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DIAGNÓSTICO DO USO DA MÚSICA COMO RECURSO PEDAGÓGICO COM AS CRIANÇAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Cristiane Lopes da Silva

Cristina Lopes da Silva

Crislaine Lopes da Silva


RESUMO

A música deve proporcionar prazer, cooperar para a progressiva evolução das sociedades, minorando o desassossego, a discórdia, o preponderante interesse, e ampliando os sentimentos. O objetivo da pesquisa consistiu na análise, acerca da influência da música no desenvolvimento integral da criança, bem como na identificação do uso da mesma como recurso pedagógico; constatou-se que a maioria dos educadores usa a música, conscientes da influência dela no desenvolvimento social, afetivo e cognitivo das crianças da Educação Infantil. O procedimento, metodológico do presente trabalho classifica-se como pesquisa bibliográfica e de levantamento de dados. Pesquisa bibliográfica porque, para a sua elaboração, foram utilizados livros, artigos científicos e documentos da internet. Conclui-se que a música é fundamental estímulo no processo de desenvolvimento da criança, pois é prazeroso o ato de cantar e ouvir e estimula várias áreas do cérebro humano. Portanto, é importante brincar e cantar com as crianças, pois estabelece vínculo afetivo forte e significativo. Ela é gratificante, linguagem universal, utilizada para expressar sensações e sentimentos.

Palavras chave: Desenvolvimento. Musica. Educação Infantil.


ABSTRACT

 

Music should provide pleasure, cooperate for the progressive evolution of societies, reducing unrest, discord, preponderant interest, and broadening feelings. The objective of the research was to analyze the influence of music on the integral development of the child, as well as on the identification of the use of the same as a pedagogical resource; it was found that most educators use music, aware of its influence on the social, affective and cognitive development of children in Early Childhood Education. . The methodological procedure of the present work is classified as bibliographic research and data collection. Bibliographical research because, for its elaboration, books, scientific articles and documents of the Internet were used. It is concluded that music is fundamental stimulus in the development process of the child, because it is pleasant to sing and listen and stimulate several areas of the human brain. Therefore, it is important to play and sing with the children, because it establishes a strong and meaningful affective bond. It is gratifying, universal language, used to express feelings and feelings.

Keywords: Development. Music. Child education.


INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem por objetivo identificara utilização da música como recurso pedagógico no ensino-aprendizagem e na socialização das crianças da educação infantil, diagnosticar quais são os repertórios que os educadores utilizam nas suas atividades propostas; averiguar como os professores utilizam a música no desenvolvimento afetivo da criança.

Segundo Brito (2003), o educador deve cantar e brincar com a voz, explorando possibilidades sonoras diversas, imitando vozes de animais, ruídos, os sons das vogais e das consoantes. É importante que o trabalho vocal ocorra num ambiente motivador e descontraído, livre de tensões exageradas que podem comprometer a qualidade da voz infantil, o educador nesse momento será um modelo a ser seguido, por isso não deve gritar,não forçar a voz, respirar tranquilamente, manter-se relaxado e com boa postura.

Mas o importante é brincar e cantar com as crianças, pois o vínculo afetivo que se estabelece nos grupos em que se canta é forte e significativo. Segundo Loureiro (2003), o ensino de música deve ter uma atenção especial e ser ofertado no nível da educação básica, principalmente na educação infantil, pois é nessa etapa que a criança estabelece e pode ter assegurada sua relação com o conhecimento, operando-o no nível cognitivo e outros. Ela ainda nos afirma que a música e os cantos infantis exercem papel fundamental nos jogos do dia a dia estimulando e ajudando no desenvolvimento integral da criança.

É comum nos dias de hoje ouvir música em todas as situações, na alegria, na tristeza e na saudade, com o avanço da tecnologia e com a rapidez das informações é possível conhecer as características de um povo e sua identidade social e cultural.

A música faz parte da humanidade desde a pré-história, alguns autores relatam que a música foi descoberta pelo homem primitivo através dos gritos, batida dos pés e das mãos. Na Grécia antiga a música já era vista como um recurso pedagógico no desenvolvimento do educando, pois a mesma estimula a socialização e atenção, possibilitando que a criança se relacione melhor no meio em que vive. a socialização e atenção, possibilitando que a criança se relacione melhor no meio em que vive.

