Educação Especial Inclusiva no contexto escolar
Edina Neves da Silva[1]
Marcielli Chabowski Sibaldelli[2]
Professor (a) Orientador: Andressa Ignacio da Silva
RESUMO
Esta pesquisa buscou desenvolver um estudo do processo da socialização dos indivíduos com necessidades especiais incluindo que essas pessoas tem o papel importante a desempenhar na sociedade minimizando a discriminação e transformando em seres sociais. A socialização tem o papel de interagir, transformar os indivíduos na sociedade com bons hábitos sociais, uma aprendizagem da vida e coletivamente; um fato importante é que ela tem um sentido mais extenso nas ciências humanas seja qual for a disciplina (sociológica) não se pode ignorar as primeiras civilizações da criança no centro da família e seu papel constitutivo das personalidades individuais ou seja, a família é a base educação e formação. A inclusão das crianças com deficiência ou não, deve iniciar na família, posteriormente no âmbito escolar, que por sua vez oferecerá subsídio para a socialização e inclusão desta na sociedade. A presente pesquisa objetiva tratar a inclusão de pessoas com deficiências no espaço escolar, fazendo uma abordagem histórica e passando pelas políticas de educação especial. Seguindo a explanação, traz a inclusão e a integração para o centro das discussões, por entender que estes termos têm causado bastante polêmica no que se refere à sua efetivação no dia a dia. Para concluir, ressalta que a pior forma de segregação é aquela que marginaliza a pessoa em qualquer ambiente, o qual dificulta a aproximação e o contato natural com a interação social. Por fim, ressalta que urge implementar novas práticas, reavaliar os modelos que estão sendo seguidos e efetivar os direitos que já estão assegurados por lei, em busca de uma inclusão plena e justa para todos.
Palavras-chave: Inclusiva. Especial. Escolar.
Introdução
A pesquisa tenta responder a seguinte indagação:
- Como está sendo o atendimento das escolas no campo da educação especial e inclusiva, mediante a obrigação de atender todos os alunos especiais?
- Com intuito de responder a indagação acima esta pesquisa apresenta o seguinte objetivo geral:
- Analisar os impactos da falta de igualdade social e inclusiva nas escolas públicas e os desafios enfrentados por alunos com necessidades especiais.
E os seguintes objetivos específicos:
- Examinar a formação docente para que possa atender as demandas da educação especial inclusiva.
Analisar as percepções de professores, gestores e alunos sobre a inclusão de alunos com deficiência no âmbito escolar.
Propor estratégias que favoreça a inclusão e a equidade educacional no âmbito escolar.
Para compreender a educação inclusiva primeiro devemos entender o que é inclusão, e o que representa para a sociedade e para a educação no âmbito escolar.
A metodologia dessa pesquisa trata-se de uma revisão bibliográfica, cuja a pesquisa se fará de forma abordagem qualitativa descritiva visando a análise interpretação de dados acerca do tema.
Metodologia
Na realização dessa pesquisa a metodologia utilizada foi Revisão Bibliográfica com uma abordagem qualitativa de cunho descritiva usando análise interpretação de dados acerca do tema. As pesquisas bibliográficas baseiam-se em autores e obras já publicados a respeito do tema devido às necessidades de compreender as práticas, desafios e percepções relacionadas a educação inclusiva no ambiente escolar, com foco nos professores e na gestão educacional.
Diante dos objetivos lançados e dos pressupostos dele meados optou-se pela pesquisa qualitativa. Isto porque os estudos qualitativos podem descrever a complexidade de determinado problema. A pesquisa possibilita a aproximação e compreensão da realidade ao ser investigado. Logo, a mesma deu-se a partir do levantamento de referência teóricas relatadas, com o intuito de recolher informações ou conhecimento sobre o problema estudado. Dentro dos procedimentos técnicos que a pesquisa qualitativa abrange optou-se pelo estudo de caso que permite um amplo e detalhado conhecimento. O estudo de caso foi escolhido por compreender uma análise mais focada em uma determinada realidade podendo conhecer especificamente determinada área ou situação.
Revisão bibliográfica/ Estado da arte
Inclusão:
A inclusão é o ato de acolher e acomodar pessoas que foram historicamente excluídas, de forma garantir que todos tenham valor, respeito e as mesmas chances na sociedade. A inclusão é um processo irreversível que visa a construção de uma sociedade para todos sem exceção. A inclusão pode ser promovida em diversos contexto, como escola, no mercado de trabalho e na sociedade em geral.
