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AS VERTENTES DO PROCESSO EDUCACIONAL

 

Adriana Sardelli

Professor-Tutor Externo

Maurílio Maciel Martins

Centro Universitário Leonardo da Vinci - UNIASSELVI

Curso (Ped 0054)

19/9/13

 

 

RESUMO

 

A palavra alfabetizar quer dizer “prática do alfabeto”, que por sua vez, significa a junção das duas primeiras letras alfa e beta =alfabeto, não podendo ser aceita mais como única forma de educar. Hoje ela está difundida entre alfabetizar e letrar, que além de ler e escrever utilizando o alfabeto é necessário que haja interpretação e leitura de mundo . Tudo será possível se partir do pressuposto que alfabetizar letrando é respeitar o tempo da criança. Para alfabetizar há um caminho a ser percorrido que não se inicia propriamente na alfabetização e sim no período preparatório para esse processo. A criança necessita ser respeitada nas suas particularidades e capacidades biológicas para aprender a ser, aprender a saber, aprender a fazer e aprender a aprender, que são os quatro pilares da educação e tudo dentro do seu tempo e do seu limite, sem atropelos e rédeas.

 

 

Palavras-chave: Alfabetização.Processo.Ferramentas.Vertentes.

 

 

1 INTRODUÇÃO

 

Venho por meio deste tema, esclarecer que o mais importante no processo de alfabetização não é o processo em si, o que deve ter maior ênfase é a criança e suas particularidades. O seu tempo, o seu ritmo, a sua maturação biológica e o seu conhecimento prévio devem ser respeitados.

 

Há um período chamado de preparatório, que reúne quesitos como a criança precisará ser trabalhada antes de iniciar o processo de alfabetização. São eles: se sentir autônoma e segura, se utilizar de outras formas de leitura como a não verbal, conseguir se expressar oralmente com clareza e objetividade, observar e interpretar o mundo a sua volta. Na verdade, o domínio sobre os signos lingüísticos, mesmo pela criança que se alfabetiza, pressupõe uma experiência social que o precede – a da leitura de mundo (FREIRE, 1977).

 

Depois de ter superado essa fase preparatória é que ela estará mais segura para iniciar a leitura e escrita na forma convencional, que é a que será utilizada a partir daí para conviver em sociedade.

 

Espera-se com esse trabalho conseguir esclarecer ao leitor a importância que tem o tempo no processo de alfabetização e sua complexidade.

 

 

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

 

 

Alfabetizar é um processo simples e complexo ao mesmo tempo. Simples por que acontece naturalmente, se a criança estiver biologicamente madura e sentimentalmente segura e preparada para isso.

 

Antes de se preocupar com as letras, os tipos das letras, como vai escrever, como se lê as letras juntas, a criança precisa se sentir emocionalmente preparada para iniciar esse processo no âmbito escolar. Considerando que em casa, desde muito cedo, a criança já tem acesso ao mundo letrado mesmo que não o decodifique. Esse contato inicial da criança e o que ela assimilou dele deve ser valorizado pela escola e nunca descartado.

 

O processo de alfabetização se torna complexo a partir do momento em que os pais, a família não o compreende e passam a cobrar a escola, o professor e até mesmo a criança em casa. Não há idade certa para acontecer a alfabetização e sim o momento certo, quando esse momento chegar o processo acontecerá.

 

Cada criança é única, há algumas que aos quatro ou cinco anos já podem ser alfabetizadas enquanto outras estarão prontas por volta dos nove anos de idade.

 

O aprender é um processo complexo que depende de vários fatores para ser concluído. Algumas pessoas podem levar mais tempo do que outra para concluir o aprendizado, é o que acontece na educação infantil. O processo de aprendizado se inicia muito antes da criança frequentar a escola, quando ela tem contato com o mundo letrado: livros, revistas, computadores, etc. Ela não lê ou escreve usando o sistema alfabético mas ela é capaz de interpretar uma imagem e falar sobre ela, isso é a forma particular dela de leitura.

 

Ao entrar na escola, o professor deve dar condições favoráveis para que a criança amplie sua forma de leitura utilizando o sistema alfabético, mas isso não garante que todas as crianças sairão lendo e escrevendo sistematicamente.

 

Segundo Emília Ferreiro, o ato de ensinar desloca-se para o ato de aprender por meio da construção de um conhecimento adquirido pelo aluno, ele passa a ser sujeito (construtor) do conhecimento e o faz a partir do que vivencia, ou seja, é preciso trabalhar com a criança o contexto da própria criança, com textos e histórias que façam sentido para elas.

 

Se isso não acontecer na educação infantil ela terá os anos posteriores para superar o aprendizado. O tempo de cada criança deve ser respeitado.

 

Segundo referencias do MEC (Ministério de Educação e Cultura), os alunos tem até o terceiro ano do ensino fundamental para concluir o processo de alfabetização, trata-se do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, que deve entrar em vigor no inicio de 2013.

 

Alguns dados levantados pelo Instituto Paulo Montenegro são preocupantes. O índice de analfabetos caiu e o de alfabetizados básicos subiu, mas a porcentagem de pessoas plenamente alfabetizadas não mudou. Define-se, segundo o Inaf, por analfabetos o grupo de pessoas que não realiza tarefas simples como a leitura ainda que leia números como telefones e preços. Por alfabetizados básicos o grupo de pessoas que leem e compreendem textos médios, números na casa dos milhões e resolvem problemas com operações simples. Sabendo que o objetivo da educação é atingir o grupo dos alfabetizados plenamente, que são pessoas que interpretam textos, comparam informações como leitura de gráficos, dados estatísticos e são capazes de opinar sobre eles e resolvem problemas com porcentagens e cálculos de área.

