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Alfabetização de crianças com Autismo

Gabriela Brussieri

Ana Paula Ribeiro dos Santos

Priscila da Silva Silvério

Antonia Natalina Máximo de Aguiar

Micaela Eduarda Pedrobom Rabelo

 

DOI: 10.5281/zenodo.14624359

 

 

RESUMO

Alfabetizar alunos com autismo é um processo que requer atenção especial e adaptação às necessidades individuais de cada estudante. A alfabetização é um processo que pode levar tempo, especialmente para alunos com autismo. Ter paciência e ser flexível nas expectativas é crucial. Cada progresso deve ser reconhecido e valorizado. Diante deste cenário este estudo tem por objetivo descrever sobre a alfabetização de crianças com autismo e adota como objetivos específicos caracterizar o Transtorno do Espectro Autista (TEA) assim como também ressaltar sobre a relevância da Comunicação Alternativa neste contexto. A metodologia adotada é a revisão de literatura. Como resultados, verifica-se que cada aluno com autismo tem um estilo de aprendizagem único. Alguns podem aprender melhor de forma visual, enquanto outros podem se beneficiar de abordagens auditivas ou táteis. É fundamental observar e identificar como o aluno aprende melhor para adaptar as estratégias de ensino. Alfabetizar alunos com autismo é um desafio que exige dedicação, criatividade e compreensão das necessidades individuais. Com as estratégias certas e um ambiente acolhedor, é possível promover o desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita, contribuindo para a autonomia e inclusão desses alunos na sociedade. Alfabetizar alunos com autismo é uma jornada rica em oportunidades para personalizar o aprendizado e adaptar métodos às suas necessidades únicas. Com paciência, criatividade e um ambiente acolhedor, é possível proporcionar experiências significativas que promovam não apenas a alfabetização, mas também o desenvolvimento social e emocional desses alunos.

 

Palavras–Chave: Autismo. Alfabetização. Transtorno do Espectro Autista.

 

 

Introdução

 

A alfabetização é uma habilidade essencial para a inclusão social e acadêmica. Quando se fala sobre como alfabetizar alunos com autismo, se está promovendo práticas que asseguram que todos os alunos possam participar plenamente da vida escolar e da sociedade. A alfabetização não se limita à leitura e escrita; envolve também habilidades de comunicação e sociais. Abordar esse tema ajuda a desenvolver não apenas as habilidades acadêmicas, mas também competências sociais importantes para a interação com os outros.

Em relação a alfabetização de crianças com autismo, ganha-se cada vez mais destaque, advindo de que pode ser um processo único e desafiador, variando bastante de um indivíduo para outro. Alunos com autismo podem apresentar diferentes níveis de habilidades cognitivas e linguísticas. Alguns podem ter habilidades avançadas em leitura e escrita, enquanto outros podem precisar de mais apoio. É fundamental reconhecer e valorizar as diferenças individuais.

Neste sentido, este estudo adota como objetivo principal descrever sobre a alfabetização de crianças com autismo e adota como objetivos específicos caracterizar o Transtorno do Espectro Autista (TEA) assim como também ressaltar sobre a relevância da Comunicação Alternativa neste contexto.

A metodologia adotada é a revisão de literatura, um processo sistemático de busca, avaliação e síntese de estudos e publicações existentes sobre um determinado tema ou questão de pesquisa onde o objetivo é entender o estado atual do conhecimento, identificar lacunas na pesquisa, e fundamentar novas investigações.

 

 

Caracterizando o Autismo

 

O inicio do percurso histórico do autismo data de 1943 quando foi definido por Kanner e inicialmente denominado de Distúrbio Autístico do Contato Afetivo. Mais tarde, outras pesquisas, estudos e experimentos trouxeram novas informações que tiravam o foco da questão afetiva, concluindo-se mais tarde que o autismo é uma síndrome multifacetada com comportamentos específicos e com alterações em distintas áreas do desenvolvimento (SALES, 2020, p.25).

Leo Kanner foi um psiquiatra austríaco que é amplamente reconhecido por suas contribuições ao entendimento do autismo. Em 1943, ele publicou um artigo seminal intitulado "Autistic Disturbances of Affective Contact", onde descreveu pela primeira vez um grupo de crianças que apresentavam comportamentos que mais tarde seriam identificados como parte do espectro autista. Kanner ajudou a estabelecer critérios diagnósticos para o autismo, influenciando a forma como a condição é compreendida e diagnosticada até hoje. Seu trabalho pavimentou o caminho para uma maior pesquisa e compreensão sobre os diferentes aspectos do autismo.

O termo autismo permeia a literatura brasileira ora como generalização de um conjunto de sinais e sintomas, ora como um tipo específico de transtorno do espectro do autismo (TEA). Transtorno global do desenvolvimento (TGD), transtorno do espectro do autismo (TEA) ou transtorno invasivo do desenvolvimento (TID) são terminologias para nominar o mesmo conjunto de sinais e sintomas. Para considerar-se o diagnóstico de TEA é preciso o comprometimento de três áreas de funcionamento cerebral sendo: interação social; comunicação; e, comportamentos repetitivos e com interesses restritos (SCHMIDT, 2014, p.41).

