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Nutrição na Diabetes gestacional

Rosane Cristina Câmara Santos

 

 

RESUMO

 

O DM representa um conjunto de distúrbios endócrinos caracterizados por hiperglicemia consequente à deficiência insulínica. Essa deficiência pode ser decorrente da produção pancreática reduzida, de inadequada liberação e/ou da resistência periférica ao hormônio. Considerando o período gravídico-puerperal, é possível a ocorrência de hiperglicemia tanto em mulheres já sabidamente diagnosticadas como portadoras de DM previamente à gestação quanto em gestantes sem esse diagnóstico prévio.

 

Palavras-chave: Diabetes Melitus. Nutrição. Gestação.

 

 

Introdução

 

A mulher passa por muitas etapas, desde o nascimento até a idade adulta. A gravidez é uma fase reprodutiva em que ocorrem muitas mudanças e alterações no corpo da mulher, a partir da qual um novo organismo se desenvolve tanto fisiológica, física e psicologicamente. As alterações no metabolismo da mãe são importantes para atender às necessidades do feto, porém, problemas metabólicos também são causados ​​durante a gravidez. A parte mais comum dessa adaptação do organismo são os distúrbios de disglicemia, que é a elevação da glicose no sangue permeada pelos hormônios placentários anti-insulínico, para fornecer a glicose em quantidade adequada ao feto, sendo nesse caso identificado e diagnosticado como Diabetes Mellitus Gestacional (ROSSET et al.,2020). Dessa forma o objetivo desse estudo é por meio de uma revisão da literatura, apresentar a importância das escolas na construção dos hábitos alimentares saudáveis na infância e adolescência.

 

 

Diabetes gestacional

 

Fisiopatologia

 

A gravidez é caracterizada pela resistência à insulina. Esta condição, aliada a uma mudança drástica nos mecanismos de controle glicêmico, devido ao consumo de glicose pelo embrião e feto, pode contribuir para o surgimento de alterações glicêmicas, predispondo ao diabetes. O diabetes gestacional (DMG) se desenvolve nesta fase. Certos hormônios produzidos pela placenta e outros hormônios aumentados durante a gravidez, como o lactogênio placentário, o cortisol e a prolactina, podem promover uma diminuição da atividade da insulina em seus receptores e, assim, aumentar a produção de insulina em mulheres grávidas saudáveis. Porém, esse mecanismo pode não ser observado em gestantes cuja capacidade produtiva já está no limite. Essas mulheres não aumentam suficientemente os níveis de insulina e podem, portanto, desenvolver diabetes gestacional (FEBRASGO, 2019).

 

Fatores de Risco

 

A hiperglicemia durante a gravidez está associada ao risco de uma série de resultados maternos e fetais adversos. É importante enfatizar que os riscos associados ao diabetes durante a gravidez podem ser reduzidos através de um planejamento adequado da gravidez e da otimização do controle glicêmico.  Os fatores de risco incluem idade materna avançada, sobrepeso e obesidade, história familiar, presença de condições relacionadas à resistência à insulina, ganho excessivo de peso durante a gravidez atual, crescimento fetal excessivo, polidrâmnio, hipertensão ou pré-eclâmpsia na gravidez atual, história de aborto espontâneo recorrente, malformações, natimorto ou recém-nascido, macrossomia, diabetes gestacional anterior, hemoglobina glicada ≥ 5,7% no primeiro trimestre (SBD, 2022).

 

 

Complicações

 

O DMG, embora considerado uma condição temporária, pode causar complicações precoces e tardias como o risco de hipertensão da gravidez, devido ao dano endotelial causado pela hiperglicemia, sendo importante fator de risco para o desenvolvimento da pré-eclâmpsia, aumentando significativamente a morbidade materna. Uma das complicações mais comuns da gravidez são o polidrâmnio, malformações fetais, parto prematuro, aumento da taxa de cesariana, natimorto, infecções neonatais, hiperbilirrubinemia, aumento da taxa de incidência de hipertensão, dano miocárdico, macrossomia, hipoglicemia neonatal, etc (SILVA et al., 2021).

