Pedagogia, Psicologia, Psicopedagogia e Neurociência:
Caminhos que Possibilitam o Êxito na Educação
Pesquisadores
Ana Sarah de Souza Soares
Andresa Roberta Irano
Bruna Fernanda Norberto da Cruz Silva
Dóris Nascimento Almeida Martins
Francisca de Sousa Ferreira Pimentel
Rosânia de Oliveira Silva Sousa
Simone Lopes Damaceno
João Soares dos Santos
Introdução
A educação no Brasil tem sua própria história e uma narrativa muito peculiar que exposta na linha do tempo conta com C, não obstante não trataremos da história da educação brasileira pois temos o objetivo de buscar respostas para o desenvolvimento da educação baseado na origem da vida considerando o que Cambi (1999) diz ao afirmar que “a história enquanto exercício da memória realizado por compreender o presente e para nele ler as possibilidades de futuro, mesmo que seja de um futuro a construir, a escolher, a tornar possível”, esta nos liga imediatamente ao conceito evolutivo das ciências que procuram esclarecer temas de grande complexidade que vem da origem datada de milhões de anos. O que isto nos revela, nosso passado? O que isto tem a ver com a educação atual? Mais ainda, quais os riscos e as possibilidades da educação no atual cenário? Por que ciências distintas se unem para explicar a educação e apontar caminhos para promovê-la?
O presente artigo busca levantar questionamentos, convidar para pesquisa, analisar o cenário atual, sugerir e contribuir com entradas relevante para os temas que nos remetem a compreender nossa atual situação visto que estamos diante de mudanças e resistências. Muitos ainda têm dificuldades de olhar para o futuro como uma possibilidade de rompimento de barreiras e de fronteiras separatistas e reducionistas. Como se fosse possível conter a marcha evolutiva que ganha força e velocidade dia a dia. Porém ainda somos vítimas de situações que exige explicações mais pontuais e como temos que lidar com mentes em desenvolvimento necessitamos unir ambas as ciências com vistas a explicação e solução de problemas que rondam a educação.
A neurociência, como a ciência que estuda o sistema nervoso e suas funcionalidades, vem ao encontro das necessidades que a educação tem em entender como funciona o cérebro e sua complexa rede, neste artigo teremos um tópico exclusivo para tratar na Neurociência e a educação. No entanto psicologia já a algum tempo vem dando sua contribuição visto que de acordo com Lomônaco citando Travers (1972) diz que “desde muito tempo, a Psicologia da aprendizagem tem sido considerada como tendo a chave para melhorar a educação” então como a Psicologia pode melhorar a educação? E desde quando a Psicologia vem tentando fazer isso? Fracassou a Psicologia? Lomônaco, sugere que Travers compreende que “o caráter gradual das mudanças em educação, provocada pela Psicologia da Aprendizagem, é o que torna difícil a uma geração reconhecer as mudanças ocorridas”, não houve fracasso da Psicologia pelo contrário esta ciência que trata dos estados e processos mentais, do comportamento humano e suas interações com um ambiente físico e social, muto contribuiu para que a educação obtivesse o êxito que até aqui obteve, no entanto a necessidade de avanços pede mais recursos.
Nesse artigo analisaremos ainda a Psicopedagogia como um campo de estudos que une psicologia e pedagogia para investigar a relação aprendizado e a mente do ser humano, nesta proposta já temos um ponto de vista do surgimento deste campo de estudo unificado que de acordo com Simaia Sampaio (2004) “os primeiros Centros Psicopedagógicos foram fundados na Europa , em 1946, por J Boutonier e George Mauco com direção médica e pedagógica” podemos perceber que não se trata da algo tão recente para nós, do ponto de vista dos avanços, porém ao analisarmos as centenas de anos que ficaram para traz e visualizarmos o que temos de mais recente chegamos a algumas conclusões que merece atenção, vejamos o que propiciou o surgimento da Psicopedagogia, prossegue Sampaio (2004) “estes Centros uniram conhecimentos da área de Psicologia, Psicanalise e Pedagogia, onde tiveram que readaptar crianças com comportamentos socialmente inadequados na escola”, então estamos falando de relacionamento, estamos retratando comportamento inadequado associado a evolução no sistema de ensino e aprendizagem.
