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A IMPORTÂNCIA DOS BRINQUEDOS, BRINCADEIRAS, E JOGOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Ionete Lurdes da Silva Schlindwein[1]

Debora Aparecida Bragatti Reco[2]

Elaine de Oliveira Darcie[3]


RESUMO

Este trabalho visa analisar a importância do brincar, no desenvolvimento e aprendizagem na educação infantil. Conhecer o significado do brincar, os benefícios que a brincadeira traz para a vida da criança, compreender a diferença entre jogos e brincadeiras, e a contribuição de cada um para o meio social cultural em que a criança se encontra. Conceituar os principais termos utilizados para designar o ato de brincar, tornando-se também fundamental para compreender o universo lúdico, onde a criança comunica-se consigo mesma e com o mundo, aceita a existência dos outros, estabelece relações sociais, constrói conhecimentos, desenvolvendo-se integralmente. Alguns estudos apontam que os jogos, brinquedos, e brincadeiras influenciam na socialização das crianças. Segundo KISHIMOTO (1999), o desenvolvimento da criança deve ser entendido como um processo global, pois quando corre, pula, ela desenvolve sua motricidade e, paralelamente, é um desenvolvimento social, pois brinca com parceiros, obedecem às regras, recebe informações e estabelece relações cognitivas, tornando-se assim, um ser humano inteiro. Portanto para realizar este trabalho utilizei apenas pesquisas bibliográficas, livros, revistas e sites, bem como pesquisa de grandes autores referente a este tema. Desta forma este estudo proporcionará uma leitura mais consciente da importância do brincar na vida do ser humano, em especial, na vida da criança.

Palavras-chave: Jogos. Brinquedos. Brincadeiras. Lúdico. Realidade.

 

 

ABSTRACT

This work aims to analyze the importance of play, in the development and learning in the early childhood education. To know the meaning of play, the benefits that play brings to the child's life, to understand the difference between games and games, and the contribution of each to the cultural social environment in which the child finds himself. Conceptualizing the main terms used to designate the act of playing, also becoming fundamental to understand the play universe, where the child communicates with himself and with the world, accepts the existence of others, establishes social relations, builds knowledge, develops in full. Some studies show that games, toys, and games influence the socialization of children. According to KISHIMOTO (1999), the development of the child should be understood as a global process, because when it runs, it jumps, it develops its motricity and, at the same time, it is a social development because it plays with partners, obeys the rules, receives information and establishes cognitive relations, thus becoming an entire human being. Therefore, to carry out this work I used only bibliographical researches, books, magazines and websites, as well as research of great authors referring to this topic. In this way, this study will provide a more conscious reading of the importance of play in the life of the human being, especially in the life of the child.

Keywords: Games. Toys. Just kidding. Ludic. Reality.

 

 

INTRODUÇÃO

O presente artigo trata-se em estudar importância da brincadeira na educação infantil, bem como a sua necessidade para o desenvolvimento das crianças. Ressalta as mudanças ocorridas ao longo do tempo nas brincadeiras e como os educadores precisam encarar o brincar na educação infantil. Vê se a importância do brincar na educação infantil devido ás brincadeiras permitirem que as crianças realizem ações concretas, reais, relacionadas aos sentimentos, que ficaram guardados. É na infância que o individuo inicia e concretiza a apropriação e o controle do seu corpo. Antigamente as crianças eram incentivadas por seus pais a usar tocos de madeiras, pedrinhas, legumes e palitos para fazerem seus brinquedos, além de brincadeiras como: amarelinha, passa-anel, bolinhas de gude, pega-pega, roda pião, empinar pipa, xadrez, dentre varias outras. Com o avanço da modernidade, a tecnologia trouxe brinquedos que não exigem a criatividade das crianças, pois elas já encontram tudo pronto.

O brincar é tão importante, pois além de trazer alegria e bem estar para a criança, este também faz com que a criança se desenvolva nas áreas da lateralidade, emoção, independência, atitude, além de proporcionar o convívio com outra pessoas, socializando a com o meio em que vive, ao contrario das tecnologias em que a criança se diverte, mas não tem o contato direto com o meio, ficando assim isolada da realidade. Ao mesmo tempo, as crianças principalmente zona urbana, ficam exposta a influência da mídia, que acaba incentivando o consumo e preenchendo o vazio deixado pela ausência cotidiana dos pais. Em comunidades rurais, ribeirinhas ou indígenas, o mercado avassalador do mundo do consumo também alcança e encanta as crianças, criando nelas a vontade de ter os brinquedos veiculados pela propaganda.

Na atualidade, muito mais do que no passado, os brinquedos tem se tornado o principal apelo na vida das crianças, já que brincadeiras na rua ou em outros espaços são tão raras. Mas talvez em decorrência da diminuição do espaço físico e tempo destinado a essa atividade provocada pelo aparecimento e incremento das indústrias de brinquedos, e pela influência da televisão, e das redes sociais, tenha começado a existir uma preocupação com a diminuição do brincar e surgir um movimento pelo seu resgate na vida das crianças.

A respeito dos jogos, brinquedos e brincadeiras, podemos observar que: brincando a criança desenvolve comportamento relativo às atividades físicas e mentais envolvidas; socializa-se, pois o brincar propicia tocas, e competições, inter-relaciona com as emoções, atitudes e reações que envolvem a brincadeira ou jogos, interage com uma grande variedade de objetos.

Observando estes dados, podemos concluir que surgem diferentes perspectivas de análise do comportamento do brincar, isso significa que podemos analisar o brincar infantil sob diferentes enfoques: Sociológico: influência do contexto social em que diferentes grupos de crianças brincam; Educacional: contribuição do brincar para educação, desenvolvimento e aprendizagem da criança; psicológico: brincar como meio de compreensão; antropólogo: a maneira como o brincar reflete em cada sociedade, os costumes, valores, e a história das diferentes culturas; folclórico: o brincar como meio de expressão da cultura infantil por meio de diversas gerações, bem como das tradições e dos costumes nelas refletidos ao longo do tempo.

Como afirma VYGOTSKY (1986, p.27) “a criança exerce um papel ativo na construção de seus conhecimentos, pois faz parte de um contexto sociocultural, e de interações entre crianças e adultos.” O autor ainda diz que é brincando que as crianças descobrem o mundo e consolidam as bases sobre as quais construirão tudo o que será possível aprender em casa, na escola, na sociedade. Se uma criança não brinca, não cresce bem, nem sob o aspecto cognitivo, nem social, nem físico. Não pode descobrir o mundo, consolidar as bases sobre as quais posteriormente à escola, a família, a sociedade poderão ajudá-la a construir sua cultura. Sem fundamentos, não constrói a si mesma.

 

DESENVOLVIMENTO

VISÃO NEUROCIENTÍFICA SOBRE O BRINCAR

A aprendizagem é sem dúvida uma revolução para o meio educacional, a neurociência da aprendizagem, em termos gerais, é o estudo de como o cérebro aprende, é o entendimento de como as redes neurais são estabelecidas no momento da aprendizagem, ou seja, a maneira como os estímulos chegam ao cérebro, à forma como as memórias se consolidam e de como temos acesso a essas informações armazenadas. Diversos autores veem os jogos de maneira diferenciada, quando comparado às brincadeiras. Geralmente eles atribuem aos jogos a utilização de regras, limitando a criança a descobertas, a criatividade, e a autonomia, porem, favorecendo a socialização, a concentração e a atenção. Bem lembrado por FREIDMANN (2012, p. 24), que diz que em todos os jogos as regras estão presentes, e estas estão explícitas como no xadrez e na amarelinha, ou implícitas como nas brincadeiras de faz de conta.

A forma como isso acontece é o que genericamente chamamos de educação de aprendizagem. Ou seja, em uma perspectiva que procura aliar o conhecimento em biologia evolutiva ao das neurociências. O brincar não se limitaria apenas a exercitar habilidades motoras, emocionais, sociais ou cognitivas, como é costume alegar em educação, teria uma função ainda mais nobre “Seria parte do próprio desenvolvimento humano”. Por meio do brincar, e em estreita interação com o meio ambiente e seus semelhantes, a rede neural se amplia, novos caminhos neurais se formariam, e distintas áreas do cérebro se tornariam interconectadas, a parte visível de todo esse processo seria o ganho de habilidades (motoras, emocionais, e cognitivas).

A neurociência contribui com a pedagogia quando afirma que o sujeito no ato de compreender, aciona seu acervo neurológico. FREIDMANN (2012, p. 15) “O pensar não esta apenas aprisionada no cérebro, mas esta espalhado por todo o corpo”. Ainda conforme o autor a visão neurocientífica, o brincar tem um papel fundamental nesse e em outros importantes processos cerebrais, basicamente por proporcionar varias experiências novas, o brincar provocaria a formação e consolidação de importantes circuitos neurais, tornando interligadas áreas do cérebro relacionadas a distintas competências ou conjuntos de habilidades.

O desenvolvimento integral faz referência a um crescimento harmônico da aparelhagem e funcionalidade sensorial, perceptiva, psicológica, intelectual, motora, física e da linguagem, este crescimento ocorre especialmente durante as etapas criticas do desenvolvimento e maturação neurocerebral do individuo. Assim sendo, o brincar é uma atividade prazerosa, que enriquece o convívio familiar e, sobre tudo, ajuda a criança a fazer descobertas e ampliar sua criatividade, podemos entender que por meios de jogos e brincadeiras, é possível fazê-las mais felizes e mais aptas ao aprendizado, trabalhando sua autoestima, desenvolvendo hábitos saudáveis, ampliando suas habilidades sociais e capacidade de enfrentamento de eventuais desafios ou adversidades. Além disso, as brincadeiras são responsáveis por promoverem um enorme incremento nas ligações neurais, melhora a coordenação motora, aumenta a velocidade de raciocínio, e facilita a formação de ideias e conceitos abstratos, garantindo assim uma melhor qualidade na interação entre criança e mundo.

Por meio do brincar, a criança assume a posição de sujeito falante, o que possibilita ao professor de escutar e conhecer a criança com mais propriedade. Em razão disto, o brincar não deve ser compreendido na educação infantil, nem tão pouco no ensino fundamental como um conhecimento pronto, e por isso reproduzido em manuais que apresentam centenas de brincadeiras acompanhadas de procedimentos a serem executados pelo professor junto às crianças.

Segundo FREIDMANN (2012), o brincar precisa ser concebido como uma linguagem que fala do próprio brincante, permitindo a criança ser autora de sua fala e de seus atos. Este fato torna a atividade lúdica muito singular para a criança, pois por intermédio do brincar ela encontra modos de falar em nome próprio de si mesmo. Isso implica a existência de uma dimensão subjetiva na atividade lúdica. Além disto, demanda reconhecê-lo como uma experiência estruturante para a criança, ou seja, as experiências por ela vividas nas brincadeiras são alimentos para o seu desenvolvimento psíquico.

 

BRINQUEDOS / BRINCADEIRAS E JOGOS NA INFÂNCIA

Quem nunca brincou quando criança? Difícil encontrar alguém que responda negativamente essa pergunta. Jogos e brincadeiras (esconde-esconde, pega – pega, futebol, pular corda, brincar de casinha, jogos eletrônicos, entre outras...) são praticas culturais que permeiam o cotidiano de muitas crianças e adolescentes: Quem não se lembra das brincadeiras da infância, ou dos jogos da adolescência. Quando adultos nada mais fazemos do que trocar as brincadeiras da infância por outras atividades, coerente com nossa realidade.

São antigos os indícios de existência de brinquedos, brincadeiras e jogos criados e vivenciados pelo homem nas mais diferentes culturas, em todos os cantos do mundo. VASCONCELOS (2006) apresenta alguns exemplos como o museu Britânico, em Londres, possui em seu acervo brinquedos com mais de cinco mil anos, pertencente à civilização egípcia, e no Brasil, as cavernas de São Raimundo Nonato no Piauí guardam figuras gravadas que representam brinquedos e possíveis brincadeiras que envolviam crianças e adultos, datados de dez mil anos. Como afirma FREIRE (1991, p.40), “é incontestável história cabe concluir que o jogo acompanha o trajeto da humanidade “demonstrando que o homem brinca e joga independente de seu tempo.”

Resgatar a origem dos brinquedos, brincadeiras e jogos tradicionais infantis, como expressão da história e da cultura, pode nos mostrar diferentes estilos de vida, maneiras de pensar, sentir, falar, e sobre tudo de brincar e interagir.

De acordo com Como afirma MUNIZ (2002, p.29), “e por meio do brinquedo, a criança inicia sua integração social: aprende a conviver com os outros, a situar-se frente ao mundo que a cerca.” Ainda o autor diz que o processo, que se inicia em sala de aula, pode se estender para a comunidade em que cada criança está inserida: pois, “a ideia do reaproveitamento de materiais descartáveis chega ao conhecimento da família, pela criança”.

A construção do brinquedo com a utilização de material reciclável, em ambiente escolar, pode exercer mais que a função proposta, que é de divertir e proporcionar momentos agradáveis pode, também, apresentar um caráter de elo entre professores, alunos e comunidade. Assim sendo, construir brinquedos, possibilita a criança o desenvolvimento e o conhecimento das suas capacidades criativas de expressão, que aliadas ao trabalho coletivo, nos permite perceber a importância de respeitar as diversidades de ideias e opiniões do grupo ao qual estão inseridos.

Quando pensamos em jogos e brincadeiras, inevitavelmente nos reportamos á infância, ou mais propriamente a criança. É difícil imaginar uma criança que não goste de brincar e/ou jogar, tamanho é o prazer com o qual se entrega a suas atividades lúdicas. Podemos pensar então, que o jogo é o nosso ponto de partida: é a partir dele que iniciamos nossa fantástica relação com o mundo da cultura, é a partir dos jogos e brincadeiras que nós ampliamos nossas experiências para outras atividades como o esporte, as danças, as lutas, a ginástica, o teatro, a literatura etc. Como diz MUNIZ (2002), o jogo ou o brincar conduz naturalmente a experiência cultural; na verdade, constitui seu fundamento. A experiência cultural, portanto, surge como extensão direta da atividade lúdica das crianças. É nossa primeira forma de comunicação com o mundo.

É “como se” da brincadeira/jogo que a criança buscasse alternativas e resposta para as dificuldades e /ou problemas que vão surgindo, seja na dimensão motora, social, afetiva ou cognitiva. É assim que ela testa seus limites e seus medos, é assim que ela satisfaz seus desejos, é assim que a criança aprende o significado e o sentido da cooperação, da competição, é assim que ela explora e experimenta diferentes habilidades motoras, que inventa e cria novas combinações de movimentos, e consegue reconhecer valores e atitudes com respeito ao outro.

Como afirma MUNIZ (2002), o jogo é a prova evidente e constante da capacidade criadora de modo que os adultos contribuem, nesse ponto, pelo reconhecimento do grande lugar que cabe á brincadeira e pelo ensino de brincadeiras tradicionais, mas sem obstruir e nem adulterar a iniciativa própria da criança. MUNIZ (2002), afirma que além das significações e sentidos, o brinquedo é também um objeto transicional, isto é, ele se encontra no meio do caminho entre a chamada realidade concreta e a realidade psíquica da criança.

Muitas vezes criamos a ideia de que um brinquedo ‘bom’ é aquele mais sofisticado. Aquele que faz tudo: chora, canta, fala, faz xixi, anda, realiza vários movimentos, etc. No entanto talvez, uma simples bola de meia, uma boneca de pano ou até mesmo uma vassoura, produzam um efeito muito mais significativos em termos de aprendizagem e desenvolvimento na criança do que aqueles objetos prontos e acabados (mais sofisticados). O brinquedo é parceiro da criança em seus jogos e brincadeiras.

Como define BENAJAMIM, (1984, p.70):

[...] quanto mais atraentes forem os brinquedos, mais distante estarão de seu valor como instrumento de brincar, quando ilimitadamente a imitação anuncia-se neles, tanto mais se desviam da brincadeira viva. A criança só resta produzir. O exercício de criar, recriar, montar, desmontar, cede lugar à reprodução. Quanto mais incrementado for o brinquedo, mais ele torna a criança ou o brincante prisioneiro. Quando mais simples ele for, maior é a possibilidade de imaginar e de criar.

O conteúdo ideacional do brinquedo jamais determina a brincadeira, pois ao contrário, ela orienta o uso dos objetos. Assim, por exemplo, um cabo de vassoura, em alguns momentos pode virar um cavalinho de pau, e em outro uma lança, tudo depende da imaginação da criança.

Desta forma, podemos dizer que a beleza do brinquedo decorre de sua capacidade de instigar a imaginação da criança, e não da possibilidade de imitação de gestos. Por exemplo, quem nunca se imaginou dirigindo um carro ou caminhão em suas brincadeiras usando apenas o próprio corpo. O corpo é o nosso primeiro e mais versátil brinquedo. Reconhecer o corpo como “brinquedo” nos parece fundamental, mesmo quando precisamos de bolas, garrafas ou coisas parecidas para realizar um jogo de queimada, rouba- bandeira, sem o corpo nada se faz.

Brincar, jogar, brinquedo. Essas palavras têm um sentido bem conhecido de todos nós, especialmente quando criança. Elas representam a possibilidade de imaginarmos se quem não é, de estarmos em lugares e planetas diferentes, o prazer de satisfazer o desejo mesmo que forma ilusória e viver o suspense do inesperado, de viver a loucura sem ser louco, de divertir-se.

Criança e brincadeira fazem, sem dúvida, uma combinação perfeita. É difícil pensarmos em criança que não goste de brincar, de deixar-se envolver pela imaginação, pela fantasia, vivendo personagens dos mais variados tipos- bombeiros, médicos, super-heróis, viajantes de outros mundos, guerreiros interestrelares, pai e mãe, etc.

KISHIMOTO (2006), confirma que as brincadeiras tradicionais fazem parte do folclore infantil, trazem consigo parte da cultura popular, pois são transmitidas oralmente, guardam a produção espiritual de um povo em certo período histórico, estando sempre em transformação, incorporando criações de novas gerações que venham a sucedê-las.

KISHIMOTO (2006), afirma que as brincadeiras preservam muitas vezes sua estrutura inicial por conta de sua expressão oral, sendo passadas de geração em geração, de forma espontânea, perpetuando assim a cultura infantil. Nas brincadeiras as crianças começam a vivenciar conteúdos culturais os quais ela ira reproduzir e transformar, apropriando-se deles e lhe dando uma significação. Assim a brincadeira é a entrada da criança na cultura, tal como ela existe em determinado momento, mas também com todo um peso histórico pertencente a aquela sociedade.

Já para BAQUERO (1998), o brincar é inerente ao ser humano: brincamos quando crianças, quando adultos e quando idosos, pois brincar é uma ação contínua que envolve pensamento-ação-reação. O universo infantil está presente em cada um de nós. As experiências da infância deixam profundas marcas em nossas vidas e, mesmo sem sabermos disso, as trazemos nos gestos, nas falas e nos costumes. Os brinquedos, as brincadeiras e o brincar integram esse leque de experiências vividas por nós, seres humanos.

BAQUERO (1998), ainda apresenta a ideia da aprendizagem social do brincar. Para ele, desde o momento em que nasce a criança se encontra em um contexto social que ensina e estimula o brincar, assim, não existe a brincadeira natural. A brincadeira não é inata, ela pressupõe uma aprendizagem social, aprende-se a brincar.

Porém, hoje, ao se entender criança como sujeito imerso na cultura, não se pode deixar de pensar no tempo e no espaço da brincadeira como a própria forma de a criança conhecer e transformar o mundo em que vive. Mas, por que jogos, brinquedos, e brincadeiras antigas?

Neste sentido, a recreação nas aulas de Educação Física, tem como característica principal, suscitar nas crianças questionamentos sobre sua realidade sociocultural. Porque meus pais podiam brincar nas ruas, e hoje, eu não posso, não tenho mais segurança? Qual era a influência das tecnologias no tempo do vovô? Do que e como brincavam os mais velhos? Qual era o tempo que se podia dedicar á brincadeiras e brinquedos? A descoberta e organização? Por que um jogo ou brincadeira é mais interessante que outro? Sua participação dentro de um grupo, ou seja: Qual minha função neste jogo? Porque minha colaboração é importante para se chegar a uma finalidade comum?

Segundo KISHIMOTO (2006, p. 20), essa tradicionalidade e universalidade característica das brincadeiras nos mostram que até os povos antigos como os gregos já brincavam de amarelinha, empinar papagaio, jogar pedrinhas, brincadeiras essas que até hoje são vivenciadas pelas crianças, visando que a mesma preserva por muitas vezes sua estrutura inicial por conta de sua expressão oral, sendo passada de geração a geração, de forma espontânea, perpetuando assim a cultura infantil.

Bem pontuado por FREIRE (1991, p. 27), professor como mediador, como um elemento intermediário, externo: uma "ferramenta auxiliar da atividade humana."

Na escola, percebe-se a importância da atuação, á mediação, para Vygotsky (1986), consiste em fazer de um processo simples de estímulo-resposta, o professor se coloca no papel de mediador na relação existente entre a criança e seu desenvolvimento.

Já FREIRE (1991), a intervenção pedagógica provoca avanços que não ocorreriam espontaneamente, a importância da intervenção deliberada de um indivíduo sobre outra como forma de promover desenvolvimento, a aprendizagem é fundamental para o desenvolvimento desde o nascimento da criança, a aprendizagem desperta processos internos de desenvolvimento que só podem ocorrer quando o individuo interage com outras pessoas.

Do mesmo modo que acontece enquanto participante de sua comunidade, quando o professor desperta no aluno o desejo de buscar respostas para estas questões, nutre o pensamento ontológico do materialismo dialético, quanto mais esta busca for feita com pessoas de mais idade (pais, avôs, tios), no ambiente familiar, aumentam as chances de percepção de o aluno ser aclarada sobre os problemas sociais que o cercam, levando-o a procurar soluções. Com isso localiza-se uma das funções do lazer para criança, que como para outros segmentos da sociedade, tem sido privada da experiência de desfrutar da vivência de sua cultura.

