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A importância dos jogos e brincadeiras na Educação Infantil

Gleice Araújo
Silvia Godo
Kátia Regina Lastória
Kelly Regina Lastória
Andreza Costa Ribeiro

 

DOI: 10.5281/zenodo.15116752

 

 

RESUMO

Jogos e brincadeiras desempenham um papel fundamental na educação infantil, proporcionando um ambiente de aprendizagem lúdico e estimulante. Desde os primeiros anos de vida, as crianças utilizam o brincar como uma forma natural de explorar o mundo ao seu redor, desenvolver habilidades sociais e cognitivas, e expressar suas emoções. Por meio de atividades lúdicas, elas aprendem a compartilhar, colaborar e resolver conflitos, habilidades essenciais para sua convivência em grupo. Diante deste cenário este estudo tem por objetivo descrever sobre a importância dos jogos e brincadeiras na educação infantil e adota como objetivos específicos caracterizar os jogos de construção e ressaltar sobre o jogo no sistema educativo segundo Friedrich Froebel assim como ressaltar sobre as brincadeiras tradicionais e sua relevância no cenário cultural do país. A metodologia adotada é a revisão de literatura. Como resultados, verifica-se que os jogos e brincadeiras são componentes essenciais na educação infantil, contribuindo significativamente para o desenvolvimento integral das crianças. Eles promovem habilidades cognitivas, sociais, emocionais e físicas que são fundamentais para o crescimento saudável dos pequenos. Além disso, oferecem aos educadores uma poderosa ferramenta pedagógica capaz de transformar o aprendizado em uma experiência prazerosa e significativa. Os educadores têm um papel importante em guiar essas atividades, criando um ambiente seguro e acolhedor onde as crianças possam explorar livremente.

 

Palavras-chave: Jogos. Brincadeiras. Educação Infantil. Brincar.

 

 

INTRODUÇÃO

 

A infância é uma fase crucial para o desenvolvimento humano, marcada por descobertas, aprendizagens e interações sociais. Nesse contexto, os jogos e brincadeiras desempenham um papel fundamental na educação infantil. Eles não apenas promovem a diversão, mas também são ferramentas essenciais para o desenvolvimento integral das crianças. Neste texto, vamos explorar a importância dos jogos e brincadeiras na educação infantil, analisando seus benefícios cognitivos, sociais, emocionais e físicos.

Os jogos e brincadeiras estimulam o desenvolvimento cognitivo das crianças de várias maneiras e neste sentido este estudo adota como principal objetivo descrever sobre a importância dos jogos e brincadeiras na etapa de educação infantil e adota como objetivos específicos caracterizar os jogos de construção e ressaltar sobre o jogo no sistema educativo segundo Friedrich Froebel assim como ressaltar sobre as brincadeiras tradicionais e sua relevância no cenário cultural do país.

A metodologia adotada é a revisão de literatura, um um componente essencial no processo de pesquisa acadêmica. Ela não apenas fornece um panorama do conhecimento existente sobre um tema, mas também orienta os pesquisadores na construção de suas próprias investigações. Ao realizar uma revisão bem fundamentada, os pesquisadores podem contribuir significativamente para suas áreas de estudo e promover um diálogo contínuo entre diferentes trabalhos acadêmicos. A revisão ajuda a situar o tema da pesquisa dentro de um contexto mais amplo, mostrando como ele se relaciona com estudos anteriores e qual a sua relevância.

 

 

A EDUCAÇÃO INFANTIL E SUAS CARACTERÍSTICAS

 

Segundo Moreira e Lara (2012, p.26) a definição do termo Educação Infantil no sistema educacional brasileiro é recente. Esse termo é utilizado para delimitar a primeira etapa da Educação Básica, responsável pela educação das crianças de zero a cinco anos. Para os que pesquisam a respeito da infância, a utilização de tal termo enquanto etapa para definir a educação da criança pequena diz respeito a uma constante explicação de seus contornos e limites no campo o qual envolve a pesquisa sobre a infância tomada como objeto por diferentes campos do saber científico, como as áreas de saúde, do direito, do trabalho, da sociologia, da história, da antropologia e das ciências humanas e sociais, incluindo a demografia, a arquitetura, as artes, as letras, o serviço social, a linguística, a educação física e a área educacional, as quais também têm a infância como objeto de estudo e campo de intervenção.

A educação infantil é a primeira etapa da educação básica e abrange o atendimento de crianças de 0 a 5 anos, sendo oferecida em creches e pré-escolas. Seu principal objetivo é promover o desenvolvimento integral da criança, abrangendo aspectos físicos, psicológicos, sociais e cognitivos. Essa fase da educação é caracterizada por um enfoque lúdico, onde o brincar é visto como uma forma essencial de aprendizado. As crianças são incentivadas a explorar, interagir e experimentar o mundo ao seu redor, desenvolvendo habilidades como a criatividade, a linguagem, a socialização e a autonomia e além disto, a educação infantil busca criar um ambiente seguro e acolhedor que favoreça o bem-estar das crianças e envolva as famílias no processo educativo. É uma fase crucial para estabelecer as bases do aprendizado futuro e contribuir para a formação de cidadãos críticos e participativos.

A Educação Infantil transformou-se na porta de entrada da Educação Básica com a Constituição Federal de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação – Lei nº 9.394/1996 e com isso o atendimento de crianças pequenas passa da Assistência Social para a Educação (COSTA; OLIVEIRA, LÍRIO, 2021).

Para os autores Vercelli e Strangherlim (2015) desde a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN – lei 9.394/96) a qual determinou a Educação Infantil como a primeira etapa da Educação Básica, viu-se, no cenário educacional, a cada ano, um aumento de pesquisas realizadas nesse nível de ensino, entretanto, a Educação Infantil ainda é motivo de preocupação dos pesquisadores de crianças pequenas, uma vez que os estudos na área ainda revelam a dicotomia entre o cuidar e educar na escola da infância, a formação (inicial e continuada) e as práticas pedagógicas dos profissionais da Educação Infantil sendo fortemente influenciadas pela perspectiva da racionalidade técnica da educação em detrimento da razão crítico – reflexiva.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a Lei 9.394/96, é um marco importante na educação brasileira, estabelecendo os princípios e normas que regem a educação em todos os níveis, incluindo a educação infantil. Essa lei reconhece a educação infantil como a primeira etapa da educação básica e enfatiza sua importância no desenvolvimento integral das crianças. De acordo com esta lei a educação infantil deve ser oferecida em creches e pré-escolas, atendendo crianças de 0 a 5 anos e ela ainda destaca que essa fase da educação tem como objetivo o desenvolvimento físico, psicológico, intelectual e social das crianças, proporcionando experiências que favoreçam o aprendizado por meio do brincar e da interação.

 

 

OS JOGOS NO CENÁRIO DA EDUCAÇÃO INFANTIL

 

Recentemente, o valor do jogo para o desenvolvimento tem sido ressaltado, difundindo de forma positiva e utilizado com valor educativo, assim, a maneira de o jogo ser concebido pela sociedade quanto ao seu significado mudou e continua mudando de acordo com o tempo e espaço. Hoje é, efetivamente, uma palavra difícil de ser definida. Seus usos são múltiplos, estando, por exemplo, relacionado à atividade lúdica infantil e/ou adulta e, de forma metafórica, a interesses no âmbito político (AMBRA, 2012, p.12).

O jogo é uma atividade essencial na vida das crianças, funcionando como um meio natural de aprendizado e desenvolvimento. Desde os primeiros anos, brincar se torna uma ferramenta poderosa que contribui para o crescimento físico, emocional, social e cognitivo dos pequenos. Vamos explorar os diferentes aspectos do valor do jogo nesse contexto.

Lima (2008, p.33-34) afirma que os jogos são situações privilegiadas, quando incentivados e valorizados no contexto educacional os quais permitem às crianças a estabilização e o enraizamento daquilo que já sabem sobre as diversas áreas. Quando, numa atividade, o professor define o conteúdo, a forma, os meios, e a utiliza como um recurso para alcançar a aprendizagem de conceitos, tal proposta não pode ser chamada de jogo, pois as suas características essenciais não foram preservadas.

Jogos estimulam a mente das crianças de diversas maneiras. Por meio de atividades lúdicas, elas aprendem a resolver problemas, a pensar criticamente e a desenvolver habilidades de raciocínio lógico. Jogos de tabuleiro, quebra-cabeças e jogos de memória são exemplos que desafiam as crianças a encontrar soluções e tomar decisões estratégicas e além disto, ao explorar novos conceitos durante o jogo, as crianças desenvolvem sua curiosidade e criatividade.

Schwartz (2004, p.05) vê no jogo uma ponte possível para transitar entre o real, o imaginário e o simbólico, portanto, para uma educação transformadora, na linha do desejo, que nos aponta para a necessidade de sonhar sonhos (im) possíveis.

Os jogos oferecem um espaço fértil para a criatividade florescer. Quando as crianças brincam "de faz de conta", elas criam cenários imaginários onde podem ser quem quiserem: super-heróis, exploradores ou até mesmo personagens de suas histórias favoritas. Essa liberdade criativa incentiva o pensamento original e a capacidade de inovar.

Grando (2004, p.11) em relação aos jogos apresenta as seguintes vantagens: (Re) significação de conceitos já aprendidos de uma forma motivadora para o aluno; introdução e desenvolvimento de conceitos de difícil compreensão; desenvolvimento de estratégias de resolução de problemas (desafio dos jogos); aprender a tomar decisões e saber avaliá-las; significação para conceitos aparentemente incompreensíveis; propicia o relacionamento das diferentes disciplinas (interdisciplinaridade); requer a participação ativa do aluno na construção do seu próprio conhecimento; favorece a interação social entre os alunos e a conscientização do trabalho em grupo; fator de interesse para os alunos; favorece o desenvolvimento da criatividade do senso crítico, da participação, da competição “sadia”, da observação das várias formas de uso da linguagem do resgate do prazer em aprender; atividades com jogos podem ser utilizadas para desenvolver habilidades de que os alunos necessitam, sendo útil no trabalho com alunos de diferentes níveis e tais atividades também; e por fim, permitem ao professor identificar e diagnosticar algumas dificuldades dos alunos.

Já em relação as desvantagens, Grando (2004, p.12) apresenta: quando os jogos são mal utilizados, existe o perigo de dar ao jogo um caráter puramente aleatório, tornando-se um “apêndice” em sala de aula. Os alunos jogam e se sentem motivados apenas pelo jogo, sem saber por que jogam; tempo gasto com as atividades de jogo em sala de aula é maior e, se o professor não estiver preparado, pode existir um sacrifício de outros conteúdos pela falta de tempo; falsas concepções de que se devem ensinar todos os conceitos através de jogos, por isso, as aulas, em geral, transformam-se em verdadeiros cassinos, também sem sentido algum para o aluno; perda da “ludicidade” do jogo pela interferência constante do professor, destruindo a essência; coerção do professor, exigindo que o aluno jogue mesmo que ele não queira, destruindo a voluntariedade pertencente à natureza do jogo; dificuldade de acesso e disponibilidade do material sobre o uso de jogos no ensino que possam vir a subsidiar o trabalho docente.

 

 

Os Jogos de Construção

 

Jogos de Construção, segundo Kishimoto e seus colaboradores (2003, p.32) trata-se de manuseio de peças de maneira livre, ou seja, sem que o professor de coordenadas, de modo que a criança construa o seu mundo com essas peças. Através do exercício de construir, transformar, desmanchar, começar de novo, a criança expressa suas emoções, seu imaginário e exterioriza seus problemas, permitindo um desenvolvimento afetivo e intelectual.

Jogos de construção são uma forma poderosa e divertida de aprendizagem que oferece inúmeros benefícios para o desenvolvimento das crianças. Com seus objetivos focados em habilidades motoras, criatividade e resolução de problemas, esses jogos não apenas entretêm, mas também preparam as crianças para enfrentar desafios futuros com confiança. Incentivar esse tipo de brincadeira é fundamental para criar um ambiente onde as crianças possam explorar sua imaginação e desenvolver habilidades essenciais para a vida.

Aroeira, Soares e Mendes (1996, p.28) destacam a importância do trabalho com jogos de construção a iniciar pela imitação, oferecendo à criança um modelo, inicialmente simples e, aos poucos, ir tornando os esquemas oferecidos mais complexos, fazendo a criança perceber as possibilidades de uso de peças diferenciadas em termos de tamanho e espessura em uma mesma construção.

Os jogos de construção são uma das formas mais enriquecedoras de brincadeira, permitindo que as crianças criem, experimentem e aprendam de maneira lúdica. Esses jogos incluem uma variedade de materiais, como blocos de madeira, LEGO, argila, ou até mesmo materiais recicláveis.

 

 

Froebel e o jogo no sistema educativo

 

Froebel foi o primeiro pedagogo a incluir o jogo no sistema educativo. Ele acreditava que a personalidade da criança pode ser aperfeiçoada e enriquecida pelo brinquedo e que a principal função do professor, neste caso, é fornecer situação e materiais para o jogo. Para o pedagogo, as crianças aprendem por meio do brincar, admirável instrumento para promover sua educação (AGUIAR, 2004,p.11).

Friedrich Froebel foi um educador alemão amplamente reconhecido como o fundador do jardim de infância (kindergarten). Sua abordagem inovadora à educação infantil enfatizou a importância do jogo como uma ferramenta fundamental para o aprendizado e o desenvolvimento das crianças. Froebel acreditava que o jogo não era apenas uma forma de entretenimento, mas sim uma atividade essencial que promove a aprendizagem holística.

Jesus (2010, p.04) complementa que nos Estados Unidos, na virada do século XVIII para XIX, passou-se a aderir à proposta do filósofo Froebel (1782-1852), que acreditava que o brincar livre e o uso de jogos para educar crianças no pré- escolar poderiam ser introduzidos no contexto infantil, considerando que a criança desperta as habilidades mediante estímulos. Sua proposta acabou influenciando a educação infantil de todos os países, surgindo daí então a criação dos jardins de infância.

Froebel via a criança como um ser ativo, curioso e criativo. Para ele, cada criança possui um potencial único que deve ser cultivado. A educação, segundo sua filosofia, deveria respeitar o ritmo natural de desenvolvimento da criança e proporcionar experiências significativas que estimulassem sua curiosidade e imaginação. O jogo, nesse contexto, é uma expressão natural do desenvolvimento infantil.

Alves (2001, p.18) detalha que Froebel (1782-1852) foi um idealizador dos jardins de infância, com base na concepção de que a criança é um ser dotado de natureza distinta da do adulto, fortalece os métodos lúdicos na educação, colocando o jogo como parte integrante da educação infantil, jogo este caracterizado pelas ações de liberdade e espontaneidade. Assim como a linguagem é a expressão. Dessa forma a teoria froebeliana determinou o jogo como fator decisivo para a educação infantil.

Na perspectiva froebeliana, o jogo é considerado um elemento central na educação infantil, pois proporciona às crianças oportunidades valiosas para aprender de forma ativa e envolvente. Essa abordagem ajuda a formar bases sólidas para o aprendizado ao longo da vida, promovendo não apenas habilidades acadêmicas, mas também competências sociais e emocionais essenciais. Segundo Froebel, o jogo não é apenas uma forma de entretenimento, mas sim uma maneira de aprender. Ele propôs que as crianças aprendem melhor através da ação e da experiência prática, e o jogo oferece um espaço seguro para que possam experimentar, criar e interagir com os outros. Através do brincar, as crianças desenvolvem habilidades sociais, emocionais e cognitivas, além de promoverem sua imaginação e criatividade.