 

A pesquisa mostra que a população esta evoluindo de analfabetos para alfabetizados básicos e essa evolução não é satisfatória. Isso torna os desafios de alfabetizar mais desafiadores, havendo necessidade de mudanças como ampliar e melhorar os recursos, valorizar a carreira docente, criar um currículo nacional que leve em conta a realidade dos alunos e visar o aperfeiçoamento do professor.

Por todos esses motivos, os holofotes da educação estão voltados para a educação infantil e o foco é a alfabetização de crianças de cinco e seis anos.

 

2.1 O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO

 

Alfabetizar não é simples e ao mesmo tempo é. O professor precisa saber o momento certo para articular leitura e escrita e intervir adequadamente para o aluno assimilar.

 

O objetivo é levar o aluno à reflexão sobre o sistema de escrita durante a leitura e produção de texto e nunca se utilizar de copias como forma de ensinar.

 

As cartilhas, caligrafias e textos prontos que tem a intenção de chamar a atenção do aluno para determinada letra e que não fazem sentido, são pobres de conteúdo e criatividade, como por exemplo:

 

VOVÔ MORA NO SÍTIO.

ELE CUIDA DO CAVALO, DO VEADO E DO PAVÃO.

VOVÔ ADORA AVE COLORIDA.

VOVÔ TOCA VIOLA PARA VOVÓ.

 

Fonte: Cartilha Eu gosto de ler e escrever. Célia Passos e Zeneide Silva.Editora Nacional.1996. p.100.

 

Esse tipo de texto não acrescenta nada em nível de letramento, a sua função é puramente de alfabetizar para a letra v, que é evidente no texto. Não basta saber que Eva viu a uva. É preciso compreender qual a posição que Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha para produzir a uva e quem lucra com esse trabalho. (FREIRE, 1991)

 

A educação, hoje, visa o letramento e em conseqüência os materiais devem enfatizar a interpretação e leitura de mundo. É importante proporcionar à criança o acesso a revistas, jornais, livros, gibis e qualquer material que seja atrativo para ela, que atrairá sua atenção.

 

O papel do professor nesse ambiente alfabetizador é incentivar a criança à autonomia, Paulo Freire dá enorme importância a prática da autonomia pelo fato de acreditar que “ninguém educa ninguém, ninguém se educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo”, não esquecendo que ela não vai aprender sozinha, sendo necessário, além do ambiente proporcionado pelo educador, que ele também instigue os alunos a manusearem o material. Quando isso acontecer o professor interfere criando situações-problemas que levarão os alunos a pensarem sobre as hipóteses de leitura e escrita. A autonomia deve ser trabalhada também na criança que vai ser alfabetizada, é na infância que ela começa a formar seu caráter social.

 

Nesse novo modelo de educação, chamado de construtivista, o centro do processo ensino-aprendizagem não é o professor e sim o aluno, o que o permitirá se manifestar e se expressar, assim haverá troca de experiências que enriquecerão o processo. Lembrando que, construtivismo não é um método de ensino por que não está centrado no professor (a figura que ensina) e sim um processo de aprendizagem, por que tanto professor quanto aluno aprendem juntos na interação entre ambos e com o ambiente onde estão inseridos. A forma como se dá esse relacionamento também é um fator fundamental para favorecer o aprendizado.

 

Segundo Emília Ferreiro, a criança passa por fases tendo que supera-las para avançar no aprendizado. A primeira fase chamada de pré-silábica é quando a criança pensa que escreve com desenhos, a professora pede para que ela escrever bola e ela desenha a bola. No segundo nível, pré-silábico II, a criança já percebeu que não se escreve mais com desenhos, ela usa letras aleatórias e se não conhece nenhuma cria símbolos. Ela ainda não percebeu que as letras possam ter qualquer relação com os sons da fala. O próximo nível, o silábico, a criança já descobriu que as letras representam os sons da fala, mas, representa cada silaba com uma letra. No quarto nível, o alfabético, a criança já compreendeu o sistema de escrita por completo. Descobriu que cada letra representa um som da fala e que é preciso juntá-las para formar outros sons e silabas. Nessa fase, deve-se enfatizar a interpretação de texto, pois ele já superou a leitura e a escrita e o professor deve chamar a atenção do aluno para a interpretação e compreensão de textos.

 

Para Piaget, os desafios precisam causar conflitos, assim a criança trabalhará hipóteses para resolver esses conflitos voltando ao equilíbrio inicial, que é quando consegue vencer o desafio que foi proposto e isso não pode parar.

 

Desafiar um aluno significa propor situações que ele considere complexas, mas não impossíveis. Trata-se de gerar nele uma certa tensão, que o anime a ousar, que o convide a pensar, a explorar, a usar conhecimentos adquiridos e a testar sua capacidade para a tarefa que tem em mãos. Trata-se, ainda, de motiva-lo a interagir com seus colegas, a fazer perguntas que lhe permita avançar. (PATRICIA SADOVSKY)

 

Um caminho para todos avançarem é um professor que entenda como a criança aprende, que conheça as práticas de linguagem e as atividades fundamentais que vão favorecer o aprendizado. Utilizar projetos didáticos voltados para alfabetizar também é uma ótima estratégia.

 

 

2.2 A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO E AS RAZÕES PARA BRINCAR

 

Temos várias razões para brincar, pois sabemos que é extremamente importante para o desenvolvimento cognitivo, motor, afetivo e social da criança. É brincando que a criança expressa vontades e desejos construídos ao longo de sua vida, e quanto mais oportunidades a criança tiver de brincar mais fácil será o seu desenvolvimento.

 

Atualmente as crianças entendem por brincadeira os jogos eletrônicos, fazendo com que as mesmas não se movimentem e as deixando estáticas e com isso vão ficando sedentárias e obesas. Com as brincadeiras tradicionais, como por exemplo, pular corda, elástico, pique alto, etc., fazem com que as crianças se movimentem o tempo tempo, gastando energia e sentindo liberdade para criar proporcionando alegria e prazer.

