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A INDISCIPLINA NA EDUCAÇÃO INFANTIL DESAFIOS CONSTANTES EM BUSCA DE SOLUÇÕES

 

ANDREIA PEREIRA DA SILVA

TATIANE LAVINA DE SOUZA

ROMILDA  DA SILVA VIANA

ROSILENE LEITE DA COSTA PAIVA


RESUMO

 

Este Projeto apresenta como tema “A indisciplina na Educação Infantil desafios constantes em busca de soluções”, cuja linha de pesquisa é a docência na Educação Infantil. A evolução com que os indivíduos se deparam no mundo contemporâneo vai muito além do que elas possam acompanhar. São meios cada vez mais versáteis, munidos da mais alta tecnologia: computadores de última geração, pen driver, MP4, chip, realmente uma infinidade de ‘apetrechos’ informatizados. A metodologia de pesquisa desenvolvida foi a bibliográfica, apoiando-se em autores que também enfatizaram o tema que são Franco, Freire, Penin e outros O problema encontrado foi: a escola pública, acompanha toda essa informatização? Esses meios auxiliam as relações humanas na escola? A justificativa pela escolha do tema foi por constatar que o professor da Educação Infantil pode buscar intervenções que possam minimizar a indisciplina em sala de aula.Com base nesse aspecto relacional é que este projeto se efetiva, objetivando desenvolver algumas reflexões sobre a relação aluno-professor, de modo a compreender melhor algumas lacunas que se fazem presentes na escola pública de Educação Infantil e que, em contrapartida, acabam refletindo na sociedade de maneira geral.

 

Palavras-chave: Indisciplina Escolar . Práticas docentes. Relações.

ABSTRACT


This project presents as a theme "The indiscipline in Child Education constant challenges in search of solutions", whose line of research is teaching in Child Education. The evolution that individuals encounter in the contemporary world goes far beyond what they can follow. They are increasingly versatile means, equipped with the latest technology: cutting-edge computers, pen driver, MP4, chip, really a multitude of computerized 'paraphernalia'. The research methodology developed was the bibliographical one, relying on authors who also emphasized the theme that are Franco, Freire, Penin and others. The problem was: does the public school follow all this computerization? Do these means help human relationships in school? The justification for the choice of theme was to verify that the teacher of Early Childhood Education can seek interventions that can minimize indiscipline in the classroom. Based on this relational aspect is that this project is effective, aiming to develop some reflections on the student-teacher relationship , in order to better understand some of the gaps that are present in the public school of Early Childhood Education, which, in contrast, end up reflecting on society in general.


Keywords: School Discipline. Teaching practices. Relations.




INTRODUÇÃO

 

O tema escolhido envolve intervenções que o professor pode fazer para que a indisciplina seja diminuída na Educação Infantil. E a linha de pesquisa é voltada para a docência na Educação Infantil.

A justificativa para a escolha do tema foi em perceber que as crianças não estão vivenciando a infância como no passado e levam para a escola o cansaço, a agitação como forma de externar sua necessidade de ser feliz.

O professor também possui fora da escola uma jornada de trabalho extensa, lhe faltando paciência e atividades interventivas para ocupar as crianças indisciplinadas. Como o docente da Educação Infantil está planejando atividades com o fim de diminuir e até acabar com a disciplina?

Os objetivos do estudo são: mostrar que é viável investir em atividades que envolvam as crianças e as façam ficar mais tranquilas e indicar atividades interventivas que o professor pode trabalhar com as crianças

Outro ponto a se considerar diz respeito à família que compõe a comunidade escolar, na maioria das vezes desestruturada: pais separados; vários ‘casamentos’; sem planejamento familiar, isto é, com muitos filhos; desempregada; alcoolizada; violenta; pobre; sem vínculo religioso, entre tantos outros problemas. Nesse sentido, como a escola pode estar contando com a participação delas? E os problemas gerados pelos alunos, quem responderá por eles? A quem recorrer nos momentos das tomadas de decisão?