Pacheco (2022, p.15) ressalta que o autismo é um transtorno complexo e diversas vezes mal compreendido. Ao longo dos anos, diversos mitos e estereótipos têm cercado o autismo, levando a equívocos, estigmatização e dificuldades adicionais para indivíduos e famílias afetadas.

 

 

O Transtorno do Espectro Autista (TEA)

 

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição do neurodesenvolvimento, de início precoce, caracterizado por déficits persistentes na comunicação e interação social associados a padrões restritos e repetitivos de comportamentos, interesses e atividades e embora não seja critério diagnóstico, observam-se alterações motoras em cerca de 83% das crianças com TEA, podendo somar prejuízos ao desenvolvimento (KERCHES, 2022,p.32).

 

O termo “espectro” foi utilizado para indicar a heterogeneidade da manifestação e do grau de acometimento dos sintomas. Isso significa que uma pessoa com autismo pode ser bem diferente de outra pessoa com autismo e que há uma variedade no perfil das pessoas afetadas. Pensando em extremos, pode-se ter uma pessoa com autismo muito comprometida, com dificuldades graves de interação social, que não fala, que apresenta muitas alterações comportamentais e déficits cognitivos significativos, assim como outra pessoa com autismo com sintomas tão brandos, que fala, lê, escreve e interage bem socialmente, que um olhar leigo pode não perceber que a pessoa tem autismo (GOMES, 2015, p.12).

 

De forma simplificada, pode-se dizer que o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição neurodesenvolvimental que afeta a forma como uma pessoa se comunica, interage socialmente e percebe o mundo ao seu redor. O termo "espectro" refere-se à ampla gama de habilidades e desafios que as pessoas com autismo podem apresentar, variando de leve a severo.

O Transtorno do Espectro Autista é uma síndrome de início precoce caracterizada por alterações marcantes no desenvolvimento da linguagem e da interação social. Há também a presença de comportamentos estereotipados e repetitivos, rituais, alterações sensoriais e interesses restritos. Tais características são essenciais para que ocorra o diagnóstico e estão presentes em todos os indivíduos com o transtorno (TEIXEIRA, 2016, p.25).

As causas exatas do TEA ainda não são completamente compreendidas, mas acredita-se que uma combinação de fatores genéticos e ambientais contribua para seu desenvolvimento. Estudos sugerem que algumas variações genéticas podem aumentar a predisposição ao autismo.

O termo “espectro” foi utilizado para indicar a heterogeneidade da manifestação e do grau de acometimento dos sintomas, ou seja, isto significa que uma pessoa com autismo pode ser bem distinta de outra pessoa com autismo e que há uma variedade no perfil das pessoas afetadas (GOMES, 2015, p.48).

Para Stravogiannis (2020,l p.32) o autismo, que atualmente é denominado como “transporto do espectro autista” não é um conceito fechado, ou seja, não há consenso científico a respeito do que é autismo e qual sua etiologia e de fato, isto acontece porque não se sabe o que causa o autismo, se é que ele é causado por algo, e mais, há uma diversidade de manifestações do que hoje é considerado como transtorno do espectro autista, com distintas perspectivas a respeito, tanto de uma possível etiologia, quanto das suas características, comorbidades, diagnósticos, terapias, dentre outros aspectos, assim, toda essa diversidade dificulta uma conceituação necessária.

O diagnóstico do TEA geralmente é feito por meio de avaliações clínicas que consideram o histórico de desenvolvimento da criança e observações diretas do comportamento. Não existe um teste único para diagnosticar o autismo; em vez disso, os profissionais utilizam diretrizes estabelecidas para avaliar as características do indivíduo.

O diagnóstico de TEA é pautado no Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais da Associação Americana de Psiquiatria (DSM-5) que descreve que é preciso precocidade dos sintomas, e que causem prejuízos clínicos no funcionamento social, profissional e pessoal ou em outras áreas relevantes da pessoa e além disto, esses prejuízos não são bem explicados por deficiência cognitiva e intelectual ou pelo atraso global do desenvolvimento (CASTRO, 2023, p.38).

O comprometimento da linguagem é um dos sinais que define o transtorno, sendo utilizado como um dos principais critérios diagnósticos. Usualmente, observa- se dificuldade em começar e/ou manter um diálogo, falar sobre características de objetos e pessoas, assim como solicitar itens; em alguns casos mais severos, existe total ausência de verbalizações de palavras, com emissão descontextualizada de sons, um sentido aparente. Em tais situações, é comum que ocorra a utilização de comunicação alternativa, como o sistema de comunicação por troca de figuras (PECS, do inglês Picture Exchange Communication System) (KERCHES, 2022, p.58).

O comprometimento da linguagem no Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma das características mais notáveis e pode variar amplamente entre os indivíduos. Esse comprometimento é multifacetado e exige uma abordagem individualizada para cada pessoa. Compreender essas nuances é crucial para oferecer o suporte necessário e ajudar os indivíduos com autismo a desenvolver habilidades comunicativas eficazes.

O TEA figura entre as condições mais visíveis e conhecidas as quais afetam o desenvolvimento do cérebro. São poucas as pessoas as quais não fazem alguma conexão ou contam uma história a respeito de um indivíduo com transtorno. Relatos no noticiário sobre avanças científicos e histórias de interesse humano que narram a vida de famílias afetadas pelo TEA são rotineiros. Realizando uma busca simples por “autismo” na internet, encontra-se aproximadamente 144 milhões de resultados em cerca de meio segundo. Em termos simples, existem por aí diversas informações, e talvez diversas hipóteses, a respeito do TEA e há muitos equívocos e informações divergentes referentes a causas, tratamentos e até mesmo a respeito do que é o transtorno (BERNIER; DAWSON; NIGG, 2021, p.12).