 

As razões para brincar são inúmeras, pois sabemos que a brincadeira só faz bem, e só não entendemos porque em muitos lugares isso incomoda tanto algumas pessoas, pais e professores. Sabe-se que o brincar é um direito da criança, como apresentado na Lei 8.069, de 13 de julho de 1990, denominada Estatuto da Criança e do Adolescente, acrescenta no Capítulo II, Art. 16°, Inciso IV, que toda criança tem o direito de brincar, praticar esportes e divertir-se.

 

Então deve se entender que, a criança tem o direito de brincar por que está amparada por lei, e esta é mais uma razão para brincar, porque o brincar favorece a descoberta, a curiosidade, uma vez que auxilia na concentração, na percepção, na observação, e, além disso, as crianças desenvolvem os músculos, absorvem oxigênio, crescem, movimentam-se no espaço, descobrindo o seu próprio corpo. O brincar tem um papel fundamental no processo de alfabetização, nas etapas de maior desenvolvimento da criança. Na brincadeira, a criança representa o mundo em que está inserida, transformando-o de acordo com as suas fantasias e vontades e com isso solucionando problemas.

 

2.3O PAPEL DO BRINCAR NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA

 

A criança é um ser em desenvolvimento, sua brincadeira vai se estruturando com base no que é capaz de fazer em cada momento. Isto é, aos seis meses e aos três anos de idade ela tem possibilidades diferentes de expressão, comunicação e relacionamento com o ambiente sociocultural, no qual se encontra inserida. Ao longo do desenvolvimento as crianças vão construindo novas e diferentes competências no contexto das práticas sociais, que irão lhes permitir compreender e atuar de forma mais ampla no mundo.

 

A brincadeira das crianças evolui mais nos seis primeiros anos de vida do que em qualquer outra fase do desenvolvimento humano e neste período, se estrutura de forma bem diferente de como a compreenderam teóricos interessados na temática (Brougère, 1998). A partir da brincadeira, a criança constrói sua experiência de se relacionar com o mundo de maneira ativa, vivencia experiências de tomadas de decisões. Em um jogo qualquer, ela pode optar por brincar ou não, o que é característica importante da brincadeira, pois oportuniza o desenvolvimento da autonomia, criatividade e responsabilidade quanto as suas próprias ações.

 

Quando a criança chega na idade pré-escolar surge uma quantidade de tendências e desejos não realizáveis de imediato, mas esses desejos acabam sendo realizados nos brinquedos. Afirma-se então que esses desejos são realizados nos brinquedos e também que o espaço lúdico permite a criança se desenvolver com a realidade, pois nesses momentos que se pode ir além e propor algumas situações das quais mostram a realidade através de uma situação imaginária, a própria criança cria suas regras de comportamento e a mesma obedece a regra estabelecida. Esse desenvolvimento, a partir dos espaços lúdicos vem delinear a evolução do brinquedo, a criança projeta-se nas atividades adultas de sua cultura e ensaia seus futuros papéis e valores.

 

Através do brinquedo a criança passa pela experiência da posse e das negociações necessárias com os outros, diante do desejo de utilização e também, a criança se situa no universo do consumo. Possuir um brinquedo é ter a posse, mas é também uma aprendizagem específica da posse e do consumo, é então, a aprendizagem de uma forma cultural específica de relação com o objeto.

 

Portanto ao desenvolver um jogo simbólico, a criança experimenta comportamentos e papéis, projeta-se em atividades dos adultos, ensaia atitudes, valores, hábitos e situações para os quais não está preparada na vida real, atribuindo-lhes significados que até então estavam muito distantes das suas possibilidades efetivas. A atuação nesse mundo imaginário cria uma zona de desenvolvimento proximal (Vygotsky), formada por conceitos ou processos em desenvolvimento.

 

É importante destacar a importância do jogo no desenvolvimento da linguagem, que surge inicialmente como meio de comunicação entre a criança e as pessoas de seu meio sociocultural e aos poucos vai se convertendo em linguagem interna, contribuindo assim, para organizar o pensamento da criança, transformando-se em função mental. Através do jogo a criança aprende, verbaliza, comunica-se com pessoas que têm mais conhecimentos, internaliza novos comportamentos e, consequentemente, se desenvolve.

 

A realização do jogo proporciona uma competência que é a do trabalho em grupo, que envolve várias habilidades: saber organizar-se, cooperar, participar de uma atividade coletiva e partilhar lideranças, saber gerenciar e superar conflitos, saber conviver com regras, servir-se delas e elaborá-las, saber construir normas negociadas de convivência que superem as diferenças culturais.

 

Em nível motor, o jogo permite melhorar a aptidão motora, elevando harmoniosamente as capacidades bimotoras (velocidade, força, resistência, flexibilidade, os diferentes tipos de coordenação, lateralidade, etc.). Permite ainda a estruturação das noções de espaço e de tempo e o desenvolvimento da noção de ritmo. Em termos espaciais, a criança desenvolve as noções de “à frente”, “atrás”, ou “ao lado” de algo, ou alguém e também, a estruturação do espaço nas formações em grupo: “roda, coluna, fileira, etc”. e também percebe o espaço que ocupa.

 

Para Piaget (1971), os jogos não são apenas uma forma de desafogo ou entretenimento para gastar energias das crianças, mas meios que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual, considerando o jogo como um berço obrigatório das atividades intelectuais.

 

 

2.4 O LÚDICO E O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO

 

A infância é a idade das brincadeiras. Acredita-se que por meio delas a criança satisfaz, em grande parte, seus interesses, necessidades e desejos particulares, sendo um meio privilegiado de inserção na realidade, pois expressa a maneira como a criança reflete, ordena, desorganiza, destrói e reconstrói o mundo. Destaca-se o lúdico como uma das maneiras mais eficazes de envolver o aluno nas atividades, pois a brincadeira é algo nato na criança ,é sua forma de trabalhar, refletir e descobrir o mundo que a cerca.