A escola se vê sozinha, perdida, tentando muitas vezes resolver problemas que não lhe dizem respeito. Há de se mencionar que não são todas assim, existem também aquelas famílias estruturadas, mas que são em pequeno número.

Tais situações acabam por resultar num mau desempenho escolar. Chegando à evasão ou à repetência. Os principais autores utilizados nessa pesquisa foram: Franco, Freire, Penin e outros.

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DESENVOLVIMENTO

 

A informatização é muito importante. O computador é uma máquina excepcional, executando tarefas em fração de segundos, através da internet é possível conhecer pessoas, lugares e coisas praticamente do mundo todo.

Pode-se até dizer que estas reclamações dos professores são corretas e pertinentes, na medida em que do pedagógico não se pode ter bons resultados com todos estes desmandos. Muitas vezes, os educadores, na tentativa de “solucionar” o problema, passam a aplicar medidas corretivas, para tentar eliminar tais desmandos.

Vale destacar que, outra causa para o aumento da indisciplina educação infantil é “o excesso de mimos, a superproteção e a permissividade por parte dos pais/responsáveis também acarretam problemas de comportamento nessas crianças em casa e na escola. A criança educada dessa forma acha que todos estão a seu dispor para atendê-la e que não tem regras a seguir, tudo gira ao seu redor, ela é o centro das atenções.”. (OLIVEIRA, 2009, p. 06)

Ora, reduzir o problema da disciplina na escola, através destas medidas, pouco contribui para a compreensão desta problemática. Isto porque, a mesma não pode ser entendida de maneira estanque.

O comportamento das crianças no ambiente escolar e em casa é, na verdade, uma reação às atitudes de seus pais. Foi constatado que a maioria dos problemas de comportamento, como ausência de atenção e agressividade, é reflexo da conduta dos pais. Uma criança, por exemplo, que não consegue, em sala de aula, ficar parada em momento nenhum, mostrado-se sempre nervosa, brigona, agressiva com os colegas, sempre mal arrumada, cadernos rasgados, pode ser que uma das causas para tudo isso seja um relação conflituosa com a família ou a relação, também conflituosa, entre os pais, os quais brigam o tempo todo na frente dos filhos e acabam descontando na criança, com desprezo ou indiferença, com agressões físicas ou verbais. Este fenômeno, tão comum, leva a criança a pedir ajuda, demonstrando isso de várias maneiras, inclusive chamando a atenção para si, no ambiente escolar.( WEIL, 2004, p. 47)

 

A disciplina precisa ser compreendida como algo necessário para atingir um fazer pedagógico coerente e eficaz, estando intimamente relacionada à forma como a escola organiza e desenvolve seu trabalho.

Makarenko (2002, p. 17), educador russo, procurou estabelecer as relações entre educação e disciplina, a segunda como resultado da primeira. Pensava assim por um motivo muito simples: estava convencido de que a conquista do saber é uma coisa tão difícil, árdua e complicada que é impossível atingi-la a não ser com muito esforço, trabalho e disciplina. Estava convencido, por outro lado, de que a disciplina não surge espontaneamente e que a escola não pode arriscar o êxito do seu trabalho nessa esperança.

Para Makarenko (2002, p. 25), a escola não pode ser confundida com um “caos anárquico” onde cada um faz o que quer. Ao contrário, o papel da escola é exigir o máximo possível do aluno e, ao mesmo tempo, distingui-lo com o maior respeito possível.

Exigir o máximo do aluno, no entanto, não pode significar exigir o que está além de suas possibilidades, não podem ser exigências grosseiras e desligadas das pretensões e capacidades do mesmo.

É preciso ter respeito profundo pelo aluno. Para este estudioso, a disciplina deve ser acompanhada da compreensão de sua necessidade, da sua utilidade, da sua obrigação, do seu significado, e diz:

 

A disciplina assim, deve ser consciente na medida em que deve nascer da experiência social, da atividade prática do trabalho escolar, tornando-se exigência e tradição da própria comunidade escolar. (Makarenko, 2002,p. 12)

 

Ainda para este teórico, a simples obediência não é sinal de disciplina e não pode nos satisfazer como obediência cega que se exige habitualmente na velha escola... “A disciplina não se cria com algumas medidas disciplinares, mas com todo o sistema educativo, com a organização de toda a vida, com a soma de todas as influências que atuam sobre a criança” (MAKARENKO, 1992, p.12). Assim, as medidas e os castigos devem ser evitados ao máximo.