Segue-se que o mais recente estudo que vem colaborando de forma significativa com a educação é a Neurociência, esta por sua vez tem seu início na metade do século XIX, com dois pesquisadores de renome Camilo Golgi e Ramôn y Cajal, ambos se dedicaram ao estudo das células nervosas, dando então o início ao estudo do neurônio. Este será nosso primeiro tema a ser abordado neste artigo. Logo após as considerações da Neurociência adentramos na Psicologia e na Psicopedagogia seguido da Neuropsicopedagogia finalmente a Pedagogia culminando então com a Educação como objeto principal deste artigo. Não obstante não se trata de uma ordem por importância, peso ou qualidade, ambas vertentes tem sua contribuição e alcance e tem contemplado um grupo muito grande de pacientes que vem apresentando desenvolvimentos significativos e com resultados de inclusão social relevante, ainda que não suficiente. As novas demandas requerem intervenção cada vez mais cedo.
Para o desenvolvimento do presente trabalho pontuamos que:
Um grupo de alunos do curso Psicopedagogia em suas análises bibliográficas associadas as atividades de campo requerida pela instituição como parte dos conteúdos de formação perceberam uma forte relação entre três ciências que culminam no campo da educação e diante dessa percepção propuseram uma análise bibliográfica acerca de ambas as ciências em uma investigação a parte, isto é, de forma independente e transformá-la em um artigo científico.
O histórico desta comissão investigadora ganha mais notoriedade pelo fato de residirem em estados diferentes da Federação, Minas Gerais, São Paulo, Pará e Mato Grosso, conta ainda com uma participante que contribui nas pesquisas, mas não faz parte do curso, pois ainda não ingressou no curso, dada a espera para iniciar seu primeiro ano acadêmico no curso de direito. Tais diferenças não são mais empecilhos para o andamento do projeto graças a tecnologia e o acesso a acervos bibliográficos que possibilitam o aprofundamento do estudo.
Para a realização da pesquisa foram subdivididos os temas em marcada reuniões através do Meet para discutirem todas as temáticas envolvidas neste estudo. Também foi de suma importância os relatórios acadêmicos já realizados ao longo do ano dois mil e vinte e quatro, neste sentido, a pesquisa realizada torna-se objeto de análise no presente estudo, pois foram observações realizadas em escolas e em outros ambientes, a crianças em atividades educacionais com históricos bem diferentes de uma sala de aula tradicional.
As observações foram realizadas em salas de aula, piscinas, igrejas, nos lares de forma individual. Todas as observações foram devidamente anotadas e compartilhadas pelo grupo que perceberam a possibilidade de transformar em um estudo para publicação. Os trabalhos então foram subdivididos por temas de investigação e distribuídos de acordo com as categorias abaixo descritas.
Metodologia
O trabalho de pesquisa, proposto por esse grupo, reunirá a combinação de observação, entrevista, anotações bem como aplicação de questionários para o grupo envolvida sendo estes pais, professores e alunos, considerando que de acordo com Américo (2021) a pesquisa qualitativa precisam percorrer, pelo menos, quatro etapas não lineares: acesso ao campo; revisão da literatura; coleta/análise de dados; e escrita da pesquisa, neste sentido todos os aspectos que fornecem os dados para a estruturação da presente pesquisa alinha-se ao campo, ao objeto da pesquisa, a busca bibliográfica para elucidação do problema. No entanto a metodologia da pesquisa será tanto qualitativa quanto quantitativa pautada na observação, conforme já citado, na coleta de dados através de questionários e a entrevista como instrumento de captação de elementos que contribua para o desenvolvimento da pesquisa.
De acordo com Matias (2016) “O método pode ser aceito como um conjunto de procedimentos, regras e técnicas que devem ser adotados na realização de uma pesquisa científica”, enquanto Decarli (2018) citando Creswell (2010) diz que “o método misto (....) é uma abordagem que combina ou mescla tanto o método quantitativo quanto o qualitativo” (Decarli 2018, p. 141), esta será a metodologia adotada nesta pesquisa que visa a compreensão qualitativa e quantitativa.