Além disso, o polidrâmnio e a macrossomia são as principais causas do aumento das taxas de cesarianas nas mães com DG, o que também contribuiu indiretamente para o aumento da morbidade. O risco de complicações está relacionado ao controle glicêmico durante a gravidez, e o controle inadequado está associado a resultados obstétricos adversos, como ruptura prematura das membranas, malformações e parto prematuro. Entre as complicações tardias, a tendência a distúrbios metabólicos futuros é mais proeminente. O DMG é um dos principais preditores para o desenvolvimento do DM2. É elevado o risco cardiovascular pelo aumento do cálcio nas artérias coronárias e pela dilatação da camada média e do endotélio das artérias carótidas, eventos que predizem a aterosclerose (BRASIL,2022).

O diabetes gestacional está associado ao início precoce da síndrome metabólica, especialmente hipertrigliceridemia e hiperglicemia e, portanto, à progressão para obesidade no futuro. Além disso, outras complicações maternas incluem taxas aumentadas de gravidez, depressão pós-parto e transtorno de estresse pós-traumático. A placenta, um órgão fetal complexo, está associada a um risco aumentado de resistência à insulina à medida que cresce. Além de ser uma doença metabólica, o DMG também é uma resposta inflamatória de baixo grau, caracterizada pela ativação coordenada de múltiplas vias de sinalização que regulam a expressão de mediadores anti-inflamatórios no sangue. A exposição fetal a esse ambiente inflamatório pode influenciar no risco de desenvolver diabetes, afetando o genoma fetal nesta fase inicial (GIARLLARIELLI et al, 2023).

 

 

Tratamento

 

O tratamento do DMG visa reverter a hiperglicemia e reduzir o risco de complicações adversas relacionadas à gravidez, que podem ter um impacto positivo na saúde materna e fetal. Aconselhamento dietético, monitoramento da glicemia e tratamento com insulina, quando necessário, estão associados a taxas mais baixas de mortalidade neonatal, macrossomia, fraturas e paralisia nervosa em comparação com os cuidados habituais. Portanto, o manejo do diabetes gestacional deve ocorrer em ambiente multidisciplinar, com intervenções educativas e de estilo de vida, modificações dietéticas, atividade física e controle de peso (EVANGELISTA et al, 2023).

Além da reabilitação nutricional e da prática de exercícios, nos casos mais graves, onde os níveis de glicemia estão muito acima do esperado, as gestantes também farão uso de hipoglicemiantes orais ou insulina para manter o controle da glicemia em um nível aceitável. A insulina continua sendo a primeira escolha para tratamento medicamentoso indicada quando as mudanças no estilo de vida, como dieta individual e atividade física, são insuficientes e em seguida vem a metformina (FERNANDES; BEZERRA, 2020).

 

 

Nutrição

 

A terapia nutricional é uma importante aliada no manejo da DGM, visando fornecer os níveis recomendados de energia e nutrientes para o ganho de peso adequado durante a gravidez e manter os níveis de glicemia na ausência de cetonas na urina, graças ao consumo de alimentos saudáveis. alimentos e carboidratos. admissão. Tal intervenção é benéfica para a saúde materna e fetal. Porém, é um fator preocupante quando as normas que visam a manutenção da saúde e da qualidade de vida não são seguidas, pois uma alimentação inadequada pode levar ao baixo peso nas gestantes, bem como ao excesso de peso, o que pode afetar a gravidez. (ALMEIDA et al, 2020).

Antes de estabelecer um plano alimentar, é necessário determinar o índice de massa corporal (IMC) nesta fase e estabelecer o limite de ganho de peso da gestante. Em pacientes obesos (IMC > 29 kg/m2), naqueles com baixo peso corporal (IMC < 19,8 kg/m2), é aceitável um ganho de peso de até 18 kg. Nas pré-gestantes com peso adequado ou com sobrepeso, o ganho deveria permanecer dentro desse limite e ser inversamente proporcional ao IMC. Por semana, o ganho médio de peso deve ficar entre 230 e 450 gramas (ABESO, 2022).