Completa, ainda, que a disciplina deve ser entendida como a soma da influência educativa (instrução, métodos de ensino, interação aluno x professor, conteúdos transmitidos, etc.) inserida dentro de um processo de cooperação e comprometimento com a formação do homem necessário à construção de uma nova sociedade.

Só se alcança a disciplina através do trabalho consequente do coletivo, de uma escola onde o aluno se sinta feliz e corresponsável pelo êxito escolar. Numa escola em que o aluno deve, sobretudo, estar convencido de que a disciplina é a forma de melhor conseguir o fim visado pela coletividade.

E como Gramsci (2007, p.31) vê o problema da disciplina? Para ele, disciplina é a capacidade de comandar a si mesmo, de se impor aos caprichos individuais, às vontades desordenadas: significa enfim, uma regra de vida.

Além disso, deve ser entendido como a consciência da necessidade livremente aceita, na medida em que é reconhecida como necessária para que um organismo social qualquer atinja o fim proposto.

Para Gramsci 2007, p. 32), a disciplina não é o oposto da liberdade e tão pouco algo que pode ser fixado de fora, do exterior. Ao contrário, disciplinar-se é tornar-se independente e livre.

O que o autor persegue com isto é a união da direção consciente e a espontaneidade. Isto só pode ser alcançado se a disciplina for fixada pelos próprios membros da coletividade que devem pôr-se de acordo entre si, discutindo com a máxima tolerância e respeito.

Assim, Oliveira (2009) especifica que o aluno indisciplinado é aquele que não desenvolveu a autodisciplina, que não tem consciência dos efeitos do seu comportamento para o seu aprendizado, que não consegue discernir o certo do errado, que não respeita os princípios da democracia em um ambiente social e que, em consequência disso, acaba agindo de forma irresponsável, atrapalhando o andamento das aulas com atos de desrespeito, vandalismo e agressão. (OLIVEIRA, 2009, p. 04)

A disciplina exterior está fadada ao fracasso, não é um instrumento educativo, ao passo que a disciplina fixada pela própria coletividade dos seus componentes, mesmo se tarda a ser aplicada, dificilmente fracassa na sua aplicação.

Gramsci (2007, p. 21) enfatizou a importância da disciplina, mas ao mesmo tempo, indica a necessidade de se evitar a coação e o arbítrio. “Colocar o acento na disciplina, na sociabilidade e pretender, todavia, sinceridade, espontaneidade, originalidade e personalidade, eis o que é verdadeiramente difícil e árdua”

Este teórico está convencido de que a escola deve assegurar ao aluno, ainda que abstratamente, a condição de poder ser dirigente. Isso não pode ser alcançado espontaneamente e num clima de liberdade entendido de maneira abstrata e metafísica. Ao contrário, o trabalho escolar, preocupado em propiciar ao aluno as condições para ser dirigente e não subalterno, exige esforço, trabalho e disciplina.

A escola não pode ser um local de ensino fácil e atraente em todos os momentos, mas um local que, dentro do respeito ao aluno, impõe sacrifícios, renúncias e esforço. Isto porque o progresso do aluno, rumo aos conhecimentos elaborados historicamente pelo homem, não se dá a não ser através de muita concentração e dedicação.

Partindo das contribuições teóricas de Foucault (1985, p. 08-15), Gramsci (1987, p.20-25) e Makarenko (2002, p. 16-24), a disciplina não pode ser pensada de maneira abstrata e tampouco poderá ser alcançada apenas com boas intenções. Ao contrário, exige que a escola esteja à altura para exigi-la, uma escola comprometida com a socialização do saber elaborado, como a melhoria da qualidade de ensino.