Outros fatores muito importantes com a utilização da música na educação infantil são de estimular as partes motoras, possibilitar as habilidades diversas e sensoriais, atuar diretamente sobre os sentidos, imaginação, memória, atenção, raciocínio e no controle emocional.

Para utilizar a música como recurso pedagógico na educação infantil é preciso que os educadores estimulem as crianças a conhecerem diversas melodias; sendo uma linguagem universal a música é de grande valia.

A música é um conhecimento que se constrói através da vivência umas com as outras, pois assim torna a criança e um adulto capaz de um olhar crítico e criativo. É de suma importância que os educadores conheçam um pouco sobremúsica, assim os professores terão mais clareza para melhor elaborar suas atividades, portanto a música contribui de forma significativa no desenvolvimento da criança cabe ao educador oferecer de forma prazerosa.

A música é algo que sempre esteve associada às tradições e à cultura de um povo, ela oferece ao ser humano sensações de prazer, bem estar, pode ser utilizada para ninar um bebê, dançar, refletir ou simplesmente para ouvir.

Com o avanço da tecnologia a música pode ser ouvida através do rádio, televisão, computador ou,em casos mais simples como no cantar de um pássaro; sendo uma linguagem universal a música é usada para sensibilizar o outro, seja para vender um produto, ajudar o próximo, para fins religiosos, protestos, mas também como recurso pedagógico no desenvolvimento integral da criança.

A utilização da música na educação infantil visa ajudar os educadores a desenvolver um diálogo, estimula a socialização e a atenção de seus alunos; ela é de grande valia no desenvolvimento do sujeito, por isso as escolhas dos repertórios devem ser feitas de forma adequada para cada idade assim ficará mais fácil para o educador despertar o diálogo entre os seus alunos, pois a música ajuda as crianças a se libertarem, ou seja, faz com que elas se relacionem melhor.

 

Desenvolvimento


A música está presente em todas as culturas de um modo geral, em todas as épocas, no tempo e no espaço, aqui e agora, principalmente na educação infantil e sua utilização nas atividades recreativas e festas comemorativas, são apresentadas pelas as crianças por gestos corporais de forma expressivas e prazerosas.

A música é uma linguagem universal, segundo dados antropológicos se iniciaram na pré-história, ela está ligada na vida do ser humano antes do nascimento através do som que é transmitido do coração de sua mãe; a criança consegue sentir os sons que são produzidos pelo meio,seres vivos e objetos. A música é uma ferramenta pedagógica para auxiliar o educador em suas atividades propostas, pois a criança necessita de diversas formas para aprender e desenvolver suas habilidades.

A criança precisa ser sensibilizada para o mundo dos sons, pois é através da audição que ela possui o contato com os fenômenos sonoros e com a linguagem.

A educação tem como objetivo desenvolver em cada ser a sua perfeição de que é capaz de lidar com cada situação do dia-a-dia. Porém, sem a utilização da música não é possível atingir esta meta, pois nenhuma outra atividade consegue levar o indivíduo a agir e pensar, a música atinge a motricidade, por meio do ritmo e do som, e por meio da melodia, atinge a afetividade.

Brito (2003), descreve que o trabalho pedagógico musical que se pode realizar nos contextos educativos nos quais a música é entendida como um processo contínuo de construção que envolve perceber, sentir, experimentar, imitar, criar e refletir. A partir dessa concepção, incentiva uma educação musical para todos, destacando a função do meio social e da educação com objetivos socializadores e didáticos, aproximando educadores, música e crianças para o desenvolvimento de um trabalho com a música. Ela também traça um itinerário sobre conceitos subjacentes à música e à didática, até o trabalho com os instrumentos musicais e sonoros, e suas confecções.

A expressão musical infantil segue uma trajetória que vai do impreciso ao preciso. Entre os dois ou três anos, pode-se variar a velocidade, intensidade, explorar e realizar sons de diversas alturas, de diferentes durações, sem a orientação de um pulso regular, onde, fazer música significa o contato com elementos pertinentes a ela.

De acordo com Brito (2003), na educação infantil a música é linguagem cujo conhecimento se constrói com base em vivências e reflexões orientadas. Todos devem poder tocar um instrumento, através dessas práticas valorizadas pelo processo construtivo. Essa produção deve ocorrer através de dois eixos, a criação e a reprodução, que garantem três possibilidades de ação: a interpretação, a improvisação e a composição.