Oliveira - Formosinho e seus colaboradores (2007, p.41) afirmam que em 1817, em Keilhau, Froebel funda o primeiro empreendimento educativo, o Instituto Alemão de Educação Universal, onde até 1831 procura definir e divulgar suas principais teses sobre a educação, apresentando-as no livro A educação do homem (1826). É nesse período que Froebel, em suas conversações, começa a manifestar a intenção de usar meios mais naturais para educar e instruir crianças de três a sete anos, apresentando, dessa forma, o primeiro esboço daquela que seria a sua grande realização: o kindergarten.

O termo "kindergarten" vem do alemão e significa "jardim da infância". Froebel criou este conceito em 1837, ao estabelecer a primeira instituição desse tipo na Alemanha. A ideia era criar um ambiente educativo que fosse tão natural e estimulante quanto um jardim, onde as crianças pudessem crescer e se desenvolver. Para Froebel, o jardim simbolizava um espaço de cultivo, onde as crianças poderiam florescer por meio do aprendizado e da brincadeira.

Ao organizar sua metodologia de trabalho nos jardins-de-infância, Froebel selecionou algumas atividades para serem executadas com as crianças, entre as quais as conversações, ou seja, as rodinhas, a hora dos contos, o estudo dos seres vivos, os passeios ao ar livre, o contato com a natureza nos jardins e hortas, diversos tipos de jogos, tais como os de construção, de movimentação físicas e sensorial, de atenção, de memória, de linguagem, de movimentos corporais, de expressão rítmica, além de trabalhos manuais e desenho. Os materiais educativos por ele criados e denominados dons e as respectivas ocupações formuladas para a descoberta e a sistematização de sua exploração talvez sejam as ideias pedagógicas de Froebel mais divulgadas. Contudo, em alguns documentos, ele fala de outros tipos de jogos que deveriam ser executados com as crianças, e a denominação desses já pode revelar a sensibilidade e a criatividade da proposta pedagógica de Froebel para os jardins: jogos do seu entorno (jogos da vida, jogos da beleza, jogos do conhecimento); jogos para a formação interior (jogos de fantasia, jogos de criação, criação a partir de materiais, cores, tons, movimentos, palavras; jogos para a formação do sentimento e para desenvolver a sensibilidade (jogos de flores, jogos de símbolos, jogos da vida, jogos de costumes); e por fim, jogos para desenvolver o sentido comum, o sentido de ordem e o sentido de justiça e que também proporcionem, segundo sua finalidade, o conhecimento e o domínio da natureza: jogos com elementos da natureza – ar, água, fogo, terra, pedras, barro e muitos outros (BARBOSA, 2008, p.97)

O legado de Friedrich Froebel é imenso e continua a influenciar práticas educativas em todo o mundo. Sua visão sobre o papel do jogo na educação infantil levou ao reconhecimento da importância do aprendizado ativo e da brincadeira no desenvolvimento das crianças. Muitos educadores contemporâneos ainda incorporam suas ideias em abordagens pedagógicas modernas, reconhecendo que brincar é uma parte vital do processo educativo.

Embora Froebel não tenha sido o primeiro a analisar o valor educativo do jogo, ele foi o primeiro a colocá-lo como parte essencial do trabalho pedagógico, ao criar o jardim de infância com uso dos jogos e brincadeiras. Antes dele (de Froebel), três concepções veiculavam as relações existentes entre o jogo infantil e a educação sendo: 1 recreação, 2 uso do jogo para favorecer o ensino de conteúdos escolares e por fim, 3 diagnóstico da personalidade infantil e recurso para ajustar o ensino às necessidades infantis. (KISHIMOTO, 1998, p.38).

Friedrich Froebel revolucionou a forma como entendemos a educação infantil ao destacar o valor do jogo como uma ferramenta educativa essencial. Sua filosofia continua a ressoar nas práticas pedagógicas atuais, lembrando-nos da importância de proporcionar às crianças oportunidades ricas para brincar, explorar e aprender em um ambiente acolhedor e estimulante. Ao valorizar o jogo na educação, estamos investindo no futuro das novas gerações, ajudando-as a se tornarem indivíduos criativos e bem-sucedidos.

 

 

A VEZ DAS BRINCADEIRAS

 

Para Albuquerque (2016, p.22) a brincadeira é uma atividade a qual merece destaque nas práticas escolares, afinal, à medida que a criança brinca, ela estabelece um contato maior com sua corporeidade, promovendo uma aproximação da ludicidade. Numa atividade lúdica, a criança pode equilibrar suas emoções, desenvolver sua percepção e atuação motora, expressar seus pensamentos e conhecer o seu corpo e neste sentido, pode-se apontar que a experiência lúdica inclui percepção e conhecimento das possibilidades e limitações do próprio corpo. A atividade lúdica possibilita à criança um contato maior com o seu corpo, com os objetos e o ambiente, além de uma interação maior com os seus pares e com os adultos para que ela desenvolva a capacidade afetiva, a sensibilidade, a autoestima, a motricidade, o pensamento e a linguagem, enfim, é uma atividade integradora.

A brincadeira é uma das formas mais naturais e relevantes de interação para as crianças. Desde os primeiros anos de vida, brincar se torna uma atividade essencial que vai muito além do simples entretenimento. É um meio poderoso de aprendizado e desenvolvimento, permitindo que as crianças explorem o mundo ao seu redor de maneira divertida e significativa.

Souza (2016, p.45) ressalta que nas brincadeiras as crianças podem desenvolver algumas capacidades intelectuais, cognitivas e emocionais relevantes tais como: atenção, imaginação, memória, imaginação, dentre outras. Amadurecem também algumas capacidades de socialização, através da interação, da utilização e da experimentação de regras e papéis sociais, e para que as crianças possam exercer sua capacidade de criar é imprescindível que haja riqueza e diversidade nas experiências as quais lhe são oferecidas nas instituições, sejam elas mais voltadas às brincadeiras ou às experiências as quais ocorrem por meio de uma interação direta.

Ao brincar, as crianças exercitam suas capacidades cognitivas. Elas aprendem a resolver problemas, desenvolver estratégias e fazer escolhas. Jogos de tabuleiro ou quebra-cabeças, por exemplo, estimulam o raciocínio lógico e a tomada de decisões. Brincar em grupo ensina habilidades sociais valiosas. As crianças aprendem a compartilhar, cooperar e se comunicar com os outros. Elas também experimentam emoções como empatia e frustração, desenvolvendo sua inteligência emocional. A brincadeira permite que as crianças expressem suas emoções e imaginação. Atividades como dramatizações ou artes plásticas incentivam a criatividade e ajudam as crianças a processarem suas experiências e também sentimentos.

Conforme Maluf (2004, p.32) sabe-se que é possível ao ser humano adquirir e construir o saber, brincando. Através das brincadeiras pode-se desenvolver o senso de companheirismo; brincando, individualmente ou em grupos, vive-se uma experiência a qual enriquece a sociabilidade e a capacidade de se tornar mais criativos. Aprende-se a conviver, aprende-se a ganhar ou perder, a esperar a vez, lidar melhor com possíveis frustrações, aumenta-se a motivação e consegue-se uma participação satisfatória.

Segundo Silva e Pines Junior (2017) conforme palavras de Silva e Gonçalves (2010) a brincadeira apresenta tais características: ato de divertimento, segundo as diretrizes da ludicidade não preocupado com a razão ou com a sua respectiva formação; ação baseada em regras simples; momento de ausência de tensão e não compromisso com resultados; liberdade na sua construção e ao praticar; tem como eixo norteador a busca pelo prazer e alegria; e, enorme dimensão simbólica criando ponte entre os mundos (real e imaginário).

Segundo Santaiana (2008, p.12) a ludicidade e o brincar são certamente elementos considerados vitais no planejamento das atividades para a educação infantil, e discutir a respeito deles não significa desmerecer sua relevância, pelo contrário, é importante repensar como, por vezes, eles são utilizados também como poderes reguladores dos sujeitos infantis.

A brincadeira é uma atividade lúdica essencial para o crescimento integral das crianças. Ela não apenas proporciona diversão, mas também desempenha um papel crucial no desenvolvimento emocional, social e cognitivo. Encorajar as crianças a brincar livremente é fundamental para que possam explorar suas capacidades e entender melhor o mundo ao seu redor.

As brincadeiras são admiráveis instrumentos de realização para o ser humano, especialmente para as crianças; reúnem potencialidades, desenvolvem iniciativas, exercitam capacidades de concentrar a atenção, descobrir, criar e, especialmente, de permanecer em atividade. Está claro que as brincadeiras desempenham um papel decisivo para converter as crianças em adultos maduros, com grande imaginação e autoconfiança (MALUF, 2004, p.42).

É importante criar ambientes seguros e estimulantes onde as crianças possam brincar livremente. Afinal, brincar é uma forma poderosa de aprendizagem que molda não apenas quem elas são hoje, mas também quem se tornarão no futuro Para os autores Santos e Pacheco (2020, p.19) a brincadeira faz parte do universo infantil, sendo assim faz parte do ambiente escolar também e ela é de suma relevância para o desenvolvimento da criança, desde seus primeiros dias de

vida até a fase adulta.

A brincadeira é o ato de brincar, a ação lúdica. A ação da criança com os objetos (brinquedos) que a possibilita construir conhecimento, desenvolver habilidades sensoriais e perceptomotoras, elaborar e descarregar conflitos e assim aprender a lidar com as emoções. A brincadeira é considerada também metacomunição, ou seja, nela a criança desenvolve a capacidade de se colocar no lugar do outro e de compreender como esse outro pensa (MONTEIRO, 2013, p.27).

A ação lúdica na educação infantil é uma abordagem pedagógica que valoriza o brincar como uma das principais formas de aprendizado das crianças. Desde os primeiros anos de vida, as crianças utilizam o jogo e a brincadeira para explorar o mundo, interagir com seus pares e desenvolver habilidades diversas. Essa prática não apenas torna o processo educativo mais prazeroso, mas também é fundamental para o desenvolvimento integral da criança.

Para Pessoa (2022, p.51) a ação lúdica é imprescindível na educação infantil, afinal, compreende-se que nesta faixa etária escolar, durante os jogos e brincadeiras, estabelecem-se relevantes relações entre as atividades, matérias e seus significados. Os jogos assumem posição de relevância envolvendo aspectos além de práticas as quais proporcionem desenvoltura corporal, entretanto, englobem a totalidade do ser, como enfatiza a teoria referente à psicomotricidade.

A ação lúdica na educação infantil é uma prática essencial que promove o aprendizado de maneira natural e envolvente. Ao integrar o brincar ao cotidiano escolar, os educadores ajudam as crianças a desenvolverem habilidades cognitivas, sociais e emocionais, preparando-as para os desafios futuros com confiança e alegria.

 

 

O BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL

 

Conforme os autores Zatz e seus colaboradores (2006, p.13-14) o ato de brincar é intrínseco à vida e ao aprendizado e tal experiência essencialmente natural não é exclusiva do homem, pois é sabido que os animais também brincam. Os mamíferos aprendem quase tudo o que necessitam saber para a sua vida adulta por meio de brincadeiras, em que as crias experimentam, entre si e com adultos, capacidades e habilidades que serão necessárias no futuro. Desenvolve, assim, as técnicas de caça (brincam de se esconder e assustar o outro, de morder, de fugir) e de luta também (brincando de brigar e lutar, rolando pelo chão). Poderia se dizer que com os homens, guardadas as proporções, o processo ocorre de forma semelhante. É brincando que a criança conhece o ambiente que a cerca. Desde recém-nascido, o bebê estabelece uma relação lúdica com as pessoas. Os pais brincam com ele, estimulando os sentidos que compõem sua interface com o mundo. Em seguida, o bebê aprende a brincar com o próprio corpo, especialmente com seus pés e suas mãos. Depois de alguns meses, começa a se interessar pelos objetos e introduzi-los na sua brincadeira. No início brinca sozinho; depois, consegue brincar junto. Brincando, a criança aprende a se relacionar, a compartilhar as coisas, a se comunicar e a expressar suas ideias e sentimentos assim como também descobre o prazer de cantar, dançar, desenhar, representar e desenvolve seu raciocínio, sua linguagem, sua criatividade.

O brincar é um catalisador para a criatividade. Quando as crianças inventam histórias ou constroem mundos imaginários com seus brinquedos, elas exercitam sua capacidade criativa. Essa habilidade é vital não só na infância, mas também ao longo da vida, pois fomenta a inovação e a resolução criativa de problemas.

Jesus (2010, p.05) afirma que se tem que concordar que o brincar não significa somente recrear, é muito mais, sendo uma das formas que a criança encontra de se comunicar com o mundo. O brincar, em todas as suas formas, é capaz de proporcionar alegria e divertimento.

Brincar é uma atividade natural e inerente ao ser humano, especialmente nas crianças. É uma forma de expressão que permite que elas explorem o mundo ao seu redor, experimentem novas ideias e desenvolvam sua criatividade. Quando as crianças brincam, elas não apenas se divertem, mas também aprendem sobre si mesmas e sobre os outros. Um dos maiores benefícios de brincar é a felicidade que isso proporciona. Durante a brincadeira, as crianças sentem uma liberdade única; elas podem ser quem quiserem, assumir diferentes papéis e criar cenários imaginários. Esse espaço para a imaginação é essencial para o desenvolvimento emocional, pois permite que expressem seus sentimentos e lidem com suas emoções de maneira lúdica.

Kraemer (2007, p.11) afirma que os brinquedos ou as atividades lúdicas fazem parte do mundo da criança. Brincar faz parte da infância, e o normal é que todas as crianças brinquem. Os adultos brincaram, as crianças brincam hoje e as crianças do futuro brincarão com certeza e essa afirmação é aceita por toda a humanidade sem questionamentos. No dia-a-dia de uma criança, o brincar é algo que se destaca para o seu desenvolvimento. Ela evolui à medida que o tempo passa e novas brincadeiras são inseridas ao longo de seu processo de amadurecimento.

Os brinquedos são considerados atividades lúdicas pois proporcionam um espaço seguro e divertido para a exploração, a criatividade e a aprendizagem. Os brinquedos são muito mais do que simples objetos; eles são ferramentas essenciais para o desenvolvimento infantil. As atividades lúdicas proporcionadas pelos brinquedos promovem aprendizado, criatividade, socialização e regulação emocional, tornando-se fundamentais na formação das crianças.