Embora ainda haja muito a aprender sobre as complexas interações entre o autismo e o desenvolvimento cerebral, é claro que há diferenças significativas que afetam como os indivíduos com TEA percebem e interagem com o mundo ao seu redor. Compreender essas questões pode ajudar na criação de intervenções mais eficazes para apoiar o desenvolvimento das pessoas dentro do espectro autista.

O cérebro do TEA apresenta funcionamento atípico. As alterações cerebrais podem se desenvolver ainda intraútero e ocorrer em níveis estrutural e funcional, especialmente relacionadas ao excesso e desorganização de neurônios e conexões cerebrais. Ao nascimento, o cérebro no TEA já acostuma ser hiperexcitado e mais imaturo, com prejuízos em habilidades como imitação, prejudicando oportunidades de aprendizado desde cedo e a espacialização neuronal. Um desequilíbrio entre os sistemas excitatório e inibitório, com predomínio do primeiro, também se relaciona aos mecanismos neurobiológicos do TEA. A agitação e o comportamento em “excesso” frequentemente observados podem estar relacionados com essa hiperexcitabilidade cerebral, associada, por vezes, a alterações sensoriais (KERCHES, 2022, p.61).

O funcionamento atípico do cérebro em pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) pode influenciar uma variedade de habilidades e comportamentos, resultando em uma maneira única de perceber e interagir com o mundo ao seu redor. Essas diferenças podem representar desafios significativos, mas também abrir portas para habilidades especiais e talentos notáveis. É fundamental compreender essas características para oferecer suporte adequado e promover um ambiente inclusivo para pessoas dentro do espectro autista.

Segundo Gaiato (2018, p.06) o transtorno espectro autista é uma condição comportamental o qual desafia médicos, psicólogos e demais profissionais da saúde mental infantil, afinal, o diagnóstico possui uma heterogeneidade de sintomas com possibilidades infinitas de características envolvendo prejuízos de linguagem, prejuízos sociais, acadêmicos, cognitivos e também emocionais e somado a isto, tem-se um número reduzido de profissionais especialistas e qualificados, um número crescente de casos e uma inabilidade generalizada entre profissionais no lidar com as famílias para a elaboração de tratamentos individualizados e precisos.

Os tratamentos individualizados para o autismo são vitais para maximizar o potencial do indivíduo e melhorar sua qualidade de vida. É importante avaliar regularmente o progresso e ajustar as intervenções conforme necessário. Cada criança é única, por isso um plano personalizado pode fazer toda a diferença na jornada de aprendizado e desenvolvimento.

Conforme apresenta Castro (2023, p.31) é indispensável que todos compreendam o TEA, afinal, é um dos transtornos mais prevalentes na infância. Dados publicados em março de 2023 pelo Centro de Controle de Prevenção de Doenças (CDC) estimam que, nos Estados Unidos, uma em cada 36 crianças, aos 8 anos, seja autista, significado 2,8% desta população. Ainda não se tem a prevalência real de TEA no Brasil, mas se considerar esses números, deve-se ter em torno de 6 milhões de autistas no Brasil. Esse mesmo estudo ainda traz uma maior prevalência em meninos, na proporção de 3,8 para cada menina. Este dado é questionado por muitos autores, pelo fato de o autismo em mulheres ser subdiagnosticado.

 

 

Os níveis de funcionalidade

 

De acordo com Gaiato (2018, p.52) o DSM divide o TEA em nível 1, 2 ou 3 com base nos níveis de apoio e intervenção que a pessoa com autismo precisa receber. No nível 1 encontram-se as crianças as quais têm os sintomas de TEA, mas que precisam de pouco auxílio, pouca intervenção terapêutica para realizar as atividades da vida, afinal, conseguem aprender e usar os recursos das orientações as quais recebem na maioria das vezes. As pessoas que estão nesse nível, diversas vezes, falam, entretanto, têm dificuldade em iniciar e manter uma interação com as outras pessoas. Podem apresentar pouco interesse em fazer isto e seus interesses restritos e padrões repetitivos de comportamento podem atrapalhar tais relações. Precisam de pouco tratamento para serem funcionais na vida e apresentam dificuldade em flexibilidade mental e mudanças de rotina.

Indivíduos nesse nível podem ter dificuldades em se comunicar e interagir socialmente, mas conseguem se adaptar em muitas situações. Eles podem ter dificuldades para iniciar ou manter conversas e podem apresentar comportamentos repetitivos ou interesses restritos. Embora consigam funcionar na maioria das situações, precisam de suporte ocasional para lidar com desafios sociais ou comportamentais.

Já as pessoas no nível 2 do Transtorno do Espectro do Autismo necessitam de mais apoio e intervenção terapêutica. Os déficits na interação social são mais acentuados, e apresentam dificuldades de se relacionar adequadamente com outras pessoas, mesmo com mediação e muito suporte terapêutico. Os comportamentos restritos e repetitivos são óbvios para as outras pessoas e interferem no seu contato social em diversos contextos. Não gostam de ser interrompidos nos seus rituais e costumam ficar alterados quando isto ocorre (GAIATO, 2018, p.54).