A música está presente em todas as culturas de um povo de um modo geral, principalmente na educação infantil. Brito (2003),ressalta que a música, enquanto linguagem e área de conhecimento, inserida no contexto escola/sala de aula, não devem acontecer ao acaso. É fundamental dar às crianças uma orientação e instrumentos adequados e necessários para a sua auto-expressão, criatividade, a expressão de sentimentos e ideias, elementos imprescindíveis para as crianças continuarem a aprender ao longo da vida e para um desenvolvimento harmonioso, coerente e saudável da sua personalidade. Isso significa que é fundamental o papel da escola no estudo da cultura musical, pois nela, como terreno de mediação poderá ocorrer trocas de experiências pessoais, intuitivas e diferenciadas.

Brito (2003) afirma que o ensino de música como saber escolar inserido no currículo da escola infantil apresenta-se hoje diluído numa diversidade de funções e numa variedade de abordagens pedagógico-musicais. Na medida em que se almeja uma educação musical voltada para o prazer e o desabrochar da criança, o grande esforço requer a construção de uma prática educativa democrática, abrangente e formativa.

Atualmente existem diversas definições para música, de acordo com Brito (2003), as definições de música expressam diferentes concepções; no dicionário Aurélio, música é a arte de combinar os sons de modo agradável ao ouvido e também, qualquer conjunto de sons, e segundo a autora, o que importa é estarmos sempre próximos a ideia essencial à linguagem musical: a criação de formas sonoras com base em sons e silêncio.

Para Brito (2003), a música deve ser entendida e interpretada como um processo educacional orientado para a promoção e participação mais abrangente na cultura socialmente produzida. Pode, desse modo, proporcionar ao aluno o desenvolvimento da percepção, da expressão e do pensamento necessários à decodificação da linguagem musical, assim como dos sentidos e significados dessa linguagem na cultura de um povo.

A música é tão valiosa para a humanidade que os gregos já utilizavam para o auxilio à uma educação harmoniosa entre o corpo e mente; eles utilizavam a música na formação do caráter do sujeito e não somente na aquisição de conhecimentos.

Segundo Brito (2003), reconhecer o valor das vivências e das experiências dos alunos deve partir do próprio cotidiano escolar, pois assim, numa ação conjunta o professor pode superar a reprodução de ideias, normas e valores, dos modelos enraizados nos discursos acadêmicos e tentar uma aproximação com o conhecimento que os alunos levam para dentro da sala, contextualizando-o de acordo com a sua realidade, ao mesmo tempo em que aos alunos cabe vivê-los com mais intensidade, enriquecendo, cada vez mais, seu universo cultural.

Aprender a escutar deve ser um dos aspectos trabalhados com empenho e atenção pelos educadores, porque a escuta tem grande importância na educação infantil, pois todos os demais conteúdos se alinham por meio da audição e da percepção. Desse modo, segundo Brito (2003), a música faz com que a educação seja um processo natural de movimento, envolvimento e desenvolvimento, e não algo maçante e massacrante, imposto à criança.

O educador poderá trabalhar a música nas áreas da educação como, por exemplo, na comunicação, na expressão, etc., facilitando a aprendizagem, tornando assim o ensino de forma mais agradável para a criança, fazendo com que ela fixe determinados assuntos com facilidade, e de forma agradável.

Brasil (1998, p.77), coloca que para que a aprendizagem da música possa ser fundamental na formação de cidadãos, é necessário que todos tenham a oportunidade de participar ativamente como ouvintes, intérpretes, compositores e improvisadores, dentro e fora da sala de aula;envolvendo pessoas de fora no enriquecimento do ensino e promovendo interação com os grupos musicais e artísticos das localidades. A escola pode contribuir para que os alunos se tornem ouvintes sensíveis, amadores talentosos ou músicos profissionais, incentivando a participação em shows, festivais, concertos, eventos da cultura popular e outras manifestações musicais; ela também pode proporcionar condições para uma apreciação rica e ampla onde o aluno aprenda a valorizar os momentos importantes em que a música se inscreve no tempo e na história.