Kishimoto (1998, p.20-21) ressalta que o brincar supõe, de inicio, que, no conjunto das atividades humanas, algumas sejam repertoriadas e designadas como “brincar” a partir de um processo de designação e de interpretação complexo. Não é objetivo desta comunicação mostrar que esse processo de designação varia de acordo com as diferentes culturas. O ludus latino não é idêntico ao brincar francês. Cada cultura, em função de analogias que estabelece, vai construir uma esfera delimitada, de forma mais vaga que precisa, daquilo que numa determinada cultura é designável como jogo. O simples fato de utilizar o termo não é neutro, mas traz em si um certo corte do real, uma certa representação do mundo. Antes das novas formas de pensar nascidas do Romantismo, a cultura brasileira parece ter designado como “brincar” uma atividade que se opõe a “trabalhar”, caracterizada por sua futilidade e oposição ao que é sério. Foi nesse contexto que a atividade infantil pode ser designada com o mesmo termo, mais para salientar os aspectos negativos (oposição às tarefas sérias da vida) do que por sua dimensão positiva, que só aparecerá quando a revolução romântica inverter os valores atribuídos aos termos dessa oposição.

Brincar é uma atividade natural e instintiva, especialmente em crianças. Os brinquedos facilitam essa brincadeira, permitindo que as crianças explorem o mundo ao seu redor de maneira divertida. Através do ato de brincar, elas desenvolvem habilidades sociais, emocionais e cognitivas.

Schwartz (2004, p.05) tem proposto o brincar como veículo para resgatar a humanidade, para entrar em contato com a sensibilidade e com a criatividade esquecidas, para possibilitar um olhar que descubra o ridículo (no sentido de risível) da realidade que anseia pela transformação, ao mesmo tempo em que se percebe presa ao tradicional pelo medo de mudar, sujeita à mesmice, na compulsão à repetição, mesmo sabendo que a mudança é a lei da vida: as espécies que não mudaram se extinguiram.

O brincar é uma atividade intrinsecamente humana que vai muito além do simples entretenimento; ele é um veículo poderoso para resgatar e expressar a humanidade em várias dimensões. O brincar é uma expressão fundamental da condição humana; ele resgata aspectos essenciais da nossa humanidade, como criatividade, empatia, aprendizado e conexão social. Em um mundo que muitas vezes parece dividido ou estressante, promover atividades lúdicas pode ser uma forma poderosa de restabelecer laços humanos significativos e celebrar nossa diversidade enquanto buscamos um futuro mais unido.

Macedo e seus colaboradores (2007, p. 13-14) afirmam que o brincar é fundamental para o desenvolvimento das pessoas. É a principal atividade das crianças quando não estão dedicadas às suas necessidades de sobrevivência, ou seja, repouso, alimentação, entre outros. Todas as crianças brincam se não estão cansadas, doentes ou impedidas. Brincar é envolvente, interessante e informativo, envolvente pois coloca a criança em um contexto de interação em que suas atividades físicas e fantasiosas, bem como os objetivos que servem de projeção ou suporte delas, fazem parte de um mesmo contínuo topológico. Interessante porque canaliza, orienta, organiza as energias da criança, dando-lhes forma de atividade ou ocupação. Informativo porque, nesse contexto, ela pode aprender sobre as características dos objetos, os conteúdos pensados ou imaginados. O brincar é agradável por si mesmo, aqui e agora. Na perspectiva da criança, brinca-se pelo prazer de brincar, e não porque suas consequências sejam eventualmente positivas ou preparadoras de alguma outra coisa. No brincar, objetivos, meios e resultados tornam-se indissociáveis e enredam a criança em uma atividade gostosa por si mesma, pelo que proporciona no momento de sua realização.

O brincar é uma das atividades mais naturais e fundamentais da infância. Desde os primeiros meses de vida, as crianças são atraídas por brinquedos, sons e movimentos que estimulam sua curiosidade e criatividade. Essa interação lúdica não é apenas uma forma de entretenimento; é uma maneira essencial de aprender sobre o mundo ao seu redor. O brincar é uma parte intrínseca da infância que desempenha um papel crucial no desenvolvimento integral da criança. Ele proporciona um ambiente rico em aprendizado, onde as habilidades cognitivas, sociais, emocionais e físicas podem florescer. Portanto, incentivar o brincar livre e criativo deve ser uma prioridade para pais, educadores e toda a sociedade. Ao valorizar essa atividade essencial, se está investindo no futuro das crianças, um futuro onde elas se tornam adultos mais criativos, empáticos e preparados para enfrentar os desafios da vida.

Zatz e seus colaboradores (2006, p.15) apresentam que alguns filósofos garantem que brincar é a base da cultura de um povo. Brincadeiras tradicionais vêm sendo transmitidas de uma geração à outra, de um país para outro, há centenas, milhares de anos. É comum as pessoas não se darem conta da grandeza e riqueza que existe nesta transmissão. Não é simplesmente a mecânica de determinado jogo, uma parlenda ou rima infantil que está sendo ensinada, por trás dessa maneira, uma concepção de mundo se manifesta. Distintas realidades e contextos sociais e culturais se expressam através das brincadeiras que as crianças realizam. Talvez seja possível mesmo conhecer e compreender diversas coisas sobre uma comunidade simplesmente vendo as brincadeiras das crianças da comunidade em questão.

As brincadeiras tradicionais são aquelas que atravessam gerações, muitas vezes passadas de pais para filhos, e que refletem a cultura e os costumes de um povo. Essas atividades lúdicas não apenas proporcionam diversão, mas também desempenham um papel fundamental no desenvolvimento social, emocional e cognitivo das crianças. Vamos explorar alguns dos valores que essas brincadeiras trazem. As brincadeiras tradicionais são um elo entre as gerações e ajudam a preservar a cultura de um povo. Elas costumam ter raízes profundas em histórias, mitos e tradições locais. Ao participar dessas brincadeiras, as crianças aprendem sobre sua herança cultural, promovendo um senso de identidade e pertencimento.

Pensando no valor do brincar para a aprendizagem da criança unida as características sociais da mesma, compreende-se que uma das maneiras de utilizar essa ferramenta, o brincar como caminho ao alcance de objetivos educacionais, encontra-se nas brincadeiras e brinquedos tradicionais. Uma boneca, por exemplo, geralmente comprada pelos pais pode ser construída e utilizada nos momentos de brincadeira pelas crianças. A aula de artes plásticas pode ser mais divertida, com a proposta de construção de um brinquedo, pois desafia diversas habilidades da criança e possibilita a construção de um trabalho interdisciplinar como sugerem os Referenciais Curriculares Nacionais para Educação Infantil (RCNEI) 1998 (PESSOA, 2022, p.72).

Muitas brincadeiras tradicionais envolvem movimento físico intenso, o que é ótimo para o desenvolvimento motor das crianças. Atividades como correr, pular ou dançar ajudam a melhorar a coordenação motora, o equilíbrio e a força física. Além disso, promovem um estilo de vida ativo desde cedo, contribuindo para a saúde física.As brincadeiras tradicionais muitas vezes permitem uma grande liberdade criativa. Por exemplo, em jogos como “faz de conta”, as crianças podem criar seus próprios cenários e personagens, estimulando a imaginação e a capacidade de inventar histórias. Essa criatividade é fundamental não apenas para o entretenimento, mas também para o desenvolvimento do pensamento crítico.

Ao professor é possível desempenhar um relevante papel na utilização dos jogos e brincadeiras, entretanto, para isso ele necessita discernir quando deve intervir ou somente observar, integrar-se como participante, dar informações ou discutir de maneira crítica, selecionar quantidade e variedades de materiais, possibilitando o acesso a todos. É fundamental que o professor conheça as contribuições das atividades lúdicas para a aprendizagem e desenvolvimento dos educandos para realizar tais atividades de maneira consciente e eficaz em sua prática na sala de aula (BESERRA; BESERRA, 2021, p.11).

O brinquedo, o jogo e a infância estão muito ligados, sendo que desde os primeiros anos de vida se é orientado a brincar com jogos e objetos, seja para aprender ou simplesmente para distrair, mas tais palavras fazem parte e sentido do universo infantil (BESERRA; BESERRA, 2021, p.05). O brincar é caracterizado como um ato de diversão, apresentando enorme dimensão simbólica e a existência de regras simples, sendo fundamental, em potencial, para o desenvolvimento integral das crianças a partir do seu nascimento. A criança através do brincar assimila valores, assume comportamentos, desenvolve diversas áreas de conhecimento, exercita-se fisicamente e aprimora habilidades motoras (SILVA; PINES JUNIOR, 2017, p.26).

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Jogos e brincadeiras são elementos essenciais na educação infantil, proporcionando um ambiente rico em aprendizado e desenvolvimento. Através dessas atividades lúdicas, as crianças não apenas se divertem, mas também adquirem habilidades e conhecimentos que serão fundamentais ao longo de suas vidas.

Os jogos estimulam o raciocínio lógico, a memória e a capacidade de resolução de problemas. Atividades como quebra-cabeças, jogos de tabuleiro e brincadeiras que envolvem números ajudam as crianças a desenvolver habilidades matemáticas e cognitivas de forma divertida. Elas aprendem a pensar criticamente, a planejar estratégias e a tomar decisões.

Através do brincar em grupo, as crianças aprendem a interagir com seus pares. Elas praticam habilidades sociais essenciais, como compartilhar, cooperar, negociar e resolver conflitos. Essas interações ajudam a criar laços de amizade e a desenvolver empatia, preparando-as para uma convivência harmoniosa em sociedade.

Os jogos oferecem um espaço seguro para que as crianças expressem suas emoções. Durante as brincadeiras, elas podem explorar sentimentos como alegria, tristeza, medo ou raiva de maneira lúdica. Essa expressão é fundamental para o desenvolvimento emocional saudável, permitindo que elas compreendam e gerenciem suas emoções.

Brincadeiras ativas, como correr, pular ou jogar bola, são essenciais para o desenvolvimento motor das crianças. Elas ajudam a melhorar a coordenação motora grossa e fina, além de promover hábitos saudáveis desde cedo. O movimento também contribui para o bem-estar físico e mental das crianças.

Os jogos criativos permitem que as crianças explorem sua imaginação e inventem novos mundos. Ao participar de atividades como dramatizações ou jogos simbólicos, elas exercitam sua capacidade criativa, uma habilidade vital não apenas na infância, mas também na vida adulta. A criatividade é fundamental para a inovação e resolução de problemas.

Os jogos tornam o aprendizado mais significativo ao conectar conceitos acadêmicos com experiências práticas. Por exemplo, ao brincar de mercado, as crianças podem aprender sobre matemática (contagem de dinheiro), ciências (tipos de alimentos) e até mesmo ética (a importância de compartilhar). Essa abordagem prática torna o conhecimento mais palpável e duradouro.

Tanto os jogos quanto as brincadeiras têm seu lugar importante no desenvolvimento infantil, cada um com suas características únicas que contribuem para o aprendizado e crescimento das crianças. Enquanto os jogos oferecem estrutura e objetivos claros, as brincadeiras promovem liberdade criativa e interações sociais ricas. Incorporar ambos na rotina das crianças é essencial para garantir  um  desenvolvimento  integral  que  abrange  habilidades  cognitivas, emocionais e sociais.

A inclusão de jogos e brincadeiras na educação infantil é fundamental para promover um desenvolvimento integral nas crianças. Essas atividades lúdicas não apenas proporcionam diversão, mas também são ferramentas poderosas para estimular habilidades cognitivas, sociais, emocionais e físicas. Ao valorizar o brincar como parte do processo educativo, educadores e pais estão contribuindo para formar indivíduos mais criativos, empáticos e preparados para enfrentar os desafios da vida em sociedade. Os jogos e brincadeiras desempenham papéis fundamentais no desenvolvimento infantil e possuem características distintas que os tornam únicos.

 

 

REFERÊNCIAS

 

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VERCELLI, Ligia de Carvalho Abões.; STANGHERLIM, Roberta. Formação de professores e práticas pedagógicas na Educação Infantil. Jundiaí, Paco Editorial, 2015.

 

ZATZ, Silvia.; et al. Brinca comigo!: tudo sobre brincar e os brinquedos. São Paulo: Marco Zero, 2006.

 

 

 

A literatura infantil: contos e fábulas enriquecendo o contato das crianças com os livros

Ana Aparecida Granzotti
Renata Fernanda Granzotti
Mayara Cristina Volci da Silva
Sarita Rafela Vitor
Leonice Carretin Vitor

 

DOI: 10.5281/zenodo.15116696

 

 

RESUMO

A literatura infantil também tem o poder de refletir a diversidade cultural e social do mundo. Contos e fábulas de diferentes tradições oferecem às crianças uma visão mais ampla sobre as experiências humanas, promovendo empatia desde cedo. Isso é fundamental em um mundo cada vez mais globalizado onde a compreensão mútua é essencial. Os contos e fábulas são muito mais do que simples histórias; eles são portas de entrada para um universo rico em aprendizado e descoberta. Ao enriquecer o contato das crianças com os livros através dessas narrativas encantadoras, estamos não apenas cultivando futuros leitores ávidos, mas também moldando indivíduos mais conscientes, empáticos e criativos. Diante disto este estudo objetiva descrever o papel dos contos de fadas e das fábulas enriquecendo o contato da criança com os livros e adota como objetivos específicos ressaltar sobre o importante papel da escola pela valorização pela leitura assim como o papel do professor. A metodologia adotada é a revisão de literatura. Como resultados, verifica-se que a literatura infantil desempenha um papel crucial no desenvolvimento das crianças, não apenas como uma forma de entretenimento, mas também como uma ferramenta essencial para a formação de habilidades cognitivas, emocionais e sociais. Contos e fábulas, em particular, têm um lugar especial nesse universo literário, pois oferecem não apenas narrativas cativantes, mas também lições valiosas que ajudam na formação do caráter e na compreensão do mundo ao seu redor.

 

Palavras-chave: Literatura Infantil. Contos de Fadas. Fábulas. Livros.

 

 

INTRODUÇÃO

 

O contato com livros desde cedo é fundamental para o desenvolvimento intelectual e emocional das crianças. Ler conto, fábulas, entre outros, estimula a imaginação, aumenta a capacidade de concentração e melhora a memória e além disto, cria momentos especiais entre pais e filhos, quando as histórias são lidas em voz alta.

A literatura infantil desempenha um papel fundamental no desenvolvimento das crianças, não apenas como uma forma de entretenimento, mas também como uma ferramenta poderosa para a educação e a formação de valores. Dentro desse vasto universo literário, os contos e fábulas se destacam como obras que, através de suas narrativas simples e envolventes, enriquecem o contato das crianças com os livros. Essas histórias, que muitas vezes são passadas de geração em geração, apresentam mundos mágicos e personagens cativantes que capturam a imaginação dos pequenos leitores, ao mesmo tempo em que transmitem lições valiosas sobre a vida.

Diante disto este estudo objetiva descrever o papel dos contos de fadas e das fábulas enriquecendo o contato da criança com os livros e adota como objetivos específicos ressaltar sobre o importante papel da escola pela valorização pela leitura assim como o papel do professor.

A metodologia adotada é a revisão de literatura, uma abordagem sistemática e crítica que visa compilar, analisar e sintetizar o conhecimento existente sobre um determinado tema ou área de estudo. Essa metodologia é amplamente utilizada em diversas disciplinas acadêmicas e científicas, servindo como uma base para novas pesquisas, teorias e práticas. Foram selecionados livros e artigos de revistas para o desenvolvimento deste estudo.