A inclusão é o processo de garantir que todos os alunos, independentemente de suas diferenças (como deficiências, origem étnica, ou necessidades educacionais especiais), tenha acesso igualitário à educação de qualidade. No contexto escolar, a inclusão envolve não só a adaptação das metodologias de ensino e do ambiente escolar, mas também a promoção de uma cultura de respeito à diversidade.
A ideia é que a escola seja um espaço onde todos os estudantes possam participar plenamente das atividades, desenvolvendo suas habilidades ou características individuais. Para que realmente a educação inclusiva aconteça na prática, faz-se necessário uma reconstrução geral, visto que a escola deverá tornar-se aberta à criação de novas possibilidade de conhecimento (Mantoan, 2003).
Uma escola aberta aos princípios da educação inclusiva reconhece a individualidade da construção do conhecimento de cada aluno, e se preocupa com o desenvolvimento de um currículo escolar voltado para a superação das necessidades individuais de cada aluno. Incluir trata-se de fazer o indivíduo para o convívio em grupo de forma participativa (CENTRO NACIONAL DE RESTRUTURAÇÃO E INCLUSÃO EDUCACIONAL, 1994, apual SASSAKI 1999).
Uma educação inclusiva significa oferecer oportunidades equitativa a todos os alunos incluindo também aqueles com deficiência severa com intuito de prepará-los para uma vida digna e participativa na sociedade vigente.
Escola inclusiva:
Neste capítulo, tem como objetivo conceituar a escola inclusiva. A Declaração de Salamanca, 1994, afirma que todas as crianças têm necessidades e aprendizagem únicas, tem direito a ir à escola de sua comunidade, com acesso ao Ensino Regular, e os Sistemas Educacionais devem implementar programas, considerando a diversidade humana e desenvolvendo uma pedagogia voltada para a criança.
Algumas deficiências físicas podem afetar, de forma mais acentuada, a aparência física das pessoas, ocasionando um problema secundário, a baixa autoestima, que poderá requerer intervenção psicológica ou terapêutica. Salienta-se, entretanto, que a baixa autoestima não é uma consequência direta da aparência física, mas se define pela natureza da relação que se estabelece entre a pessoa e seu entorno social. Neste contexto, atitudes de não aceitação dos grupos sociais e das famílias, muitas vezes levam a pessoa com deficiência a assumir posturas indesejáveis e excludentes como o isolamento, colaborando, assim, para dificultar a sua inclusão no ambiente escolar. Outras vezes, devido à dificuldade de locomoção e/ou de fala, a criança acaba por não ir para a escola. Neste caso, se constatada a impossibilidade de a criança frequentar a escola, deverá receber atendimento pedagógico especializado em casa, pelo professor itinerante. A Convenção Interamericana para a Eliminação de todas as formas de discriminação contra as pessoas com deficiência, de 1999 diz que: "As pessoas portadoras de deficiência têm os mesmos direitos humanos e liberdade fundamental que as outras pessoas e que estes direitos, inclusive o direito de não serem submetidas à discriminação com base na deficiência, emanam da igualdade e dignidade que são inerentes a todo ser humano". Define discriminação como: (...) toda diferenciação, exclusão ou restrição baseada em deficiência, antecedente de deficiência, consequência de deficiência anterior ou percepção de deficiência presente ou passada, que tenha o efeito ou propósito de impedir ou anular o reconhecimento, gozo ou exercício por parte das pessoas portadoras de deficiência de seus direitos humanos e sua liberdade fundamental (...). Frente a estas reflexões faz-se necessário questionar o papel dos gestores e educadores no sentido de:
– Desenvolver ações que levem a família e a comunidade a acolher a criança com sua diferença, sem protecionismos.
- Proporcionar à família e à comunidade atividades que favoreçam a convivência e estimulem a confiança.
– Estimular a família a participar da vida da criança, de forma que sua intervenção seja segura e eficaz.
- Estimulara criança a valorizara reabilitação, para que reconheça a importância de uma manutenção contínua desse processo.