A musicalidade é um processo de construção do conhecimento, que tem como objetivo despertar e desenvolver o gosto musical, favorecendo o desenvolvimento da sensibilidade, criatividade, senso rítmico, do prazer de ouvir música, da imaginação, memória, concentração, atenção, autodisciplina, do respeito ao próximo, da socialização e afetividade, também contribuindo para uma efetiva consciência corporal e de movimentação. (BRÉSCIA, 2009, p.54)


Percebe-se hoje, que se a musicalidade não for trabalhada na educação infantil, é bem possível que encontremos muitos problemas de aprendizagem, timidez e medo posteriormente no âmbito escolar. A observação da espontaneidade da criança frente à música pode proporcionar excelente material de estudo a cerca de seu desenvolvimento cognitivo, afetivo e motor, assim como, a indiferença à uma estimulação musical pode ser uma reação concreta e significativa a uma situação vivencial insatisfatória. Assim, através da música, o educador cria um ambiente favorável para que seus alunos aprendam com entusiasmo.

Uma boa música nos ajuda a conservar a saúde. O tipo de música que escolhemos estará diretamente relacionado com o tipo de energia que compõe o seu campo de energia e ao tipo de aprendizado pessoal que você estiver fazendo num determinado momento. Precisamos ter liberdade para escolher o tipo de música de que gostamos e para usar da maneira que quisermos. (SOUZA, 2008, p.187)

Quando falamos em música, logo outro pensamento nos vem à cabeça, quase que instantaneamente, ou seja, pensamos em diversão, alegria, prazer. Nos dias atuais, os avanços tecnológicos estão cada vez mais presentes no cotidiano dos nossos alunos, sendo assim, os Centros de Educação torna-se pouco ou nada interessante, somente com quadro e giz, livros, lápis, cadernos e conteúdos arcaicos.

Aulas com música implicam em definições objetivas, as quais se baseiam na receptividade musical comum a todo ser humano e no universo musical a que a criança ou jovem pertence. A aprendizagem através da música, além de promover o gosto e o senso musical, ele favorece a expressão artística formando o ser humano com uma cultura musical desde criança, sendo capaz de usufruir da música, analisá-la e compreendê-la. O trabalho com a linguagem musical deve ser interessante para ambos (educador e educando), e isto só acontecerá se houver uma conscientização cada vez maior da importância de se respeitar a expressividade infantil e de criar oportunidades para que a criatividade esteja presente na sala de aula.

Segundo Ferreira (2002, p.14) “é de suma importância o professor utilizar a música em suas aulas, mas é preciso dedicar-se, atualizar-se, fundamentar-se”. Procurando compreendê-lo em sua amplitude desenvolvendo o prazeroso trabalho de sempre escutar os mais variados sons em suas combinatórias infinitas, com ouvidos atentos e também ler o que for possível a respeito. Se tiver a oportunidade de praticar, tiver o domínio sobre os temas ampliados, tendo assim melhores condições de discernir a realidade de seus alunos.

A música é uma estratégia de intervenção, que pode facilitar a formação integral do ser humano. A observação da espontaneidade da criança frente a música pode proporcionar excelente material de estudo de seu desenvolvimento cognitivo, afetivo e motor, assim como a indiferença a uma estimulação musical pode ser uma reação concreta e significativa a uma situação insatisfatória.

A escola deve facilitar a aprendizagem utilizando-se de atividades lúdicas que criem um ambiente alfabetizador para favorecer o processo de aquisição da autonomia, da aprendizagem. Ao ingressar na escola, a criança sofre um considerável impacto físico-mental, pois, até então, sua vida era exclusivamente dedicada aos brinquedos e ao ambiente familiar.

Ducorneau (2004) argumenta que o primeiro passa para que a criança aprenda a escutar bem consiste em permitir que ela faça experiências sonoras com as qualidades do som como o timbre, a altura e a intensidade, depois disso, estarão em posição de escuta.

A música não substitui o restante da educação, ela tem como função atingir o ser humano em sua totalidade. Stefani (1987), a música afeta as emoções, pois as pessoas vivem mergulhadas em um oceano de sons. Em qualquer lugar e qualquer hora respira-se a música, sem se dar conta disso. A música é ouvida porque faz com que as pessoas sintam algo diferente, se ela proporciona sentimentos, pode-se dizer que tais sentimentos de alegria, melancolia, violência, sensualidade, calma e assim por diante, são experiências da vida que constituem um fator importantíssimo na formação do caráter do indivíduo.

A música hoje é o resultado do produto de longas e incontáveis vivências coletivas e individuais com as experiências de civilizações diversas ao longo da história. Portanto, não podemos nos espantar ao depararmos com novas experiências que nos revelam as várias facetas concretas e abstratas de que a música é constituída.