Justifica-se a temática em questão pelo fato de que os contos de fadas, com sua rica tapeçaria de magia e aventura, transportam as crianças para reinos distantes onde príncipes e princesas enfrentam desafios e superam adversidades. Essas narrativas não apenas estimulam a criatividade, mas também ajudam as crianças a compreenderem conceitos complexos como amor, amizade, coragem e justiça. Por meio de personagens memoráveis e tramas envolventes, os contos de fadas oferecem um espaço seguro para que as crianças explorem suas emoções e aprendam a lidar com situações da vida real. Por outro lado, as fábulas, com sua estrutura concisa e moral clara, desempenham um papel igualmente importante na literatura infantil.

 

 

CARACTERIZANDO A LITERATURA INFANTIL

 

A literatura infantil se presta a estimular as crianças, despertando nelas, desde cedo, o prazer pela leitura, exigindo uma conscientização e uma participação segura por parte do leitor. “Livros, enfim, nos quais as crianças podem tocar que possam manusear que lhes permitam saber o que é “texto de verdade” e ter acesso ao conhecimento(MORTATTI, 2007, p. 11).

Pode-se dizer que a literatura infantil desempenha um papel crucial no desenvolvimento das crianças e no seu acesso ao conhecimento. Ela não apenas entretém, mas também educa e forma cidadãos críticos e criativos. Alguns aspectos importantes sobre a literatura infantil e seu impacto no aprendizado das crianças são: Desenvolvimento da Linguagem (os livros infantis expõem as crianças a novas palavras, frases e estruturas gramaticais. A leitura estimula o vocabulário e a compreensão linguística, ajudando-as a se expressar melhor e a desenvolver habilidades de comunicação); Imaginário e Criatividade (a literatura infantil é rica em imaginação e criatividade. As histórias fantásticas, personagens cativantes e enredos intrigantes estimulam a fantasia das crianças, encorajando-as a pensar de forma criativa e a desenvolver suas próprias narrativas); Compreensão do Mundo (livros infantis abordam diversos temas, como amizade, família, diversidade, emoções e desafios da vida. Esses temas ajudam as crianças a entenderem melhor o mundo ao seu redor, promovendo empatia e compreensão sobre diferentes culturas e realidades); Desenvolvimento Emocional (a literatura infantil frequentemente aborda questões emocionais de forma acessível. As crianças podem se identificar com os personagens e suas experiências, o que ajuda na construção da inteligência emocional. Livros que falam sobre sentimentos como medo, tristeza ou alegria permitem que as crianças explorem suas próprias emoções); Estímulo à Curiosidade (histórias envolventes despertam a curiosidade das crianças sobre o mundo. Quando leem sobre diferentes lugares, culturas ou eventos históricos, elas ficam mais propensas a fazer perguntas, pesquisar e buscar mais informações); Formação de Valores (a literatura infantil muitas vezes transmite valores essenciais como amizade, respeito, honestidade e solidariedade. Essas lições morais são apresentadas de maneira lúdica, permitindo que as crianças absorvam esses conceitos enquanto se divertem); Interação Social (a leitura em grupo ou a contação de histórias proporcionam momentos de interação social entre crianças e adultos. Essas experiências compartilhadas são fundamentais para o fortalecimento dos laços afetivos e para o desenvolvimento de habilidades sociais); entre outros.

Cunha (1984, p.36) ressalta que a literatura infantil tem, potencialmente, dois indicativos que estimulam a criança ao mundo da escrita: primeiro, porque seus conteúdos são do interesse infantil e segundo, porque é por meio desses conteúdos que a criança vai ser despertada para as características da língua escrita.

Pode-se dizer que este autor destaca que a literatura infantil possui dois aspectos importantes que incentivam as crianças a se interessar pela escrita. O primeiro é que os temas abordados nos livros infantis são atraentes para as crianças, capturando sua atenção e curiosidade. O segundo aspecto é que, ao explorar esses temas, as crianças começam a perceber como funciona a língua escrita, desenvolvendo assim uma compreensão mais profunda sobre a leitura e a escrita. Isso cria um ambiente propício para que elas se sintam motivadas a escrever e se expressar por meio das palavras.

O homem no seu processo de formação vai buscar aquilo que satisfaça suas expectativas e é justamente na infância que os questionamentos surgem e uma das melhores receitas é a literatura infantil, cuja linguagem simbólica vai de encontro à história que a criança tem em sua mente. É esta literatura responsável pela formação do caráter da criança, pois se o bem vence o mal nas histórias, pode influenciar a conduta e a postura da criança, iniciando-a a fazer um juízo. É importante para formação de qualquer criança, ouvir muitas e muitas histórias. Fazer com que a criança escute-as; é o início da aprendizagem para que ela venha a ser um leitor e faça infinitas descobertas e tenha uma maior compreensão do mundo. (ZANOTTO, 2003, p.06).

A literatura infantil é um campo rico em linguagem simbólica, que desempenha um papel crucial na maneira como as crianças compreendem o mundo ao seu redor. A linguagem simbólica é aquela que utiliza símbolos, imagens e metáforas para transmitir significados além do literal. Na literatura infantil, isso se manifesta através de personagens, cenários e enredos que representam ideias, emoções e conceitos mais amplos. Os autores de literatura infantil frequentemente usam símbolos para representar emoções complexas. Por exemplo, um dragão pode simbolizar o medo ou a ansiedade, enquanto uma floresta pode representar a aventura ou o desconhecido. Essas representações ajudam as crianças a explorar e entender suas próprias emoções.

A literatura infantil é uma porta de entrada para o conhecimento, criatividade e formação pessoal das crianças. Ao proporcionar acesso a histórias ricas em conteúdo educacional e emocional, contribuímos para o desenvolvimento integral das novas gerações, preparando-as para serem pensadores críticos e cidadãos conscientes no futuro.

 

 

O papel da escola na valorização da literatura e o papel do professor

 

Assim como afirma Costa (2009, p.12) a escola possui um papel fundamental na valorização da literatura, pois atribui valores positivos à inteligência e ao saber, mas, em consequência, confere importância ao exercício da leitura para formar o profissional e o cidadão. Com a valorização da instrução e da escola no país, percebe-se a carência de material adequado de leitura para as crianças brasileiras.

O contato com livros desde cedo é essencial para cultivar o hábito da leitura ao longo da vida. A literatura infantil não só instiga o interesse pela leitura como também proporciona um refúgio seguro onde as crianças podem explorar seus medos, desejos e curiosidades. Ao serem expostas a histórias que refletem suas próprias experiências ou que desafiam suas percepções sobre o mundo, elas tornam-se leitores críticos e criativos.

Conforme ressalta Bettelheim (2009, p.11) para que uma história realmente prenda a atenção da criança, a mesma deve entretê-la e despertar a sua curiosidade, imaginação: ajudá-la a desenvolver seu intelecto e a tornar claras suas emoções, estar em harmonia com suas ansiedades e aspirações; reconhecer plenamente suas dificuldades e ao mesmo tempo, sugerir soluções para os problemas os quais as perturbam. Resumindo, deve relacionar-se simultaneamente com todos os aspectos de sua personalidade, e isso sem nunca menosprezar a seriedade de suas dificuldades, mas, ao contrário, dando-lhe total crédito e, a um só tempo, promovendo a confiança da criança em si mesma e em seu futuro.

A relação das crianças com as histórias é vital para seu crescimento integral. As narrativas não apenas entretêm, mas também educam e moldam o caráter das futuras gerações. Contar ou ouvir histórias é uma atividade social que pode fortalecer laços entre familiares e amigos. As histórias proporcionam momentos de conexão e compartilhamento de experiências. Além de educar, as histórias são fontes de diversão, pois oferecem escapismo e entretenimento, permitindo que as crianças se divirtam enquanto aprendem.

A hora mágica das histórias propõe atividades que fortaleçam os laços afetivos que constituem um grupo. O campo afetivo deixa de ser neutro e não mais dificulta o posicionamento e a participação dos professores como contadores de histórias numa atuação prática com seus ouvintes. Brincando, declamando poesias, cantando, teatralizando, contando histórias, o professor deixa seu lado de adulto e se projeta numa forma peculiar de lucidez na maneira de contar. As histórias abrem espaços para falas sobre os sonhos e desejos (ABRAMOVICH, 2002, p.59).

Refere-se ao momento especial em que pais, avós ou cuidadores leem histórias para crianças. Esse ritual não apenas proporciona entretenimento, mas também fortalece laços afetivos de maneiras profundas e significativas. A hora da história é uma oportunidade para explorar mundos imaginários juntos. Essa exploração criativa pode levar a conversas sobre sonhos, medos e aspirações, aumentando a conexão emocional. A hora mágica da história é muito mais do que uma simples atividade; é um ritual poderoso que fortalece laços afetivos entre adultos e crianças. Por meio da criação de memórias compartilhadas, desenvolvimento da empatia, fortalecimento da comunicação, estímulo à criatividade e promoção do conforto emocional, essa prática se torna uma ponte essencial para conexões profundas e significativas na vida das crianças. É um momento mágico que deixa uma marca duradoura no coração de todos os envolvidos.

No campo da literatura cabe também ao professor explorar os vários aspectos da leitura, possibilitando estabelecer uma ligação do plano maravilhoso da história à experiência da criança no que se refere às relações humanas. Assim ela vai adquirindo noções de comportamento e de conhecimentos, formando valores sobre os quais terá início seu comportamento individual e social (DAVIS; OLIVEIRA, 2005, p.93).

Ainda segundo eles “é na interação de professor-aluno e aluno-aluno que o conhecimento e as formas de expressá-lo se constroem e se transformam” (DAVS; OLIVEIRA, 2005, p.94).

Explorar aspectos da leitura para a contação de histórias é uma prática incrível que pode enriquecer a experiência tanto do contador quanto do público. A escolha da história é fundamental onde deve-se considerar o público-alvo, a idade e os interesses. Histórias que possuem temas universais, como amizade, coragem e superação, tendem a ressoar bem com diversos grupos. Antes de contar uma história, é crucial compreendê-la profundamente, identificando os principais elementos tais como personagens, enredo e tema. Cada contador de histórias traz sua própria interpretação à narrativa. Pense em como você pode dar vida aos personagens com diferentes vozes, entonações e expressões faciais. O estilo de contação pode variar de uma abordagem mais dramática a uma mais lúdica.

Contar histórias a uma criança pequena, conforme afirma Figueiredo (2004, p.38) é uma atividade bastante corriqueira, nas mais diversas culturas do mundo, tanto do âmbito familiar como no escolar. Essa prática vem se reproduzindo através dos tempos e os estudos demonstram o importante papel que as histórias desempenham nos processos de aquisição e desenvolvimento da linguagem humana. As histórias infantis são utilizadas pelos adultos, pais ou professores, servindo como entretenimento, pois as crianças sempre demonstram muito interesse por elas.

Contar histórias é uma arte poderosa que pode educar, entreter e inspirar pessoas de todas as idades. Ao explorar esses aspectos da leitura na contação de histórias, você não apenas aprimora sua habilidade como contador, mas também cria experiências significativas para seu público.

Para Zanotto (2003, p.07) contar histórias deve ter uma rotina diária e nesse sentido “não significa necessariamente um livro diferente a cada dia, pois as crianças costumam eleger alguns livros como seus favoritos e pedem que sejam lidos, repetidas vezes”.

Contar histórias todos os dias para as crianças é uma prática maravilhosa que traz diversos benefícios. A leitura diária expõe as crianças a novas palavras, estruturas de frases e ritmos da língua. Isso ajuda a expandir seu vocabulário e a melhorar suas habilidades de comunicação. As histórias transportam as crianças para mundos diferentes, despertando sua imaginação. Elas começam a visualizar personagens, cenários e situações, o que é fundamental para o desenvolvimento criativo. Contar histórias é uma atividade íntima que fortalece o vínculo entre pais, avós ou cuidadores e as crianças. Esse momento de conexão cria memórias afetivas importantes e proporciona um senso de segurança emocional.Quando as crianças têm experiências positivas com histórias, elas tendem a desenvolver um amor pela leitura desde cedo. Isso pode levar a um hábito duradouro e ao prazer pela literatura ao longo da vida.

 

 

OS CONTOS

 

Segundo palavras de Souza (2017, p.12) o principal gênero o qual abriga a literatura infantil é o conto. A origem desta palavra está na forma latina commentu a qual significa invenção, ficção. Os contos contemporâneos possuem estrutura narrativa mais aberta e variada, ao passo que os contos clássicos, em geral os do universo do maravilhoso, apresentam quase sempre um modelo narrativo tipificado, sem muitas variações na estrutura. Os contos maravilhosos apresentam subdivisões, como contos de fadas, fantásticos, de aventuras, de viagens, entre outras classificações. Em geral, os contos de aventuras e viagens são mais extensos, como é o caso de “As viagens de Marco Polo” e “As viagens de Gulliver”, apresentando-se nas mais variadas versões e adaptações, que lhes reduzem não somente o tamanho, mas diversas vezes a grandeza estética.

Os contos são narrativas breves que geralmente focam em um único evento ou conflito, apresentando personagens, um enredo e uma resolução. Na literatura infantil, eles podem variar de fábulas e contos de fadas a histórias contemporâneas e mitos. Suas principais características são: simplicidade (a linguagem é acessível e direta, facilitando a compreensão das crianças); estrutura clara (os contos costumam seguir uma estrutura básica com introdução, desenvolvimento e conclusão, o que ajuda as crianças a entenderem a narrativa); personagens cativantes (diversas vezes, os personagens são animais falantes ou figuras mágicas que despertam a imaginação); moral ou mensagem (diversos contos têm uma lição ou moral no final, ensinando valores importantes como amizade, coragem e honestidade); e, elementos fantásticos (os contos frequentemente incorporam elementos mágicos ou sobrenaturais, transportando as crianças para mundos fascinantes).

A arte do conto é uma das mais difíceis da literatura. Esta forma breve de narrativa exige o máximo de concisão e de intensidade. O contista, no seu curto espaço, apresenta uma percepção aguda, concentrada. Algo tão depurado, tão reduzido ao essencial, que diversas vezes lembra muito o poema. As relevações que o conto produz estão numa região de fronteira entre a poesia e a prosa (GUIMARÃES, 2003).

A concisão no conto refere-se à habilidade de contar uma história de forma breve e direta, utilizando o mínimo de palavras para transmitir a essência da narrativa. Isso é fundamental por várias razões: atenção da criança (as crianças têm períodos de atenção mais curtos, e histórias concisas mantêm seu interesse e envolvimento); foco no essencial (a narrativa deve ir direto ao ponto, apresentando rapidamente os personagens, o conflito e a resolução sem muitos detalhes desnecessários); e, facilidade de compreensão (uma estrutura clara e direta facilita a compreensão da história, permitindo que as crianças absorvam a mensagem principal sem se perderem em complicações)

A intensidade no conto se refere à força emocional e ao impacto que a história tem sobre o leitor ou ouvinte. Isso pode ser alcançado através de: desenvolvimento rápido do conflito (os contos geralmente apresentam um conflito central logo no início, gerando curiosidade e urgência para saber como a situação será resolvida); personagens cativantes (mesmo em poucas páginas, os personagens precisam ser bem definidos e memoráveis, permitindo que as crianças se conectem emocionalmente com suas jornadas); clímax impactante (a construção de um clímax forte é essencial para manter o interesse da criança até o final da história. O clímax é o ponto alto da narrativa, onde a tensão atinge seu ápice antes da resolução); e, resolução satisfatória (um final que oferece uma conclusão clara e muitas vezes moralizante é importante para deixar uma impressão duradoura).

