas devem ser inseridas como leitura prazerosa e significativa e que a metodologia elenca os recursos aplicados tais como vídeos, filmes infantis, livros, entre outros (SILVA; UEMURA, 2013, p.14).

As fábulas desempenham um papel fundamental na literatura infantil e têm características que as tornam especialmente valiosas para o desenvolvimento das crianças. Elas são conhecidas por suas lições morais claras. Cada história geralmente termina com uma mensagem que ensina valores importantes, como honestidade, amizade, lealdade e respeito. Isso ajuda as crianças a desenvolverem uma compreensão ética e a refletirem sobre suas ações. A leitura de fábulas contribui para o desenvolvimento da linguagem das crianças, enriquecendo seu vocabulário e habilidades de comunicação. Além disso, muitas fábulas são contadas em rimas ou com repetições, o que ajuda na memorização. Elas são uma ferramenta poderosa na literatura infantil, pois educam enquanto entretenham, promovem valores positivos e também ajudam no desenvolvimento emocional e social das crianças.

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Os contos e fábulas são portas mágicas que se abrem para um mundo de imaginação e aprendizado, proporcionando às crianças não apenas entretenimento, mas também valiosas lições de vida. Desde os tempos antigos, as histórias têm sido uma forma poderosa de comunicação, transmitindo valores culturais, morais e sociais de geração em geração.

Os contos são narrativas as quais podem variar em extensão e complexidade, mas todos têm um elemento em comum: a capacidade de levar os leitores a lugares extraordinários. Seja uma aventura em uma floresta encantada, uma jornada pelo espaço ou uma visita a reinos distantes, as histórias envolvem as crianças em tramas emocionantes que estimulam sua criatividade.

A leitura de contos ajuda no desenvolvimento da linguagem e da compreensão. À medida que as crianças mergulham nas narrativas, elas aprendem novas palavras, estruturas gramaticais e formas de expressão. Além disso, essas histórias frequentemente abordam temas universais como amizade, coragem e superação, o que contribui para a formação do caráter e da empatia.

As fábulas são um tipo específico de conto que se destaca por suas mensagens morais. Com personagens geralmente animais que falam e agem como humanos, as fábulas ensinam lições valiosas sobre comportamento e ética. Clássicos como "A Cigarra e a Formiga" ou "A Raposa e as Uvas" oferecem reflexões sobre prudência, trabalho duro e a importância de não julgar pela aparência.

Tais histórias curtas são ideais para crianças pequenas, pois transmitem suas mensagens de forma clara e concisa. As fábulas incentivam o pensamento crítico ao convidar os jovens leitores a refletirem sobre as ações dos personagens e suas consequências.

Para tornar o contato das crianças com os livros ainda mais envolvente é preciso: criar um ambiente acolhedor reservando um espaço confortável para a leitura, com almofadas, luz suave e uma seleção diversificada de livros; é preciso explorar diferentes gêneros; incentivar a criatividade propondo atividades relacionadas às histórias lidas, como desenhar personagens ou criar finais alternativos; visitar bibliotecas, ou seja, levar as crianças a bibliotecas para que assim possam explorar novos títulos e participar de atividades literárias; promover discussões após as leituras realizadas, entre outras ações.

Contos e fábulas são muito mais do que simples histórias; são ferramentas valiosas para o desenvolvimento das crianças. Ao enriquecer seu contato com os livros desde cedo, estamos não apenas alimentando sua imaginação, mas também preparando-as para enfrentar o mundo com empatia, curiosidade e habilidades críticas essenciais para a vida. Afinal, cada página virada é uma nova oportunidade de aprendizado.

 

 

REFERÊNCIAS

 

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