Educação Musical tem ocupado seu espaço no currículo escolar do ensino regular, de maneira a contribuir na busca de uma escola que encontre alternativas a suas limitações. Porém encontramos neste contexto, uma realidade escolar rígida onde é preciso lecionar para determinada turma em determinado horário, utilizando determinado espaço físico e um tipo pré-determinado (pela prática e não pela teoria) de atuação onde cada professor especialista deve responder única e exclusivamente por sua área de competência, pois segundo estudo realizado por Snyders (1992) abordar a Educação Musical dentro do contexto deve ser de forma interdisciplinar. E para Santa Rosa,

O Musical é uma manifestação artística que reúne música, teatro e dança e, nesta pesquisa, apresenta-se como forte aliado na busca pela educação libertadora e abrangente, pois busca desenvolver nos alunos, não somente o seu intelecto, mas também aspectos psicossociais, cognitivos, musicais e artísticos. (SANTA ROSA, 2006, p.6)

A escola deve ampliar o conhecimento musical do aluno, oportunizando a convivência com os diferentes gêneros, apresentando novos estilos, proporcionando uma análise reflexiva do que lhe é apresentado, permitindo que o aluno se torne mais crítico. uma das tarefas primordiais da escola é assegurar a igualdade de chances, para que toda criança possa ter acesso à música e possa educar-se musicalmente, qualquer que seja o ambiente sócio-cultural de que provenha. Para Snyders,

A função mais evidente da escola é preparar os jovens para o futuro, para a vida adulta e suas responsabilidades. Mas ela pode parecer aos alunos como um remédio amargo que eles precisam engolir para assegurar, num futuro bastante indeterminado, uma felicidade bastante incerta. A música pode contribuir para tornar esse ambiente mais alegre e favorável à aprendizagem, afinal propiciar uma alegria que seja vivida no presente é a dimensão essencial da pedagogia, e é preciso que os esforços dos alunos sejam estimulados, compensados e recompensados por uma alegria que possa ser vivida no momento presente. (SNYDERS, 2004, p.14)


As atividades musicais realizadas na escola não visam à formação de músicos, e sim, através da vivência e compreensão da linguagem musical, propiciar a abertura de canais sensoriais, facilitando a expressão de emoções, ampliando a cultura geral e contribuindo para a formação integral do ser. Feil diz que,

A criança precisa ser constantemente estimulada, para o desenvolvimento de sua inteligência e a exploração de sua inquietação, pois “é, por natureza, inquieta. Sente necessidade de correr, pular, brincar. Ela, tendo espaço e oportunidade, naturalmente executa seus movimentos. Cabe à escola oferecer espaço e momentos para continuar e possibilitar este processo”. (FEIL, 2005, p.45)

Ouvir música, aprender uma canção, brincar de roda, realizar brinquedos rítmicos, são atividades que despertam, estimulam e desenvolvem o gosto pela atividade musical, além de propiciar a vivência de elementos estruturais dessa linguagem. Através dos materiais sonoros, descobre instrumentos, inventa melodias e ouve com prazer a música de todos os povos. Cantando, tocando ou dançando, a música de boa qualidade proporciona diversos benefícios para as crianças e é uma grande aliada no desenvolvimento saudável da criançada.

Para Ducourneau (2004), a música representa uma importante fonte de estímulos, equilíbrio e felicidade para a criança. Conseqüentemente, as brincadeiras musicais contribuem para reforçar todas as áreas do desenvolvimento infantil, representando um inestimável benefício para a formação e o equilíbrio da personalidade da criança. Cada vez mais a Educação nos coloca frente à importância de inserir a música no dia a dia da criança. Pois, a música também é uma atividade de socialização; e em contrapartida, quando aprende a tocar algum instrumento, também aprende a ficar sozinha e perceber a importância disso, sem se sentir solitária. Trata-se de compreender de que forma a música produz e reproduz significados em uma determinada cultura. Gonçalves diz que,

É importante lembrar que também a nossa escuta, tanto musical, quanto educacional, assim como os outros sentidos, guiam-se por limites impostos pela cultura, ou seja, o território do ouvir tem relação direta com os sons da nossa vivência, do nosso entorno, sejam eles musicais ou não, pois a cultura imprime suas marcas no indivíduo, ditando normas e fixando ideais nas dimensões intelectuais, afetivas, morais e físicas, ideais esses que indicam à Educação o que deve ser alcançado no processo de socialização. (GONÇALVES, 2004, p.13)


Segundo Loureiro (2003, p.36), “a música poderia exercer sobre o homem poder maléfico ou benéfico, por imitar a harmonia das esferas celestes, da alma e das ações”. Com seu encanto sedutor, poderia conduzir perniciosamente o homem, através de um complexo de emoções não recomendáveis, como também teria condições de realizar o inverso, contribuindo de modo eficaz, para a educação da juventude.