 

O estudo aprofundado do lúdico na educação infantil tem por objetivo oportunizar ao educador a compreensão do significado e da importância das atividades lúdicas na educação infantil, procurando provocá-lo, para que insira o brincar em seus projetos educativos, tendo intencionalidade, objetivos e consciência clara de sua ação em relação ao desenvolvimento e à aprendizagem infantil.

 

É muito importante aprender com alegria, com vontade. Comenta Sneyders (1996,p.36) que “Educar é ir em direção à alegria.” As técnicas lúdicas fazem com que a criança aprenda com prazer, alegria e entretenimento, sendo relevante ressaltar que a educação lúdica está distante da concepção ingênua de passatempo, brincadeira vulgar, diversão superficial.

 

 

[...] A educação lúdica é uma ação inerente na criança e aparece sempre como uma forma transacional em direção a algum conhecimento, que se redefine na elaboração constante do pensamento individual em permutações constantes com o pensamento coletivo. [...] (ALMEIDA, 1995, p.11)

 

Portanto, é de primordial importância a utilização das brincadeiras e dos jogos no processo pedagógico, pois os conteúdos podem ser ensinados por intermédio de atividades predominantemente lúdicas.

 

O lúdico permite um desenvolvimento global e uma visão de mundo mais real. Por meio das descobertas e da criatividade, a criança pode se expressar, analisar, criticar e transformar a realidade. Se bem aplicada e compreendida, a educação lúdica poderá contribuir para a melhoria do ensino, quer na qualificação ou formação crítica do educando, quer para redefinir valores e para melhorar o relacionamento das pessoas na sociedade.

 

“Ninguém nasce sabendo brincar, é preciso aprender”, diz o filosofo francês Gilles Broug`ere. O filosofo explica que o jogo e uma construção social que deve ser praticada desde cedo e o professor pode contribuir para que essa experiência aconteça dentro da sala de aula.

 

As brincadeiras podem ser usadas para estimular o aprendizado, podem ser usadas para proporcionar desafios e também para que o aluno reflita sobre a maneira como pode e deve se organizar em sociedade. Ao perceber que para jogar existem regras comuns a todos, ele começa a questionar pontos que favoreçam a todos que estão brincando e não só a si próprio. As crianças tem maneiras muito particulares para se entenderem e o professor pode interferir quando perceber que uma atitude ou decisão tomada pelo aluno não esteja de acordo com o comportamento que se deve ter socialmente. A criança é egocêntrica e são momentos como esses que vão ajuda-la a superar essa fase.

 

O professor deve se preocupar com os jogos propostos, eles não podem ser muito entediante nem muito desafiante para não despertar sentimentos como ansiedade, tédio, nervoso ou frustrações, que levarão a criança a agir com violência ou desistir de participar, e assim abrir mão de um desafio a ser superado.

 

A principal característica da ludicidade é o que se refere ao faz-de-conta, é o momento em que a criança assume um papel num mundo alternativo, onde ela imita a realidade e isso é importante para a construção do seu caráter. Quando a criança consegue criar esse mundo do faz-de-conta pode-se dizer que ela aprendeu a brincar.

 

 

2.5 A IMPORTÂNCIA DO ATO DE CONTAR HISTÓRIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

 

Todo esse universo de superar desafios, ficar em status de desequilíbrio para avançar, o mundo do faz-de-conta que é proposto pelo professor na sala de aula é encontrado também na leitura de contos infantis. Os contos infantis proporcionam todos esses momentos importantes que contribuem com o sistema educacional. Os contos de fadas são mágicos, eles tem nas entrelinhas as situações de desequilíbrio que a criança precisa passar para superar e voltar ao equilíbrio inicial e que nos contos de fadas sempre são superadas.

 

O ato de contar história proporciona um contato próximo entre contador e ouvintes, desenvolvendo uma participação ativa da criança a partir de elementos que partem de sua imaginação. Estimula a criatividade e permite que as crianças a coloque em prática, permitindo assim a percepção das sensações como: medo, frio, fome, felicidade, tristeza entre outros. E testa também a reação diante da justiça e injustiça, é o momento em que a criança se expressa deixando claro como agiria em determinadas situações. Essa prática, além de ser muito proveitosa, torna a hora da leitura um momento de grande prazer, incentivando os alunos a gostarem de leitura desde pequenos.

Os benefícios desse ato são incontáveis, desde o despertar da imaginação e da sensibilidade da criança ao desenvolvimento do gosto pela leitura, oralidade e o estimulo do potencial artístico.

 

As crianças são o futuro do país, quanto mais desenvolvidas emocionalmente, mais chances terão de serem crianças felizes, e crianças felizes serão adultos felizes. A educação tem um papel fundamental na formação da criança do amanha e os contos de fadas são ferramentas que auxiliam nesse processo.

 

2.5.1 O ato de contar história no psiquismo infantil

 

As crianças vivenciam um turbilhão de sentimentos, é onde entra a figura do professor/contador de história como mediador desse processo ao qual se deve aprender a lidar com as emoções. Com o fato da criança não saber lhe dar com seus sentimentos, até mesmo por não saber expressa-los com clareza ela acaba se sentindo infeliz. Essa energia emocional fica reprimida dentro da criança e acaba extravasando na forma de sintomas físicos ou comportamentais como crueldade, agressividade, dificuldade de aprendizado, hiperatividade entre outros.

 

As crianças precisam de ajuda para lidar com seus sentimentos, não conseguem falar com naturalidade e facilidade sobre seus problemas, por que não estão habituadas a linguagem cotidiana, para elas essa não é a linguagem dos sentimentos, por isso se apropriam de metáforas e ilusões, como nas histórias e sonhos, essa e a linguagem imaginativa, naturalmente a linguagem infantil.