É necessário que a criança aprenda a ser cúmplice e aliada de si mesma, no processo da inclusão. A atuação de uma equipe multiprofissional, composta por educadores especializados, médicos, psicólogos, fisioterapeutas, terapeutas e outros é muito importante no processo de reabilitação da criança com deficiência física. O aluno não deve deixar de frequentar a escola enquanto realiza seu processo de reabilitação. Ao contrário, a família e os educadores devem estimulá-lo a participar de todas as atividades curriculares, porque o contato com seus colegas e professores contribui com a reabilitação e gradativamente com a inclusão escolar. A escola deverá preparar-se para acolher os alunos com necessidades educacionais especiais - deficiência física. Para isso deve por meio de uma ação conjunta promover a acessibilidade, removendo as barreiras arquitetônicas, promovendo a adaptação de mobiliário e produzindo materiais didático-pedagógicos adaptados para esses alunos, de acordo com suas necessidades educacionais.
O educador deve orientar seus alunos, no sentido de acolher e compreender as limitações físicas dos colegas e os diferentes meios de comunicação utilizados por eles, para que haja uma melhor interação social entre todos. Deve buscar meios de informar- se sobre as características de cada um dos seus alunos com ou sem deficiência, objetivando a compreensão de suas potencialidades e necessidades, para que possa ajuda-os de forma significativa. O aluno com deficiência física deve participar das atividades oferecidas pela escola, junto com os outros alunos, desempenhando tarefas ou papéis de acordo com suas possibilidades. Sua participação efetiva irá proporcionar-lhe sentimento de pertencimento ao grupo, garantindo, assim, melhor interação social. As atividades competitivas devem ser evitadas. O professor deve sempre estimular atividades nas quais predomine o espírito de equipe, onde cada um possa colaborar no que lhe for possível para que os objetivos comuns sejam atingidos. Os profissionais da escola, incluindo a equipe de apoio, devem estimular a todos os alunos a tomarem suas próprias decisões, de forma que eles possam se tornar cada vez mais independentes, facilitando assim, um processo de inclusão escolar que não se restringe apenas a alunos com necessidades educacionais especiais, mas a todos os alunos.
É preciso que o professor, no espaço escolar, ao se deparar com práticas bancárias, procure dialogar com seus pares e mostrar aos mesmos que práticas dialógicas são possíveis de serem realizadas, constituindo-se por meio de uma didática reflexiva e fundamentada em uma práxis inclusiva e emancipatória. “A práxis, porém, é reflexão e ação dos homens sobre o mundo para transformá-lo. Sem ela, é impossível a superação da contradição opressor oprimidos” (FREIRE, 2011, p. 52). A reflexão sobre a prática pedagógica faz-se essencial ao educador, para que os processos de ensino-aprendizagem sejam inclusivos. Assim, Freire (2011) enfatiza a importância de um diálogo entre professor e aluno, que representa uma libertação por parte dos sujeitos. “Não é uma palavra a mais, oca, mistificante. É práxis, que implica a ação e a reflexão dos homens sobre o mundo para transformá-lo’’ (FREIRE, 2011, p. 93).
Escola Inclusiva é uma escola onde se celebra a diversidade, encarando - a como uma riqueza e não como algo a evitar, em que as complementariedades das características de cada um permitem avançar em vez de serem vistas como ameaçadoras, como um perigo que põe em risco a nossa própria integridade, apenas porque ela é culturalmente diversa da do outro, que temos como parceiro social. (CÉSAR,2003, p.119)
Educação especial:
Neste capítulo tem como objetivo conceituar a educação especial. Segundo o artigo 6º da Constituição Federal, a educação juntamente com alimentação, saúde, lazer e outros são uns dos direitos sociais que devem ser assegurado a todos os cidadãos. Desta forma é preciso conceber que, independentemente de suas necessidades física e intelectual todas as pessoas devem ter garantida a frequência e permanência nas instituições de ensino.
A educação especial de acordo com Inacio (2011), é destinada ao ensino exclusivo de alunos com algum tipo de deficiência, Transtornos Globais de Desenvolvimento, Altas habilidades ou Superdotação, em ambientes especializados e próprios para esse tipo de estudantes.
Para Inacio (2011), na educação especial, ou seja, onde o aluno frequenta uma instituição direcionada somente os estudantes com a mesma especificidade, os benefícios são: a estrutura física já se apresenta adaptada para recebê-los; os profissionais que atuam nessa escola possuem capacitação adequada os materiais didáticos são direcionados, especificamente, para esse público, as tecnologias assistiva vem de encontro com as necessidades entre outros. Porém, neste contexto a criança acaba não estabelecendo contatos com a realidade destinta o que limita sua perspectiva em relação a relacionamento interpessoais.