Levantamento bibliográfico
O aporte teórico que sustenta todo o trabalho de pesquisa e que propiciam as conclusões acerca do tema nesse artigo, considerando sua característica multifacetada, assenta-se dentre muitos outros nomes o nome de Maria Lucia Lemme Weiss que contempla um olhar amplo acerca das dificuldades de aprendizagem da leitura quando sugere que:
Estamos considerando Dificuldade de Aprendizagem o que atrapalha o aprendiz-aluno na construção da aprendizagem escolar quando isso se origina na história individual ou familiar desse aluno, que não permite que ele aproveite as suas verdadeiras potencialidades. Estamos assim excluindo, além das causas sociais já mencionadas, causas apenas geradas em função da má condução do trabalho do professor em sala de aula e da dinâmica da escola enquanto instituição de Educação. (Weiss 2015, p. 152)
Weiss continua apontando ao campo de observação deste estudo bem como demais teóricos que serão abordados com suas respectivas ações ao complementar que:
O sucesso da avaliação e da intervenção psicopedagógica estará ligado à possibilidade de boa análise dos elementos da instituição escolar, da comunidade social em que está inserida, sempre independente de questões internas da dinâmica familiar na relação com o “filho-aluno-aprendiz-paciente”. . (Weiss 2015, p. 158)
Quais as causas das dificuldades de aprendizagem do grupo a ser observados, quais as possibilidades de atribuição a uma ou a outra situação? Quais mecanismos de intervenção? Nestas perspectivas será considerado o ponto de vista de Miotto (2015) que discorrendo acerca do tema das dificuldades aborda o TDAH, apontando as seguintes possibilidades:
Ao longo do desenvolvimento, o TDAH está associado ao risco aumentado de: mau desempenho escolar; reprovações; expulsões e suspensões escolares; relações difíceis com familiares e colegas; desenvolvimento de ansiedade; depressão; baixa autoestima; problemas de conduta e delinquência; experimentação e uso abusivo precoces de drogas, dentre outros.
Todos os possíveis caminhos para compreensão da temática levantada serão percorridos entre os já citados teóricos acrescenta-se também Rotta (2016) que diz:
Uma criança, ao ser privada de um desenvolvimento esperado, como no caso da paralisia cerebral (PC), deverá encontrar novos caminhos para essa elaboração subjetiva. O corpo que não responde, quer seja por uma condição espástica ou qualquer outra dificuldade, precisa reinventar um modo de aprender, assim como aquele que ensina deve encontrar um novo modo de ensinar. (Rotta 2016, p 238)
Todas as possibilidades serão consideradas, estudadas e com proposta de intervenção, dentro do campo, quer seja pedagógico, psicopedagógico ou ainda o psicológico que se mune de ferramentas para ofertar aos professores, familiares e instituições, apontando caminhos e possibilidades. Assim o presente artigo estabelece um levantamento bibliográfico que direciona para algumas das possibilidades, não obstante terá outras obras em analise pois o tema exige aprofundamento tanto na compreensão quanto no processo de intervenção.
Neurociência
A neurociência, convencionalmente é um campo multidisciplinar que estuda o sistema nervoso, bem como toda a estrutura que o compõe, abrangendo o cérebro, a medula espinhal bem como os nervos, nesse sentindo Cosenza (2011) destaca que o cérebro é responsável pela forma como processamos as informações, armazenamos o conhecimento e selecionamos nosso comportamento, dessa forma compreender seu funcionamento, seu potencial e as melhores estratégias de favorecer seu pleno desenvolvimento é foco principal de estudo e trabalho tanto dos profissionais da saúde mental como da educação, pauta. Neste sentido é importante destacar que Cosenza (2011) mostra que:
O cérebro (...) é a parte mais importante do nosso sistema nervoso pois e através dele que tomamos consciência das informações que chegam pelos órgãos dos sentidos e processamos essas informações, comparando-as com nossas vivencias e expectativas. É dele que também emanas as respostas voluntárias ou involuntárias, que fazem com que nosso corpo, eventualmente, atue sobre o ambiente (Cosenza 2011, p 10)
Esta compreensão fundamenta, de forma especial para a educação, a necessidade de compreender melhor as associações dos sentidos na construção da aprendizagem. Uma vez que saibamos como articular os cinco sentidos no desenvolvimento do ensino e da aprendizagem obteremos melhores resultados. Já temos elementos que estão à disposição para ser usado. Quando buscamos na história esta compreensão nos deparamos com Hipócrates que de acordo com Cosenza (2011, p 10)
Hipócrates, o pai da medicina, já afirmava, há cerca de 2300 anos, que é através do cérebro que sentimos tristeza e alegria, e é por meio de seu funcionamento que somos capazes de aprender ou de modificar nosso comportamento à medida que vivemos (Cosenza 2011, p 10)
Portanto, estudar o cérebro e sua estrutura é de suma importância para aprofundar a compreensão dessa complexa rede neuronal em que segundo Goldstein (2022, p 25) não estão conectados indiscriminadamente a outros neurônios, mas formam conexões apenas com neurônios específicos. Neste sentido a importância da Neurociência pois a Neurociência tem se destacado como uma área interdisciplinar essencial para compreender os processos de ensino e aprendizagem. Ao investigar os mecanismos biológicos que sustentam o desenvolvimento cognitivo, emocional e social, essa ciência oferece subsídios significativos para enfrentar as dificuldades de aprendizagem, ampliando as possibilidades de intervenção eficaz no contexto educacional.