Pessoas nesse nível apresentam dificuldades mais evidentes em comunicação social e comportamentos restritivos. Elas podem ter dificuldade em entender interações sociais e podem precisar de mais ajuda para se envolver em atividades diárias. Também requerem suporte substancial em contextos sociais e acadêmicos e isso pode incluir intervenções terapêuticas regulares e adaptações no ambiente escolar ou de trabalho.

As pessoas que se encontram no nível 3 precisam de apoio intenso. Tem déficit intenso em comunicação verbal e não-verbal, e a interação com os outros é muito limitada e difícil de ocorrer. Os comportamentos restritos e repetitivos interferem em todos os contextos em sua vida, mesmo recebendo muito tratamento e os sintomas dessas crianças apresentam maior gravidade (GAIATO, 2018, p.57).

Indivíduos nesse nível têm dificuldades severas em comunicação social e frequentemente apresentam comportamentos repetitivos que interferem significativamente em suas atividades diárias. Eles podem ter dificuldade em compreender o que os outros estão dizendo e podem não conseguir se comunicar verbalmente. Necessitam de suporte muito substancial em todas as áreas da vida, incluindo cuidados diários, educação e interação social. Muitas vezes, precisam de assistência constante.

Esses níveis auxiliam a orientar o suporte necessário para cada indivíduo, reconhecendo que o autismo é um espectro com uma ampla variedade de habilidades e necessidades. É importante lembrar que cada pessoa é única, e seu nível de funcionalidade pode mudar ao longo do tempo com intervenções apropriadas e apoio contínuo.

 

 

Autismo e a categoria de Transtornos Invasivos do Desenvolvimento

 

Silva e Moreira (2021, p.17) afirmam que o autismo é o mais conhecido dentre a categoria de Transtornos Invasivos do Desenvolvimento e tem como principais características para o diagnóstico, déficits no desenvolvimento de habilidades sociais, comunicativas e cognitivas; e além disto, crianças diagnosticadas com TEA podem apresentar distúrbio do sono e também alimentares os quais surgem por meio da aversão ao consumo de determinados alimentos, seja por sua textura, cor ou odor. Neste sentido, aponta-se a necessidade de avaliações médicas as quais vão além do diagnóstico baseado no comportamento, afinal, os distúrbios alimentares podem estar relacionados também a comorbidades.

Os Transtornos Invasivos do Desenvolvimento são um grupo de condições que afetam o desenvolvimento social, emocional e comunicativo de uma pessoa. O termo "invasivo" refere-se ao impacto abrangente que esses transtornos têm em várias áreas da vida da pessoa. O autismo é uma das condições mais conhecidas dentro dos Transtornos Invasivos do Desenvolvimento. O autismo é uma condição complexa que se insere dentro do grupo mais amplo dos Transtornos Invasivos do Desenvolvimento. Embora compartilhe características comuns com outros transtornos dessa categoria, cada indivíduo apresenta um conjunto único de desafios e habilidades. A compreensão dessa relação ajuda profissionais e famílias a desenvolverem estratégias eficazes para apoiar o desenvolvimento social e comunicativo das crianças afetadas.

Fación (2008, p.48) afirma que, o transtorno autista está inserido entre os transtornos invasivos do desenvolvimento sendo caracterizado por comprometimentos persistentes nas interações sociais recíprocas, desvios na comunicação e padrões comportamentais restritos e estereotipados, assim, é diagnosticado em crianças as quais apresentam inaptidão para estabelecer relações normais com o outro, atraso na aquisição da linguagem e, quando esta se desenvolve, uma aparente incapacidade de lhe dar valor de comunicação. Na maioria dos casos, tais crianças manifestam, estereotipias gestuais e uma necessidade imperiosa de manter imutável seu ambiente material, ainda que dê em provas de uma memória frequentemente notável.

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é classificado como um transtorno invasivo do desenvolvimento devido às suas características e à forma como afeta o desenvolvimento das habilidades cognitivas, sociais e de comunicação da pessoa. O TEA está inserido nos Transtornos Invasivos do Desenvolvimento devido ao seu impacto abrangente  no  desenvolvimento das habilidades da pessoa,  suas características comuns com outros TIDs (Transtornos Invasivos do Desenvolvimento) e a necessidade de intervenções precoces  para promover um melhor desenvolvimento e qualidade de vida. A compreensão dessa classificação é fundamental para promover conscientização e estratégias eficazes para apoiar aqueles que vivem com autismo e suas famílias.

TIDs são uma categoria de condições que impactam significativamente o desenvolvimento de uma pessoa, especialmente durante os primeiros anos de vida. Essa classificação inclui o Transtorno Autista, o Transtorno de Asperger, o Transtorno Desintegrativo da Infância e o Transtorno Global do Desenvolvimento Sem Outra Especificação.

 

 

A alfabetização do aluno com Autismo

 

O ato de alfabetizar, ultrapassa o simples ler e escrever, e conduz outras práticas sociais, imprimindo novas relações, conhecimentos, formas de linguagens e bens culturais. Os alunos precisam ser envolvidos em situações concretas de produção de significados, seja na leitura, seja na produção de textos (ALBUQUERQUE; LEAL, 2018, p.28).