 

Nas histórias, o mal e o bem, os obstáculos, as escolhas, a vitória dos personagens, são aspectos que fazem parte da vida psíquica da criança, o que a leva a se identificar com os personagens, os lugares, os fatos ocorridos, eles representam fantasmas ou medos que a criança carrega dentro de si, as histórias contadas diminuem essas angústias por que o bem sempre vence o mal, o herói sempre consegue vencer seus inimigos e tudo acaba bem no final dos contos, e isso remete à criança a segurança de que tudo vai acabar bem pra ela também.

 

As histórias tem esse papel fundamental na vida da criança, ela apresenta mecanismos de defesas saudáveis, soluções de problemas criativas, leva a criança num mundo maravilhoso, um mundo de esperanças, opções e possibilidades.

 

As narrativas em sala de aula são boas ferramentas, o conto permite que a criança experimente emoções, sem nunca ter passado por elas realmente e traz novas formas de pensar sobre seus sentimentos dolorosos como um luto, nascimento de um irmão, adaptação escolar, entre outros.

 

Os contos de fadas são as únicas histórias que falam das perdas, da fome, da morte, do medo, do abandono e da violência, de maneira simples e simbólica. Eles se baseiam nas camadas do inconsciente coletivo, mostram que é natural ter pensamentos destrutivos e maus, e que passam. Os contos de fadas possuem sentimentos complexos organizados de um modo fácil de ser compreendido pelo público infantil e também por que se apropriam da linguagem infantil.

 

O ato de contar história envolve pontos importantes como despertar o interesse pela leitura, o ato de contar história age na formação da criança em varias áreas como o desenvolvimento intelectual, comunicativo, sociocultural e físico-motor, que é quando ela se utiliza do corpo para recontar uma história e gesticula para se expressar. Pelo fato de não conseguirem falar com naturalidade e facilidade sobre seus problemas, por não estar habituada a linguagem cotidiana, a criança se apropria da linguagem imaginativa, que é natural dela e que está presente nos contos de fadas.

 

Com a escrita e a leitura não é diferente, a criança antes de ser alfabetizada ela brinca de ler e escrever, ela pega um livro e finge que está lendo ou ela pega um lápis e um papel e finge que está escrevendo. Ela e capaz de desempenhar esse papel perfeitamente. Cabe ao professor aproveitar a chance e despertar o interesse dessa criança pela leitura e escrita, agora no mundo real.

 

Os contos podem ser utilizados e aproveitados também para o sistema de alfabetização, o professor pode propor que se reescreva o conto que foi lido e a partir dai se abre um leque de oportunidades que despertam o interesse da criança em relação ao processo de escrita.

 

 

2.6 O LÚDICO NO ENSINO DA MATEMÁTICA

 

No mundo atual a matemática tornou-se muito mais importante do que antes, pois o conhecimento científico e tecnológico exige maior conhecimento matemático, o problema é que a matemática não é uma das matérias predileta das crianças. Como fazer com que as crianças aprendam matemática e saibam a importância que ela tem na sua vida, se bem no ensino de matemática, a aplicação social e os aspectos criativos devem estar presentes no desenvolvimento das atividades práticas? Segundo o disposto nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) de Matemática

 

Nesse aspecto, a matemática pode dar sua contribuição à formação do cidadão, ao desenvolver metodologias que enfatizem a construção de estratégias, a comprovação e justificativa de resultados, a criatividade, a iniciativa pessoal, o trabalho coletivo e a autonomia advinda da confiança na própria capacidade de enfrentar desafios. (Brasília: MEC/SEF, 1998, p. 27)


Por isso é importante propor brincadeiras de modo atraente e desafiador, adequadas aos alunos por que as brincadeiras estimulam as crianças a realizar cálculos sem ela mesma perceber o quanto está aprendendo e interagindo com todos, por isso é importante que os professores trabalhem o lúdico no ensino de matemática nos anos iniciais do ensino fundamental, pois essa é a base da educação e ela deve ser firme e sólida. De acordo com o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (p. 207),


Fazer matemática é expor ideias próprias, escutar as dos outros, formular e comunicar procedimentos de resolução de problemas, confrontar, argumentar e procurar validar seu ponto de vista, antecipar resultados de experiências não realizadas, aceitar erros, buscar dados que faltam para resolver problemas.


Ensinar através de jogos é a melhor forma que o professor tem de desenvolver uma aula mais interessante e descontraída, assim o professor estimula seus alunos a participarem assiduamente de suas aulas, e esse interesse é de suma importância, por que quando a criança participa literalmente dessa atividade ela desenvolve e estimula o raciocínio lógico, a concentração e a curiosidade. A matemática está presente em tudo, na música, na arte, na história, na maneira em que as crianças organizam seu pensamento e por isso é necessário que o professor saiba utilizar e explorar esses recursos de maneira positiva e significativa. A respeito disto ALVES (2008, p.3)diz: “Quando utilizamos o lúdico na escola estamos buscando também um resgate cultural da criança onde ela traz à escola vivências aprendidas em casa, com os amigos, na sua comunidade”.

 

Sendo assim, percebe-se a importância do uso de práticas pedagógicas, que estimule no aluno a vontade de aprender. Ter noção matemática bem desenvolvida ajudará a criança tomar decisões, agindo como produtoras do conhecimento e não apenas como executora de instruções, por isso o trabalho com matemática pode contribuir para a formação de cidadãos autônomos, capazes de pensar por conta própria, sabendo resolver problemas.