Para Franco (1996, p. 14), a criança indisciplinada está tentando dizer alguma coisa para a professora. É preciso saber ouvir e compreender a mensagem que se esconde por trás do comportamento tido como indisciplina.

A família está perdida em relação a educação dos filhos fazendo com que estes fiquem desorientados, sem saber o que devem fazer.

Aries (2006, p. 18), descobriu a criança para a pedagogia. E a mídia a descobriu para o consumo.

A escola, por exemplo, sendo instrumento do poder, instituição que traz para a sala de aula as discriminações, as diferenças de classes, os preconceitos da sociedade, sozinha, pouco ou quase nada poderá fazer para alterar o quadro disciplinar de nosso país. Porém, se pautar seu trabalho pela valorização e dignificação das classes populares, essa transformação tornar-se-á possível. (Foucault, 1995, p. 10)

 

Se for criado um planejamento participativo, será consequentemente desencadeado um processo disciplinar que poderá conduzir a duas situações opostas e conflitantes: a dominação ou a conscientização das pessoas envolvidas.

Para se chegar a segunda situação, tem que se propor uma disciplina politizadora, onde deverão estar bem claras as relações de poder existentes na comunidade envolvida, e de um conceito crítico de cidadania.

Segundo Oliveira (2005, p.21).

Além de a indisciplina causar danos ao professor e ao processo ensino-aprendizagem, o aluno também é prejudicado pelo seu próprio comportamento: ele não aproveitará que se nada dos conteúdos ministrados durante as aulas, pois o barulho e a movimentação impedem qualquer trabalho reprodutivo.

Na instituição escolar, o Conselho Escolar como também as Associações de Pais e Mestres, porta-vozes legais das aspirações e necessidades de todos os elementos que integram o trabalho educativo: professores, alunos e pais, devem trabalhar numa proposta de Planejamento Participativo, onde as relações de poder sejam desviadas da sua convergência habitual, ou seja, a centralização na pessoa do diretor ou do professor e direcionar-se para o grupo representativo de todos os elementos envolvidos no processo.

Segundo Freire (1984, p. 13) nunca se deve dizer um não sem dizer o porquê, senão o professor desmoralizará seu discurso, o qual deve ser de autoridade...

Às vezes, a criança não consegue entender o ponto de vista do professor quando diz que aquilo não é melhor para ela naquele momento, mas nem por isso deve ceder.

 

O professor, para situar o seu trabalho pedagógico nas condições reais de cada grupo, não pode ignorar que o aluno tem suas diferenças, e por isso exige-se autoridade para que a interação entre professor e aluno se funda num polo que é a busca do conhecimento. A disciplina, portanto, não pode se processar somente em sala de aula, mas sim em todas as instâncias da escola e da sociedade. Chega de reclamar que na escola nada se faz por causa da falta de disciplina. (D´Antolha, 2009, p. 78)

 

Essa relação caracteriza-se, também, pela diversidade de interesses que movem o pensar e o agir dos indivíduos e se articulam diretamente aos interesses existentes no interior da sociedade como um todo.

Como parte integrante da totalidade social, a escola precisa ser pensada dentro do contexto sócio-político-econômico no qual se encontra exercendo uma função, como diria Penin (2003, p. 25) certo papel mediador.

Dessa maneira, não se pode separar os procedimentos metodológicos escolares e os métodos pelos quais se busca a compreensão do movimento sócio histórico.

Aquino (2009, p.25) afirma que “embora o século XX tenha dado saltos impressionantes na área do conhecimento, tem-se a impressão de que o saber perdeu muito de seu prestígio”. O conhecimento perdeu espaço para a informação rápida adquirida por meios de comunicação de fácil acesso. A interferência direta dos meios de comunicação de massa no país contribui muito para essa mudança e atinge diretamente o dia-a-dia da família e consequentemente da escola.