Conforme Cosenza e Guerra (2011), a neurociência educacional permite o mapeamento de funções cerebrais, como memória, atenção e linguagem, relacionadas diretamente às habilidades necessárias para o aprendizado escolar. Tal abordagem possibilita a identificação precoce de transtornos, como dislexia, TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) e discalculia, além de orientar estratégias pedagógicas mais adequadas a cada perfil de estudante.
A compreensão dos processos neurais também contribui para desmistificar preconceitos em torno de dificuldades de aprendizagem, deslocando a ênfase de uma visão punitiva para uma perspectiva terapêutica e inclusiva. Nesse sentido, Dehaene (2012) enfatiza a plasticidade cerebral, que viabiliza intervenções educacionais personalizadas, capazes de modificar circuitos neurais e superar limitações que, antes, eram consideradas insuperáveis.
Além disso, a neurociência reforça a importância do ambiente e das práticas pedagógicas no desenvolvimento das capacidades cognitivas. Segundo Damásio (2011), a interação social e o estímulo emocional positivo são elementos fundamentais para o aprendizado, pois promovem a liberação de neurotransmissores como dopamina e serotonina, essenciais para a formação de memórias duradouras e para a motivação intrínseca.
Na prática educacional, o diálogo entre neurociência e pedagogia potencializa a aplicação de metodologias ativas, como a gamificação e a aprendizagem baseada em projetos, que
estimulam múltiplas áreas cerebrais de maneira integrada. Tais estratégias, como destacam Moraes e Ribas (2017), tornam o processo de ensino mais dinâmico e eficiente, principalmente para estudantes com dificuldades de aprendizagem.
Portanto, a neurociência se apresenta como uma aliada indispensável para a superação das dificuldades de aprendizagem, ao possibilitar a compreensão das bases biológicas do aprendizado e orientar práticas pedagógicas baseadas em evidências científicas. Esse campo de estudo reforça o compromisso da educação em respeitar a individualidade do aluno e oferecer caminhos que promovam sua plena realização no contexto escolar e social.
Psicopedagogia e sua contribuição para a educação
O campo educacional tem uma série de problemas que são de diversas vertentes quer seja no campo institucional tanto nas demandas administrativas, ou nas estruturas, no campo pedagógico também pode ocorrer na formação dos profissionais, o currículo pode não está adequado as necessidades locais nos aspectos econômicos, culturais ou sociais. Não obstante um dos problemas que mais atinge o educando pode ser os de ordem pessoal, o que exige habilidades especificas para ser tratado, por tanto a importância da Psicopedagogia como ciência que busca focar em diversos aspectos, porém com mais especificidade nos problemas que afetam o educando relacionado com o histórico familiar, pessoal e social.
A psicopedagogia é uma área interdisciplinar que atua na interface entre psicologia e pedagogia, com o objetivo de compreender e intervir nos processos de ensino e aprendizagem. Sua relevância no campo educacional se dá pela abordagem integral do aluno, considerando aspectos cognitivos, emocionais, sociais e culturais que influenciam o desenvolvimento e o aprendizado. Segundo Bossa (2011), a psicopedagogia busca identificar e sanar dificuldades de aprendizagem, como problemas relacionados à leitura, escrita e cálculos matemáticos, analisando não apenas os fatores individuais, mas também o contexto escolar e familiar. Essa abordagem sistêmica é essencial para compreender que o aprendizado vai além das habilidades cognitivas, englobando também as relações interpessoais e o ambiente em que o estudante está inserido.