De acordo com KISHIMOTO (2006, p.58), é na brincadeira de faz de conta que se percebe com mais evidência a presença da situação imaginária. A brincadeira sócia dramática surge com o aparecimento da representação e da linguagem por volta dos dois e três anos quando a criança começa a alterar o significado dos objetos, dos eventos, a expressar seus sonhos e fantasias e assumir papéis presentes no seu contexto social, o faz de conta permite tanto a entrada no imaginário como a expressão de regras implícitas que se manifestam nos temas das brincadeiras.

As brincadeiras representam uma fonte de conhecimento histórico sobre o mundo e sobre si mesmo, contribuindo para o desenvolvimento de recursos cognitivos que favorecem o raciocínio, tomada de decisões, solução de problemas e o questionamento histórico-critico de sua realidade. Assim, percebemos que desde o século XIX vem sendo utilizado pela educação como uma forma lúdica de inserir a criança no universo escolar. A memória do brincar, hoje é apagada pelo excesso de oferecimento de objetos (ditos modernos). As crianças, pode ser resgatada através de vias narrativas que operem aproximação do educando, seus pais e a cultura. Uma proposta lúdica no contexto escolar deve considerar o que significa brincar e a forma de proporcionar as mais diversas experiências nos educando. O brinquedo recheia de conteúdos as relações da criança com os adultos, permitindo-a decidir, pensar, sentir emoções distintas, competir, cooperar, construir, experimentar, descobrir, aceitar limites, surpreende-se.

Segundo VIGOTSKY (1986, p.54), a brincadeira tem um papel fundamental no desenvolvimento do próprio pensamento da criança. É por meio dela que a criança aprende a operar com o significado das coisas e dá um passo importante em direção ao pensamento conceitual que se baseia nos significados das coisas e não dos objetos. A criança não realiza a transformação de significados de uma hora para outra, assim, o educador deve incentivar e inovar nas brincadeiras e jogos, desenvolvendo atividades onde cada um possa criar, através da fala, dos gestos, das palavras e do próprio corpo, procurando sempre valorizar a expressão individual de cada um, através das interações que acontecem entre as crianças, nas brincadeiras e jogos, desenvolve-se o respeito e a construção do conhecimento social, físico e cognitivo, estruturando sua inteligência e interação com o meio em que está inserida.

Como aponta KISHIMOTO (2006), o brincar é a atividade principal do dia a dia para as crianças. Pois neste momento a criança toma decisões, expressa sentimentos, valores, conhece a si, os outros e o mundo, repete ações prazerosas, partilha brincadeiras com o outro, expressa sua individualidade e identidade, explora o mundo dos objetos, das pessoas, da natureza e da cultura, para compreendê-la, usa o corpo, os sentidos, os movimentos, as várias linguagens para experimentar situações que lhe chamam a atenção, solucionar e criar problemas. Mas é no plano da imaginação que o brincar se destaca pela mobilização dos significados. Enfim, sua importância se relaciona com a cultura da infância que coloca a brincadeira como a ferramenta para a criança se expressar, aprender e se desenvolver.

FREIRE (1991, p.37), acredita que:

A criança que brinca em liberdade, podendo decidir sobre o uso de seus recursos cognitivos para resolver os problemas que surgem no brinquedo, sem dúvida alguma chegará ao pensamento lógico de que necessita para aprender a ler, escrever e contar. O brinquedo propõe um mundo imaginário tanto para criança quanto para o adulto, próprio criador do objeto lúdico. (FREIRE, 1991, p. 37).

Segundo FREIRE (1991), o humor, o entusiasmo, e alegria são elementos fundamentais á educação. Sem dúvida, possibilitam a constituição de um ambiente acolhedor, que convida a criança a desejar o desejo de aprender, a fazer de suas fantasias alimentos para a construção de conhecimentos.

Na visão de PIAGET (1975), a atividade lúdica aparece sob forma de simples exercícios motores, dependendo para sua realização exclusivamente da maturação do aparelho motor. Seu objetivo é simplesmente o prazer do funcionamento Quase todos os esquemas sensórios – motores dão lugar a um exercício lúdico. Cada etapa do desenvolvimento está relacionada a um tipo de atividade lúdica que se sucede da mesma maneira para todos indivíduos.

Ainda PIAGET (1975), identifica três grandes tipos de estruturas mentais que surgem sucessivamente na evolução do brincar infantil: o exercício, o símbolo, e a regra. Segundo PIAGET (1975), o conhecimento não está no sujeito-organismo, tampouco no objeto-meio, mas é decorrente das contínuas interações entre os dois, para ele, a inteligência é relacionada à aquisição de conhecimento na medida em que sua função é estruturar as interações sujeito-objeto. Assim, para Piaget todo pensamento se origina na ação, e para se conhecer a gênese das operações intelectuais é imprescindível à observação da experiência do sujeito com o objeto.

OS TIPOS DE JOGOS E SUAS CARACTERÍSTICAS

PIAGET (1975) identifica três grandes tipos de estruturas mentais que surgem sucessivamente na evolução do brincar infantil: o exercício, o símbolo e a regra.

O JOGO DE EXERCÍCIO

Na primeira fase ou estágio que vai desde o nascimento até o primeiro ano de idade, o que representa a forma inicial do jogo na criança e caracteriza o período sensório motor do desenvolvimento cognitivo. Manifesta-se na faixa etária de zero (0) a dois (2) anos e acompanha o ser humano durante toda sua existência. A característica principal do jogo de exercício é a repetição de movimentos e ações que exercitam as funções tais como andar, correr, saltar, pelo simples prazer funcional.

 

O JOGO SIMBÓLICO

O jogo simbólico tem inicio com o aparecimento das funções simbólicas, no final do segundo ano de vida, quando a criança entra na etapa pré-operatória do desenvolvimento cognitivo, é a habilidade de estabelecer a diferença entre alguma coisa usada como símbolo e o que ela representa.

 

O JOGO DE REGAS

Caracterizam a fase ou estágio que vai dos seis (6) a sete (7) anos em diante. Na vida adulta eles subsistem e desenvolvem-se por serem atividades lúdicas do ser socializado. As regras substituem os símbolos e enquadram os exercícios, quando certas normas sociais se constituem, pois os indivíduos somente se impõem regras análogas ás que recebeu.

Há dois tipos de regras: as transmitidas e as espontâneas. As regras transmitidas se referem aos jogos institucionais no sentido de que as realidades sociais se impõem por pressão de sucessivas gerações. Supõe a ação dos mais velhos sobre os mais novos. Os jogos de mesa (baralho, dama, xadrez) os de quadra e os de tabuleiro são exemplo. Para PIAGET (1975), os jogos de regras são combinações sensório-motoras (corrida, jogo bolinha de gude, bola) ou intelectuais (carta, xadrez), com competição e cooperação entre indivíduos regulamentados por um código transmitido de geração em geração.


O PAPEL DO BRINQUEDO E A BRINCADEIRA

O brinquedo é um objeto que deve servir como facilitador da brincadeira. Além disso, deve favorecer a imaginação de a criatividade. MAGAGNIN (2003) ressalta que o brinquedo é um material que a criança manipula livremente, sem estar adicionado a regras.

Esse autor ainda afirma que o brinquedo é um suporte ao imaginário, ao faz de conta, possibilitando representações. Para FREIDMANN, (2012, p.5). “O brinquedo é um objeto facilitador do desenvolvimento das atividades lúdicas, que desperta curiosidade, exercita inteligência, permite imaginação e a invenção.” Isso significa que uma vassoura pode virar um brinquedo quando a criança dá a ela uma intenção lúdica; assim, esse objeto pode transformar-se em um cavalo, por exemplo. Diante disso é preciso ter cuidado, pois aos olhos da criança tudo pode virar brinquedo. Inclusive uma tesoura pode virar uma faca de cozinha etc.

O autor pontua que o mercado expõe brinquedos atraentes independente da importância que possam ter para a criança e nesse sentido interferem também na questão cultural, e que um dos elementos mais importantes é que o brinquedo coloque a criança em uma posição ativa, interativa, contribuindo para seu desenvolvimento. É preciso explicar isso devido ao fato de que muitos brinquedos brincam por si só, ou seja, a criança é muito mais uma expectadora do que participante ativa. Como exemplo disso a boneca que faz xixi e os carrinhos que correm com apenas um apertar de botão.

MAGAGNIN (2003), alerta que muitos fabricantes de brinquedos acabam por delimitar e empobrecer as alternativas de uso do brinquedo pelas especificações registradas nas embalagens. É em razão disso que a análise e a seleção dos brinquedos ganham tanta relevância, pois um brinquedo, efetivamente, deve contribuir para o desenvolvimento e a aprendizagem da criança.·.

Afirmamos que há brinquedos industrializados muito interessantes e que inclusive, podem servir de referência para a adaptação de outros, produzidos a partir de sucata. Quanto ao brinquedo artesanal, FREIDMAN (2012), menciona que este sempre existe como modo de representação da realidade concreta, e da cultura de uma sociedade. Um ponto extraordinário dos brinquedos artesanais é que eles são construídos por homens no ritmo do humano e não de maquinas; resultam da habilidade humana, da fantasia e da capacidade que cada um tem de criar. Seu valor está na reação que provoca na criança, na sua possibilidade de transformação e nas suas potencialidades para revelar os desejos infantis é importante.

Em relação à seleção desses brinquedos, é importante que o adulto se coloque no lugar da criança e reflita sobre o quanto esse material servirá efetivamente como estímulo para as experiências brincantes.

No entender de VYGOTSKY (1986), é por meio do brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva que depende de motivações internas. Para uma criança muito pequena os objetos têm força motivadora, determinando o curso de sua ação, já na situação de brinquedo os objetos perdem essa força motivadora e a criança, quando vê o objeto, consegue agir de forma diferente em relação ao que vê, pois ocorre uma diferenciação entre os campos do significado e da visão, e o pensamento que antes era determinado pelos objetos do exterior, passa a ser determinado pelas ideias.

A criança pode, por exemplo, utilizar um palito de madeira como uma seringa, folhas de árvore como dinheiro, enfim, ela pode utilizar diversos materiais que venham a representar outra realidade. Ainda segundo VYGOTSKY (1986), o brinquedo cria na criança uma zona de desenvolvimento proximal, que é por ele definida como a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes.

Ainda esse mesmo autor aponta que quando a criança brinca (e o adulto não interfere) muitas coisas sérias acontecem. Quando ela mergulha em sua atividade lúdica, organiza-se todo o seu ser em função da sua ação. O interesse provoca o fenômeno, reúnem-se potencialidades num exercício mágico e prazeroso. E quanto mais a criança mergulha, mais estará exercitando sua capacidade de concentrar a atenção de descobrir, de criar e, especialmente de permanecer em atividade.

É a aprendizagem pelo sentir, e não para obter determinado resultado ou para possuir alguma coisa. A criança estará aprendendo a engajar-se seriamente, gratuitamente, pela atividade em si. Estão sendo cultivadas aí, qualidades raras e fundamentais tais como a autonomia e socialização. Sem brincar, ela não vive a infância. A brincadeira, como atividade dominante na infância, tendo em vista as condições concretas da vida da criança e o lugar que ela ocupa na sociedade, é, primordialmente, a forma pela qual está começa a aprender.

Para VYGOTSKI (1986), a aprendizagem configura-se no desenvolvimento das funções superiores através da apropriação e internalização de signos e instrumentos em um contexto de interação. A aprendizagem humana pressupõe uma natureza social específica e em processo mediante o qual as crianças acedem à vida intelectual daqueles que as rodeiam. É por isso, que, para ele, a brincadeira cria na criança uma nova forma de desejos.

Aprende-se a desejar, relacionando os seus desejos, a um “eu” fictício, ao seu papel na brincadeira e suas regras. Dessa maneira, as maiores aquisições, no futuro irão tornar-se, seu nível básico de ação real e moral. Portanto, a brincadeira é uma situação privilegiada de aprendizagem infantil onde o desenvolvimento pode alcançar níveis mais complexos, exatamente pela possibilidade de interação entre os pares em uma situação imaginária e pela negociação de regras de convivência e de conteúdos temáticos. Logo que brincando as crianças recriam o mundo, refazem os fatos, não para mudá-los simplesmente para contestá-los, mas para adequá-los aos filtros da compreensão. E há dois tipos de filtros: o cognitivo e o afetivo. Algo pode caber ao cognitivo, mas não no afetivo. E o brinquedo e o jogo facilitam o trânsito do cognitivo para o afetivo.

Segundo VYGOTSKY (1986), o brinquedo fornece a estrutura básica para as mudanças das necessidades da consciência. O desenvolvimento da criança é determinado pela ação na esfera imaginativa, pela criança de intenções voluntárias, pela formação de planos da vida real e pelas motivações. Do ponto de vista psicológico, pode-se observar que as crianças que não têm oportunidade de brincar, não conseguem conquistar o domínio sobre o mundo exterior. O brincar assume, pois, duas facetas: a de passado, através da resolução simbólica de problemas não resolvidos; e a de futuro, na forma de preparação para a vida.


BRINCADEIRAS, JOGOS TRADICIONAIS

Quando o ser humano se remete à infância por meio de suas experiências vividas e datadas historicamente como expressão de existência no mundo, constata-se a importância da valorização destas vivências em decorrência de suas construções culturais e sociais. As recordações da infância sejam elas da antiga casa, do bairro, das ruas, da família, dos amigos, relaciona-se com o tempo de brincar. As brincadeiras e os jogos populares que aconteciam espontaneamente nas ruas, parques, praças e outros espaços foram transferidos de maneira oral de uma geração à outra. A força de tais jogos explica-se pelo poder da expressão oral. [...] conforme diz KISHIMOTO (2006, p.25), “o jogo tradicional infantil é um tipo de jogo livre, espontâneo, no qual a criança brinca pelo prazer de fazê-lo.” Por pertencer à categoria de experiências transmitidas espontaneamente conforme motivações internas da criança, o jogo tradicional infantil tem um fim em si mesmo e preenche a necessidade de jogar da criança. Tais brincadeiras acompanham a dinâmica da vida social permitindo alterações e criações de novos jogos.

Outro fato que se observa KISHIMOTO, (2006), as brincadeiras e jogos populares apresentam, de acordo com a região, variações na nomenclatura ou até mesmo no próprio desenvolvimento da atividade, à medida que acompanham a diversificação dos costumes, hábitos, linguagens, expressões e comunicação de cada comunidade.

Algumas brincadeiras e jogos populares podem exigir ou não a utilização de materiais e a ocupação de espaços maiores para seu desenvolvimento, garantindo, assim, maior liberdade de movimentos. Além disso, essas atividades podem estar relacionadas ao desempenho físico, envolvendo, entre outras capacidades físicas, a agilidade, força, destreza, velocidade e outras, como por exemplo: barra-manteiga, cabra-cega, pique-bandeira, duro ou mole, esconde-esconde, corrente, mãe da rua, pega-pega, polícia e ladrão, mão na mula, sela, cabo-de-guerra. Em outras atividades, a prática pode se desenvolver em espaços delimitados, com a utilização de alguns materiais, como no caso de: amarelinha, bolinha de gude, no jogo de pedrinhas, pião, taco, ioiô, queimada, bafo de onça, papagaio, corda.

No entanto, PIAGET (1975), diz que houve transformações do brincar no decorrer do século XX, não só no Brasil como em outros países também. Dentre as causas mais significativas que contribuíram para este processo de transformação, enfatizam-se uma significativa diminuição do espaço físico por meio do crescimento das cidades, influenciando diretamente na falta de segurança e consequentemente atingindo os espaços lúdicos, e assim ameaçados e diminuídos; o espaço temporal torna-se reduzido na instituição escolar; a brincadeira, colocada de lado, é substituída por outras atividades julgadas mais “produtivas”. No âmbito familiar, o significativo espaço tomado pela televisão no cotidiano infantil, ou por outras atividades extracurriculares, traz subjacentes aspectos relevantes na redução do interesse para a brincadeira.

Aliados a esses fatores, PIAGET (1975), estão: o crescimento da indústria de brinquedos, que acrescenta e disponibiliza no mercado objetos fascinantes, modificando as interações sociais à medida que estes objetos passam a ter um papel fundamental no cotidiano das pessoas; e, acirrado pela propaganda, o aumento do consumo de brinquedos industrializados no mundo infantil.

FREIDMANN, (2012, p. 59), “os jogos populares infantis, parlendas e brinquedos cantados foram sendo perdidos (ou transformados) nos últimos cinquenta anos possivelmente como consequência dos processos de urbanização e de industrialização.”

As transformações ocorrem dentro e fora da escola, trazendo consigo vantagens e desvantagens que não devem ser negadas, porém, são inevitáveis as perdas de espaço, de tempo e de oportunidades para brincar, o que, aflige a realidade lúdica atual, acarretando ainda em um maior distanciamento das manifestações não consumistas como o lazer de rua, a lembrança das atividades populares e das relações interpessoais.

Todas essas perdas, aliadas à diminuição do contato das crianças com jogos, brincadeiras e brinquedos tradicionais, que trazem, em sua substituição, um aumento no consumo de equipamentos de alta tecnologia: videogames, computadores, televisores e brinquedos de controle remoto. Por outro lado, simultaneamente ao aumento de consumo no universo eletrônico e ao uso da Internet dentro de casa, reduzem-se as atividades de lazer praticado na rua, dos jogos e brincadeiras facilitadores da inter-relação entre os participantes, uma vez que são atividades nascidas do coletivo e nele praticadas. Não se descarta a possibilidade de os equipamentos tecnológicos auxiliarem no desenvolvimento da criança.

Porém, FREIRE (1991), enfatiza que os vídeos-jogos, por reduzirem o lúdico em entretenimento consumista e não criador, fazem com que a criança, ao invés de explorar, experimentar e conhecer o mundo através da sua criatividade e vontade própria fique subordinada a controlar brinquedos à distância ou a conduzir movimentos de figuras na tela, já que estes brinquedos levam a uma lógica determinada para brincar, caso não seja assim, não funcionam. Dessa forma um aprendizado alegre é proposto, porém essa “alegria é feita através de um nivelamento por baixo, uniformizador, supondo a criança como um ser que deve receber conhecimentos, informações, sem nunca poder criar.” (p.23).

Na visão de KISHIMOTO (2006), entende-se que no universo eletrônico, da tecnologia em geral, as atividades particularmente estimulam a prática individual e o entretenimento consumista, enquanto as brincadeiras e jogos de rua pertencentes à cultura popular necessitam da sociabilidade, da convivência de uma comunidade e de seus símbolos. A brincadeira infantil, sendo atividade livre e natural da cultura popular, tem a função de eternizar a cultura infantil, aperfeiçoar maneiras de convivência social e consentir o prazer de brincar.


HOJE? QUAL INFLUÊNCIA E CONSEQUÊNCIA DAS TECNOLOGIAS NAS BRINCADEIRAS?

Hoje muitas destas brincadeiras ainda estão presentes no dia-dia de várias crianças, mas algo mudou. Se antes grande parte das crianças passava o dia brincando na rua com os amigos, hoje é cada vez mais comum vermos crianças dentro de casa à maior parte do tempo. O uso da internet atravessou fronteiras, penetrou-nos diferentes meios sociais, diminuiu barreiras culturais e avançou muito rápido, modelando mudanças significativas no século XXI.

Para FREIDMANN (2012), o brincar é universal, uma forma básica de viver, e é somente no brincar que o indivíduo pode ser criativo. O referido autor nos diz que viver criativamente constitui um estado saudável, e a submissão é uma base doentia para a vida. Assim sendo, as brincadeiras têm um papel especial e significativo nas interações criança-adulto e criança-criança. Por meio delas as formas de comportamento são experimentadas e socializadas. Cada geração de crianças transforma brincadeiras antigas, ao mesmo tempo em que cria as próprias brincadeiras, usando o antigo e o novo.

Na visão de CHAVES (2014, p.13), as brincadeiras dependem de geração para geração, o que interessava as crianças antigamente já não é o que interessa as de hoje, pois com as novas tecnologias os brinquedos e brincadeiras mudaram.

CHAVES (2014, p.13), explica que:

Os jogos na educação, ou seja, brinquedos e brincadeiras como formas privilegiadas de desenvolvimento e apropriação, conhecimento pela criança e, portanto, instrumentos indispensáveis da prática pedagógica e componente relevante de propostas curriculares.

Assim, entende-se que o brincar é, portanto, experiência de cultura, por meio do quais valores, habilidades, conhecimentos e formas de participação social são constituídas e reinventadas pela ação coletiva das crianças. Logo que a infância apresenta traços que nos faz a pensar a cerca de como o brincar tem sofrido transformações: brincar parece significar excesso de estímulos oferecidos incessantemente, em um ritmo veloz e instantâneo, pelos botões, sons e cores em constante movimento.

Segundo CHAVES (2014), encontramos na televisão e outras vias, o apelo à industrialização e ao consumo, inclusive nas programações dirigidas às crianças, em que a publicidade desfila suas cenas nos intervalos apresentando uma série interminável de brinquedos e objetos de consumo bem definido por CHAVES (2014, p. 76), “a serem desejados pelas crianças”, prometendo-lhes o acesso a um gozo sem fim. A televisão, com suas propagandas dirigidas às crianças, estão influenciando-as ao consumo de objetos supérfluos, caros, com a promessa de serem “mais felizes” se tiverem tais produtos.

A televisão submete os brinquedos à indústria da imagem. Têm uso restrito, competindo àqueles que brincam a reduzidas alternativas de interação. É por isso que quando estragam, são abandonados, estragam muito rápido e são velozmente ultrapassados por outros modelos, que devem ser igualmente, rapidamente substituíveis. O que justifica pelo medo da violência que dificulta (com raras e privilegiadas exceções) que se brinque na rua, em espaços abertos e públicos, que permite a socialização de gerações de crianças que descobriram o mundo na interação com os pares.