O tema de alfabetização é sempre oportuno e, hoje, mais do que necessário. Em um momento político no qual as diretrizes oficiais apontam para o método fônico como caminho para a aquisição proficiente da língua, estão todos (educadores, professores, especialistas de áreas afins, estudantes, pesquisadores e comunidade), convocados a enfrentar os problemas do analfabetismo e do baixo letramento no país pela compreensão ampla de tal desafio e pela revisão de posturas pedagógicas. Obviamente, não se trata de criticar os adeptos do referido método por simples oposição ideológioca, mas de colocar em evidência, no plano político pedagógico, o sentido educativo da alfabetização e as concepções de língua e de aprendizagem, assim como as diretrizes as quais subsidiam a formação de sujeitos efetivamente leitores e produtores de texto (COLELLO, 2021).

A alfabetização de alunos com autismo é extremamente relevante e traz uma série de benefícios que vão além da simples habilidade de ler e escrever. A alfabetização proporciona aos alunos com autismo ferramentas para se comunicar de forma mais eficaz. Muitos indivíduos no espectro enfrentam desafios na comunicação verbal, e a leitura e a escrita podem servir como alternativas valiosas para expressar pensamentos, sentimentos e necessidades. Ser capaz de ler e escrever aumenta a autonomia dos alunos com autismo. Com habilidades de alfabetização, eles podem gerenciar tarefas do dia a dia, como ler sinais, seguir instruções, entender rótulos de alimentos e até mesmo se comunicar em contextos sociais mais amplos.

Especificamente, no caso dos alunos com autismo, o argumento da alfabetização natural e espontânea, diminui potencialmente a probabilidade, uma vez que há falha em condições essenciais para apropriar-se da cultura já estabelecida: a dificuldade na interação social e na flexibilidade comportamental e intelectual (SERRA, 2023, p.12).

A alfabetização também ajuda na inclusão social. Quando os alunos podem participar de atividades que envolvem leitura e escrita, eles têm mais oportunidades de interagir com seus colegas, o que pode levar a amizades e um senso de pertencimento. Habilidades de alfabetização são fundamentais para a vida adulta. Elas são necessárias em praticamente todos os aspectos da vida, desde o emprego até a interação com serviços públicos. Uma boa base em alfabetização pode abrir portas para oportunidades educacionais e profissionais no futuro. Alunos com autismo muitas vezes se beneficiam de abordagens estruturadas e visuais no aprendizado. Programas de alfabetização adaptados podem utilizar recursos visuais, histórias sociais e tecnologias assistivas que facilitam grandemente o processo de aprendizagem.

Acreditar na capacidade de aprender de todos os alunos, sem exceções, é o que está por detrás de toda ação educacional que se propõe alcançar resultados legítimos, autênticos, em qualquer nível de ensino. Felizes os professores os quais estão, de fato, convencidos disso (ORRÚ, 2016, p.09).

O sucesso na alfabetização pode aumentar a autoestima dos alunos com autismo, um aspecto complexo o qual pode ser afetado por uma combinação de desafios sociais, reconhecimento das habilidades e apoio emocional. Quando eles conseguem ler e escrever, sentem-se mais confiantes em suas habilidades, o que pode ter um impacto positivo em outros aspectos de sua vida.

Compreender que a criança com autismo é um sujeito aprendente faz toda a diferença no processo de ensinar e na qualidade das relações sociais dialógicas favorecidas nos diversos espaços da aprendizagem e tal compreensão possibilita uma desconstrução do discurso em vigência sobre as práticas pedagógicas em sala de aula, em geral, homogêneas, reducionistas do potencial daquele que apresenta o autismo (ORRÚ, 2016, p.12).

 

 

Adaptações nas Estratégias de Ensino

 

Segundo Pacheco (2022, p.81-82) as estratégias de ensino também podem ser adaptadas para melhor atender às necessidades dos alunos com autismo e algumas estratégias incluem, por exemplo, o Ensino Estruturado o qual consta em utilizar rotinas previsíveis e estruturadas durante as aulas pode ajudar os alunos com autismo a se sentirem mais seguros e engajados. Estabelecer uma sequência clara de atividades, fornecer instruções claras e utilizar recursos visuais para indicar as etapas do processo são maneiras de implementar o ensino estruturado.

As estratégias de ensino para autistas são fundamentais para facilitar o aprendizado e a inclusão desses indivíduos em ambientes educacionais. Tais estratégias de ensino para autistas são essenciais para garantir que esses alunos tenham oportunidades justas no ambiente educacional. A inclusão dessas práticas não apenas melhora as experiências de aprendizado dos estudantes autistas, mas também contribui para um ambiente escolar mais acolhedor e diversificado, onde todos podem prosperar.

Outra estratégia, segundo Pacheco (2022, p.82) é o Ensino Multissensorial o qual consta incorporar diferentes modalidades sensoriais durante as aulas podendo facilitar o aprendizado dos alunos com autismo. Utilizar recursos visuais, auditivos, táteis e cinestésicos auxilia a reforçar a compreensão e a memória dos conceitos

O ensino multissensorial é uma abordagem poderosa e eficaz para alunos com autismo, pois utiliza diferentes sentidos para facilitar o aprendizado e a compreensão. Essa estratégia pode ser adaptada de diversas maneiras para atender às necessidades específicas de cada aluno. O ensino multissensorial não só atende às necessidades individuais dos alunos com autismo, mas também torna o aprendizado mais envolvente e prazeroso. Ao envolver diferentes sentidos, os educadores podem proporcionar experiências ricas que ajudam os alunos a se conectarem com o conteúdo de maneira significativa.