As crianças pequenas aprendem tanto ou talvez mais, por elas próprias do que com os adultos. No entanto, se os adultos destinarem o tempo das crianças necessário ao desenvolvimento musical das crianças pequenas e se não superestimarem a sua compreensão, elas virão a sentir-se mais á vontade com todos os tipos de músicas numa idade mais precoce e desenvolverão atitudes positivas em relação á música que perdurarão ao longo da sua vida. Gordon (2000, p.7) acredita que “as crianças da pré-escola não devem ser ensinadas como se fossem jovens adultos ou mesmo crianças do pré-primário, nem se deve avaliar o desenvolvimento das suas capacidades musicais com base no que os adultos conseguem ou não fazer”.

Pela sua fundamental importância no desenvolvimento integral da criança, Brasil (1998) também nos afirma que a música deve estar integrada no contexto da educação:

A integração entre os aspectos sensíveis, afetivos, estéticos e cognitivos, assim como a promoção de interação e comunicação social, conferem caráter significativo à linguagem musical. É uma das formas importantes de expressão humana, o que por si só justifica sua presença no contexto da educação, de um modo geral, e na educação infantil, particularmente. (BRASIL, 1998, p. 44)

A música tem uma contribuição muito grande para o desenvolvimento cognitivo da criança, como diz Brasil (1998), por meio das melodias curtas, e das cantigas de ninar que os adultos cantam, criam-se momentos significativos no desenvolvimento cognitivo das crianças;pois desenvolve sua imaginação, sua fantasia, estimulando o desenvolvimento do pensamento, ou seja, do seu cognitivo.

Outro desenvolvimento muito estimulado pela música é o desenvolvimento afetivo, pois segundo Jeandot (2007), até mesmo antes de nascer, ainda no útero materno, a criança tem contato com a música através da pulsação do coração de sua mãe, e ao nascer ela se relaciona com a música através do acalanto e de canto de pessoas que a rodeiam. Esse contato com a música através dessas pessoas, muito estimula o desenvolvimento afetivo. Ainda de acordo com Jeandot:

É interessante observar a grande influência que a música exerce sobre a criança.(...) Ao adulto caberá compreender em que medida a música constitui uma possibilidade expressiva privilegiada para a criança, uma vez que atinge diretamente sua sensibilidade afetiva e sensorial. (JEANDOT, 2007, p. 20)

Sendo assim a música muito estimula o desenvolvimento afetivo, mas cabe ao educador compreender a influência da mesma e trabalhar de acordo com que ela seja significativa nesse desenvolvimento.

Do mesmo modo que a música influencia no desenvolvimento afetivo, ela auxilia muito o desenvolvimento social, segundo Brasil (1998) é muito importante trabalhar com atividades que envolvam música, por ela ser um excelente meio de estimular o desenvolvimento social.

O trabalho com a música deve considerar, portanto, que ela é um meio de expressão e forma de conhecimento acessível aos bebês e crianças, inclusive aquelas que apresentam necessidades especiais. A linguagem musical é excelente meio para o desenvolvimento da expressão, do equilíbrio, da auto-estima e autoconhecimento, além de poderoso meio de integração social. (BRASIL, 1998, p.47)

Para que a música exerça toda sua influência no desenvolvimento da criança na educação infantil, deve tomar muito cuidado na hora de se trabalhar com ela, pois muitas vezes os professores a torna rotineira e de forma estereotipada. Como afirma Brasil (1998, p.45), música no contexto da educação infantil vem, ao longo de sua história, atendendo a vários objetivos, alguns dos quais alheios às questões próprias dessa linguagem. Tem sido em muitos casos, suporte para atender a vários propósitos, como a formação de hábitos, atitudes e comportamentos: lavar as mãos antes do lanche, escovar os dentes, respeitar o farol etc.; a realização de comemorações relativas ao calendário de eventos do ano letivo simbolizados no dia da árvore, dia do soldado, dia das mães etc.; a memorização de conteúdos relativos a números, letras do alfabeto, cores etc., traduzidos em canções. Essas canções costumam ser acompanhadas por gestos corporais, imitados pelas crianças de forma mecânica e estereotipada.