A dieta deve ser dividida em volumes menores e intervalos precisos, distribuídos em 5 a 6 refeições por dia, sendo recomendadas: proteínas de 15 a 20%, lipídios de 20 a 35% e carboidratos cerca de 45 a 65% do valor energético total. Ainda em relação aos carboidratos, eles devem ser distribuídos ao longo do dia e é importante controlar a quantidade total nas refeições. Contudo, a dieta deve conter pelo menos 175 g de carboidratos/dia e atender às recomendações de fibras (20-35 g/dia ou 14 g/1000 kcal). Devido ao pico de atividade de certos hormônios, como o cortisol, no início da manhã, a ingestão de carboidratos deve ficar em torno de 30 g no café da manhã. De acordo com as recomendações dos comités nacionais e internacionais, a sacarose pode ser utilizada em até 10% do EFP, como parte de uma dieta saudável e o seu consumo não deve ser incentivado (CARVALHO et al, 2018).

Durante o processo de aconselhamento, as mulheres grávidas devem ser orientadas a ler os rótulos dos alimentos dietéticos processados ​​e, caso pretendam utilizá-los, a distinguir claramente os tipos de adoçantes que podem ser utilizados (respeitando o género e o limite de ingestão diária) que são: aspartame, acessulfame de potássio, neotame, sacarina. e sucralose (ADA, 2008/2014). Álcoois de açúcar (sorbitol, eritritol, lactitol, isomalte, xilitol e manitol), embora aprovados, podem causar dores de estômago e diarreia. Lembre-se que o profissional nutricionista deve levar em consideração as características socioeconômicas bem como as características da clientela atendida, só assim alcançará os resultados esperados na prática clínica em termos de cumprimento do plano diretor. Além das abordagens nutricionais, também devem ser aplicadas mudanças no estilo de vida, como a prática de atividade física (BISPO; CATINI; PAULA, 2022).

 

 

Cardápio

 

VERDURAS

Á VONTADE

À VONTADE

FEIJÕES E OLEAGINOSAS

01 PORÇÃO

05 COLHERES DE SOPA.

CARNES OU OVOS

02 PORÇÕES

TAMANHO DA PALMA DA MÃO (FRANGO OU CARNE);

02 OVOS COZIDOS.

ÓLEOS OU GORDURAS

01 PORÇÃO

01 COLHER DE SOBREMESA (AZEITE);

01 COLHER DE SOPA (MAIONESE);

01 COLHER DE SOBREMESA (REQUEIJÃO);

TAMANHO DA PONTA DA FACA (MANTEIGA).

LEGUMES DE RAIZ

03 PORÇÕES

04 COLHERES DE SOPA

FRUTAS

03 PORÇÕES

01 UNIDADE DO TAMANHO DA MÃO FECHADA (MAÇÃ OU GOIABA OU LARANJA);

03 RODELAS (ABACAXI);

01 UNIDADE (BANANA).

LEITE OU DERIVADOS

03 PORÇÕES

250 ML (LEITE);

01 UNIDADE (IOGURTE DIET)

CARBOIDRATOS

05 PORÇÕES

03 COLHERES DE SOPA (MASSAS OU ARROZ);

04 COLHERES DE SOPA (ANGÚ);

01 COLHER DE SOPA (FAROFA);

01 UNIDADE (PÃO);

01 FATIA FINA (BOLO);

07 UNIDADES (BISCOITOS MARIA OU MAIZENA).

 

 

Conclusão

 

O DMG é uma doença associada a um desequilíbrio na resistência à insulina durante a gravidez, que pode levar à hiperglicemia, causando danos tanto ao feto quanto à gestante. É importante destacar a necessidade de os profissionais de saúde realizarem um pré-natal adequado às gestantes utilizando tanto a glicemia de jejum no início do acompanhamento quanto o TOTG entre 24 e 28 semanas. Isto porque através deste teste a doença pode ser diagnosticada e tratada adequadamente. Isso evita a ameaça de DMG não compensado. O DMG é uma causa significativa de complicações maternas e fetais durante a gravidez, incluindo hipertensão, pré-eclâmpsia e risco de cesariana, macrossomia e icterícia neonatal durante a gravidez. Podem também mencionar os riscos a longo prazo para a mãe e a criança, especialmente os riscos cardiovasculares. Portanto, isso é confirmado por meio de testes de triagem com glicemia em jejum e testes orais de tolerância à glicose.  O tratamento crítico consiste principalmente em dieta e atividade física e, se não ajudarem, administração de insulina subcutânea.