Além disso, na atualidade, as crianças são ocupadas por diversas tarefas extraescolares que ocupam boa parte do tempo hoje na rotina da infância das classes média e alta, crianças frequentemente solitárias substituem o espaço da brincadeira tradicional pelos espaços virtuais, recorrendo nos momentos de lazer à televisão, aos videogames e ao computador. Os games, jogos virtuais, não têm a mesma dimensão simbólica de uma brincadeira com carrinhos ou bonecas.

A grande diversidade de propagandas produzidas pela industrialização do brincar, por meio de jogos e mídias eletrônicas, reduziu o lúdico em diversão consumista não criadora, na qual a criança ao invés de experimentar, explorar, conhecer o mundo, criando-o e modificando-o à sua vontade, fica submissa a controlar brinquedos à distância ou a comandar movimentos de figuras na tela, pois estes brinquedos supõem uma determinada lógica para brincar, caso contrário não funciona. A criança repete movimentos e ações mecânicas, reproduzindo a lógica do jogo.

Nessa perspectiva vemos que é muito importante que o adulto tenha em mente a responsabilidade que este tem em dar o brinquedo virtual ou permitir que a criança fique a disposição das tecnologias, retirando assim a criança dos contatos sociais reais entre outras crianças. É interessante oferecer a criança à oportunidade de interagir com outras crianças, isso é fundamental, pois assim podem compartilhar e construir culturas diversificadas, diminuindo o tempo em que se envolvem com jogos eletrônicos e outas mídias.

 

A FUNÇÃO PSICOLÓGICA DA BRINCADEIRA SEGUNDO A PERSPECTIVA HISTÓRICO-CULTURAL.

De acordo com VYGOTSKY (1986), a brincadeira atende a determinadas necessidades da criança e surge como uma realização imaginária e ilusória de desejos irrealizáveis mostra-se relevante, portanto, ao compreender os impulsos e motivos por ela satisfeitos. Observa-se que, na esfera afetiva, a criança pequena (até 3 anos) é incapaz de suportar a insatisfação de seus desejos. Nesse sentido, ela reage com choro, esperneio ou tem essas vontades extintas pela intervenção do adulto, que a consola ou distrai. Na criança maior, pré-escolar (acima de 3 e até 6 ou 7 anos), coloca-se a possibilidade de adiamento da satisfação de uma necessidade, mas a extinção do desejo torna-se inviável. A brincadeira, nessa faixa etária, surge da convivência dessas duas situações. Há, por exemplo, a vontade de dirigir um carro e a impossibilidade efetiva de realizá-la.

No que tange ao funcionamento da brincadeira, VYGOTSKY (1986), defende que a situação imaginária caracteriza as brincadeiras de um modo geral e não somente uma modalidade específica desse tipo de atividade. Nesse sentido, é central a discussão sobre as regras que norteiam esse comportamento. Numa brincadeira em que a situação imaginária é observável como, por exemplo, quando a criança interpreta uma mãe, apesar da aparente liberdade, as ações estão norteadas pelas regras de comportamento que, socialmente, determinam esse papel. As regras, nesse caso, estão ocultas, e a situação imaginária, explícita. Tal ideia também pode ser explicitada quando as crianças coincidem situações de brincadeira com a realidade, como no exemplo das irmãs que brincam de ser irmãs.

Como afirma VYGOTSKY (1986, p. 27):

(...) a criança, ao começar a brincar, tenta ser a irmã. Na vida real, a criança comporta-se sem pensar que ela é irmã de sua irmã. Ela nada faz em relação à sua irmã porque ela é, realmente, sua irmã, a não ser, provavelmente, nos momentos em que sua mãe indica-lhe ou ordena-lhe essa ação, por exemplo, dizendo-lhe: "Dê a ela". Mas, durante a brincadeira de "irmãs", cada uma delas, o tempo todo, ininterruptamente, demonstra a sua relação de irmã; o fato de as duas terem iniciado a brincadeira de irmãs propicia-lhes a oportunidade de admitirem as regras de comportamento. (Eu tenho de ser irmã da outra irmã, no decorrer de toda a situação da brincadeira). As ações da brincadeira que combinam com a situação são somente aquelas que combinam com as regras.

Por outro lado, numa brincadeira com regras explícitas, há sempre uma situação imaginária, pois determinadas ações reais são inviabilizadas nessas condições. No jogo de xadrez, não há um impedimento objetivo para que o peão se desloque para os lados, entretanto a regra cria uma imposição que o faz se mover somente para frente. Surge, assim, uma situação imaginária. VYGOTSKY (1986), mostra que a imaginação está vinculada a um impulso criador humano. A atividade criadora seria definida como “toda realização humana criadora de algo novo.” (p.7). Assim, o brinquedo constitui um pivô para que a criança se torne capaz de realizar a separação entre significados e objetos.

VYGOTSKY (1986), cita o exemplo do cabo de vassoura que passa a ser utilizado como cavalo: o significado de cavalo não está mais atrelado ao animal real, no entanto, para deslocar esse significado, a criança ainda depende de um objeto (pivô) que mantenha alguma relação de semelhança com o objeto real, não sendo capaz de realizá-lo de forma unicamente simbólica.

Como aponta VYGOTSKY (1986, p. 31):

No momento crítico, quando o cabo de vassoura transforma-se em cavalo para a criança, ou seja, quando o objeto - cabo de vassoura - transforma-se no pivô para separar o significado 'cavalo' do cavalo real, essa fração (...) inverte-se e o dominante passa a ser o momento semântico: sentido/objeto.

De forma análoga à separação entre objetos e significados, a partir da brincadeira, segundo VYGOTSKI (1986), a criança também ganha possibilidade de realizar a separação entre ação e significados. A criança não consegue compreender completamente o significado de sua ação, de modo que a última predomina sobre o primeiro. A brincadeira constituiria, do mesmo modo, um pivô que permitiria subordinar as ações aos significados, mas ainda limitado pelos aspectos estruturais colocados pela ação, ou seja, a criança não é capaz de usar um movimento que não seja condizente com o que seria a execução real da ação cujo significado está sendo deslocado.

Se, por um lado, a separação entre objetos e significados possibilita o avanço do pensamento abstrato, VYGOTSKY (1986), afirma que, ao operar com o significado das ações, a criança desenvolve a capacidade de regular o próprio comportamento. Em síntese, portanto, três aspectos caracterizam o brinquedo: estar intrinsecamente relacionado à imaginação; as regras nas quais ele está baseado, sejam elas tácitas ou explicitas; e as possibilidades de abstração e de controle consciente do comportamento que ele permite.

A brincadeira e o jogo possuem funções importantes na sociedade. A principal delas, segundo KISHIMOTO (2006), é a forma lúdica pela qual se manifestam, proporcionando lazer e diversão.

O jogo completa o conhecimento do indivíduo, em um ambiente livre de pressões, adequado para a investigação, exploração e resolução de problemas. Nas brincadeiras de miniaturas ou de faz-de-conta, as crianças imitam os adultos com o intuito de pré-exercitar as funções da vida adulta, passando a compreender a realidade, pois construindo, transformando e destruindo, a criança expressa o seu imaginário e seus problemas.

Para PIAGET (1975), o conhecimento não é uma cópia da realidade, o processo não consiste em olhar para o objeto e fazer uma cópia mental, conhecer um objeto é agir sobre ele, modificando-o, transformando-o e compreendendo-o.

O brincar espontâneo, para PIAGET (1975), abre a possibilidade de observar e escutar as crianças nas suas linguagens expressivas mais autentica. Esse brincar incentiva a criatividade e constitui um dos meios essenciais de estimular o desenvolvimento infantil e as diversas aprendizagens. Uma das características dos grupos infantis é a de serem integrados por crianças de diversas origens culturais.

Assim, brincadeiras em grupo, podem ser muito proveitosas, incentivando a troca de papéis e colocando diversas crianças em situação de liderança. Brincadeiras e jogos também têm o potencial de desenvolver a criatividade, por exemplo, em situações em que é necessário construir um brinquedo ou acessório que sirva para brincar.

A formação humana recebe influência de diversos fatores ambientais como: social, cultural, educacional, midiático etc. A influência exercida pelos jogos eletrônicos na formação da personalidade tem sido objeto de muita polêmica.

Na concepção de CHAVES (2014), jogo computacional é todo sistema com a finalidade de entretenimento que se utilize de um computador como ferramenta para processamento e encerre os quatro elementos primordiais do jogo: representação, interação, conflito e segurança. O uso dos jogos eletrônicos na escola certamente deve ser voltado a criança para a aprendizagem, como um dos recursos utilizados para o desenvolvimento de habilidades como: concentração, memória, atenção, raciocínio lógico, dentre outras. Para que a criança desenvolva o controle mental de sua expressão motora, a Educação Física realiza atividades considerando seus níveis de maturação biológica.

Já a Educação Física, na sua parte recreativa, proporciona a aprendizagem das crianças em várias atividades esportivas, que ajudam na conservação da saúde física, mental e no equilíbrio sócio afetivo. Na atividade de resolução dos jogos eletrônicos, o computador pode ser um importante aliado no desenvolvimento das funções motoras, pois algumas soluções dos jogos eletrônicos surgem na forma de um programa de computador que exige o raciocínio e suas funções motoras, que têm um encadeamento de ideias e procedimentos, o que possibilita a interação mediadora.

Cada jogo, de acordo com suas características, trabalha estas habilidades em maior ou menor grau. Ainda CHAVES (2014), os jogos eletrônicos são estimuladores do desenvolvimento cognitivo e do raciocínio. Desta maneira, os jogos eletrônicos devem constituir importantes recursos didáticos ou instrumentos capazes de promover a aprendizagem.

Os jogos são frequentemente criticados sob a alegação de que podem contribuir para o desenvolvimento de personalidades violentas, além de ocupar em excesso o tempo dos jogadores. Para FREIRE (1991), a agilidade da criança é definida através de sua coordenação motora, sendo assim a coordenação global e coordenação fina.

Coordenação global está relacionada ao desenvolvimento da criança em atividades que envolvam vários músculos ao mesmo tempo. No jogo eletrônico, a criança necessita da capacidade de equilíbrio para realizar a sustentação de sua postura, utilizando também a coordenação fina que diz respeito à habilidade e destreza sendo como instrumento de sua ação da inteligência, para uma coordenação elaborada dos dedos e da mão. Os jogos, de uma maneira geral, podem trazer muitas contribuições à formação da criança, propiciando o desenvolvimento de diversas capacidades cognitivas, afetivas e sociais.

FREIDMANN, (2012 p.16), diz que os jogos propiciam momentos de lazer e descontração, podendo fazer parte das diversas etapas da vida. Podem-se definir jogos como atividades estruturadas em torno de regras e que, ao mesmo tempo, proporcionam diversão e desenvolvimento, Os jogos eletrônicos combinam diferentes linguagens, o ambiente virtual e multimídia, que combina imagens, sons e textos, incluindo os mini games, os jogos para computador (em rede ou não), os softwares para videogames, os simuladores e os fliperamas e se constituem como artefatos de grande fascínio econômico, tecnológico e social.

Para CHAVES (2014), os jogos eletrônicos atingem desta forma, a todos os usuários, pois, são prazerosos e dinâmicos, desperta curiosidade, interesse e estimulam a aprendizagem cognitiva, afetiva e social de um modo divertido, tanto o jogo em si como os jogos eletrônicos. O computador aparece, então, como uma ferramenta importante que pode servir inclusive para melhorar o aprendizado dos alunos para além das limitações da sala de aula.

Contudo, tem se que observar o acesso desenfreado à televisão também se estende ao uso das mídias eletrônicas e internet que, em apenas alguns cliques e palavras, as crianças podem obter de forma rápida acesso a vários conteúdos, ou seja, as crianças e os adultos compartilham da mesma realidade.

Justamente pelas alterações no modo de vida e educação que temos presenciado, de modo específico, pela entrada da tecnologia, em forma de televisão, computadores, no cotidiano das pessoas, a criança tem cada vez mais despendida seu tempo com jogos eletrônicos, internet, DVD’s, desenhos animados, aparelhos celulares, brinquedos com controle remoto entre outros.

O uso desses recursos tecnológicos, como a internet, pode prejudicar a criança tanto na sua formação intelectual quanto no fato de que hábito de pesquisa se prende apenas nas redes sociais e deixam-se de lado as bibliotecas, livros, revistas e jornais.

Prejudica-se também a formação social da criança, já que a priva do convívio com as demais pessoas para ficar em casa na frente do computador, jogando ou brincando sozinhos. É o que pode nos afirmar pesquisas realizadas no Reino Unido que sugerem que as crianças agora ficam muito mais confinadas em casa e têm muito menos independência de locomoção do que tinham 20 anos atrás. E, enquanto os pais agora passam menos tempo com as crianças, eles tentam compensar a falta fornecendo cada vez mais recursos econômicos para cuidar dos filhos.

Os pesquisadores do brincar consideram que este mobiliza múltiplas aprendizagens, sendo indispensável à saúde física, emocional e intelectual da criança. Na brincadeira, a criança cria outros mundos e se comporta além do habitual e cotidiano. A criança vivencia-se no brinquedo como se ela fosse maior do que é na realidade. (FREIDMANN, 2012 p.21).

Em relação à brincadeira, VYGOSTKY (1986, p.27), afirma que:

É uma atividade humana criadora, na qual a imaginação, fantasia e realidade interagem na produção de novas possibilidades de interpretação, de expressão e de ações pelas crianças, assim, como de novas formas de construir relações sociais com os outros sujeitos, crianças e adultos.

Segundo BRASIL (1998, p.27), a brincadeira é uma linguagem infantil que mantém um vínculo essencial com aquilo que é o “não-brincar”. Se a brincadeira é uma ação que ocorre no plano da imaginação isto implica que aquele que brinca tenha o domínio da linguagem simbólica. Isto quer dizer que é preciso haver consciência da diferença existente entre a brincadeira e a realidade imediata que lhe forneceu conteúdo para realizar-se.

Nesse sentido, para brincar é preciso apropriar-se de elementos da realidade imediata de tal forma a atribuir-lhes novos significados. Essa peculiaridade da brincadeira ocorre por meio da articulação entre a imaginação e a imitação da realidade. Toda brincadeira é uma imitação transformada, no plano das emoções e das ideias, de uma realidade anteriormente vivenciada.

A brincadeira favorece a autoestima das crianças, auxiliando-as a superar progressivamente suas aquisições de forma criativa. Brincar contribui, assim, para a interiorização de determinados modelos de adulto, no âmbito de grupos sociais diversos. Essas significações atribuídas ao brincar transformam-no em um espaço singular de constituição infantil. Portanto, é importante frisar que as crianças se desenvolvem em situações de interação social, nas quais conflitos e negociação de sentimentos, ideias e soluções são elementos indispensáveis.


CONSIDERAÇÕES FINAIS

O brincar se torna importante para o desenvolvimento da criança, é brincando que a criança aprende a respeitar regras, a ampliar seu relacionamento social, respeitar a si mesma, se expressar, ouvir, falar com mais facilidade, concordar e discordar, exercendo sua liderança, e sendo liderado compartilhando sua alegria de brincar.

Por meio do brincar a criança adquire um amadurecimento, capaz de torná-la sociável, ou seja, estar mais aberta às trocas de pontos de vistas diferentes, criar interesses comuns, compartilharem dos seus conhecimentos, bem como uma melhor interação. Aos poucos os jogos e as brincadeiras vão possibilitando às crianças a experiência de buscar coerência e lógica nas suas ações governando a si e ao outro.

A capacidade para imaginar, fazer planos, apropriar-se de novos conhecimentos, surge nas crianças através do brincar, a criança por intermédio da brincadeira, das atividades lúdicas, atua, mesmo que simbolicamente, nas diferentes situações vividas pelo ser humano, reelaborando sentimentos, conhecimentos, significados e atitudes.

Enfim, percebe-se então que o jogo eletrônico tem suas duplicidades, ao mesmo tempo em que possibilita aprendizado, este pode também prejudicar a saúde emocional do jogador, entretanto isolando-o do meio social e o afundando no meio virtual.


BIBLIOGRAFIA

BAQUERO, Ricardo. Vygotsky e a aprendizagem escolar. Trad. Ernani F. da Fonseca Rosa. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.

 

BENJAMIN, Walter. Reflexões: a criança, o brinquedo, a educação. São Paulo: Summus, 1984

 

BRASIL. Referencial curricular nacional para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998. v.1.

 

________. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998. v.1 e 2.

 

CHAVES, Isabele Cristine Gutierrez. Tecnologia na infância: um olhar sobre as brincadeiras das crianças. Maringá, 2014. Monografia (graduação). Universidade Estadual de Maringá..

 

DOMINGOS, Jailson. Jogos didáticos e o desenvolvimento do raciocínio geométrico. 2008. Disponível em: <http://www.webartigos.com/articles/8488/1/, jogosdidáticoseodesenvolvimentodoraciocíniogeométrico>, Acesso em: 10 jul. 2016.

 

FREIDMANN, Adriana. O brincar na educação infantil: observação, adequação e inclusão. Reflexões iniciais sobre o brincar. São Paulo: Moderna, 2012.

 

FREIRE, Paulo. Ludicidade: uma possibilidade metodológica para processo de ensino e aprendizagem na educação infantil e séries iniciais da educação básica. Rio de Janeiro: Moderna, 1991.

 

PIAGET, Jean. Como se desarolla la mente del niño. In : PIAGET, Jean et allii. Los años postergados: la primera infancia. Paris : UNICEF, 1975.

 

KISCHIMOTO, T. M. Jogos infantis, o jogo, a criança e a educação. 6. ed. Petrópolis: Vozes, 2006.

 

MAGAGNIN, Claudia Dolores Martins: Aprendizagem escolar: jogos eletrônicos na formação do aluno. Disponível em: <www.anaisdosimposio.fe.ufg.br>. Acesso em 03 ago. 2013.

 

MUNIZ, Iana. Neurociência e as emoções do ato de aprender: quem não sabe sorrir, dançar e brincar não deve ensinar. 2002. Itabuna: Via Litterarum, 2012. Disponível em: <www.books.google.com.br>. Acesso em: 26 jul. 2016.

 

VYGOSTKY, L.S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1986.

 

VASCONCELLOS, Celso dos S. Avaliação da aprendizagem: práticas de mudança - por uma práxis transformadora, 7. ed. São Paulo: Libertad, 2006.

 

WEISS, C. H. A arte de construir brinquedos com materiais recicláveis. IX Congresso Nacional de educação. EDUCERE III. Encontro Sul Brasileiro de Psicopedagogia 26 ª 29 de outubro de 2009. Curitiba: PUC, 2009.

 

[1] Formada em Pedagogia pela Universidade Norte do Paraná Unopar.

[2] Formada em Pedagogia pela Universidade Norte do Paraná Unopar.

[3] Formada em Pedagogia pela Universidade Norte do Paraná Unopar.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA ALUNOS DOS ANOS INICIAIS E ESTRATÉGIA DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL

 

Debora Aparecida Gragatti Reco[1]
Elaine de Oliveira Darcie[2]
Ionete Lurdes da Silva Schlindwein[3]

 

 

RESUMO

Para que haja uma consciência ambiental da sociedade como um todo, e as escolas e seus educadores tem que fazer seu papel, para se chegar ao desenvolvimento sustentável. Acredita em atitudes ecologicamente corretas para o bem estar das populações. Os principais autores que embasaram Dias (1992), Guimaraes (2007),Segura (2001). Hoje o grande desafio está em provocar de forma crítica e consciente mudanças de comportamentos e atitudes nas pessoas em sua relação com o meio ambiente. Para isto, há a necessidade da existência de motivação. A motivação para a mudança de hábitos foi provocada por algumas práticas ambientais desenvolvidas na escola.

Palavras-chave: Mudança. Atitude. Meio ambiente.

 

INTRODUÇÃO

A educação ambiental pode ser entendida como um processo pelo qual o educando começa a obter conhecimentos acerca das questões ambientais, onde ele passa a ter uma nova visão sobre o meio ambiente, sendo um agente transformador em relação à conservação ambiental.

As questões ambientais estão cada vez mais presentes no cotidiano da sociedade, contudo, a educação ambiental é essencial em todos os níveis dos processos educativos e em especial nos anos iniciais da escolarização, já que é mais fácil conscientizar as crianças sobre as questões ambientais do que os adultos.

A importância do estudo apresentado está em a questão ambiental tem sido considerada como um fato que precisa ser trabalhada com toda sociedade e principalmente nas escolas, pois as crianças bem informadas sobre os problemas ambientais vão ser adultas mais preocupadas com o meio ambiente, além do que elas vão ser transmissoras dos conhecimentos que obtiveram na escola sobre as questões ambientais em sua casa, família e vizinhos.

O trabalho com o meio ambiente nas escolas traz a ela a necessidade de estar preparada para trabalhar esse tema e junto aos professores adquirir conhecimentos e informações para que possa desenvolver um bom trabalho com os alunos. Os professores têm o papel de ser o mediador das questões ambientais, mas isso não significa que ele deve saber tudo sobre o meio ambiente para desenvolver um trabalho de qualidade com seus alunos, mas que ele esteja preparado e disposto a ir à busca de conhecimentos e informações e transmitir aos alunos a noção de que o processo de construção de conhecimentos é constante. Para isso o professor precisa buscar junto com os discentes mais informações, com o objetivo de desenvolver neles uma postura crítica diante da realidade ambiental e de construírem uma consciência global das questões relativas ao meio ambiente para que possam assumir posições relacionadas com os valores referentes à sua proteção e melhoria.

A escolha do tema deu-se por acreditar que a Educação Ambiental pode mudar hábitos, transformar a situação do planeta terra e proporcionar uma melhor qualidade de vida para as pessoas. E isso, só se fará com uma prática de educação ambiental, onde cada indivíduo sinta-se responsável em fazer algo para conter o avanço da degradação ambiental.

O objetivo geral da pesquisa é de que o trabalho com a educação ambiental em sala de aula deve despertar no discente a consciência de preservação e de cidadania, o aluno deve entender, desde cedo, precisa cuidar, preservar e que o futuro depende do equilíbrio entre homem e natureza e do uso racional dos recursos naturais.