O reforço positivo também é indicado por Pacheco (2022, p.82). Segundo o autor, utilizar estratégias de reforço positivo tais como elogios, recompensas tangíveis e sistemas de pontos, pode incentivar a motivação e o engajamento dos alunos com autismo. Reconhecer e valorizar o esforço e o progresso do aluno é fundamental para promover uma atitude positiva em relação ao aprendizado.

O uso de reforços positivos para reconhecer o progresso e as conquistas dos alunos pode aumentar sua motivação e engajamento no aprendizado. Isso é especialmente importante para manter o interesse dos alunos em tarefas desafiadoras.

Por fim, Pacheco (2022, p.82) ressalta o Apoio Individualizado. Oferecer suporte individualizado, seja por meio de um professor de apoio ou de uma parceria entre o professor regular e especializado, pode ajudar a adaptar as estratégias de ensino de acordo com as necessidades específicas do aluno esse suporte pode incluir a explicação adicional de conceitos, o uso de estratégias de resolução de problemas e a implementação de estratégias de autorregulação emocional

O apoio individualizado é uma estratégia essencial para o ensino de alunos com autismo, pois reconhece as singularidades de cada estudante e adapta o processo de aprendizagem às suas necessidades específicas. É uma abordagem poderosa para atender às necessidades dos alunos com autismo, promovendo seu desenvolvimento acadêmico, social e emocional. Ao criar um ambiente adaptado às suas necessidades únicas, os educadores podem ajudar esses alunos a alcançar seu potencial máximo.

 

 

A relevância da Comunicação na alfabetização da criança com autismo: enfatizando a CA (Comunicação Alternativa)

 

Trabalhar a comunicação é uma parte essencial da alfabetização. Para crianças que têm dificuldades na fala, é importante utilizar alternativas como a CA (Comunicação Alternativa).

De acordo com Silva (2016, p.285) a CA (Comunicação Alternativa) é organizada para pessoas sem fala ou sem escrita funcional ou em defasagem entre sua necessidade comunicativa e sua habilidade de falar e/ou escrever. Essa CA pode ocorrer sem auxílios externos e, neste caso, ela valoriza a expressão do sujeito, a partir de outros canais de comunicação distintos da fala: gestos, sons, expressões faciais e corporais podem ser utilizados e identificados socialmente para manifestar desejos, necessidades, opiniões, posicionamentos, tais como: sim, não, olá, tchau, dinheiro, banheiro, estou bem, sinto dor, quero, entre outros.

A comunicação alternativa é uma abordagem fundamental para apoiar pessoas com autismo, especialmente aquelas que têm dificuldades na comunicação verbal. Ela refere-se a métodos e ferramentas que ajudam indivíduos a se expressarem quando a fala não é suficiente ou não está disponível. Isso pode incluir: Comunicação Aumentativa e Alternativa, conhecida como CAA (estratégias que ampliam ou substituem a fala, utilizando recursos como símbolos, imagens, gestos ou tecnologia assistiva); Sistemas de Comunicação Visual (utilização de pictogramas, cartões de comunicação e quadros de comunicação para facilitar a troca de informações); Tecnologia Assistiva (aplicativos e dispositivos eletrônicos que permitem que as pessoas se comuniquem de forma mais eficaz, como tablets com softwares de CAA); dentre outros.

A Comunicação Alternativa (CA) é uma das áreas mais relevantes dentro do que se conhece como Tecnologia Assistiva e aborda as ajudas técnicas para comunicação, seja para complementar, suplementar ou oferecer alternativas para que o processo comunicativo ocorra. A CA como área de conhecimento centra-se na comunicação como processo cognitivo e social e pretende suplementar, complementar, aumentar ou dar alternativas para efetivar a comunicação de pessoas com déficits nesta área. Existem diversos sistemas de comunicação alternativos que apresentam um vasto repertório quanto aos elementos representativos, como fotografias, desenhos e pictogramas. Os suportes para estes sistemas podem ser tanto de baixa tecnologia (material concreto) como de alta tecnologia (sistemas computacionais). A relevância da CA concentra-se não no suporte midiático adotado, mas em estratégias e técnicas comunicativas as quais promovam a autonomia dos sujeitos em situações de comunicação (PASSERINO; BEZ, 2015, p.50).

A relevância da Comunicação Alternativa para Pessoas com Autismo deve-se a diversos fatores dentre os quais pode-se citar: Expressão de Necessidades e Sentimentos (diversas pessoas com autismo têm dificuldade em expressar o que precisam ou como se sentem. A comunicação alternativa proporciona meios para que possam se fazer entender); Redução da Frustração (quando as pessoas conseguem se comunicar mais efetivamente, há uma diminuição da frustração e do estresse tanto para elas quanto para seus familiares e cuidadores); Desenvolvimento Social (facilitar a comunicação ajuda a promover interações sociais, permitindo que indivíduos autistas participem mais ativamente em atividades sociais e escolares); e, também, Empoderamento (a capacidade de se comunicar aumenta a autonomia e a auto-estima das pessoas com autismo, permitindo-lhes tomar decisões sobre suas vidas.