Outro ponto destacado por Scoz (2008) é a contribuição da psicopedagogia para a inclusão educacional. Ao propor estratégias de ensino adaptadas às necessidades específicas de cada aluno, o psicopedagogo promove a equidade no acesso ao conhecimento e no desenvolvimento de potencialidades. Essa atuação é especialmente relevante no atendimento a crianças e adolescentes com transtornos como o TDAH, a dislexia e o autismo, bem como em casos de dificuldades relacionadas a fatores emocionais, como baixa autoestima e ansiedade. Além disso, a psicopedagogia exerce um papel preventivo, ao realizar diagnósticos precoces e promover intervenções que minimizam os impactos das dificuldades de aprendizagem ao longo da trajetória escolar. Para Weiss (2012), esse caráter preventivo fortalece a relação professor-aluno e contribui para um ambiente educacional mais acolhedor e favorável ao aprendizado.
A formação continuada de professores também é uma dimensão importante da psicopedagogia. Por meio de assessorias e capacitações, o psicopedagogo auxilia os educadores a compreenderem melhor as demandas de seus alunos, incentivando práticas pedagógicas inclusivas e baseadas em evidências científicas. Dessa forma, a psicopedagogia consolida-se como uma área essencial para a educação, ao contribuir para a superação das dificuldades de aprendizagem e para a construção de um ensino mais inclusivo e eficiente. Sua atuação interdisciplinar possibilita que os desafios educacionais sejam enfrentados de maneira mais humana e estratégica, promovendo o pleno desenvolvimento do aluno em seus múltiplos aspectos.
Conclui-se que, nesse sentido a Psicopedagogia em sua dimensão e atuação ultrapassa a limitação de ensino e aprendizagem alcançando a complexidade, permeia o processo tanto intervindo junto ao professor como ao aluno e sua família. Portanto sua atuação é indispensável para que a educação alcance o êxito necessário para concretização do processo como um todo.
A origem e evolução da Pedagogia
A pedagogia, enquanto ciência e prática voltada para o ensino e a educação, possui suas raízes na Antiguidade. Desde os primeiros registros históricos, a transmissão de conhecimento era essencial para a sobrevivência e desenvolvimento das sociedades. No entanto, a sistematização desse processo educacional começou a se delinear na Grécia Antiga. O termo "pedagogia" deriva do grego paidagogós, que significa "aquele que conduz a criança", referindo-se inicialmente aos escravos que acompanhavam as crianças às escolas.
Na Grécia Antiga, filósofos como Sócrates, Platão e Aristóteles desempenharam papéis cruciais na formação do pensamento pedagógico. Sócrates enfatizava o diálogo como método de ensino; Platão, em sua obra A República, discutia a educação como ferramenta para formar cidadãos ideais; e Aristóteles defendia uma educação que equilibrasse teoria e prática. Durante a Idade Média, a pedagogia foi influenciada pela doutrina cristã. A educação era controlada pela Igreja, com o foco no ensino religioso. Pensadores como Santo Agostinho e Tomás de Aquino integraram elementos da filosofia greco-romana à teologia, moldando a pedagogia da época. Com o advento do Renascimento, a educação começou a valorizar o indivíduo e o pensamento crítico, influenciada pelo humanismo. Nomes como Comenius (1592-1670) são destacados, sendo ele considerado o "pai da didática moderna". Em sua obra Didactica Magna, Comenius propôs princípios educativos baseados no respeito às etapas de desenvolvimento das crianças.
No século XVIII, a pedagogia foi fortemente influenciada pelas ideias iluministas. Jean-Jacques Rousseau, em Emílio, ou Da Educação, defendia que a educação deveria respeitar a natureza e a liberdade da criança. Esse pensamento serviu de base para a pedagogia moderna, enfatizando o papel ativo do aluno no processo de aprendizagem. O século XIX viu a consolidação da pedagogia como disciplina acadêmica, com a criação de instituições voltadas para a formação de professores. John Dewey (1859-1952), com sua abordagem progressista, promoveu a ideia de "aprender fazendo", enfatizando a interação entre o indivíduo e o ambiente. No século XX, a pedagogia se diversificou com contribuições de pensadores como Paulo Freire, que introduziu a pedagogia crítica, voltada para a emancipação dos educandos e a transformação social. Freire, em sua obra Pedagogia do Oprimido, destacou o diálogo como instrumento essencial para a conscientização. A evolução da pedagogia continua no século XXI, integrando tecnologias e novas abordagens teóricas. A educação se adapta às demandas contemporâneas, enfatizando a inclusão, a diversidade e a formação para a cidadania global.