A hipótese levantada é de que a Educação Ambiental é um instrumento que fornecerá os subsídios para uma tomada de consciência, para um novo paradigma, calcado no ambientalíssimo.

Para dar suporte teórico em relação à importância do brincar na Educação infantil, utilizou-se os autores Dias (1992), Guimaraes (2007),Segura (2001), e outros, que oferecem suporte para reflexão dos dados coletados.

Acredita-se que a educação ambiental nas escolas contribui para a formação de cidadãos conscientes, aptos para decidirem e atuarem na realidade socioambiental de um modo comprometido com a vida, com o bem-estar de cada um e da sociedade. Para isso, é importante que, mais do que informações e conceitos, a escola se disponha a trabalhar com atitudes, com formação de valores e com mais ações práticas do que teóricas para que o aluno possa aprender a amar, respeitar e praticar ações voltadas à conservação ambiental.

 

DESENVOLVIMENTO

Educação ambiental Entende-se que é preservando a natureza que se pode conservar a boa saúde dos indivíduos e a vida dos recursos naturais existentes no globo terrestre.

Quando a gente fala em educação ambiental pode viajar em muitas coisas, mais a primeira coisa que se passa na cabeça ser humano é o meio ambiente. Ele não é só o meio ambiente físico, quer dizer, o ar, a terra, a água, o solo. É também o ambiente que a gente vive – a escola, a casa, o bairro, a cidade. É o planeta de modo geral. (...) não adianta nada a gente explicar o que é efeito estufa; problemas no buraco da camada de ozônio sem antes os alunos, as pessoas perceberem a importância e a ligação que se tem com o meio ambiente, no geral, no todo e que faz parte deles. A conscientização é muito importante e isso tem a ver com a educação no sentido mais amplo da palavra. (...) conhecimento em termos de consciência (...). A gente só pode primeiro conhecer para depois aprender amar, principalmente, de respeitar o ambiente. (SEGURA, 2001, p.165)

 

A Educação Ambiental surgiu como resposta às necessidades que não estavam sendo completamente correspondidas pela educação formal. Em outras palavras, a educação deveria incluir valores, capacidades, conhecimentos, responsabilidades e aspectos que promovam o progresso das relações éticas entre as pessoas, seres vivos e a vida no planeta. No entanto, o problema do descuido com o meio ambiente, é uma das questões sociais que tem deixado a humanidade preocupada, por isso talvez, seja um dos fatores, mais importante, a ser estudado nas escolas, porque tem haver com o futuro da humanidade e com a existência do planeta. Segundo a UNESCO (2005, p. 44), “Educação ambiental é uma disciplina bem estabelecida que enfatize a relação dos homens com o ambiente natural, as formas de conservá-lo, preservá-lo e de administrar seus recursos adequadamente”.

A inclusão da Educação Ambiental na escola pode-se preparar o indivíduo para exercer sua cidadania, possibilitando a ele uma participação efetiva nos processos sociais, culturais, políticos e econômicos relativos à preservação do “verde no nosso planeta”, que se encontram de certa forma em crise, precisando de recuperação urgente.

O início do processo de conscientização, de que o meio ambiente solicita é o entendimento e a reflexão de uma condição básica para a convivência humana. A Educação Ambiental tem muito a contribuir no sentido de construir relações e proporcionar intercâmbios entre as diversas disciplinas. Este intercâmbio depende exclusivamente da vontade dos docentes em participarem deste processo, e que esta vontade dificilmente acontece sem haver uma orientação e um preparo.

A Educação Ambiental busca assegurar que o futuro do planeta esteja equilibrado no que se refere a natureza.. Os PCNs (Parâmetros curriculares nacionais) vêm fortalecer para os professores a importância de se trabalhar a Educação Ambiental como forma de transformação da conscientização dos indivíduos, sendo uma forma de integrar as diversas áreas do conhecimento. Porém em nosso país a realidade.

De acordo com Dias (1992), a literatura, a primeira grande catástrofe ambiental viria a acontecer em 1952, quando o ar densamente poluído de Londres provocou a morte de 1600 pessoas. Desencadeou-se assim a preocupação não só da Inglaterra, mas de vários países com relação à qualidade ambiental.

Guimaraes (2007), Na década de 60, surgiram manifestações populares no Brasil e no mundo, a respeito de revelações de danos ambientais até então desconhecidos e os brasileiros começaram a se organizar e lutar para proteger o meio ambiente, o que foi mais aguçado, não só no Brasil, mas em todo o mundo pelo lançamento do livro Primavera Silenciosa da jornalista americana Rachel Carson, que se tornou um clássico na história do movimento ambientalista mundial, desencadeando uma grande inquietação internacional e suscitando discussões nos diversos países.

O termo Environmental Education (Educação Ambiental) surgiu em março de 1965, durante a Conferência em Educação na Universidade Keele, Grã-Bretanha. Na ocasião, foi aceito que a educação ambiental devesse se tornar parte essencial da educação de todos os cidadãos e seria vista como sendo essencialmente conservação ou ecologia aplicada. (DIAS, 1992)

No Brasil, a constituição de 1988 introduziu, pela primeira vez na história do país, um capítulo específico sobre o meio ambiente, considerando-o como um bem comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo ao poder público e a coletividade o dever de preservá-lo para as gerações presentes e futuras.

O Brasil não está alheio à importância da educação ambiental. No ano de 1992, foi realizado no Rio de Janeiro a Conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente e desenvolvimento (Unced ou Earth Sumit), também conhecida como Rio-92. E nesse período foi elaborado um documento chamado “Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global”. Neste documento ficou estabelecido que “a educação ambiental deve ter como base o pensamento crítico e inovador, em qualquer tempo e lugar em seu modo formal, não formal e informal, promovendo a transformação e a construção da sociedade”. Além de reconhecer que a “Educação Ambiental deve ajudar a desenvolver uma consciência ética sobre todas as formas de vida com as quais o ser humano se compartilhamos neste planeta, respeitando seus ciclos vitais e impondo limites à exploração dessas formas de vida pelos seres humanos” (WWF/ECOPRESS, 2000, p. 22 e 24).

 

Os Ministérios do Ambiente, da Educação, da Cultura e da Ciência e Tecnologia, no ano de 1992, instituíram o PRONEA - Programa Nacional de Educação Ambiental. E o IBAMA, como responsável pelo cumprimento de suas determinações e na qualidade de executor da política nacional de meio ambiente, elaborou diretrizes pela implementação do PRONEA. Assim, incluiu a educação ambiental no processo de gestão ambiental, o que a torna presente em quase todas as áreas de atuação (IBAMA,1998).

Em abril de 1999, com a lei nº 9795/99, é que veio o reconhecimento da importância da educação ambiental, reconhecida e oficializada como área essencial e permanente em todo processo educacional. Essa lei surgiu embasada no artigo 225, inciso VI da Constituição Federal de 1988. Segundo essa lei a EA tem que ser trabalhada dentro e fora da escola, mas não deve ser uma disciplina, porque perde o seu caráter interdisciplinar.

A apresentação de temas ambientais no ensino primário deveria se fazer com ênfase em uma perspectiva de educação geral, dentro do marco, por exemplo, das atividades de iniciação e junto com as atividades dedicadas à língua materna, à matemática ou a expressão corporal e artística. O estudo do meio ambiente deve recorrer aos sentidos das crianças (percepção do espaço, das formas, das distâncias e das cores), e fazer parte das visitas e jogos. O estudo do entorno imediato do aluno (casa, escola, caminho entre ambos) reveste-se de muita importância (DIAS, 1992, p.54).

 

Portanto, em sala de aula o docente deve ligar o conteúdo ministrado às questões do cotidiano das crianças. As oficinas devem se desenvolver apoiadas nas vivências dos alunos e dos fenômenos que ocorrem a sua volta, buscando encaminhá-los com o auxilio dos conceitos científicos pertinentes.

Enfim, a educação ambiental na infância desperta na criança a consciência de preservação e de cidadania. A criança passa a entender, desde cedo, que precisa cuidar preservar e que o futuro depende do equilíbrio entre homem e natureza e do uso racional dos recursos naturais.

 

ENSINO NAS SÉRIES INICIAIS

O ambiente escolar é um dos primeiros passos para a conscientização dos futuros cidadãos para com o meio ambiente, por isso a EA é introduzida em todos os conteúdos (interdisciplinar) relacionando o ser humano com a natureza. A inserção da educação ambiental na formação de jovens pode ser uma forma de sensibilizar os educandos para um convívio mais saudável com a natureza. Este tema deve ser trabalhado com grande frequência na escola, porque é um lugar por onde passam os futuros cidadãos, ou que pelo menos deveria passar e quando se é criança, tem mais facilidade para aprender. Antes, de pensar que os problemas ambientais estão tão distantes do homem que é muito bom que se passe a observar com mais atenção o ambiente que o cerca.

Segundo Segura (2001, p. 21): A escola foi um dos primeiros espaços a absorver esse processo de “ambientalização” da sociedade, recebendo a sua cota de responsabilidade para melhorar a qualidade de vida da população, por meio de informação e conscientização.

Para conscientizar um grupo, primeiro é preciso delimitar o que se quer e o que deseja alcançar. Para que o interesse desperte no aluno, é necessário que o professor utilize a “bagagem de conhecimentos trazidos de casa” pelos alunos, como dizia Freire (1987), assim levando-o a perceber que o problema ambiental esta mais perto de todos, do que se imagina. Em seguida, explicar que o impacto ambiental existentes no mundo atinge todos os seres vivos, por causa, das atitudes de alguns que pensam que somente eles não adiantam tentar preservar o planeta. A partir do momento em que o indivíduo perceber a existência de um todo, deixar de lado a existência única e começar a notar a presença do outro, o planeta vai caminhar para o equilíbrio natural.

Já tem muitos educadores trabalhando esse tema de forma bem simples com seus alunos, reflorestando os seus quintais, o jardim da escola, como tem ocorrido no município de Firminópolis. Entende - se que esse objetivo pode ser conquistado com o auxilio da educação que pode ser uma ferramenta fundamental para o desenvolvimento sustentável. Mas ela não deve ser restrita aos bancos escolares, senão alcançar o ambiente familiar e o do trabalho. Deve ser muito mais do que informação, senão percepção, entendimento e compreensão da vida humana em suas relações pessoais e com a natureza. O contexto social que cada indivíduo compõe deve ser por ele entendido, bem como suas obrigações e responsabilidades.

Segura (2001) O meio ambiente em que o ser humano está inserido está pedindo novos olhares sobre ele. No entanto, se faz necessário estudar mais sobre esses novos olhares, principalmente nas escolas onde tudo começa, porque para os adultos, que já tem seus pensamentos arraigados, a possibilidade de mudança é pequena, infelizmente (mas isso não significa deixar de lado os projetos ambientais onde os todos estão inseridos).

Só que os acontecimentos ambientais negativos vão crescendo a cada dia e os indivíduos, muitas vezes, como meros expectadores, assistem e usam o controle remoto para trocar de canal e faz de conta, então, que nada está acontecendo e não depende dele também a mudança para a melhoria desse problema que não é individual, mas sim, global.

Sem dúvidas, os cidadãos devem estar cientes do mundo em que vivem. Um mundo em que se não ser organizado pelo homem tudo pode acabar inclusive os seres humanos, mesmo com toda a falta de respeito com a natureza e conscientização sobre a mesma.

Assim, cabe a todos os educadores ensinar e conscientizar os alunos que é fácil e necessário preservar a natureza, pois faz parte do mundo integral e se faz presente no cotidiano.

 

CONSCIENTIZAÇÃO E MUDANÇA DE HÁBITOS

A mudança de atitudes, hábitos e comportamentos em relação ao meio ambiente é o resultado de um processo contínuo e permanente onde se constroem significados que justificam a existência da vida no planeta.

Todas as situações vividas durante nossa existência nos fazem mudar nossos comportamentos, por exemplo, a questão da poluição das águas nos faz pensar na necessidade de se preservar a água em sua integridade, exigindo o cumprimento de leis que obriguem e punam todos aqueles que são os responsáveis pela sua poluição, além de fazer com que nos preocupemos com o reaproveitamento das águas, para economizar evitando ou retardando a sua total escassez no planeta.

O trabalho de conscientização é preciso estar claro que conscientizar não é simplesmente transmitir valores “verdes” do educador para o educando; essa é a lógica da educação “tradicional”, é, na verdade, possibilitar ao educando questionar criticamente os valores estabelecidos pela sociedade, assim como os valores do próprio educador que está trabalhando em sua conscientização. É permitir que o educando construa o conhecimento e critique valores com base em sua realidade, o que não significa um papel neutro do educador que negue os seus próprios valores em sua prática, mas que propicie ao educando confrontar criticamente diferentes valores em busca de uma síntese pessoal que refletirá em novas atitudes. (GUIMARÃES, 2007. p. 32)

 

Quando se tenta ensinar algo devemos levar em conta as possibilidades para a produção de um novo conhecimento a partir do conhecimento repassado ou a construção de um novo conhecimento totalmente criado a partir das concepções pessoais do aluno, não necessariamente embasados naquilo que foi recebido por eles. “Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar
as possibilidades para a sua produção ou construção.” (FREIRE, 2001, p. 25)

As mudanças de hábitos se formam a partir da construção de uma nova visão de determinada realidade, ou seja, no caso da educação ambiental, a partir do conhecimento dos fatos sobre a situação do meio ambiente, das consequências das ações do homem sobre a natureza, é que poderemos refletir e avaliar com maior ou menor grau de importância a urgência a necessidade de se mudar antigos hábitos para tentarmos reduzir os danos causados por nossas ações do nosso meio ambiente.

O ambiente degradado atualmente nos mostra que as gerações passadas não tiveram uma educação ecológica. A preservação da natureza é uma necessidade na defesa do meio ambiente em que vivemos. Temos que nos conscientizar que todos os nossos atos influem no equilíbrio do planeta. Essa mudança de hábito em cada um de nós em relação ao meio ambiente começa em nossa casa, nossa família, nosso trabalho, nosso bairro, cidade, etc. Se cada um colaborar com o planeta e fizer a sua parte, as atitudes somadas irão mudar nossa realidade.

A pesquisa tem como tema a educação ambiental como estratégia na preservação do meio ambiente. Ao longo do curso de pedagogia foi um tema discutido nesses quase quatro anos de faculdade de pedagogia com realização desse projeto vou tirar dúvidas sobre esse tema obtendo maior conhecimento para minha formação e vida profissional.

A escolha do tema deu-se por acreditar que a educação ambiental se tornou hoje uma ferramenta indispensável no combate à destruição ambiental no qual todos os seres vivos estão inseridos. Professores e alunos tornam-se os principais agentes de transformação e conservação do meio ambiente, pois é na escola onde mais se conversa sobre esse assunto, e tenta melhorar as condições do planeta.

Os professores podem contribuir com o aprendizado sobre o meio ambiente desde as séries iniciais despertando no alunado o gosto e a paixão pela natureza, assim se consegue desenvolver as habilidades de observar, analisar, comparar, criticar, criar, recriar e elaborar. Portanto, no início da vivência escolar deve-se despertar na criança, através das aulas teóricas e práticas do ensino de ciências o gosto pela educação ambiental.

As atividades que as crianças podem tocar, transformar objetos e materiais traz mais prazer ao desenvolver tais tarefas exigidas pela educadora. Isto terá um significado maior para o aluno, quando ele tiver a oportunidade de conviver com o ambiente natural, assim podendo trabalhar de forma interdisciplinar, sem fragmentar o processo de construção do conhecimento.

A educação ambiental nas séries iniciais do ensino fundamental ajuda a consciência de preservação e de cidadania. A criança aprende, desde cedo, que precisa cuidar preservar, pois a vida do planeta depende de pequenas ações individuais que fazem a diferença ao serem somadas, as pequenas atitudes, que proporciona a transformação do meio em que mora.

Neste contexto enquanto futura pedagoga torna-se necessário entender a educação ambiental na sala de aula de educação infantil, seus benefícios e resultados alcançados.

A escolha pelo tema deu-se por acreditar que a educação tem a capacidade de promover valores, não sendo somente um meio de transmitir informações, trata-se de um processo que envolve transformações no sujeito que aprende e incide sobre sua identidade e posturas diante do mundo. Desenvolvendo habilidades como mais cooperação, e menos competitividade, assim se pode ter grandes expectativas sobre a recuperação do meio ambiente, ou o congelamento da destruição dos bens naturais que ainda não entraram em extinção no nosso planeta.

A problematização da presente pesquisa consiste em que o trabalho voltado a conscientização e preservação do meio ambiente além de proporcionar o conhecimento do tema devem ser trabalhados a responsabilidade de cada um para a preservação do meio ambiente?

OBJETIVOS

Motivar mudança de hábitos e atitudes através da
prática ambiental na escola.

Incentivar as crianças a participar e auxiliar na conscientização dos os alunos na mudança de atitude.

 

CONTEÚDOS

Matemática

As cores da natureza

Número e numerais de 0 a 10

Dobraduras (forma geométrica)

Classificação seleção e contagem de materiais da natureza (pedras, gravetos, folhas)

Natureza e sociedade

Conceito de Preservação da natureza e reciclagem;

Comparação de ambientes diferentes, identificação de sua regularidade;

Preservação e cuidados com a água;

O que tem vida na natureza? (seres vivos) E o que não tem vida na natureza? (seres não vivos);

Cuidados que devemos ter com o meio ambiente;

Tempo de decomposição do lixo;

Separação do lixo;

Os perigos dos lixos acumulados;

Higiene pessoal e do meio;

Reciclagem, confecção de brinquedos e outros objetos com materiais recicláveis;

Linguagem oral e escrita;

Leitura e interpretação oral de diferentes tipos de textos;

Rótulos e embalagens;

Alfabeto e Famílias silábicas;

Percepção Visual e auditiva, textos, histórias, músicas com a temática ambiental;

Bingo, caça palavras, cruzadinha;

Ditado vivo;

Lista de coisas da natureza;

Jogo da memória (animal e nome ou animal e primeira letra);

Poesias, parlendas, músicas, vídeos;

Mural ecológico (com frases sobre o meio ambiente, figuras);

Criação de placas para preservação do ambiente escolar;

Acróstico (NATUREZA) – Frases da natureza;

ABC da natureza;

Produção de texto coletivo.

 

PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO

1ª Etapa: será realizada uma roda, conversar com as crianças sobre as a Preservação do meio ambiente, pedir para eles se eles sabem o que devem fazer; Não jogar no lixo o que pode ser reaproveitado. As latas de refrigerante usadas, por exemplos podem voltar para a fábrica, para virar latas novas. Não poluir o ar, porque faz mal para a saúde das pessoas. Os carros, caminhões e ônibus poluem muito não desperdiçar água, porque um dia pode faltar. Não jogar lixo nas ruas nem nos rios.  Preservar as florestas. Nelas há muitas espécies de plantas que podem se usadas para fazer remédio. Além disso, muitas espécies de animais dependem da floresta para viver. Falar sobre reciclagem, a importância. Discutir a ideia da seleção do lixo e o reaproveitamento de embalagens; fazer recorte de jornais e revista de rótulos de embalagens retornáveis e colar no mural; Fazer um caixa com brinquedos diferenciados para que possam brincar na hora do recreio.

2ª Etapa: levar parra a sala o desenho das lixeiras em papel pardo e organizar eles em grupo nas mesas, para que pintem com tinta guache as lixeiras.  Fazer um mural coma as lixeiras, explicar o porquê das cores das lixeiras orientá-los que de acordo com as normas mundiais da coleta seletiva de lixo, Construir um brinquedo com sucata trazida de casa, como: bi boque, o vai e vem, o pião.  Mostrar fotos coloridas, para observarem a natureza preservada e natureza poluída.

3ª Etapa: Realizar experiências com tinta usando o funda da garrafa pet, proporcionando a descoberta dos materiais retornáveis. Realizar brincadeiras com o pé de lata; Carimbos com folhas: Pedir para as crianças trazer de casa um folha que acharem caídas no chão de sua casa ou mesmo do caminho da escola, para fazer registro com cola colorida.  Após a conversa em sala, enviar um bilhete solicitando aos pais que procurem em casa com os seus filhos: caixas, tampinhas, garrafas de plástico, caixas de ovos etc.  Quando a turma trouxer o material solicitado, colocar toda a sucata em um espaço visível e discuta com os alunos como foi o processo de recolher a sucata, quem ajudou etc.

Todas as atividades realizadas vão seguidas pelo um cronograma demonstrado no tópico a seguir, cujo tempo estimado serão de três meses ambientes, haja vista que estes trabalhos serão desenvolvidos em média duas a três vezes por semana com duração diversificada conforme necessidade especifica de cada atividade e desenvolvimento da turma.

Onde serão abordados conteúdos dos eixos temáticos citados anteriormente, desenvolvendo atividades das práticas pedagógicas.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 O projeto mostrou a importância de trabalhar educação ambiental nas series iniciais, os benefícios alcançados para o desenvolvimento das crianças. Durante todo o trabalho pode-se observar que o lúdico é extremamente importante desde primeiros anos de vidas das crianças. Mas de grande importância, que os profissionais tenham acesso ao conhecimento produzido na área de educação infantil e cultura em geral para repensarem na sua prática, se reconstruírem enquanto cidadãos e atuarem enquanto sujeitos da produção de conhecimento.

Para que possamos, implantar a educação ambiental, torna-se necessário a influência na formação do educando , proporciona a criança o beneficio, prazer, criatividade, coordenação motora que vai desencadeando seu aprendizado. Além de contribuir com o educador como educar com criatividade e responsabilidade, descobrindo maneiras interessantes para serem trabalhadas conforme a realidade em que vive o educando.

A conclusão alcançada após a realização do projeto foi de que a educação ambiental hoje constitui em objeto privilegiados da educação infantil, desde que inseridos numa proposta educativa que se baseia na atividade e na interação delas. Através das atividades lúdicas desenvolvem-se várias habilidades, explorando refletindo a realidade, cultura em que vive, incorporando, ao mesmo tempo, questionando regras e papéis sociais, e transformando-a através da imaginação. Sugere-se a incorporação da educação ambiental na prática pedagógica, podem desenvolver diferentes atividades que contribuem para inúmeras aprendizagens e para a ampliação da rede de significados construtivos para o educando, são todos necessários e úteis á vida.