 

 

2.7 FERRAMENTAS COMO BRINCADEIRA, MÚSICA E DANÇA

 

As brincadeiras com música e dança, como cirandas de roda também são muito importantes por que são oportunidades para as crianças se expressarem artisticamente, elas começam a perceber a capacidade que tem de se mexerem, criarem e controlarem os próprios movimentos. Isso desperta o interesse pelo próprio corpo e de tudo que é possível fazer com ele. Pelo fato das cirandas de roda ser brincadeiras em grupo, novamente as crianças perceberão a importância de se relacionarem com os colegas, respeitando o espaço de cada um. Esses momentos são importantes por que exploram atitudes cooperativas e solidárias, que são os principais objetivos da educação infantil.

 

As brincadeiras de rodas apresentam pontos riquíssimos a serem explorados, por coordenar música e gesto a criança desenvolve a noção de ritmos percebendo que os gestos tem que acompanhar a música cantada na ciranda, trabalhando coordenação motora. Além de ser uma fonte de diversidades culturais, já que as cantigas e brincadeiras de rodas são culturas populares e tem diferenças regionais.

 

Da mesma forma que o professor precisa propiciar aos alunos ambientes que proporcionem acesso a leitura, planejamentos que incluam jogos e brincadeiras, a escola deve estar preocupada em disponibilizar um espaço para atender aos alunos e que o educador possa fazer uso desse espaço da melhor maneira possível, para se trabalhar com música, dança e outros eventos culturais é preciso que seja disponível um espaço para o desenvolvimento pleno dessas atividades.

 

Caso a escola não disponibilize um espaço próprio para as atividades extraclasse, o professor deve entender que também é possível brincar sem ter nada nas mãos, como pega-pega, esconde-esconde, pique no ar, amarelinha, etc.

 

O brincar é a linguagem que as crianças usam para se expressar, para fazer descobertas e tentativas e interagir com o outro. Quando ela é incentivada a criança desenvolve a imaginação e a autonomia.

 

Os brinquedos também são importantes para o desenvolvimento infantil, é o momento que a criança terá que pensar para escolher um ou outro brinquedo, ela fará sua análise própria para tomar sua decisão, em alguns momentos ela terá conflitos com o colega e terá que criar estratégias para resolver situações como, por exemplo, dois colegas querem o mesmo brinquedo, é um momento importante para compartilhar e trocar ideias.

 

Nesse espaço é importante que estejam disponíveis brinquedos industrializados e artesanais, que podem ser criados por eles mesmos. O momento de criar algo também e importante para a educação e pode ser proposto pelo professor com o objetivo de contribuir para o funcionamento da brinquedoteca.

 

Alfabetizar brincando é uma ótima estratégia tornando o processo mais agradável e atrativo para a criança.

 

2.8 O ESPORTE COMO UMA FERRAMENTA IMPORTANTE

 

Outro ponto relevante que favorece o aprendizado é o esporte, ele valoriza o trabalho em equipe, evidenciando a importância de cada um para que a equipe supere as dificuldades. Os alunos, ao praticar esporte desenvolvem suas competências técnicas e táticas ao solucionar situações-problemas gradativamente mais complexas. O professor deve dar condições para que todos avancem em seu tempo, adaptar materiais a faixa etária com que vai trabalhar. Todo esporte pode ser trabalhado em qualquer série, mas há necessidade de adaptação de materiais adequados para as crianças. É essencial atividades que gerem reflexão sobre o respeito ao adversário, as regras do jogo e o trabalho em equipe.

 

No esporte, os alunos também identificam suas capacidades físicas, como força, resistência, flexibilidade, ritmo, coordenação, velocidade e percebem que tem autocontrole sobre seus movimentos.

 

O esporte é um meio para o desenvolvimento de atitudes sociais, estimula a autonomia, a criatividade, a autoestima e as habilidades corporais. É uma ponte para desenvolver valores como honestidade, justiça, trabalho e persistência. No esporte, o trabalho em equipe desperta a consciência de que ganhar e perder faz parte do jogo e os dois lados são importantes. Os jogos esportivos também tem um aspecto lúdico por que o professor deve considerar que os alunos não são atletas profissionais e sim aprendizes. O mais importante é conscientizar os alunos de que o esporte melhora a qualidade de vida, desenvolve a consciência para a cidadania, ajuda a praticar a solidariedade e a cooperação. Esse deve ser o foco e não a competição em si.

 

O processo de educar para e com o esporte, ganha valor ao trabalhar harmonia entre corpo e mente, essa é uma das contribuições do esporte para o processo educacional. Essa prática é essencial para a instituição de ensino por que enriquece o aprendizado escolar e o desenvolvimento humano e social.

 

Diversos estudos já comprovaram que crianças fisicamente ativas tem mais facilidade em aprender, maior concentração e um comportamento melhor dentro da sala de aula. A prática de exercícios físicos contribui para o desenvolvimento do aluno por completo e muito tem a contribuir com o processo de alfabetização, já que para fazer uma letra o aluno precisa desenvolver a coordenação motora.

 

2.9 MÍDIAS E TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

 

Hoje se fala muito nessa inovação da educação brasileira mas ela já vem acontecendo há um certo tempo e ao poucos, basta se lembrar do antigo mimeógrafo que foi substituído pela impressora. Os professores que antes recorriam a livros para planejarem suas aulas e tarefas, hoje recorrem a computadores e internet. Tudo mudou, os alunos estão inseridos nesse universo tecnológico e o professor precisa se qualificar nesse quesito para atender as necessidades desses alunos. Estamos vivendo a era digital.

 

Essa nova geração precisa ser preparada para atuar nessa nova era. Assim como os alunos tem prévio contato com o mundo letrado antes de estarem na escola, com o mundo digital também é assim. As crianças tem acesso a computadores, celulares, tablets e outros na sua vida particular e trazem o seu conhecimento para a escola também.