Muitas vezes as crianças chegam à escola muito cansada de trabalhar no horário em que não está na escola e isso pode gerar a indisciplina. Com a evolução do mundo e a necessidade de consumir e de gerar capital, as pessoas passaram a trabalhar mais e a ter menos tolerância umas com as outras, e isso, em relação à criança foi aumentando. No passado se tem a lembrança do trabalho em família, onde os pais e filhos trabalhavam juntos e tinham uma vida mais tranquila. A criança trabalhava conforma suas limitações, em: venda de produtos diversos, em armazéns, no trato dos animais e tantas outras funções consideradas leves e outras pesadas.

Em consonância a isto Giancanterino (2007, p. 87) afirma:

A indisciplina em sala de aula e na escola tem sido uma preocupação crescente nos últimos anos entre os educadores. Os grandes responsáveis pela educação de jovens, como a família e a escola, não estão sabendo ou conseguindo cumprir o seu papel

Hoje, esta realidade existe ainda se percebem crianças trabalhando como domésticas, vendendo produtos no trânsito, catando material reciclável nas ruas e tantas outras funções que lhe tiram, direitos importantes preconizados na Constituição Federal e no Estatuto da Criança e do adolescente. Nesse sentido, a escola se envolveu em atividades que explicassem à sua clientela, aos profissionais e à comunidade que é preciso viver outra realidade, transformando o que pode parecer algo sem importância: tirar a criança da rua e do trabalho e encaminhá-la à escola de forma qualitativa, devolvendo-a seus direitos vitais de ser criança.

O trabalho infantil não é fato encerrado, ao contrário, é um dilema e um grande problema que atinge crianças dia a dia. Trata-se de um agravante que independe de nível social, de religião ou qualquer outra condição humana, é a necessidade de o adulto mostrar que é mais forte do que a criança, forma de coagir e de violentar alguém, através do trabalho, sem que lhe seja dado o direito de escolha (PANÚNCIO-PINTO, 2006).

Na realidade, constatam-se, pelos meios de comunicação de massa e pelas ocorrências próximas da realidade, que as crianças são os mais agredidos. A isso se deve, justamente, como falado no parágrafo anterior, à sua menor fraqueza.

Portanto para D’Antola, (2009, P. 2):

(...) O problema de indisciplina pode ser provocado por problemas psicológicos ou familiares, ou da construção escolar, ou das circunstâncias sócio – históricas, ou então, que a indisciplina é causada pelo professor, pela sua responsabilidade, pelo seu método pedagógico, etc.

Na maioria dos casos são crianças cujos pais trabalham o dia todo e não têm controle às ações das crianças, que se oferecem para ajudar e são exploradas; ou mesmo são convidadas a trabalhar; quando os pais descobrem julgam como algo aceitável, pois é melhor estar ali do que na rua. Ou mesmo, na falta de um dos entes, o ente responsável oferece a filha para trabalhar em casa de família; ou o filho para a capina e limpeza de lote, para carregar material de construções e outras situações parecidas. Também o desemprego pode gerar conflitos, como drogas e alcoolismo, que inserem a criança em sinais de trânsito para vender guloseimas ou pedir em horas exaustivas, muito mais que uma jornada de trabalho normal.

Conforme o Ministério da Justiça, as agressões à criança em seus direitos são a principal causa de abandono de escola ou mau desempenho nela, sintomas diversos que podem agravar a saúde e outras. Grande parte dessas é advinda do ambiente impróprio para a criança, pois o trabalho a expõe a situações suportar peso. Machucar as mãos, forçar a coluna e outros órgãos, ficar sem se alimentar adequadamente por longas horas e também sem ingerir água. A UNICEF estima que, diariamente, milhões de crianças sejam exploradas de alguma forma no Brasil (BRASIL, 1995).

Além do trabalho informal, há casos de crianças que são abusadas sexualmente em troca de dinheiro, este que possivelmente lhe serve para comprar o que deseja (doces, brinquedos, etc.) ou o que poderá “sustentar”, em parte sua família (mantimentos, cigarro, drogas, álcool). Isso ocorre, pois, em diversas situações, felizmente não a maioria, porque as crianças são dependentes de quem os mantêm.