A teoria Cognitivista na Educação, dentro do cenário brasileiro atual
Acerca da psicologia da educação, pergunta-se: qual a sua importância e qual seu papel dentro da escola. A psicologia da educação é um ramo da psicologia que estuda os processos de ensino-aprendizagem. Seu foco é voltado para as questões de como se dá o aprendizado nos ambientes educativos, buscando compreensão de como as pessoas adquirem conhecimento, desenvolvem habilidades e como o ambiente escolar pode influenciar esse processo. A tarefa mais importante da psicologia da educação é verificar quais são os conhecimentos da psicologia científica que mais se aplicam à compreender o comportamento das pessoas nos ambientes educativos, e assim buscar em suas teorias, conhecimentos para melhor ajudá-lo em seu desenvolvimento. Cada ser humano é único e está em constante evolução, o que funciona para um indivíduo pode não funcionar para o outro. Observamos como se dava a problemática na escola antiga, antes da influência da psicologia da educação.
Escola essa que muitas vezes adotava um modelo de ensino padronizado e rígido, que não levava em consideração as singularidades de cada indivíduo nem as diferentes formas de aprender. Quando tratamos o aluno em grupo uniforme, ignoramos que cada ser humano possui ritmos, capacidades e interesses diferentes e essa visão engessada limita o potencial dos estudantes. Com a chegada da psicologia da educação foram investigados fatores cognitivos, emocionais, sociais e comportamentais e como influenciam o desenvolvimento de aprendizagem dos estudantes, como o aprendizado ocorre, quais os métodos de ensino são mais eficazes e como o ambiente escolar pode ser estruturado para favorecer o crescimento integral do aluno. Em compreensão que cada indivíduo é único, absorve e internaliza o aprendizado de forma singular, teorias, técnicas e manejos precisaram ser desenvolvidos e aprimorados no decorrer do ano. Teorias de aprendizagem essas, que em resumo são: a busca para entender como as pessoas adquirem, processam e retêm conhecimento ao longo da vida. Abrangendo diferentes perspectivas que explicam o processo de aprendizado, considerando fatores como ambiente, interação social, experiências e emoções.
A psicologia educacional, utiliza-se de teorias-chave e conceitos da psicologia enquanto ciência, que são:
- Behaviorismo: onde o aprendizado é visto como uma resposta a estímulos externos. Envolve condicionamento, onde reforços positivos ou negativos moldam comportamentos. Seus principais estudiosos: Watson e Skinner.
- Cognitivismo: que foca nos processos mentais internos, como memória, atenção e resolução de problemas. O aprendizado ocorre quando o indivíduo constrói ativamente o conhecimento. Seus principais estudiosos: Piaget e Vygotsky.
- Construtivismo: sua ampliação enfatiza que o aprendizado é construído a partir da interação do indivíduo com o ambiente e suas experiências prévias. Seus principais estudiosos: Jean Piajet. 4. Humanismo: destaca a importância das emoções, da motivação e do autodesenvolvimento no aprendizado, priorizando o bem-estar e o potencial do aluno. Seus principais estudioso: Carl Rogers.
- Sociointeracionismo: baseia-se na ideia que o aprendizado ocorre por meio de interações sociais, com destaque para o papel da mediação e da linguagem. Seu principal estudioso: Vygotsky.
- Teorias Psicanalíticas: investigam o desenvolvimento humano a partir dos aspectos emocionais e inconscientes. Seu conceito-chave é que o comportamento é influenciado por forças inconscientes e as experiências emocionais da infância impactam o desenvolvimento. Seus principais estudiosos: Freud e Erikson.
Considerando todas as atribuições da psicologia do desenvolvimento para a educação, dentro do nosso estado atual, eu considero a teoria cognitivista a mais aplicável. Nosso cenário educacional brasileiro atual é marcado por desigualdades sociais, diversidades culturais e desafios emocionais dos estudantes, sendo assim vejo que as teorias cognitivistas se destacam por dar ênfase na aprendizagem ativa e colaborativa, pois elas valorizam o papel do contexto social e incentivam o protagonismo do aluno, o que pode ser uma resposta eficaz às demandas da inclusão e inovação pedagógica. Um ponto forte das teorias cognitivistas que eu mais acho interessante e coerente, é a sua ênfase na interação social como elemento central do aprendizado. Vygotsky nos apresenta o conceito de "zona de desenvolvimento proximal", que mostra como as crianças podem atingir níveis mais altos de compreensão e habilidade quando apoiadas por mediadores. Sendo esses seus professores, colegas ou outros adultos.