Segundo Pelosi (2008, p.40) o papel fundamental da CA é demonstrar que pessoas não falantes ou com deficiência podem e têm muito a comunicar quando possuem recursos facilitadores os quais promovam com eficiência a comunicação.

Pode-se dizer que a CA é uma ferramenta valiosa para apoiar pessoas com autismo em sua jornada de comunicação e interação social. Ela não apenas facilita a expressão pessoal, como também contribui para o desenvolvimento social e emocional do indivíduo com autismo.

 

 

Aspectos Cognitivos da Aprendizagem e o autismo

 

Gomes (2015, p.35) afirma que não é qualquer pessoa com autismo que pode aprender a ler. Pessoas autistas que falam apresentam mais chances de aprender a ler do que crianças com autismo que não falam e a ausência da fala costuma estar relacionada a atraso significativo no desenvolvimento e a maiores déficits cognitivos. Outro ponto a se considerar a respeito das pessoas não falantes com autismo refere-se à relevância de se ensinar leitura para elas. A leitura tem diversas funções e pode ser bastante importante em diversos aspectos, porém a fala tem muito mais impacto na vida social do que a leitura.

A leitura é uma ferramenta poderosa para o desenvolvimento integral de alunos com autismo. Ela não só contribui para o aprimoramento das habilidades linguísticas e sociais, mas também promove o bem-estar emocional e intelectual. Criar um ambiente rico em literatura e tornar a leitura uma atividade prazerosa pode fazer uma grande diferença na vida desses alunos.

De acordo com Amaral (2014, p.69) para que haja um desenvolvimento efetivo para o aluno com transtorno do espectro autista (TEA) algumas sugestões de atividades a serem desenvolvidas são: atividades as quais desenvolvam seu raciocínio (quebra-cabeças simples, dominó da adição, dominó da subtração para desenvolver a sistematização das operações); atividades de escrita com a utilização de letras móveis; atividades as quais desenvolvam sua comunicação verbal e contato visual (como a utilização do método Sum Rise o qual apresenta uma abordagem altamente inovadora e dinâmica ao tratamento do Autismo e outras dificuldades de desenvolvimento similares – uma abordagem relacional, onde a relação entre pessoas é valorizada); aplicação do método Pecks que é um sistema de comunicação por troca de figuras e o método TEACCH o qual também auxilia no tratamento sendo um programa especial de educação talhado para as necessidades individuais de aprendizado da criança autista.

Compreender os aspectos cognitivos da aprendizagem dos alunos com autismo é essencial para adaptar estratégias educativas que atendam às suas necessidades específicas. Criar um ambiente de aprendizado inclusivo, que valorize as habilidades individuais e ofereça suporte nas áreas onde há desafios, pode fazer uma grande diferença no desenvolvimento acadêmico e pessoal desses alunos.

 

 

A construção do conhecimento da criança com autismo

 

Assim como ressalta Mello (2007, p.25) que o autismo é um distúrbio comportamental o qual consiste em uma tríade de dificuldades. As dificuldades de comunicação caracterizam-se pela dificuldade em utilizar com sentidos todos os aspectos da comunicação verbal e não verbal e isto inclui gestos, expressões faciais, linguagem corporal, ritmo e modulação na linguagem verbal.

A tríade de dificuldades é um conceito fundamental no entendimento do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Essa tríade descreve as três áreas principais em que indivíduos com autismo frequentemente apresentam desafios. A tríade de dificuldades é uma maneira útil de entender os desafios comuns enfrentados por pessoas com autismo. É importante lembrar que cada indivíduo é único e pode apresentar diferentes combinações dessas dificuldades. O apoio adequado, incluindo intervenções educacionais e terapias personalizadas, pode ajudar a melhorar as habilidades de comunicação, interação social e lidar com comportamentos repetitivos.

A outra dificuldade refere-se a dificuldade de socialização, este é o ponto crucial no autismo, e o mais fácil de gerar falsas interpretações. Significa a dificuldade em relacionar-se com os outros, a incapacidade de compartilhar sentimentos, gostos e emoções e a dificuldade na discriminação entre diferentes pessoas (MELLO, 2007, p.52).

Indivíduos com TEA podem ter dificuldade em entender normas sociais e interagir com outras pessoas. Isso pode levar a mal-entendidos e isolamento social. Embora muitas pessoas com autismo possam sentir empatia, elas podem ter dificuldades para expressá-la ou interpretar as emoções dos outros, o que pode afetar a construção de relacionamentos. Muitas vezes, as pessoas com TEA têm interesses intensos e específicos que podem não ser compartilhados por seus colegas, o que pode dificultar a socialização.

Assim como relembra Whitman (2015, p.39) pessoas com autismo exibem um amplo padrão de deficiências em situações de interação social e sob uma perspectiva de diagnóstico, estes déficits sociais são considerados uma característica central do autismo. Durante os estágios iniciais do crescimento, deficiências no desenvolvimento social das crianças autistas também não são sempre aparentes, afinal, seu desenvolvimento social precoce está nos limites normais, ou mais provavelmente porque diferenças nesta área são mais sutis e menos fáceis de detectar.