Dificilmente crianças fazem denúncias, quando estas ocorrências partem de vizinhos e outras pessoas que se sentem incomodadas com o problema e acreditam que este terá solução a partir da denúncia ao Conselho Tutelar e à delegacia.

O fato dos pais serem negligentes em relação aos filhos trabalharem perpassa pela ideia de que por estarem desempregados os subsídios governamentais deveriam ser suficientes para sustentar a família toda o que não condiz com a proposta do Programa Bolsa Escola, por exemplo. Que é uma ajuda de custo com materiais, uniforme e outros gastos com escola, para que a criança esteja frequentemente ali, aprendendo e se socializando.

Entende-se que a questão da negligência não deve ser atribuída exclusivamente à falta de condições financeiras dos pais. O fato de não proporcionar recursos materiais, devido à pobreza, não se configura como negligência, mas sim a carência, já que tais recursos seriam oferecidos caso houvesse. Ballone (2008, p. 5) explica o termo negligência como:

Negligência é a atitude omissa, seja materialmente, seja afetivamente (Negligência Material e Negligência Emocional). Inúmeros trabalhos mostram que o apoio afetivo, o carinho e o amor são tanto ou mais essenciais para o desenvolvimento da pessoa quanto à mesa farta.

 

O que se pretendeu, com as ações do Projeto, foi propor aos alunos atividades que pudessem entender e transmitir aos outros, que atualmente está sendo oportunizado às crianças o direito de viver, de se divertir, estudar e poder ser criança.

O empenho da justiça em coibir ações que retratem o trabalho infantil são muitos; principalmente veiculando aos adultos as consequências da exploração infantil. Os recursos em prol de uma melhor qualidade, no que tange à educação das crianças também existem, como os subsídios ofertados pelo Governo Federal (Bolsa Família, Bolsa Escola, etc.), obviamente que não são suficientes, mas auxiliam a renda familiar nos gastos com os filhos.

Como forma de intervenção, entende-se que aproximar a família do mundo escolar é uma ação relevante e eficaz.

A parceria da família com a escola sempre será fundamental para o sucesso da educação de todo indivíduo. Quando, na medida certa, a interação família e escola acontece auxilia o trabalho do professor no ensino aprendizagem.

Segundo Tiba (2006, p.57), uma criança naturalmente quer fazer apenas o que tem vontade. É a educação adequada dada pelos pais que a capacitará a determinar o que deve ou não ser feito, com quem, quando e onde. A participação dos pais na vida escolar do seu filho garantirá a ele segurança de que a escola é o lugar onde encontrará o crescimento intelectual e a socialização tão importante para viver em sociedade.

Na educação superior é importante a abordagem do tema Família e Escola. Por meio deste pode ser apresentado o tema para os alunos e futuros educadores. A família e a escola têm a função de garantir que a aprendizagem seja desenvolvida numa educação direcionada ao conceito ético e social formando um cidadão com censo crítico. O tema é relevante por ser atual, sendo alvo de constantes debates.

O comportamento das crianças no ambiente escolar e em casa é, na verdade, uma reação às atitudes de seus pais. Foi constatado que a maioria dos problemas de comportamento, como ausência de atenção e agressividade, é reflexo da conduta dos pais. Uma criança, por exemplo, que não consegue, em sala de aula, ficar parada em momento nenhum, mostrando-se sempre nervosa, brigona, agressiva com os colegas, sempre mal arrumada, cadernos rasgados, pode ser que uma das causas para tudo isso seja uma relação conflituosa com a família ou a relação, também conflituosa, entre os pais, os quais brigam o tempo todo na frente dos filhos e acabam descontando na criança, com desprezo ou indiferença, com agressões físicas ou verbais. Este fenômeno, tão comum, leva a criança a pedir ajuda, demonstrando isso de várias maneiras, inclusive chamando a atenção para si, no ambiente escolar. ( WEIL, 2004, p. 47)

Falar sobre família e escola, é falar de um tema bem cobrado nas escolas por professores, considerando essa relevância que se dá a participação da família na escola, procura-se neste trabalho, buscar construir um paralelo, entre os processos educativos e os processos familiares, contribuindo para formação não só dos profissionais da área, mas também, a título de informação, despertando a consciência das famílias interessadas na formação e desenvolvimento desses alunos.