 

 

Referências

 

ABESO. Posicionamento sobre o tratamento nutricional do sobrepeso e da obesidade: departamento de nutrição da Associação Brasileira para o estudo da obesidade e da síndrome metabólica. São Paulo: ABESO, 2022. Disponível em: < https://abeso.org.br/wp-content/uploads/2022/11/posicionamento_2022-alterado-nov-22-1.pdf>.

 

ALMEIDA, T. A. et al. Assistência nutricional e diabetes mellitus gestacional: uma revisão integrativa de literatura. Bahia: Research, Society and Development, 2020. Disponível em: < https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/download/4592/4031/21980>.

 

BISPO, S. G.; CATINI, G. F. M.; PAULA, M. L. Diabetes Mellitus Gestacional e suas complicações: um olhar do ponto de vista nutricional. São Paulo: Revista Saúde em Foco, 2022. Disponível em: <https://portal.unisepe.com.br/unifia/wp-content/uploads/sites/10001/2022/11/DIABETES-MELLITUS-GESTACIONAL-E-SUAS-COMPLICA%C3%87%C3%95ES-UM-OLHAR-DO-PONTO-DE-VISTA-NUTRICIONAL-p%C3%A1g-1166-a-1174-v2.pdf>

 

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CARVALHO, C. F. et al. Macro e micronutrientes na orientação nutricional para obesidade. Juiz de Fora: HU Revista, 2018. Disponível: < https://periodicos.ufjf.br/index.php/hurevista/article/view/13962/pdf>.

 

Diretriz da Sociedade Brasileira de Diabetes. Rastreamento e diagnóstico da hiperglicemia na gestação. Brasília: Diretriz da Sociedade Brasileira de Diabetes, 2022. Disponível em:< https://diretriz.diabetes.org.br/planejamento-metas-e-monitorizacao-do-tratamento-do-diabetes-durante-a-gestacao/>.

 

EVANGELISTA, P. A. et al. Diabetes Mellitus Gestacional - uma revisão abrangente sobre a fisiopatologia, diagnóstico, tratamento, complicações maternas, complicações fetais e prevenção. Curitiba: Brazilian Journal of Health Review, 2023. Disponível: < https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BJHR/article/download/60973/44008/147759>.

 

FEBRASGO. Diabetes gestacional. São Paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, 2019. Disponível em:< https://www.febrasgo.org.br/media/k2/attachments/FEMINAZ11ZV3.pdf>.

 

FERNANDES; BEZERRA, O Diabetes Mellitus Gestacional: Causa e Tratamento. São Paulo: Id on Line Rev. Mult. Psic., 2020. Disponível em: <https://idonline.emnuvens.com.br/id/article/download/2325/3662/9492>.

 

 

 

GIARLLARIELLI, H. P. M. et al. Diabetes gestacional e diabetes mellitus tipo 2 relacionado às complicações materno-fetais. São Paulo: Revista Eletrônica Acervo Médico, 2023. Disponível em: < https://acervomais.com.br/index.php/medico/article/download/12065/7036/ >.

 

JERONIMO, S. P. Terapia nutricional e diabetes mellitus gestacional: uma revisão bibliográfica. Paraíba: Universidade Federal de Campina Grande, 2018. Disponível: < http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/bitstream/riufcg/7149/3/PRISCILA%20DA%20SILVA%20JER%c3%94NIMO%20-%20TCC%20BACHARELADO%20EM%20NUTRI%c3%87%c3%83O%20CES%202018.pdf>. 

 

ROSSET, C. T. et al. Prevalência do diabetes mellitus gestacional em um ambulatório de alto risco do oeste do Paraná. Paraná:  FAG Journal of Health, 2020. Disponível em:< https://fjh.fag.edu.br/index.php/fjh/article/view/193/168>. Acesso em: 20 nov. 2023.

 

SILVA, A. L. A. e tal. Diabetes Mellitus Gestacional com ênfase nas Gestantes de Alto Risco. Vitória da Conquista: Id on Line Rev. Psic, 2021. Disponível em: <https://idonline.emnuvens.com.br/id/article/download/3328/5200/13188>.