Sugiro este projeto para educadores da educação infantil, pois ele irá auxiliar como forma de desenvolvimento da aprendizagem, o educador poderá conhecer melhor o grupo em que trabalha, promovendo situações interessantes e desafiadoras para a resolução de problemas, permitindo que os aprendizes façam uma auto avaliação com relação sobre seu desempenho, além de permitir que todos participem ativamente de cada etapa vivenciada na execução de cada brincadeira.

 

REFERÊNCIAS

DIAS, Genebaldo Freire. Educação Ambiental: princípios e práticas. São Paulo: Gaia, 1992.

 

FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 17 ed. Rio de Janeiro:Paz e Terra. 1987

 

GUIMARÃES, M. A Dimensão Ambiental da Educação. 8 ed. Papirus, 2007

 

IBAMA. Educação ambiental: as grandes orientações na Conferência de Tbilisi. Especidal – ed. Brasília:IBAMA. 1998.

 

SEGURA, Denise de S. Baena. Educação Ambiental na escola pública: da curiosidade ingênua à consciência crítica. São Paulo: Annablume: Fapesp, 2001.

 

UNESCO. Década da Educação das Nações Unidas para um Desenvolvimento Sustentável, 2005-2014: documento final do esquema internacional de implementação, Brasília, Brasil, 2005.

 

WWW/ECOPRESS. A Importância da EA na Proteção da Biodiversidade no Brasil.pdf Proteção da Biodiversidade no Brasil.pdf Disponível em http://www.ebah.com.br/a-importancia-da-ea-naprotecao-da-biodiversidade-no-brasil-pdf-pdfa6515.html. Acesso em 28 setembro 2016.

 

[1] Formada em Pedagogia pela Universidade Norte do Paraná Unopar.

[2] Formada em Pedagogia pela Universidade Norte do Paraná Unopar.

[3] Formada em Pedagogia pela Universidade Norte do Paraná Unopar.

A CONTRIBUIÇÃO DOS CONTOS DE FADAS NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DAS CRIANÇAS

Renata Ferreira da Silva

Vanessa Ferreira Bezerra

Silvana Ferreira de Oliveira

 

RESUMO

 

 

O artigo tem como tema a contribuição dos contos de fadas no processo de aprendizagem das crianças, abordou de forma ampla a importância que a contação de história demonstra na dimensão pedagógica e em que aspectos pode favorecer o desenvolvimento infantil. Apresenta uma abordagem qualitativa, que favorece a reflexão, a análise e interação acerca das teorias e hipóteses levantadas. O questionamento que motivou a escolha desse tema foi: como o professor pode fazer a contação de história em sala de aula contribuindo significativamente para o desenvolvimento da criança. A partir da revisão literária, foi possível perceber que, embora a contação de história apresente-se como um rico meio para o desenvolvimento das habilidades da criança, os professores, geralmente, não tem consciência do seu valor como suporte no processo de ensino-aprendizagem.

 

Palavras-chave: Contos de fadas, contação de histórias, educação e aprendizagem infantil.

 

 

INTRODUÇÃO


Através dos contos de fadas, podemos aprender mais sobre os problemas enfrentados pela sociedade e refletir sobre esses temas. Podemos também, com os contos de fadas, trabalhar esses problemas e suas soluções com as crianças, dentro do contexto histórico infantil. Os contos têm ainda o papel de transmitir às crianças a essência das lutas enfrentadas contra a afrontosa desigualdade e o preconceito presentes em nossa sociedade.

Os contos favorecem o desenvolvimento da personalidade da criança, contribuindo para a descoberta de sua identidade e comunicação. Os contos de fada têm encantado milhares de crianças pelo mundo e pelo tempo afora. Não se pode negar o encanto que exercem sobre crianças e adultos, por isso é preciso aproveitar os contos para além do entretenimento.

A maneira como os contos de fada influenciam o aprendizado da criança abrange questões levantadas e a sua solução se baseará em compreender, por um lado, os processos de formação do conto de fadas e, por outro, o desenvolvimento da criança, na busca pela interface entre estas duas dimensões. Ainda hoje, com tantos avanços tecnológicos, brinquedos de última tecnologia, cinemas e filmes de ação rápidos e velozes há espaço para a fantasia dos contos. Esses continuam encantando geração após geração, perpassando diversas culturas. Ainda que, algumas vezes, admitindo diversas formas nestes meios de comunicação, a sua essência permanece a mesma.

Voltando o olhar para a escola, o intuito é esclarecer como o processo de ensino aprendizagem pode se beneficiar deste recurso, pois este é um dos espaços em que a criança passa mais tempo atualmente. Algumas vezes, cabe à escola a formação do indivíduo em aspectos que antes eram relegados à educação informal, nos diálogos com a família.

Os contos de fada, enquanto símbolos representam um farto material de compreensão da dimensão psicológica humana, através dos mitos que revelam aspectos internos e de visão de mundo e de homem (Carvalho, 1989). Desta forma, dentro do contexto escolar, os contos de fada merecem uma especial atenção já que .falam. da criança e de suas relações com o mundo.

 

 

DESENVOLVIMENTO

 

2.1 Origem dos Contos de Fadas

 

Para que seja possível uma maior compreensão sobre os contos de fadas é muito importante que se faça uma análise sobre a sua origem. No livro “Os sete contos de fadas” a autora Kupstas (1993) afirma que os contos de fadas são narrativas muito antigas e que, logo no começo, não se destinavam às crianças, eram mitos difundidos por inúmeros povos, como os Hindus, os persas, os gregos e os judeus. Essas primeiras histórias eram conhecidas como mitos e eram, na verdade, expressões narrativas de conflitos entre o homem e a natureza.

Segundo Coelho (2005), o mito perde-se nos princípios dos tempos e são narrativas que nos falam de deuses, duendes e heróis fabulosos ou de situações em que o sobrenatural domina. Na verdade, os mitos estão sempre ligados a fenômenos inaugurais como: a criação do mundo e do homem, a explicação mágica das forças da natureza etc.

Portanto, a autora mostra que desde os primórdios da humanidade, o homem deve ter nascido com certa consciência de que, para além dele e do mundo que o rodeava, deveriam existir forças misteriosas e invisíveis que tinham poder sobre todos os fenômenos.

Ainda de acordo com Coelho (2005), essa necessidade de contar histórias surgiu quando o homem primitivo sentiu a precisão de obter explicações racionais para o mundo. Sendo assim, ele começou a buscar no mito e nas narrativas fantásticas a compreensão de algumas coisas, por exemplo: eles pensavam que os relâmpagos eram armas dos deuses, as águas seriam controladas por sereias ou determinadas árvores ou plantas teriam surgido de algum ato mágico entre outros vários mitos criados pelo homem primitivo.

Assim, podemos perceber que os contos de fadas nada mais eram do que relatos de fatos da vida de pessoas simples, recheadas de conflitos, aventuras e muitas vezes não eram indicados a serem contados para as crianças. Esses relatos apenas serviam como entretenimento e só muitos anos mais tarde com a descoberta das fadas, que eram idealização de uma mulher perfeita, linda e poderosa, a qual era dotada com poderes sobrenaturais, assim as sociedade mais antigas sentiram a necessidade a de utilizar essas histórias alienadas também à educação, já que as crianças gostavam muito desses contos e a fantasia inserida neles, estava ajudando a formar a personalidade dessas pequenas pessoas.

Os contos de fadas existem a milhares de anos e é importante para a formação e a aprendizagem das crianças. Escutar histórias contribui de forma significativa para o início da aprendizagem e para que o indivíduo seja um bom ouvinte e um bom leitor, mostrando um caminho absolutamente infinito de descobertas e de compreensão do mundo. Assim, Coelho (2003), afirma que os contos abrem espaços para que as crianças deixem fluir o imaginário e despertem a curiosidade, que logo é respondida no decorrer dos contos.

Ao longo da sua história, o homem vem sendo seduzido pelas narrativas que, de maneira simbólica ou realista, direta ou indiretamente, relatam a vida a ser vivida ou a própria condição humana, seja relacionada aos deuses, seja limitada aos próprios homens. Portanto é possível perceber que desde os primórdios os contos de fadas encantam e reencantam. Coelho dá uma importante contribuição no que se refere ao valor dos contos ao longo dos séculos:

Os contos de fadas fazem parte desses livros eternos que os séculos não conseguem destruir e que, a cada geração, são redescobertos e voltam a encantar leitores ou ouvintes de todas as idades. (COELHO, 2005, p. 21).

De acordo com Kupstas, os contos de fadas são de origem celta e surgiram como poemas que revelavam amores estranhos, fatais e eternos. Por volta do século II a.c até o século I da era cristã, o povo celta acrescentou, a tantas histórias bem antigas, a presença forte das fadas, que seriam mulheres iluminadas capazes de prever o futuro de outra pessoa, normalmente alguém especial a quem elas protegiam. Assim, a imaginação popular dotou-as de asas, varas de condão e diminuiu o seu tamanho, mas sempre as vendo como belas e bondosas. Os contos de fadas constituíram durante toda a Idade Média e Moderna para a literatura popular das populações européias em geral. A partir do século XVII, essas narrativas foram sendo reunidas e recontadas por escritores, como Perault, La Rontaine e os irmãos Grimm, que lhes deram um estilo mais elegante e as traduziram da tradição popular para como as conhecemos hoje.

 

2.2 OS contos de Fadas na formação da criança

 

Diante de tantos aspectos referentes à contribuição da contação de historias vistos no capítulo anterior é possível identificar vários aspectos relevantes que são abordados através dos contos de fadas e é possível observar que tem muitas funções como proporcionar um momento lúdico, movido de imaginação, apresentar a importância da contação de histórias como uma manifestação cultural.

Coelho (2005), afirma que através dos contos de fadas é possível despertar nas crianças o prazer em ouvi-las, e isso é importante para a formação de qualquer criança, pois estimula a criatividade, a imaginação, a brincadeira, a leitura, a escrita, a musica, o querer ouvir novamente, desenvolvendo dessa forma a oralidade nas crianças dessa faixa etária, considero ser este um importante e significativo veículo de comunicação entre elas.

Todos esses aspectos que contribuem para a formação do individuo são possíveis através da literatura e Coelho (2003), em seu livro o conto de fadas afirma que a literatura é sem duvida, uma das expressões mais significativas dessa ânsia permanente de saber e de domínio sobre a vida que caracteriza o homem de todas as épocas. Na verdade a autora também deixa claro em seu livro que literatura é arte e, como tal, as relações de aprendizagem e vivencia que se estabelecem. Segundo o RCNEI (BRASIL, 1998, p. 163), “As vivências sociais, as histórias, os modos de vida, os lugares e o mundo natural são para as crianças parte de um todo integrado”.

Através das histórias o contador pode despertar a imaginação dos ouvintes, transportando-os ao mundo da fantasia que está sendo criado ao seu redor. O fato de a criança gostar de ouvir histórias é muito importante porque ela constrói dentro de si muitas idéias através de descobertas, de outros lugares, outras épocas, outros modos de agir, além de ter a curiosidade respondida podendo esclarecer melhor suas próprias dificuldades ou encontrar um caminho para a resolução delas. É o começo para ser um leitor e para ser criativo nas suas produções orais, escritas etc. Percebe-se claramente que o trabalho com a Literatura Infantil pode ser muito rico e gratificante em todas as séries pois possibilita a interação do adulto com a criança e a interação entre as crianças no momento da contação de história.

Na verdade os contos de fadas, as fábulas, os mitos e outros, deixaram de ser vistos como fantasias, para serem pressentidos como portas que se abrem para verdades humanas ocultas.

É por meio dessa perspectiva que os contos de fadas, as lendas e os mitos etc. também deixaram de ser vistos como “entretenimento infantil” e vêm sendo redescobertos como autênticas fontes de conhecimento do homem e de seu lugar no mundo. (COELHO, 2005, p.17).

Bettelheim (2002), afirma que a vida intelectual de uma criança, através da história, dependeu de mitos, religiões, contos de fadas, alimentando a imaginação e estimulando a fantasia, como um importante agente socializador. A partir dos conteúdos dos mitos, lendas e fábulas, as crianças formam os conceitos de origens e desígnios do mundo e de seus padrões sociais.

Os contos de fadas, apesar de apresentarem fatos do cotidiano às vezes de forma bem realista, não se referem claramente ao mundo exterior, e seu conteúdo poucas vezes se assemelha com a vida de seus ouvintes. Sua natureza realista fala aos processos interiores do indivíduo (BETTELHEIM, 2002, p. 18)

Os contos de fadas falam de abandonos, de esquecimentos, de quem um dia foi significativo, marcante, falam também de crescimento, de buscas. De acordo com Fanny Abramovich, (2001) Perralt relata a tão bela e tão cheia de significados história da Bela Adormecida, a autora afirma que esse belo conto de fadas mexe com conteúdos emocionais, sexuais, sociais, que fala de apetites e de impedimentos vitais, que podem apenas ser retardados, adiados, mas que um dia são acordados e querem ser saciados.

Os contos de fadas não falam só de amor mais de muitas situações que vivemos na realidade e isso incentiva uma reflexão sobre os desafios que temos que enfrentar no dia a dia. Por isso é muito importante que as crianças saibam que os contos de fadas falam do lúdico,do mágico, mais também tratam de coisas reais.

Outro aspecto bastante relevante no processo de desenvolvimento das habilidades da criança é a relação social que ela mantém fora da escola, principalmente em casa, onde os pais devem criar o habito de contar historia de fazer com que a criança se interesse linguagem orla e escrita, tornando esse momento prazeroso e não algo obrigatório. Sendo assim BETTELHEIM, traz algumas considerações sobre a importância dos pais no processo de aprendizagem.

É exatamente tão importante para o bem-estar da criança sentir que seus pais compartilham suas emoções, divertindo-se com o mesmo conto de fadas, quanto seu sentimento de que seus pensamentos interiores não são conhecidos por eles até que ela decida revelá-los. Se o pai indica que já os conhece, a criança fica impedida de fazer o presente mais precioso a seu pai, o de compartilhar com ele o que até então era secreto e privado para ela (BETTELHEIM, 2002, p. 26 - 27).

A presença dos pais nesse processo de desenvolvimento da aprendizagem se faz necessária para que a criança possa adquirir mais confiança e assim desenvolver de uma forma mais harmoniosa suas habilidades. São através de atitudes simples que os pais podem proporcionar momentos de lazer e de desenvolvimento, assim as crianças, aprendem desde cedo a se sobressair na escola e na vida.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

No estudo monográfico houve grandes expectativas em relação ao tema escolhido e foi possível perceber que falar sobre a literatura infantil, principalmente dos contos de fadas, exige responsabilidade, leitura e muito compromisso. Esse trabalho foi construído com uma abordagem de referencial teórico, e procurou destacar as principais fontes sobre a origem, o desenvolvimento e a contribuição dos contos de fadas para a formação da criança ao longo dos séculos.

Buscou-se explicar de maneira breve, a contextualização histórica, dos contos de fadas onde e como surgiram, quais os principais autores e inicialmente a quem se destinavam. E foi possível compreender que os contos não nasceram voltados para as crianças e sim ao longo dos séculos tornara-se literatura voltada para a criança.

A pesquisa permitiu compreender que contar histórias não é apenas abrir um livro e ler um monte de palavras ou mostrar várias figuras as crianças e sim despertar sua curiosidade, estimular sua imaginação, desenvolver seu intelecto e suas habilidades, porque enquanto diverte a criança, o conto de fadas favorece o desenvolvimento de sua personalidade.

Foi possível entender que nas histórias o encantamento não vem do significado psicológico de um conto, ou seja, uma moral subentendida, mas de suas qualidades literárias, pois o próprio conto em si pode ser considerado uma obra de arte que pode ter um significado distinto em cada criança.

Outro aspecto bastante relevante identificado no decorrer da pesquisa é que as crianças se encantam pelos contos de fadas porque eles lhes dirigem para a descoberta de sua identidade e comunicação e também sugerem as experiências que são necessárias para desenvolver ainda mais a formação do caráter.

Com base em todas as discussões realizadas no contexto teórico deste trabalho, tornou-se claro que os contos de fadas contribuem significativamente para o desenvolvimento das crianças, considerando o aspecto cognitivo e da construção da personalidade. Sendo assim, é possível retornar ao questionamento que guiou esta pesquisa: como o professor pode fazer a contação de história em sala de aula de uma forma lúdica, contribuindo significativamente para o desenvolvimento da criança. Como a introdução ao tema, buscou-se explanar de maneira breve, sua contextualização histórica, ou seja, onde e como surgiram, seus principais escritores.

foi possível compreender que o trabalhar com a fantasia dos contos de fadas, é algo de fundamental importância no processo do desenvolvimento da aprendizagem das crianças, porque favorece a socialização e o desenvolvimento das habilidades. Os contos proporcionam a oportunidade de a criança utilizar seu inconsciente, condição básica para se conhecer o significado profundo da vida.

Portanto conclui-se que a força criadora e a sabedoria profunda presentes nos contos de fadas e seu conteúdo rico, ajudam as crianças a encontrarem o caminho para a realização pessoal e social.

 

REFERÊNCIAS

 

 

ABRAMOVICH, Fanny. Literatura Infantil Gostosuras e Bobiches. 2º edição. São Paulo, Scipione,2001.

 

BETTELEIM, Bruno e ZELAN Karen. A Psicanálise da Alfabetização. Porto Alegre, Artes Médicas Sul, 2002.

 

 

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília, DF, 1998.

 

 

COELHO, Nelly Novaes. Literatura Infantil Teoria Analise Didática. 7º edição. São Paulo. Moderna, 2005.

 

 

KUPSTAS Márcia. et ali. Sete faces do conto de fadas. São Paulo. Moderna, 2003. (Coleção Veredas)

 

BULLYING NA EDUCAÇÃO INFANTIL, IDENTIFICAR E COMBATER: ACEITAR AS DIFERENÇAS E ESTABELECER O RESPEITO AO PRÓXIMO

 

Elaine de Oliveira Darcie[1]

Debora Aparecida Bragatti[2]

Ionete Lurdes da Silva Schlindwein[3]

 

RESUMO

O projeto tem como finalidade Identificar e Combater o Bullying na unidade escolar e também no convívio social fora da escola, este tem como base a aceitação das diferenças e estabelecer o respeito ao próximo, tendo como linha de Pesquisa a Gestão Escolar, Família e Comunidade no combate ao bullying. Justifica-se o tema no fato da importância de identificar e combater tais abusos, pois se compreende que essas atitudes que levam ao bullying devem ser identificadas e combatidas. Os Objetivos Específicos são: sensibilização da escola e da sociedade para identificação e combate do bullying e também a o desenvolvimento de ações de bom relacionamento entre os alunos levando a eles a reconhecer situações desse fenômeno no ambiente escolar e também praticas de combate dentro e fora da escola. O Projeto deverá ser desenvolvido pela equipe gestora e docente. Os conteúdos a ser trabalhados serão: medidas educativas baseadas no dialogo, mediação e na interação entre os alunos de diferentes contextos familiares, buscando superar os preconceitos e atitudes erradas e revelar os pontos de convergência entre as diferenças, promover a paz e o respeito entre todos. A avaliação será feita através da participação de interação da escola e comunidade na identificação e combate ao bullying. O Referencial Teórico baseia-se em três autoras sendo elas: Carolina Giannoni Camargo, através do seu livro “Brincadeiras que fazem chorar”, Cléo Fante, livro ”Fenômeno Bullying: Como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz”, e Ana Beatriz Barbosa Silva, livro “Bullying: mentes perigosas nas Escolas”.

Palavras-chave: Bullying. Combater. Educação Infantil. Gestão Escolar. Identificar

 

INTRODUÇÃO

O presente estudo tem como tema o Bullying, palavra de origem inglesa que significa a pratica de apelidos maldosos, pessoa provocadora e briguenta que usa dessas ferramentas para causar o sofrimento em outras pessoas, usando como Linha de Pesquisa a importância da Gestão Escolar, Família e Comunidade na aplicação da proposta.

A elaboração do artigo tem como justificativa a importância de identificar e combater tais abusos, pois se compreende que essas atitudes que levam ao bullying devem ser identificadas e combatidas no ambiente social e escolar, cabendo ao grupo gestor, pedagógico e docente a desenvolver estratégias para inibir estes atos. Considerando este problema de nível mundial percebe-se que as diferenças vão se transformando em forma de preconceito criando-se o desrespeito com o próximo. Porém, no Brasil o fenômeno bullying vem aos poucos entrando nas instituições de ensino e sendo trabalhada através da mídia que com o passar dos tempos vem divulgando acontecimentos pelo mundo e contribuindo com publicações sobre o bullying, colaborando para que este ato de violência seja reconhecido e combatido na escola e na sociedade.

A Problemática esta relacionada ao fato da proporção que o fenômeno bullying pode alcançar, pois ele atinge todas as idades em diferentes classes sociais e em todos os lugares, e que vem se intensificando no ambiente escolar, identificados com atos que humilha, maltrata, aterroriza, e intimida e retraem, estes comportamentos violento através do bullying provoca graves consequências no desenvolvimento e aprendizado da vitima e também do agressor, gerando medo, timidez, baixa estima, bem como vários distúrbios psicológicos.

Será abordado como Objetivos a sensibilização da escola e da sociedade para identificação e combate do bullying e também a o desenvolvimento de ações de bom relacionamento entre os alunos levando a eles a reconhecer situações desse fenômeno no ambiente escolar e também praticas de combate dentro e fora da escola.

O desenvolvimento será através de conteúdos propostos de identificação e combate ao bullying através palestras, teatros leitura de leituras, trabalhos em grupos, dentro e fora da sala de aula, proporcionando uma reflexividade sobre as causas e consequências do Bullying.