Mata (2014, p.241) define o conto sendo uma narrativa ficcional de caráter curto dotada de enredo e escrita em linguagem literária. Não é, portanto, um simples relato ocorrido em algum momento; é a exteriorização da imaginação. O autor vai além da simples realidade e cria fatos que estruturados resultam em uma obra que impressiona o leitor, ou seja, possui valor estético. Essa “exteriorização”, isto é, as palavras escritas, não é feita de qualquer forma, mas levando-se em conta a beleza e a comunicabilidade. O conto é tanto fruto da inteligência quando dos sentimentos.

O conto, especialmente na literatura infantil, possui um valor estético significativo que vai além da narrativa em si. Este valor estético é essencial para sua função na literatura infantil. Ele não só enriquece a experiência de leitura das crianças através de linguagem criativa e imagens vívidas, mas também promove uma conexão emocional profunda que pode moldar sua compreensão do mundo e sua sensibilidade artística. Os contos são muito mais do que histórias; eles são obras de arte que educam, emocionam e inspiram.

Carvalho (1976, p.15) lembra que o professor deve ter cuidado em relação às mensagens contidas nos contos; procurar substituir personagens como em “Pele de asno” em cujo enredo ocorre a perseguição do pai que quer se casar com a própria filha; o chapeuzinho vermelho que também foi devorada pelo lobo, juntamente com a avó. Assim é possível eliminar o desfecho que choca, em alguns contos infantis.

 

 

Os contos de fadas

 

Os contos mais famosos são os contos de fadas. A criação dos contos de fadas se liga à capacidade humana de se comunicar. Ao mesmo tempo em que nossos ancestrais adquirem a linguagem para poder atender melhor às necessidades básicas de alimentação, proteção e proliferação, também a utilizam para transcender os limites, diversas vezes duradouros, da realidade cotidiana, com a capacidade de narrar; fantasiar; recriar a vida na forma de histórias (CANTON, 2005, p.27).

Os contos de fadas possuem uma rica tradição que atravessa culturas e gerações, trazendo lições valiosas e encantamento. Contos de fadas frequentemente abordam temas universais como amor, coragem, justiça e a luta entre o bem e o mal. Esses temas ressoam com pessoas de todas as idades e culturas, tornando-os atemporais. Personagens como príncipes, princesas, bruxas e criaturas mágicas são arquétipos que aparecem em muitas narrativas ao redor do mundo, facilitando a identificação dos leitores com as histórias. A maioria dos contos de fadas segue uma estrutura simples: introdução, conflito e resolução. Essa clareza torna as histórias acessíveis para crianças e também agradáveis para adultos.

Os contos de fadas, como modelos de histórias para crianças, surgem na França, no final do século XVII, quando Charles Perrault publica a obra “Os contos da Mãe Gansa”. Nela, reúne-se os contos populares os quais circulam em seu país naquela época. Posteriormente, os Irmãos Grimm, na Alemanha, no século XIX, lançam a obra “Contos de Fadas para crianças e adultos”, uma coletânea de narrativas pertencentes ao folclore alemão. Ainda no século XIX, na Dinamarca, Hans Christian Andersen, no ano de 1990, publica contos recolhidos do folclore de seu país, como “A princesa e o grão de ervilha” e outros de sua própria criação como “O Patinho Feio”. O material reunido por estes autores forma o acervo dos contos de fadas que povoa o imaginário tanto de crianças quanto também dos adultos (SARAIVA, 2008, p.47).

Os Irmãos Grimm foram pioneiros na documentação de histórias que eram passadas oralmente. Ao fazer isso, eles não apenas preservaram essas narrativas, mas também ajudaram a legitimar a cultura folclórica como parte importante do patrimônio literário. Seus contos influenciaram não apenas a literatura infantil, mas também autores posteriores como Hans Christian Andersen e muitos escritores contemporâneos. Sua abordagem à narrativa folclórica continua a inspirar adaptações modernas. Os Irmãos Grimm, Jacob e Wilhelm, desempenharam um papel fundamental na preservação e popularização dos contos de fadas, deixando um legado que ainda ressoa na literatura infantil e na cultura popular.

Tatar (2004, p.09) ressalta que os contos de fadas são íntimos e pessoais, contando para as pessoas sobre a busca de romance e riquezas, de poder e privilégio e, o mais relevante, sobre um caminho para sair da floresta e voltar à proteção e segurança de casa. Dando um caráter terreno aos mitos e pensando-os em termos humanos em vez de heróicos, os contos de fada imprimem um efeito familiar às histórias no arquivo da imaginação coletiva.

Os contos de fadas são muito mais do que histórias simples; eles são tesouros culturais que ensinam lições valiosas enquanto encantam com sua magia. Sua popularidade duradoura é um testemunho do poder da narrativa em conectar pessoas através do tempo e do espaço. Seja lido à luz de uma lanterna antes de dormir ou assistido em uma tela grande, esses contos continuam a tocar corações em todo o mundo.

Para Andersen e seus colaboradores (2016, p.21) o maior valor dos contos de fada é ser literatura, desde que a versão/adaptação escolhida seja adequada. A convicção formada ao longo dos séculos é a de que a ausência dessa literatura é uma lacuna na construção desse ser de que pais e professores querem cuidar, para fazer florescer uma pessoa e um cidadão da melhor qualidade.

 

 

Os contos populares: uma breve descrição

 

De acordo com Saraiva (2008, p.58) citando palavras de Maria (1992) assim como lendas e fábulas possuem sua origem no folclore, diversos contos também procedem de fonte popular. Cristalizado na tradição oral dos povos, através da memória de consecutivas gerações, o conto popular é um agente de transmissão de valores éticos, conceitos morais, modelos de comportamento e concepções de mundo, contudo, sua função não se restringe apenas a esse aspecto educativo ou doutrinador, afinal, as situações vividas pelas personagens do universo ficcional das histórias também funcionam como válvula de escape para o homem que, pelo processo de identificação, satisfaz suas necessidades básicas de sonho e fantasia. Ainda hoje, essa forma simples de expressão literária continua encantando crianças e jovens. Entre os seus mais significativos, estão os contos de regiões ou países distintos e os contos de fadas.

Os contos populares são uma forma de transmitir tradições, costumes e valores de geração em geração. Eles ajudam a manter viva a identidade cultural de um povo. Os contos populares frequentemente apresentam elementos mágicos e fantásticos, estimulando a imaginação das crianças (e até dos adultos!). Eles transportam os ouvintes para mundos diferentes, onde tudo é possível. Esses contos podem ser adaptados e reinterpretados ao longo do tempo, permitindo que novas gerações encontrem relevância nas histórias antigas. Isso garante que eles permaneçam vivos e significativos.

Os contos populares brasileiros incluem pertencentes ao folclore do país que, em grande parte, se revelam como histórias próprias para crianças. Diversos destes contos, transmitidos pela tradição oral nas diversas regiões do Brasil, são variantes de relatos trazidos pelos povos os quais compõem a etnia brasileira. Entre eles, aparecem versões dos contos de fadas tradicionais como “O Chapeuzinho Vermelho” e o “Pequeno Polegar”; de fábulas antigas tais como “O gato e a raposa”; de contos divulgados na Europa durante a Idade Média, como “Uma lição do Rei Salomão”, e de relatos oriundos da Índia, tal como “Os quatro ladrões” (SARAIVA, 2008, p.61)

A relação entre contos populares e folclore é profunda e interligada, pois ambos fazem parte do mesmo tecido cultural que expressa as crenças, tradições e histórias de um povo. Os contos populares são uma das principais formas de preservação do folclore. Eles ajudam a transmitir a sabedoria popular, os costumes e os valores de uma comunidade. Por meio deles, as histórias da cultura local são mantidas vivas.

Segundo Faleiro (2010, p.10) a palavra folclore foi criada pelo arqueólogo inglês Ambrose Merton, cujo pseudônimo é William John Thoms (1803-1885), pesquisador da cultura popular européia, ele uniu os vocabúlos da língua inglesa folk e lore, “povo” e “saber”, respectivamente, criando assim o termo folklore. A partir daí, o termo passou a ter o significado de saber tradicional de um povo. em 22 de agosto de 1846, esse pesquisador publicou um artigo em uma revista da época propondo a criação do termo folklore para as lendas, usos e costumes populares de um povo. Devido a esse fato, no dia 22 de agosto de 1965 foi instituída aqui no Brasil a “data referência” do surgimento do termo folclore; a partir dessa data para nós, brasileiros, passou a ser comemorado todos os anos o dia do folclore. Todavia, isso não quer dizer que o folclore teve início a partir desta data, é óbvio que, mesmo antes dela, já existiam lendas, mitos, músicas, danças e outros temas que fazem parte da cultura popular de vários povos com seus usos e costumes típicos. Mesmo antes da Idade Média, na chamada Idade Antiga, os gregos criaram vários mitos e lendas para passar mensagens para as pessoas e também com o objetivo de preservar a memória histórica e cultural de seu povo.

Mitos são narrativas as quais possuem um forte componente simbólico. Como os povos da antiguidade não conseguiam explicar os fenômenos da natureza, através de explicações científicas, criavam mitos com este objetivo: dar sentido as coisas do mundo. Os mitos também serviam como uma forma de passar conhecimentos e alertar as pessoas sobre perigo ou defeitos e qualidades do ser humano. Deuses, heróis e personagens sobrenaturais se misturam com fatos da realidade para dar sentido à vida e ao mundo (MARA, 2007, p.03).

A relação entre mitos e folclore é bastante rica e complexa, pois ambos são expressões fundamentais da cultura de um povo, refletindo suas crenças, valores e tradições. Tanto os mitos quanto o folclore desempenham um papel explicativo para as comunidades. Os mitos frequentemente tentam responder a perguntas fundamentais sobre a existência humana e o universo, enquanto o folclore pode oferecer explicações mais práticas sobre costumes e tradições locais.

Rocha (2017, p.06) enfatiza que o mito é uma narrativa, um discurso, uma fala. Uma maneira de as sociedades espelharem suas contradições, exprimirem seus paradoxos, dúvidas e inquietações. Pode ser visto como uma possibilidade de se refletir a respeito da existência, do cosmo, das situações de “estar no mundo” ou as relações sociais.

Os contos populares são uma parte essencial do folclore, servindo como veículos para a transmissão de tradições culturais e valores sociais. Juntos, eles formam um rico patrimônio que enriquece vidas e conecta com as origens de cada um.

Já a lenda, segundo Mara (2007, p.09) é uma narrativa fantasiosa transmitida

pela tradição oral através dos tempos. De caráter fantástico e/ou fictício, as lendas combinam fatos reais e histórico com fatos irreais que são meramente produto da imaginação aventuresca humanas. Com exemplos bem definidos em todos os países do mundo, as lendas geralmente fornecem explicações plausíveis, e até certo ponto aceitáveis, para coisas que não têm explicações científicas comprovadas, como acontecimentos misteriosos ou sobrenaturais. Pode-se compreender que lenda é uma degeneração do Mito.

As lendas geralmente têm raízes em culturas específicas e refletem as crenças, valores e tradições de um povo. Elas servem como um meio de transmitir a história e a identidade cultural. Diversas lendas têm uma base histórica, envolvendo personagens ou eventos reais, mas que são embelezados com elementos fantásticos ou sobrenaturais ao longo do tempo. Elas costumam apresentar personagens arquetípicos, como heróis, vilões, seres sobrenaturais ou figuras míticas. Esses personagens representam qualidades humanas universais e são facilmente reconhecíveis.

Assim como o conto popular, a lenda é uma das fontes da literatura para a infância que apresenta as maravilhas do mundo, as maravilhas que existe na alma das pessoas, tendo a magia de deslumbrar e emocionar tanto as crianças como aos adultos e, simultaneamente, favorecer e cultiva a sua fantasia (FERREIRA, 2013, p.23).

Tradicionalmente, as lendas são transmitidas oralmente de geração em geração. Essa forma de contação de histórias permite que elas se adaptem e evoluam ao longo do tempo. As lendas não costumam ter uma data específica de origem; elas podem se passar em tempos antigos ou em épocas indefinidas, contribuindo para o seu caráter atemporal. Ao contar e recontar lendas, as comunidades reforçam sua identidade coletiva e senso de pertencimento, já que essas histórias conectam as pessoas a suas raízes culturais. As lendas podem se adaptar a diferentes contextos e épocas, permitindo que novas gerações se apropriem delas e as reinterpretam à luz de suas próprias experiências. Essas características fazem das lendas uma forma rica e fascinante de narrativa que continua a encantar e ensinar pessoas ao redor do mundo

A lenda, sendo semelhante ao conto, é um produto da imaginação dos povos que tem por fundamento qualquer acontecimento impressionante e insólito. Esta distingue-se do conto por persistir através dos tempos. Também se distingue das fábulas, por ter sempre como principal personagem o homem. Distingue-se ainda dos contos e das fábulas por ter sempre uma base, ainda que frágil, de realidade, ou seja, contém maior possibilidade de verosimilhança pois está adstrita a um espaço geográfico e a uma determinada época, o que não ocorre nos contos, os quais são situados num passado indefinido e num espaço indeterminado (FERREIRA, 2013, p.23).

 

 

Os contos Acumulativos: o que são

 

Também denominados de “lengalenga”,  são contos nos quais os episódios são sucessivamente encadeados, com ações e gestos que se articulam em longa seriação. Em outras palavras, são os “contos de nunca mais acabar”. Eles têm característica de uma longa parlenda, contada e recontada para divertir as crianças. Com essa estrutura de acumulação, os personagens aparecem no poema, conto ou canção, sempre retomando os anteriores. Os elementos se encadeiam e se juntam, um após o outro. Pode-se dizer que a lengalenga, ou conto acumulativo, assemelha-se a um redemoinho o qual começa pequeno, com pouca matéria, girando e sobe pela força do vento, mas à medida que o tempo passa, cresce, aumenta de volume, ganha velocidade e altura, pois, mais elementos como poeira, ciscos, objetos leves, são adicionados a ele (TAMAROZZI; COSTA, 2009).

A principal característica dos contos acumulativos é a repetição de uma sequência de eventos ou de frases. Cada nova parte da história adiciona um novo elemento, enquanto os anteriores são repetidos. Isso cria um efeito acumulativo que torna a narrativa envolvente e fácil de seguir. Os contos acumulativos ou lengalengas são uma forma lúdica e educativa de contar histórias que encanta tanto crianças quanto adultos.

Na educação de Jovens e Adultos (EJA) os contos de acumulação podem ser resgatados, pois, diversos dos estudantes, em algum momento de suas vidas, já ouviram alguém recitar ou cantar ou mesmo eles ainda usam a lengalenga para divertir seus filhos e netos, perpetuando assim a sua existência (TAMAROZZI; COSTA, 2009).