Nesse sentido, trabalhando a música com realização de atividades de reprodução e imitação, a música é tratada como se fosse um produto pronto, que se aprende a reproduzir, e não uma linguagem cujo conhecimento se constrói, tornando mecânico, repetitivo e monótono.

Montangnini, e Andrade (2009) afirmam ser fundamental que o educador favoreça por meio de atividades programadas, a exploração de diversos instrumentos de percussão, sempre instigando a curiosidade do saber e fazer musical, e que na rotina da creche, pode sim, ser incluída a música cantada em vários momentos do dia, como na hora da chegada, na hora do lanche, mas esse não deve ser o único motivo para que o trabalho da música seja realizado na escola, podendo criar uma rotina na escola com as músicas, mas não deixando de fazer uma abordagem mais significativa, explorando sua influência no desenvolvimento da criança.

Construir instrumentos musicais com as crianças,segundo Souza (2008),é uma alternativa de grande valor educativo, além da manipulação da atividade motora envolvida na ação de montar um objeto, ele compreende melhor que a característica do som, depende da característica do instrumento. Quando se cria um ambiente musical na sala de aula, pode-se notar que as crianças pesquisam e improvisam livremente, criando sons que os adultos talvez só obtivessem com menos facilidade, dada sua inibição e falta de espontaneidade.

Além de cantar,segundo Brito (2003), o educador deve brincar com a voz, explorando possibilidades sonoras diversas, imitando vozes de animais, ruídos, o som das vogais e das consoantes. É importante que o trabalho vocal ocorra num ambiente motivador e descontraído, livre de tensões exageradas que podem comprometer a qualidade da voz infantil; o educador nesse momento será um modelo a ser seguido, por isso não deve gritar não forçar a voz, respirar tranquilamente, manter-se relaxado e com boa postura.

Segundo Souza (2008) as crianças chegam à escola cheia de curiosidade, elas adoram explorar os sons, fazer ritmos, dançar e cantar cabe ao professor fazer este potencial se desenvolver, com som, com música, criando, inovando, fazendo e refazendo, sempre observando como a aprendizagem está se desenvolvendo e tendo cuidado para não propor atividades sem significância para a criança.

Segundo Brito (2003) Quanto aos materiais utilizados nas aulas de música, a coordenadora musical, acredita ser possível realizar educação musical sem grandes investimentos, um exemplo são os instrumentos feitos pelos alunos com sucata. Podemos fazer música com um lápis e uma borracha e até com o corpo. A musicalidade está dentro da pessoa. cabe ao adulto auxiliar as crianças a organizarem suas idéias, colaborando, caminhando juntos, opinando, sem impor nem decidir, mas sim respeitando o produto final, que deve ser coletivo.

Portanto, a música na educação infantil é importante em todas as áreas de desenvolvimento e relaciona-se com outras atividades na rotina diária. Os conhecimentos produzidos na rotina diária através da música são reelaborados pelas crianças em suas vivências. Assim sendo, é fundamental conhecer, aproximar e identificar a importância da educação musical, partindo das emoções e lógicas que guiam e constroem o envolvimento da criança com a música. Ao mesmo tempo, a expressão musical pode representar uma importante fonte de estímulos, na qual o professor pode refinar e despertar a sensibilidade da criança.


CONSIDERAÇÕES FINAIS


Após a pesquisa realizada sobre a música como fator de desenvolvimento da criança, pôde-se concluir que os professores são cientes da influência da música no desenvolvimento cognitivo, afetivo e social da criança e mesmo com as dificuldades encontradas para trabalhar com a música os professores utiliza-a frequentemente na sala de aula, deixando o ensino mais prazeroso e despertando um maior interesse das crianças pelos conteúdos.

Para que o ensino com a música melhore cada vez mais, tornando mais eficaz no desenvolvimento da criança, deve sempre ter uma melhor qualificação dos profissionais, mais recursos e uma boa escolha da música na hora de cantar, ou seja, um bom repertório.

Com isso, a pesquisa mostrou que a lei sancionada sobre a obrigatoriedade da música nas escolas de ensino fundamental, foi de suma importância, pois a mesma muito contribuiu para o desenvolvimento integral dos alunos, desde que tenha recursos e professores especializados para garantir um melhor aprendizado das crianças podendo se expressar e se desenvolver em todas suas habilidades.


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