 

Essa nova geração de alunos, que nasceram nessa nova era precisam de orientação para lhe dar com essas mudanças diárias que ocorrem nesse universo. Ser um nativo digital não significa que o aluno fará uso competente das mídias, a escola deve favorecer essa aprendizagem.

 

Os dispositivos tecnológicos estão se popularizando havendo assim a necessidade de uma orientação do professor visando o uso de forma qualitativa desses recursos.

 

O uso da tecnologia na sala de aula é também um desafio por que traz novos elementos e novos conceitos de sociedade, agora moderna tecnologicamente, e deve ser superado como qualquer outro desafio na educação. As tecnologias mudam o acesso aos saberes e permitem construir novos modelos, novas formas de agir nessa nova sociedade tecnologicamente modificada e que reflete no mundo. Essa é a nova tendência mundial e a educação precisa se atualizar para contribuir com essa tendência.

 

Em outros aspectos educacionais surge a necessidade de ambientes que promovem aprendizado fora da sala de aula como bibliotecas, brinquedotecas, parques e quadras de esporte para atender as novas tendências, surge agora a necessidade de um ambiente para facilitar o acesso dos alunos ao mundo virtual. Algumas escolas já possuem salas de computação com orientadores preparados para atender alunos e professores da escola.

 

Os jogos virtuais são a linguagem dos alunos de hoje e eles podem se tornar ferramentas de aprendizado por atrair a atenção dos alunos. Enquanto jogam refletem sobre determinados conteúdos. Cabe ao professor preparar suas aulas incluindo a mídia em parceria com conteúdos que pretende desenvolver. Na alfabetização esse recurso também atua de forma útil por chamar a atenção da criança. Ao preparar uma aula com acesso a computadores o professor pode selecionar jogos voltados para a alfabetização e outros conteúdos como as operações matemáticas.

 

A internet é uma ferramenta que elimina barreiras como distância e tempo, tornando um aprendizado possível, por exemplo: pesquisar sobre as pirâmides de Egito. A internet permite viajar, pesquisar e conhecer o lugar mesmo que o aluno nunca esteja lá. Isso é muito favorável para a compreensão das informações sobre o que o aluno não conhece. Se o professor pedir ao aluno que faça o trabalho pesquisando em livros, as dificuldades que ele terá para encontrar materiais que disponibilizem as informações que ele precisa será um fator desestimulante para esse aluno. A internet, por ser ágil e atrativa para os alunos tornará a pesquisa muito mais interessante. O contato com esse mundo virtual muda a forma de pensar das pessoas de maneira geral, torna-a mais sofisticada e os alunos não podem ficar fora dessa experiência. A educação muda o mundo e o mundo muda a educação.

 

Em meio a tantos caminhos que esse novo conceito mundial abra, há um que é perigoso, o da acomodação. O professor não pode se acomodar nas tecnologias e se esquecer do seu principal objetivo: educar. As tecnologias são ferramentas que auxiliam a educação, mas não a substitui. A inovação deve acontecer sem perder de vista o compromisso com a qualificação do ensino. O professor que não perde esse foco resgata o sentido de educar mesmo em meio a tantos meios tecnológicos, o amor e o contato humano jamais serão tecnológicos. Inovar é uma arte e “a arte existe por que a vida não basta”. (FERREIRA GULLAR)

 

2.9.1 A tecnologia a favor da inclusão

 

Inovar é uma arte e dá bons frutos como é a contribuição da tecnologia para a inclusão de portadores de necessidades especiais nas instituições regulares de ensino.

 

O computador é uma ferramenta que oferece vários recursos que auxiliam no aumento das capacidades funcionais de pessoas com deficiência, como teclados, mouses, dispositivos de voz, etc.

 

Leia o depoimento de um aluno de onze anos que cursa o quinto ano, é portador de necessidades especiais físicas e se chama Luan:

 

Sou um aluno que tenho dificuldades para escrever com lápis e caderno devido a má formação dos membros superiores e inferiores. Me sinto constrangido por que minha letra é de forma e muito feia e sempre fico atrasado para copiar tarefas do quadro por que escrevo devagar. A minha professora me perguntou se eu tinha computador móvel e eu disse que sim e ela perguntou se eu me importaria de traze-lo para a escola e eu disse que não. Então, ela me pediu a agenda e escreveu um recado pedindo para minha mãe comparecer a escola para falar com ela.quando tivesse um tempo. Minha mãe veio e a professora sugeriu a ela que eu trouxesse meu computador para a sala de aula para me ajudar com as tarefas e minha mãe concordou. Tudo mudou, copio tudo no meu computador, a professora salva no pendrive, imprime na escola e corrige minhas redações e tarefas. Não fico mais constrangido por que consigo terminar tudo. As vezes meus colegas reclamam dizendo que eu tenho mordomia, a professora interfere dizendo que sou muito especial. Ela fala das leis para alunos como eu. Não fico triste por que todos entendem e dizem que a sala não seria a mesma sem mim. Se eu não pudesse ficar nessa sala todos seriam tristes e a professora explicou para eles que para que isso seja possível é preciso respeitar as diferenças. Sou o melhor aluno em redação da turma e fico feliz quando a professora lê minhas redações para os colegas.

 

Há muitos outros casos em que a tecnologia pode auxiliar o aluno, nos casos de deficiência auditiva, há materiais disponíveis como computadores com sensores, teclados em braile para os deficientes visuais e muitos outros recursos.

 

Mas vale lembrar que a tecnologia não age sozinha em nenhum caso, há necessidade de uma equipe de professores e especialistas que auxiliem os alunos portadores ou não de necessidades especiais.

 

 

3 MATERIAL E MÉTODO

 

Para a conclusão desse trabalho, me utilizei de pesquisas e leitura de livros. A prática dos estágios e dos cursos oferecidos pela faculdade também contribuíram para a construção desse material.