Segundo o autor supracitado a educação especial deve possuir um caráter complementar ou suplementar ao ensino regular, podendo ser oferecido no contra termo escolar baseado em um plano de desenvolvimento (PDI), personalizado a cada aluno.
De acordo com Alencar (2014), tanto a educação especial quanto a educação inclusiva, surgiram como metodologias diferenciadas e até mesmo inovadoras do paradigma pedagógica, relacionada práticas metodológicas, legislativa conceituais e administrativa no campo da educação.
Segundo o autor supracitado na educação especial, os alunos que possuem algum tipo de deficiência, transtornos globais de desenvolvimento, altas habilidades e superdotação, são encaminhados a centros habilitados e centros especializados, essas instituições oferecem atendimentos diferenciados alheios ao da escola regula.
Já a educação inclusiva, funciona como um sistema híbrido, como explica Alencar (2014), onde os alunos com necessidades especiais são inseridos em escolas regulares, juntamente com estudantes que não apresenta nenhuma deficiência.
De acordo com as diretrizes nacionais para a educação básica, no trabalho didático e pedagógico dentro das salas de aulas a inclusão:
[...] postula uma restruturação do sistema educacional, ou seja, uma mudança estrutural no ensino regula, cujo objetivo é fazer com que a escola se torna inclusiva, um espaço democrático e competente para trabalhar com todos os educandos sem distinção de raça, classe, gênero ou característica pessoais, baseando-se no princípio de que adversidade deve não só ser aceita como desejada. (BRASIL, 2001, p.40).
Na concepção de Braga (2014), a inclusão escolar proporciona uma efetiva isenção do aluno na sociedade, convivendo com colegas que, nem sempre, apresentam as mesmas características e limites. Isso possibilita que a visão de justiça, igualdade e diversidade se consolide mais amplamente proporcionando, aos poucos, que a educação especial venha sendo substituído pela educação inclusiva na maioria dos casos.
Legislação para educação especial:
Segundo Anjos (2017), existe uma série de princípios norteadores básicos da educação especial, alicerçados na dignidade, liberdade e igualdade, definidos a partir de leis e diretrizes da legislação Brasileira.
A autora destaca que as convicções que baseia as leis estão relacionadas a: equidade, integridade; individualização; desenvolvimento; potencialidade; epistemologia; efetividade e dignidade.
De acordo com Gil (2017), o principal marco da educação especial e inclusiva no Brasil foi a promulgação da constituição, dita cidadã, no ano de 1988, principalmente no artigo 2005, onde a educação é deferida como um dever de estado e o direito dos cidadãos.
Outras leis e diretrizes brasileiras relacionadas à educação especial e inclusiva, citadas por Gil (2017), são:
Portaria do ministério da Educação (MEC) nº 1.793/94- determina inserção de assuntos sobre a inclusão nos currículos dos cursos de formação de docentes;
Lei nº 9.394/96 LDB- Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
Decreto nº 298/99- Define a Educação Especial como uma modalidade transversal oferecida em todos os níveis e modalidades de ensino;
Resolução CNE/ CEB Nº 2/2001- garante a matrícula de todos os alunos;
4 Interação social e inclusão escolar
Nesse capítulo iremos apresentar análises dos dados coletados a partir de uma pesquisa qualitativa do estudo de caso que teve como objetivo geral; analisar os impactos da falta de igualdade social nas escolas públicas e os desafios enfrentados por alunos com necessidades especiais.
A pesquisa revelou que a interação social é um fator essencial para a inclusão escolar. No entanto, a falta de igualdade social compromete a criação de vínculos entre os estudantes e o ambiente escolar. Quando não há estratégias para promover a interação, alunos com necessidades sociais enfrentam mais obstáculos do que oportunidades.
A interação social é um dos pilares fundamentais para a construção de uma escola inclusiva, onde todos os estudantes, independentemente de suas condições ou necessidades, tem a oportunidade de aprender e conviver em um ambiente que valorize suas singularidades. No contexto da inclusão escolar, ela não apenas promove o aprendizado, mas também fortalece laços sociais e cria uma cultura de respeito à diversidade.
Santos (2012) relata que “a Educação na área da deficiência intelectual deve atender às necessidades educacionais especiais sem se desviar dos princípios básicos da Educação proposta às demais pessoas”. Para tanto, a escola deve ser vista como um espaço democrático onde todos os alunos possuem os mesmos direitos aos estudos e a Educação de qualidade.