No Brasil, onde se observa uma transição entre os modelos da escola antiga e da escola nova, onde as salas de aula têm possibilitado espaços de intensa diversidade cultural e socioeconômica, reforça a importância da colaboração, da troca de experiências e da construção de saberes coletivos. "A zona de Desenvolvimento Proximal define aquelas funções que ainda não amadureceram, mas que estão em processo de maturação, funções que amadurecerão, mas que estão, presentemente, em estado embrionário" (VYGOTSKY, 1984, p 97).
Outro ponto importante da teoria cognitivista, é que ela valoriza o aprendizado contextualizado, ou seja, aquele aprendizado que faz sentido para a realidade do aluno. Em muitos contextos brasileiros onde a desconexão entre o conteúdo escolar e o cotidiano dos estudantes ainda é um problema, entendo que essa abordagem permite que a educação se torne mais significativa e efetiva. Notamos assim a importância de projetos pedagógicos que envolvam a vivência dos alunos como: atividades práticas, trabalho em equipe e resolução de problemas reais. Esse conjunto se alinha perfeitamente a essa visão da teoria cognitivista. Levando em grande consideração a teoria cognitivista fundamentada amplamente nos estudos de Piaget, que nos trouxe uma compreensão revolucionária sobre como ocorre o aprendizado, onde ele destacou que o desenvolvimento cognitivo é um processo ativo, onde a criança constrói o conhecimento ao interagir com o ambiente, organizando suas experiências em esquemas mentais por meio dos processos de assimilação e acomodação.
Segundo Piaget o aprendizado ocorre em estágios, cada um com características próprias e exige que a educação respeite o ritmo natural do desenvolvimento infantil. "A assimilação e a acomodação coexistem e se alternam ao longo do desenvolvimento humano, possibilitando o enfrentamento e a resolução de conflitos oriundos, do meio para que o indivíduo possa se (re)equilibrar e continuar se desenvolvendo (PIAJET, 1976).
Nesse sentido, podemos compreender que dentro do cenário educacional brasileiro na atualidade, a teoria cognitivista é extremamente relevância principalmente diante dos desafios de um ensino que precisa ser mais inclusivo, dinâmico e voltado para o protagonismo do aluno. Assim sendo, essa abordagem enfatiza que cada estudante tem um papel ativo no processo de aprendizado e que a escola deve atuar como mediadora, oferecendo experiências significativas e desafiadoras, de acordo com o nível de desenvolvimento de cada criança. A teoria cognitivista contribui para uma educação mais transformadora, alinhada às necessidades de uma sociedade em constante evolução. Concordo que as teorias behavioristas e psicanalíticas também ofereçam importantes contribuições e que de alguma forma todas elas se complementam, porém a teoria cognitivista equilibra o foco no desenvolvimento intelectual e social, oferecendo uma base prática e teórica sólida para transformar a educação brasileira.
Considerações finais
Os diversos temas aqui abordados são possibilidades de aprofundamento em direção a pesquisa por conta de professores e estudantes da área da educação, que buscam aprofundar e contribuírem com a classe apresentando pareceres em seus diversos espaços, no sentido de ambientes interestaduais. Pois foi assim que aconteceu este compartilhamento de ideias e visões quer seja por pesquisa bibliográfica ou por experiencia em loco, os estudantes que compõem esse grupo apresentam pontos de vistas relevantes para a educação e a soma de seus pareceres já consegue atenção de estudiosos do tema, sobretudo o ajuntamento de grandes temas em um único artigo.
Não se trata de apenas escrever por escrever, mas a satisfação de colegas que moram em regiões diferentes, estados diferentes e culturas também peculiares a seu local de origem conectarem sobre um conjunto de temas que fazem parte de tão importante área profissional a pedagogia e a psicopedagogia, pois ambos são profissionais que buscam aprofundamento para a Psicopedagogia em torno de um objetivo comum “ofertar soluções aos que enfrentam problemas nessa área”. Curiosamente temos no grupo Professores, Enfermeiros, Terapeutas, Comerciantes entre outros talentos que buscam nesta oportunidade focarem numa única direção contribuindo com seus esforços individuais e coletivos para ofertar ao caro leitor um vislumbre da soma de seus esforços.
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