O Projeto deverá ser desenvolvido pela equipe gestora e docente. Deverão ser trabalhadas neste projeto, medidas educativas baseadas no dialogo, mediação e na interação entre os alunos de diferentes contextos familiares, buscando superar os preconceitos e atitudes erradas e revelar os pontos de convergência entre as diferenças, promover a paz e o respeito entre todos. A partir dessas ações, quando cuidadosamente acrescentadas, são capazes de promover respeito, compreensão, responsabilidade e maior capacidade de convívio entre os colegas e não colegas. Pensando assim, família sociedade e educadores devem se unir para que juntos, possam identificar as vítimas e agressores deste grande mal que assola a humanidade principalmente as crianças da Educação Infantil que não sabem liderar com esse mal.

Os recursos necessários para realização do projeto serão ferramentas de pesquisas digitais, uso de projetor de imagem, material impresso, confecções de cartazes.

Avaliação será feita através da participação de interação da escola e comunidade na identificação e combate ao bullying, deve-se considerar a relação de entrosamento entre os alunos, o envolvimento dos alunos na atividade, sua interação a respeito do tema, organização do grupo, empenho em participar e suas atitudes de reconhecimento da importância do respeito ao próximo.

Como referencial teórico, foi fundamentada a maior parte das pesquisas em três autoras: Carolina Giannoni Camargo, através do seu livro “Brincadeiras que fazem chorar, a segunda autora mencionada foi Cléo Fante, com seu livro ”Fenômeno Bullying: Como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz”, e a terceira autora que contribuiu para realização desse projeto foram Ana Beatriz Barbosa Silva, escritora do livro “Bullying: mentes perigosas nas Escolas.”

Ao final do projeto chegou-se a conclusão, que o fenômeno bullying não pode ser comparado com brincadeiras infantis, pois carregam características negativas como as citadas no decorrer deste trabalho, assim de maneira que causam consequências ao desenvolvimento dos sujeitos envolvido, a sociedade e escolas devem trabalhar juntas para prevenir essa prática, que vem crescendo em nosso meio e deixando marcas profundas.

DESENVOLVIMENTO

Os primeiros estudos e relatos sobre o bullying ocorrerão na década de 70 na Suécia e posteriormente nos anos 80 aparecerão relatos na Noruega. Com o passar do tempo o assunto veio sendo discutido por todos os países. Já no Brasil o assunto ainda vem sendo discutidos aos poucos sendo que maioria dos brasileiros ainda desconhece o termo bullying, sua importante e relevante gravidade e abrangência. Conforme Silva (2010, p. 111):

O bullying é um fenômeno tão antigo quanto à própria instituição denominada escola. No entanto, o tema só passou a ser objeto de estudo cientifico no início dos anos 70. Tudo começou na Suécia, onde grande parte da sociedade demonstrou preocupação com a violência entre estudantes e suas consequências no âmbito escolar. Em pouco tempo, a mesma onda de interesse contagiou todos os demais países escandinavos.

Outro relato que aconteceu na Noruega sobre o bullying, foi motivo de preocupação entre pais e professores, que recorreram aos meios de comunicação para expressar suas angústias sobre os acontecimentos, mesmo assim as autoridades educacionais da Noruega não declarou nada de forma oficial e efetiva diante dos fatos de violência registrados no ambiente escolar. Já 1982 um episodio dramático no norte da Noruega chamou a atenção das pessoas daquele país, pois meios de comunicação noticiavam a morte de três crianças com idade dentre dez e quatorze anos, que haviam se matado por terem sido submetidos por seus colegas de escola a situações de abusos e maus-tratos, repetindo assim a história do bullying na Noruega.

Através de tais acontecimentos, iniciou-se uma mobilização nacional realizada pelo Ministério da Educação da Noruega no ano de 1983, foi feita uma campanha em larga escala, para o total combater o bullying na escola. Sabe-se que o fenômeno bullying já existe no mundo e nas escolas muito antes da nossa própria existência no ambiente escolar (FANTE, 2005).

A violência sempre esteve presente dentro das escolas, porém, não tinham um nome determinado para tais atos, às agressões e deboches, entre outros. Por ser um fenômeno antigo e ainda pouco divulgado o Bullying no nosso país só nos últimos anos é que o assunto começou a ter uma visibilidade maior, uma vez que vários estudos sobre a matéria foram publicados e então surgiram pesquisadores para fazer uma investigação aprofundada do bullying nas escolas.

As literaturas sobre o assunto são de poucas dimensões, e aos poucos os autores vão publicando suas investigações e experiências com relatos vividos nas escolas. Após a divulgação da Noruega também países como Portugal, Espanha, o Canadá e também o Estados Unidos passaram a fazer parte do movimento de combate ao bullying.

Silva (2010), ao descrever um breve histórico sobre o bullying, relatou que Dan Olweus, professor de uma universidade de Bergen na Noruega foi autor dos primeiros relatos e investigações para diferenciar o bullying de outras interpretações de atos violentos. Relatos da autora revela que Olweus pode ser considerado o criador do fenômeno bullying, pois foi ele o responsável pelas primeiras pesquisas assim realizadas nos anos 70 nas escolas, utilizando-se como procedimento o uso de questionários para a verificação de características e toda a extensão do fenômeno bullying.

Segundo Silva (2010), Dan Olweus pesquisou ainda como eram as intervenções que as unidades de ensino estavam adotando. Portanto, através desses estudos e pesquisas realizadas por Olweus, é que foram adaptados estudos sobre o bullying em outros países, inclusive no Brasil, que apesar de não ter muitos estudos referentes a este assunto, realizou no Rio de Janeiro-RJ, pesquisa nas escolas baseados nos relatos dos trabalhos de Olweus. Baseados nessas pesquisas a Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção a Infância e Adolescente (ABRAPIA), apontou que no Brasil o bullying acontece com maior frequência dentro das salas de aula, diferente de outros países, onde predomina o bullying no horário do recreio e fora da sala de aula.

São recentes as pesquisas Brasileiras, iniciadas no ano 2000 foram apontados esses fenômenos nas escolas. (FANTE, 2005) relata que essas pesquisas não são mais avançadas, pois em nosso país, ainda não se tem uma visão mais clara do fenômeno, portanto não há um patrocínio ou incentivo para que as pesquisas avancem. Contudo não se tem verba suficiente para realização dos estudos, sendo a maioria das pesquisas realizadas por doações e verbas dos próprios pesquisadores. Há poucos anos que a mídia vem fazendo campanhas antibullying e alertando as pessoas sobre a violência que vem acontecendo com maior intensidade dentro das instituições de ensino.

Muitas pessoas já pode ter se sentido constrangido nas escolas por ter ganhado um apelido de mau gosto, talvez por não estiver fisicamente dentro dos padrões estabelecidos pela sociedade, ou por obter uma personalidade diferente, pertencendo um padrão social inferior.

A definição mais evidente do bullying é que fere a alma da vítima, sendo assim um ato de covardia que acontece repetidamente contra uma criança ou adolescente até mesmo com jovens. Um exemplo que lembra essas definições é a criança gordinha, negra, crianças com deficiências visuais ou auditivas, estrangeira, ou que tem partes do corpo maiores que o padrão pré-estabelecido, como um nariz maior, uma orelha que chame mais a atenção, ou pelo fato de ser pobre. Estes sofrem brincadeiras de mau gosto, covardes, onde o mais fortes abusam dos mais fracos, uma vez que a maioria dessas pessoas é mais calada e se isola do meio social, fazendo com que sofram. Os apelidos pejorativos ferem a integridade dessas pessoas enquanto seres humanos. Entretanto Fante (2005, p. 28) ressalta que:

Por definição universal bullying é um conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas que ocorrem sem motivação evidente, adotado por um ou mais alunos contra outro(s), causando dor, angústia e sofrimento. Insultos, intimidações, apelidos cruéis, gozações que magoam profundamente, acusações injustas, atuações de grupos que hostilizam, ridicularizam e infernizam a vida de outros alunos levando-os à exclusão além de danos físicos, morais e matérias, são algumas das manifestações do comportamento bullying.

O bullying é considerado com um vírus que se espalha e compromete o desenvolvimento do sujeito agredido, trazendo consequências psicológicas, sociais, emocionais e cognitivas que se alongam da pre escola até saírem da faculdade. Este fenômeno afeta a todos e em vários lugares, atingindo primeiro o grupo mais fraco.

 

“Bully” é uma palavra de origem inglesa que tem como principal significados, provocador, brigão, impiedoso, tirano, cruel, valentão, agressivo, proposital, ameaçador e intimidador, entre outras qualidades maldosas que gerem e transmita repetidamente atos de violência contra outros. Para Camargo (2009), as agressões, ações desrespeitosas e assédios sofridos, são realizados intencionalmente por seus agressores com a intenção de atormentar suas vitimas.

O bullying é um conceito específico e muito bem definido, uma vez que não se deixa confundir com outras formas de violência. Isso se justifica pelo fato de apresentar características próprias, dentre elas, talvez a mais grave, seja a propriedade de causar traumas ao psiquismo de suas vítimas e envolvidos. (FANTE, 2005, p.26).

Martins (2005) representa o fenômeno bullying em três grandes tipos, segundo a autora, baseando-se nos estudos teóricos, o que se chama de bullying é dividido da seguinte forma;

Diretos e físicos, que possui agressões físicas, pessoas que manifesta sua agressividade através do roubo ou estraga objetos das outras pessoas, outros exemplos são extorsão de dinheiro, forçar comportamentos sexuais, ou obrigar a pessoa a fazer algo que não deseja.

Diretos e verbais são praticas de insultos, colocar apelidos, fazer comentários racistas ou maldosos, tirar sarro, pratica de racismos ou criticar diferenças de outras pessoas.

Indiretos são atos praticados de forma sistemática, como exemplo fazer fofocas espalhar boatos maldosos, ameaçar ou excluir uma pessoa de um grupo, ou manipular a vida social da pessoa aponta de prejudica-la.

O bullying gera alguns traumas levando as pessoas a ser excluir do convívio social em nível muito elevado a fim de prejudicar a vitima de tal maneira até que ela até ela chegar ao ponto de por fim a própria vida. (CAMARGO, 2009).

Pesquisas aponta vários relatos que mostra com muita clareza extremos casos relacionados ao bullying que acabam desenvolvendo problemas psíquicos e irreversíveis, como o exemplo do aluno Jeremy Wade Delle, estudante numa escola do Texas-EUA, que tirou a vida de trinta pessoas em oito de janeiro de 1991, aos 15 anos de idade, trinta colegas dentro da sala de aula na escola em frente à professora para protestar pelos atos de perseguição que sofreu durante diversos anos de sua vida na escola. (REVISTA NOVA ESCOLA, 2010).

Depois da divulgação desse acontecimento no Texas-EUA, do aluno Jeremy, várias pessoas entre elas crianças declararam ter sido vítimas de bullying. Mais, no entanto, não lutavam contra esses fatos, pois a administração não demostrava nenhum tipo de intervenção que pudesse colocar um ponto final em tais praticas com isso, os agredidos ficavam sem esperanças e não faziam nada para causar tal impedimento. Os atos de violência verbal e física na escola são muito mais frequentes do que se imagina. Tais agressões geram sofrimento de suas vítimas que se apresentam desfavoráveis em relação ao grupo em que o agressor pretende dominar.

As pessoas que praticam a violência de forma física agridem por meio de socos, pontapés, beliscões, empurrões. Para a violência simbólica utilizam a desmoralização por fofocas, difamações, rótulos maldosos até chegar à exclusão social. A violência material os bullyies quebram os pertences como óculos, mochila, tênis, celular, lápis, pertences pessoais e outros. (CAMARGO, 2009).

Agressões de qualquer tipo seja ela emocional ou física material que seja praticada de maneira simultânea e agressiva pode definir o bullying em todas as situações possíveis, como colocar apelidos, pratica de ofensas, zoar, sacanear, fazer a pessoa sofrer, isolar, chuta, dominar, bater, aterrorizar, ferir, empurrar, excluir entre outros, (CAMARGO, 2009).

Contudo as escolas identifica o bullying como brincadeiras de criança que acontecem de forma corriqueira nesses ambientes. Verifica-se que as brincadeiras só acontecem quando todos os sujeitos que estão envolvidos nela estão de acordo e se divertindo. Já no momento em que uma única criança que se sinta incomodada ou deseje parar de brincar, isso deve então ser respeitado, pois se o que a incomoda se repita por várias vezes, isto deixa de ser uma brincadeira e torna-se um ato de bullying.

Diversas vezes na vida já fomos fomos alvos de apelidos maldosos e brincadeiras violentas contra nosso querer dentro das escolas e o choro e o silencio era o nosso único consolo e refúgio. Quando as crianças faziam as reclamações aos professores, logo as respostas desapareciam por terem outra coisa mais importante que o professor encontrava para abafar ocorrido. Camargo (2009, p. 46) coloca em seu livro que:

É muito importante uma conscientização dos professores e dos educadores para com o bullying. Saber que nem todas as brincadeiras são realmente lúdicas é necessário para uma possível intervenção deste profissional, de forma a acrescentar melhorias nas situações encontradas.

A autora, descreve que o profissional da escola e todos outros envolvidos nas instituições de ensino devem estar preparados e comprometidos, para juntos gerar um ambiente livre do bullying, a escola por responsabilidade deverá identificar se a brincadeira é lúdica ou se ocorre a pratica de bullying que está sendo desenvolvido, buscando praticas corretivas para uma intervenção. (FANTE, 2005).

A escola é fundamental aliada ao combate de fenômeno chamando bullying, a coordenação deve ter uma visão mais aprofundada no ambiente são de grande importância. Uma escolar teve ser preenchida de afeto pela equipe gestora onde os alunos se sintam acolhido em mencionar seus problemas e situações sofridas por outros colegas. O espaço escolar que não tem uma equipe preparada para combater tais pratica se tornam propícios a ter altos índices de atos que gerem as agressões chamadas de bullyies. Estas agressões acontecem com mais frequências, nas escolas em que a supervisão de adultos não for de forma intensa e continua.

Um relato lamentável envolvendo bullying na cidade de Virgínia, nos Estados Unidos. Onde um estudante chamado Cho Ceung-hu, em 16 de abril de 2007, matou 32 pessoas em seguida tirou a própria vida. Logo depois, a existência de um vídeo deixado por ele, onde ele relatava os abusos sofridos suas angustias e desespero que levou ele a ter essa reação de acabar com a vida daquelas pessoas e sua própria vida. Ele enviou este vídeo a uma emissora de televisão para contar que não aguentava mais tanto sofrimento e por isso praticou esses crimes em forma de protesto. Para o autor este tipo de comportamento é de uma pessoa que não aguentava mais tanto sofrimento, e por isso acabou matando aquelas pessoas e destruindo a própria vida (CAMARGO, 2009).

O bullying vem sendo definido em etapas, sendo elas diretas e indiretas. Aos praticantes bullyies que agem sobre a vítima de forma direta, acabam por envolver o contato físico, utilizando das próprias mãos, sendo assim o mais fácil de constatar, praticado com maior frequência pelos bullyies masculinos.

Tal comportamento praticado de maneira indireta envolve meninas e crianças sendo assim mais sutil, ocorre sem ter o contato físico e por isso é mais difícil à constatação, tendo como assim consequência o isolamento do ambiente social das pessoas vitimadas. A maioria dessas vítimas tem a dificuldade de se relacionar e interagir, o que acaba refletindo no convívio social e familiar. Esses sujeitos procuram viver isolados para se esconder durante o horário do recreio, e acabam por se afastando também dos professores e dos funcionários da escola, facilitando a aproximação do agressor que se aproveita para atacar suas vitimas nos momentos em que elas estão sozinhas.

Diante disso, CAMARGO (2009, p. 45) diz que: “O bullying é manifestado em caráter sigiloso. As agressões ocorrem de forma secreta, escondida daqueles que poderiam intermediar a situação”.

O bullying é apresentando em suas características, entre elas a causa de traumas problemas psíquico. Tal fenômeno acontece em vários locais além das escolas, como nas suas casas, nas prisões, nos locais de trabalho, em todos os lugares onde tiver relações interpessoais.

Salienta-se ainda que o bullying atingisse a todos e a vários ambientes, uma vez que encontramos em toda sociedade pessoas que exercem seu poder sobre um grupo mais fraco. O bullying não privilegia nenhuma classe social, cor, gênero, raça ou etnia, este abrangido todas as pessoas.

O bullying em todos os países tem um nome próprio. No Brasil é conhecido como nos Estados Unidos: “Bullying”, na França denomina “harcéliment quotiden”, já na Itália as pessoas falam “Bulismo”, na Alemanha é conhecido como “agressionem unter shulern”, em Portugal o termo é adotado como “maus-tratos entre pares”. É importante reconhecer que as agressões, seja ela física ou psicológica, que acontece em grupos de maneira intencional e repetitiva, vêm sendo definida e caracterizada como bullying (CAMARGO, 2009).

As construções e possibilidades para inúmeros conflitos têm seu palco na escola. A proposta do ato de machucar, ferir e violentar gratuitamente com ações frequentes seja físico ou psicológico é definida por vários autores como bullying.

Tais comportamentos de violência do bullying vêm provocando graves consequências no aprendizado de ensino da vitima e também do agressor, seguidos de vários transtornos psicológicos, emocionais, e também na maioria dos casos apresentam baixo rendimento escolar. Bullyin não é um só problema escolar, mas também da sociedade e da família. Através deste conceito entende-se que a violência esta relacionada através da cultura de um determinado grupo social que pode alimentar atos praticados de bullying, uma vez que os sujeitos acabam herdando esse comportamento de violência.

Diante disso, sabe-se ainda que a cultura à qual pertencesse possui uma enorme influencia em nossos comportamentos, e é importante ressaltar que essa cultura pode ser determinante para que o bullying prospere na vida escolar e social, pois o ambiente se contamina e os sujeitos vão se afetando de forma negativamente.

O bullying está presente em todas as situações a toda hora do dia, já na realidade escolar é frequente alunos passarem por situações de humilhações, gozações, ameaças, apelidos constrangedores, chantagens, intimidações (FANTE, 2005). Geralmente, quando ocorre isso, as pessoas se calam, pois se sentem ameaçados e com medo de outros ataques.

A Educação inclusiva seria um caminho a seguir para combater o bullying, um programa de educação inclusiva e a reconstituição da capacidade de experiência das diversas relações sociais vividas, são maneiras adequadas de se combater o bullying e o preconceito, alertando os profissionais que lidam com o desenvolvimento da criança sobre a alta prevalência da prática de bullying entre os estudantes. Segundo, Lopes Neto (2005), as pessoas devem se tornar conscientes da importância da atuação na prevenção, diagnóstico e tratamento e para os possíveis danos à saúde e ao desenvolvimento.

O problema bullying é evidente as culturas e classes sociais a que se julga, sendo de suma importância uma intervenção de profissionais especializados para instruir pessoas responsáveis por ambientes escolares que possa vir a desenvolver essas práticas que possam recuperar esses traumas carregados para sempre na vida e saúde dessas pessoas (LOPES NETO, 2005).

Programas anti-bullying devem estar nas escolas como sistemas e complexos e dinâmicos, não podendo ser tratadas de maneira uniforme. Cada uma delas devera ter estratégias a serem desenvolvidas e devem ser consideradas sempre como características sociais, econômicas e culturais de sua população.

Professores, pais e funcionários escolares devem se envolver atividades de combate ao bullying. A participação de todos é de suma importância, pois visa estabelecer normas, diretrizes e ações coerentes. Essas ações priorizam a conscientização geral e geram apoio às vítimas de bullying, fazendo com que se elas se sintam protegidas, a conscientização dos agressores sobre a punição de seus atos e a garantia de um ambiente escolar protegido.

O fenômeno bullying é muito complexo e de difícil solução, portanto é preciso que o trabalho seja continuo. As ações podem ser simples e de baixo custo mais depende de muita determinação e esforço das partes envolvidas, podendo ser incluídas em todos os dias nas escolas, inserindo-as nas atividades dos temas transversais em vários momentos na rotina escolar.

É fundamental encorajar os alunos a participarem de atividades de combate ativamente da supervisão e intervenção dos atos de bullying, o enfrentamento da situação pelas testemunhas e pessoas que sofrem o constrangimento assim demonstra aos autores que eles não terão o apoio para praticarem esses atos. Treinamentos através técnicas de dramatização podem ser úteis para que adquiram habilidades suficientes para lidar as diferentes formas de estratégias. Uma alternativa é a formação de grupos de apoio para que se protejam os alvos e auxiliam na solução das situações de Bullying.

Como é a visão do professor perante o Bullying na escola? Para Paulo Freire publica em seu livro “Pedagogia da Autonomia Saberes Necessários à Prática Educativa” (2008), o autor sugere que ensinar exige ter a humildade e também saber escutar. Com isso, o docente deve demonstrar para seus alunos que ele é responsável e está disposto a mudanças na escola, aceitando as diferenças, dando ao aluno uns exemplos a serem seguidos e transmitindo confiança, demonstrando amizade e que irá ajudá-lo e ouvi-lo, garantindo que ele é importante e estimado. Com a função de mediador do ensino ao aluno, o professor pode estar trabalhando maneiras diversas de construir sujeitos capazes de exercer direitos e deveres diante da sociedade. O professor deve reconhecer que ensinar exige dedicação e busca de novos conhecimentos, deve-se atualizar frente às mudanças e realidades. O professor deve transmitir confiança ser amigo do aluno, uma pessoa em que as crianças devem confiar e solicitar ajuda sempre que preciso, como por exemplo quando ocorre uma briga com outro amigo, nos momentos de duvidas e de angustia, obtendo do professor a todo o momento uma postura positiva que o aluno se sinta segurança e proteção.

Para Camargo (2009), O Bullying deve ter uma investigação tanto na escola, ou em casa pela família, as agressões devem ser investigadas e diagnosticadas pelos pais e professores, desde a educação infantil até o findar dos estudos, assim possibilitará um olhar mais reflexivo a esses atos que são violentos e adquiridos no convívio com dos outros, pois essas agressões são uma ponte que, sem intervenção das escolas e das famílias, podem ser transformadas em um transtorno de conduta mais grave.