A interação social é um processo evolutivo que foi aperfeiçoado ao longo dos milênios. Segundo Paulo Freire (1981), o homem é um ser de relações que escreve sua história através de suas ações. Dá-se a entender que o homem precisa estabelecer interações com os outros para viver em sociedade, e isso é comumente instituído através da linguagem verbal e não verbal. A linguagem transformando-se através da história, passou de uma função de designação de objetos na atividade prática para uma função de acúmulo e transmissão de conhecimento indivíduo a indivíduo e através das gerações (SIQUEIRA; NUERNBERG, 19
[...] a escola inclusiva deve atender às necessidades de “todos” e quaisquer alunos, nessa escola, as atitudes enfatizam uma postura não só dos educadores, mas de todo o sistema educacional. Uma instituição educacional com orientação inclusiva é aquela que se preocupa com a modificação da estrutura, do funcionamento e da resposta educativa que se deve dar a todas as diferenças individuais inclusive às associadas a alguma deficiência em qualquer instituição de ensino, e em todos os níveis de ensino. (OLIVEIRA, 2012, p. 95).
De acordo com Vygotsky (2001), que estudou os processos de desenvolvimento cognitivo de crianças com deficiências, entendeu uma “nova face” nos obstáculos interpostos pela deficiência: além das dificuldades decorrentes da mesma, ela enxerga nesses obstáculos também uma fonte de energia, uma mola propulsora para a busca de sua superação, principalmente de “rotas alternativas” e, concluiu que os princípios fundamentais do desenvolvimento são os mesmos para os alunos com ou sem deficiência. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 tornou-se a educação assegurada para todos, independentemente de qualquer situação. O Art. 206 da constituição estabelece que o ensino precisa ser ministrado baseado na igualdade de condições para o acesso e permanência na escola. Sobre a educação inclusiva, a Constituição Federal em seu Art. 208 deixa claro que as pessoas com necessidades
especiais receberem educação, preferencialmente na rede regular de ensino.
A inclusão é uma inovação que implica um esforço de modernização e de reestruturação das condições atuais da maioria de nossas escolas, ao assumirem que as dificuldades de alguns alunos não são apenas deles, mas resultam, em grande parte, do modo como o ensino é ministrado e de como a aprendizagem é concebida e avaliada (MANTOAN, 2003, p.32).
A Declaração de Salamanca em 1994 diz que:
Toda criança tem direito fundamental à educação, e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem;
Toda criança possui características, interesses, habilidades e necessidades de aprendizagens únicas;
Os sistemas educacionais deveriam ser designados e programas educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em conta a vasta diversidade de tais características e necessidades (UNESCO, 1994).
A interação social juntamente com a inclusão escolar busca eliminar barreiras garantido igualdade e oportunidades iguais a todos, um ambiente inclusivo beneficias os alunos com NEE dando a eles mais autonomia e autoestima, essas práticas são passos cruciais para construir escolas mais justas e democráticas.
Inclusão:
A inclusão é um conceito construído ao longo de décadas de legislação no Brasil, ganhando força, especialmente, após a promulgação da Constituição Federal de 1988, que estabeleceu os princípios de igualdade e não discriminação, além de trazer a previsão do atendimento educacional especializado para pessoas com deficiência.
Segundo Carvalho (2007), quando se pensa em inclusão logo vem a ideia de escola de educação especial. A escola inclusiva deve ser uma escola para todos, onde os alunos possam interagir com seus colegas e vivenciar experiências de aprendizagem.
A inclusão escolar tem como objetivos; eliminar barreiras, promover diversidade, desenvolver potencialidades, garantindo que todos os alunos tenham suas capacidades reconhecidas e estimuladas, fundamentando princípios como equidade, respeitos as diferenças, buscando proporcionar uma vida mais leve com oportunidades e desenvolvimento para todos.
Conforme Lanuti (2015, p. 30) “embora exista hoje no meio científico um elevado número de pesquisas acadêmicas relacionadas a inclusão, seus resultados pouco têm influenciado na realidade escolar, uma vez que há uma distância entre os saberes produzidos no meio científico e aqueles oriundos da prática docente na escola básica”. Sendo assim, entende-se que os estudos sobre a necessidade de inclusão são muitos, mas aponta-se que há certa dificuldade de executar as estratégias apresentadas nos estudos científicos para que ocorra a inclusão.