Trabalhar contos de acumulação no contexto da Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma prática muito enriquecedora e isto deve-se a diversas razões tais como a facilidade de compreensão (a estrutura repetitiva e acumulativa dos contos facilita a compreensão, especialmente para alunos que podem ter dificuldades de leitura ou escrita, assim, a repetição ajuda a fixar o conteúdo e a entender a narrativa); estímulo à memorização (a natureza cíclica dos contos acumulativos favorece a memorização. Os alunos podem lembrar mais facilmente das histórias, o que é benéfico para desenvolver habilidades linguísticas e de expressão); desenvolvimento da oralidade (contar e recontar histórias acumulativas promove a prática da oralidade, permitindo que os alunos melhorem suas habilidades de comunicação e expressão verbal. Isso é especialmente importante na EJA, onde muitos alunos podem ter pouca experiência em atividades orais); interatividade e participação (esses contos incentivam a participação ativa dos alunos, que podem interagir com a narrativa, repetir partes conhecidas ou até mesmo criar suas próprias versões. Isso gera um ambiente educativo mais dinâmico e envolvente); valorização da cultura popular (os contos acumulativos muitas vezes estão enraizados na cultura popular, refletindo tradições locais e valores comunitários. Trabalhar com essas histórias ajuda a valorizar a cultura dos alunos e a promover um sentimento de pertencimento); estimulação da criatividade (os alunos podem ser incentivados a criar suas próprias histórias acumulativas, o que estimula a criatividade e a imaginação. Essa prática pode ajudar no desenvolvimento de habilidades de escrita e narrativa); integração de temas transversais (os contos acumulativos podem abordar temas importantes, como amizade, respeito, solidariedade e resolução de conflitos. Isso permite que os educadores integrem questões sociais relevantes ao ensino); apoio à Inclusão (as características acessíveis dos contos acumulativos tornam essa prática inclusiva para diferentes níveis de habilidades literárias entre os alunos da EJA, promovendo um ambiente de aprendizado colaborativo); e por fim, fomento à reflexão crítica (ao discutir as histórias, os alunos podem refletir sobre os valores e as lições presentes nas narrativas, desenvolvendo um pensamento crítico em relação ao mundo ao seu redor).

Ao ensinar leitura em EJA, um fator importante é resgatar a autonomia dos alunos, ajudá-los a vencer a barreira do medo, da timidez ou vergonha que, via de regra, sentem por não saberem ler. Oferecer, em sala de aula, situações nas quais eles possam sentir-se leitores, mesmo antes de dominarem a leitura com proficiência, é fundamental para a elevação da autoestima e para a melhoria da autoimagem de tais estudantes. O trabalho com contos acumulativos contribui enormemente para isto, afinal, os alunos, ao se depararem com um texto longo e percebem que são capazes de decifrá-lo, de tê-lo, de entender seu significado, sentem-se felizes e satisfeitos consigo mesmos, além de animados para desafios novos (TAMAROZZI; COSTA, 2009).

Trabalhar com contos de acumulação na EJA oferece uma abordagem lúdica e educativa que atende às necessidades específicas dos alunos adultos, promovendo aprendizado significativo e desenvolvimento pessoal.

 

 

A VEZ DAS FÁBULAS

 

Segundo Carvalho (1976, p.20) a Fábula é representada por animais ou animais e homens. No caso de animais e seres inanimados, os interlocutores recebem o nome de apólogo; já a fábula representada por pessoas se chama parábola. É o resultado da capacidade imaginativa do ser humano. O criador da Fábula foi Esopo para a tradição escrita, no entanto há livros dele cujas histórias foram adaptadas para crianças nas editoras brasileiras.

O apólogo é uma narrativa breve que possui uma moral explícita. Ele é frequentemente utilizado para transmitir ensinamentos ou refletir sobre comportamentos humanos. Embora as fábulas sejam um tipo de apólogo, os apólogos podem também incluir histórias com personagens humanos ou situações do cotidiano. Já a parábola é uma forma de narrativa que também tem como objetivo transmitir uma moral ou ensinamento, mas se distingue do apólogo e da fábula pela sua estrutura e profundidade. As parábolas costumam ser mais elaboradas e podem conter múltiplas interpretações.

Toda a Fábula apresenta um personagem que, por não observar de maneira madura o contexto, acaba por expiar estados, diversas vezes, dolorosos de aprendizado, sendo assim, o principal objetivo de uma fábula é ensinar, através de uma ação moral, algo relevante para o desenvolvimento do interlocutor (THOMAZ, 2022, p.07).

Por serem concisas, as fábulas são facilmente memorizadas e se prestam a vários exercícios. Em alguns casos, a criança imagina a parte a qual chamou sua atenção transportando-se a sua realidade. Sendo que, os menores, podem transformar a fábula em uma história em quadrinhos. Por ser um gênero narrativo muito popular, a estrutura da fábula tem servido a diversas versões atualmente, assim é possível que nas fábulas modernas, tenham elas intenção humorística ou não, a linguagem empregada seja mais informal ou coloquial . Ao citar as fábulas, é preciso destacar que as mesmas devem ser inseridas como leitura prazerosa e significativa e que a metodologia elenca os recursos aplicados tais como vídeos, filmes infantis, livros, entre outros (SILVA; UEMURA, 2013, p.14).

As fábulas desempenham um papel fundamental na literatura infantil e têm características que as tornam especialmente valiosas para o desenvolvimento das crianças. Elas são conhecidas por suas lições morais claras. Cada história geralmente termina com uma mensagem que ensina valores importantes, como honestidade, amizade, lealdade e respeito. Isso ajuda as crianças a desenvolverem uma compreensão ética e a refletirem sobre suas ações. A leitura de fábulas contribui para o desenvolvimento da linguagem das crianças, enriquecendo seu vocabulário e habilidades de comunicação. Além disso, muitas fábulas são contadas em rimas ou com repetições, o que ajuda na memorização. Elas são uma ferramenta poderosa na literatura infantil, pois educam enquanto entretenham, promovem valores positivos e também ajudam no desenvolvimento emocional e social das crianças.

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Os contos e fábulas são portas mágicas que se abrem para um mundo de imaginação e aprendizado, proporcionando às crianças não apenas entretenimento, mas também valiosas lições de vida. Desde os tempos antigos, as histórias têm sido uma forma poderosa de comunicação, transmitindo valores culturais, morais e sociais de geração em geração.

Os contos são narrativas as quais podem variar em extensão e complexidade, mas todos têm um elemento em comum: a capacidade de levar os leitores a lugares extraordinários. Seja uma aventura em uma floresta encantada, uma jornada pelo espaço ou uma visita a reinos distantes, as histórias envolvem as crianças em tramas emocionantes que estimulam sua criatividade.

A leitura de contos ajuda no desenvolvimento da linguagem e da compreensão. À medida que as crianças mergulham nas narrativas, elas aprendem novas palavras, estruturas gramaticais e formas de expressão. Além disso, essas histórias frequentemente abordam temas universais como amizade, coragem e superação, o que contribui para a formação do caráter e da empatia.

As fábulas são um tipo específico de conto que se destaca por suas mensagens morais. Com personagens geralmente animais que falam e agem como humanos, as fábulas ensinam lições valiosas sobre comportamento e ética. Clássicos como "A Cigarra e a Formiga" ou "A Raposa e as Uvas" oferecem reflexões sobre prudência, trabalho duro e a importância de não julgar pela aparência.

Tais histórias curtas são ideais para crianças pequenas, pois transmitem suas mensagens de forma clara e concisa. As fábulas incentivam o pensamento crítico ao convidar os jovens leitores a refletirem sobre as ações dos personagens e suas consequências.

Para tornar o contato das crianças com os livros ainda mais envolvente é preciso: criar um ambiente acolhedor reservando um espaço confortável para a leitura, com almofadas, luz suave e uma seleção diversificada de livros; é preciso explorar diferentes gêneros; incentivar a criatividade propondo atividades relacionadas às histórias lidas, como desenhar personagens ou criar finais alternativos; visitar bibliotecas, ou seja, levar as crianças a bibliotecas para que assim possam explorar novos títulos e participar de atividades literárias; promover discussões após as leituras realizadas, entre outras ações.

Contos e fábulas são muito mais do que simples histórias; são ferramentas valiosas para o desenvolvimento das crianças. Ao enriquecer seu contato com os livros desde cedo, estamos não apenas alimentando sua imaginação, mas também preparando-as para enfrentar o mundo com empatia, curiosidade e habilidades críticas essenciais para a vida. Afinal, cada página virada é uma nova oportunidade de aprendizado.

 

 

REFERÊNCIAS

 

ABRAMOVICH, Fanny. Literatura Infantil: gostosuras e bobices. São Paulo. Editora Scipione, 2002.

 

ANDERSEN, Hans Christian.; et al. As Mais Belas Histórias. Editora Autêntica, 2016.

 

BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos Contos de Fadas. 34.ed. Editora Paz e Terra, 2009.

 

CANTON, Kátia. Era uma vez Andersen. 1.ed. São Paulo: DCL, 2005.

 

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COSTA, Marta Morais da. Literatura infantil. 2.ed. Curitiba: IESDE Brasil S.A, 2009.

 

CUNHA, Maria Antonieta Antunes. Literatura Infantil – teoria & prática. São Paulo: Editora Ática, 1984.

 

DAVIS, Cláudia; OLIVEIRA, Zilma de. Psicologia na Educação. São Paulo: Editora Cortez. 2005.

 

FALEIRO, Angelita. Desbravando nosso folclore. 1.ed. São Paulo: Biblioteca24horas, 2010.

 

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FIGUEIREDO, T. A. Rotina Escolar: organização do espaço pedagógico favorece realização de atividades. In: Revista do Professor. Porto Alegre, nº. 77 de jan a março de 2004.

 

GUIMARÃES, João Alphonsus de. Contos de João Alphonsus. Coleção o encanto do conto. São Paulo: DCL, 2003.

 

MARA, Tânia. Lendas do Pantanal. Clube de Autores, 2007. MATA, Ricardo da. O mundo lá fora. Belo Horizonte: Agbook, 2014.

MORTATTI, Maria do Rosário Longo. Literatura (a boa): mantenha sempre ao alcance das crianças. In: Criar – Revista de Educação Infantil. São Paulo: Editora Procultura, n.18, 2007.

 

ROCHA, Everaldo. O que é mito. Editora Brasiliense, 2017.

 

SARAIVA, Juracy Assmann. Literatura e alfabetização: do plano do choro ao plano da ação. Porto Alegre: Artmed, 2008.

 

SILVA, Izaías da.; UEMURA, I. Leitura de Fábula: uma proposta pedagógica. Editora Clube de Autores, 2013.

 

SOUZA, Ana A. Arguelho. Literatura infantil na escola – a leitura em sala de aula.

  1. Coleção formação de professores. Campinas, SP: Autores Associados, 2017. TAMAROZZI, Edna.; COSTA, Renato Pontes. Educação de Jovens e Adultos. 2 ed. Curitiba: IESDE Brasil S.A., 2009.

 

TATAR, Maria. Contos de fadas: edição comentada e ilustrada/edição, introdução e notas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2004.

 

THOMAZ, Daniel Camargo. Fábulas para o século XXI. Editora Viseu, 2022

 

ZANOTTO, M. A. do C. Recontar histórias. In: Revista do Professor. Porto Alegre, nº 74, Abril – Junho, 2003.

 

 

 

O papel do gestor na administração de Recursos Humanos

Jessica Poliana da Silva Kraus

 

 

Resumo

O gestor desempenha um papel fundamental na administração e gerenciamento das tarefas organizacionais. Para que sua atuação seja eficaz, é necessário o desenvolvimento de diversas competências que garantam a eficiência dos processos internos e o alcance dos resultados esperados pela empresa. No contexto dos Recursos Humanos, o gestor tem responsabilidades essenciais, como recrutamento e seleção, treinamento e desenvolvimento, avaliação de desempenho e gestão de benefícios. Este artigo tem como objetivo discutir o papel do gestor e a importância de suas funções no ambiente corporativo.

 

Palavras-chave: Gestão, Recursos Humanos, administração, competências, organização.

 

 

Introdução

 

O gestor ocupa uma posição estratégica dentro das organizações, sendo responsável por tomar decisões que impactam diretamente na produtividade e nos resultados empresariais. Para que sua gestão seja eficiente, é necessário o desenvolvimento de habilidades técnicas e interpessoais que permitam a correta administração dos recursos e das pessoas envolvidas no processo organizacional.

Este artigo explora as principais responsabilidades de um gestor de Recursos Humanos, destacando suas funções e a relevância de sua atuação para o sucesso da organização.

 

 

Desenvolvimento

 

O Papel do gestor na organização

 

O gestor tem um grande poder de decisão e influência na realização das tarefas dentro de uma empresa. Ele deve garantir que os processos internos ocorram de maneira organizada e eficiente, visando sempre o crescimento da organização e o bem-estar dos colaboradores.

Além disso, é fundamental que o gestor tenha uma visão estratégica, sabendo identificar oportunidades de melhoria, implementar mudanças necessárias e alinhar as práticas de gestão aos objetivos da empresa.

 

 

Responsabilidades do gestor de Recursos Humanos

 

A gestão de Recursos Humanos abrange diversas responsabilidades essenciais para o funcionamento de uma organização. Dentre as principais atividades desempenhadas pelo gestor, destacam-se:

  • Recrutamento e Seleção: Responsável pela contratação de novos talentos, garantindo que os profissionais escolhidos possuam as competências necessárias para os cargos.
  • Integração: Processo de adaptação e acolhimento de novos colaboradores, facilitando sua ambientação na empresa.
  • Treinamento e Desenvolvimento: Implementação de programas que visam aprimorar as habilidades e competências dos colaboradores.
  • Avaliação de Desempenho: Monitoramento da performance dos funcionários para garantir a melhoria contínua e o alinhamento com os objetivos organizacionais.
  • Comunicação Interna: Promoção de uma comunicação eficaz entre os diferentes níveis hierárquicos, evitando ruídos e melhorando o engajamento dos colaboradores.
  • Folha de Pagamento: Administração dos processos financeiros relacionados à remuneração dos colaboradores.
  • Benefícios: Gestão de incentivos como plano de saúde, vale-transporte, vale-alimentação e outros benefícios trabalhistas.
  • Demissões: Condução do processo de desligamento de colaboradores, garantindo que ocorra de forma transparente e respeitosa.

 

 

A importância do gestor para o sucesso organizacional

 

Um bom gestor contribui significativamente para o desenvolvimento e crescimento da organização. Ele deve atuar de forma estratégica, garantindo que os colaboradores estejam motivados e alinhados com os valores e objetivos da empresa.

A gestão eficiente de Recursos Humanos promove um ambiente de trabalho mais harmonioso, reduzindo a taxa de turnover e aumentando a produtividade. O gestor também deve estar atento às mudanças do mercado e adaptar-se às novas tendências para manter a competitividade da empresa.

 

 

Conclusão

 

O papel do gestor é fundamental para o bom funcionamento das organizações, especialmente na área de Recursos Humanos, onde suas decisões impactam diretamente no bem-estar dos colaboradores e nos resultados empresariais.

Dessa forma, investir na capacitação de gestores e no aprimoramento de suas habilidades é essencial para que as organizações alcancem seus objetivos e mantenham um ambiente de trabalho produtivo e saudável.