 

É muito interessante estudar um assunto profundamente e o relacionar com tudo que o envolve e mais ainda, relaciona-lo com a prática.

As pessoas vivem numa sociedade que muda o tempo todo, percebem as mudanças, mas, nem sempre param para pensar e não se perguntam o porquê dessas mudanças. Na escola é comum as pessoas compararem as épocas que estudaram e divergirem no assunto, já que todos os cidadãos passaram a maior parte de suas vidas dentro da escola e antigamente o aluno não era o centro de todo o processo educacional, a educação era bancária, quem detinha todo o conhecimento era o professor e a educação tinha apenas uma finalidade, o mercado de trabalho. Não se pensava em formar cidadãos bem desenvolvidos cognitivamente, portanto não se falava em brincar na escola e nem em aulas lúdicas, não havia essa preocupação.

 

Diante disso, pode-se dizer que o lúdico é importante para uma melhoria na educação e no andamento das aulas, provocando uma aprendizagem significativa que ocorra gradativamente e inconscientemente de forma natural, tornando-se um grande aliado aos professores na caminhada para bons resultados, e que é dever do professor mudar os padrões de conduta em relação aos alunos, deixando de lado os métodos e técnicas tradicionais acreditando que o lúdico é eficaz como estratégia do desenvolvimento na sala de aula.

 

 

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

 

O que ficou bem claro em toda a prática desse tema foi que a alfabetização é a base de todo processo, portanto se dá a devida atenção a ela. O processo educacional como um todo conta com varias ferramentas que contribuem para que ele aconteça de forma plena. Ferramentas como o lúdico, o esporte, a tecnologia e a inclusão social. Dentro desses campos há suas vertentes como bibliotecas, brinquedotecas, musicas, danças, brincadeiras, teatros, o ato de contar historias, etc. Cada uma dessas vertentes tem a sua função e sua contribuição para o processo.

 

Toda essa estrutura só terá sentido se o tempo da criança for respeitado, se o aluno for respeitado na sua diversidade e na sua particularidade. A escola é um benefício a todos e portanto deve compreender que cada um tem sua personalidade e deve trabalhar a favor disso favorecendo o que cada um tem de melhor.

 

A escola deve acompanhar as mudanças na sociedade, uma vez que ela provoca essas mudanças e sofre também as consequências dela. A Matemática, por exemplo, tornou-se muito mais importante do que antes, devido ao conhecimento científico e tecnológico exigir maior conhecimento matemático.

 

 

Tendo boa noção matemática a criança poderá tomar decisões agindo como produtoras do conhecimento e não apenas executora de instruções. O trabalho com a Matemática contribui para a formação de cidadãos autônomos, capazes de pensar por si próprio, sabendo resolver problemas e a ludicidade e o melhor caminho para se trabalhar esses conceitos e tornando-os agradáveis a criança.

 

O professor pode perceber que atingiu seu objetivo no ensino da Matemática quando perceber que seus alunos se encorajam a aceitar os desafios propostos e se sentem capazes de resolve-los.

 

O centro de todo esse processo deve ser sempre o aluno, seja qual for a matéria e o conteúdo.

 

 

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Conclui-se que alfabetizar é respeitar o tempo da criança e que o mais importante é o tempo, o processo de alfabetização vai acontecer se o tempo dela for respeitado. Há uma preocupação com o tempo que leva para alfabetizar uma criança, não há tempo exato por que depende do tempo dela, da maturação biológica, do período preparatório que ela precisa superar antes de iniciar o processo de alfabetização. É nesse tempo que ela amadurecerá se sentindo segura para aprender algo que levará para a sua vida toda.

 

Aos professores que acreditam que as técnicas de alfabetização são o suficiente para alfabetizar prestem atenção, não permitam que elas envolvam os alunos, por que mais importante que técnicas e teorias são as crianças que tem suas particularidades e necessitam ser respeitadas por isso.

 

É quase impossível definir o que é e como acontece e o tempo que leva o processo de alfabetização, Emília Ferreiro se utilizou de palavras que talvez exprimam esse momento: “por trás da mão que pega o lápis, dos olhos que olham, dos ouvidos que escutam, há uma criança que pensa.”

 

Como citou Emília Ferreiro, deve-se deixar a preocupação em responder a essas perguntas dar espaço ao que é ser criança e o que é importante para ela e assim o processo de alfabetização acontecerá como num passe de mágica.

 

Todas as vertentes comentadas nesse trabalho têm muito a contribuir com o processo de ensino e aprendizagem e pode torna-lo mais agradável aos alunos considerando o fato que toda a sociedade tem por obrigatoriedade passar a maior parte da sua infância e adolescência dentro da instituição escolar.

 

 

REFERÊNCIAS

 

 

WWW.WEBARTIGOS.COM>ACESSO EM 09/06/12

 

 

WWW.FABIO.FREESANDBOX.NET>ACESSO EM 10/06/12

 

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Passos,Célia e Silva, Zeneide . Eu gosto de ler e escrever: cartilha.Companhia Editora Nacional,1996

 

 FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia.: Saberes Necessários a Prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

 

ALVES, Rosilda Maria. Atividades lúdicas e jogos no ensino fundamental. Disponível

em :<http//ufpi.br/mesteduc/eventos/iiiencontro/gt8/atividades_lúdicas.pdf. Acesso em 03

fev. 2008.

 

DIRETRIZES E REGULAMENTO DE ESTÁGIO E TRABALHO DE GRADUAÇÃO Cursos de Pedagogia 2010/1. Editorial Uniasselvi, 2011.

 

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Referencial Curricular Nacional Para a Educação Infantil./ Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1998.

 

ALMEIDA, Paulo Nunes de. Educação lúdica: técnicas e jogos pedagógicos. São Paulo:Loyola, 1995.

 

 

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Referencial Curricular Nacional Para a Educação Infantil./ Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1998.