A inclusão é um desafio contínuo, mas também uma oportunidade de transformação social. Ela exige comprometimento de gestores, educadores, família, e alunos para garantir que a escola seja, de fato, um espaço de aprendizado para todos.
Formação dos professores:
A formação dos profissionais da educação é imprescindível para se fazer educação inclusiva e se constitui em um dos eixos norteadores da escola inclusiva associadas a outras ações igualmente importantes como a formação dos gestores educacionais, estruturação do prédio escolar tanto do ambiente físico como a sala de recursos, atendimento especializado com uma equipe multidisciplinar que servirá de apoio a família e ao próprio professor com a finalidade de desenvolver um trabalho interdisciplinar e de qualidade.
Segundo Carvalho (2012), é essencial que os educadores sejam preparados para identificar as características individuais dos estudantes com deficiência e adotar estratégias pedagógicas que favoreçam sua aprendizagem e desenvolvimento.
Na escola, os professores deverão mostrar-se interessados em utilizar todos os meios que facilitam a integração dos alunos com deficiência, aproveitando de todos os materiais e recursos disponíveis, e, principalmente, compreendendo o seu papel como orientador desse processo e não observador deste. O professor que desenvolve suas atividades na tentativa de integrar o aluno e desenvolver suas habilidades em conjunto com a classe tem a possibilidade de alcançar seus objetivos com maior facilidade do que aquele professor que se dispõe a realizar uma atividade diferenciada para atender a demanda das necessidades de um único aluno. Mas para isso é preciso formação pois os professores precisam desenvolver competências especiais, como; empatia e sensibilidade, conhecimento técnico, flexibilidade pedagógica, trabalho colaborativo entre, outros.
Os professores são os pilares no sucesso da inclusão escolar. Existem muitos desafios a ser superados, mas a formação, as práticas pedagógicas e atitudes podem transformar a escola em um espaço verdadeiramente inclusivo.
De acordo com Mantoan (2006), compreender as especificidades de cada deficiência – como limitações motora, cognitiva ou sensorial- é o primeiro passo para transformar as práticas pedagógicas. No entanto, além do conhecimento técnico, é fundamental que o professor tenha postura acolhedora e comprometida, valorizando as potencialidades dos alunos e construindo uma relação de confiança.
Interação com colegas e professores:
A interação de alunos com deficiência no ambiente escolar é um dos principais fatores para o sucesso da inclusão educacional. Essa interação promove o desenvolvimento de habilidades sociais, a construção de vínculos e a superação de barreiras relacionadas ao preconceito e à exclusão. No contexto inclusivo, tanto a relação entre os colegas quanto a interação com os professores desempenham papéis fundamentais.
Para Vygotsky a mediação como forma de interação e com o propósito de instigar a reflexão mediante as questões para que o indivíduo busque as respostas era um aspecto importante a ser considerado. O pesquisador não se referia apenas ao papel do professor enquanto mediador do processo de construção da aprendizagem, mas também ao processo envolvendo a participação nas discussões e reflexões dos alunos que estão descobrindo juntos o conhecimento ou conceito proposto. Neste sentido, as especificidades de cada um constituem-se em um facilitador para que todos atinjam o objetivo proposto (OLIVEIRA, 1992).
Para criar um ambiente para interação de alunos inclusivos deve se valorizar a diferença é envolver a diversidade em todas as práticas educativas e sociais. Por isso, o professor deve dar máxima atenção à promoção do companheirismo e das boas relações. Ao adotar essas estratégias, a escola se torna um lugar onde todos os alunos podem aprender, crescer e se desenvolver.
De acordo com VYGOSTSKY (2001), ainda considera que a aprendizagem pode se dar na interação professor-aluno, ou até aluno-aluno, obedecendo a lógica que um dos integrantes saiba mais que o outro e tenha condições de facilitar o processo do aprendiz para que ele atinja o conhecimento desejado.
Atendimento educacional especializado:
O ensino oferecido no Atendimento Educacional Especializado é necessariamente diferente do ensino escolar e não pode caracterizar-se como um espaço de reforço escolar ou complementação das atividades escolares. “O Atendimento Educacional Especializado (AEE) é um serviço da Educação Especial que identifica, elabora, e organiza recursos pedagógicos e de acessibilidade, que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas" (MEC, 2008).