Compreender a contribuição familiar pode abrir um horizonte de trabalhos no qual se desenvolve uma criticidade em relação aos processos sociais, e faz com que, não somente os alunos, mas também os pais e parentes, se tornem participativos no meio social onde vivem. Dessa forma, pode-se até transformar uma sociedade com vários estereótipos sociais, em uma sociedade com mais respeito e uma efetiva democracia.

Segundo Aquino (2006), o conceito de indisciplina, como toda criação cultural, não é estático, uniforme, nem tampouco universal. A indisciplina se relaciona com um conjunto de valores e expectativas que variam ao longo da história entre as diferentes culturas e numa mesma sociedade. Os educandos vêm de culturas e valores diferentes entre si, por isso precisam ser direcionados para que sigam na mesma direção e este é o papel do professor.

A parceria família e escola são fundamentais para o sucesso da educação de cada indivíduo. Portanto pais e educadores devem ser grandes amigos nessa caminhada da formação educacional do ser humano.

Esse resgate da família, certamente auxiliará a escola e os professores no combate à indisciplina das crianças, gerando mais harmonia nas relações humanas naquele espaço.

Segundo Aquino (2006, p.40) a indisciplina é traduzida como: “bagunça, tumulto, falta de limite, maus comportamentos, desrespeito às figuras de autoridade, etc.” Esse conceito de indisciplina traduz a realidade das salas de aula frequentadas por alunos de diversas comunidades do Brasil.

No âmbito das instituições escolares, as relações devem garantir condições adequadas para o desenvolvimento do aluno, bem como as expectativas da escola não podem refletir uma relação autoritária, onde as decisões são elaboradas apenas por um grupo, porém, devem ser balizadas por uma orientação consensual que reflita toda a contribuição da comunidade escolar. Portanto, devemos nos atentar que o conceito de indisciplina está vinculado a uma complexidade de fatores dos quais não podem mais ser vistos por uma lógica obsoleta, mas sim, compartilhar a necessidade de lidar com as adversidades que suscitam do comportamento humano.

Para Vasconcelos (2009, p.240).

(...) é muito comum ouvirmos dos professores a queixa de que os pais não estabelecem limites, não educam seus filhos com princípios básicos como saber se comportar respeitar os outros, saber esperar sua vez, etc.

São momentos infelizes que trazem à tona contextos históricos em que o aluno deveria se anular (enquanto possuidor de uma gama de conhecimentos sociais, natos, ou de outra forma) para assimilar os conteúdos aplicados em sala pelo professor.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Conclui-se que a indisciplina na Educação Infantil tem ocasionado grandes dificuldades no ambiente escolar, dessa forma cabe a família junto com a escola buscar sanar essa dificuldade. Importa que o professor oriente seus alunos na aquisição de informação, que os motive a ser bons leitores, que os incentivem a ter objetivos profissionais.

Na escola, o Gestor deve motivar o professor para que deva ter o prazer de desempenhar sua função e fazer de cada dia novo e diferente para não cair na rotina e no estresse, assim estará disposto a enfrentar os diversos problemas que encontrar numa instituição escolar, um deles é a indisciplina escolar. Também o gestor deverá buscar resgatar os pais para o contato maior com os filhos e demais membros da comunidade escolar.

Cabe à escola, apenas desenvolver os papéis que sempre lhe foram atribuídos: complementar a sociabilização do aluno, como extensão do que a família (como a primeira instituição de que ele participa) já faz e oferecer-lhe conhecimento.

A inversão dessas competências pode comprometer, e muito, tanto a vida pessoal quanto à vida escolar de qualquer pessoa, causando distúrbios psicológicos, falta de limite, dificuldades de aprendizagem e indisciplina.

 

REFERÊNCIAS

 

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