Por fim, a última dificuldade refere-se ao uso da imaginação que se caracteriza por rigidez e inflexibilidade e se estende às várias áreas do pensamento, linguagem e comportamento da criança e isto pode ser exemplificado por comportamentos obsessivos e ritualísticos, compreensão literal da linguagem, falta de aceitação das mudanças e dificuldades em processos criativos (MELLO, 2007, p.53).

Embora muitas pessoas com autismo possam ter dificuldades no uso da imaginação, é importante lembrar que cada indivíduo é único. Algumas pessoas podem desenvolver formas distintas de expressão criativa e imaginativa que são diferentes das convencionais. O apoio através de terapias, como a terapia ocupacional e intervenções baseadas na arte, pode ajudar a estimular a imaginação e as habilidades sociais.

Neste sentido é importante ressaltar, assim conforme apresentado por Mota (2020, p.17) que a possibilidade de conviver com crianças da mesma faixa etária proporciona um ambiente com maiores possibilidades de interação, o que contribui para o desenvolvimento do sujeito, a partir de modelos oferecidos pelos pares e nesta conjuntura, a inclusão escolar de crianças com diagnóstico de autismo surge como uma alternativa a qual possibilita um contexto com possibilidades de interação mais amplas, contribuindo para o desenvolvimento de todas as crianças envolvidas, considerando que todas as pessoas aprendem com as diferenças.

A inclusão de alunos com autismo no ambiente escolar é fundamental para promover a diversidade e garantir que todos tenham acesso a uma educação de qualidade. A inclusão de alunos com autismo não apenas beneficia esses indivíduos, mas também enriquece o ambiente escolar como um todo, promovendo empatia, respeito e compreensão entre todos os alunos. Cada passo em direção à inclusão é um passo importante para criar uma sociedade mais justa e acolhedora. A inclusão de alunos com autismo nas escolas e na sociedade é um objetivo importante, mas existem várias barreiras que podem dificultar esse processo. Superar tais barreiras requer um esforço conjunto entre educadores, famílias, comunidades e governos para promover uma cultura de inclusão verdadeira. Isso implica oferecer formação adequada aos profissionais, adaptar currículos, fomentar uma maior sensibilização sobre o autismo e criar ambientes acessíveis e acolhedores. A inclusão não se trata apenas da presença física do aluno na sala de aula, mas da criação de uma experiência educacional significativa que valorize suas habilidades únicas.

Assim como relembra Sales (2020, p.26) a própria sociedade cria problemas e barreiras para a plena inclusão das pessoas com deficiência e não tem sido diferente para aquelas com TEA. Essa é uma condição permanente apresentada por algumas pessoas as quais terão de conviver com o transtorno por toda a sua vida.

Benute (2020, p. 07) afirma que a inclusão é uma ferramenta social fundamental para a igualdade de direitos, na construção de uma sociedade de fato cidadã. Deste modo, na perspectiva da inclusão educacional, todas as pessoas possuem os mesmos direitos, independente das suas características, limitações ou deficiência, pois só assim será possível a construção de nova sociedade, mais plural e democrática.

 

 

Considerações finais

 

A alfabetização de crianças com autismo é uma tarefa desafiadora, mas extremamente gratificante. Cada criança no espectro autista é única, e suas habilidades e necessidades variam amplamente. Portanto, é fundamental adotar abordagens personalizadas que atendam às suas características individuais.

Criar um ambiente de aprendizagem positivo e acolhedor é crucial. Espaços estruturados com rotinas claras ajudam as crianças a se sentirem seguras e facilitam o processo de aprendizado. Utilizar recursos visuais, como quadros de avisos e imagens, pode ajudar na compreensão e retenção de informações.

A paciência é fundamental ao ensinar crianças com autismo. Cada progresso, por menor que seja, deve ser celebrado. O reforço positivo, tais como elogios ou recompensas, pode motivar as crianças a continuarem se esforçando. O reforço positivo é uma estratégia poderosa no processo de ensino e aprendizado, especialmente para crianças e adolescentes com autismo. Ele envolve a utilização de recompensas ou incentivos para encorajar comportamentos desejados.

O envolvimento dos pais ou responsáveis no processo educacional também é crucial. Eles podem fornecer informações valiosas sobre as preferências e os desafios da criança em casa, além de reforçar o aprendizado fora da escola.

Também é de extrema relevância que os professores recebam formação específica sobre autismo e estratégias de ensino inclusivas. Isso os capacita a atender melhor às necessidades das crianças no espectro.

Cada criança aprende em seu próprio ritmo; portanto, personalizar o currículo para atender às necessidades específicas da criança é fundamental para o sucesso na alfabetização.

A alfabetização de crianças com autismo deve ser um processo inclusivo e adaptável, centrado nas capacidades individuais da criança. Com as estratégias certas, apoio adequado e um ambiente estimulante, essas crianças podem desenvolver habilidades de leitura e escrita significativas que contribuirão para seu desenvolvimento pessoal e social ao longo da vida. É um caminho que exige dedicação, mas os resultados podem ser transformadores.

A alfabetização é uma habilidade essencial que oferece aos alunos com autismo oportunidades significativas para se comunicar, integrar-se socialmente e desenvolver sua autonomia e autoestima. Investir na alfabetização desses alunos não só beneficia seu desenvolvimento pessoal, mas também contribui para uma sociedade mais inclusiva e compreensiva.

 

 

Referências

 

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