Quando pequenos as crianças na educação infantil as crianças constroem e descontroem os saberes, é uma fase muito importante que possibilita à escola e aos docentes, juntamente com os pais, trabalhar conteúdos que permitem a criança despertarem o amor pelo próximo, o respeito, solidariedade perante o outro. Nas relações humanas desde muito cedo a disputa já é uma forma de exercer o poder entre as pessoas, e as crianças usam dessa ferramenta para conseguir alcançar seus objetivos.

Segundo Camargo (2009), o pensamento de Jean Piaget diz que a criança tramita por estágios de desenvolvimento, sendo eles capazes de construir e desconstruir o seus desenvolvimentos cognitivos, levantando uma ideia que as crianças têm alguns comportamentos de acordo com sua faixa etária e vai se transformando a partir do momento em que ela sai da educação infantil essa fase entre ocorre de zero a cinco anos, que, para Piaget, é construída por etapas Sensório-Motora e Pré- Operatória. Para melhor essas duas etapas, Camargo (2009, p. 50) as descreve:

Na primeira etapa a Sensório-Motora, as crianças agem por meio de reflexos neurológicos, participam do mundo pelos sentidos de forma direta e objetiva, sem formular reflexões e pensamentos, conhecem o mundo pelos sentidos, levando os objetos até a boca e prestam atenção em cada ruído ocorrido a sua volta, desenvolvem-se emocionalmente e criam a noção do tempo-espaço e objeto por meio da ação.

Na segunda etapa Pré-Operatório, ocorre o despertar da comunicação, a criança ganha, ano a ano, um vocabulário cada vez mais extenso, facilitando a socialização, conhece e gosta de brincar com o outro, interagir e se comunicar, há um avanço no desenvolvimento cognitivo, social e afetivo em decorrência da aquisição da linguagem.

Camargo (2009) a todo o momento considera o pensamento de Jean Piaget, especificando que a criança a partir de cinco anos será capaz de colocar apelidos, xingar, excluir, humilhar com intenção, portanto é a partir dessa fase que as crianças começam a classificar o que é certo e errado, o que é bom e o que é ruim.

Através de prejuízos acadêmicos, sociais, psicológicos, o fenômeno bullying vem ganhando mais espaços em suas pesquisas, estudos que apontam algumas estratégias que sendo elas quando adotadas, apresentam muita eficácia na resolução de problemas. Entendendo-se de um comportamento multideterminado, tanto as intervenções e as avaliações com foco específicos em treinamentos de docentes, gestão escolar, pais, e alunos agredidos e os agressores (ABRAPIA, 2008).

Algumas estratégias tem sido apresenta a maior eficácia e são aquelas que mostram maior participação e conscientização dos profissionais da educação de ensino e também a família dos alunos em relação à existência dos problemas aparentes, as capacitações de professores em como agir diante desta situação são muito importante, e a instalação de repertório socialmente concreto tanto nas criança quanto nos adultos que o cercam, (Barros, 2008; Fante, 2005; Petersen & Koller; 2005).

Este projeto esta embasado em referenciais de autoras brasileiras, e também filósofos e educadores que destacam importantes dados através de pesquisas e teorias importantes de identificação e combate a violência.

A ideia do projeto é relevante e de fundamental importância, pois se compreende que as atitudes que levam ao bullying devem ser identificadas e combatidas no ambiente social e escolar, cabendo ao grupo gestor, pedagógico e docente a desenvolver estratégias para inibir estes atos.

A escolha do tema se deu através de observações no ambiente escolar e relatos de alguns docentes, a respeito de como o Bullying está presente no cotidiano das crianças, tanto em casa como na escola, isso acontece porque somos uns diferentes dos outros. Essas diferenças às vezes assustam algumas pessoas principalmente as crianças na fase que constroem suas identidades e começam comparar suas diferenças como os outros. Considerando este problema de nível mundial percebe-se que as diferenças vão se transformando em forma de preconceito criando-se o desrespeito com o próximo. Porém, no Brasil o fenômeno bullying vem aos poucos entrando nas instituições de ensino e sendo trabalhada, a mídia com o passar dos tempos vem divulgando acontecimentos pelo mundo e contribuindo publicações sobre o bullying, colaborando para que este ato de violência seja reconhecido e combatido pela escola e sociedade.

O bullying é um fenômeno que atinge todas as idades em todos os lugares, e que vem se intensificando no ambiente escolar, identificados com atos que humilha, maltrata, aterroriza, e intimida e retrai, estes comportamento violento através do bullying provoca graves consequências no desenvolvimento e aprendizado da vitima e também do agressor, gerando medo, timidez, baixa estima, bem como vários O bullying não é um problema somente da escola, a sociedade e as família devem se mobilizar em prol desse movimento de combate.

O Objetivo Principal do projeto é proporcionar a consciência dos profissionais de como identificar e combater o bullying no ambiente escolar, usando como meio a proposta; não são as diferenças que nos tornam superiores ou inferiores, elas nos tornam apenas diferentes.

Os objetivos Específicos são:

Sensibilizar escola, docentes e famílias, da importância de identificar o bullying nesses ambientes;

Desenvolver ações de bom relacionamento entre os alunos.

Reconhecer situações de Bullying dentro da escola e também no ambiente familiar

Combater o Bullying na escola e no convívio social;

O projeto será desenvolvido através palestras, teatros leitura de leituras, trabalhos em grupos, dentro e fora da sala de aula, proporcionando uma reflexividade sobre as causas e consequências do Bullying. O Projeto deverá ser executado por equipe gestora e docente. Deverão ser trabalhadas neste projeto, medidas educativas baseadas no dialogo, mediação e na interação entre os alunos de diferentes contextos familiares, buscando superar os preconceitos e atitudes erradas e revelar os pontos de convergência entre as diferenças promover a paz e o respeito entre todos.

A partir dessas ações, quando cuidadosamente acrescentadas, são capazes de promover respeito, compreensão, responsabilidade e maior capacidade de convívio entre os colegas e não colegas. Pensando assim, família sociedade e educadores devem se unir para que juntos, possam identificar as vítimas e agressores deste grande mal que assola a humanidade principalmente as crianças da Educação Infantil que não sabem liderar com esse mal.

Ações dentro da área educativa devem ser adotadas para reparar tais comportamentos:

1º Passo: A equipe gestora deverá fazer uma reunião com todos docentes e funcionários da escola a fim de promover procedimentos de como será identificado e combatido o Bullying na escola. Todos devem ser envolvidos no projeto desde o início. Afirme que a participação deles é fundamental para que a escola se torne um lugar de respeito às diferenças. Peça que os diferentes grupos de funcionários escolham uma maneira de participar e elaborem uma ação pontual sobre o tema.

 

2º passo: Discutir como o corpo docente e funcionários da escola reagirão frente a atos de bullying, como serão tratadas e orientadas suas consequências e possíveis intervenções, esclarecer e conscientizar os educadores da escola sobre esse fenômeno.

 

3º organizar uma reunião com os pais de alunos e alunos - poderá ser convidado algum palestrante para ministrar o tema desenvolvido, também pode ser feito um teatro, filmes vídeos e depoimentos, poderá ser feita a confecção de faixas e cartazes anti bullying. Nesse Dia deverá ser feita uma abordagem explicativa de como Identificar e combater o Bullying dentro e fora da escola, onde todos podem debater o assunto e pensar em maneiras de evitar que as atitudes preconceituosas ocorram discutir a responsabilidade que todos têm na manutenção de um convívio sem preconceitos e expor as ações que a escola desenvolverá contra o combate ao Bullying. Orientações importantes aos pais, comunidade e familiares são recomendados:

Conversar com os filhos;

Ficar atento ao comportamento da criança;

Observar se ele sofre o bullying ou se ele pode ser um possível agressor;

Estabelecer limites de respeito entre o próximo;

Orientar a não revidar a ataques verbais ou agressões;

Orientar que sempre que ocorrer alguma manifestação de bullying avisar a família ou a coordenação da escola;

 

4º Através da orientação do coordenador pedagógico, os professores devem introduzir conteúdos ao preconceito e as diferenças entre as pessoas no planejamento das aulas, após está etapa o projeto poderá ser aplicado dentro da sala de aula para os alunos de forma interdisciplinar através de contação de historias, uso da literatura infantil, rodas de conversa visando uma sondagem de como os alunos se relacionam e se eles conseguem identificar situações de bullying dentro e fora da escola.

Como sugestão de atividade a professora pode criar uma roda de conversas para levantar as hipóteses que levam a esse problema, é importante usar este momento para esclarecer o que o bullying pode causar e as consequências. A conversa deve ser descontraída sem chamar a atenção, sem focar diretamente no problema, sem dar a palavra final, importante deixar que os alunos falem livremente sobre o assunto mesmo que aflore as situações conflitos. Sugestão de historia: As Tranças de Bintou;  As Tranças de Bintou é uma linda história, escrita por Sylviane A. Diouf, que conta o sonho de Bintou, uma menina africana, de ter tranças como todas as mulheres mais velhas de sua aldeia. Mas, como ainda é criança, tem de se contentar com os birotes. A autora Sylviane A. Diouf, filha de pai senegalês e mãe francesa, criou uma delicada história sobre a angústia do rito de passagem e o aprendizado do crescimento. As ilustrações de Shane W. Evans reforçam beleza, tradição e encantamento da cultura africana. Um belo exercício de respeito à pluralidade cultural e ao amadurecimento. Com esta história, podemos destacar atitudes solidárias em detrimento ao preconceito. 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As diferenças estão presentes em toda a humanidade, elas surgem através das culturas e raças e classe sociais, a humanidade sempre teve reações variadas pelas diferenças que percebiam entre si e os vários povos com os quais tinham contato. Aspectos físicos e culturais perceptíveis à singularidade do próximo: as roupas, tamanho (estatura), cor e formatos dos olhos, cabelos, a fala diferentes sotaques são aparentes e se destacam no primeiro contato, outras diferenças se destacam em segundo momento que são as atitudes comportamentais, são comparadas como se portam se vestem como andam ou gesticula.

Através deste fundamento percebe-se que o espaço escolar são passos fundamentais para a socialização do ser humano, onde eles adquirem ao longo dos anos conhecimento como também aprendem a se socializar com outros colegas conhecer diferentes culturas e tradições e conviver com elas e aceitar. Nos tempos atuais as crianças passam maior parte do seu tempo nas escolas sob os cuidados de docentes que acabam fazendo o papel dos pais na orientação da educação de seus filhos. A escola e família deve estabelecer uma parceria de confiança onde o diálogo, a orientação, a educação e a afetividade sejam ferramentas utilizadas para o desenvolvimento nas relações mutuas de respeito nas relações humanas.

Partindo desse principio, que o tema bullying sempre vem à tona nas principais discussões, esse fenômeno de repercussão mundial esta presente principalmente no ambiente escola, conclui-se que o bullying não pode ser comparado com brincadeiras de crianças, pois carregam características negativas como as citadas no decorrer deste trabalho. Desta maneira, a sociedade e escolas devem trabalhar juntas para prevenir essa prática, que vem crescendo em nosso meio e deixando marcas profundas. Os Pedagogos bem como a escola tornam-se responsáveis pela educação do aluno, devendo–se estender essas responsabilidade além dos muros da escola, preocupando-se com a formação do aluno em torna-lo em um cidadão de bem consciente de seus atos praticando o respeito ao próximo.

Através deste artigo foi possível concluir que o preconceito seguido do bullying esta presente nas escolas desde a educação infantil até a saída nas universidades, importante adotar estratégias de identificação e combate, com medidas para detectar precocemente tais comportamentos agressivos que geram problemas comportamentais: como falta de humor, timidez, tristeza além de dificuldade de aprendizagem entre outros problemas desenvolvidos. A participação do professor, tanto na avaliação quanto no planejamento da ação é de suma importância visando eficácia relacionada na resolução dos problemas, onde todos podem debater o assunto e pensar em maneiras de evitar que as atitudes preconceituosas ocorram, discutir a responsabilidade que todos têm na manutenção de um convívio sem preconceitos e expor as ações que a escola desenvolverá contra o combate ao Bullying.

 

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA MULTIPROFISSIONAL DE PROTEÇÃO À INFÂNCIA E À ADOLESCÊNCIA - ABRAPIA. (2008). Programa de redução de comportamento agressivo em estudantes.<disponível http://www.bullyng.com.br.>acessado em 28 de setembro de 2016.

 

As tranças de Bintou<disponível em:https://www.google.com.br/webhp?sourceid=chrome-nstant&ion=1&espv=2&ie=UTF-8#q=as%20tran%C3%A7as%20de%20bintou%20resumo as tranças de bintou>acessado em 05 de outubro de 2016.

 

Bullyin o Terror silencioso disponível em: http://www.amebrasil.org.br/html/outras_bully.htm> acesso em 13 de outubro de 2016.

Bullying uma ameaça na escola Disponível em:<http://www.webartigos.com/artigos/projeto-bullying-uma-ameaca-na-escola/115881>acessado em 05 de outubro de 2016.

CAMARGO, Carolina Giannoni. “Brincadeiras” que fazem chorar: introdução ao fenômeno bullying. 2. ed. São Paulo: All Print Editora, 2009.

 

CAMARGO, Orson. "Bullying" Brasil Escola. Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/sociologia/bullying.htm>. Acesso em 06 de outubro de 2016.

 

FANTE, C. Fenômeno bullying: Como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz – 2ª ed. - Campinas, SP: Versus, 2005. LOPES, N. Bullying: Comportamento agressivo entre estudantes. Jornal de Pediatria, v. 81, n. 5, Rio de Janeiro. 2005.

 

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 37. Ed. São Paulo: Paz e terra, 2008.

 

LOPES, N. Bullying: Comportamento agressivo entre estudantes. Jornal de Pediatria, v. 81, n. 5, Rio de Janeiro. 2005.

 

REVISTA NOVA ESCOLA. O que é bullying? Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/crianca-e-lescente/comportamento/bullyingescola- 494973.shtml>. Acesso em 05 de outubro de 2016.

 

SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying: mentes perigosas nas escolas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010.

 

[1] Formada em Pedagogia pela Universidade Norte do Paraná Unopar.

[2] Formada em Pedagogia pela Universidade Norte do Paraná Unopar.

[3] Formada em Pedagogia pela Universidade Norte do Paraná Unopar.

A INDISCIPLINA NA EDUCAÇÃO INFANTIL DESAFIOS CONSTANTES EM BUSCA DE SOLUÇÕES

 

ANDREIA PEREIRA DA SILVA

TATIANE LAVINA DE SOUZA

ROMILDA  DA SILVA VIANA

ROSILENE LEITE DA COSTA PAIVA


RESUMO

 

Este Projeto apresenta como tema “A indisciplina na Educação Infantil desafios constantes em busca de soluções”, cuja linha de pesquisa é a docência na Educação Infantil. A evolução com que os indivíduos se deparam no mundo contemporâneo vai muito além do que elas possam acompanhar. São meios cada vez mais versáteis, munidos da mais alta tecnologia: computadores de última geração, pen driver, MP4, chip, realmente uma infinidade de ‘apetrechos’ informatizados. A metodologia de pesquisa desenvolvida foi a bibliográfica, apoiando-se em autores que também enfatizaram o tema que são Franco, Freire, Penin e outros O problema encontrado foi: a escola pública, acompanha toda essa informatização? Esses meios auxiliam as relações humanas na escola? A justificativa pela escolha do tema foi por constatar que o professor da Educação Infantil pode buscar intervenções que possam minimizar a indisciplina em sala de aula.Com base nesse aspecto relacional é que este projeto se efetiva, objetivando desenvolver algumas reflexões sobre a relação aluno-professor, de modo a compreender melhor algumas lacunas que se fazem presentes na escola pública de Educação Infantil e que, em contrapartida, acabam refletindo na sociedade de maneira geral.

 

Palavras-chave: Indisciplina Escolar . Práticas docentes. Relações.

ABSTRACT


This project presents as a theme "The indiscipline in Child Education constant challenges in search of solutions", whose line of research is teaching in Child Education. The evolution that individuals encounter in the contemporary world goes far beyond what they can follow. They are increasingly versatile means, equipped with the latest technology: cutting-edge computers, pen driver, MP4, chip, really a multitude of computerized 'paraphernalia'. The research methodology developed was the bibliographical one, relying on authors who also emphasized the theme that are Franco, Freire, Penin and others. The problem was: does the public school follow all this computerization? Do these means help human relationships in school? The justification for the choice of theme was to verify that the teacher of Early Childhood Education can seek interventions that can minimize indiscipline in the classroom. Based on this relational aspect is that this project is effective, aiming to develop some reflections on the student-teacher relationship , in order to better understand some of the gaps that are present in the public school of Early Childhood Education, which, in contrast, end up reflecting on society in general.


Keywords: School Discipline. Teaching practices. Relations.




INTRODUÇÃO

 

O tema escolhido envolve intervenções que o professor pode fazer para que a indisciplina seja diminuída na Educação Infantil. E a linha de pesquisa é voltada para a docência na Educação Infantil.

A justificativa para a escolha do tema foi em perceber que as crianças não estão vivenciando a infância como no passado e levam para a escola o cansaço, a agitação como forma de externar sua necessidade de ser feliz.

O professor também possui fora da escola uma jornada de trabalho extensa, lhe faltando paciência e atividades interventivas para ocupar as crianças indisciplinadas. Como o docente da Educação Infantil está planejando atividades com o fim de diminuir e até acabar com a disciplina?

Os objetivos do estudo são: mostrar que é viável investir em atividades que envolvam as crianças e as façam ficar mais tranquilas e indicar atividades interventivas que o professor pode trabalhar com as crianças

Outro ponto a se considerar diz respeito à família que compõe a comunidade escolar, na maioria das vezes desestruturada: pais separados; vários ‘casamentos’; sem planejamento familiar, isto é, com muitos filhos; desempregada; alcoolizada; violenta; pobre; sem vínculo religioso, entre tantos outros problemas. Nesse sentido, como a escola pode estar contando com a participação delas? E os problemas gerados pelos alunos, quem responderá por eles? A quem recorrer nos momentos das tomadas de decisão?

A escola se vê sozinha, perdida, tentando muitas vezes resolver problemas que não lhe dizem respeito. Há de se mencionar que não são todas assim, existem também aquelas famílias estruturadas, mas que são em pequeno número.

Tais situações acabam por resultar num mau desempenho escolar. Chegando à evasão ou à repetência. Os principais autores utilizados nessa pesquisa foram: Franco, Freire, Penin e outros.

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DESENVOLVIMENTO

 

A informatização é muito importante. O computador é uma máquina excepcional, executando tarefas em fração de segundos, através da internet é possível conhecer pessoas, lugares e coisas praticamente do mundo todo.

Pode-se até dizer que estas reclamações dos professores são corretas e pertinentes, na medida em que do pedagógico não se pode ter bons resultados com todos estes desmandos. Muitas vezes, os educadores, na tentativa de “solucionar” o problema, passam a aplicar medidas corretivas, para tentar eliminar tais desmandos.

Vale destacar que, outra causa para o aumento da indisciplina educação infantil é “o excesso de mimos, a superproteção e a permissividade por parte dos pais/responsáveis também acarretam problemas de comportamento nessas crianças em casa e na escola. A criança educada dessa forma acha que todos estão a seu dispor para atendê-la e que não tem regras a seguir, tudo gira ao seu redor, ela é o centro das atenções.”. (OLIVEIRA, 2009, p. 06)

Ora, reduzir o problema da disciplina na escola, através destas medidas, pouco contribui para a compreensão desta problemática. Isto porque, a mesma não pode ser entendida de maneira estanque.

O comportamento das crianças no ambiente escolar e em casa é, na verdade, uma reação às atitudes de seus pais. Foi constatado que a maioria dos problemas de comportamento, como ausência de atenção e agressividade, é reflexo da conduta dos pais. Uma criança, por exemplo, que não consegue, em sala de aula, ficar parada em momento nenhum, mostrado-se sempre nervosa, brigona, agressiva com os colegas, sempre mal arrumada, cadernos rasgados, pode ser que uma das causas para tudo isso seja um relação conflituosa com a família ou a relação, também conflituosa, entre os pais, os quais brigam o tempo todo na frente dos filhos e acabam descontando na criança, com desprezo ou indiferença, com agressões físicas ou verbais. Este fenômeno, tão comum, leva a criança a pedir ajuda, demonstrando isso de várias maneiras, inclusive chamando a atenção para si, no ambiente escolar.( WEIL, 2004, p. 47)

 

A disciplina precisa ser compreendida como algo necessário para atingir um fazer pedagógico coerente e eficaz, estando intimamente relacionada à forma como a escola organiza e desenvolve seu trabalho.

Makarenko (2002, p. 17), educador russo, procurou estabelecer as relações entre educação e disciplina, a segunda como resultado da primeira. Pensava assim por um motivo muito simples: estava convencido de que a conquista do saber é uma coisa tão difícil, árdua e complicada que é impossível atingi-la a não ser com muito esforço, trabalho e disciplina. Estava convencido, por outro lado, de que a disciplina não surge espontaneamente e que a escola não pode arriscar o êxito do seu trabalho nessa esperança.

Para Makarenko (2002, p. 25), a escola não pode ser confundida com um “caos anárquico” onde cada um faz o que quer. Ao contrário, o papel da escola é exigir o máximo possível do aluno e, ao mesmo tempo, distingui-lo com o maior respeito possível.

Exigir o máximo do aluno, no entanto, não pode significar exigir o que está além de suas possibilidades, não podem ser exigências grosseiras e desligadas das pretensões e capacidades do mesmo.