Art. 5º O AEE é realizado, prioritariamente, nas salas de recursos multifuncionais da própria escola ou em outra de ensino regular, no turno inverso da escolarização, não sendo substitutivo às classes comuns, podendo ser realizado, em centro de atendimento educacional especializado de instituição especializada da rede pública ou de instituição especializada comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas com a secretaria de educação ou órgão equivalente dos estados, do Distrito Federal ou dos municípios. (BRASIL, 2009).
Os professores do AEE têm uma função importantíssima no processo de efetivação desse atendimento junto ao público-alvo da educação especial, uma vez que ele é responsável pela elaboração, execução e avaliação do plano de AEE dos alunos, bem como a organização de estratégias pedagógicas, identificação e produção de recursos acessíveis. Além disso, é um compromisso do professor do AEE o ensino e o desenvolvimento das atividades próprias do AEE, tais como: libras, braile, orientação e mobilidade, língua portuguesa para alunos surdos, informática acessível, Comunicação Alternativa e Aumentativa, atividades de desenvolvimento das habilidades mentais superiores e atividades de enriquecimento curricular; acompanhamento da funcionalidade e usabilidade dos recursos de tecnologia assistiva na sala de aula comum e ambientes escolares.
[...] é imprescindível que o professor conheça seu aluno e suas particularidades para além de sua condição cognitiva. O trabalho do professor do AEE é ajudar o aluno com deficiência intelectual a atuar no ambiente escolar e fora dele, considerando as suas especificidades cognitivas. Especificidades que dizem respeito, principalmente, à relação que ele estabelece com o conhecimento que promove sua autonomia intelectual. (BRASIL, 2010, p. 8).
Para Carvalho (2005), a educação inclusiva não significa oferecer educação igual para todos, mas, antes e acima de tudo, oferecer a cada um, de acordo com seus interesses e necessidades, a educação que lhe é adequada. Para a autora, a palavra de ordem é equidade, o que significa educar de acordo com as diferenças individuais, sem que qualquer manifestação de dificuldades se traduza em impedimento à aprendizagem. É importante observar que as atribuições específicas do professor de AEE podem variar de acordo com o sistema educacional e as políticas de educação especial na perspectiva inclusiva em cada estado do país. No entanto, seu papel central é garantir que os alunos com deficiências, TEA e altas habilidades/superdotação tenham acesso a uma educação de qualidade e apoio individualizado para alcançar seu potencial máximo.
Considerações finais
A educação especial e inclusiva vem ganhando força com vários estudos que vem sendo desenvolvida, com debates, com direitos e deveres comuns a qualquer cidadão.
A educação especial e inclusiva desafia os profissionais da escola a trabalharem com sujeitos que, até então, ficavam a margem da escola comum. Diante deste cenário, há a necessidade de conhecer e de planejar para incluir. Outra barreira que também ganha destaque é a falta de preparação dos professores para atender as necessidades específicas dos estudantes, pois esses tendem a ser mais um dos fatores que dificultam a aceitação de alunos com deficiência em escolas regulares.
Diante deste estudo foi possível concluir que para haver aprendizagem em uma sala de aula deve existir interação. Essa interação é fundamental nas relações com os envolvidos em sala.
Ao final do presente estudo, pode-se concluir o quanto é relevante a discussão sobre educação especial e inclusão no contexto escolar. Apesar da temática ser recorrente em debates é muito recente as ideias e a suas práticas sociais. Ainda tem muito a percorrer para a construção de uma escola inclusiva.
A falta de formação continuada para os profissionais da educação, a escassez de recursos pedagógicos específicos e a infraestrutura inadequada são algumas das dificuldades identificadas.
A educação para incluir deve eliminar a atitude da indiferença, para que as diferenças sejam vistas como agregadora importante e fundamentais. A educação inclusiva é novo paradigma escolar que supera o assistencialismo, a educação especial é a integração, quebra barreiras e postar a educação de qualidade para todos.
Conclui-se que os avanços foram significativos, mas os desafios continuar, a escola deve estar literalmente de portas abertas para ensinar a todos. Somente por meio da união de esforços entre governos, educadores, familiares e sociedade será possível construir uma escola verdadeiramente inclusiva, onde todos os alunos tenham acesso a uma educação de qualidade, em um ambiente que respeite sua individualidade e potencialidades.
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[1] Licenciando/ Sociologia no Centro Universitário Internacional Uninter.
[2] Licenciado/Sociologia no centro Universitário internacional Uninter.