 

 

Referências

 

CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas: O Novo Papel dos Recursos Humanos nas Organizações. 4. ed. São Paulo: Elsevier, 2019.

 

DUTRA, Joel Souza. Gestão de Pessoas: Modelos, Processos, Tendências e Perspectivas. São Paulo: Atlas, 2020.

 

MARRAS, Jean Pierre. Administração de Recursos Humanos. 15. ed. São Paulo: FGV, 2021.

 

 

 

 

A prática no ensino do movimento dos planetas do Sistema Solar

Demozélia Paulino de Souza Braz

Orientadores:

 

Andrey Barbosa Guimarães, Águeda Aparecida da Cruz Borges

UA/UFMT

Frederico Ayres de Oliveira Neto

Departamento de Matemática, Instituto de Ciências Exatas e Naturais, Campus Universitário de Rondonópolis, Universidade Federal de Mato Grosso

 

DOI: 10.5281/zenodo.15103330

 

 

RESUMO

Este trabalho veio favorecer o aprendizado dos educandos do 6º ano do Ensino Fundamental da Escola Municipal Jane Pereira Lopes, no município de Matupá – MT, bem como coletar subsídios para verificar o aprendizado incentivado pela prática. A prática foi desenvolvida por meio de uma maquete “Sistema Solar” e de um cartaz explicativo, com o objetivo de facilitar o aprendizado referente ao sistema solar, destacando primordialmente o movimento dos planetas. Em torno de um mês após a realização da prática, foi aplicada uma atividade na qual os estudantes foram questionados quanto ao movimento dos planetas, cujo objetivo foi averiguar o ensino-aprendizagem. O resultado veio comprovar que através da prática o aluno tem mais facilidade para aprender os conteúdos propostos. Em outras palavras, esse trabalho trouxe o entendimento de que a prática é uma facilitadora no processo de ensino-aprendizagem.

 

Palavras-chave: Ensino-aprendizagem. Prática. Movimento dos planetas.

 

 

ABSTRACT

This work has favored the learning of students in the 6th grade of elementary school at Escola Municipal Jane Pereira Lopes, Matupá - MT, as well as collect subsidies in order to verify the learning process encouraged by practice lessons. The practice was developed by a "solar system" model and an explanatory poster, aimed to facilitate learning related to the solar system, primarily noting the movement of planets. By a month after application of the practice, it was applied an activity, in which the students were questioned about the movement of the planets, in order to facilitate students learning. The result came through practice showed that the student finds it easier to learn the proposed content. In other words, this work brought the understanding that the practice is a facilitator in the process of teaching and learning.

 

Keywords: Teaching and learning. Practice. Planets movement.

 

 

Introdução

 

Não é de agora que os fenômenos celestes exercem em nós o desejo de desvendar seus mistérios. Por se tratar de um assunto que aguça a nossa curiosidade, e tendo em vista a defasagem do aprendizado de Física, surgiu a ideia de, em primeiro momento, proporcionar, por meio da prática, o aprendizado sobre o movimento dos planetas do sistema solar, e no segundo momento, verificar o aprendizado dos alunos por meio de uma atividade escrita.

Nesse trabalho, a Lei da Gravitação Universal de Isaac Newton e as 1ª e 2ª leis de Kepler foram a base teórica na elaboração deste trabalho.

Problemas conceituais relacionados à órbita dos planetas em torno do Sol foram explorados, com o objetivo de esclarecer a questão da baixa excentricidade da trajetória (CANALLE, 2003; FERREIRA DA SILVA, 2011). Os erros conceituais podem levar a equívocos tais como a associação das estações do ano à posição da Terra em relação ao Sol (SNEIDER, 2011). A exploração da lei da Gravitação Universal de Newton e das leis de Kepler é fundamental para a compreensão das trajetórias dos planetas (BASTOS FILHO, 1995; PORTO, 2008; DAMASIO, 2011; DIAS, 2004; KAVANAGH, 2006).

A prática utilizada para a compreensão do movimento dos planetas do Sistema Solar foi uma maquete demonstrando o sistema solar, contendo o Sol e os oito planetas e suas órbitas e um cartaz descrevendo o movimento de um planeta, destacando sua posição, os pontos de periélio e afélio, movimento elíptico, movimentos acelerado e retardado. Os alunos não tiveram participação na elaboração do cartaz e da maquete, ambos já estavam construídos quando foram utilizados na prática para a compreensão dos conteúdos.

A coleta de dados referente ao aprendizado dos educandos foi por meio da aplicação de uma atividade, onde os alunos indicaram o movimento acelerado e retardado do planeta e os pontos de periélio e afélio. A atividade foi desenvolvida com estudantes do 6º ano do Ensino Fundamental da escola Municipal Jane Pereira Lopes, no município de Matupá – MT.

 

 

Referencial Teórico

 

Este trabalho levou em consideração as pesquisas desenvolvidas por Kepler sobre as órbitas dos planetas. Segundo o trabalho Evolução Estelar (BRASIL, 2011):

 

Kepler desenvolveu três regras matemáticas que eram capazes de descrever as órbitas dos planetas (definimos órbita como sendo a trajetória que um corpo celeste descreve em torno de outro sob a influência da lei da gravidade só descoberta posteriormente por Isaac Newton).

 

A partir dos estudos de Cláudio Ptolomeu (100 – 170 d. C), houve melhor compreensão do movimento dos planetas. Ptolomeu teve seus estudos estruturados nas teorias de Aristóteles que defendia o modelo geocêntrico: a Terra era o centro do Universo e os demais astros giravam ao redor da Terra. Ptolomeu buscava explicações para compreender o movimento retrógrado dos planetas e suas experiências o levaram a crer que os planetas giravam em círculo em torno de um círculo maior. Chegou a ter a ideia de que o centro do Universo seria o Sol, mas descartou esse pensamento por não ser uma realidade física de sua época.

Segundo Pietrocola (2010, p. 308):

 

A mais eficiente explicação para o movimento retrógrado dos planetas no sistema geocêntrico foi desenvolvida pelo grego Ptolomeu... De acordo com um de seus modelos explicativos, um planeta se move ao longo de um círculo chamado epiciclo, cujo centro se move em um círculo maior.

 

No renascimento surge nova concepção contrariando a teoria de Aristóteles de que a Terra é o centro do universo. Através das grandes navegações foi possível desenvolver instrumentos que mediam com cada vez mais precisão a localização de estrelas e percurso dos planetas (PIETROCOLA, 2010, p. 318). As novas descobertas geraram discordância sobre o sistema aristotélico, pois a realidade era diferente do que tinham como verdade. “Isso acabou por aumentar a discrepância entre o que se via no céu e o previsto pelo sistema aristotélico” (PIETROCOLA, 2010, p. 318). Nicolau Copérnico descobriu que os movimentos celestes influenciavam na coerência do calendário e aprofundando em seus estudos pôde perceber o Sol no centro do Universo e não a Terra, o que o levou a reformular o calendário “A reforma do calendário contou com a participação/contribuição de renomados astrônomos e matemáticos da época, como Nicolau Copérnico” (PIETROCOLA, 2010, p. 35).

Como visto, Nicolau Copérnico contribuiu para o modelo do qual temos hoje. Suas experiências serviram de base para outros estudiosos, como Tycho Brahe e Johannes Kepler, “Espera-se que a ciência seja entendida como uma construção coletiva, produzida por seres humanos que sofrem influências históricas, sociais e filosóficas do contexto em que viveram” (DAMASIO, 2011).

Brahe passou sua vida inteira investigando o movimento dos planetas. Chegou à conclusão de que todos os planetas se moviam em torno do Sol, menos o planeta Terra. Na sua concepção o Sol rodeava a Terra.

Kepler foi assistente de Brahe, com interesse de descobrir o movimento dos planetas. Mesmo Kepler sendo auxiliar de Brahe não conseguiu informações referentes ao movimento dos planetas, que tanto almejava. Apenas depois da morte de Brahe, Kepler teve acesso aos dados. Após anos de observação, Kepler descartou a teoria dos movimentos circulares que foram concebidos no modelo geocêntrico e heliocêntrico. Suas observações e experiências levaram a crer em uma nova descoberta: o movimento elíptico que deu origem ao modelo que temos hoje. Nesse sistema, os planetas se movem em órbitas elípticas e o Sol ocupa um dos focos da elipse, ou seja, o Sol não fica no centro da circunferência como nos conceitos dos movimentos circulares, embora sua excentricidade seja muito baixa (CANALLE, 2003; YU, 2010).

Conforme Nussenzveig (2002, p. 194):

 

Após inúmeras tentativas... Kepler acabou descobrindo que a órbita de Marte era uma elipse, com o Sol situado num dos focos – e que o mesmo valia para os demais planetas.

 

Foi possível Kepler chegar a outro pensamento. Além do descobrimento da órbita elíptica, percebeu o aumento de velocidade do planeta quando este se aproximava do Sol.

Segundo Tipler (1995, p. 300)

 

Com os dados de Tycho Brahe, Johannes Kepler descobriu que as trajetórias dos planetas em torno do Sol eram elipses. Mostrou também que os planetas tinham velocidades maiores quando orbitavam nas proximidades do Sol.

 

Com esses resultados, Kepler formulou a 1ª e a 2ª leis e, anos mais tarde, a 3ª Lei. A 1ª Lei de Kepler relata que todos os planetas giram em torno do Sol descrevendo um percurso elíptico, sendo o Sol um dos focos.

A 2ª Lei, conhecida como “lei das áreas” afirma que “o raio vetor que liga um planeta ao Sol descreve áreas iguais em tempos iguais” (Nussenzveig, 2002, p. 194). O periélio é o ponto mais próximo do Sol e nesse ponto o planeta se move com maior velocidade. Já o afélio é o ponto mais afastado do Sol, onde o planeta possui movimento retardado.

Nussenzveig (2002, p. 194) entende que:

 

Num dado intervalo de tempo t, o planeta descreve uma porção maior da órbita quando está no periélio (posição mais próxima do Sol) do que no afélio (posição mais distante do Sol).

 

Isaac Newton, apoiado nas ideias de Kepler, pôde explicar o movimento dos planetas. Para Newton, o movimento acelerado e retardado dos planetas se dá pelo fato da força de atração entre os corpos ser central, além de ser diretamente proporcional às massas dos corpos e inversamente proporcional à distância entre os mesmos.

A 3ª lei de Kepler, “lei dos períodos”, dá entendimento de quanto mais distante o planeta estiver do Sol, maior será o tempo para completar a órbita em torno dessa estrela.

Através desses estudos foi possível compreender o movimento dos planetas no Sistema Solar, que esses corpos estão em movimento que pode ser acelerado ou retardado, devido à força de atração que o Sol exerce sobre os astros do sistema solar.

 

 

Método

 

Após os estudos, para os esclarecimentos dos assuntos abordados sobre o movimento dos planetas do Sistema Solar, foi confeccionada uma maquete que representa o Sistema Solar com seus oito planetas: Mercúrio, Vénus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno, e suas órbitas elípticas em torno do Sol (BERNARDES, 2010; CANALLE, 2003; TANCREDI, 2007). Por meio da visualização em maquete explicou-se o movimento dos planetas e a força de atração exercida pelo Sol, considerando o par ação/reação. Para melhor compreensão foi construído um cartaz explicativo demonstrando o movimento de um planeta em órbita elíptica ao redor do Sol, sua posição, pontos periélio e afélio, o movimento acelerado e retardado. A maquete foi utilizada para aprimoramento do conhecimento prévio dos estudantes, cuja proposta foi a integração total com o experimento (DARROZ, 2011; SEBASTIÀ, 2004).

Este trabalho foi desenvolvido na turma do 6º ano do ensino fundamental da Escola Municipal Jane Pereira Lopes, no município de Matupá – MT. Com o objetivo de proporcionar aos educandos do 6º ano conhecimentos sobre o “Sistema Solar”, seus principais planetas e os seus movimentos, com o intuito de facilitar o aprendizado do aluno através da prática, ou seja, por meio da visualização de uma maquete do “Sistema Solar” e de um cartaz explicativo, além da aplicação da prática foi desenvolvida uma atividade escrita para a verificação do aprendizado dos educandos (GRADY, 2003; MACHADO, 2001; MOREIRA, 2000; MORETT, 2010). O trabalho foi dividido em duas etapas, sendo que a primeira foi a de aplicar a prática da maquete e do cartaz explicativo (figuras 1 e 2) para facilitar o aprendizado referente ao sistema solar, dando ênfase maior ao aprendizado do movimento dos planetas.

 

Figura 1: maquete “Sistema Solar”.

 

 

Figura 1: maquete “Sistema Solar

 

 

A segunda etapa foi a coleta de dados para verificação do aprendizado dos alunos. O recurso utilizado foi a aplicação de uma atividade, na qual os alunos identificaram o movimento acelerado e retardado dos planetas e responderam sobre os pontos periélio e afélio, conforme figura 3. Vale ressaltar que a coleta de dados aconteceu 34 dias após o trabalho desenvolvido com a prática, com a finalidade de verificação do método utilizado para o aprendizado dos educandos.

 

Figura 3 – atividade aplicada aos alunos para a verificação do aprendizado

 

Foi explicado aos alunos que as elipses das órbitas dos planetas não são tão acentuadas como mostram as figuras 1, 2 e 3, mas que sua construção teve um propósito didático, com o intuito de facilitar a compreensão dos alunos. Foi esclarecido a todos os alunos que a excentricidade das órbitas é muito pequena, sendo quase circular, mas que não deixa de ser uma elipse (CANALLE, 2003).

 

 

Confecção da maquete

 

Para a confecção da maquete “Sistema solar” foi utilizado TNT preto de dimensões 1,2 X 1,5 m e bolas de isopor de tamanhos variados para representar o Sol e os planetas. Os tamanhos dos planetas não estavam em escala, houve uma preocupação apenas em destacar o sol sendo o maior astro do sistema solar e o planeta Júpiter, maior que os demais planetas. Os planetas foram pintados com tinta guache procurando aproximar as cores reais dos planetas. O Sol foi representado por uma bola de isopor de 13 cm de diâmetro, que depois de pintada com a cor amarela, foi envolvida com um papel celofane amarelo, uma cor bem forte, e foi posicionado um dos focos da elipse. Posteriormente os planetas foram fixados cada um em sua órbita elíptica, fixados com velcro para que os alunos pudessem removê-los ao realizar o movimento dos planetas na maquete.

 

 

Resultados

 

Na parte prática com a maquete houve interação de todos os alunos. Aqueles que não se expressaram oralmente, ficaram atentos às explicações dos conteúdos. Depois da explicação dos movimentos dos planetas, um dos alunos foi até a maquete, deslocou um planeta e fez o movimento acelerado e retardado, movimentando mais rápido quando chegava perto do Sol e mais lento ao se afastar do Sol. Ao fazer o percurso com o planeta, ele comentava quando era movimento acelerado e quando era movimento retardado. Outros alunos ao ver seu colega fazer o movimento do planeta na maquete, quiseram também participar da experiência, a qual foi repetida tantas vezes quanto a quantidade de alunos participantes, sendo um aluno de cada vez.

Um dos alunos ao fazer a experiência comentou “passei pelo o afélio agora a velocidade do planeta vai aumentar, o planeta está acelerando cada vez mais, que legal! cheguei no periélio, mas agora vou bem devagar igual a tartaruga”.