É preciso ter respeito profundo pelo aluno. Para este estudioso, a disciplina deve ser acompanhada da compreensão de sua necessidade, da sua utilidade, da sua obrigação, do seu significado, e diz:

 

A disciplina assim, deve ser consciente na medida em que deve nascer da experiência social, da atividade prática do trabalho escolar, tornando-se exigência e tradição da própria comunidade escolar. (Makarenko, 2002,p. 12)

 

Ainda para este teórico, a simples obediência não é sinal de disciplina e não pode nos satisfazer como obediência cega que se exige habitualmente na velha escola... “A disciplina não se cria com algumas medidas disciplinares, mas com todo o sistema educativo, com a organização de toda a vida, com a soma de todas as influências que atuam sobre a criança” (MAKARENKO, 1992, p.12). Assim, as medidas e os castigos devem ser evitados ao máximo.

Completa, ainda, que a disciplina deve ser entendida como a soma da influência educativa (instrução, métodos de ensino, interação aluno x professor, conteúdos transmitidos, etc.) inserida dentro de um processo de cooperação e comprometimento com a formação do homem necessário à construção de uma nova sociedade.

Só se alcança a disciplina através do trabalho consequente do coletivo, de uma escola onde o aluno se sinta feliz e corresponsável pelo êxito escolar. Numa escola em que o aluno deve, sobretudo, estar convencido de que a disciplina é a forma de melhor conseguir o fim visado pela coletividade.

E como Gramsci (2007, p.31) vê o problema da disciplina? Para ele, disciplina é a capacidade de comandar a si mesmo, de se impor aos caprichos individuais, às vontades desordenadas: significa enfim, uma regra de vida.

Além disso, deve ser entendido como a consciência da necessidade livremente aceita, na medida em que é reconhecida como necessária para que um organismo social qualquer atinja o fim proposto.

Para Gramsci 2007, p. 32), a disciplina não é o oposto da liberdade e tão pouco algo que pode ser fixado de fora, do exterior. Ao contrário, disciplinar-se é tornar-se independente e livre.

O que o autor persegue com isto é a união da direção consciente e a espontaneidade. Isto só pode ser alcançado se a disciplina for fixada pelos próprios membros da coletividade que devem pôr-se de acordo entre si, discutindo com a máxima tolerância e respeito.

Assim, Oliveira (2009) especifica que o aluno indisciplinado é aquele que não desenvolveu a autodisciplina, que não tem consciência dos efeitos do seu comportamento para o seu aprendizado, que não consegue discernir o certo do errado, que não respeita os princípios da democracia em um ambiente social e que, em consequência disso, acaba agindo de forma irresponsável, atrapalhando o andamento das aulas com atos de desrespeito, vandalismo e agressão. (OLIVEIRA, 2009, p. 04)

A disciplina exterior está fadada ao fracasso, não é um instrumento educativo, ao passo que a disciplina fixada pela própria coletividade dos seus componentes, mesmo se tarda a ser aplicada, dificilmente fracassa na sua aplicação.

Gramsci (2007, p. 21) enfatizou a importância da disciplina, mas ao mesmo tempo, indica a necessidade de se evitar a coação e o arbítrio. “Colocar o acento na disciplina, na sociabilidade e pretender, todavia, sinceridade, espontaneidade, originalidade e personalidade, eis o que é verdadeiramente difícil e árdua”

Este teórico está convencido de que a escola deve assegurar ao aluno, ainda que abstratamente, a condição de poder ser dirigente. Isso não pode ser alcançado espontaneamente e num clima de liberdade entendido de maneira abstrata e metafísica. Ao contrário, o trabalho escolar, preocupado em propiciar ao aluno as condições para ser dirigente e não subalterno, exige esforço, trabalho e disciplina.

A escola não pode ser um local de ensino fácil e atraente em todos os momentos, mas um local que, dentro do respeito ao aluno, impõe sacrifícios, renúncias e esforço. Isto porque o progresso do aluno, rumo aos conhecimentos elaborados historicamente pelo homem, não se dá a não ser através de muita concentração e dedicação.

Partindo das contribuições teóricas de Foucault (1985, p. 08-15), Gramsci (1987, p.20-25) e Makarenko (2002, p. 16-24), a disciplina não pode ser pensada de maneira abstrata e tampouco poderá ser alcançada apenas com boas intenções. Ao contrário, exige que a escola esteja à altura para exigi-la, uma escola comprometida com a socialização do saber elaborado, como a melhoria da qualidade de ensino.

Para Franco (1996, p. 14), a criança indisciplinada está tentando dizer alguma coisa para a professora. É preciso saber ouvir e compreender a mensagem que se esconde por trás do comportamento tido como indisciplina.

A família está perdida em relação a educação dos filhos fazendo com que estes fiquem desorientados, sem saber o que devem fazer.

Aries (2006, p. 18), descobriu a criança para a pedagogia. E a mídia a descobriu para o consumo.

A escola, por exemplo, sendo instrumento do poder, instituição que traz para a sala de aula as discriminações, as diferenças de classes, os preconceitos da sociedade, sozinha, pouco ou quase nada poderá fazer para alterar o quadro disciplinar de nosso país. Porém, se pautar seu trabalho pela valorização e dignificação das classes populares, essa transformação tornar-se-á possível. (Foucault, 1995, p. 10)

 

Se for criado um planejamento participativo, será consequentemente desencadeado um processo disciplinar que poderá conduzir a duas situações opostas e conflitantes: a dominação ou a conscientização das pessoas envolvidas.

Para se chegar a segunda situação, tem que se propor uma disciplina politizadora, onde deverão estar bem claras as relações de poder existentes na comunidade envolvida, e de um conceito crítico de cidadania.

Segundo Oliveira (2005, p.21).

Além de a indisciplina causar danos ao professor e ao processo ensino-aprendizagem, o aluno também é prejudicado pelo seu próprio comportamento: ele não aproveitará que se nada dos conteúdos ministrados durante as aulas, pois o barulho e a movimentação impedem qualquer trabalho reprodutivo.

Na instituição escolar, o Conselho Escolar como também as Associações de Pais e Mestres, porta-vozes legais das aspirações e necessidades de todos os elementos que integram o trabalho educativo: professores, alunos e pais, devem trabalhar numa proposta de Planejamento Participativo, onde as relações de poder sejam desviadas da sua convergência habitual, ou seja, a centralização na pessoa do diretor ou do professor e direcionar-se para o grupo representativo de todos os elementos envolvidos no processo.

Segundo Freire (1984, p. 13) nunca se deve dizer um não sem dizer o porquê, senão o professor desmoralizará seu discurso, o qual deve ser de autoridade...

Às vezes, a criança não consegue entender o ponto de vista do professor quando diz que aquilo não é melhor para ela naquele momento, mas nem por isso deve ceder.

 

O professor, para situar o seu trabalho pedagógico nas condições reais de cada grupo, não pode ignorar que o aluno tem suas diferenças, e por isso exige-se autoridade para que a interação entre professor e aluno se funda num polo que é a busca do conhecimento. A disciplina, portanto, não pode se processar somente em sala de aula, mas sim em todas as instâncias da escola e da sociedade. Chega de reclamar que na escola nada se faz por causa da falta de disciplina. (D´Antolha, 2009, p. 78)

 

Essa relação caracteriza-se, também, pela diversidade de interesses que movem o pensar e o agir dos indivíduos e se articulam diretamente aos interesses existentes no interior da sociedade como um todo.

Como parte integrante da totalidade social, a escola precisa ser pensada dentro do contexto sócio-político-econômico no qual se encontra exercendo uma função, como diria Penin (2003, p. 25) certo papel mediador.

Dessa maneira, não se pode separar os procedimentos metodológicos escolares e os métodos pelos quais se busca a compreensão do movimento sócio histórico.

Aquino (2009, p.25) afirma que “embora o século XX tenha dado saltos impressionantes na área do conhecimento, tem-se a impressão de que o saber perdeu muito de seu prestígio”. O conhecimento perdeu espaço para a informação rápida adquirida por meios de comunicação de fácil acesso. A interferência direta dos meios de comunicação de massa no país contribui muito para essa mudança e atinge diretamente o dia-a-dia da família e consequentemente da escola.

Muitas vezes as crianças chegam à escola muito cansada de trabalhar no horário em que não está na escola e isso pode gerar a indisciplina. Com a evolução do mundo e a necessidade de consumir e de gerar capital, as pessoas passaram a trabalhar mais e a ter menos tolerância umas com as outras, e isso, em relação à criança foi aumentando. No passado se tem a lembrança do trabalho em família, onde os pais e filhos trabalhavam juntos e tinham uma vida mais tranquila. A criança trabalhava conforma suas limitações, em: venda de produtos diversos, em armazéns, no trato dos animais e tantas outras funções consideradas leves e outras pesadas.

Em consonância a isto Giancanterino (2007, p. 87) afirma:

A indisciplina em sala de aula e na escola tem sido uma preocupação crescente nos últimos anos entre os educadores. Os grandes responsáveis pela educação de jovens, como a família e a escola, não estão sabendo ou conseguindo cumprir o seu papel

Hoje, esta realidade existe ainda se percebem crianças trabalhando como domésticas, vendendo produtos no trânsito, catando material reciclável nas ruas e tantas outras funções que lhe tiram, direitos importantes preconizados na Constituição Federal e no Estatuto da Criança e do adolescente. Nesse sentido, a escola se envolveu em atividades que explicassem à sua clientela, aos profissionais e à comunidade que é preciso viver outra realidade, transformando o que pode parecer algo sem importância: tirar a criança da rua e do trabalho e encaminhá-la à escola de forma qualitativa, devolvendo-a seus direitos vitais de ser criança.

O trabalho infantil não é fato encerrado, ao contrário, é um dilema e um grande problema que atinge crianças dia a dia. Trata-se de um agravante que independe de nível social, de religião ou qualquer outra condição humana, é a necessidade de o adulto mostrar que é mais forte do que a criança, forma de coagir e de violentar alguém, através do trabalho, sem que lhe seja dado o direito de escolha (PANÚNCIO-PINTO, 2006).

Na realidade, constatam-se, pelos meios de comunicação de massa e pelas ocorrências próximas da realidade, que as crianças são os mais agredidos. A isso se deve, justamente, como falado no parágrafo anterior, à sua menor fraqueza.

Portanto para D’Antola, (2009, P. 2):

(...) O problema de indisciplina pode ser provocado por problemas psicológicos ou familiares, ou da construção escolar, ou das circunstâncias sócio – históricas, ou então, que a indisciplina é causada pelo professor, pela sua responsabilidade, pelo seu método pedagógico, etc.

Na maioria dos casos são crianças cujos pais trabalham o dia todo e não têm controle às ações das crianças, que se oferecem para ajudar e são exploradas; ou mesmo são convidadas a trabalhar; quando os pais descobrem julgam como algo aceitável, pois é melhor estar ali do que na rua. Ou mesmo, na falta de um dos entes, o ente responsável oferece a filha para trabalhar em casa de família; ou o filho para a capina e limpeza de lote, para carregar material de construções e outras situações parecidas. Também o desemprego pode gerar conflitos, como drogas e alcoolismo, que inserem a criança em sinais de trânsito para vender guloseimas ou pedir em horas exaustivas, muito mais que uma jornada de trabalho normal.

Conforme o Ministério da Justiça, as agressões à criança em seus direitos são a principal causa de abandono de escola ou mau desempenho nela, sintomas diversos que podem agravar a saúde e outras. Grande parte dessas é advinda do ambiente impróprio para a criança, pois o trabalho a expõe a situações suportar peso. Machucar as mãos, forçar a coluna e outros órgãos, ficar sem se alimentar adequadamente por longas horas e também sem ingerir água. A UNICEF estima que, diariamente, milhões de crianças sejam exploradas de alguma forma no Brasil (BRASIL, 1995).

Além do trabalho informal, há casos de crianças que são abusadas sexualmente em troca de dinheiro, este que possivelmente lhe serve para comprar o que deseja (doces, brinquedos, etc.) ou o que poderá “sustentar”, em parte sua família (mantimentos, cigarro, drogas, álcool). Isso ocorre, pois, em diversas situações, felizmente não a maioria, porque as crianças são dependentes de quem os mantêm.

Dificilmente crianças fazem denúncias, quando estas ocorrências partem de vizinhos e outras pessoas que se sentem incomodadas com o problema e acreditam que este terá solução a partir da denúncia ao Conselho Tutelar e à delegacia.

O fato dos pais serem negligentes em relação aos filhos trabalharem perpassa pela ideia de que por estarem desempregados os subsídios governamentais deveriam ser suficientes para sustentar a família toda o que não condiz com a proposta do Programa Bolsa Escola, por exemplo. Que é uma ajuda de custo com materiais, uniforme e outros gastos com escola, para que a criança esteja frequentemente ali, aprendendo e se socializando.

Entende-se que a questão da negligência não deve ser atribuída exclusivamente à falta de condições financeiras dos pais. O fato de não proporcionar recursos materiais, devido à pobreza, não se configura como negligência, mas sim a carência, já que tais recursos seriam oferecidos caso houvesse. Ballone (2008, p. 5) explica o termo negligência como:

Negligência é a atitude omissa, seja materialmente, seja afetivamente (Negligência Material e Negligência Emocional). Inúmeros trabalhos mostram que o apoio afetivo, o carinho e o amor são tanto ou mais essenciais para o desenvolvimento da pessoa quanto à mesa farta.

 

O que se pretendeu, com as ações do Projeto, foi propor aos alunos atividades que pudessem entender e transmitir aos outros, que atualmente está sendo oportunizado às crianças o direito de viver, de se divertir, estudar e poder ser criança.

O empenho da justiça em coibir ações que retratem o trabalho infantil são muitos; principalmente veiculando aos adultos as consequências da exploração infantil. Os recursos em prol de uma melhor qualidade, no que tange à educação das crianças também existem, como os subsídios ofertados pelo Governo Federal (Bolsa Família, Bolsa Escola, etc.), obviamente que não são suficientes, mas auxiliam a renda familiar nos gastos com os filhos.

Como forma de intervenção, entende-se que aproximar a família do mundo escolar é uma ação relevante e eficaz.

A parceria da família com a escola sempre será fundamental para o sucesso da educação de todo indivíduo. Quando, na medida certa, a interação família e escola acontece auxilia o trabalho do professor no ensino aprendizagem.

Segundo Tiba (2006, p.57), uma criança naturalmente quer fazer apenas o que tem vontade. É a educação adequada dada pelos pais que a capacitará a determinar o que deve ou não ser feito, com quem, quando e onde. A participação dos pais na vida escolar do seu filho garantirá a ele segurança de que a escola é o lugar onde encontrará o crescimento intelectual e a socialização tão importante para viver em sociedade.

Na educação superior é importante a abordagem do tema Família e Escola. Por meio deste pode ser apresentado o tema para os alunos e futuros educadores. A família e a escola têm a função de garantir que a aprendizagem seja desenvolvida numa educação direcionada ao conceito ético e social formando um cidadão com censo crítico. O tema é relevante por ser atual, sendo alvo de constantes debates.

O comportamento das crianças no ambiente escolar e em casa é, na verdade, uma reação às atitudes de seus pais. Foi constatado que a maioria dos problemas de comportamento, como ausência de atenção e agressividade, é reflexo da conduta dos pais. Uma criança, por exemplo, que não consegue, em sala de aula, ficar parada em momento nenhum, mostrando-se sempre nervosa, brigona, agressiva com os colegas, sempre mal arrumada, cadernos rasgados, pode ser que uma das causas para tudo isso seja uma relação conflituosa com a família ou a relação, também conflituosa, entre os pais, os quais brigam o tempo todo na frente dos filhos e acabam descontando na criança, com desprezo ou indiferença, com agressões físicas ou verbais. Este fenômeno, tão comum, leva a criança a pedir ajuda, demonstrando isso de várias maneiras, inclusive chamando a atenção para si, no ambiente escolar. ( WEIL, 2004, p. 47)

Falar sobre família e escola, é falar de um tema bem cobrado nas escolas por professores, considerando essa relevância que se dá a participação da família na escola, procura-se neste trabalho, buscar construir um paralelo, entre os processos educativos e os processos familiares, contribuindo para formação não só dos profissionais da área, mas também, a título de informação, despertando a consciência das famílias interessadas na formação e desenvolvimento desses alunos.

Compreender a contribuição familiar pode abrir um horizonte de trabalhos no qual se desenvolve uma criticidade em relação aos processos sociais, e faz com que, não somente os alunos, mas também os pais e parentes, se tornem participativos no meio social onde vivem. Dessa forma, pode-se até transformar uma sociedade com vários estereótipos sociais, em uma sociedade com mais respeito e uma efetiva democracia.

Segundo Aquino (2006), o conceito de indisciplina, como toda criação cultural, não é estático, uniforme, nem tampouco universal. A indisciplina se relaciona com um conjunto de valores e expectativas que variam ao longo da história entre as diferentes culturas e numa mesma sociedade. Os educandos vêm de culturas e valores diferentes entre si, por isso precisam ser direcionados para que sigam na mesma direção e este é o papel do professor.

A parceria família e escola são fundamentais para o sucesso da educação de cada indivíduo. Portanto pais e educadores devem ser grandes amigos nessa caminhada da formação educacional do ser humano.

Esse resgate da família, certamente auxiliará a escola e os professores no combate à indisciplina das crianças, gerando mais harmonia nas relações humanas naquele espaço.

Segundo Aquino (2006, p.40) a indisciplina é traduzida como: “bagunça, tumulto, falta de limite, maus comportamentos, desrespeito às figuras de autoridade, etc.” Esse conceito de indisciplina traduz a realidade das salas de aula frequentadas por alunos de diversas comunidades do Brasil.

No âmbito das instituições escolares, as relações devem garantir condições adequadas para o desenvolvimento do aluno, bem como as expectativas da escola não podem refletir uma relação autoritária, onde as decisões são elaboradas apenas por um grupo, porém, devem ser balizadas por uma orientação consensual que reflita toda a contribuição da comunidade escolar. Portanto, devemos nos atentar que o conceito de indisciplina está vinculado a uma complexidade de fatores dos quais não podem mais ser vistos por uma lógica obsoleta, mas sim, compartilhar a necessidade de lidar com as adversidades que suscitam do comportamento humano.

Para Vasconcelos (2009, p.240).

(...) é muito comum ouvirmos dos professores a queixa de que os pais não estabelecem limites, não educam seus filhos com princípios básicos como saber se comportar respeitar os outros, saber esperar sua vez, etc.

São momentos infelizes que trazem à tona contextos históricos em que o aluno deveria se anular (enquanto possuidor de uma gama de conhecimentos sociais, natos, ou de outra forma) para assimilar os conteúdos aplicados em sala pelo professor.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Conclui-se que a indisciplina na Educação Infantil tem ocasionado grandes dificuldades no ambiente escolar, dessa forma cabe a família junto com a escola buscar sanar essa dificuldade. Importa que o professor oriente seus alunos na aquisição de informação, que os motive a ser bons leitores, que os incentivem a ter objetivos profissionais.

Na escola, o Gestor deve motivar o professor para que deva ter o prazer de desempenhar sua função e fazer de cada dia novo e diferente para não cair na rotina e no estresse, assim estará disposto a enfrentar os diversos problemas que encontrar numa instituição escolar, um deles é a indisciplina escolar. Também o gestor deverá buscar resgatar os pais para o contato maior com os filhos e demais membros da comunidade escolar.

Cabe à escola, apenas desenvolver os papéis que sempre lhe foram atribuídos: complementar a sociabilização do aluno, como extensão do que a família (como a primeira instituição de que ele participa) já faz e oferecer-lhe conhecimento.

A inversão dessas competências pode comprometer, e muito, tanto a vida pessoal quanto à vida escolar de qualquer pessoa, causando distúrbios psicológicos, falta de limite, dificuldades de aprendizagem e indisciplina.

 

REFERÊNCIAS

 

AQUINO.J.G. A desordem na relação professor-aluno.In: Aquino.J.G. ( org) Indisciplina na escola: alternativas teóricas e praticas.8 ed. São Paulo: Summus, 2006.

 

ÀRIES P. História social da criança e da família. Rio de Janeiro: Guanabara, 2006.

Ballone, G.J., Ortolani, I.V. Violência Doméstica. Disponível em: www.psiqweb.med.br, revisto em 2008. Acesso em 6 jun. 2016.

BRASIL. Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente. Resolução n° 41 de Outubro de 1995 (DOU 17/19/95).

D’ANTOLA, Arlete (Org.). Disciplina na Escola: Autoridade versus Autoritarismo. Editora Pedagógica e Universitária Ltda. São Paulo, 2009.

FRANCO, Luiz Antonio Carvalho. A disciplina na escola. Revista da Associação Nacional de Educação – ANDE, 2006.

FREIRE, Paulo. Educação e mudança. 7. ed. Trad. de Moacir Gadotti e Lilian Lopes Martins. São Paulo: Paz e Terra, 1984.

GIANCATERINO, Roberto. Escola, professor, aluno: Os participantes do processo educacional. São Paulo: madros, 2007.

MAKARENKO, A.S. Conferência sobre educação infantil. Moraes, São Paulo, 2002.

OLIVEIRA, Maria Izete. Indisciplina escolar: determinações, conseqüências e ações Brasília: Líber livro, 2005.

OLIVEIRA, M. I. de. Fatores psico-sociais e pedagógicos da indisciplina: da infância à adolescência. Linhas Críticas, Brasília, v. 14, n. 27 p. 289-305, jul./dez. 2009.

PAFÚNCIO-PINTO, M. P. O sentido do silêncio dos professores diante da violência doméstica sofrida por seus alunos: uma análise do discurso. 2006. 193 f. Tese (Doutorado em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano) – Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo, São Paulo.

PENIN, Sonia. Cotidiano e escola: a obra em construção. São Paulo: Cortez, 2003.

TIBA, I. Disciplina, limite na medida certa.São Paulo:Editora Gente, 2006

VASCONCELOS , Celso dos Santos. Os desafios da indisciplina em sala de aula e na escola. Disponível em HTTP:// WWW.sinterroraima.com.br/imagens/artigos/desafios indisciplinas 01pag. acesso em 29/02/2018.

WEIL, P. G. A Criança, o lar e a escola – guia prático de relações humanas e psicológicas para pais e professores. Petrópolis: Vozes, 2004.