Os alunos ficaram encantados e até os mais tímidos interagiram realizando o movimento dos planetas na maquete.

Gostaram tanto da aula prática que no final da aula uma aluna falou “professora vamos colocar a maquete na parede, bem alto para que os alunos da manhã não destruam, ficou tão legal”.

Foi um trabalho gratificante, pois por meio da visualização os alunos demonstraram encantamento do que viram e aprenderam os conteúdos propostos.

Ao iniciar o desenvolvimento da 1ª etapa (aplicação da prática, ou seja, a demonstração da maquete), primeiramente, a fim de verificação do conhecimento prévio dos alunos, discutiu-se sobre o sistema solar, que existem várias galáxias no universo e a Via Láctea é a que abriga o Sistema Solar, sendo esse sistema  composto por gases, poeiras interplanetárias, satélites naturais, asteroides, cometas, planetas anões e oito planetas principais: Mercúrio, Vénus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno, em órbita em torno ao Sol.

Uma vez realizada a discussão geral sobre o Sistema Solar e seus componentes, foi possível explicar o movimento dos planetas e os pontos periélio e afélio com a utilização do cartaz explicativo. Através da maquete, os estudantes observaram os oito planetas juntamente com seus nomes, foi esclarecido, com auxílio da representação prática, o movimento dos planetas, que todos se movimentam em orbita elíptica de baixa excentricidade em torno do sol, e quando o planeta chega mais próximo do Sol, sua velocidade de movimento aumenta, ou seja, percorre um espaço maior em sua órbita em um certo intervalo de tempo e quando vai se afastando do Sol a velocidade diminui, descrevendo um espaço menor em sua órbita em um intervalo de tempo.

 Falou-se das leis de Kepler que nos ensinam, os planetas se movimentam em órbita elíptica de baixa excentricidade tendo o Sol como um dos focos. O raio vetor que liga o Sol ao planeta varre áreas iguais em tempos iguais, o que varia é a velocidade dos planetas durante o período de revolução. E quanto mais distante o planeta estiver do Sol menor é sua velocidade. Foi esclarecido, também, sobre os pontos periélio e afélio e sua relação com os movimentos acelerado e retardado dos planetas.

Trinta e quatro dias após a aplicação da prática foi realizada a 2ª etapa, referente à coleta de dados. Tivemos como recurso uma atividade que foi aplicada aos alunos (representada na figura 3). Nessa atividade, os alunos completaram as lacunas com o nome dos movimentos.

Quando os alunos receberam a notícia de que iriam responder algumas questões sobre o movimento dos planetas, vários deles disseram “Ah! Professora, de novo, a gente já sabe isso”.

Nesse trabalho ficou evidente que a utilização da prática facilita o aprendizado dos alunos, uma vez que de 17 estudantes que compareceram na aula, 16 responderam corretamente o movimento acelerado e retardado dos planetas, 2 dos 17 não souberam a localização dos pontos periélio e afélio e 1 aluno necessitou visualizar os movimentos na maquete para responder o movimento dos planetas. A prática ajuda no aprendizado dos alunos, principalmente dos que possuem dificuldades na aprendizagem com a exposição teórica. Dessa forma, pode-se dizer que a prática é uma facilitadora no processo de aprendizagem, pois para muitos estudantes, os conceitos fazem mais sentido quando associados à percepção visual do que apenas a auditiva.

 

 

Considerações finais

 

Com esse trabalho foi verificado que o ensino-aprendizagem foi favorecido com a atividade prática, por meio de exposição de um cartaz e de uma maquete do “Sistema Solar”, sendo o foco principal o aprendizado do movimento dos planetas. Dessa forma, foi possível despertar o interesse dos estudantes, mostrando que a ciência faz parte do nosso cotidiano. O resultado obtido demonstrou que a prática facilita o aprendizado dos educandos, os quais aprendem de forma descontraída e não forçada, fazendo o aprendizado acontecer de um jeito divertido e envolvente.

A utilização da aprendizagem significativa foi importante, pois a discussão prévia, antes da apresentação da maquete, mostrou que os estudantes possuíam conceitos adquiridos em experiências anteriores, embora muitos incompletos ou incorretos. A troca de ideias durante essa discussão prévia possibilitou aos estudantes a análise de seus conceitos, conforme depoimentos de muitos deles. Uma vez estabelecidos os níveis de aprendizado dos conceitos, a prática com a maquete e com o cartaz explicativo permitiu o desenvolvimento da aprendizagem com a visualização dos movimentos, principalmente devido à interação dos alunos com a prática. O fato da maior parte deles tomar a decisão de interagir com a maquete e aplicar os conceitos de movimento pode estar associado à aquisição de segurança com o conceito absorvido com as aulas.

A atividade de verificação do aprendizado dos alunos com a aplicação de um esquema para eles preencherem (figura 3) confirmou a segurança dos estudantes com relação aos conceitos trabalhados, uma vez que vários afirmaram que não havia necessidade do teste, pois eles já sabiam as respostas. Esse fato se confirmou com o próprio resultado do teste, no qual as respostas corretas foram quase unânimes. Durante a aplicação do teste foi permitida e até incentivada a interação com a maquete, pois o importante não é o método utilizado pelo aluno, mas a absorção do conceito.

De acordo com o depoimento de vários estudantes, eles ficaram muito satisfeitos com a prática e perceberam que a Ciência é acessível a eles, mesmo distantes dos grandes centros de pesquisa e sem equipamentos sofisticados. Foi percebido que o ensino-aprendizagem pode ser realizado sem a rigidez do método expositivo e seus resultados podem ser ainda mais satisfatórios.

 

 

Agradecimentos

 

A Deus em primeiro lugar, que iluminou o meu caminho e me deu forças durante esta jornada.

A todos os professores deste curso, por contribuírem para mais uma conquista em minha vida.

Em especial ao coordenador do curso Dr: George Barbosa da Silva, pela liderança e pelo dom de percepção e compreensão de nossas necessidades como acadêmicos de segunda licenciatura, que em momento algum deixou de ser líder ao agir com o seu desenvolvimento humano.

Também em especial agradeço aos meus professores orientadores:

Mestre Andrey Barbosa Guimarães, Dr Frederico Ayres de Oliveira Neto e Doutoranda Águeda Aparecida da Cruz Borges, pela paciência, compreensão, por ser tão prestativos e competentes, pelo incentivo que tornaram possível a conclusão deste trabalho.

A meu esposo Antonio Braz, que com muito carinho e apoio não mediu esforços para que eu chegasse até esta etapa de minha vida.

 A minha mãe Maria das Graças Paulino de Souza e a meus filhos: Helyeldo Sousa Gomes, ysmaire Sousa Gomes, e Tágila Sousa Sanches, pelas vezes que estive ausente.

Agradeço a Escola Jane pereira Lopes e aos alunos do 6º do Ensino Fundamental, a todos os que permitiram que essa prática fosse aplicada.

A todos meus colegas e amigos, pelo incentivo e apoio durante o curso.

 

 

Referências

 

BASTOS FILHO, J.B. et al. A unificação de Newton da física de Galileu com a astronomia de Kepler à luz da crítica Popperiana à indução, Revista Brasileira de Ensino de Física, v. 17, n. 3, 233 (1995).

 

BERNARDES, A. et al. Viajando pelo sistema Solar: um jogo educativo para o ensino de astronomia em um espaço não-formal de educação, Física na Escola, v. 11, n. 1, 42 (2010).

 

CANALLE, J.B.G. et al. O problema do ensino da órbita da Terra. Física na Escola, vol. 4, n 2, p.12-16, (2003).

 

DAMASIO, F. et al. O início da revolução científica: questões acerca de Copérnico e os epiciclos, Kepler e as órbitas elípticas, Revista Brasileira de Ensino de Física, v. 33, n. 3, 3602 (2011).

 

DARROZ, L. M. et al. Conceitos básicos de Astronomia: uma proposta metodológica, Revista Latino-Americana de Educação em Astronomia – RELEA, n. 12, p. 57 (2011);

 

DIAS, P.M.C. et al. A Gravitação Universal, Revista Brasileira de Ensino de Física, v. 26, n. 3, p. 257 (2004).

 

FERREIRA DA SILVA, M.F. et al. Quantidades médias no movimento de um corpo em trajectória elíptica. Revista Brasileira de Ensino de Física, v. 33, n. 3, 3315 (2011)).

 

FRAKNOI, A. et al. Teaching what planet is: a roundtable on the Educational implications of the new definition of a Planet, Astronomy Education Review, vol. 5, n. 2, 226 (2007).

 

GRADY, C. A. et al. Accessible Universe: making Astronomy accessible to all in the regular elementary classroom, Astronomy Education Review, vol. 2, n. 2, 1 (2003)).

 

KAVANAGH, C. et al. Learning about gravity II. Trajectories and Orbits: a guide for teachers and curriculum developers, Astronomy Education Review, vol. 5, n. 2, 53 (2006)).

 

MACHADO, D. I. et al. O entendimento de conceitos de Astronomia por alunos da Educação Básica: o caso de uma escola pública brasileira, Revista Latino-Americana de Educação em Astronomia – RELEA, n. 11, p. 7 (2001).

 

BRASIL, Ministério da Ciência e Tecnologia. As órbitas dos corpos celestes, Evolução Estelar, Ensino a distância, 2011.

 

MOREIRA, M.A. Aprendizagem significativa crítica, in: Atas do III Encontro Internacional sobre Aprendizagem Significativa, Lisboa, 2000, p. 33 – 45.

 

MORETT, S. S. et al. Desenvolvimento de recursos pedagógicos para inserir o ensino de Astronomia nas séries iniciais do Ensino Fundamental, Revista Latino-Americana de Educação em Astronomia –RELEA, n.9, p. 33 (2010).

 

NUSSENZVEIG, H. M, Curso de Física Básica, v. 1, 4ª edição – São Paulo: Edgard Blücher; 2002.

 

PIETROCOLA, M. P. D. O. et al. Física em contextos, social e histórico: movimento, força, astronomia. 1ª ed. – São Paulo: FTD, 2010 – (Coleção física em contextos: pessoal, social, histórico; v. 1). Outros autores: Alexander Pogibin, Renata Cristina de Andrade Oliveira, Talita Raquel Luz Romero.

 

PORTO, C. M. et al. A evolução do pensamento cosmológico e o nascimento da Ciência Moderna, Revista Brasileira de Ensino de Física, v. 30, n. 4, 4601 (2008).

 

SEBASTIÀ, B. M. et al. La enseñanza/aprendizaje del modelo Sol-Tierra: análisis de la situación actual y propuesta de mejora para la formación de los futuros profesores de primaria”, Revista Latino-Americana de Educação em Astronomia – RELEA, n.1, p. 7 (2004).

 

SNEIDER, C. et al. Learning about Seasons: a guide for teachers and curriculum developers, vol. 10, 010103-1 (2011).

TANCREDI, G. et al. De 9 a 12 y finalmente 8: cuántos planetas hay alrededor del Sol?, Revista Latino-Americana de Educação em Astronomia – RELEA, n.4, p. 69 (2007).

 

TIPLER, P. A. Física – Mecânica, Oscilações e Ondas, Termodinâmica, vol. 1, Editora LTC, 4ª ed., Rio de Janeiro, 2000.

 

YU, K. C. et al. Student ideas about Kepler’s Law and Planetary Orbital motions, Astronomy Education Review, vol. 9, 010108-1 (2010).

 

 

 

Desenvolver liderança

Jessica Poliana da Silva Kraus

 

 

Saber trabalhar em equipe é algo que naturalmente começamos a desenvolver na escola até chegarmos ao mercado de trabalho. 

É possível adquirir tal habilidade? Ser um líder vai muito além daquela ideia de ser um chefe rígido, que constantemente deixa seus funcionários desmotivados ou estressados. A capacidade de liderar está atrelada ao poder de escuta, de engajar a equipe e até mesmo de construir conjuntamente os objetivos e os resultados esperados. Além disso, o espírito de liderança não se restringe somente ao mercado de trabalho, isto é, trata-se de uma característica que pode ser desenvolvida em qualquer projeto escolar ou pessoal. As competências de liderança estão atreladas à mentalidade empreendedora, ou seja, à capacidade de realização e colaboração. Contudo, mesmo que abrir o próprio negócio não faça parte de seus planos para o futuro, certas habilidades podem ajudá-lo – e muito – em projetos escolares e pessoais.

A liderança se trata da habilidade de motivar e inspirar as pessoas, orientando para que os objetivos finais sejam cumpridos da melhor forma possível. 

O papel do líder é influenciar, conduzir e orientar sua equipe em prol do mesmo objetivo, além disso, trabalhar também para manter sempre um bom clima organizacional, afinal isso impacta de forma significativa no desempenho e resultados de toda a equipe.

Deste modo, o foco da liderança são as pessoas e os resultados que sua equipe pode trazer para a empresa. Diante disso, podemos afirmar que contar com uma boa liderança em sua empresa traz vantagens como um ambiente de trabalho mais saudável e principalmente a motivação da equipe.

Outro ponto que é muito importante destacarmos e nem todos sabem é que existem diversos tipos de liderança, que vem de acordo com as características pessoais de cada profissional. Tipos esses de liderança são: Comportamental;

Situacional, Informal, Liberal, Criativa, Democrática, Diretiva, Colaborativa, Compartilhada.

Deste modo podemos concluir que contar com bons profissionais e que possuem características importantes da liderança é extremamente importante não apenas para a empresa de modo geral.

Comunicação não se trata apenas de falar e delegar, se trata também de saber ouvir. Para ser um bom líder é preciso saber se comunicar de forma clara e democrática, onde todos tem espaço para falar, serem ouvidos, interagir e compartilhar suas ideias e opiniões.

Tomar decisões faz parte das atribuições de um líder, por isso, é muito importante que esse profissional seja confiante ou desenvolva a sua autoconfiança para despertar nos demais a certeza de que estão todos caminhando em prol do mesmo objetivo.

Qualquer chefe sabe delegar tarefas, a diferença é que um bom líder precisa ter comprometimento e envolvimento com o que está delegando, ou seja, precisa também participar da construção do objetivo.

Comprometimento dentro do ambiente de trabalho gera resultados mais assertivos, onde o processo foi acompanhado e pensado do início ao fim.

 

 

Conclusão

A liderança é uma competência essencial para o crescimento pessoal e profissional, independentemente do ambiente em que se manifesta. Ser líder vai além de simplesmente delegar tarefas; trata-se de inspirar e engajar as pessoas para que alcancem seus objetivos de forma colaborativa.

Habilidades como comunicação clara, escuta ativa e comprometimento são fundamentais para o sucesso de um líder. Por isso, é importante estimular o desenvolvimento dessas capacidades desde a escola, possibilitando sua aplicação ao longo da vida.

 

 

Referências

 

ASSIS, Jorge. Liderança e Trabalho em Equipe: Teorias e Práticas. São Paulo: Editora Atual, 2020.

 

CHIAVENATO, Idalberto. Administração: Teoria, Processo e Prática. 11. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2019.

 

MAXIMIANO, Antonio C. Amaru. Introdução à Administração. 9. ed. São Paulo: Pearson, 2021.